Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RIO DE JANEIRO
INSTITUTO POLITÉCNICO
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
MECÂNICA
Nova Friburgo
2019
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO
INSTITUTO POLITÉCNICO
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
MECÂNICA
Nova Friburgo
2019
Ficha elaborada pelo autor através do
Sistema para Geração Automática de Ficha Catalográfica da Rede Sirius - UERJ
CDU 621
Camila Sanches Schimidt
Estudo da formação de amorfo em ligas do sistema Cu- Zr- Ti por dinâmica molecular
Banca Examinadora:
____________________________________________________
Professor Dr. Luis César Rodríguez Aliaga (Orientador)
Instituto Politécnico - UERJ
____________________________________________________
Professor Dr. Lucas Venâncio Pires de Carvalho Lima
Instituto Politécnico - UERJ
____________________________________________________
Professor Dr. Ivan Napoleão Bastos
Instituto Politécnico - UERJ
Nova Friburgo
2019
DEDICATÓRIA
À minha família, que sempre esteve ao meu lado me apoiando para que pudesse concluir
esta etapa.
Ao meu orientador, professor Aliaga, que não somente no presente trabalho, mas
durante toda a graduação me deu total supervisão.
Aos professores de toda a vida.
Aos amigos que estiveram comigo para ajudar a superar as dificuldades ao longo do
caminho, para que eu pudesse concluir este ciclo.
Aos amigos da graduação que caminharam ao meu lado durante este ciclo que se fecha.
RESUMO
SCHIMIDT, Camila Sanches. Estudo da Formação de amorfo das ligas do sistema Cu- Zr- Ti
por dinâmica molecular. 2019. 80 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia Mecânica) - Instituto Politécnico, Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Nova Friburgo, 2018.
SCHIMIDT, Camila Sanches Glass forming study of Cu- Zr- Ti alloys by molecular
dynamics. 2019. 80 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Mecânica)
- Instituto Politécnico, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Nova Friburgo, 2018.
This work presents the results of molecular dynamics simulation of Cu58.0Zr31.5Ti10.5 and
Cu54Zr30Ti16 alloys through the open source code LAMMPS using the interatomic potential of
the incorporated method (EAM) in the Finnis-Sinclair approximation. Amorphous samples
were produced by quenching the metallic molten from 2300 K to 200 K at cooling rates of 10
and 1 K/ps. Differences in structure and thermophysical properties were evaluated to determine
the TFA. The glass transition temperatures determined by the straight line interception methods
on the V x T curves and the Wendt-Abraham x T parameter obtained during cooling were
compared in the two alloys. Glass transition temperatures were compared using cooling curves
and the Wendt-Abraham parameter. The short-range order topology was analyzed using the
Voronoi method, analyzing the 15 main clusters. It was also determined the evolution of
diffusion, viscosity and brittleness of the supercooled liquid, in which the liquids were classified
as strong, but no relation was found with the increase of Ti content. The x-ray diffractions
produced, show that there is a metastable phase immersed in the amorphous matrix of
Cu58.0Zr31.5Ti10.5 alloy, produced at cooling rate of 1K/ps, however, this phase has not been
identified. Moreover, the solidus and liquidus temperatures determined by simulation show
good agreement with the experimental ones, besides, the tendency to amorphous formation is
higher in the alloy with higher Ti content.
INTRODUÇAO ............................................................................................... 12
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 14
1.1 Materiais Metálicos Amorfos ......................................................................... 14
1.2 Sistema Cu-Zr-Ti............................................................................................. 17
1.3 Determinação de TFA ..................................................................................... 19
1.4 Critérios Baseados no Arranjo Topológico ................................................... 22
1.5 Viscosidade, Fragilidade e Difusividade dos Vidros Metálicos ................... 23
1.6 Simulação Computacional .............................................................................. 27
1.6.1 Potencias Interatômicos..................................................................................... 29
2 METODOLOGIA COMPUTACIONAL ...................................................... 33
2.1 Obtenção de Ligas Amorfas ........................................................................... 35
2.2 Difusão em Sistemas Multiatômicos .............................................................. 41
2.3 Determinação da Viscosidade ........................................................................ 44
2.4 Função de Correlação de Pares e Análise da Estrutura .............................. 44
2.5 Análise da Voronoi .......................................................................................... 46
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................. 48
3.1 Comportamento Estrutural das Ligas Cu58,0Zr31,5Ti10,5 e Cu54Zr30Ti16 ..... 49
3.2 Analise das Propriedades Termofísicas......................................................... 61
3.2.1 Difusão na Região do Líquido Super-Resfriado ............................................... 61
3.2.2 Viscosidade e Fragilidade na Região do Líquido Super-Resfriado .................. 66
CONCLUsÕES e SUGESTÕES.................................................................... 70
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 74
12
INTRODUÇÃO
initio, são de extrema importância, pois são capazes de prever a TFA eliminando o alto custo
econômico dos experimentos. Além disso, permitem a determinação de diversas propriedades
importantes de difícil acesso via os experimentos reais.
Na maior parte dos processos de obtenção dos VMV se observa a transição da fase
líquida para a sólida onde se inibe a nucleação e o crescimento de cristais. À medida que a
temperatura diminui há um aumento brusco da viscosidade dos líquidos super-resfriados (LSR),
também como, uma diminuição na difusividade dos átomos componentes das ligas. Estes
fenômenos são mais evidentes ao se alcançar a temperatura de transição vítrea (Tg), onde o
material atinge as características próprias dos sólidos. Contudo estudos experimentais mostram
que a Tg depende fortemente da taxa de resfriamento do LSR, deste modo, a evidencia de Tg
nesses materiais é um fenômeno inteiramente cinético. Em geral, líquidos com elevadas
viscosidades possuem maior TFA, isto se deve à limitação da mobilidade atômica, o que
dificulta a nucleação de cristais no material. Desta forma o estudo da evolução dos parâmetros
termofísicos é de extrema importância ao se estudar os vidros metálicos. Importante destacar
que uma melhor compreensão da organização atômica aleatória implica em uma melhor
compreensão da TFA das ligas uma vez que existe uma estreita correlação da estrutura atômica
com a resposta mecânica e física dos materiais.
Neste contexto, o objetivo do presente trabalho é estudar a TFA nas ligas
Cu58,0Zr31,5Ti10,5 e Cu54Zr30Ti16, mediante o uso de simulações computacionais em dinâmica
molecular clássica dando ênfase à evolução das propriedades termofísicas dos LSRs.
14
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
De forma geral, as estruturas amorfas são aquelas que não possuem regularidade atômica
de longo alcance, como as observadas nos materiais cristalinos, sendo possível encontrar
agrupamentos de átomos que possuem regularidade de curto (clusters) e médio alcance (super-
clusters). A obtenção desse tipo de estruturas é conseguida por meio do resfriamento rápido do
metal líquido. É amplamente conhecido que quando um metal fundido é resfriado a baixas
taxas, o líquido solidifica ao se atingir a temperatura liquidus (TL) de uma liga, ou a temperatura
de fusão (Tm) de um metal puro, e forma um sólido cristalino. Em Tm o líquido sofre uma
transição de fase de primeira ordem, que é evidenciado por uma grande variação no volume ou
na energia total do sistema. A fase líquida possui uma energia maior do que a fase sólida, e o
sistema libera o calor latente para atingir o estado cristalino altamente ordenado.
Por outro lado, por resfriamento rápido (taxa igual ou superior à taxa de resfriamento
crítica, Rc) é possível obter um material que persiste com a estrutura de um líquido ainda abaixo
de TL, conhecido como LSR (TURNBULL, 1969). Conforme a temperatura diminui e atinge a
temperatura Tg, o material formado torna-se um sólido com estrutura semelhante ao líquido e é
conhecido como sólido amorfo, o qual se encontra num estado termodinâmico metaestável
(NAGEL.; TAUC, 1975).
A Figura 1 ilustra um diagrama de transformação - tempo – temperatura (T-T-T), no qual
apresenta duas taxas de resfriamento, no qual se torna simples entender a taxa de resfriamento
crítica e como é possível obter materiais amorfos com elevadas taxas de resfriamento (LU.;
LIU, 2002)
taxa relativamente baixa na qual, em um dado tempo t1, o material dá início a nucleação de
cristais e se torna posteriormente um sólido cristalino. Todavia, no processo mostrado pela
curva 2, a taxa de resfriamento aplicada é maior, e intercepta levemente o nariz da curva de
transformação, desta forma, o material inibe o processo de nucleação e quando atinge a
temperatura Tg, a estrutura do líquido irá congelar, e o material apresentará a estrutura amorfa
no estado sólido. A taxa de resfriamento representada pela curva 2 faz referência a Rc, pois
representa a menor taxa de resfriamento necessária para que a cristalização seja evitada.
Como mencionado, no campo dos materiais metálicos amorfos, podem ser distinguidas
duas categorias de materiais relativamente diferentes, as ligas metálicas amorfas ordinárias ou
de baixa TFA e, os vidros metálicos volumosos de alta TFA. Nesse contexto, este trabalho
abordará um pouco mais as características e comportamento dos vidros metálicos.
Os materiais metálicos quando fundidos e resfriados às baixas taxas de resfriamento
apresentam, quando solidificados, a estrutura cristalina, ou seja, sua estrutura apresenta
regularidade atômica tridimensional. Todavia, se o resfriamento ocorrer a elevadas taxas, o
líquido apresentará um aumento contínuo da viscosidade, evitando a nucleação e crescimento
de grãos, e consequentemente a cristalização, e desta forma o material sólido apresentará uma
estrutura desordenada, conhecido como vidro metálico. Importante salientar que um vidro
metálico é somente obtido pela rota de solidificação a partir do líquido e não por rotas
alternativas onde o material é denominado somente de sólido amorfo.
O primeiro vidro metálico foi relatado por Klement et al. em 1960 (KLEMENT.;
WILLENS, 1960) para a liga Au75Si25, quando o estado fundido foi rapidamente resfriado a
uma taxa de 106 K/s. Todavia, existem algumas restrições quanto as formas possíveis de
produzir o vidro metálico. Um grande desafio é obter o material com dimensões suficientes
para aplicações em engenharia, com taxas de resfriamento convencionais, como nos processos
comuns de fundição.
Materiais com grandes dimensões tem maior gradiente de temperatura ao longo de sua
extensão, durante o resfriamento, devido à redução da taxa de resfriamento que ocorre da
superfície para o interior, e consequentemente a parte interna do material pode não formar a
estrutura amorfa. Desta forma, a grande maioria dos vidros metálicos obtidos possuía forma de
fios ou fitas e somente em 1992 foi produzido o primeiro vidro metálico com aplicação
comercial, pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia, para a liga conhecida como Vitreloy 1
(Zr41,2Ti13,8Cu12,5Ni10Be22,5) (TELFORD, 2004).
Na década passada foram realizados dedicados esforços no desenvolvimento de rotas de
processamento de materiais amorfos em geral. Destacam as técnicas de manufatura aditiva
17
O estudo das ligas deste sistema começou experimentalmente no início dos anos 2000 e
posteriormente diversas ligas foram reportadas, sendo a ampla maioria relacionada a estudos
de caraterização estrutural e sua correlação com a estabilidade térmica. A Tabela 1 apresenta
um resumo das principais ligas estudadas e seus diversos parâmetros térmicas determinados
mediante medidas de calorimetria diferencial de varredura. Além disso, durante os últimos
anos, diversos estudos de simulação computacional vêm sendo realizados com ênfase no
entendimento da TFA em base a diversos parâmetros que não são possíveis de serem obtidos
por experimentos de laboratório reais.
Este trabalho aborda o estudo da TFA de ligas Cu-Zr-Ti via dinâmica molecular com
ênfase nas propriedades termofísicas. Importante destacar que algumas ligas deste sistema têm
sido estudadas por diversos autores tais como Luo (LUO, 2010), Bharathula (ASHWINI, 2010),
Askin (ASKIN, 2011), e Ward (WARD, 2012).
18
Entender a TFA de uma dada liga não é tarefa fácil e, apesar de ousados esforços
realizados pelos pesquisadores, permanece como um dos maiores desafios na engenharia e
ciência dos materiais e, em geral, da física da matéria condensada. Ligas metálicas geralmente
formam uma estrutura cristalina que correspondem às fases termodinamicamente mais estáveis
à temperatura ambiente, além disso, não existe uma regra universal que seja capaz de predizer
a TFA. Contudo, algumas aproximações teóricas e semi-empíricas têm sido propostas, como
veremos a seguir.
Por muitos anos se pensou que a formação de vidro era encontrada exclusivamente em
peças fundidas, que consiste em elementos que formam ligações covalentes (DYRE, 2006).
Consequentemente, a vitrificação de ligas metálicas foi surpreendente. Os esforços da pesquisa
dos vidros metálicos conduz a procura de parâmetros que permitam a predição, ou ao menos,
que indiquem a tendência que um determinado líquido metálico apresenta para sua vitrificação,
isto é sua TFA. Deste modo, a previsão da TFA é altamente desejável, uma vez que poupa a
tediosa pesquisa experimental da tentativa e erro na busca de novas composições formadoras
de vidros metálicos.
A TFA pode ser interpretada como a facilidade com que uma liga, no estado líquido,
possui de formar estrutura amorfa durante o resfriamento sem grande formação de fases
cristalinas. Compreender e predizer a TFA é a chave para o desenvolvimento de novos VMV,
uma vez que um dos maiores obstáculos para as aplicações tecnológicas em escala industrial
desses materiais é a baixa TFA, que se traduz em altas taxas de resfriamento. Ligas capazes de
formar amorfos devem possuir alta estabilidade na região do líquido super-resfriado. Assim,
Inoue e colaboradores (INOUE.; ZHANG et al., 1988) propuseram três regras empíricas básicas
que servem para identificar sistemas de ligas formadoras de amorfos. As conhecidas regras de
Inoue são definidas como:
1 Δ𝐺
𝐼(𝑇) ∝ 𝜂 𝑒𝑥𝑝 (𝑘 𝑇) (1)
𝐵
se observar que ambos os parâmetros, uma alta viscosidade e um baixo valor da força motriz,
são essenciais para se obter alta TFA que conduza a formação de VMV (GREER.; MA, 2007).
Deste modo, os parâmetros associados à TFA de uma dada liga podem ser divididos em dois
grupos: a priori, que corresponde a critérios que tem capacidade preditiva e, a posteriori,
critérios que analisam a TFA da liga após seu processamento via a obtenção dos parâmetros
térmicos.
Turnbull postulou a ideia de que a TFA deveria ser acoplada à temperatura de transição
vítrea reduzida, Trg = Tg/TL (TURNBULL, 1969). Foi determinada que a taxa de nucleação de
cristais é muito baixa quando Trg > 2/3, favorecendo a formação de amorfos de um líquido
metálico. Um alto valor de Tg e uma baixa temperatura liquidus conduz a uma pequena região
de temperaturas de estabilidade do líquido e vidro, respectivamente. Portanto, o resfriamento
rápido é necessário para remover o calor com rapidez suficiente a fim de evitar a cristalização.
Em outras palavras, é preciso identificar as composições dos eutéticos profundos no diagrama
de fases de um determinado sistema e as composições próximas apresentariam a maior
probabilidade de formar amorfos. Contudo, essa abordagem ajuda apenas a encontrar regiões
com melhor TFA em determinados sistemas. Ao mesmo tempo, o parâmetro Trg representa a
TFA após a obtenção do amorfo pelo que não ajuda a predizer novas composições, além disso,
verificou-se que as composições com melhor TFA se deslocam levemente em direção ao lado
da linha liquidus mais íngreme (MA et al., 2005.; TAN et al., 2003). Baseado em similares
considerações, Lu et al. sugeriram que = Tx/ (Tg + TL) reflete melhor a TFA das ligas metálicas
em comparação com outros parâmetros (LU.; LIU, 2002). A principal falha de ambos os
parâmetros Trg e é que estão baseados em parâmetros do material após a obtenção do estado
vítreo. Portanto, carecem da capacidade de predição da TFA das ligas metálicas.
Por outro lado, baseado na estabilidade dos LSR Inoue propôs que o parâmetro T = Tx
– Tg, está diretamente relacionado com a TFA dos materiais amorfos (INOUE, 2000.; GUO,
2009). Materiais com amplos valores de ΔTx serão mais estáveis e mais resistentes ao processo
de cristalização. Desta forma, o aumento deste parâmetro, tende a diminuir a taxa de
resfriamento necessária que deverá ser aplicada. Todavia, com a crescente pesquisa por novas
composições de ligas, algumas não apresentam uma boa relação entre ΔTx e a taxa crítica de
resfriamento, como relatado por Zhang et al. (ZHANG, 2006) para a liga LaxAl14(Cu,Ni)86−x, x
= 57−70 %. Desta forma, este parâmetro, assim como diversos outros não pode ser utilizado
para avaliar diretamente a TFA de ligas, mas é de extrema importância para descrever a
estabilidade dos vidros metálicos durante sua devitrificação ou cristalização.
22
Outras tentativas de quantificar a TFA têm como base a razão de raios atômicos dos
elementos da liga. Com base em dados experimentais, Inoue estabeleceu que a diferença de
tamanho entre átomos deveria ser de pelo menos 12% (INOUE, 2000). Esta regra serve como
base para diversos modelos topológicos e pode ser explicada de forma sucinta pelo modelo de
empacotamento de clusters de Miracle (MIRACLE, 2006), considerando os átomos como
esferas levemente deformáveis. Uma diferença de raios atômicos de aproximadamente 12%
conduz à formação de clusters centrados nos solutos (MIRACLE, 2003) e estes se agrupam em
estruturas CFC produzindo estruturas altamente empacotadas (MIRACLE, 2004). A alta
presença de clusters icosaédricos, presentes em grande parte dos vidros metálicos, aumenta a
barreira energética da nucleação de cristais e, portanto, favorece a formação de vidros. Wang
et al. combinaram o alto empacotamento topológico, a ordem química de curto alcance e a
proximidade das composições dos eutéticos profundos para selecionar determinados tipos de
clusters que servem como a espinha dorsal estrutural de uma determinada liga (WANG et al.,
2007.; WANG et al., 2011). Se a composição desses clusters binários, que uma determinada
relação e/a (e/a: elétrons de valência / átomo), é estendida ao longo de uma linha que une a um
terceiro elemento, as melhores composições de ligas com alta TFA podem ser identificadas
(WANG et al., 2004.; WANG et al., 2007.; WANG et al., 2011.; WANG et al., 2007).
Outro modelo baseado na topologia das ligas amorfas binárias foi desenvolvido por
Egami et al. (EGAMI et al., 1984.; EGAMI, 1991). Estes autores descreveram a formação de
vidros pela incorporação gradual de átomos de soluto em uma rede cristalina do elemento com
maior fração atômica ou solvente. A distorção resultante da estrutura do solvente devido à
deformação elástica ao nível atômico causa a instabilidade topológica do sistema quando essas
deformações atingem um limite crítico. Isto é, a rede cristalina entra em colapso permitindo a
vitrificação do cristal. O modelo de instabilidade topológica foi posteriormente estendido por
Botta et al. para sistemas multicomponentes propondo a seguinte relação empírica
(OLIVEIRA.; PEREIRA et al., 2009):
𝑟𝑖 3
𝜆 = ∑𝑁
𝑖=2 𝐶𝑖 ⌊(𝑟 ) − 1⌋ (2)
𝑠𝑜𝑙𝑣
onde Ci e ri são a concentração e o raio atômico do i-ésimo soluto e rsolv é o raio atômico
do solvente.
23
De acordo com este critério, se > 0,1 a formação da fase vítrea é favorecida e se <
0,1 existe a possibilidade da formação de fases cristalinas nano estruturadas. Este critério foi
aplicado inicialmente ao estudo de cristalização térmica de ligas à base de Al (LISBOA.;
BOLFARINI et al., 2005), e posteriormente em ligas dos sistemas Ni-Ti (ALIAGA.;
OLIVEIRA et al., 2008) e Cu-Zr (OLIVEIRA.; PEREIRA et al., 2009) para o estudo de TFA
alcançado um acordo satisfatório com os dados experimentais. Contudo, quando aplicado à
análise de ligas amorfas com composições próprias dos intermetálicos, o modelo apresentou
certas deficiências sendo preciso uma correção pela incorporação de um outro critério com base
na eletronegatividade dos elementos de liga. Deste modo Oliveira et al. refinaram sua
abordagem, permitindo a estimativa a priori da TFA de uma determinada liga (OLIVEIRA.;
PEREIRA et al., 2009).
A viscosidade () é uma das mais importantes propriedades físicas dos líquidos
formadores de vidros, crítica para a compreensão da transição vítrea e das características de
relaxação dos LSR. Em geral determina-se a resistência ao escoamento no tempo por efeitos de
cisalhamento, sendo quantificada pela razão entre a tensão de cisalhamento xy e a taxa de
deformação por cisalhamento d(xy)/dt.; de forma que: xy = .d(xy)/dt.
Durante o resfriamento, em condições de equilíbrio termodinâmico, a transição de fase
líquida para sólida é consequência da nucleação e crescimento dos cristais, de modo que
líquidos com alta viscosidade inibem a nucleação conduzido à formação de vidros com certa
facilidade, como é o caso dos vidros a base de óxido de silício. Em geral, líquidos com elevadas
viscosidades possuem maior TFA, isto se deve à limitação da mobilidade atômica, o que
dificulta a nucleação de cristais e o seu posterior crescimento.
Materiais que apresentam viscosidades elevadas durante o resfriamento possuem
maiores valores de Tg e quanto maior for esta, maior será sua TFA. Dentre as ligas que
apresentam alta viscosidade têm-se: Zr41,2Ti13,8Cu12,5Ni10Be22,5, Zr57Cu15,4Ni12,6Al10Nb5,
Zr52,5Cu17,9Ni14,6Al10Ti5 e Ni59,5Nb40,5.
24
𝐸
(𝑇) = 0 . 𝑒𝑥𝑝(− 𝑅𝑇𝑎 ) (3)
𝐷 ∗ .𝑇
(𝑇) = 0 . 𝑒𝑥𝑝(𝑇−𝑇𝑣) (4)
𝑣
𝑑 log()
𝑚= | (5)
𝑑(1⁄𝑇) 𝑇=T
g
alto grau de ordem de curto alcance (SHENG.; LUO et al., 2006). Por outro lado, líquidos
frágeis exibem mudanças drásticas nas propriedades na faixa de transição vítrea devido à falta
de ordem de longo alcance. As ligas formadoras de VMV apresentam valores de m entre 30 e
40 (ANGELL, 1995.; PERERA, 1999). Por outro lado, o parâmetro D* na Equação 4 é uma
medida da fragilidade do líquido. D* é da ordem de dois para os líquidos mais frágeis e de 100
para os líquidos mais fortes. Os valores de D* para os líquidos formadores de VMV estão em
torno de 20.
O aumento da viscosidade no LSR reflete na diminuição da mobilidade dos átomos. Isso
é observado em todos os líquidos super-resfriados, sejam metálicos ou não metálicos. A difusão
no LSR e no estado vítreo foi estudado em diversos sistemas (DIVINSKI et al., 2005.; ROPER
et al., 1980.; TAKAHASH et al., 2003) onde foram exploradas as mobilidades de átomos de
espécies diferentes na região de transição vítrea.
A escala de tempo em que uma propriedade é observada determina se o material é
considerado um LSR ou um sólido vítreo. Isso levou a debates contínuos e a novas experiências.
Um fato interessante é que as aparentes energias de ativação para difusão das diferentes espécies
aumentam monotonamente com o tamanho atômico. Um aspecto importante é comprovar se
esta premissa se cumpre em todos os sistemas de líquidos formadores de amorfos.
Em um sistema constituído de N partículas que se movimentam com uma determinada
velocidade, os coeficientes de difusão podem ser determinados mediante a função de
autocorrelação de velocidades (VACF), ou a função de deslocamento quadrado médio (MSD)
dos átomos. Neste trabalho, se faz uso do MSD que consiste em monitorar as posições das
partículas a partir de sua posição inicial em função do tempo. Os coeficientes de difusão, D,
são calculados a partir do comportamento de longo prazo do MSD que exibe um aumento linear
de acordo com a equação de Einstein (ALLEN.; TILDESLEY, 1989):
1 2
𝐷 = 6 lim 𝜕𝑡 〈(𝑟𝑖 (𝑡0 + 𝑡) − 𝑟𝑖 (𝑡0 )) 〉𝑖,𝑡0 (6)
𝑡→∞
utilizam propriedades termofísicas dos líquidos, tais como a viscosidade, e fragilidade além da
difusividade que, em sua grande maioria, são obtidos via simulação computacional por
dinâmica molecular. Esta é uma importante ferramenta utilizada para auxiliar na determinação
de novas composições de ligas, e será discutido com detalhes no próximo item deste manuscrito.
PARÂMETRO δ
PROPRIEDADE
VISCOSIDADE
FÍSICAS
MODELOS
Nagel e Tauc
TOPOLÓGICOS
Egami e Waseda
𝑇𝑋
γ=
𝑇𝑔 + 𝑇𝐿
2𝑇𝑋 − 𝑇𝑔
γ𝑚 =
𝑇𝐿
𝑇𝑔
TFA
𝑇𝑟𝑔 =
𝑇𝐿 𝑇𝑋
α=
𝑇𝐿
β= 1 + α
TEMPERATURA DE
TRANSIÇÃO DE
FASE 𝑇𝑥 − 𝑇𝑔
𝐾𝑙𝑔 =
𝑇𝑚 − 𝑇𝑥
0,143
∆𝑇𝑥
ϕ= 𝑇𝑟𝑔
𝑇𝑔
EUTÉTICOS 𝑇𝑔 2𝑇𝑔
A POSTERIORI 𝜔= −
PROFUNDOS 𝑇𝑥 𝑇𝑔 − 𝑇𝐿
𝑇𝑥
𝛿=
𝑇𝐿 − 𝑇𝑔
tmax
INOUE
∆𝑇𝑥 = 𝑇𝑥 − 𝑇𝑔
Com o avanço da tecnologia a simulação computacional vem se tornando cada vez mais
importante e presente nas pesquisas, pois age como uma ponte entre o experimento e a teoria,
permitindo recriar e prever diversos sistemas e processos físicos em computadores,
complementando ou até mesmo substituindo em partes os complexos experimentos reais
difíceis de serem realizados. Isto acelera o desenvolvimento de novos materiais e produtos, já
que custosas experiências físicas podem ser analisadas computacionalmente. Além disso, a
qualidade dos produtos pode ser melhorada por investigação dos fenómenos anteriormente não
acessíveis. Assim, a simulação computacional desempenha um papel decisivo, especialmente
no desenvolvimento de novas substâncias e novos materiais.
No campo da simulação atomística computacional, existem duas grandes famílias de
técnicas presentes, o método de Monte Carlo (MC) e a Dinâmica Molecular (DM). Simulações
atomísticas de MC geram um conjunto de configurações representativas do sistema, sob
condições termodinâmicas específicas, pela aplicação de perturbações aleatórias no sistema
(FICHTHORN.; WEINBERG, 1991). Para representar adequadamente o espaço representativo,
as perturbações devem ser suficientemente grandes, energeticamente viáveis e altamente
prováveis. As simulações de MC não fornecem informações sobre a evolução do sistema no
tempo. Em vez disso, eles fornecem um conjunto de configurações representativas e,
consequentemente, dados termodinâmicos relevantes, como a energia livre, podem ser
calculados. A DM, por sua vez, estuda a evolução temporal da posição e da quantidade de
momento linear de um dado átomo / molécula. Essa evolução é chamada de trajetória, e é obtida
resolvendo-se as equações de movimento de Newton, sendo importante na avaliação de vários
parâmetros dependentes do tempo (PAQUET.; HERNA, 2015).
Ambas as técnicas são muito importantes no estudo de materiais sendo que há casos em
que o método da DM não é suficientemente eficiente, particularmente quando configurações
das amostras podem evoluir dinamicamente a taxas extremamente lentas.
A essência do método da simulação de MD está na solução numérica da segunda lei de
Newton para um conjunto de átomos, da seguinte forma:
𝐹𝑖𝑥 𝑑 2 𝑥𝑖
𝑎𝑖𝑥 = = (7)
𝑚𝑖 𝑑𝑡 2
𝑑𝑈
𝐹𝑖𝑥 = − 𝑑𝑥 (8)
𝑖
28
onde aix representa a aceleração do átomo i na direção x e mi é a massa do átomo. Fix é a força
de interação que atua no átomo i devida ao átomo j na direção x, xi é a coordenada do átomo i
e U é a função da energia potencial da interação atômica.
Nas simulações de DM, essas equações são integradas por técnicas numéricas para
intervalos de tempo muito pequenos, da ordem dos pico-segundos. As médias estatísticas de
equilíbrio são calculadas como médias temporais ao longo do tempo de observação. A
praticidade dos estudos de simulação de DM clássica está no uso da função do potencial
interatômico (MOEIN.; MOUSAVI, et al., 2018), que é aquele que determina os resultados das
simulações. Durante as simulações, as forças de ligação interatômica, atrativas e repulsivas, são
definidas por um modelo apropriado de acordo com o material que se está simulando, sejam
estes metálicos, cerâmicos, poliméricos ou compósitos.
Por ouro lado, as simulações de DM podem ser comparadas a algumas análises que os
engenheiros realizam rotineiramente, como a investigação das vibrações de um sistema
mecânico, em que uma série de molas são conectadas e a resposta do sistema é investigada em
dadas condições de carregamento externo. Na maior parte dos sistemas físicos, todo átomo está
em movimento e interage com os seus vizinhos de uma maneira que pode ser determinada a
partir da função de energia potencial interatômica.
Na simulação computacional, as integrações das equações de movimento são realizadas
em intervalos de tempo Δt, inferiores à frequência de vibração da rede. Em todos os algoritmos
de integração assume-se que as posições, as velocidades e as acelerações possam ser
aproximadas por uma série de expansão de Taylor, de modo que:
1
𝑟(𝑡 + ∆𝑡) = 𝑟(𝑡) + 𝑣(𝑡)𝑑𝑡 + 2 𝑎(𝑡)𝑑𝑡 2 + ⋯ (9)
1
𝑣(𝑡 + ∆𝑡) = 𝑣(𝑡) + 2 𝑏(𝑡)∆𝑡 2 + ⋯ (10)
um bom algoritmo é aquele que fornece uma boa acurácia nas expressões de velocidade,
permite uma melhor conservação de energia e realiza os cálculos no menor tempo possível.
Como pôde ser inicialmente notado, o principal modelo físico matemático que rege a
DM é a segunda lei de Newton. Esta lei é uma equação diferencial de segunda ordem, que para
poder ter sua solução adequada precisa de dois parâmetros importantes como condições iniciais
sendo estes a posição inicial r0 e a velocidade inicial v0. As equações de movimento são
determinísticas (ROUX.; PETKOV, 2010), por tanto, as posições e as velocidades iniciais
determinam as posições e as velocidades em todos os outros instantes de tempo, t. Em geral, as
posições iniciais podem ser obtidas a partir das estruturas cristalinas e, a distribuição inicial de
velocidades geralmente determinada a partir de uma distribuição aleatória, com as magnitudes
em conformidade com a temperatura exigida e corrigida para que a quantidade de momento
linear total do sistema seja equivalente a zero, isto é:
𝑃 = ∑𝑁
𝑖=1 𝑚𝑖 𝑣𝑖 = 0 (12)
1 |𝑃 |
𝑇 = 3𝑁 ∑𝑁
𝑖=1 2𝑚
𝑖
(13)
𝑖
No caso dos materiais metálicos o estudo de muitos processos, tais como deformação
plástica (BULATOV.; CAI, 2006), fratura (ANDRIC.; CURTIN, 2018), difusão e
transformações de fases (VOTER, 1994), em geral, precisam de cálculos rápidos de diversas
propriedades físicas, estruturais e termodinâmicas. Devido à sua eficiência computacional, os
potenciais interatômicos permitem o estudo de sistemas contendo milhares de átomos de
fenômenos que ocorrem em dezenas ou centenas de nanossegundos. A avanço nos sistemas
computacionais permite a obtenção de potenciais que capturam os recursos mais essenciais das
ligações interatômicas, alcançando o compromisso entre a velocidade de computação e a
precisão da modelagem. Neste trabalho, por se tratar de ligas metálicas, se faz uso do potencial
interatômico que tem como base o formalismo do átomo incorporado, para o que se apresenta
a seguir, de maneira suscinta algumas considerações ao respeito.
Daw e Baskes (DAW.; BASKES, 1984) e Finnis e Sinclair (FINNIS.; SINCLAIR,
1984) propuseram uma forma de potencial que é conhecida como método do átomo incorporado
(EAM). O potencial EAM incorpora, de maneira aproximada, interações de muitos corpos entre
átomos, responsáveis por uma parte significativa da ligação em metais. A introdução do termo
de muitos corpos permitiu uma descrição semi-quantitativa e, em muitos casos, até quantitativa,
de sistemas metálicos. No modelo EAM a energia total U ou Etot é dada pela expressão:
1
𝐸𝑡𝑜𝑡 = 2 ∑𝑖,𝑗(𝑗≠𝑖) 𝜑𝑆𝑖 𝑆𝑗 (𝑟𝑖𝑗)+ ∑𝑖 𝐹𝑆𝑖 (𝜌̅ ) (14)
PETTIFOR, 1995). Mais tarde, porém, perdeu seu significado físico original e passou a ser
tratado como uma expressão semi-empírica que depende de parâmetros ajustáveis.
Uma descrição completa do potencial EAM, de um sistema de n componentes requer de
n(n + 1)/2 funções de interação de pares, ss´(r), n funções de densidade eletrônica ρs(r) e, n
funções de incorporação Fs(𝜌̅ ) (s = 1,..., N). Um metal é descrito por três funções (r), ρ(r) e
F(𝜌̅ ), enquanto que um sistema binário A – B, requer sete funções AA(r), AB(r), BB(r), ρA(r),
ρB(r), FA(𝜌̅ ) e FB(𝜌̅ ). Pode-se observar que se as funções potenciais para os metais puros A e B
são conhecidas, apenas a função de interação cruzada AB(r) é necessária ser obtiva para
descrever o sistema binário. Nas últimas décadas, diversos potenciais EAM foram construídos
para muitos metais puros e vários sistemas binários, contudo, potenciais para sistemas ternários
e de maior ordem são escassos e permanece em constante desenvolvimento.
As interações de pares e as funções de densidade eletrônica são normalmente zerados,
juntamente com algumas outras derivadas de maior ordem, no raio de corte Rc, o qual considera
de 3 a 5 camadas de átomos vizinhos. As funções EAM são geralmente definidas por expressões
analíticas. Tais expressões e suas derivadas podem ser diretamente codificadas em um
programa de simulação, no entanto, adota-se como procedimento comum e
computacionalmente mais eficiente, tabular cada função em um grande número de pontos e
armazená-los na forma de tabela que serve para todas as simulações subsequentes. No início da
simulação, a tabela é lida no programa, interpoladas, e os coeficientes são usados durante o
restante da simulação.
É importante entender que a partição de Etot em energia de interação de pares e energia
incorporada, não é única (DAW, 1989). Analisando a expressão de Etot definida anteriormente
observa-se que é invariável sob algumas transformações, como:
onde s, s´ = 1,. . . , n e gs são constantes arbitrárias. Além disso, todas as funções ρs(r) podem
ser escalonadas pelo mesmo fator arbitrário p com uma escala simultânea do argumento das
funções de incorporação:
2 METODOLOGIA COMPUTACIONAL
Figura 3 – Diagrama simplificado das etapas do processamento das ligas amorfas via
simulação computacional de DM em LAMMPS
parâmetro do termostato, 𝑇𝑑𝑎𝑚𝑝, foi ajustado para 0,1 e o parâmetro do barostato, 𝑃𝑑𝑎𝑚𝑝, foi
ajustado para 1,0 de acordo as recomendações do manual do LAMMPS (THOMPSON.;
PLIMPTON et al., 2019). As equações de movimento foram integradas usando o algoritmo de
Verlet sob o tempo de integração de 0,001x10-9 s. Condições de contorno periódicas foram
utilizadas em todas as dimensões da estrutura simulada.
Importante salientar que muito embora a simulação das ligas comece com uma estrutura
B2, após a obtenção das composições especificas das ligas, estas apresentaram uma
configuração atômica completamente aleatória.
Para a obtenção do líquido, o sistema foi aquecido à taxa de 5 K/ps até 2300 K. Esta
temperatura é alta o suficiente e acima da temperatura liquidus garantindo desta forma que toda
a estrutura se encontra na fase liquida. Para garantir que esta seja termodinamicamente estável,
o líquido foi mantido a 2300 K por 10-12 s sob o ensemble microcanônico, NVE,
respectivamente.
A etapa de resfriamento é a mais importante no processo de obtenção da microestrutura
do material no estado sólido. A taxa de resfriamento, nas simulações, é controlada por dois
parâmetros: i) a tempo de integração (timestep), e o número de corridas (run). Neste trabalho
foram utilizadas duas diferentes taxas, 10 e 1 K/ps. Elas foram utilizadas para analisar sua
influência nas propriedades estruturais das ligas. A taxa de resfriamento de 1 K/ps foi utilizada
para obter as propriedades termofísicas das ligas amorfas e, deste modo determinar a TFA.
O LAMMPS integra as equações de movimento de Newton para um grande número de
átomos. Este software é capaz de modelar um conjunto de partículas sob uma variedade de
campos de força ou potenciais e, diversas condições de contorno, periódicas ou não, incluindo
sistemas bidimensionais e tridimensionais. O uso das condições de contorno periódicas permite
que o número de átomos em uma dada simulação seja conservado; isto é, nenhum átomo é
perdido através dos limites do sistema em uma simulação. De forma geral, este software usa
listas de vizinhos para rastrear átomos próximos; essas listas são otimizadas para sistemas com
partículas repulsivas a curtas distâncias, a fim de garantir que a densidade local das partículas
não se torne muito grande (THOMPSON.; PLIMPTON et al., 2019).
O LAMMPS usa técnicas de decomposição espacial para particionar o domínio de
simulação em subdomínios tridimensionais menores, que são atribuídos a processadores
individuais (THOMPSON.; PLIMPTON et al., 2019). Neste contexto, o mesmo pode ser
executado em sistemas computacionais paralelizados sejam estes diversos computadores,
núcleos de um mesmo processador, ou mesmo com o uso de placas de vídeo GPU (Graphic
Processing Units) (FALK.; GROTTEL et al., 2016) que permitem uma aceleração na
35
Para a produção de uma liga nesta monografia, foram utilizados alguns scripts, e como
modo de exemplo, será detalhado aquele que corresponde à produção da liga Cu54Zr30Ti16 a
partir da estrutura cristalina B2 do composto intermetálico CuZr.
36
log log.cooling.data
print "Cooling down"
reset_timestep 0
unfix 2a
unfix 2b
unfix 3
fix 3a all ave/time 100 1 100 c_myRDF file amorTRDF.txt mode vector
fix 3b all ave/time 100 1 1000 c_pRDF file amorPRDF.txt mode vector
fix 4 all npt temp 2300.0 200 0.2 iso 0.0 0.0 0.2
compute va all voronoi/atom
dump vo all custom 100 voro_data.txt type x y z c_va(1) c_va(2)
run 21000
write_restart mg.restart.300K
print "all done"
Comandos Descrição
units Especifica o estilo de unidade que serão utilizadas na simulação
dimension Define a dimensionalidade da simulação
atom style Associa atributos aos átomos na simulação
molecular é necessário que o sistema adquira sua estrutura de equilíbrio estável, desta forma, o
sistema é submetido à minimização de energia. O comando “fix a all box/relax iso 0.0 vmax
0.001” aplica uma pressão ou tensão na caixa de simulação durante a minimização de energia.
Isso permite que o tamanho e o formato da caixa variem durante as iterações do minimizador,
de modo que a configuração final seja aquela de mínima energia potencial dos átomos e a
pressão do sistema fique próximo ao tensor de tensão externa. A corrida de minimização se
executa via o comando minimize, nesta simulação a declaração “minimize 1.0e-14 1.0e-14
100000 100000” executa a minimização de energia do sistema, ajustando iterativamente as
coordenadas dos átomos até atingir o menor valor de energia. As iterações são encerradas
quando um dos critérios de parada é satisfeito, sendo estes os critérios de energia ou força da
ordem de 1.0x10-14 com um número máximo de 100000 iterações respectivamente.
O comando “termo 100” especifica a saída de parâmetros físicos a cada 100 timesteps
durante a minimização também como durante o resto das corridas realizadas, já o comando
“thermo_style” especifica que tipo de parâmetros saída é mostrado na tela e armazenados no
arquivo log.lammps. Nesta simulação se especifica a saída de passo de integração (step)
temperatura, volume, pressão, energia potencial, energia cinética e energia total,
respectivamente. Contudo, outros parâmetros podem ser selecionados.
Em toda simulação é importante registrar a dinâmica do movimento atômico, e no
LAMMPS isto se realiza via os arquivos dump. Nesta simulação o comando “dump 1 all custom
1000 atom_positions.xyz id type x y z” permite criar e escrever o arquivo atom_positions.xyz
com o tipo e as posições x, y e z de cada átomo.
A etapa de aquecimento começa com a configuração da velocidade dos átomos para,
deste modo, adquirir a temperatura inicial. O comando “velocity all create 300 8728007 rot yes
mom yes dist gaussian” fornece a todos os átomos do sistema uma determinada energia cinética
e assim a temperatura desejada de 300 K.
Por outro lado, para entender as modificações estruturais é importante se conhecer a
evolução das distâncias de separação atômica. Ferramentas amplamente usada são as funções
TRDF e PRDF, totais ou parciais. Nesta simulação as TRDF, se obtém via o comando “compute
myRDF all rdf 1000”. A saída dos dados é registrada no vetor meltTRDF.txt, via o comando
“fix 1a all ave/time 100 1 100 c_myRDF file meltTRDF.txt mode vector”. Além disso, o
comando que controla a temperatura e pressão nesta simulação é o comando “fix 2 all npt temp
300.0 2300.0 0.2 iso 0.0 0.0 0.2”, que executa o aquecimento do material na faixa de
temperaturas de 300 a 2300 K, sob o ensemble NPT. A simulação é programada para realizar
400000 integrações via o comando run e registra as propriedades estruturais e físicas via
41
“restart 1000 temp.*.restart” a cada 1000 passos e armazena nos arquivos temp.*.restart,
respectivamente.
Importante mencionar que este script apresenta as etapas de minimização, aquecimento,
estabilização do líquido e seu posterior resfriamento até 300 K sequencialmente. Porém, é
possível realizar diversas simulações separadas em cada etapa do processamento em
dependência do que se deseja simular. Para realizar essas simulações é importante o reinicio da
simulação via a leitura dos dados estruturarias e físicos armazenados na etapa anterior no
arquivo “temp.*.restart” esta leitura é realizada através do comando “read_restart”,
respectivamente.
Como as simulações de estabilização do líquido e resfriamento utilizam boa parte dos
comandos anteriormente descritos, não serão aqui discutidos para eliminar as redundâncias.
O cálculo deste parâmetro pode ser feito usando a evolução do deslocamento dos
átomos, (r(t) ou x(t), y(t), z(t)) em função de cada intervalo de tempo (t) de acordo com:
1
𝑀𝑆𝐷 = 〈𝑟 2 (𝑡)〉 𝑁 ∑𝑁 2
𝑖=1|𝑟𝑖(𝑡) − 𝑟𝑖(0)| (20)
1
𝐷 = 6 〈|𝑟(𝑡) − 𝑟(0)|2 〉 (21)
onde o 6 representa os graus de liberdade para salto atômico em 3 dimensões. Deste modo, este
trabalho o coeficiente de difusão foi derivado a partir da inclinação das curvas do MSD em
função do tempo.
O script de entrada para o LAMMPS utilizado para a determinação dos coeficientes de
difusão, foi nomeado como in.ternary.diff e é apresentado a seguir, onde alguns comandos não
apresentados anteriormente são adicionados ao arquivo de entrada para registrar o movimento
dos átomos e se obter o MSD.
units metal
boundary ppp
atom_style atomic
reset_timestep 0
read_restart restart.$d_held
include ../../../potential
compute 2 cu msd com yes
compute 3 cu vacf
43
compute 4 cu temp
compute 5 ti msd com yes
compute 6 ti vacf
compute 7 ti temp
compute 8 zr msd com yes
compute 9 zr vacf
compute 10 zr temp
fix 5 cu ave/time 1 1 1 c_4 c_2(4) c_3(4) file Cooper_vac_$t.msd
fix 6 ti ave/time 1 1 1 c_7 c_5(4) c_6(4) file Titanio_vac_$t.msd
fix 7 zr ave/time 1 1 1 c_10 c_8(4) c_9(4) file Zirconio_vac_$t.msd
dump 9 all custom 1000 mg_$t.txt element xu yu zu
dump_modify 9 element Cu Ti Zr
fix 8 cu vector 1 c_3(4)
variable diff equal dt*trap(f_8)
thermo_style custom step v_diff
log log_Cu_$t.diff
fix 9 ti vector 1 c_6(4)
variable diff1 equal dt*trap(f_9)
thermo_style custom step v_diff1
log log_Ti_$t.diff
fix 10 zr vector 1 c_9(4)
variable diff2 equal dt*trap(f_10)
thermo_style custom step v_diff2
log log_zr_$t.diff
#--------------------------- Set up to the thermostat --------------------------#
fix ft all nvt temp $t $t 0.1
#---------------------- Set up the timestep information ---------------------#
timestep 0.001
#-------------------------------- Sets up the log ---------------------------------#
thermo_style custom step temp press vol pe etotal pxx pyy pzz pxy pxz pyz
thermo 2
#------------------------------- Runs the simulation -------------------------------#
run $r
#---------------------------------- Closes the fixes --------------------------------#
unfix ft
#--------------- Clear s, advances variables, and returns to loop---------------#
shell cd ..
clear
next d
next t
next r
jump in.multi_diff loop
#---------------------------------------- End----------------------------------------#
44
thermo_style custom step temp press vol pe etotal pxx pyy pzz pxy pxz pyz
4𝜋𝑟 2 𝑁
𝑑𝑛(𝑟) = 𝑔(𝑟)𝑑𝑟 (22)
𝑉
𝑑𝑛 (𝑟)
𝑔(𝑟)𝛼𝛽 = 4𝜋𝑟𝛼𝛽
2 𝑑𝑟𝜌 (23)
𝛼
𝑉
𝜌𝛼 = 𝑁.𝑐 (24)
𝛼
Embora as funções g(r) forneçam uma definição geral das transformações de fases
líquido – sólido, não descrevem com precisão as alterações estruturais e, a estrutura dos clusters
atômicos ou SRO. Além disso, esta função perde sua capacidade interpretativa tridimensional
ao ser apresentada em duas dimensões. Métodos alternativos foram desenvolvidos para definir
a estrutura microscópica local e o SRO das estruturas atômicas desordenadas. Um dos métodos
amplamente aceitos é o método dos poliedros de Voronoi (PV) (VORONOI, 1908).
O método de cisão de Voronoi é um esquema usado para determinar os vizinhos mais
próximos de um determinado átomo central (FINNEY, J.L. 1970; FINNEY, J.L. 1977), isto é,
dividir o espaço 3D em células centralizadas por cada átomo do sistema. Um plano é desenhado
para dividir cada linha que conecta o átomo central e um dos átomos vizinhos pela metade e
assim construir uma célula composta por todos os planos que envolvem o átomo. A célula,
assim construída, é chamada de célula de Voronoi, célula de Dirichlet ou célula primitiva de
Wigner-Seitz (IADONISI, G. ET AL., 2014). Este método é usado para determinar
inequivocamente o número de coordenação (CN) sem a necessidade de um ponto de corte. Um
átomo é considerado vizinho se sua célula de Voronoi compartilha uma face (3D) ou aresta
(2D) com a célula do átomo central (CHENG, Y.Q. 2011).
Quando a configuração atômica contém apenas uma espécie, ou quando todos os
tamanhos atômicos são próximos, a técnica descrita produz uma imagem precisa da
coordenação atômica local. Para os materiais vítreos, que em geral são compostos por mais de
uma espécie, a bissecção pode ser ponderada pelo tamanho atômico, contudo, deve-se notar que
essa abordagem ponderada não é matematicamente rigorosa. O espaço pode não ser total e
exclusivamente dividido em células Voronoi se os pontos de bissetriz não forem no centro
(RICHARDS, F.M. 1974). As células de Voronoi são indexadas contando o número de arestas
de cada uma das faces no poliedro resultante para descrever o arranjo e a simetria dos átomos
vizinhos mais próximos ao redor do átomo central (SHENG, H.W. 2008). Especificamente, n3
representa o número de triângulos no poliedro de Voronoi, n4 o número de quadrângulos, n5 o
número de pentágonos, etc. Como cada face corresponde a um átomo vizinho, o (CN) pode ser
determinado exclusivamente a partir do número total de faces na célula de Voronoi ou pela
soma de todos os elementos no índice de Voronoi.
Os PV fornecem informação da estrutura atômica em LAMMPS sobre os átomos que
precisam ser produzidas periodicamente, o que é alcançado pelo comando “dump”. Com esse
47
comando, inúmeras informações diferentes sobre cada átomo podem ser armazenadas em um
arquivo e usado posteriormente de forma adequada para diversos tipos de análises.
Neste trabalho as análises de Voronoi foram realizadas utilizando a biblioteca de
software OVITO (STUKOWSKI, 2009), que é um software de visualização e análise científica
para dados de simulação atomística desenvolvido por Alexander Stukowski na Universidade de
Tecnologia de Darmstadt, Alemanha. Os arquivos de saída contendo ID dos átomos e suas
coordenadas geradas pelo LAMMPS são importados para o OVITO para a análise posterior.
Além da visualização, o OVITO tem implementadas diversas ferramentas capazes de
proporcionar muita informação de muitas propriedades do sistema e de suas partículas. O alto
desempenho deste software é essencial para processar o grande volume de dados.
Além disso, com a colaboração do professor Lucas Lima foi elaborado um programa
em Matlab para a análise dos dados fornecidos pelo OVITO, para sua representação gráfica
correspondente que serão apresentados na próxima etapa do presente trabalho.
48
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Um material amorfo pode ser produzido por diversas técnicas de processamento, tais
como: moagem de alta energia (AXINTE.; BOFU et al., 2017), deformação plástica severa
(KRÄMER.; KORMOUT et al., 2015) entre outras técnicas incluindo a solidificação a partir
do metal líquido. É importante destacar que esta última rota de processo é a principal rota de
processamento de vidros metálicos que diferem dos amorfos convencionais não só pela rota de
processamento, mas também por apresentar uma bem definida temperatura de transição vítrea,
durante o aquecimento do material amorfo (CHEN, 2011).
A Figura 5 apresenta as curvas de volume vs. temperatura durante as etapas de
aquecimento e resfriamentos das ligas sob estudo. É possível observar que durante o
aquecimento, o volume aumenta linearmente até o início da transição de fase sólido-líquido em
TS, onde há uma mudança contínua no volume até TL, posteriormente essa relação torna-se
novamente linear. O aumento linear no volume do sólido e do líquido é devido ao aumento
tanto nas frequências quanto nas amplitudes das vibrações atômicas, entretanto, a região
50
marcada pelas temperaturas TS e TL corresponde à convivência das fases sólido e líquido, onde
cada uma contribui com diferentes níveis de energia vibracional ao sistema.
280000
275000 280000
275000
Volume (A3)
270000
270000
TS
265000
265000 Tg = 730 K
260000
400 600 800 1000 1200
Temperatura (K)
260000
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
Temperatura (K)
295000
Aquecimento
290000 10 K/ps
1 K/ps
285000 b) TL
Volume (A3)
280000
280000
275000 275000
Volume (A3)
TS 270000
270000
Tg 768 K
265000
Por outro lado, nas curvas dos resfriamentos, às taxas de 10 e 1 K/ps, se observa que
não há transformações de fases no intervalo de temperaturas TL – TS e o volume diminui
constantemente indicativo de que uma mudança gradual do líquido permanece em temperaturas
inferiores àquelas da nucleação dos cristais. A mudança do volume permanece constante até
determinadas temperaturas que dependendo da taxa de resfriamento, apresentam leves
mudanças na inclinação evidenciando que a cinética atômica sofre mudanças significativas. Isto
pode ser devido a que em geral a obtenção do líquido depende da taxa de aquecimento, do
tamanho do sistema simulado, além do potencial de interação utilizado na simulação, desta
forma os valores obtidos na simulação computacional podem atingir valores superiores a
temperatura real. Contudo, os valores obtidos neste trabalho são aproximadamente 100 K
superiores aos valores determinados por experimentos reais nessas ligas.
É importante salientar que entre essas mudanças encontram-se a transformação do LSR
para um sólido amorfo. Desta forma, é possível determinar a transição vítrea assim como o
aumento no volume do material devido à formação de estrutura amorfa. Este aumento do
volume é mais pronunciado às taxas de 10 K/ps em ambas as ligas, como se observa nas curvas
correspondentes das Figuras 5(a) e 5(b), respectivamente. Também, nos “insets” das figuras se
observa o método dos interceptos de linhas retas para determinar a Tg, neste caso, à taxa de
resfriamento de 1 K/ps, sendo de 730 K e 768 K para as ligas Cu58,0Zr31,5Ti10,5 e Cu54Zr30Ti16,
respectivamente.
É amplamente conhecido que taxas de resfriamento inferiores conduzem o material
amorfo a apresentar temperaturas vítreas menores, enquanto que, em taxas superiores a Tg
52
também é relativamente superior, o que está em bom acordo com os resultados obtidos neste
trabalho. A Tg é um dos parâmetros de alta importância no estudo de vidros metálicos, óxidos
e até polímeros. O valor da temperatura de transição vítrea em estudos de caráter experimental
é determinado via estudos de resistividade elétrica e/ou calorimetria diferencial de varredura.
No entanto, em estudos de simulação computacional a determinação da Tg pode ser obtida via
diversas técnicas, sendo amplamente usada a intersecção de linhas retas em regiões com
diferentes ângulos de inclinação nas curvas de variação de uma variável termodinâmica
extensiva vs. temperatura.
Uma medida mais sensível da transformação de fases do LSR para um sólido cristalino
ou amorfo é obtida via parâmetro de Wendt – Abraham, RWA, (WENDT.; ABRAHAM, 1978),
que consiste na obtenção de uma curva a partir dos dados obtidos das funções de distribuição
radial, g(r), em função da temperatura. O parâmetro RWA é definido matematicamente como:
g(r)
𝑅𝑊𝐴 = g(r) 𝑚𝑖𝑛 (24)
𝑚𝑎𝑥
Onde g(r)min e g(r)max são os valores mínimo e máximo da intensidade do primeiro pico
da curva de distribuição radial total, em uma dada temperatura. Como mostra a Figura 6, a
dependência com a temperatura do parâmetro RWA, obtidas às taxas de resfriamento de 10 e 1
K/ps, muda continuamente em magnitude e no ângulo de inclinação, contudo, não se observa
uma mudança brusca evidenciando que em ambas as taxas de resfriamento a principal fase
obtida é amorfa; além disso, mediante a mudança na inclinação das linhas retas superpostas as
curvas RWA, a Tg é determinada.
53
1 K/ps a)
10 K/ps
0.175
RWA
0.150
Tg 762 K
0.125
Tg 724 K
0.100
400 600 800 1000 1200
Temperatura (K)
0.200
b)
1 K/ps
10 K/ps
0.175
0.150
RWA
Tg 750 K
0.125
Tg 731 K
0.100
300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
Temperatura (K)
térmico realizado no material, assim diversos valores de Tg podem ser obtidos para uma mesma
liga em dependência da taxa de resfriamento.
Tabela 4 - Valores de Tg determinadas a partir das curvas V x T e das curvas RWA x T para
as ligas em estudo
Tg [K]
1 K/ps 10K/ps
VxT 730 -
Cu58,0Zr31,5Ti10,5
RWA x T 724 762
VxT 768 -
Cu54Zr30Ti16
RWA x T 731 750
Fonte: O autor, 2019.
Por outro lado, o parâmetro RWA é obtido diretamente de dados das curvas g(r), que
fornecem importante informação estrutural à escala atômica do material. A Figura 7 mostra
curvas de TRDF a diversas temperaturas, obtidas do processamento da liga a taxa de 1 K/ps.
Esta taxa é importante para se analisar a possível formação de nanocristais imersos na matriz
amorfa, por tanto, é de se esperar que as curvas g(r) forneçam indícios deste fenômeno.
A Figura 7(a) apresenta as curvas g(r) da liga Cu58,0Zr31,5Ti10,5. Pode-se observar que o
primeiro halo da função apresenta uma determinada assimetria em quanto que o formato do
segundo halo, mostra um indício de cisão à temperatura de 500 K sendo levemente visível a
temperatura ambiente. É amplamente sabido que a cisão do segundo pico das funções g(r) é um
indicativo da total formação de amorfo na estrutura do material (DING.; MA et al., 2015),
contudo, a pouca evidência da cisão indica que nesta amostra a estrutura final não é 100 %
amorfa e, considerando a forte assimetria do primeiro pico, pode-se inferir a alta organização
de clusters com distâncias de separação atômica relativamente pequena indicativo de formação
de clusters à base de cobre, por ser este elemento o de menor raio atômico entre os elementos
de liga.
55
4.0 g(r)max a)
3.5
3.0
2.5
300 K
500 K
g(r)
0.5
0.0
2 3 4 5 6 7 8
r()
4.5
b)
g(r)max
4.0
3.5
3.0
2.5 300 K
g(r)
g(r)min 500 K
2.0
700 K
1.5
900 K
1100 K
1.0 1300 K
0.5
0.0
2 3 4 5 6 7 8
r ()
Legenda: (a) - Cu58,0Zr31,5Ti10,5 ; (b) - Cu54Zr30Ti16.
Fonte: o autor, 2019
Por outro lado, ao analisar as curvas de distribuição radial parcial (PRDF), à temperatura
de 300 K, após o resfriamento à taxa de 1 K/ps, também pode-se observar a típica característica
de desordem de longo alcance em ambas as amostras, como se evidência nas Figuras 8(a) e
Figura 8(b). Além disso, os segundos halos das funções parciais g(r)Cu-Zr, g(r)Cu-Ti, g(r)Ti-Zr,
g(r)Cu-Cu, g(r)Ti-Ti e g(r)Zr-Zr também apresentam cisões diferentes, confirmando a formação de
fase amorfa. Ademais, a intensidade do primeiro pico correspondente a pares iguais é
relativamente superior em comparação com aqueles dos picos de pares diferentes, sugerindo
56
qualitativamente que existe determinada interação preferida de pares de átomos iguais nestas
ligas, o que discrepa com os resultados obtidos em ligas binarias do sistema Cu-Zr.
a)
b)
a)
1 K/ps
10 20 30 40 50 60 70 80 90
2 graus
b)
Intensidade (u. a.)
10 K/ps
1 K/ps
10 20 30 40 50 60 70 80 90
2 graus
Legenda: (a) - Cu58,0Zr31,5Ti10,5 ; (b) - Cu54Zr30Ti16.
Fonte: O autor, 2019
Como foi apresentado nos itens anteriores, as curvas de TRDF não permitiram analisar,
em escala microscópica, as diferenças estruturais evidenciadas pelos difratogramas de DRX.
Diferentemente dos materiais cristalinos, os amorfos não possuem ordem atômica de longo
alcance, dificultando a análise da estrutura. De forma geral, nesses materiais, a análise da
estrutura local é fornecida por ferramentas como os poliedros de coordenação de um dado
átomo e, são formados pela conexão linear dos centros dos átomos, na primeira camada de
vizinhos mais próximos. As técnicas mais usadas para estes fins são: Analise dos vizinhos mais
59
24
Dicos 24 Dicos
22 Icos 22 icos
20 FCC
20 CFC
CCC
18
18 CCC
16
a) 16
b)
% Poliedros
% Poliedros
14 14
12 12
10 10
8 8
6 6
4 4
2 2
0 0
600 800 1000 1200 1400 600 800 1000 1200 1400
T(K) T [K]
Legenda: ( a) - Cu58,0Zr31,5Ti10,5 ; (b) - Cu54Zr30Ti16.
Fonte: O autor, 2019
Dos resultados obtidos anteriormente, era de se esperar que a 300 K a fração de poliedros
Icos fosse superior na liga Cu58Zr31,5Ti10,5 do que na liga Cu54Zr30Ti16, contudo, como mostram
os diagramas da Figura 11, a população de poliedros Icos é relativamente similar e ainda um
pouco superior na liga Cu58Zr31,5Ti10,5 entretanto a população dos poliedros Dicos é um tanto
inversa, sendo muito superior na liga Cu54Zr30Ti16.
b)
a)
O objetivo deste trabalho foi determinar a TFA das duas ligas localizadas em dois
diferentes triângulos de compatibilidade do diagrama de fases Cu-Zr-Ti. Diversos estudos
reportam uma estreita correlação da estrutura atômica do LSR com as propriedades termofísicas
das ligas (CHEN, 2011) e, deste modo, a capacidade que estes apresentam para formar amorfos.
61
Com o intuito de entender essa correlação é que se apresenta a seguir a análise das propriedades
termofísicas como a viscosidade e a difusão dos elementos de liga no LSR.
Importante ressaltar que à medida que a temperatura diminui até valores próximos à Tg,
as curvas não apresentam uma completa linearidade, como é o caso da temperatura de 740 K,
onde os perfis além de ter uma inclinação muito baixa apresentam determinada curvatura nos
primeiros estágios de tempo, e posteriormente tem um comportamento quase assintótico que
indica a baixa mobilidade atômica a esta temperatura.
Uma vez que a análise e a comparação de mobilidade atômica são difíceis à temperatura
de 740 K, realizou-se a comparação à temperatura de 920 K. A Figura 14 apresenta os perfis
do MSD correspondentes ao Cu, Ti e Zr nas ligas Cu58,0Zr31,5Ti10,5 (quadrados abertos) e
Cu54Zr30Ti16 (triângulos fechados), respectivamente. Observa-se que a esta temperatura há uma
63
diferença significativa na mobilidade do cobre em ambas as ligas, com maior mobilidade desses
átomos na liga Cu54Zr30Ti16. Os elementos Ti e Zr não apresentam grande diferença sendo muito
próximos como se observa na praticamente completa superposição dos perfis de MSD em
ambas as ligas. A maior mobilidade atômica do cobre na liga com menor teor desse elemento,
está relacionada com o maior volume que apresenta a liga a temperatura de 920 K, sendo de
aproximadamente 274 nm3 comparado a 272 nm3 da liga Cu58.0Zr31.5Ti10,5. Importante destacar
que embora estes valores de volume pareçam muito pequenos, eles são relativamente grandes
quando se compara com as dimensões atômicas.
A partir dos perfis de MSD em função do tempo, por meio de ajuste linear, foram
determinados os coeficientes de difusão independentes para o Cu, Ti e Zr, respectivamente.
Valores do coeficiente de difusão para os três elementos em ambas as ligas estudadas são
apresentados na Tabela 5.
64
-8,0x100 Cu
Ti
Zr
-8,5x100
Log(D) (m2/s)
-9,0x100
2,0x10-8
Cu
Ti
-9,5x100 Zr
1,5x10-8
D (m2/s)
1,0x10-8
-1,0x101
5,0x10-9
1
-1,1x10 0,0
𝑄
(− )
𝐷 = 𝐷0 𝑒 𝑘𝑏 𝑇
(25)
-18.0
-18.5
-19.0
Ln(D)
-19.5
1Q
ln(D)= ln(Do) - _ _
-20.0 TR
-20.5
-21.0
Pode ser observado, nos dados da Tabela acima apresentada que os valores de D0 para
os três elementos são praticamente os mesmos, com médias de 13,57 e 13,46 para as ligas
Cu58,0Zr31,5Ti10,5 e Cu54Zr30Ti16, respectivamente. Esses valores diferem muito pouco, e, pode
ser considerado constante e independente da composição da liga, entretanto, observa-se que as
energias de ativação apresentam certa dependência composicional. Deste modo, este parâmetro
pode influenciar fortemente a TFA das ligas. Além disso, pode-se observar que para os átomos
de Cu, as barreiras de difusão são relativamente menores, indicando que estes átomos se
difundem mais facilmente com o aumento da temperatura, seguido pela movimentação dos
átomos de Ti e dos átomos de Zr. Este fenômeno está relacionado com o tamanho atômico,
assim átomos com maior diâmetro precisam de maior energia para se locomover no LSR além
de seu movimento ser mais lento. Contudo, a variação na mobilidade dos átomos maiores
depende em menor grau da composição da liga como se observa pelos perfis do MSD na Figura
14.
de transição vítrea onde o material atinge uma alta viscosidade na ordem de 1012 Pa.s e se torna
um sólido com estrutura atômica desordenada.
Neste trabalho, a viscosidade (η) foi calculada usando o método de Green-Kubo (GK)
(KUBO, 1957) em temperaturas acima de Tg a partir de dados obtidos durante o resfriamento à
taxa de 10 K/ps. Os valores obtidos das viscosidades foram ajustados através da clássica relação
de Vogel-Fulcher-Tamman (VFT) (TAMMANN.; HESSE, 1926), e são apresentadas para as
ligas estudadas na Figura 17. Observa-se que na medida que a temperatura aumenta, acima de
Tg, a viscosidade diminui em várias ordens de magnitude, refletindo a maior atividade atômica
nas regiões dos LSRs das ligas (ALIAGA.; LIMA et al., 2019), resultado coerente com os
valores obtidos da difusão atômica.
a) b)
Por outro lado, diversos autores postularam a ideia de que a grande viscosidade dos
LSRs corresponde à alta estabilidade térmica, pois implica na cinética lenta nesta região de
temperaturas (BUSCH.; BAKKE et al., 1998). Estudos realizados anteriormente na liga
Cu60Zr32,5Ti7,5 mostram que o aumento da viscosidade na região do LSR, está relacionada com
o aumento na fração volumétrica de PV dicos (ALIAGA.; SCHIMIDT et al., 2018). Tem sido
mostrado que os clusters icosaedrais não só possuem a menor energia, mas também são
termicamente muito estáveis (TOMIDA; EGAMI; 1995). Deste modo uma liga com alta
concentração total de icos e dicos apresentara alta estabilidade termodinâmica conduzindo a
uma cinética mais lenta, tanto no resfriamento quanto no aquecimento, durante a
desvitrificação.
68
𝑑 log()
𝑚= | (26)
𝑑(1⁄𝑇) 𝑇=𝑇
𝑔
resultado evidencia que os poliedros Dicos são responsáveis pela estabilidade do líquido super-
resfriado, em completo acordo com o determinado para as ligas do sistema Cu-Zr-Al
(ALIAGA.; LIMA et al., 2019)
a) b)
CONCLUSÕES e SUGESTÕES
REFERÊNCIAS
ACKLAND, G.J.; JONES, A.P. Applications of local crystal structure measures in experiment
and simulation. Phys. Rev. B, v. 73, n. 5, p. 054104, 2006.
ALDER, B.J..; WAINWRIGTH, T.E. Studies in molecular dynamics. General method. The
Journal of Chemical Physics, v. 31, n. 2, 1959.
ALIAGA, L.C.R.; SCHIMIDT, C.S.; LIMA, L.V.P.C.; BASTOS, I.N.; BOTTA, W. J. Study
of Glass Forming on Cu60.0Zr32.5Ti7.5 Alloy by Molecular Dynamics Simulation, Materials
Research. 21(2): e20170555, 2018.
ALLEN, M.P.; TILDESLEY, D.J. Computer Simulation of Liquids. Clarendon Press: Oxford,
UK, 1989.
ANDRIC, P.; CURTIN, W.A. Atomistic modeling of fracture, Modelling and Simulation in
Materials Science and Engineering, v. 27, n. 1, p. 013001, 2019.
ANGELL, C.A. Formation of glasses from liquids and biopolymers, Science, v. 267, p. 1924–
1935, 1995.
ANGELL, C.A. Perspective on the glass transition, Journal of Physics and Chemistry of Solids,
v. 49, p. 863–871, 1988.
ASKIN, J. PhD Thesis, The Ohio State University, Atomic-Level Simulation of Deformation
in Nanocrystalline Materials and Metallic Glasses, 2011
AXINTE, E.; BOFU, A.; WANG, Y.; ABDUL-RANI, ALIYU, A.M. An overview on the
conventional and nonconventional methods for manufacturing the metallic glasses, MATEC
Web of Conferences, v. 112, p. 03003, 2017.
BASU, J.; RANGANATHAN, S. Bulk metallic glasses: A new class of engineering materials,
Sadhana, v. 28, n. 3, p 783–798, 2003.
BHARATHULA ASHWINI, PhD Thesis, The Ohio State University, Experimental and
Computational Investigations of Strain Localization in Metallic Glasses, 2010
BÖHMER, R.; NGAI, K.L.; ANGELL, C.A.; PLAZEK, D.J. Non-exponential relaxations in
strong and fragile glass formers, The Journal of Chemical Physics, v. 99, p. 4201–4209, 1993.
BULATOV, V.; CAI, W. Computer simulation of dislocations. Oxford University Press, 2006.
BUSCH, R.; BAKKE, E.; JOHNSON, W. Viscosity of the supercooled liquid and relaxation at
the glass transition of the Zr46.75Ti8.25Cu7.5Ni10Be27.5 bulk metallic glass forming alloy. Acta
Mater. v. 46, n. 13, p. 4725–4732, 1998.
CHEN, M.A brief overview of bulk metallic glasses, NPG Asia Materials, v.3, p. 82–90, 2011.
CHENG, Y.Q.; CAO, A.J.; SHENG, H.W.; MA, E. Local order influences initiation of plastic
flow in metallic glasses: Effects of alloy composition and sample cooling history, Acta Mater.
v. 56, p. 5263–5275, 2008.
CONCUSTELL, A.; ZIELINSKA, M.; REVESZ, A.; VARGAB, L. K.; SURINACH, S.;
BARÓ, M. D. Thermal characterization of Cu60ZrxTi40−x metallic glasses (x=15, 20, 22, 25, 30).
Intermetallics, v. 12, p. 1063, 2004.
DAI, C. L.; GUO, H.; LI, Y.; XU, J. A new composition zone of bulk metallic glass formation
in the Cu–Zr–Ti ternary system and its correlation with the eutectic reaction. J. Non-Cryst.
Solids, v. 354, p. 3659, 2008.
DALGIC, S.S.; CELTEK, M. Molecular dynamics study of the ternary Cu50Ti25Zr25 bulk glass
forming alloy, v. 15, 2011
DAW, M.S. Embedded-atom method: many-body description of metallic cohesion, In: V. Vitek
and D.J. Srolovitz (eds.), Atomistic Simulation of Materials: Beyond Pair Potentials, Plenum
Press, New York, p. 181–191, 1989.
DAW, M.S.; BASKES, M.I. Embedded-atom method: derivation and application to impurities,
surfaces, and other defects in metals, Phys. Rev. B, v. 29, n.12, p. 6443–6453, 1984.
DING, J.; MA, E.; ASTA, M.; RITCHIE, R. Second-Nearest-Neighbor Correlations from
Connection of Atomic Packing Motifs in Metallic Glasses and Liquids, Scientific Reports, v. 5,
10.1038/srep17429, 2015.
DIVINSKI, S.V.; HISKER, F.; HERZIG, C.; FILIPEK, R.; DANIELEWSKI, M. Self- and
Interdiffusion in Ternary Cu–Fe–Ni Alloys, Defect and Diffusion Forum, v. 237–240, p. 50–
61, 2005.
DYRE, J.C. Colloquium: The glass transition and elastic models of glass-forming liquid, Rev.
Mod. Phys. v. 78, n. 3, p. 953–972, 2006.
EGAMI, T. Universal criterion for metallic glass formation. Mater. Sci. Eng. A, v. 226, p. 261,
1991.
EGAMI, T.; WASEDA, Y. Atomic size effect on the formability of metallic glasses. J. Non-
Cryst. Solids, v. 64, p. 113, 1984.
FALK, M.; GROTTEL, S.; KRONE, M.; REINA, G. Interactive GPU-based Visualization of
Large Dynamic Particle Data, Morgan & Claypool Publishers, 2016.
FINNEY, J. L. Modelling the structures of amorphous metals and alloys, Nature v.266, p.309-
314, 1977.
FINNEY, J.L. Random packings and the structure of simple liquids. I. The geometry of random
close packing, The Royal Society of London A, v. 319, n. 1539, p. 479–493, 1970.
FINNIS, M.W; SINCLAIR, J.E. A simple empirical N-body potential for transition metals,
Philos. Mag. A, v. 50, p. 45–55, 1984.
FORD, D. C.; HICKS, D.; OSES, C.; TOHER, C.; CURTAROLO, S. Metallic glasses for
biodegradable implants, Acta Materialia, v. 176, p. 297, 2019.
GE, L.; HUI, X.; WANG, E. R.; CHEN, G. L.; ARROYAVE, R.; LIU, Z. K. Prediction of the
glass forming ability in Cu-Zr binary and Cu-Zr-Ti ternary alloys. Intermetallics, v. 17, p. 27,
2008.
74
GREEN, M.S. Markoff random processes and the statistical mechanics of time-dependent
phenomena. II. Irreversible processes in fluids, The Journal of Chemical Physics, v. 22, p. 398–
413, 1954.
GREER, A. L.; MA, E.; Bulk metallic glasses: At the cutting edge of metals research, MRS
Bull. v. 32, p. 611, 2007.
GROPP, W.; LUSK, E.; SKJELLUM, A. Using MPI Portable Parallel Programming with the
Message Passing Interface, The MIT Press, Third Edition, 2014.
GUO, H. et al. Glass-Forming Ability and Properties of New Au-Based Glassy Alloys with
Low Au Concentrations, Materials Transactions, v. 50, p. 290, 2009.
HONEYCUTT, J.D.; ANDERSEN, H.C. Molecular dynamics study of melting and freezing of
small Lennard-Jones clusters. J. Phys. Chem., v. 91, n. 19, p. 4950–4963, 1987.
IADONISI, G.; CANTELE, G.; CHIOFALO, M. L. Introduction to Solid State Physics and
Crystalline Nanostructures, Springer, 2014.
INOUE, A. Bulk amorphous alloys with soft and hard magnetic properties, Materials Science
and Engineering: A, v. 226–228, p. 357–363, 1997
INOUE, A. High strength bulk amorphous alloys with low critical cooling Rates, Materials
Transactions, JIM, v. 36, p. 866–875, 1995.
INOUE, A. Stabilization of metallic supercooled liquid and bulk amorphous Alloys, Acta
Materialia, v.48, p. 279–306, 2000.
INOUE, A.; WANG, X. M.; ZHANG, W. Developments and applications of bulk metallic
glasses, Rev. Adv. Mater. Sci. v. 18, p. 1–9, 2008.
INOUE, A.; ZHANG, T.; TAKEUCHI, A. Ferrous and non-ferrous bulk amorphous alloys.;
Mater Sci. Forum, p. 269–272, 1988.
JAFARY-ZADEH, M.; KUMAR, G. P.; BRANICIO, P. S.; SEIFI, M.; LEWANDOWSKI, J.
J.; CUI, F. A Critical Review on Metallic Glasses as Structural Materials for Cardiovascular
Stent Applications, J. Funct. Biomater. v. 9, p. 19, 2018.
JIAO, W., ZHAO, K., XI, X. et al. Development of CaZn based glassy alloys as potential
biodegradable bone graft substitute. J. Non-Cryst. Solids, v. 357, p. 3830–3840, 2011.
KANGA, K. H.; SAA, I.; LEE, J. C.; FLEURY, E.; LEE, B. J. Atomistic modeling of the Cu–
Zr–Ag bulk metallic glass system, Scripta Materialia, v. 61, p. 801–804, 2009.
KELCHNER, C.L.; PLIMPTON, S.J.; HAMILTON, J.C. Dislocation nucleation and defect
structure during surface indentation. Phys. Rev. B, v. 58, n. 17, p. 11085, 1998.
KLEMENT, W.; WILLENS, R. H.; DUWEZ, P.; Non-Crystalline structure in solidified gold-
silicon alloys, Nature, v. 187, p. 869-870, 1960.
KRÄMER, L.; KORMOUT, K.; SETMAN, D.; CHAMPION, Y.; PIPPAN, R. Production of
Bulk Metallic Glasses by Severe Plastic Deformation, Metals, v. 5, p. 720–729, 2015.
LEE E.; TANNER, R.A.R. Phase separation in Zr-Ti-Be metallic glasses, Scripta Metallurgica,
v. 14, p. 657–662, 1980.
LU, Z. P.; LIU, C. T. A new glass-forming ability criterion for bulk metallic glasses. Acta
Mater. v. 50, p. 3501–3512, 2002.
LUO, WEIQI, PhD Thesis, The Ohio State University, Atomistic Materials Modeling of
Complex Systems: Carbynes, Carbon Nanotube Devices and Bulk Metallic Glasses, 2010.
MA, D.; TAN, H.; WANG, D.; LI, Y.; MA, E. Strategy for pinpointing the best glass-forming
alloys. Appl. Phys. Lett. v. 86, p. 191906, 2005.
MAHBOOBA, Z.; et al. Additive manufacturing of an iron-based bulk metallic glass larger
than the critical casting thickness, Applied Materials Today, v. 11, p. 1–6, 2018.
MASUHR, A.; BUSCH, R.; JOHNSON, W.L. Thermodynamics and kinetics of the
Zr41.2Ti13.8Cu10.0Ni12.5Be22.5 bulk metallic glass forming liquid: glass formation from a
strong liquid, Journal of Non-Crystalline Solids, p. 566-571, v. 250–252, 1999.
MEN, H.; PANG, S. J.; ZHANG, T. Glass-forming ability and mechanical properties of
Cu50Zr50−xTix alloys. Mater. Sci. Eng. A, v. 408, p. 326, 2005.
MEN, H.; PANG, S. J.; ZHANG, T. Glass-forming ability and mechanical properties of
Cu50Zr50−xTix alloys, Materials Science and Engineering: A, v. 408, p. 326-329, 2005.
MIRACLE, D. A. The efficient cluster packing model – an atomic structural model for metallic
glasses. Acta Mater. v. 54, 4317–4336, 2006.
76
MIRACLE, D. A.; A structural model for metallic glasses, Nature Mater. v. 3, p. 607, 2004.
MOEIN, S.; MOUSAVI, R.; ZHANG, Y. Interatomic Potentials Transferability for Molecular
Simulations: A Comparative Study for Platinum, Gold and Silver, Scientific Reports, v. 8,
10.1038/s41598-018-20375-4, 2018.
PAQUET, E.; HERNA L.V.; Molecular Dynamics, Monte Carlo Simulations, and Langevin
Dynamics: A Computational Review, BioMed Research International, v. 2015, p. 1–18,
10.1155/2015/183918, 2015.
PERERA, D.N. Compilation of the fragility parameters for several glass forming metallic
alloys. F. Phys. Condens, Matter, v. 11, p. 3807, 1999.
PERRIÈRE, L.; CHAMPION, Y.; BERNARD, F. Spark Plasma Sintering of Metallic Glasses:
Advances in Processing and Applications. In Spark Plasma Sintering of Materials, Springer,
2015.
PETRUCCI, R.H.; HARWOOD, W.S. et al. General chemistry: principles and modern
applications. Upper Saddle River, N.J., Prentice Hall, 2002.
PETTIFOR, D.G. Bonding and Structure of Molecules and Solids, Clarendon Press, Oxford,
1995.
PROFFEN, T.H.; PETKOV, V.; BILLINGE, S.J.L; VOGT, T. Chemical short-range order
obtained from the atomic pair distribution function, Zeitschrift für Kristallographie - Crystalline
Materials, v. 217, n.2, p. 47–50, (2002).
RICHARDS, F.M. Interpretation of protein structures – total volume, group volume
distributions and packing density, Journal of Molecular Biology, v.82, p. 1–14, 1974
ROPER, G.W.; WHITTLE, D.P. Interdiffusion in ternary Co-Cr-AI alloys, Metal Science, v.
14, n.1, p. 21–28, 1980.
77
SAIDA, J.; OSUNA, T.; INOUE, A.; ONUMA, M. Evaluation of nanoscale inhomogeneity in
as-quenched state of Cu–Hf–Ti alloys, J. Mat. Res. v. 18, p. 2013-2016, 2003.
SHENG, H.W.; LUO, W.K.; ALAMGIR, F.M.; BAI, J.M.; MA, E; Atomic packing and short-
to-medium-range order in metallic glasses. Nature, v. 439, p. 419–425, 2006.
STILLER, W. Arrhenius equation and non-equilibrium kinetics: 100 years Arrhenius equation.
Leipzig, BSB B.G. Teubner, 1989.
TAKAHASHI, T.; HISAYUKI, K.; YAMANE, T.; MINAMINO, Y.; HINO, T.; Interdiffusion
in Solid Solution of the Al-Cu-Mg-Ag System, Materials Transactions, v. 44, n.11, p. 2252–
2257, 2003.
TAMMANN, G.; HESSE, W.; Die Abhängigkeit der Viscosität von der Temperatur bie
unterkühlten Flüssigkeiten, Z. Anorg. Allg. Chem. v .156, p. 245, 1926.
TAN, H.; ZHANG, Y.; MA, D.; FENG, Y.; LI, Y.; Optimum glass formation at off-eutectic
composition and its relation to skewed eutectic coupled zone in the La based La-Al-(Cu,Ni)
pseudo ternary system. Acta Mater. v. 5l, p. 4551–4561, 2003.
TANG MEI-BO, ZHAO DE-QIAN, PAN MING XIANG, WANG, W. H. Binary Cu–Zr Bulk
Metallic Glasses, Chin. Phys. Lett. v. 21, p. 901, 2004.
78
TELFORD, M. The case for bulk metallic glass. Materials Today, v. 7, p. 36, 2004.
TREXLER, M.M, THADHANI, N.N. Mechanical properties of bulk metallic glasses, Progress
in Materials Science, v. 55, p. 759–839, 2010.
TURNBULL, D. Under what conditions can a glass be formed, Contemp. Phys. v. 10, p. 473
1969.
VOTER, A.F. The embedded-atom method. In: J.H. Westbrook and R.L. Fleischer (eds.),
Intermetallic Compounds, v. 1, John Wiley & Sons, New York, 1994.
WANG, D.; et al. Bulk metallic glass formation in binary Cu-Zr system. Appl. Phys. Lett. v.
84, p. 4029, 2004.
WANG, Q. et al. Cu-Zr-Al(Ti) bulk metallic glasses: Cluster selection rules and glass
formation. Intermetallics, v. 15, p.711, 2011.
WANG, Q.; DONG, C.; QIANG, J. B.; WANG, Y. M. Cluster line criterion and Cu-Zr-Al bulk
metallic glass formation. Mater. Sci. Eng. A, v. 449, p. 18, 2007.
WANG, Q.; QIANG, J. B.; XIA, Y. M.; DONG, C. Bulk metallic glasses formation in Cu-Zr-
Ti ternary system. J. Non-Cryst. Solids, v. 353, p. 3425, 2007.
WANG, T.L.; LIU, B. X. Glass forming ability of the Fe–Zr–Cu system studied by
thermodynamic calculation and ion beam mixing, Journal of Alloys and Compounds, v. 481,
p. 156–160, 2009.
WANG, W. H.; Roles of minor additions in formation and properties of bulk metallic glasses.
Prog. Mater. Sci. v. 52, p. 540, 2007.
79
WANG, Y. B.; XIE, X.; LI, H. et al. Biodegradable CaMgZn bulk metallic glass for potential
skeletal application. Acta Biomater, v. 7, p. 3196–3208, 2011.
WARD, L. Bachelor Thesis, The Ohio State University, Predictive Modeling for Developing
Novel Metallic Glass Alloys, 2012
WARD, L.; AGRAWAL, A.; FLORES, K. M.; WINDL, W. Rapid Production of Accurate
Embedded-Atom Method Potentials for Metal Alloys, 2012.
WENDT, H.R.; ABRAHAM, F.F., Empirical criterion for the glass transition region based on
Monte Carlo simulations, Physical Review Letters, v. 41, n. 18, p. 1244–1246, 1978.
WU, H.H. Formation of Cu–Zr–Al bulk metallic glass composites with improved tensile
properties, Acta Materialia, v. 59, p 2928–2936, 2011.
XIE, Y.; et al. Supercluster-coupled crystal growth in metallic glass forming liquids, Nature
Communications v. 10, p. 915, 2019.
YANG, J.; HU, Q.; CHENG, M.M.; WANG, L.; LIU, Q.; BAI, X.; MENG, D. Computer
Vision: Second CCF Chinese Conference, Tianjin, China, 2017
ZHANG, Y., LI, Y.; TAN, H.; CHEN, G.L.; DAVIES, H.A. Glass forming ability criteria for
La–Al– (Cu,Ni) alloys, Journal of Non-Crystalline Solids, v. 352: p.5482–5486, 2006.
ZHOU, Z.; WEI, Q.; LI, Q.; JIANG, B.; CHEN, Y.; SUN, E. Y. Development of Co-based bulk
metallic glasses as potential biomaterials, Mater. Sci. Eng. v. 69, p. 46–51, 2016.