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Materiais de Construção Mecânica

Arranjos Atômicos e Estruturas Cristalinas

Prof. Rafael G. de Souza, Dr. Eng.


Arranjos Atômicos
● Determinam as propriedades (qualidades)
dos materiais;
● Dividem-se em:
– Estruturas moleculares que apresentam um
agrupamento de átomos (Polímeros);
– Estruturas cristalinas que apresentam um arranjo
repetitivo de átomos (Metais);
● Materiais poliméricos e cerâmicos podem apresentar
cristalinidade também;
– Estruturas amorfas apresentam um arranjo sem
nenhuma regularidade (Cerâmicos);
Estrutura Cristalina do Ferro
● Solidificação: átomos formam uma rede
espacial regular, repetitiva, com ligações de
longo alcance, que é a característica de um
cristal;
– Ferro cristaliza-se sob a forma cúbica;
– Dependendo da disposição dos átomos no cubo e
da temperatura, pode-se designá-las pelas letras
do alfabeto grego:
● Alfa (α);
● Gama (γ);
● Delta (δ);
Estrutura Cristalina
Ferro Alfa (α)
Estrutura Cristalina
Ferro Alfa (α)
● Átomos ocupam os oito vértices e o centro do
cubo;
– Cúbica de corpo centrado (CCC);
– Dimensão característica da rede espacial é o
comprimento da aresta da célula elementar,
também chamada de parâmetro da rede “a”;

Parâmetro da
rede “a”
Estrutura Cristalina
Ferro Gama (γ)
Estrutura Cristalina
Ferro Gama (γ)
● Átomos ocupam os oito vértices e os centros
das superfícies do cubo;
– Cúbica de face centrada (CFC);

Parâmetro da
rede “a”
Fator de empacotamento e
coordenação
● Ferro alfa (α)
– Quanto vale a?
– Qual o tamanho do interstício z?

● Diâmetro atômico do ferro:


D = 2,5 Å;
– Diâmetro do Carbono ≈ 1,5Å;

● Resultado:
– a = 2,9 Å;
– z = 0,4 Å;
Fator de empacotamento e
coordenação
● Ferro gama (γ)
– Quanto vale a?
– Qual o tamanho do interstício z?

● Diâmetro atômico do ferro:


D = 2,5 Å;
– Diâmetro do Carbono ≈ 1,5Å;

● Resultado:
– a = 3,6 Å;
– z = 1,1 Å;
Fator de empacotamento e
coordenação
● Quantos átomos inteiros estão dentro de cada célula
unitária?
● Calcular número de coordenação CCC e CFC;
– Quantos átomos tocam cada átomo?
● Calcular fator de empacotamento CCC e CFC;
– % ocupado da célula unitária;

● CCC → 2 átomos por célula, coordenação 8 e


empacotamento de 68%;

CFC → 4 átomos por célula, coordenação 12 e
empacotamento de 74%;
Estrutura cristalina e raio atômico
dos principais metais
Metal Estrutura Raio Atômico
Cristalina (Å)
Alumínio CFC 1,431
Cádmio HCP 1,490 Metal Estrutura Raio Atômico
Cristalina (Å)
Cromo CCC 1,249
Molibdênio CCC 1,363
Cobalto HCP 1,253
Níquel CFC 1,246
Cobre CFC 1,278
Platina CFC 1,387
Ouro CFC 1,44
Prata CFC 1,445
Chumbo CFC 1,750
Tântalo CCC 1,430
Ferro (α) CCC 1,241
Titânio (α) HCP 1,445
Carbono HEX 0,71
Tungstênio CCC 1,371
Zinco HCP 1,332
Transformação polimórfica
● Metal fundido até
1539°C;
● δ estável entre 1539
até 1394°C;
● γ estável entre 1394
até 912°C;
● α estável entre 912°C
até temperatura
ambiente;
Defeitos de rede cristalina
Contorno de grão
● Durante a solidificação
do ferro, surgem
vários núcleos com
direções de redes
aleatórias;
– Não há união final;
Defeitos de rede cristalina
Contorno de grão
Defeitos de rede cristalina
Contorno de grão
● Aço para fins elétricos, recozido. Ferrita
poligonal;
Defeitos de rede cristalina
Contorno de grão
● Aço 1010, resfriado lentamente. Perlita grãos
escuros, ferrita com inclusões não metálicas. Ataque
Picral;
Defeitos de rede cristalina
Contorno de grão
● Lingote de chumbo
policristalino de alta
pureza;
– Ampliação 0.7x;
Defeitos de rede cristalina
Contorno de grão
● Aço eutetóide resfriado lentamente, ataque Nital;
Defeitos de rede cristalina
Contorno de grão
● Deformação dos contornos de grão por laminação;
Defeitos de rede cristalina
Vazios
● Pontos da rede
podem não estar
ocupados;
– Dependente da
temperatura;
– Ex.: a 700ºC, de cada
100.000 pontos da
rede, 1 está vazio;

● Mas onde foi parar o


átomo?
Defeitos de rede cristalina
Vazios
● Microscopia eletrônica
de tunelamento;
● Plano (111) de silício
metálico;
– Átomo removido
intencionalmente com
nano ponta de
tungstênio;
Defeitos de rede
cristalinaDiscordâncias
● Defeitos lineares,
relacionados com
fenômenos de
escorregamento de
planos cristalinos;
● Presença de um plano
extra de átomos na
formação da rede
cristalina;
– Naturais ou induzidos;
Defeitos de rede
cristalinaDiscordâncias

Vídeo 01.Discordância e deslocamento


Estrutura cristalina do aço
Solução sólida
● Liga homogênea de
dois ou mais
elementos;
● Misturam
completamente no
estado sólido;
● Cristais/grãos tem a
mesma composição
química;
Estrutura cristalina do aço
Solução sólida substitucional
● Átomos de liga
possuírem diâmetro
semelhante aos de
ferro;
– Ocupam o lugar de
átomos na rede
cristalina;
– Ex: Níquel e Cromo - ø
atômico ~ 2,5 Å;
Estrutura cristalina do aço
Solução sólida intersticial
● Átomos pequenos
ocupam espaços
interatômicos, ou seja,
interstícios;
– Ex: Carbono ø
atômico ~ 1,5 Å;
Estrutura cristalina do açoSolução
sólida
● Ocorre solução sólida
substitucional e
intersticial
simultaneamente;

● Aço cromo-níquel
inoxidável;
– Cr e Ni substituem
átomos de Fe na rede
cristalina CFC;
– C inserido nos
interstícios;
Difusão atômica no estado sólido
● Relacionado com o movimento de átomos na
estrutura cristalina;

Átomo difundindo por


solução sólida intersticial

Átomo difundindo por


solução sólida substitucional

Vídeo 02.Discordância, átomo interstício e deslocamento – Vídeo 03.Discordância, átomo substitucional grande e deslocamento
Difusão atômica no estado sólido
Vídeo 04.Discordância, átomo substitucional pequeno e deslocamento

Difusão atômica no estado sólido


Difusão atômica no estado
sólidoSolubilidade
● Mais fácil inserir átomos de liga pequenos (intersticial)
no ferro γ do que no ferro α;
– Mesmo para os espaços interatômicos maiores do Feγ,
a maioria dos átomos é grande demais;
– Mais fácil inserir átomos de liga quando a diferença de
diâmetro é menor que 15% (substitucional);
● Solubilidade aumenta com a temperatura;
– Agitação atômica, aumenta o parâmetro de rede “a”;
● Inserção de átomos maiores do que os espaços
interatômicos causa uma deformação da rede cristalina
do ferro;
Mas ....... Solubilidade tem limite!!!
Difusão atômica no estado
sólidoSolubilidade
Propriedades dos
materiaisIntrodução
● Atributos ou qualidades dos materiais são
conhecidos tecnicamente como propriedades.
– Dureza, dilatação térmica, condutividade elétrica,
resistência a corrosão, cor, ...

● Propriedades dos materiais dependem da


natureza do material, composição química e
microestrutura;

● Sempre considerar custo x benefício;


Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas
● Uma das características mais importantes
das ligas metálicas ferrosas;
– Projeto e a execução de componentes mecânicos
estruturais são baseados nestas propriedades;

● Determinação das propriedades mecânicas dos


materiais, pode ser obtida através de ensaios
mecânicos;
Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas
● Resistência mecânica:
Capacidade dos
materiais de resistir a
esforços de natureza
mecânica, sem romper
e/ou deformar-se
catastroficamente;
– Tração, compressão,
cisalhamento, torção,
flexão;
● Resultado expresso por
σ = MPa;
Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas
Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas
● Ensaio flexão a 3 pontos;
– Flexão a 4 pontos gera resultados melhores;
Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas
● Elasticidade: Capacidade do material deformar-se
elasticamente;
– Deformação elástica acontece quando este é submetido a
um esforço mecânico e tem suas dimensões alteradas;
– Quando o esforço é cessado o material volta as suas
dimensões iniciais;
● Ductilidade: Capacidade do material deformar
plasticamente antes de sua ruptura;
– Deformação plástica ocorre quando o material é submetido
a um esforço mecânico e o mesmo tem suas dimensões
alteradas;
– Quando o esforço é cessado o material permanece com as
dimensões finais;
Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas
● Tenacidade: Capacidade do material de
absorver energia no regime plástico, antes de
sua ruptura;

● Resiliência: Capacidade do material absorver


energia no regime elástico;
– Sem deformação permanente;
– Essa propriedade só tem validade no campo
elástico;
Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas
σ (MPa)

σ Máximo

σ Ruptura

σ Elástico

Tenacidade

Resiliência

Ductilidade
ε (mm/mm)
Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas
Deformação Elástica (εe): Trecho da
curva tensão - deformação,
compreendido entre a origem e o limite de
proporcionalidade, recebe o nome de
região elástica;

Deformação Plástica (εp): O trecho


compreendido entre o limite de
proporcionalidade e o ponto
correspondente a ruptura do material;
Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas
Tensão de escoamento (σE): Aumento
das deformações sem que se altere,
praticamente, o valor da tensão;

Tensão de proporcionalidade (σp):


Valor máximo da tensão, abaixo do qual o
material obedece a lei de Hooke;
Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas
Tensão limite de resistência (σR): Ou
resistência a tração, pois corresponde a
máxima tensão atingida no ensaio de
tração;

Tensão de ruptura (σr): Ruptura do


corpo de prova;
Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas
● Tensão de proporcionalidade (σp): Valor
máximo da tensão, abaixo do qual o material
obedece a lei de Hooke;
● Tensão de escoamento (σE): Aumento das
deformações sem que se altere, praticamente,
o valor da tensão;
● Tensão limite de resistência (σR): Ou
resistência a tração, pois corresponde a
máxima tensão atingida no ensaio de tração;
● Tensão de ruptura (σr): Ruptura do corpo de
prova;
Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas
● Deformação Elástica (εe): Trecho da curva tensão -
deformação, compreendido entre a origem e o limite
de proporcionalidade, recebe o nome de região
elástica;
● Deformação Plástica (εp): Trecho compreendido
entre o limite de proporcionalidade e o ponto
correspondente a ruptura do material;
● Dureza: Medida da resistência do material a
deformações plásticas por indentação localizada;
– Associada a essa propriedade, temos a resistência ao
desgaste e a resistência a abrasão;
Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas
● Técnicas de medição de dureza e tipos de
indentadores;
Rockwell C
Brinell
Brinell

Vickers

Knoop Rockwell B
Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas
Propriedades dos
materiaisPropriedades mecânicas

51,01μm
Propriedades dos
materiaisPropriedades químicas
● Resistência a corrosão: Resistência que o
material apresenta a deterioração, por ação
química ou eletroquímica do meio ambiente;
Propriedades dos
materiaisPropriedades tecnológicas
● Necessário conhecer outras propriedades
intrínsecas, para que o material a ser
empregado tenha um comportamento que não
comprometa seu desempenho tanto durante o
processamento ou em sua utilização;

● Essas propriedades derivam-se das


propriedades físicas, químicas e físico-
químicas dos materiais, mas que devido a sua
importância são tratadas como uma nova
classe de propriedades;
Propriedades dos
materiaisPropriedades tecnológicas
● Usinabilidade: Grandeza
que expressa por meio de
um valor numérico
comparativo (índice ou
percentagem) um conjunto
de propriedades de
usinagem do material, em
relação a um outro tomado
como padrão;
Propriedades dos
materiaisPropriedades tecnológicas
● Conformabilidade:
Capacidade do material de
ser deformado
plasticamente, através de
processos de conformação
mecânica;
– Associado a ductilidade ou
plasticidade do material;
Propriedades dos
materiaisPropriedades tecnológicas
● Temperabilidade: Capacidade que os
materiais tem de endurecer da superfície em
direção ao núcleo, considerando-se a
quantidade de martensita formada durante o
resfriamento;
Propriedades dos
materiaisPropriedades tecnológicas
● Soldabilidade: Capacidade que os materiais
tem de serem unidos pelo processo de
soldagem, tendo por objetivo a continuidade
das propriedades físicas (mecânicas) e
químicas dos mesmos;
Propriedades dos
materiaisPropriedades tecnológicas
● Sinterabilidade:
Capacidade dos
materiais na forma de
pó, apresentarem
difusão no estado
sólido, ativada por
energia térmica,
obtendo-se como
produto final a coesão
do material na forma
desejada;
Arranjos atômicos
Estruturas cristalinas
● FIM

● Prova dia???

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