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MODELAGEM E ANÁLISE DE
VARISTORES DE ÓXIDO METÁLICO DE ZINCO
FLORIANÓPOLIS
2009
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA ELÉTRICA
MODELAGEM E ANÁLISE DE
VARISTORES DE ÓXIDO METÁLICO DE ZINCO
Tese submetida à
Universidade Federal de Santa Catarina
como parte dos requisitos para a
obtenção do grau de Doutor em Engenharia Elétrica.
JAMES SILVEIRA
MODELAGEM E ANÁLISE DE
VARISTORES DE ÓXIDO METÁLICO DE ZINCO
JAMES SILVEIRA
Maio/2009
JAMES SILVEIRA
May/2009
ABSTRACT: The main objective of this paper is to present a model for the zinc oxide
(ZnO) varistor used in high voltage surge arresters. An original model was developed
through a mathematical model based on the modified Langevin function. When compared
to experimental curves, the modeled representation of the varistors provides results near
reality. This model consists of three parameters to be determined. A methodology for
determining the values for these parameters was developed, which is carried through in a
computational program. The results obtained through this system corroborated the
adjustment capacity of the model to the typical curves related to the different varistors and
their operational conditions. The three parameters of the proposed model can be correlated
with phenomena that conduct leakage current mechanisms. They also allow the evaluation
of the process of varistor degradation during the whole working life of the arresters. Based
on the proposed model and on carried out studies, a new methodology is proposed for the
evaluation of the ZnO varistors.
iii
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................ vii
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... viii
LISTA DE SÍMBOLOS .....................................................................................................xiv
LISTA DE TABELAS .................................................................................................... xviii
1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................1
1.1 Objetivos.....................................................................................................................3
1.2 Estrutura da tese..........................................................................................................4
2 OS PÁRA-RAIOS...........................................................................................................7
8.1 Conclusões..............................................................................................................125
8.2 Propostas de continuidade ......................................................................................127
CT Comissão Técnica
GT Grupo de Trabalho
LT Linha de Transmissão
NA Não Aplicável
SA Sem Avaliação
LISTA DE FIGURAS
Fig.6.18 - Representação das grandezas de entrada e saída dos modelos direto e inverso.
Fig.6.20 - Interface do programa inverso incluindo a tensão aplicada sobre o varistor novo,
a tensão Ug gerada com a corrente do modelo inverso aplicada no modelo
direto, e as curvas características do varistor.
Fig.7.2 - Sinal de tensão senoidal puro aplicado ao varistor (curva azul), e formas
distorcidas pela presença de conteúdo harmônico na tensão de rede. Curva
verde: 5% de 3ª harmônica com fase de zero. Curva vermelha: 5% de 3ª
harmônica com fase de 180º.
Fig.7.3 - Variação da THD da corrente resistiva do varistor novo causada pela presença
de 3ª harmônica na tensão de rede.
Fig.9.15 - Detalhe da forma de onda da corrente de fuga medida com bobina com núcleo
confeccionado com ferrite.
Fig.9.17 - Sinal de corrente medido com a bobina sensora utilizando núcleo de material
nanocristalino (i = 1mAp/60Hz + 0,25mAp/180Hz).
Fig.9.18 - Análise harmônica do sinal de corrente medido com a bobina sensora utilizando
núcleo de material.
xiv
Irm Corrente que flui pelo varistor para a função modificada de Langevin [A]
xv
T Temperatura [K]
t Tempo [s]
UIn,8/20 Tensão residual para descarga de corrente com amplitude nominal e forma de
onda 8x20µs [V]
UIn,T1 Tensão residual para descarga de corrente com frente de onda T1 e amplitude
nominal [V]
UR1/T2 Tensão residual para surto de 10kA com frente rápida (1/T2 µs) [V]
LISTA DE TABELAS
Tab.6.3 - Determinação dos parâmetros do modelo para um varistor novo pelo método
sequencial com diferentes valores iniciais.
Tab.6.5 - Verificação da estabilidade dos parâmetros para o varistor novo com resultados
obtidos em simulações com a mesma tensão aplicada sobre o varistor novo.
Tab. 7.3- Variação das componentes harmônicas da corrente dos varistores novo e
degradado com a variação da tensão de alimentação.
Tab. 7.5- Variação dos parâmetros Um, a e β com a mudança de temperatura do varistor.
utilização. Diversos são os tipos de ensaios realizados nos pára-raios, entre eles se pode
destacar a medição termográfica, a medição da radiointerferência, a medição da corrente de
fuga, dentre outros estabelecidos por normas ou adotados de forma particular segundo
critérios específicos de uma empresa de energia elétrica.
1
Sensor para monitoramento de corrente elétrica alternada [9 10].
3
1.1 Objetivos
para baixas amplitudes de corrente com respeito às vantagens que ela pode proporcionar.
Explora-se o fato de que o sinal de tensão medido nos terminais da bobina é proporcional à
derivada temporal da corrente que circula no condutor por ela envolvido. Essa abordagem
resultou em um pedido de patente [12].
2.1 Introdução
2.2 Histórico
raio
mastro metálico
faísca
fio de cobre
plataforma
isolante
A Fig.2.2d mostra o atual estágio dos pára-raios, em que se utiliza apenas o resistor
não-linear. Esse estágio iniciou em 1976, e só foi possível com o desenvolvimento dos
elementos não-lineares de ZnO. Diferentemente dos pára-raios de SiC, o tipo de varistor a
base de ZnO tem uma corrente de fuga de baixa intensidade. O nível de corrente em
questão não é suficiente para provocar aquecimento prejudicial aos blocos de ZnO,
evitando a necessidade de centelhadores [1, 2, 18].
U (kV)
ZnO
Ud
Um
Ideal
SiC
Uop
2.5.1 Sobretensões
De acordo com a norma NBR 6939 [20], uma sobretensão U pode ser definida
como qualquer tensão entre fase e terra, ou entre duas fases, cujo valor de crista exceda o
valor de crista deduzido da tensão máxima do equipamento Umax.
U max . 2
Fase/terra: U>
3
2
Quando uma linha de grande dimensão é alimentada numa das suas extremidades e a outra se encontra
aberta, produz-se um fenômeno de ressonância que se manifesta pelo fato da tensão crescer ao longo da linha
até a extremidade aberta.
14
Descargas atmosféricas
Segundo estatísticas internacionais [4], cerca de 65% dos desligamentos não
programados em linhas de transmissão com tensão até 230kV são atribuídos às descargas
atmosféricas. O sistema de transmissão da CEMIG - Companhia Energética de Minas
Gerais, por exemplo, apresenta índices ainda superiores aos internacionais. Por estar
inserido em um Estado onde o índice ceráunico3 é relativamente alto, associado aos altos
valores de resistividade do solo, exige que o sistema de proteção seja eficiente para o bom
desempenho das Linhas de Transmissão (LTs) [3, 4, 21].
• o tempo de meia cauda representa o tempo necessário para que a tensão retorne a
50% da tensão de crista;
3
Índice que mostra a atividade atmosférica em uma determinada região.
16
4
Materiais depositados sobre a superfície do invólucro, como a umidade, a poeira ou o salitre.
18
somente o pára-raios de ZnO sem centelhador, cita-se a seguir algumas das principais
terminologias aplicadas aos pára-raios e suas descrições.
kV ou p.u.
Tensão
3.1 Introdução
A rede cristalina do ZnO puro pode ser compreendida por meio de uma sequência
de agrupamentos de elementos químicos. O primeiro deles é a própria ligação dos átomos
de zinco aos de oxigênio. Essa ligação ocorre com um átomo de zinco no centro
coordenado a quatro oxigênios, ou seja, cada cátion (Zn2+) é ligado a quatro ânions (O2-)
[29, 30]. A Fig.3.1a mostra esquematicamente essa ligação, onde as esferas azuis e
vermelhas representam os átomos de zinco e oxigênio, respectivamente [29, 30]. Para
melhor compreensão da distribuição espacial dos átomos, que tem a forma de um tetraedro
distorcido, também são apresentadas as vistas lateral direita (b) e superior (c).
24
Fig. 3.1 - Formação do cristalino de ZnO – Unidade básica na forma de tetraedro distorcido
[29].
Apesar de ser possível descrever a rede cristalina por meio da cela primitiva,
geralmente se dá preferência à hexagonal para mostrar claramente a simetria de toda rede.
25
O arranjo por simples translação dessas estruturas básicas, que são totalmente
simétricas, forma a rede cristalina completa [29, 30]. Uma amostra dessa rede cristalina
denominada de wurtzita ou zincita é esquematicamente apresentada na Fig.3.4.
Fig. 3.4 - Representação esquemática de uma amostra da rede cristalina do ZnO [29, 30].
5
Palavra que vem do grego stoikheion (elemento) e metriā (medida, de metron), no caso significando que há
equilíbrio na estrutura cristalina.
26
Fig. 3.5 - Representação esquemática de defeitos pontuais na rede cristalina do ZnO [29].
De acordo com Furtado [27], a formação das barreiras de potencial têm três fatores
essenciais. O primeiro é que no contorno de cada grão de ZnO a rede cristalina é
interrompida. O segundo fator determinante é que os gradientes de defeitos químico-
estruturais nos grãos de ZnO são estabelecidos durante o processo de esfriamento realizado
29
Quando um campo elétrico é aplicado com valor superior ao de ruptura, cria-se uma
condição descrita como tunelamento, que é o rompimento da barreira de potencial pelos
elétrons ativados pelo campo elétrico. O mecanismo de tunelamento foi concebido por
Ralph H. Fowler e Lothar W. Nordheim [27].
J = ArT 2 exp −
(
ϕ −η E
,
) (3.1)
k B T
2
4π me K B e A
Ar = 3
= 1,20173 x10 6 2 2 , (3.2)
h m K
0 ,5
q3
η= , (3.3)
4π Nν ε0 εr
E0
α= . (3.4)
2 K BT
(
ϕ − 2η E
J = Γ r m E exp − ,
) (3.5)
k BT
ξ
J = J 0 exp , (3.6)
E
em que o termo J0 é uma constante e ξ é dado pela Equação 3.7, na qual ϕ0 representa a
altura da barreira de potencial quando o campo elétrico é nulo [27, 29].
3
4 2 me (qϕ0 ) 2
ξ= . (3.7)
3qh
4 meε g 1 U
α= 3
. (3.8)
3h ND U 2
1 + ϕ
3.2.6 Sinterização
O processo de sinterização aplicado ao varistor consiste em submeter o conjunto de
componentes integrantes, prensados na forma de blocos, a um tratamento térmico. É nesse
processo que são formados os grãos na estrutura do ZnO e os seus contornos. A
34
sinterização é responsável pela difusão dos átomos, que resultam na formação dos defeitos
atômicos e eletrônicos, além da formação dos estados eletrônicos presentes nos contornos
dos grãos. Em suma, é no processo de sinterização que os varistores assumem suas
características elétricas.
6
Material isolante presente na região intergranular formado durante o processo de sinterização.
35
Interior
do grão
espinélio
região de
cargas
espaciais
borda do
grão
(a) (b)
experimentais de que isto ocorra [27]. Quando uma tensão é aplicada, íons positivos,
predominantemente espécies de zinco intersticiais, se movimentam em direção ao contorno
negativo, causando uma reação de neutralização entre as cargas positivas e negativas. Com
o uso contínuo do varistor, o acúmulo de elementos neutros aumenta, causando uma
diminuição da barreira de potencial. Consequentemente ocorre um aumento da corrente, a
qual contribui para a diminuição da vida útil do dispositivo [27, 38]. Estudos realizados por
Furtado e Nóbrega [44] indicam que é possível a recuperação do bloco varistor por efeito
térmico. Na pesquisa realizada, o recozimento de blocos varistores a temperaturas entre
600 e 750ºC proporcionaram uma redução dos elementos neutros acumulados na barreira e
maior estabilidade do varistor, quando comparados às amostras que não sofreram
tratamento térmico, fato também relatado por Menta e Blitzkow [38]. Gupta e Miller [45] e
Menta e Blitzkow [38] apontam uma outra forma de minimizar a migração de espécies de
zinco intersticiais por meio de dopagem com elementos de caráter anfótero, ou seja,
elementos que podem assumir comportamento duplo e oposto entre si, como o potássio e o
sódio. Esses elementos podem se estabelecer nos sítios normais ou intersticiais da estrutura
do ZnO, restringindo dessa maneira a migração que degrada a ação dos varistores [38, 42].
pelo varistor sem que ocorra uma avalanche térmica e a conseqüente destruição do
dispositivo está associada ao volume a ao grau de homogeneidade do varistor [27].
As análises micro e macroestruturais, cada qual com seu foco, mostram a alta
complexidade dos varistores cerâmicos de ZnO. Conclusões de estudos são ainda
hipóteses, não havendo um total esclarecimento dos fenômenos que determinam o seu
comportamento, sobretudo na região não-linear.
4.1 Introdução
quanto a sua validade como meio para diagnóstico [16]. Uma desvantagem desse método é
a necessidade de que o pára-raios seja retirado de operação.
O pára-raios pode ser analisado por meio do valor das perdas dielétricas. O ensaio é
realizado com um equipamento de teste medindo o fator de potência (as perdas dielétricas).
Nesse caso, o diagnóstico é feito por meio de comparações com dados já existentes de
pára-raios novos de mesmas características elétricas. Esse procedimento de avaliação tem
sido realizado como ensaio de recebimento em algumas empresas. Para uma determinada
tensão de ensaio aplicada, o valor obtido no recebimento é utilizado em um processo de
comparação posterior. Outras referências podem ser utilizadas como, por exemplo, as
unidades instaladas adjacentes. Assim como a medição da resistência de isolamento, a
medição das perdas dielétricas utilizada para diagnóstico de pára-raios não é um consenso
devido à forma com que os resultados são avaliados [1, 16].
7
Os centelhadores existem somente em pára-raios de ZnO mais antigos e nos de SiC.
42
It
Ir Ic
Rp Cp
Na avaliação do pára-raios por esse método, uma atenção deve ser dada quanto a
influência da temperatura no valor da corrente de fuga resistiva [15, 24, 38].
pelo Grupo de Trabalho GT10 do IEC em sua comissão técnica CT37 [50]. Veja a Tab.4.1
e a Tab.4.2.
Desligador X Extensiva*
X ver Tab.4.2
corrente
de fuga
externa
da
Usando a tensão de
X ver Tab.4.2
serviço
Em pára-raios de média tensão*
Qualidade da informação
Deslocamento de fase na
Harmônicos na tensão
medição da tensão ou
Corrente superficial
Complexidade de
Método de monitoramento da corrente de
manuseio
corrente
fuga Experiência
de serviço
Usando a compensação
Média Alta Alta Média Alta Limitada
capacitiva
de fuga
a) Medição Termográfica
A medição termográfica é realizada na CHESF desde os anos 80, tendo sido feita
de forma sistemática a partir de 1994. A periodicidade varia entre trimestral e semestral
dependendo do grau de importância da instalação. O critério de análise empregado na
CHESF determina que a maior temperatura lida ao longo do corpo do pára-raios não deve
exceder os 5ºC de diferença quando comparada com a temperatura ambiente. O
procedimento é aplicado a todos os pára-raios instalados no sistema da CHESF [44, 45].
A empresa utiliza dados históricos e valores de referência das famílias dos pára-
raios para avaliar as condições de operação dos mesmos. Segue ainda a recomendação da
ABB (Asea Brown Boveri) para caracterizar uma unidade defeituosa, considerando uma
distorção harmônica máxima permitida de 20% na corrente de fuga total [48].
51
Medidor da Sensor de
corrente de campo elétrico
fuga
A empresa tem utilizado o critério para avaliação dos pára-raios por meio da 3ª
harmônica da corrente resistiva. Alguns fabricantes de pára-raios fornecem os valores
máximos dessas correntes, o que facilita o emprego dessa técnica. Quando valores medidos
superam os limites estabelecidos, o setor de engenharia determina o monitoramento com
periodicidade menor que a de rotina, ou mesmo se procede a retirada de operação do pára-
raios [49].
b) Medição Termográfica
A medição da corrente de fuga nos pára-raios de ZnO é feita com o auxílio do LCM
II. Já que os pára-raios de ZnO são recentes e que essa metodologia passou a ser aplicada
recentemente, os dados históricos são relativamente insuficientes para uma análise.
Segundo informações da empresa, alguns tipos de pára-raios conseguem operar
adequadamente com valores de corrente de fuga relativamente elevados (da ordem de 3
vezes, quando comparados com outros tipos de pára-raios com características nominais
semelhantes). Entre pára-raios de uma mesma família (fabricante e modelo) a diferença de
um para outro, de mesma idade, pode variar em até 3 vezes.
8
Informações repassadas pela área técnica da ELETROSUL.
54
um tubo de material tipo baquelita, situada entre a parte ativa e a porcelana, dificultando
significativamente a observação de pontos sobreaquecidos nos pára-raios.
A substituição gradual dos antigos pára-raios de SiC pelos de ZnO, aliada ao fato
de que a medição termográfica é uma técnica que somente constata um problema já
existente, despertou interesse para o estudo sobre a relação entre a corrente de fuga dos
pára-raios e sua degradação.
Dentre as técnicas que utilizam diretamente a corrente de fuga para análise do nível
de degradação dos pára-raios, a considerada como a mais confiável utiliza a terceira
harmônica da componente resistiva associada à compensação dos harmônicos de tensão do
sistema. Essa técnica é aplicada nas empresas com o auxílio do instrumento LCM II [5]
levando em conta as características fornecidas pelo fabricante e o histórico coletado para
cada família de pára-raios.
5
5 MODELAGEM DE PÁRA-RAIOS DE ZnO
5.1 Introdução
it = k .U α . (5.1)
∂ ln( J ) ln J 2 − ln J 1
α= ≅ . (5.2)
∂ ln( E ) ln E2 − ln E1
9
Como a curva tem a tensão dada em (pu) o valor da resistência linear é determinada por: R = U/15 (Ω).
58
Em 1980, uma nova configuração de circuito para representar o varistor de ZnO foi
proposta por Burger e Knetch [60]. Foram aplicadas tensões na frequência industrial até
próximo da tensão de referência, constatando-se que a componente capacitiva tinha maior
amplitude que a resistiva. Também foi possível verificar a influência da frequência por
meio de ensaios nessa faixa de tensão. Quanto maior a frequência da tensão aplicada,
maior é a perda no varistor. O modelo é composto por três elementos em paralelo, como
apresentado na Fig.5.9.
61
R(V) C Z(f)
Rg Rg
R0 C0
Cp Rp
R0 C0
Rg
Grão de
ZnO
Rgs(f)
R(V)
Intergranular
Camada
Rp(f,V) C(f,V)
Rs(f,V)
A determinação inicial dos valores dos parâmetros é dada pelas equações 5.3 a 5.7,
nas quais d é o comprimento da coluna do pára-raios em metros fornecido no catálogo do
fabricante, e n é o número de colunas paralelas de blocos de ZnO. Os resistores não-
lineares A0 e A1 são especificados pela Tab.5.1. Os valores propostos nessa tabela podem
sofrer modificações para cada solicitação do pára-raios visando uma melhor representação
[70].
d
L1 = 15 × [µH ] . (5.3)
n
d
R1 = 65 × [Ω] . (5.4)
n
d
L0 = 0 ,2 × [µH ] . (5.5)
n
66
d
R0 = 100 × [Ω]. (5.6)
n
n
C = 100 × [ pF ] . (5.7)
d
numérica. O valor dessa resistência deve ser suficiente e relativamente elevado para não
interferir na precisão do resultado [68].
1 U R1 / T 2 − U R 8 / 20
L1 = Un . (5.8)
4 U R 8 / 20
1 U R 1 / T 2 − U R 8 / 20
L0 = Un . (5.9)
12 U R 8 / 20
100
C= [ pF ] . (5.10)
d
69
Fig.5.20- Representações de pára-raios para análise da corrente de fuga [15, 71, 72].
De uma maneira geral, cada modelo apresentado possui seu mérito. Conforme o
fenômeno e seu tipo que se pretende estudar, analisar ou representar se escolhe o mais
70
6.1 Introdução
O desempenho dos modelos dos pára-raios está associado, dentre outros fatores, à
representação dos varistores que os mesmos empregam. Talvez a modelagem do varistor
em si seja uma das maiores dificuldades. Os modelos dos pára-raios devem representar de
forma adequada às solicitações de sobretensões e também a operação em regime.
Modelos como os propostos pelo IEEE [67], por Pinceti et alli [68] e por Fernandez
et alli [70], apresentados no Capítulo 5, usam tabelas que relacionam a tensão aplicada
com a corrente que flui pelos varistores. No modelo convencional, a equação representa
satisfatoriamente a região de limitação de tensão. Outros modelos usam equacionamentos
matemáticos compostos por duas ou mais funções que representam as faixas de menor e
maior não-linearidade da curva característica do varistor. Em 1999, Zhu e Raghuveer
apresentaram uma formulação utilizando duas equações polinomiais de quinto grau [25],
obtendo bom desempenho quando comparado com dados experimentais de Bargigia et alli
[73]. As duas equações que compõem o modelo matemático apresentam um grande
número de parâmetros, e a descontinuidade na transição entre as equações pode gerar
imprecisões ou problemas de convergência em programas numéricos.
t [mA]
0
0 5 10 15 20 25 30 35
-200
-400
-600
1
L( a ) = coth (a ) − . (6.1)
a
a a 3 2a 5
L( a ) = − + −K (6.2)
3 45 945
e a + e −a 1
L( a ) = − . (6.3)
e a − e −a a
L(a)
140
120
100
80
60
40
20
0 a
0 2 4 6 8 10 12
H ( i ) a
B( i ) = Bs coth − . (6.4)
a H ( i )
i ( t ) a
u( t ) = U m coth r − . (6.5)
a i r ( t )
O parâmetro a pode ser determinado pela equação (6.6), em que os valores I0, U0 e
R0 estão representados na Fig.6.6. A obtenção de uma estimativa de a é feita com base em
um ponto (U0, I0) da curva, tal que U0 = 0,67375Um [75].
Um
U0
R0
U0 /R0 I0 Ir
U0
a = I0 − . (6.6)
R0
∑ [U ref ( m ) − U( m )]2
MSE = m =1
. (6.7)
n
para o varistor degradado. Os valores apresentados para o MSE entre as curvas geradas
pelo modelo e as de referência, resultaram em 6,56x10-4 para o varistor novo e 22,2x10-4
para o varistor degradado.
estudo a idéia da modificação na equação de Langevin proposta por Weiss [78]. A nova
formulação se diferencia da anterior por introduzir um terceiro parâmetro, ajustando as
curvas e tendo uma maior capacidade de representação.
irm ( t ) = ir ( t ) + β u( t ) . (6.8)
i ( t ) a
u( t ) = U m coth rm − . (6.9)
a irm ( t )
∆X
l= (6.10)
MSE0
MSEi
e
a; ; Um;
j; a; ; Um
Uc, ir (*.txt)
Equação curva de referência
MSE0
i=0
MSEi = MSE0
MSEi MSEi
∆U m ∆a ∆β
l= l= l=
MSE0 MSE0 MSE0
MSEi MSEi MSEi
e e e
Umi = Um ai = a i =
Um = Umi(l+1) a = ai(l+1) = i(l+1)
não não
MSE1 > MSEi MSE1 > MSEi MSE1 > MSEi
não
i>j i=i+1 MSEi Equação
sim
FIM
n
m=0
i ( m ) + β u ( m) a
u (m + 1) = U m coth r −
a ir (m) + β u (m)
m=m+1
não
m>n
sim
Tab.6.3 - Determinação dos parâmetros do modelo para um varistor novo pelo método
sequencial com diferentes valores iniciais.
Umi ai βi Tempo (s) Um a β MSE
1 10 10 134 * * * *
1 100 100 142 * * * *
1,2 10 10 135 * * * *
1,2 100 100 135 * * * *
1,4 10 10 132 * * * *
1,4 100 100 137 1,53 61,42 87,23 86,4x10-5
1,5 10 10 132 * * * *
1,5 100 100 132 1,48 63,61 85,04 8,66x10-5
1,5 70 100 2,1 1,49 73,02 111,29 8,22x10-5
1,56 145 310 0,9 1,485 70,63 104,86 8,04x10-5
* O programa não convergiu.
85
PAI
FILHO 1
Um (p) a (p) β (p)
Um (p) β (p)
a (p) a (m)
β (m) Um (m)
FILHO 2
β (m) a (m) Um (m)
MÃE
Com o fim da mutação, a nova população está pronta para passar pela cadeia
evolutiva, como aconteceu com as anteriores. Seus elementos são avaliados, se
87
Tab.6.5 - Verificação da estabilidade dos parâmetros para o varistor novo com resultados
obtidos em simulações com a mesma tensão aplicada sobre o varistor novo.
Algoritmo Genético Algoritmo Sequencial
Simulação
Umi ai βi Um a β MSE
Faixa de variação 0–2 0 - 1000 0 - 1000 - - - -
Fig.6.18 - Representação das grandezas de entrada e saída dos modelos direto e inverso.
i ( t ) a
u( t ) = U m coth rm − , (6.11)
a irm ( t )
irm ( t ) = ir ( t ) + β u( t ) , (6.12)
i ( t ) + β u( t ) a
u( t ) = U m coth r − . (6.13)
a ir ( t ) + β u( t )
A Equação 6.14 define uma impedância recursiva Zirm(t) para o varistor como sendo
função da tensão u(t) e da corrente resistiva modificada irm(t). Essa impedância é não-
93
linear. De 6.14, define-se também uma impedância diferencial recursiva Z’irm(t) dada pela
Equação 6.15, a qual fornece o valor instantâneo que rege a taxa de evolução da corrente
resistiva modificada com a tensão aplicada.
u( t )
Z irm (t) = . (6.14)
irm ( t )
∂u( t )
Z 'irm (t) = . (6.15)
∂irm ( t )
∂u( t ) U m a
2
2 irm ( t )
Z 'irm (t) = = 1 − coth + . (6.16)
∂irm ( t ) a a irm ( t )
∂irm ( t ) ∂ir ( t )
= +β . (6.17)
∂u( t ) ∂u( t )
1 ∂ir ( t )
= +β . (6.18)
Z 'irm ( t ) ∂u( t )
∂ir ( t ) 1
= −β . (6.19)
∂u( t ) Z'irm ( t )
−1
∂u( t ) 1
Z r ' ( ir ) = = − β . (6.20)
∂ir ( t ) Z 'irm
1
ir ( t ) = u( t ) −1 . (6.21)
1
−β
Z'irm
1
ir ( t ) = u( t ) − β . (6.22)
Um irm ( t ) a
2
a 1 − coth +
a irm ( t )
∂f ∆f ∆f
= lim ≅ . (6.23)
∂x ∆x →0 ∆x ∆x
As equações 6.16 e 6.17 podem então ser escritas como mostrado nas equações
6.25 e 6.26.
Um a
2
2 irm ( t )
∆Z ( t ) = 1 − coth + , e (6.25)
a a irm ( t )
1
ir ( t + ∆t ) = ∆u( t ) − β + ir (t) (6.27)
∆ Z( t )
Um
∆Z ( t ) = (6.28)
3a
96
ir m ( t ) = ir ( t ) + βu( t )
sim Um
ir m ( t ) < 10 −6 ∆ Z( t ) =
3a
não
Um a
2
2 i rm ( t )
∆ Z( t ) = 1 − coth +
a a irm ( t )
∆u( t ) = u( t + 1 ) − u( t )
1
ir ( t + ∆t ) = ∆u( t ) − β + ir ( t )
∆ Z( t )
não
t=t+ t t =tf
sim
FIM
u(t) x ir(t)
Um programa numérico (VI) foi desenvolvido para calcular a corrente resistiva que
flui pelo varistor em função da tensão aplicada. Nos cálculos efetuados com o programa
foram utilizados os parâmetros do modelo direto determinados anteriormente. As Fig.6.20
e Fig.6.21 mostram os resultados obtidos para os varistores simulados, novo e degradado,
respectivamente. Nas figuras são apresentados os parâmetros do modelo proposto, a tensão
aplicada U, e a tensão Ug gerada por meio do cálculo com o modelo direto utilizando a
corrente resistiva calculada pelo modelo inverso. A concordância entre as tensões U e Ug
mostra que o os dois modelos, direto e inverso, representam o mesmo varistor.
início com base nos resultados da avaliação térmica, e posteriormente, faz-se a avaliação
com os resultados apresentados para a evolução da degradação.
Ir [ µ A]
200 β = 20
150 β = 30
100 β = 40
50
t [s]
0
-50 0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035
-100
-150
-200
Assim, sob o ponto de vista apenas dessa análise, deveria haver uma pequena
elevação na componente resistiva da corrente de fuga com a elevação da temperatura.
Porém, na operação de pára-raios de ZnO na região de baixas correntes, sabe-se que o
aumento da temperatura eleva significativamente a amplitude da componente resistiva da
corrente de fuga do varistor. Como mencionado anteriormente quando se apresentou o
material que compõe o varistor, a componente resistiva da corrente de fuga na região até a
ruptura sofre influência de dois fenômenos: condução elétrica nos grãos de ZnO e
deslocamento de carga elétrica pelo efeito termiônico nos seus contornos. Na região de
baixas correntes a maior parcela da componente resistiva da corrente de fuga se deve à
emissão termiônica. No modelo proposto, com a elevação do parâmetro a a corrente
resistiva também aumenta. A Fig.6.23 mostra resultados variando-se o parâmetro a
mantendo Um e β fixos. Assim, infere-se que o parâmetro a está relacionado com o efeito
termiônico, isto é, com a condução através do material intergranular.
Ir [ mA]
200 a = 20
150 a = 30
100 a = 40
50
t [s]
0
-50 0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035
-100
-150
-200
U m / 3a U m 1
Z= = . (6.29)
irm irm 3a
parâmetro a representa uma condutividade elétrica ligada ao efeito termiônico, que se eleva
com o crescimento da temperatura. Julga-se que o parâmetro β dimensiona a condutividade
elétrica ligada aos grãos de ZnO, o qual reduz seu valor com o crescimento da temperatura.
Na região de baixa corrente, a componente resistiva da corrente de fuga do varistor varia
consideravelmente com a temperatura. No modelo, a variação do parâmetro a produz um
efeito no valor da componente resistiva da corrente de fuga muito maior que o parâmetro
β. O modelo parece representar corretamente os efeitos globais de operação de varistores
sob o ponto de vista dos fenômenos que regem a componente resistiva da corrente de fuga
de pára-raios de ZnO.
Os parâmetros para o modelo proposto que resultaram das buscas realizadas para
um varistor nas temperaturas ambiente (20ºC), de 60ºC e de 100ºC são apresentados na
Tab.6.7. As curvas características para essas temperaturas foram obtidas na referência [74].
Detalhes maiores das simulações de busca dos parâmetros são apresentados no anexo 2.
O modelo direto pode ser representado por uma única equação (Equação 6.13). Ele
é interessante de ser utilizado quando se analisa o pára-raios sob impulsos de corrente ou
para aplicação na avaliação de varistores. Mas, quando se analisa o pára-raios juntamente
com outros componentes de um circuito, a tensão é imposta, sendo a corrente a variável
dependente. Assim, desenvolveu-se o modelo inverso. Os dois modelos, direto e inverso,
foram desenvolvidos e testados com sucesso para as curvas disponíveis. O modelo
proposto pode ainda ser aplicado como uma ferramenta de avaliação da vida útil de pára-
raios por meio do monitoramento da variação dos três parâmetros.
7
7 METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO
7.1 Introdução
do estado operacional do varistor de ZnO pode ser realizada comparando sua amplitude, ou
conteúdo harmônico, aos valores obtidos em medições anteriores ou aos dados de
referência fornecidos pelos fabricantes de pára-raios. Os métodos atuais de avaliação dos
varistores por meio da corrente de fuga empregam essa componente resistiva [50] de forma
a obter informações que são consideradas mais confiáveis em termos de avaliação dos
blocos de ZnO.
aplicação da tensão de rede senoidal pura com amplitude de 1 p.u. Avaliam-se ainda as
mudanças impostas pela variação da temperatura na avaliação da componente resistiva da
corrente de fuga e do conteúdo harmônico. Sabe-se que há uma grande influência desse
fator sobre a curva característica dos varistores na faixa operacional em que as medições
são realizadas (região de baixas correntes).
U [pu]
1
U senoidal pura
U com 5% de 3a H / 0o
U com 5% de 3a H / 180o
-1
0 2 4 6 8 10 12 14 16 t [ms]
Fig.7.2 - Sinal de tensão senoidal com amplitude de 1 p.u. aplicado ao varistor (curva
azul), e formas distorcidas pela presença de conteúdo harmônico. Curva verde: introdução
de 5% de 3ª harmônica com fase de zero. Curva vermelha: introdução de 5% de 3ª
harmônica com fase de 180º.
108
Uma segunda constatação que pode ser feita com auxílio da Fig.7.3 é a de que
quando a fase da componente harmônica é zero ocorre a máxima redução do conteúdo
harmônico presente na corrente de fuga (passa de cerca de 15,5% para a condição senoidal-
pura para cerca de 8,5% com o acréscimo de 5% de terceira harmônica). Esse fato decorre
do efeito contrário que a fase zero impõe à tensão quando comparada à fase de 180 graus,
ou seja, nesse caso ocorre uma redução do valor máximo da tensão. Assim, por solicitar
que o varistor opere em uma faixa de maior linearidade há uma compensação do conteúdo
harmônico introduzido, e nesse caso, uma redução global da THD.
THD [%] 23
21
19
17
15
13
11
7
0
30
60
90
120
4 5
150
180
210
2 33aHr [%]
240
270
300
0 1
360
Fig.7.3 - Variação da THD da corrente resistiva do varistor novo causada pela presença
de 3ª harmônica na tensão de rede.
109
Assim como para o varistor novo, a THD do varistor degradado também sofre
elevação quando a fase da componente harmônica de terceira ordem é igual a 180 graus.
Há uma elevação de 34,08% para a condição de tensão senoidal pura para 42,85% com
presença de 5% de terceira harmônica, confirmando apenas a condição operacional
precária em que o equipamento se encontra. Entretanto, quando a fase da componente
harmônica de terceira ordem é zero, onde ocorre o achatamento do sinal de tensão por
conta da introdução da componente harmônica, a redução da THD é de aproximadamente 9
pontos percentuais. Para essa análise a redução observada ainda mantém o varistor dentro
do que se considera impróprio para a utilização. Porém, a presença desse tipo de distorção
pode, em alguns casos, implicar em erro de diagnóstico.
THD [%] 43
41
39
37
35
33
31
29
27
25
23
0
30
60
90
120
5
150
180
3 4 3aHr [%]
210
240
2
300
330
0 1
360
I3aH [uA]
12
11
10
3
0
30
60
90
120
4 5
150
180
210
2 3
240
270
300
330
3aHr [%]
Erro [%]
60%
40%
20%
0%
-20%
-40%
-60%
0
30
60
120
4 5
90
150
180
210
2 3
240
270
300
330
1
360
Fase 3aHr [graus] 0 3aHr [%]
A avaliação feita anteriormente para o varistor novo também foi realizada para o
varistor degradado. As Fig.7.7 e Fig.7.8 mostram os resultados obtidos.
I3aH [uA]
28
26
24
22
20
18
16
14
12
0
30
60
90
120
4 5
150
180
210
2 3
240
270
300
330
Erro [%]
40%
30%
20%
10%
0%
-10%
-20%
-30%
-40%
0
30
60
90
120
5
150
180
210 3 4
240
270
2
300
330
Fase 3aHr [graus] 0 1
360
3aHr [%]
3a H [µA] 5a H [µA]
9,5 0,9
9,0
0,8
8,5
8,0 0,7
7,5 0,6
7,0
0,5
6,5
U [p.u.] U [p.u.]
6,0 0,4
0,94 0,96 0,98 1 1,02 1,04 1,06 0,94 0,96 0,98 1 1,02 1,04 1,06
35,0 70
65
34,5
60
34,0
55
33,5 50
U [p.u.] U [p.u.]
33,0 45
0,94 0,96 0,98 1 1,02 1,04 1,06 0,94 0,96 0,98 1 1,02 1,04 1,06
3a H [µA] 5a H [µA]
25 2,0
23 1,8
21 1,6
19 1,4
17 1,2
U [p.u.] U [p.u.]
15 1,0
0,94 0,96 0,98 1 1,02 1,04 1,06 0,94 0,96 0,98 1 1,02 1,04 1,06
maior acréscimo, seguida pelas harmônicas de terceira e quinta ordem, em termos relativos
ocorre exatamente o contrário.
∆ THD ∆ Fund
15% 20%
10% 15%
10%
5%
5%
U [p.u.]
0% 0%
U [p.u.]
-5%0.94 0.96 0.98 1 1.02 1.04 1.06 -5%0.94 0.96 0.98 1 1.02 1.04 1.06
-10%
-10% Novo Novo
-15%
Degradado Degradado
-15% -20%
∆ 3aH ∆ 5aH
30% 50%
40%
20%
30%
10% 20%
U [p.u.] 10%
0% U [p.u.]
0%
-10%0.94 0.96 0.98 1 1.02 1.04 1.06 -10%
0.94 0.96 0.98 1 1.02 1.04 1.06
Novo -20% Novo
-20%
Degradado -30% Degradado
-30% -40%
Tab. 7.3- Variação das componentes harmônicas da corrente resistiva dos varistores novo
e degradado com a variação da tensão de alimentação.
Varistor NOVO Varistor DEGRADADO
0,95 1,05 Variação Variação (%) 0,95 1,05 Variação Variação(%)
Fundamental (µA) 44,22 54,44 10,22 23,12% 50,51 70,32 19,81 33,18%
3ª Harmônica (µA) 6,22 9,25 3,03 48,64% 16,76 24,48 7,72 46,05%
5ª Harmônica (µA) 0,46 0,88 0,42 90,33% 1,04 1,93 0,89 85,51%
THD (%) 14,11 17,07 2,96 20,98% 33,25 34,92 1,67 5,02%
t [mA]
0
0 5 10 15 20 25 30 35
-200
-400
-600
Tab. 7.5- Variação dos parâmetros Um, a e β com a mudança de temperatura do varistor.
8.1 Conclusões
como a técnica mais empregada nas empresas que atuam no setor elétrico brasileiro, por
motivos como a maior confiança devido à experiência acumulada, e também pelo grande
número de pára-raios de SiC ainda existentes (em que a medição da corrente de fuga não é
aplicável). Outro motivo que limita a avaliação por meio da corrente de fuga é o elevado
custo dos instrumentos para diagnóstico por meio dessa técnica. Dentre as técnicas atuais
que utilizam diretamente a corrente de fuga para análise do nível de degradação dos pára-
raios que utilizam varistores de ZnO, a que utiliza a terceira harmônica da componente
resistiva associada à compensação dos harmônicos de tensão do sistema é considerada
como a mais confiável.
Foram desenvolvidos os modelos direto e inverso, que podem ser utilizados tendo a
informação da componente resistiva da corrente de fuga ou da tensão aplicada. O modelo
direto é interessante de ser utilizado quando se analisa o pára-raios sob corrente imposta.
Quando a tensão é imposta, a corrente passa a ser a variável dependente e se utiliza o
modelo inverso. Os dois modelos, direto e inverso, foram testados com sucesso para as
curvas experimentais disponíveis.
O modelo proposto pode ainda ser aplicado como uma ferramenta de avaliação da
vida útil de pára-raios por meio do monitoramento da variação dos três parâmetros. Os
resultados obtidos para a incorporação do modelo proposto como método de avaliação de
varistores de ZnO pela corrente de fuga em função da tensão aplicada são promissores.
127
Além disso, agrega-se precisão e simplicidade, pois a avaliação passa a não depender de
curvas padrões para cada tipo de equipamento. Na metodologia proposta, o diagnóstico do
varistor é feito diretamente por meio da avaliação da variação dos parâmetros do modelo.
Os resultados obtidos nos testes realizados com o modelo levaram à conclusões
semelhantes as dos métodos tradicionais. Informações obtidas sobre o comportamento da
corrente resistiva e suas componentes harmônicas com base nas alterações da tensão de
alimentação e temperatura operacional podem auxiliar na avaliação e compreensão do
comportamento dos varistores.
novos trabalhos teóricos e experimentais devem ser feitos para a consolidação dos
conceitos aqui apresentados.
9.1 Introdução
Durante a execução deste trabalho foram feitos ensaios pára-raios usando a técnica
de medição que aplica um dispositivo denominado de bobina de Rogowski. Esse sensor
está sendo estudado em um trabalho paralelo, no Grupo de Análise e Concepção de
Dispositivos Eletromagnéticos – GRUCAD da Universidade Federal de Santa Catarina –
UFSC, no trabalho de mestrado do engenheiro Maurício Rigoni. Como será descrito na
continuidade deste anexo o fato do sinal de tensão estabelecido nos terminais da bobina de
Rogowski corresponder à derivada da corrente enlaçada pela mesma traz consigo uma
vantagem na tarefa de avaliar o pára-raios de ZnO por meio do seu conteúdo harmônico.
9.2 Histórico
de Ampère. Nela, uma bobina de Rogowski envolve um condutor através do qual passa
uma corrente variável no tempo i(t).
A Equação 9.1 mostra que para uma bobina de comprimento médio Cm, com um
total de espiras N, dividida em NL parcelas de comprimento igual à ( dl = C m / N L ), cada
parcela possui ne espiras.
N
ne = dl . (9.1)
Cm
φ = ne µ 0 H x S b . (9.2)
r
Pode-se escrever o campo Hx como sendo o produto escalar entre o campo H e o
r r
vetor unitário u na direção perpendicular à área das espiras. Sendo dl o vetor relativo à
r r
parcela dl da espira e na direção da mesma ( dl = dl .u ) se obtém, então, a relação dada
pela Equação 9.3:
r
r r r dl
Hx = H .u = H . . (9.3)
dl
r
r dl
φ = ne µ 0 H x S b = ne µ 0 H S b . (9.4)
dl
n e µ0 S b r r
φt =
dl
∑ m dl m .
H
m =1 ,N L
(9.5)
O somatório na Equação 9.5 colocado sob forma infinitesimal é dado pela Equação
9.6, que com a Lei de Ampère resulta na Equação 9.7. Aplicando a Equação 9.1 em 9.7,
tem-se a Equação 9.8.
ne µ 0 S b r r
φt =
dl ∫ .dl .
Cm
H (9.6)
ne µ 0 S b
φt ( t ) = i( t ) . (9.7)
dl
N µ0 S b
φt ( t ) = i( t ) . (9.8)
L
135
Sabendo-se que a força eletromotriz induzida na bobina é dada pela Equação 9.9,
pode-se escrever a Equação 9.10, a qual determina, em módulo, o valor da tensão induzida
nos terminais da bobina de Rogowski.
dφ t ( t )
f .e.m. = e( t ) = − . (9.9)
dt
dφ t ( t ) N µ 0 S b di( t )
e( t ) = − =− . (9.10)
dt Cm dt
Cm
Nµ 0 S b ∫
i( t ) = e( t )dt . (9.11)
N µ Sb
M= . (9.12)
Cm
di( t )
= I p 2πf cos( 2πf t ) . (9.14)
dt
e( t )
M= . (9.15)
I p 2πf cos( 2πf t )
eef
M = . (9.16)
ief 2πf
referência. Nota-se que o valor relativo varia em função da amplitude da corrente eficaz
imposta. Neste ensaio, procurou-se analisar a bobina em si, livre de circuitos eletrônicos
colocados à jusante. Para poder medir a tensão induzida diretamente nos terminais da
bobina, o ensaio foi realizado em uma frequência de 1kHz. Em valores eficazes, a tensão
induzida para uma corrente de 2A é de 30mV. Por outro lado, para uma corrente de 1A, a
tensão induzida é de 15mV [10].
O nível do ruído nos ensaios estava na ordem de 5mV. Assim, quanto menor o
nível da tensão induzida, menor é a relação sinal/ruído. Esse fato explica a variação da
indutância mútua determinada experimentalmente com aquela calculada pelos parâmetros
físicos. Nota-se que com o aumento da intensidade de corrente, isto é, com o aumento da
relação sinal/ruído, a diferença da determinação da indutância mútua calculada e aquela
feita por meio de ensaio tende a ficar inferior a 1,5%. Considerando que há influências de
variações na geometria da bobina, erros de medida e influência do ambiente
eletromagnético nos ensaios, permanece uma incerteza quanto ao valor exato da indutância
mútua para essa bobina. No entanto pode-se notar pela tendência da curva que a resposta
da bobina segue para um valor de erro abaixo de 1% [10].
8%
7%
Diferença Relativa de M
6%
5%
4%
3%
2%
1%
0%
1 1,2 1,4 1,6 1,8 2
Corrente [A]
N µ S b di( t )
e( t ) = − . (9.17)
Cm dt
µ = µ r . µ0 . (9.18)
O sinal fornecido pela bobina foi amplificado por meio de um circuito eletrônico
amplificador de sinais, e posteriormente capturado por uma placa de aquisição de sinais da
National Instruments®.
Fig.9.10 - Detalhe da forma de onda da corrente de fuga medida com bobina com núcleo
confeccionado com ferrite.
Fig.9.11 - Sinal de corrente medido com a bobina sensora utilizando núcleo de material
nanocristalino (i = 1mAp/60Hz + 0,25mAp/180Hz).
Esse sensor se mostra capaz de detectar com precisão sinais compostos por corrente
de baixa intensidade. Na continuidade dos trabalhos, como no mestrado do engenheiro
Rigoni que envolvem medição de correntes de baixa intensidade, serão feitos teste mais
específicos para verificar sua aplicabilidade como sensor para corrente de fuga de pára-
raios de ZnO.
Uma bobina de Rogowski tem duas formas básicas de aumentar o valor da tensão
induzida em seus terminais, uma delas é pelo aumento da amplitude da própria corrente, e
a outra pelo aumento da frequência desta.
O primeiro fator explica o motivo pelo qual esse tipo de sensor é comumente
utilizado para mensurar correntes de amplitudes elevadas. O segundo tem sua justificativa
no próprio princípio de funcionamento, que é baseado na variação temporal da forma de
onda da corrente, ou seja, da sua derivada em relação ao tempo.
Quanto mais alta a ordem da componente harmônica, maior será a frequência desta
e, consequentemente, maior será a taxa de variação temporal do fluxo por ela criado. Esse
fato tem importância prática em uma das metodologias de análise proposta nesta tese,
sendo alvo de um pedido de patente [12], tendo em vista sua relevância e originalidade.
10.1 Introdução
Sabe-se que distorções podem ocorrer nas análises que empregam os métodos
tradicionais de avaliação dos varistores por meio da corrente de fuga [25]. A análise dessas
distorções é apresentada no Capítulo 7, e mostra que a amplitude da corrente e o conteúdo
harmônico do sinal de corrente são modificadas quando a tensão possui componentes
harmônicas. Duas dessas componentes harmônicas foram motivos de avaliação neste
trabalho, a terceira e a quinta, e confirmaram suas influências sobre os resultados finais.
Por conta disso, as técnicas atualmente empregadas com base na componente resistiva da
corrente de fuga necessitam de compensação, para que se mostrem confiáveis. Testes
também foram feitos com o modelo para avaliar sua resposta com as distorções que
possam estar presentes na tensão de alimentação. As simulações realizadas, cujos
resultados são apresentados na sequência, tiveram dois objetivos básicos: testar a
sensibilidade do modelo quanto à presença de componentes harmônicas na tensão de
alimentação, e a estabilidade dos parâmetros para as simulações sob as mesmas condições
iniciais.
Fig.10.1 - Curvas características para um varistor novo e outro degradado, com tensão
aplicada de 1,4 pu senoidal (curvas da referência [25]).
150
Fig.10.2 - Tensão aplicada sem distorção e resposta em corrente para um varistor novo.
Fig.10.4 - Tensão aplicada com 1% de distorção harmônica de terceira ordem com fase
de 180 graus, e resposta em corrente para um varistor novo.
Fig.10.6 - Tensão aplicada com 2% de distorção harmônica de terceira ordem com fase
de 180 graus, e resposta em corrente para um varistor novo.
Fig.10.8 - Tensão aplicada com 3% de distorção harmônica de terceira ordem com fase
de 180 graus, e resposta em corrente para um varistor novo.
Fig.10.10 - Tensão aplicada com 4% de distorção harmônica de terceira ordem com fase
de 180 graus, e resposta em corrente para um varistor novo.
Fig.10.12 - Tensão aplicada com 5% de distorção harmônica de terceira ordem com fase
de 180 graus, e resposta em corrente para um varistor novo.
Fig.10.14 - Tensão aplicada com 1% de distorção harmônica de quinta ordem com fase
zero, e resposta em corrente para um varistor novo.
Fig.10.16 - Tensão aplicada com 2% de distorção harmônica de quinta ordem com fase
zero, e resposta em corrente para um varistor novo.
Fig.10.18 - Tensão aplicada com 3% de distorção harmônica de quinta ordem com fase
zero, e resposta em corrente para um varistor novo.
Fig.10.20 - Tensão aplicada com 4% de distorção harmônica de quinta ordem com fase
zero, e resposta em corrente para um varistor novo.
Fig.10.22 - Tensão aplicada com 5% de distorção harmônica de quinta ordem com fase
zero, e resposta em corrente para um varistor novo.
As cinco simulações realizadas para cada situação mostram que os resultados têm
boa reprodutibilidade, ou seja, mesmo com diferentes valores iniciais para os parâmetros,
oriundos da etapa do algoritmo genético, quando a etapa de busca sequencial é concluída
os resultados tendem para um conjunto de parâmetros com valores similares.
Fig.10.26 - Tensão aplicada com 1% de distorção harmônica de terceira ordem com fase
de 180 graus, e resposta em corrente para um varistor degradado.
Fig.10.28 - Tensão aplicada com 2% de distorção harmônica de terceira ordem com fase
de 180 graus, e resposta em corrente para um varistor degradado.
Fig.10.30 - Tensão aplicada com 3% de distorção harmônica de terceira ordem com fase
de 180 graus, e resposta em corrente para um varistor degradado.
Fig.10.32 - Tensão aplicada com 4% de distorção harmônica de terceira ordem com fase
de 180 graus, e resposta em corrente para um varistor degradado.
Fig.10.34 - Tensão aplicada com 5% de distorção harmônica de terceira ordem com fase
de 180 graus, e resposta em corrente para um varistor degradado.
Fig.10.36 - Tensão aplicada com 1% de distorção harmônica de quinta ordem com fase
zero, e resposta em corrente para um varistor degradado.
Fig.10.38 - Tensão aplicada com 2% de distorção harmônica de quinta ordem com fase
zero, e resposta em corrente para um varistor degradado.
Fig.10.40 - Tensão aplicada com 3% de distorção harmônica de quinta ordem com fase
zero, e resposta em corrente para um varistor degradado.
Fig.10.42 - Tensão aplicada com 4% de distorção harmônica de quinta ordem com fase
zero, e resposta em corrente para um varistor degradado.
Fig.10.44 - Tensão aplicada com 5% de distorção harmônica de quinta ordem com fase
zero, e resposta em corrente para um varistor degradado.