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Neste texto você estudará as estruturas cristalinas que compõem a matéria. Conhecerá os
diversos sistemas cristalinos (Cúbico de Corpo Centrado – Ccc Cúbico de Face Centrada (CfC) e
Hexagonal Compacto (HC). Conhecerá particularidades das Ligas Metálicas e os processos de
Difusão, Nucleação e Crescimento de Grãos.
A matéria pode de um modo geral, apresentar estruturas amorfas (por ex: vidro), moleculares (por
ex: água) e cristalinas (por ex: metais). As estruturas cristalinas são aquelas em que os átomos
encontram-se posicionados formando arranjos repetitivos nas três direções que cobrem o espaço.
Isto é, a estrutura cristalina possui periodicidade de longo alcance.
Os metais no estado sólido apresentam estrutura cristalina, isto é, os átomos que o constituem
são dispostos de uma maneira organizada e periódica. Existe, assim, uma disposição típica dos
átomos chamada célula unitária que, se reproduzindo, constitui a estrutura cristalina de um dado
metal.
Nos modelos de estudo da estrutura cristalina dos metais, considerando-se os átomos como
esferas, os átomos vibram em torno de suas posições de equilíbrio, definidas pela célula unitária.
A vibração dos átomos é função da temperatura e será tanto maior quanto maior for à
temperatura do metal.
A maior parte dos materiais cristalinos de interesse prático está incluída nos sistemas cúbico e
hexagonal. Por essa razão as malhas cristalinas ou reticulados cristalinos desses sistemas serão
estudados nesse Módulo.
Existem três modelos principais pelos quais os átomos de um metal se ordenam:
Na malha cúbica de face centrada, CFC, os átomos se tangenciam segundo as diagonais das faces.
O cubo tem oito átomos dispostos nos vértices e seis átomos dispostos no centro das faces. Assim,
o número médio de átomos por célula unitária será:
A malha CFC é mais compacta que a CCC já que a matéria ocupa 74% do volume do cubo (F.E =
0,74). Como exemplo de metais que apresentam sistema cristalino CFC, pode-se citar o níquel, o
alumínio e o cobre.
As células unitárias dos metais deste sistema cristalino (CFC) possuem maior número de planos de
maior densidade atômica que os metais CCC. Pelo fato das deformações plásticas se darem
preferencialmente nos planos de maior densidade atômica, os metais do sistema cristalino CFC
possuem maior tenacidade que os metais do sistema CCC.
A malha do sistema Hexagonal Simples corresponde ao posicionamento atômico nos vértices e nos
centros das bases de um prisma hexagonal. Essa malha pode tornar-se mais compacta se forem
considerados 3 outros átomos encaixados entre as bases como mostra a Figura 6.3, obtendo-se
dessa forma o sistema Hexagonal Compacto (HC).
(1/6 x 12 (átomos dos vértices)) + (½ x 2 (átomos das bases)) + (1 x 3(átomos encaixados)) = 6 átomos
O encaixe perfeito dos planos produz a máxima compactação atômica que é o mesmo do sistema
CFC, ou seja, de 74 %.
Como exemplo de metais que apresentam sistema cristalino HC pode- se citar o cobalto, o
magnésio e o zinco.
Ligas Metálicas
A estrutura cristalina (rede) de um metal puro é, teoricamente, uniforme em todas as direções. No
entanto, por mais puro que um metal possa na prática ser fabricado, sempre estará presente, em
maior ou menor quantidade, átomos diferentes daqueles que caracterizam a matriz.
Por exemplo: É possível fabricar um alumínio com “sete noves de pureza”, ou seja,
99,99999% Al. Entretanto, um pequeno pedaço visível desse alumínio, ainda contém
um grande número de átomos de impureza.
À medida que existam impurezas ou átomos de natureza diferente do metal puro, como por
exemplo, carbono, hidrogênio e oxigênio com relação aos átomos de ferro, estes se dispõem na
região intersticial dos átomos de ferro, constituindo o que se chama solução sólida intersticial
(Figura 4A).
Por exemplo:
O carbono adicionado ao ferro até determinadas proporções, para constituir o aço
(liga ferro – carbono), forma uma solução sólida do tipo intersticial com o ferro. Os
átomos de ferro ocupam posições definidas na rede e os átomos de carbono,
átomos solutos, (bem menores em dimensões) ocupam posições intermediárias, ou
seja, interstícios.
Outro exemplo: O hidrogênio, por ser muito pequeno, é um átomo intersticial para
as malhas cristalinas dos metais.
Se, entretanto, os átomos de natureza diferente forem de dimensões semelhantes aos átomos do
metal puro, estes vão deslocar os átomos de metal puro de seus lugares originais, constituindo o
que se chama solução sólida substitucional (figuras 4B e 4C).
Por exemplo:
O níquel é um átomo substitucional na matriz do cobre ao formar uma liga cobre-
níquel.
Em algumas ligas metálicas encontram-se átomos tanto em solução sólida intersticial como em
solução sólida substitucional.
O aumento na temperatura de um metal ou liga metálica no estado sólido, implica em uma maior
vibração dos átomos em torno da sua posição de equilíbrio. Esta vibração proporciona a
possibilidade de uma movimentação atômica no estado sólido, a que se chama de difusão e esta
será tanto maior quanto maior for à temperatura. Cada átomo, portanto, pode se deslocar de sua
posição inicial de equilíbrio por meio de vários mecanismos como, por exemplo, a troca de posição
com outro átomo.
A difusão tem particular importância quando átomos de elementos de liga são segregados em
uma certa região de um material que foi submetido, por exemplo, a resfriamento rápido.
Aquecendo-se o material a temperaturas adequadas haverá a movimentação dos átomos
segregados de forma a se espalharem mais uniformemente ao longo da liga, permitindo assim
propriedades mais homogêneas. Um exemplo em que isto ocorre é na soldagem de certos aços
inoxidáveis austeníticos. A temperatura alcançada na zona afetada termicamente, por ocasião da
soldagem, induz a formação de um composto de carbono e cromo (Cr23C6). Isto impede que os
átomos de Cr fiquem em solução sólida na matriz de Fe, deixando a zona afetada termicamente
vulnerável à corrosão. A difusão pode ser usada para compensar este problema. No caso da junta
soldada ser convenientemente aquecida, os átomos de Cr se movimentarão de forma a ocupar
posições no interior dos grãos. Isto restaura a capacidade da zona afetada termicamente de
resistir à corrosão.
Todos os grãos têm a mesma estrutura cristalina e o mesmo espaçamento atômico. Entretanto,
como cada grão cresce de forma independente, a orientação dos planos de cada sistema
cristalino, isto é, de cada grão, é diferente. Portanto, os contornos de grão são regiões onde a
ordenação dos átomos é abruptamente desfeita. Como consequência da desordem dos átomos,
os metais se comportam frequentemente de modo diferente nos contornos de grão.
Muitas das propriedades das ligas metálicas em alta e baixa temperatura são regidas pelos
contornos de grão. Nestas regiões os átomos não estão ordenados, existindo vazios que permitem
mais facilmente a movimentação atômica. Devido a isto, a difusão ocorre, em geral, mais
rapidamente nos contornos que no centro dos grãos. Em decorrência, as impurezas segregam nos
contornos de grão, podendo formar fases que alterarão desfavoravelmente as propriedades do
material como, por exemplo, a redução de ductilidade ou aumento à susceptibilidade à trinca
durante a soldagem ou tratamento térmico.
Por esse motivo, as estruturas dos metais e ligas são frequentemente classificadas de acordo com
o tamanho do grão. A Figura 6 mostra um exemplo da classificação, segundo a ASTM, para o
tamanho de grão.
Nota:
Os conceitos gerais da metalurgia vistos até o presente; sistemas cristalinos, ligas
metálicas, difusão, nucleação e crescimento de grãos, em complemento a outros
conceitos (diagrama de fase Fe- Fe3C, curvas TTT, e curvas CCT), a serem abordados
no curso de inspetor de soldagem N2, podem ser considerados como básicos para
uma “razoável visão” do que ocorre num metal, principalmente nos aços (ligas Fe-
C), a nível microscópico e, portanto da microestrutura dos mesmos.
“O arranjo e o tamanho dos grãos e as fases presentes em uma liga constituem o que se chama de
microestrutura a qual é responsável pelas propriedades físicas e mecânicas da liga. A
microestrutura é afetada pela composição química e pelo ciclo térmico imposto à liga”.
Você estudou neste texto que os metais no estado sólido, diferentemente do estado
líquido, apresentam uma estrutura cristalina dividida em três modelos principais,
definidas a partir da ordenação dos átomos no metal.
Embora se acredite, não há estrutura cristalina de metais puros somente com átomos
de natureza semelhantes, pois de fato se encontram átomos de natureza diferente. A
introdução desses átomos diferentes na estrutura de um metal contribui para o
aumento de sua resistência.