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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

RÔMULO CARLOS DA SILVA EMERIK

MODELAGEM E SIMULAÇÃO DE UM SISTEMA DE PRODUÇÃO DE


HIDROGÊNIO A PARTIR DA ELETRÓLISE DA ÁGUA – UMA ABORDAGEM
COM ENFOQUE NA DESCARBONIZAÇÃO E TRANSIÇÃO DA MATRIZ
ENERGÉTICA ATUAL

Niterói - RJ

2023
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

RÔMULO CARLOS DA SILVA EMERIK

MODELAGEM E SIMULAÇÃO DE UM SISTEMA DE PRODUÇÃO DE


HIDROGÊNIO A PARTIR DA ELETRÓLISE DA ÁGUA – UMA ABORDAGEM
COM ENFOQUE NA DESCARBONIZAÇÃO E TRANSIÇÃO DA MATRIZ
ENERGÉTICA ATUAL

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química da Universidade
Federal Fluminense, como parte dos
requisitos necessários para obtenção do
Título de Mestre em Engenharia Química.

Orientador: Prof. Dsc Troner Assenheimer

Niterói - RJ

2023
RÔMULO CARLOS DA SILVA EMERIK

MODELAGEM E SIMULAÇÃO DE UM SISTEMA DE PRODUÇÃO DE


HIDROGÊNIO A PARTIR DA ELETRÓLISE DA ÁGUA – UMA ABORDAGEM COM
ENFOQUE NA DESCARBONIZAÇÃO E TRANSIÇÃO DA MATRIZ ENERGÉTICA
ATUAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia Química da
Universidade Federal Fluminense, como, como
requisito parcial obtenção do Grau de Mestre,
Área de Concentração: Modelagem, Simulação,
Controle, Projeto e Otimização de Processos.

COMISSÃO EXAMINADORA

_____________________________________________
Prof. Dsc. Troner Assenheimer de Souza (Orientador)
Universidade Federal Fluminense - UFF

_____________________________________________
Prof. Dsc. Carlos Eduardo Ribeiro de Barros Barateiro (Co-Orientador)
Universidade Estácio de Sá

_____________________________________________
Prof. Dsc. Diego Martinez Prata
Universidade Federal Fluminense - UFF

_____________________________________________
Prof. Dsc. Iuri Soter Viana Segtovich
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Niterói-RJ
2023
Dedico esta conquista à minha família, que sempre me
incentivou nos pequenos passos desta grande
caminhada,
Obrigado.
AGRADECIMENTOS

A Deus, pela esperança e força em meio as tribulações. Mesmo quando parecia


ter terminado, eis que Ele abriu uma porta onde não havia saída. Temos a certeza de
que é o principal responsável por esta conquista.

A família, pela compreensão quanto aos momentos de ausência nos finais de


semana. Alegramo-nos juntos em cada conquista e ficamos aflitos a cada dificuldade
durante esse período, porém, hoje, temos o conforto e a certeza de que valeu a pena.

Aos eternos amigos que sempre estenderam a mão e incentivaram a caminhar,


ajudando a carregar o peso a cada sábado. Vale lembrar também os que desistiram,
pois também fizeram parte desta história. Seria injustiça citar nomes, pois cada um
merece seu destaque por serem eternos.

Ao professor e orientador Troner, pelo empenho e comprometimento voluntário


na reta final, quando mais precisei de orientação. Este certamente merece
reconhecimento.
RESUMO

Muitos países têm assinado acordos globais com metas ambiciosas para
descarbonizar sua matriz energética, este esforço em conjunto vinha com o objetivo
inicial de reduzir o aquecimento global. Desde o surgimento da crise do Petróleo nos
anos 70 em que os países com maior produção passaram a influenciar diretamente o
valor do Petróleo-Brent, tem aumentado a necessidade de uma transição para uma
nova fonte de energia, renovável, e sem influência de políticas globais. O estudo do
hidrogênio como fonte primária de energia passou então a ser amplamente estudado.
A tecnologia de célula combustível foi desenvolvida e trouxe um potencial muito
significativo para possibilitar essa transição energética. O hidrogênio é uma fonte de
energia versátil, limpa e que pode ser produzido a partir de fontes renovável,
atendendo completamente aos requisitos dessa nova fase. Porém, seu transporte
continua sendo um desafio e será necessário desenvolvimento para utilização de
gasodutos ou investimentos para utilização de produto químico como portador
(amônia, por exemplo). Neste sentido, esta dissertação visa realizar a modelagem e
simulação de um sistema de produção de hidrogênio a partir da eletrólise alcalina,
com energia gerada por fontes renováveis, como também explorar a posição esperada
para o mesmo na transição da matriz energética, descrevendo seu potencial e
principais desafios a serem enfrentados. Os resultados mostram que uma planta com
taxa de produção de 151 kg/h de hidrogênio, pode ser alimentada por 1 aerogerador
com disponibilidade energética de 938 kW. Em termos de investimentos são
requeridos R$ 21 milhões para um período de 10 anos, com VPL de R$ 9 milhões,
payback em 5 anos e TIR de 23%.

Palavras-chave: Energia; Modelagem; Simulação; Hidrogênio.


ABSTRACT

Many countries have signed global agreements with ambitious goals to


decarbonize their energy matrix, this joint effort came with the initial objective of
reducing global warming. Since the emergence of the oil crisis in the 70s, in which the
countries with the highest production began to directly influence the value of oil-Brent,
the need for a transition to a new source of energy, renewable, and without the
influence of global policies has increased. The study of hydrogen as a primary source
of energy then began to be widely studied. Fuel cell technology was developed and
brought a very significant potential to enable this energy transition. Hydrogen is a
versatile, clean energy source that can be produced from renewable sources, fully
meeting the requirements of this new phase. However, its transport continues to be a
challenge and development will be required for the use of gas pipelines or investments
for the use of a chemical product as a carrier (ammonia, for example). In this context,
this dissertation aims to model and simulate a hydrogen production system from
alkaline electrolysis, with energy generated from renewable sources, as well as explore
its expected position in the energy matrix transition, describing its potential and main
challenges to be faced. The results show that a plant with a production rate of 151 kg/h
of hydrogen, can be powered by 1 wind turbine with an energy availability of 938 kW.
In terms of investments, R$ 21 million are required for a period of 10 years, with a NPV
of R$ 9 million, payback in 5 years and IRR of 23%.

Keywords: Energy; Modeling; Simulation; Hydrogen.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Emissão de CO2 por continente ............................................................... 16
Figura 2 – Matriz Energética Nacional ...................................................................... 17
Figura 3 – Emissão de Gases do Efeito Estuda (CO2) .............................................. 21
Figura 4 – Cenário futuro para carbono-zero ............................................................ 23
Figura 5 – Possíveis rotas para produção de hidrogênio .......................................... 25
Figura 6 – Célula de Eletrólise .................................................................................. 29
Figura 7 – Reator com Membrana............................................................................. 37
Figura 8 - Planta de Separação de Hidrogênio da Amônia ....................................... 38
Figura 9 – Possível cadeia de distribuição de hidrogênio ......................................... 38
Figura 10 – Exemplo de fluxo de caixa ..................................................................... 43
Figura 11 – Modelos Termodinâmicos mais usados ................................................. 47
Figura 12 – Eletrolise à pressão de 1 bar .................................................................. 50
Figura 13 – Curva de polarização da eletrólise da água ........................................... 52
Figura 14 – Efeito da pressão na eletrólise ............................................................... 52
Figura 15 – Gráfico da intensidade média dos ventos .............................................. 55
Figura 16 – Rendimento dos aerogeradores ............................................................. 57
Figura 17 – Influência do número de pás sobre o coeficiente de potência ................ 58
Figura 18 – Esteira aerodinâmica e afastamento entre as turbinas .......................... 59
Figura 19 – Componentes de um Sistema Eólico ..................................................... 60
Figura 20 – Diagrama de uma planta de eletrólise com sistema eólico .................... 61
Figura 21 – Matriz de custos de um projeto .............................................................. 62
Figura 22 – Diagrama esquemático de um sistema de eletrólise alcalina ................. 65
Figura 23 – Diagrama da simulação .......................................................................... 67
Figura 24 – Parâmetros de entrada da reação no AspenPlus ................................... 69
Figura 25 – Parâmetros de entrada da reação no AspenPlus ................................... 69
Figura 26 - Geração de H2 por eletrólise ................................................................... 70
Figura 27 – Diagrama de processo e resultados para 1 célula de eletrólise ............. 71
Figura 28 – Impacto da corrente na produção de H2 ................................................. 72
Figura 29 – Impacto da temperatura na produção de H2 .......................................... 72
Figura 30 – Energia gerada ....................................................................................... 75
Figura 31 – Representação do fluxo de caixa ........................................................... 77
LISTA DAS TABELAS

Tabela 1 – Tipos de Processo ................................................................................... 27

Tabela 2 – Propriedades físicas do hidrogênio ......................................................... 34

Tabela 3 – Comparação da amônia com outras alternativas .................................... 36

Tabela 4 – Propriedades da amônia e do hidrogênio ................................................ 36

Tabela 5 – Problema de Escala ................................................................................ 44

Tabela 6 – Custo dos equipamentos secundários..................................................... 63

Tabela 7 – Custo do sistema de eletrólise ................................................................ 63

Tabela 8 – Custos do sistema de energia eólica ....................................................... 64

Tabela 9 – Metodologia da Análise ........................................................................... 64

Tabela 10 – Parâmetros e coeficientes para o modelo termodinâmico ..................... 66

Tabela 11 – Parâmetros e coeficientes calculados ................................................... 68

Tabela 12 – Parâmetros e coeficientes calculados ................................................... 68

Tabela 13 – Eficiência ............................................................................................... 73

Tabela 14 – Resumo do Sistema de Energia Eólica ................................................. 74

Tabela 15 – Previsão de ganhos do projeto .............................................................. 76

Tabela 16 – Previsão de custos do projeto ............................................................... 76

Tabela 17 – Fluxo de Caixa....................................................................................... 78

Tabela 18 – Indicadores econômicos ........................................................................ 78


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Símbolos
P Pressão
T Temperatura
Cp Coeficiente de Força (Lei de Betz)
∆H Variação da Entalpia
∆G Variação da Energia de Gibbs
∆S Variação da Entropia
H Entalpia
G Energia de Gibbs
S Entropia
F Constante De Faraday
i Corrente Elétrica
Vrev Tensão Reversível Mínima
Vcell Tensão de Eletrólise
nH2,prod Produção de Hidrogênio
nH2OConv Taxa de Conversão de Hidrogênio
nH2 Eficiência da Planta de Eletrólise
nH2O Consumo de Água
Wstack Tensão Requerida no Eletrolisador
H2Conv Taxas de Conversão de Hidrogênio
Pdisponível Potência Disponível
Pelétrica Potência Elétrica Gerada
𝜌 Densidade
V Velocidade
di Densidade de Corrente
N Número de placas no Eletrolisador
W Tensão
r1, r2, d1, d2, s, t1, t2, t3 Coeficiente de polarização
f11, f12, f21, f22 Coeficiente de Faraday

Siglas
I Investimento Inicial
VR Valor Residual
IR Índice de Rentabilidade
CA Corrente Alternada
CAPEX Investimento em Bens de Capital
OPEX Custo de Operação e Manutenção
RVM Reforma a Vapor do Metano
GN Gás Natural
VPL Valor Presente Líquido
TIR Taxa Interna de Retorno
Payback Tempo de Retorno Sobre o Investimento
PBS Payback Simples
PBD Payback Descontado
IL Índice de Lucratividade
ACM Módulo Personalizado Avançado do Aspen
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
1.1.
CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA........................................................... 16
1.2.
OBJETIVOS ....................................................................................................... 18
1.3.
ESTRUTURA ..................................................................................................... 19
1.4.
JUSTIFICATIVAS ............................................................................................... 20
1.4.1. A Energia e o Desenvolvimento Sustentável ............................... 20
1.4.2. Emissão de Gases ...................................................................... 22
1.4.3. O hidrogênio como Fonte de Energia .......................................... 24
2. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 27
2.1. O conceito de Hidrogênio Verde ................................................... 27
2.1.1. Produção de Hidrogênio por Eletrólise ........................................ 29
2.2. Principais Obstáculos para o Crescimento do Hidrogênio ............ 32
2.2.1. Transporte, Distribuição e Armazenagem ................................... 32
2.2.2. O Uso da Amônia no Transporte do Hidrogênio .......................... 35
2.3. Estudo de Viabilidade Econômica ................................................ 39
2.3.1. Método de Avaliação do Investimento ......................................... 40
2.3.1.1. Fluxo de Caixa ......................................................................... 40
2.3.1.2. Valor Presente Líquido (VPL) ................................................... 40
2.3.1.3. Payback ou Tempo de Retorno ................................................ 42
2.3.1.4. Taxa Interna de Retorno (TIR) ................................................. 43
2.3.1.5. Índice de Rentabilidade (IR) ..................................................... 44
2.4. Seleção de uma Equação Termodinâmica Apropriada ................. 45
2.4.1. Fundamentos Termodinâmicos da Eletrólise Alcalina ................. 48
2.5. Energia Eólica para a Eletrólise Alcalina ...................................... 55
2.5.1. Configuração de um Parque Eólico ............................................. 58
2.6. Investimentos Necessários ........................................................... 61
2.6.1. Equipamentos Secundários ......................................................... 62
2.6.2. Sistema de Eletrólise ................................................................... 63
2.6.3. Custo da Energia ......................................................................... 64
3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 64
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 71
4.1. Modelagem e Simulação no AspenPlus ....................................... 71
4.2. Cálculo da Energia Eólica para o Sistema de Eletrólise ............... 74
4.3. Análise de Viabilidade Econômica ................................................ 75
5. CONCLUSÃO .................................................................................................... 79
6. PROPOSTA PARA ESTUDOS FUTUROS ........................................................ 80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 81
APÊNDICE A – RESULTADOS DETALHADOS ....................................................... 95
APÊNDICE B – COMPARAÇÃO DE RESULTADOS ................................................ 97
13

1. INTRODUÇÃO

No século passado, Veziroglu e Barbir (1998) já afirmavam que o hidrogênio é


o elemento mais abundante no universo, constituindo cerca de três quartos de toda
matéria. Todas as estrelas e muitos dos planetas consistem essencialmente de
hidrogênio. Alguns anos depois, Sherif, Barbir e Veziroglu (2003) reafirmaram que, no
entanto, o hidrogênio livre é escasso na terra. A atmosfera contém apenas vestígios
dele (0,07 por cento) que é encontrado em pequenas quantidades misturadas com
gás natural em reservatórios. Grande parte do hidrogênio produzido atualmente é
utilizado como matéria-prima nas Refinarias e indústrias Petroquímicas
(INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY, 2020b). Aproximadamente,
120 milhões de toneladas de hidrogênio são produzidos globalmente, sendo terços
consumidos como hidrogênio puro e um terço como mistura em outros gases
(INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2019). Como combustível renovável, o
hidrogênio pode ser convertido em energia e utilizado de forma mais eficiente que os
combustíveis fósseis (SHEN et al., 2011). Identificar uma matriz energética
sustentável e substituir por um combustível limpo é um dos maiores desafios
atualmente (TURNER, 2004).

Segundo Sherif, Barbir e Veziroglu (2003), o hidrogênio possui características


únicas que o tornam um portador de energia ideal que incluem o fato de que:

 Pode ser produzida e convertida em eletricidade com eficiências relativamente


altas;
 Sua matéria-prima para produção está disponível em abundância;
 É um combustível totalmente renovável;
 Pode ser armazenado na forma gasosa (conveniente para armazenamento em
grande escala), na forma líquida (conveniente para o ar e transporte espacial),
ou na forma de hidreto metálico (conveniente para veículos de superfície e
outros requisitos de armazenamento em escala relativamente pequena);
 Pode ser transportado por grandes distâncias por meio de dutos ou por meio
de petroleiros;
14

 Pode ser convertido em outras formas de energia de mais maneiras e com mais
eficiência do que qualquer outro combustível (como combustão catalítica,
eletroquímica conversão e hidratação);
 É ambientalmente compatível com sua produção, armazenamento, transporte
e uso final não produzem quaisquer poluentes (exceto para pequenas
quantidades de nitrogênio óxidos), gases de efeito estufa ou quaisquer outros
efeitos no meio ambiente.

O hidrogênio é um componente bem conhecido pela utilização em célula


combustível ou motores a combustão. Um mol de hidrogênio reagindo com oxigênio
fornece 241 kJ de calor à 25 ºC, em condições padrão, embora isso seja menor do
que o calor liberado pelo carvão (393 kJ), metano e gás natural (802 kJ) (LIN et al.,
1998). Porém, apenas 4% do hidrogênio é produzido de forma renovável, como por
exemplo por processo de eletrólise da água (LEPAGE et al., 2021). A principal
vantagem do uso de hidrogênio como fonte de energia é que o produto associado à
sua combustão não emite CO2, o que é importante para o setor de transporte que é
responsável por quase grande parte do consumo de combustível no mundo
(MARBAN; VALDES-SOLIS, 2007). Como energia do futuro, o hidrogênio é um
candidato potencial para garantir uma fonte renovável, sustentável e seguro.
Comparado com os combustíveis tradicionais, o H2 tem a característica de ser
utilizado tanto em células a combustível quanto em motores de combustão interna
(TURNER, 2004).

Segundo Ulleberg (2003), a eletrólise alcalina é a tecnologia mais utilizada para


geração do hidrogênio por fonte renovável. Silveira (2017, p. 36) contribui com este
pensamento ao afirmar que este é um processo antigo e muito confiável, onde os
equipamentos utilizados podem ter vida útil de até 30 anos. Alguns pesquisadores
acreditam que seja necessário direcionar essa tecnologia para geração de hidrogênio
a partir da água do mar, uma fonte considerada quase inesgotável, que representa a
maior parte das reservas de água do planeta (DRESP et al., 2019).

A célula combustível é o componente utilizado por converter a energia química


presente no hidrogênio em eletricidade, de forma rápida e sem impacto ambiental
(GODULA-JOPEK, 2015, p. 11). A eletricidade é gerada por meio de uma combinação
15

de hidrogênio e oxigênio, essa reação eletroquímica é assegurada por um catalisador


que divide o H2 em elétrons e prótons. Os prótons carregados positivamente cruzam
o cátodo, e os prótons carregados negativamente são empurrados através do sistema
para gerar eletricidade (VEZIROGLU; BARBIR, 1998, p. 34). Em motores de
combustão interna, o hidrogênio é enviado para o coletor como hidrogênio frio ou
armazenado em um cilindro criogênico como hidrogênio líquido e, em seguida,
transformado em um gás frio através do trocador de calor ou pode ser usado como
um combustível alternativo para gasolina para formar uma mistura de hidrogênio-
gasolina, que é comprimida e inflamada por uma faísca de combustão (LEPAGE et
al., 2021).

Os motores movidos a hidrogênio têm várias vantagens em termos de energia


mínima de ignição, temperatura de autoignição e inflamabilidade. Sua energia de
ignição mínima (a quantidade mínima de energia necessária para inflamar a mistura
ar-combustível) é menor do que nos motores a gasolina, dando-lhe a vantagem de
ignição rápida (DANG; WANG, 2021). Sua autoignição requer uma temperatura mais
alta em comparação com gás e gasolina, dando-lhe a característica de altas taxas de
compressão para combustão interna. Seus limites de inflamabilidade no ar (os limites
de concentração volumétrica do combustível e a inflamabilidade da mistura
combustível-ar) são maiores do que os do gás e da gasolina, permitindo uma melhor
economia de combustível ao reduzir a combustão completa (LEPAGE et al., 2021).
Além disso, a eficiência energética associada a conversão do H2 em célula
combustível pode chegar à 90%, um valor maior do que em motores convencionais
(STAMBOULI, 2011). O hidrogênio, no entanto, precisa ser produzido. A fonte lógica
para a produção em grande escala é a água, que é abundante na Terra. Diferentes
métodos de produção de hidrogênio a partir da água foram ou estão sendo
desenvolvidos, que incluem eletrólise, decomposição térmica direta ou termólise,
processos termoquímicos e fotólise. Outra principal fonte de produção é a biomassa
(SHERIF; BARBIR; VEZIROGLU, 2003).

Portanto, esta dissertação irá abordar a produção de hidrogênio de fontes


renováveis, tendo como objetivo o principal método de produção, a saber, pela
eletrólise alcalina.
16

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA

O consumo de energia elétrica nos últimos 10 anos tem crescido nas áreas
industriais, comerciais e residenciais (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2020a,
p. 42). Os países que não são autossuficientes necessitam importar energia para
suprir a demanda interna (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2021b, p. 315).
Esse crescimento tem levado os governos de todo o mundo a traçarem estratégias de
fornecimento de energia a curto e longo prazo (INTERNATIONAL RENEWABLE
ENERGY AGENCY, 2020b). A preocupação com o aumento do consumo e as
questões ambientais têm justificado um planejamento mais rigoroso quanto às novas
formas de fornecimento de energia (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2021b).

Nesse contexto a busca por desenvolvimento sustentável tem se intensificado


e as fontes de energias renováveis têm ganhado espaço, os estudos para exploração
desta área e o desenvolvimento de novas tecnologias estão cada vez mais em foco.
Uma área ainda em crescimento que ocupa uma pequena parcela na matriz
energética dos países, mas que tem ganhado reconhecimento em âmbito global
(INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY, 2022). No atual cenário
mundial sobre o aquecimento global os países estão cada vez mais buscando reduzir
suas taxas de emissão de gás carbônico na atmosfera (CO2) apresentado na Figura
1, principalmente após a criação do protocolo de Kyoto.

Figura 1 – Emissão de CO2 por continente

(*) O tamanho do círculo é proporcional ao


total de emissões de cada região

Fonte: INTERNATIONAL ENERGY AGENCY (2021c, p. 46)

Na Figura 1 observa-se que a China e América do Norte lideram a emissão de


CO2 atualmente e continuarão até 2030, com taxa de emissão por volta de 8 toneladas
17

de CO2/capita. Alguns especialistas justificam que o aumento da temperatura na terra


ocorre devido ao aumento na emissão de gases de efeito estufa (dióxido de carbono
- CO2), fenômeno conhecido como aquecimento global (CENTRO DE GESTÃO E
ESTUDOS ESTRAGÉGICOS, 2010). Estes fatores ambientais, associados a
dependência de muitos países ao consumo de combustíveis fósseis, somado a
volatilidade no preço no petróleo (que impacta diretamente a economia), tem
incentivado o desenvolvimento de uma alternativa sustentável de energia
(INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2019). O elevado potencial das fontes
renováveis no mundo evidencia a oportunidade de se utilizar aquelas com menores
impactos ambientais, em particular no Brasil que tem a vantagem de contar com
grande potencial hidráulico, solar e eólico (SILVEIRA, 2017, p. 147). Neste mesmo
sentido, a aplicação das tecnologias do hidrogênio é considerada por muitos
especialistas como uma alternativa à utilização dos atuais combustíveis fósseis nos
transportes, já que se trata de uma opção que apresenta baixíssimos impactos
ambientais locais (CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRAGÉGICOS, 2010).
O Brasil é um país que possui uma das matrizes energéticas mais limpas do
mundo, com grande participação de energias renováveis no total de energia
consumida como apresentado na Figura 2. Se comparado com a média mundial, no
que tange a participação de energias renováveis, podemos concluir que o país se
posiciona na vanguarda do setor energético mundial, com uma utilização sustentável
dos seus recursos naturais.

Figura 2 – Matriz Energética Nacional

Fonte: MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA (2020a, p. 16)


18

Na Figura 2 observa-se que o Brasil tem uma matriz energética


predominantemente renovável, com destaque para a fonte hidráulica que responde
por 64,9% da oferta interna. As fontes renováveis representam 83,0% da oferta interna
de eletricidade no Brasil, que é a resultante da soma das fontes hidráulica, eólica e
solar (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2020a, p.15). A capacidade eólica no
Brasil é de 17,1 MW, com turbinas eólicas de médio e grande porte conectadas à rede
elétrica. Além disso, existem dezenas de turbinas eólicas de pequeno porte
funcionando em locais isolados da rede convencional para aplicações diversas -
bombeamento, carregamento de baterias, telecomunicações e eletrificação rural
(MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2021a, p. 60). Investimentos para produção
de hidrogênio verde podem tirar proveito da rede elétrica existente no Brasil, já que
70% do custo do hidrogênio vem da energia (HYDROGEN COUNCIL, 2020). Isso
poderia impactar significativamente a competitividade do Brasil e sua possibilidade de
utilizar a rede nacional integrada como vantagem competitiva. A tendência é que a
fontes eólica e solar sejam as principais fonte de energia para o hidrogênio verde no
país (GERMAN-BRAZILIAN ENERGY PARTNERSHIP, 2021).

1.2. OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é estudar a avaliação da viabilidade técnica-


econômica de implantação de um sistema de produção de hidrogênio por fonte
renovável e contribuir com os debates estratégicos sobre a utilização do hidrogênio
como fonte de energia renovável.

A dissertação possui, ainda, os seguintes objetivos específicos:

 Conhecer como o hidrogênio está posicionado na demanda global de


substituição de combustíveis fósseis;
 Verificar qual a cadeia mais provável no que tange a produção, transporte e
utilização do hidrogênio como agente de descarbonização;
 Estudar o modelo termodinâmico proposto por Øystein Ulleberg e sua aplicação
na produção de hidrogênio por eletrólise alcalina;
 Identificar as principais variáveis termodinâmicas que influenciam na produção
de hidrogênio, segundo o modelo de Øystein Ulleberg;
19

 Estimar o capital necessário para a instalação de uma planta de produção de


hidrogênio e o devido tempo de retorno sobre o investimento (payback), sem
considerar a construção de novos gasodutos;
 Contribuir com a indústria no que tange a estudos de alternativas para a
redução dos gases causadores do efeito estufa;
 Propor linhas para futuros estudos de engenharia, impulsionando o
desenvolvimento do hidrogênio como a principal fonte de energia para
substituição das fontes fósseis no médio e longo prazo.

1.3. ESTRUTURA

O presente documento está organizado em 6 capítulos.

No primeiro capítulo é apresentado uma contextualização sobre o hidrogênio


como fonte de energia renovável e sua relação com a Matriz Energética, bem como
perspectivas frente ao cenário mundial.

No segundo capítulo é apresentado a descrição de uma planta para produção


de hidrogênio por eletrólise, assim como os principais parâmetros para avaliação
técnica e econômica deste tipo de projeto.

No terceiro capítulo é apresentado a metodologia utilizada e todas as etapas


que compreendem as análises realizadas.

No quarto capítulo são apresentados os resultados do estudo de viabilidade


técnica e econômica da instalação de uma planta de produção de hidrogênio por
eletrólise.

No quinto capítulo são apresentadas as conclusões gerais e comentários


adicionais.

No sexto capítulo são apresentadas algumas propostas para continuidade do


trabalho.
20

1.4. JUSTIFICATIVAS

1.4.1. A Energia e o Desenvolvimento Sustentável

As emissões globais de CO2 aumentaram 25% nos últimos 20 anos, em


contraste aos 2% de redução prometido pelos países no Acordo de Paris para
mudanças climáticas (SAUNOIS et al., 2020). Por volta de 80% das pessoas no
mundo vivem em países que precisam importar combustíveis fósseis para gerar
energia, porém há a necessidade de uma imediata transição da matriz energética no
sentido de utilizar mais combustíveis renováveis (INTERNATIONAL RENEWABLE
ENERGY AGENCY, 2021, p. 20). Embora a demanda de eletricidade tenha
aumentado, o Brasil é o país que mais cresce sua capacidade instalada de geração
de energia por fonte eólica (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2021a, p. 33). As
energias renováveis atenderam coletivamente quase 65% do crescimento da
demanda de eletricidade ao longo da década, lideradas pela expansão da energia
solar e eólica (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2021b). Globalmente, o setor
elétrico foi responsável por 12,3 Gt emissões de CO2 em 2020, ou 36% de todas as
emissões de CO2 relacionadas à energia (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY,
2021b, p. 114). O gás natural faz parte do grupo de combustíveis responsáveis pela
maioria da fonte de geração de eletricidade emissão de CO2 no setor elétrico
(INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2021b, p. 26). Em resposta a este cenário,
muitos países estão adotando metas ambiciosas de descarbonização com foco em
carbono-zero até 2050 (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2021b, p. 99). A
trajetória para alcançar este objetivo passa pela utilização de energias renováveis,
como o hidrogênio verde por exemplo, que ficou 60% mais acessível com a redução
no preço da eletricidade renovável (eólica ou solar) e a redução no custo da eletrólise
(HYDROGEN COUNCIL, 2020, p. 23).

Pode-se dizer que o suprimento eficiente de energia é considerado uma das


condições básicas para o desenvolvimento econômico (MINISTÉRIO DE MINAS E
ENERGIA, 2020b). Por este motivo a questão energética é parte integrante da agenda
estratégica de todo e qualquer país. Nos últimos anos este tema tomou posição central
nas negociações da Convenção de Clima, pois a atual matriz energética mundial ainda
depende muito de combustíveis fósseis cuja utilização contribui para o aquecimento
global (JEBLI; FARHANI; GUESMI, 2020). De modo geral, a busca pela eficiência
21

energética com a utilização de recursos renováveis tem sido ressaltada em qualquer


avaliação sobre desenvolvimento sustentável, pois a emissão de gases do efeito
estufa são oriundos predominantemente de combustíveis fósseis. A evolução deste
cenário ao longo dos anos é apresentada na Figura 3.

Figura 3 – Emissão de Gases do Efeito Estuda (CO2)

Emissão de CO2 a cada ano

Variação na emissão de CO2 comparado ao ano anterior

Fonte: INTERNATIONAL ENERGY AGENCY (2021a)

Observa-se a partir da figura 3 um aumento significativo na emissão de CO2.


Em 2019 observa-se uma redução histórica na emissão de gases que ocorreu no ano
da pandemia quando houve retração na demanda de energia global, mas logo a
emissão de gases do efeito estufa voltou a crescer em 2020 com a retomada no
consumo de combustíveis e demanda energia. Pode-se notar que a figura 3 apresenta
uma tendência de crescimento, para que o setor energético se torne realmente
sustentável será necessário a implementação de mudanças a nível global, que podem
passar pela criação e implantação de políticas sustentáveis como também o
direcionamento de investimentos em tecnologias.

Segundo Elliott (2007, p.70), a utilização de energias renováveis é um dos


fatores mais importantes para a redução da emissão de CO2 e consequentemente a
prevenção dos impactos ambientais. Almeja-se mundialmente a diminuição do uso de
combustíveis fósseis e sua substituição pelos combustíveis renováveis, que tem como
principal objetivo alcançar uma matriz energética mais sustentável em longo prazo e
endereçar as questões ambientais (HYDROGEN COUNCIL, 2021). Para isso, é
22

essencial investir no desenvolvimento tecnológico do setor energético no sentido de


incentivar alternativas ambientalmente benéficas (HYDROGEN COUNCIL, 2020).
Uma transição para formas de energia menos poluentes deve estar no centro da
discussão para um futuro mais sustentável (JEFFERSON, 2022), onde as energias
renováveis dominam os investimentos em sistemas para geração de eletricidade em
todo o mundo (REN21, 2022). Portanto, a implementação eficiente de políticas
energéticas, explorando esta transição para fontes renováveis, é o caminho para
geração de energia de forma mais sustentável (JEBLI; FARHANI; GUESMI, 2020).

1.4.2. Emissão de Gases

O mais importante benefício que o hidrogênio oferece ao meio ambiente


está no fato de que ele não polui durante sua combustão (SILVEIRA, 2017, p.1),
por este motivo esta fonte de energia apresenta grandes vantagens na redução
de emissão de gases de efeito estufa e na redução da concentração de CO2
(NELSON et al., 2020). Com o avanço de programas de eficiência energética,
com o propósito de tornar mais eficiente o parque gerador de energia, as
energias renováveis vêm ganhando espaço na matriz energética mundial, mas
as emissões de CO2 e de gases de efeito estufa permanecem, ainda, em uma
faixa muito alta (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2021b). As
preocupações com os impactos ambientais por parte de vários países do mundo
têm criado um ambiente muito favorável ao uso do hidrogênio como uma fonte
limpa de energia (CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRAGÉGICOS,
2010). O crescimento da concentração de gases poluentes na atmosfera tem
mobilizado estudos em vários países (principalmente Europa, Estados Unidos e
Austrália), na busca de soluções efetivas para um sistema energético 100%
renovável até 2050 (HANSEN; BREYER; LUND, 2019).

Alcançar emissões carbono-zero até 2050 requer uma transição de velocidade


e escala sem precedentes, as tendências atuais estão aquém do necessário para
alcançar os objetivos (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2021b, p.15). Algumas
regiões do mundo ainda não estão 100% engajados em pesquisas de energias
renováveis, que podem representar um gargalo para implantação de políticas efetivas
(HANSEN; BREYER; LUND, 2019). No entanto, durante a 26ª Conferência das
Nações Unidas sobre mudanças climáticas, 17 países se comprometeram em atingir
23

carbono-zero até 2050 (REN21, 2022, p.36). Para que seja possível atingir este
objetivo, grandes mudanças são necessárias nas políticas governamentais. A
tendência futura de emissão de CO2 é apresentada na Figura 4, levando em
consideração as políticas atuais declaradas e o cenário de promessas.

Figura 4 – Cenário futuro para carbono-zero

Fonte: INTERNATIONAL ENERGY AGENCY (2021c)

Observa-se a partir da Figura 4 que a trajetória em si não pode ser dada como
certa, pois a diferença nas emissões de dióxido de carbono (CO2) ilustra muito
claramente o tamanho da lacuna de implementação da política que existe no
momento. As políticas que estão em vigor ou foram anunciadas parecem ser
insuficientes para evitar que as emissões continuem aumentando e terminem a
década em níveis maiores do que em 2020. Com este cenário, a trajetória está longe
de atingir carbono-zero, que deveria mostrar as emissões caindo para cerca de 21
giga toneladas (Gt) em 2030.

A descarbonização da economia está associada a uma transição energética,


que por sua vez abrange todos os esforços para a redução das emissões de CO2
(MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2020b, p.34). O hidrogênio tem o potencial
para contribuir com o processo de descarbonização, porém para obter resultados em
2050 as ações precisam ser tomadas hoje (HYDROGEN COUNCIL, 2021, p.23).
24

1.4.3. O hidrogênio como Fonte de Energia

O hidrogênio tem estado intimamente ligado à cadeia de combustível por


muitas décadas. Esta molécula não está apenas envolvida em várias operações nas
refinarias de petróleo bruto, mas também é utilizada como um reagente / agente de
processamento para a produção de combustíveis alternativos (STOLTEN; EMONTS,
2016, p. 3). No entanto, há poucos anos o H2 vem sendo estudado de forma mais
intensa com o objetivo de ser aplicado como um combustível, pois sua principal
vantagem está na sua combustão que gera apenas vapor de água como subproduto
(ZOHURI, 2019, p. 141). As previsões de mercado indicam que a produção de H2
aumentará significativamente nos próximos anos para atender um aumento na
demanda de 90 MT (2020) para 140 MT em 2030, um crescimento na ordem de 55%
(HYDROGEN COUNCIL, 2021, p. 23). Porém, atualmente menos que 0,7% da
produção de H2 é gerado a partir de fontes renováveis, tendo o gás natural e carvão
como principais meios de geração (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2019, p.
32).

A célula combustível é o equipamento responsável por converter a energia


química do hidrogênio em eletricidade (ZOHURI, 2019, p. 143). Segundo Hoogers
(2003, p. 14), a célula combustível é a tecnologia mais provável para concorrer com
motores a combustão no setor de transporte, pois são altamente eficientes e realizam
uma reação eletroquímica para converter o H2 em energia. Godula-Jopek (2015, p.
10) corroborou com essa afirmação ao dizer que a utilização do hidrogênio como um
vetor energético produzido a partir de fontes renováveis, transformando a eletricidade
em energia limpa, vem sendo considerada como uma das formas mais eficientes e
ambientalmente interessantes, principalmente devido a utilização de células a
combustível para conversão do hidrogênio em energia elétrica. O hidrogênio por fonte
renovável tem o potencial de se tornar o principal combustível para o setor de
transporte, pois tem como aliado uma economia sustentável e a ausência de impactos
ambientais (ZÜTTEL; BORGSCHULTE; SCHLAPBACH, 2008, p. 372). As
características do hidrogênio o colocam como uma das principais fontes de energia
para na estratégia de descarbonização (STOLTEN; EMONTS, 2016, p. 59), sua
produção através de diversos processos mostra sua flexibilidade e colocam-no como
um elemento de integração entre diversas tecnologias (DINCER, 2012).
25

Figura 5 – Possíveis rotas para produção de hidrogênio

Fonte: MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA (2020b, p. 9)

Observa-se na Figura 5 que o hidrogênio pode ser produzido a partir de


diversas fontes diferentes, alguma renováveis e outras não-renováveis (que utilizam
combustíveis fósseis como matéria-prima). A Figura 5 apresenta também diversos
processos de geração, que mostra a versatilidade na produção deste combustível.
Dentre os destinos mais prováveis, destaca-se o uso em veículos, geração de
eletricidade e geração de calor.

Quando comparado com outros combustíveis, o hidrogênio apresenta maior


energia por unidade de peso (GODULA-JOPEK, 2015, p. 2). Na fase gasosa, o
hidrogênio tem uma densidade energética três vezes maior que a gasolina (NELSON
et al., 2020, p. 6). Há atualmente grande interesse nas aplicações veiculares, onde o
emprego de células combustível apresenta grande vantagem tendo em vista as
maiores eficiências desses sistemas (CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS
ESTRAGÉGICOS, 2010, p. 11). Existem vários programas internacionais focados na
energia de hidrogênio em todo o mundo. Segundo o Hydrogen Council (2021, p. 36),
26

há 522 projetos de novas plantas de hidrogênio anunciadas, liderados pela Europa


(261 projetos) e seguidos por Ásia e China (121 projetos). Chile e Austrália
anunciaram suas estratégias com a ambição de se tornar os principais exportadores
de hidrogênio (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2021b, p. 110). No Brasil, os
investimentos anunciados para construção de plantas de H2 já soma US$ 27 bilhões
(INSTITUTO DE PESQUISA APLICADA, 2022, p. 31).

À medida que o suprimento de combustíveis fósseis se torna mais escasso e


as preocupações ambientais aumentam, o desenvolvimento do hidrogênio como
combustível renovável se torna cada vez mais importante (SCITA; RAIMONDI;
NOUSSAN, 2020). Uma era de transição está se formando para preencher a lacuna
entre a economia de combustível fóssil de hoje e a economia de hidrogênio (ROSEN;
KOOHI-FAYEGH, 2016). Há de se destacar que a concretização do hidrogênio como
um vetor energético ainda apresenta desafios significativos ao longo de toda a sua
cadeia (produção, transporte, armazenamento e consumo), impondo a necessidade
de desenvolvimento técnico ao longo de todo o ciclo (ZÜTTEL; BORGSCHULTE;
SCHLAPBACH, 2008, p. 49). No entanto, o olhar estruturado em torno do
desenvolvimento deste mercado e o surgimento de diversas ações ao redor do mundo
em termos de planos e políticas energéticas, tem acelerado a aplicabilidade do
hidrogênio como um dos principais elementos para a transição energética em diversos
países (LEBROUHI et al., 2022). Se a redução prevista para o custo de produção de
H2 renovável se materializar, essa tecnologia se tornará economicamente mais
competitiva e especialmente imune a variações no preço dos combustíveis
convencionais (JANSSEN et al., 2022). Espera-se que uma redução significativa nos
custos ocorra nos próximos 5 anos e o H2 renovável se torne uma fonte de energia de
baixo custo (NELSON et al., 2020, p. 31).

O transporte do hidrogênio é o principal desafio a ser endereçado (SILVEIRA,


2017, p. 155). O mesmo pode ser transportado de forma gasosa sob alta pressão (500
ou 700 bar) ou de forma liquefeita por meio de redução de temperatura (-252 ºC),
configurando um processo complexo e de elevados custos financeiros (GERMAN-
BRAZILIAN ENERGY PARTNERSHIP, 2021, p. 17). O hidrogênio também pode ser
convertido em amônia para o transporte via modal marítimo, evitando assim o
processo de criogenia (ZÜTTEL; BORGSCHULTE; SCHLAPBACH, 2008, p. 56).
27

2. REVISÃO DA LITERATURA

Nesse capítulo serão abordados os conceitos e modelos dos equipamentos e


sistemas que constituem uma central de geração de energia elétrica a partir da fonte
por eletrólise e biomassa, bem como os principais indicadores econômico-financeiros
que fundamentam a análise de projetos investimento.

2.1. O conceito de Hidrogênio Verde

O hidrogênio pode ser produzido por diferentes processos e fontes, uma


nomenclatura de cores vem sendo comumente usada para facilitar a identificação
conforme Tabela 1.

Tabela 1 – Tipos de Processo

Descrição Hidrogênio Hidrogênio


Hidrogênio Azul Hidrogênio Verde
Cinza Turquesa

RVM ou
Tipo de RVM (*) ou Gaseificação
Pirolise Eletrólise
Processo Gaseificação com captura de
carbono

Energias
Fonte de Metano ou Metano ou
Metano renováveis (Solar
Energia carvão carvão
ou Eólica)
Fonte: INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY (2020b, p.8)

(*) RVM - Reforma a Vapor do Metano

A primeira classificação apresentada na Tabela 1 é o hidrogênio cinza que é


produzido a partir de combustíveis fósseis, tendo como principal processo a reforma
a vapor do metano ou gaseificação de carvão. Esta classificação de hidrogênio implica
emissões substanciais de CO2 tornando-se inadequada para uma rota de
descarbonização (INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY, 2022, p. 22).
Cerca de 71% do hidrogênio produzido atualmente é classificado como cinza
(NELSON et al., 2020, p. 8).
28

A classificação seguinte na Tabela 1 é o hidrogênio azul, que apresenta baixa


emissão de CO2 pois conta com o sequestro de carbono após a combustão do metano
ou carvão (NELSON et al., 2020, p. 8). No curto e médio prazo o uso do hidrogênio
azul será necessário, principalmente para reduzir rapidamente as emissões de CO2
existente e apoiar a ascensão do hidrogénio renovável (EUROPEAN COMMISSION,
2020, p. 5). Ao incluir a tecnologia de captura de carbono o hidrogênio azul representa
pode-se chegar a uma alternativa mais limpa, entretanto o custo adicional acarreta
menor competitividade (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2020b, p. 188). Além
disso, o hidrogênio azul tem limitações que até agora restringiram sua implantação:
usa recursos finitos, está exposto a flutuações de preços de combustíveis fósseis e
não suporta as metas de segurança energética (INTERNATIONAL RENEWABLE
ENERGY AGENCY, 2020, p. 9).

A penúltima classificação apresentada na Tabela 1 é o hidrogênio turquesa que


utiliza o uso de gás natural como matéria-prima sem produzir CO2, porém ainda está
numa fase piloto. O único sub-produto deste processo é o carbono negro
(INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY, 2022, p.27). Já existe um
mercado para o carbono negro, que fornece um fluxo de receita adicional. O carbono
negro pode ser mais facilmente armazenado do que o CO2 gasoso (INTERNATIONAL
RENEWABLE ENERGY AGENCY, 2022, p. 8).

Por último na Tabela 1, há a classificação hidrogênio verde que significa ser


produzido a partir de energia renovável e se posiciona como o mais adequado para
uma transição energética totalmente sustentável (NELSON et al., 2020, p. 18). A
tecnologia mais estabelecida para a produção de hidrogênio verde é a eletrólise da
água, alimentada por eletricidade renovável (DINCER, 2012). No Brasil, a produção
de hidrogênio verde possui grande potencial em função da participação de 83% das
energias renováveis na matriz energética nacional (MINISTÉRIO DE MINAS E
ENERGIA, 2020a, p. 15). A participação das renováveis, além de apresentar
contribuição significativa na matriz brasileira, apresentou um crescimento expressivo
de 69,3% entre 2019 para 2020 (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2021a, p. 63).
A utilização de eletricidade renovável na eletrólise, com custo competitivo, é condição
indispensável para o desenvolvimento da economia do hidrogênio verde
(INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY, 2020a, p. 8).
29

2.1.1. Produção de Hidrogênio por Eletrólise

O processo de produção de hidrogênio por eletrólise é simples e conhecido


desde o início do século passado (SALIBA-SILVA et al., 2009). Muitos métodos estão
disponíveis para esta finalidade, tais como: eletrólise alcalina, membrana de troca de
próton, células eletrolisadoras de óxido sólido e membrana de troca aniônica
(INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY, 2022, p. 28). Dentre as
tecnologias mencionadas, a eletrólise alcalina apresenta atualmente a melhor
eficiência (63 a 70%) e com expectativa de aprimorá-la para a faixa de 65 a 71% até
2030 (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2019, p. 44). O eletrolisador é o
equipamento utilizado no processo de eletrólise para dividir a molécula da água em
hidrogênio e oxigênio, onde um eletrólito (solução aquosa de KOH ou NaOH ou NaCl)
é utilizado para acelerar a reação (GODULA-JOPEK, 2015, p. 47). O diagrama deste
processo é apresentado na Figura 6.
Figura 6 – Célula de Eletrólise

Fonte: SILVEIRA (2017, p. 37)

A partir da Figura 6 pode-se observar que o hidrogênio é produzido quando a


eletricidade passa por dois eletrodos imersos na água, onde a molécula de água é
dividida e produz oxigênio no ânodo e hidrogênio no cátodo. As Equações (1), (2) e
(3) representam as reações que ocorrem nos eletrodos de uma célula eletrolítica
preenchida com um eletrólito adequado, mediante a aplicação de um potencial elétrico
(SHERIF; BARBIR; VEZIROGLU, 2003):
30

 Anodo: 2 OH- (aq)  ½ O2 (g) + H2O (I) + 2e- (1)


 Catodo: 2 H2O + 2e  H2 (g) + 2 OH (aq)
- -
(2)
 Reação Geral: H2O (I)  H2 (g) + ½ O2 (g) (3)

O potencial de decomposição reversível da reação (Equação 3) é 1,229 V em


condições padrão. O potencial total teórico de decomposição da água é 1,481 V
correspondendo à entalpia do hidrogênio, uma vez que ∆H = ∆G + T∆S (GODULA-
JOPEK, 2015, p. 37). O hidrogênio produzido no ânodo está na fase gasosa,
considerando a operação em baixas pressões que normalmente não passa de 30 bar
(INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY, 2020a, p. 37). Atualizações na
tecnologia devem ocorrer em dois aspectos: (a) melhoria na eficiência operacional e
(b) redução nos custos de operação associados com consumo de energia elétrica
(SILVEIRA, 2017, p. 37). O custo de produção será um fator determinante na migração
de outras tecnologias para o hidrogênio (ZÜTTEL; BORGSCHULTE; SCHLAPBACH,
2008, p. 54).

Uma planta de eletrólise pode operar em uma ampla gama de fatores de


capacidade e é conveniente para uma ampla gama de capacidades operacionais, o
que torna este processo interessante para o acoplamento com fontes de energia
renováveis (ZÜTTEL; BORGSCHULTE; SCHLAPBACH, 2008, p. 5). A produção de
hidrogênio a partir da eletrólise geralmente consome mais energia por H2 produzido
do que a partir de hidrocarbonetos (THE NATIONAL ACADEMY PRESS, 2004, p.
218). O hidrogênio produzido é extremamente puro e não há poluição ambiental,
quando utilizado eletricidade produzida por fonte renovável (ZOHURI, 2019, p. 34). A
energia eólica e os fotovoltaicos geram corrente contínua de baixa tensão, que é
exatamente o que é necessário para o processo de eletrólise. (SHERIF; BARBIR;
VEZIROGLU, 2003). Os eletrolisadores são seguros e confiáveis, com uma vida útil
de até 30 anos sendo as membranas e eletrodos são substituídos há cada 8 anos
(SMOLINKA et al., 2011 apud SILVEIRA, 2017, p. 36). Porém, um importante fator a
ser monitorado no processo de eletrólise é a pureza da água utilizada, pois
contaminações podem afetar a vida útil das placas, reduzir a eficiência do processo e
aumentar os custos de manutenção (ZÜTTEL; BORGSCHULTE; SCHLAPBACH,
2008, p. 50).
31

A produção de hidrogênio por eletrólise apresenta grande potencial por vários


motivos, como por exemplo a utilização de água como matéria-prima (SALIBA-SILVA
et al., 2009). As preocupações geopolíticas com a água são, em geral, muito menos
séria do que com os hidrocarbonetos (THE NATIONAL ACADEMY PRESS, 2004, p.
218). Embora a pureza da água tenha impacto direto no processo de eletrólise, o custo
de purificação da água ainda é marginal (INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY
AGENCY, 2020a, p. 40). Quanto ao volume, são necessários aproximadamente 18g
(18 cm3) de água para cada 1 mol de hidrogênio produzido (BOUDELLAL, 2018, p.
70). Além disso, existem regiões geográficas em que os hidrocarbonetos
simplesmente não estão disponíveis, onde o hidrogênio produzido pela eletrólise da
água pode ser o único meio de fornecer energia (THE NATIONAL ACADEMY PRESS,
2004, p. 218). Em muitos casos pode ser necessário realizar a dessalinização da
água, sendo o processo de osmose reversa a tecnologia mais utilizada (STOLTEN;
EMONTS, 2016, p. 1093).

A combinação da energia eólica com a eletrólise vem sendo amplamente


estudado e já conta com projetos instalados, um exemplo deste tipo de planta está
localizado em Prenzlau (Alemanha) onde é operado pela ENERTRAG, AG, TOTAL,
Vattenfall e Bahn (STOLTEN; EMONTS, 2016, p. 898). O custo da energia por fonte
eólica é economicamente competitivo, permitindo a geração de hidrogênio com baixo
custo (THE NATIONAL ACADEMY PRESS, 2004, p. 227). A eletrólise é vista como
um meio potencialmente econômico de produzir hidrogênio em larga escala e com
custos apropriados, é uma solução capaz para responder aos desafios de uma
transição energética (THE NATIONAL ACADEMY PRESS, 2004, p. 218). Apenas 3%
da produção de hidrogênio no mundo é através da eletrólise (ZÜTTEL;
BORGSCHULTE; SCHLAPBACH, 2008, p. 161). Porém, para que o hidrogênio verde
através da eletrólise seja realmente competitivo em larga escala, espera-se uma
redução de 80% no custo do eletrolisador nos próximos anos (INTERNATIONAL
RENEWABLE ENERGY AGENCY, 2020a, p. 91). Segundo Boudellal (2018, p. 69),
muitos fatores influenciam a operação de um eletrolisador, tais como: temperatura,
pressão, resistência elétrica, impurezas, concentração do eletrólito, vazão de entrada,
material dos eletrodos, tamanho e distância dos eletrodos, presença de gases,
material da membrana e a corrente elétrica. Há eletrolisadores alcalinos que podem
operar a baixas pressões e em altas pressões, sendo a vantagem de operar em altas
32

pressões o fato de não ser necessário uma compressão posterior do hidrogênio


produzido (SILVEIRA, 2017, p. 37). Ademais, em altas temperaturas a eletricidade
requerida para a eletrólise diminui (STOLTEN; EMONTS, 2016, p. 1085), porém a
pureza do hidrogênio diminui devido ao aumento da permeabilidade das membranas
(FLYNN, 2009, p. 292).

Silveira (2017, p. 38) sugeriu que o desenvolvimento da tecnologia para


produção de hidrogênio por eletrólise deve seguir em duas direções. Primeiro,
consiste em melhorar a eficiência do eletrolisador afim de reduzir os custos
associados ao consumo de energia elétrica. Segundo, consiste em aumentar a
densidade de corrente do eletrolisador (A/cm2) para reduzir o investimento. Stolten e
Emonts (2016, p. 1064) contribuiram ao afirmar que as áreas de desenvolvimento no
eletrolisador são: melhoria das células eletrolíticas, avanço nas placas eletrônicas e
melhoria no balanço da planta. A demanda de energia elétrica para eletrólise é
calculada levando em consideração a densidade de corrente (A/cm2), tensão de
alimentação e número de placas do eletrolisador (BOUDELLAL, 2018, p. 78). Para
baixas pressões, a demanda energética gira em torno de 4,1 à 4,5 kWh/Nm3 H2,
podendo atingir 7 kWh/ Nm3 H2 em casos de compressão (SILVEIRA, 2017, p. 37).

2.2. Principais Obstáculos para o Crescimento do Hidrogênio

2.2.1. Transporte, Distribuição e Armazenagem

O transporte, distribuição e o armazenamento de hidrogênio são os principais


desafios para a integração do mesmo no sistema global de energia (U.S.
DEPARTMENT OF ENERGY, 2020, p. 11). Segundo Schiebahn et al. (2015), existem
alguns caminhos possíveis para o transporte e uso do hidrogênio, tais como: (1)
injeção direta nas linhas de gás natural, (2) armazenagem para uso futuro como H2
puro próximo ao local de geração ou (3) conversão do H2 em metano (CH4) utilizando
captura de carbono, que pode ser reinjetado nas linhas de gás natural. Além dos
gasodutos, o hidrogênio pode ser transportado por caminhões ou navios, de forma
gasosa, líquida ou misturado com outro componente como amônia (EUROPEAN
COMMISSION, 2020, p. 14). Dentre os aspectos de segurança mais relevantes está
a seleção correta das vedações e materiais da tubulação, que precisam ser analisados
cuidadosamente devido a capacidade do hidrogênio de permear materiais sólidos
33

(ZÜTTEL; BORGSCHULTE; SCHLAPBACH, 2008, p. 55). A tubulação para transporte


do hidrogênio em longa distância deve ser fabricada com materiais nobres, como aço
inox, para evitar vazamentos (SILVEIRA, 2017, p. 155). Para tubulações de aço
carbono, uma pintura interna pode ser aplicada como proteção (CASTELLO et al.,
2005 apud FLYNN, 2009, p. 328). Embora o hidrogênio tenha alta densidade
energética por unidade de massa, ele tem baixa densidade de energia volumétrica
(cerca de 30% de metano a 15 °C, 1 bar) e sua capacidade de permear materiais
metálicos pode apresentar restrições operacionais e de segurança (U.S.
DEPARTMENT OF ENERGY, 2020, p. 11).

Com intuito de possibilitar a utilização da infraestrutura existente para


transporte do hidrogênio, tem-se considerado realizar a mistura do mesmo com o gás
natural numa fase de transição inicial até que um gasoduto dedicado esteja disponível
(ERIN; LOTT; SMITH, 2021, p. 49). À medida que a produção e o uso de hidrogênio
aumentam, no entanto, novas infraestruturas serão necessárias (ERIN; LOTT; SMITH,
2021, p. 9). Os desafios no transporte e armazenamento de hidrogênio continuarão a
evoluir à medida que a produção de hidrogênio se expanda. Embora algumas partes
das redes de gasodutos possam lidar com altas partes de hidrogênio, muitos
gasodutos podem lidar apenas com porcentagens limitadas (MELAINA; ANTONIA;
PENEV, 2013, p. 20). Alguns países atualmente têm diferentes limites de mistura, por
exemplo, o que dificulta o transporte internacional através das fronteiras
(INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY, 2020a, p. 25).

Como pode ser observado na Tabela 2, o hidrogênio contém mais energia por
unidade de massa do que a gasolina, tornando-se uma opção atraente como
combustível. No entanto, o H2 é o elemento mais leve e assim tem uma baixa
densidade energética por unidade de volume (GODULA-JOPEK, 2015, p. 2). Isso
significa que para garantir o mesmo volume de energia, deve-se transportar um
volume de hidrogênio 3,29 vezes maior que o gás natural (KHAN; YOUNG; LAYZELL,
2021, p. 15). Isso pode ser alcançado, por exemplo, através do uso de dutos maiores
ou pela conversão do hidrogênio em combustíveis que têm uma densidade energética
maior, mas isso (e qualquer reconversão subsequente) usa alguma energia
(INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2019, p. 34).
34

Tabela 2 – Propriedades físicas do hidrogênio

Propriedade Hidrogênio Comparação


Densidade (gás) 0.089 kg/m3 (0°C, 1 bar) 1/10 do gás natural
Densidade (líquido) 70.79 kg/m3 (-253°C, 1 bar) 1/6 do gás natural
Ponto de ebulição -252.76°C (1 bar) 90°C abaixo do LNG
Energia por unidade de
120.1 MJ/kg 3x a gasolina
massa
Densidade energética
0.01 MJ/L 1/3 do gás natural
(cond. ambiente)
Energia específica
8.5 MJ/L 1/3 do LNG
(liquefeito)
Velocidade de chama 346 cm/s 8x o metano
Range de ignição 4–77% no ar por volume 6x maior do que o metano
Temperatura de ignição 585°C 220 ºC para a gasolina
Energia de ignição 0.02 MJ 1/10 o metano
Fonte: INTERNATIONAL ENERGY AGENCY (2019, p. 35)

O grande desafio para o aumento da produção de hidrogênio tem sido a


necessidade de estudos mais detalhados relacionados ao material para fabricação de
gasodutos (MARBÁN; VALDÉS-SOLÍS, 2007). O conhecimento sobre o
comportamento mecânico e a microestrutura dos aços para a fabricação desses
gasodutos é importante para garantir condições de integridade e segurança de
operação, o que é de extrema importância para a indústria (WANG et al., 2022).
Fraturas metálicas são frequentemente associadas com os mecanismos de corrosão
por estresse ou fragilização por hidrogênio (SOUZA et al., 2017). Sabe-se que a partir
da fragilização do material inicia-se a propagação de micro rachaduras e a difusão do
hidrogênio (PARK et al., 2008). Considerando que o hidrogênio é inflamável na
presença de oxigênio, qualquer falha nas tubulações pode causar sérios acidentes
(MESSAOUDANI et al., 2016). Por este motivo, é primordial o entendimento de como
o hidrogênio reage com os materiais da tubulação antes da implementação de
gasodutos de transporte (ERIN; LOTT; SMITH, 2021). Segundo Messaoudani et al.
(2016), ainda existe uma falta de conhecimento sobre como realizar o transporte
seguro do hidrogênio puro ou misturado no gás natural.
35

2.2.2. O Uso da Amônia no Transporte do Hidrogênio

A baixa densidade de energia volumétrica do hidrogênio, tanto em forma de


gás quanto em líquido, torna o armazenamento e transporte do mesmo um problema
difícil para a maioria das aplicações (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY, 2020, p. 11).
Para transportes marítimos de longas distâncias, tem-se avaliado a mistura do
hidrogênio com amônia afim de evitar a necessidade de aplicação de técnicas de
criogenia (ZÜTTEL; BORGSCHULTE; SCHLAPBACH, 2008, p. 56).
Segundo Thomas e Parks (2006, p. 6), a amônia possui duas características
principais que favorecem sua aplicação no transporte do hidrogênio em longas
distâncias. Primeiro, a mesma pode ser armazenada em baixas pressões, pois a
pressão de vapor da amônia em temperatura ambiente é 9,2 bar (~121 psig).
Segundo, a amônia possui alta capacidade de armazenamento do hidrogênio (por
volta de 17,6% da sua massa) e possibilita sua separação no destino através de um
reator. Lee et al. (2021) destacou que o H2 e N2 são os únicos produtos obtidos na
decomposição da amônia.
Embora a toxidade da amônia possa trazer preocupações com a segurança,
Duijm, Markert e Paulsen (2005) destacaram que os riscos podem ser gerenciados e
mitigados utilizando técnicas apropriadas. Sob a perspectiva econômica, Zhao et al.
(2019) concluíram que o custo para transporte da amônia é 31% menor que do
hidrogênio e 18% menor que do metanol, justificando sua viabilidade. Um resultado
semelhante também foi encontrado pela Agência Internacional de Energia
(INTERNATIONAL ENERGY AGENCY, 2019, p. 78), ao indicar que o custo do
transporte da amônia é USD 1,2/kgH2 e do hidrogênio é USD 2/kgH2 (uma diferença
de 40%).

Apesar das vantagens, ainda existem desafios relacionados a decomposição


da amônia e a separação do hidrogênio no destino. O primeiro desafio é a quantidade
de energia requerida uma vez que essa reação é endotérmica (ΔH = 92,4 kJ mol-1) e,
adicionalmente, altas temperaturas são necessárias (400–800 ºC) o que torna o
processo menos eficiente energeticamente (CARLO; VECCHIONE; PRETE, 2014).
Outro desafio importante está na viabilidade econômica desta cadeia, pois a
decomposição da amônia acrescenta um custo de USD 0.43/kg-H2 o que impacta
diretamente o custo do hidrogênio (PAPADIAS; PENG; AHLUWALIA, 2021).
36

Avaliando alternativas para o transporte do hidrogênio, como pode ser


observado na Tabela 3, a amônia (NH3) é particularmente mais promissora. O Metano
possui grande capacidade de armazenar hidrogênio em sua estrutura (25%), mas é
gerado por fontes fósseis e requer altas pressões (250 bar) no armazenamento. Já o
Metanol, pode ser transportado em baixas pressões, mas possui capacidade de
armazenar apenas 12.5% de hidrogênio em sua estrutura.

Tabela 3 – Comparação da amônia com outras alternativas


Amônia Metanol Metano
Parâmetros
(NH3) (CH3OH) (CH4)

Teor de hidrogênio 17.6% 12.5% 25%

Condição de armazenamento 20 ºC / 10 bar 20 ºC / 1 bar 20 ºC / 250 bar

Limite de inflamabilidade no ar - 6 – 36% 5.3 – 15%

Limite de ignição no ar 16 – 25% 5.5 – 44% 5.7 – 14%


Fonte: WAN et al. (2021)

Para comparar o transporte da amônia com o hidrogênio puro, é necessário


observar algumas propriedades como o ponto de ebulição, densidade de energia e
densidade mássica, como é apresentado na Tabela 4. Nota-se que a amônia possui
uma condição de liquefação menos intensa e, consequentemente, o armazenamento
e transporte podem ser realizados em vasos menores e mais leves em comparação
com o hidrogênio. Além disso, a amônia também pode ser armazenada em
temperaturas mais altas, o que configura uma vantagem importante.

Tabela 4 – Propriedades da amônia e do hidrogênio

Ponto de Ebulição Densidade Energética


Combustível Densidade (g/L)
(ºC, @ 1 bar) (kWh/L)

H2 -253 71 2.4

NH3 -33 674 3.5


Fonte: LAN; IRVINE; TAO (2012) apud CECHETTO et al. (2021)

Na etapa de decomposição a aplicação de um reator é usualmente proposto


por ser um sistema com alta eficiência na recuperação do hidrogênio (H2) armazenado
na estrutura da amônia (NH3), um dos primeiros estudos foi realizado por Collins e
37

Way (1994). Um dos exemplos dessa tecnologia é o reator com membrana seletiva
de H2, como é apresentado na Figura 7, que realiza a decomposição da amônia e em
seguida efetua a separação do H2 dentro no mesmo reator, resultando em maior
eficiência no processo (ZHANG et al., 2019).

Figura 7 – Reator com Membrana

Fonte: CECHETTO et al. (2021)

Neste tipo de tecnologia apresentado na Figura 7 a taxa de produção de H2 é


diretamente dependente da temperatura interna e da velocidade da reação, essa
última é determinada pela porosidade da membrana (POURALI et al., 2022). Para a
utilização de reatores com catalizadores metálicos, a eficiência também pode variar
de acordo com o material escolhido para o catalizador (SUN et al., 2022). Após a
separação, o H2 produzido ainda pode passar por um processo de purificação a fim
de atender às especificações necessárias para um funcionamento correto em célula
de combustível (CECHETTO et al., 2021).

A planta de separação de hidrogênio é apresentada na Figura 8, desde a


armazenagem da amônia até a utilização do H2 já produzido. Nota-se que essa planta
tem uma configuração simples e os processos já são bastante conhecidos pela
indústria, reduzindo muito sua complexidade de operação.
38

Figura 8 - Planta de Separação de Hidrogênio da Amônia

Fonte: THOMAS; PARKS (2006, p. 11)

Durante a fase inicial, o transporte terá um papel primordial na viabilidade deste


tipo de projeto pois os custos de transmissão do H2 puro em longas distâncias podem
chegar até três vezes o custo de produção (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY,
2019, p. 67). O transporte de H2 puro por caminhão ou trilho é viável, mas para
distâncias acima de 300 ou 400km (HYDROGEN COUNCIL, 2020, p. 28). Embora o
transporte por gasodutos pareça ser a solução mais rápida para a distribuição do
hidrogênio de forma eficiente, alguns estudos sugerem que é improvável que os
mesmos sejam usados nos estágios iniciais de transição (WANG et al., 2022). Os
petroleiros líquidos são mais baratos, mas há um aumento considerável no custo
associada à liquefação (THOMAS; PARKS, 2006, p. 17). Neste contexto, a utilização
da amônia como um agente de transporte se torna relevante. A possível cadeia de
distribuição é apresentada na Figura 9, utilizando amônia no transporte com sua
dissociação e separação do hidrogênio no destino.

Figura 9 – Possível cadeia de distribuição de hidrogênio

Fonte: Produzido Pelo Autor


39

Al-Breiki e Bicer (2020) afirmaram que a amônia apresenta menos de 1% de


perda por vaporização durante o transporte, podendo ser transportada de forma
eficiente por longas distâncias. Song et al. (2022) reiteraram que a amônia tem o
potencial para ser considerada a transportadora de energia do futuro. Porém, Thomas
e Parks (2006, p. 21) já observavam que para a amônia desempenhar este papel
importante no transporte do H2 todas as questões de segurança devem ser
completamente observadas, principalmente no que tange a prevenção de pequenos
vazamentos devido aos perigos com a toxicidade.

2.3. Estudo de Viabilidade Econômica

Com o aumento da competitividade e alternativas de investimento as


companhias têm dedicado cada vez mais recursos no estudo de viabilidade de seus
projetos, todas as análises têm como objetivo quantificar a maximização do valor
investido e comparar a taxa de retorno com uma taxa mínima de atratividade. As
maneiras pelas quais as organizações escolhem seus projetos se resume,
basicamente, em torno de três questões:

i. Qual deve ser a estratégia de investimento? Esta questão diz respeito


ao termo Orçamento de Capital, que descreve o processo de realização
e gestão de investimento em ativos de longo prazo.
ii. Como serão levantados os recursos financeiros para os projetos
escolhidos? Esta questão diz respeito ao termo Estrutura de Capital, que
representa as proporções do financiamento com capital de terceiros e
capital próprio.
iii. Qual é o fluxo de caixa e os critérios de avaliação dos projetos? Esta
questão está associada ao Valor Presente Líquido (VPL) dos Fluxos de
Caixas do projeto e o retorno do capital investido.

Tão importante quanto as análises econômicas são as análises técnicas


realizadas para o projeto, que procuram mostrar se o empreendimento é tecnicamente
viável. Os resultados destes estudos fundamentam todas as decisões subsequentes
e são primordiais para um correto desenvolvimento e implantação do projeto. Estas
fases iniciais de planejamento e análises podem definir o sucesso ou fracasso das
fases posteriores.
40

2.3.1. Método de Avaliação do Investimento

As companhias aplicam seus recursos financeiros em grandes variedades de


projetos, é sabido que a finalidade de cada investimento é geralmente criar valor para
a empresa e seus acionistas. Segundo Ross et al. (2010, p. 282), as técnicas mais
comuns que fundamentam os critérios de investimento são: taxa interna de retorno
(TIR), o valor presente líquido (VPL), período de retorno do investimento (payback) e
o índice de lucratividade (IL). Estes métodos são empregados baseados em
informações oriundas dos fluxos de caixa da companhia, a seguir serão revisados
alguns destes conceitos.

2.3.1.1. Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa relaciona as transações financeiras dos períodos em que forem


efetuadas, este é o instrumento que permite total controle da gestão financeira da
empresa, no tocante as movimentações de capital, podendo ser representado por uma
matriz de fluxo de caixa (GITMAN, 2010, p. 95). Também são utilizados diagramas
que são basicamente uma representação dos fluxos de dinheiro ao longo do tempo.
Estes são elaborados para dar apoio as decisões, estudar as aplicações e servir de
base para os indicadores necessários de análise.

Um fluxo de caixa relevante em um projeto é aquele que provoca uma mudança


no fluxo geral de caixa da companhia que está vinculado a questão de se aceitar ou
não este projeto, neste contexto recebe o nome de fluxos de caixa incrementais a
diferença entre os fluxos de caixa futuros (que possuem a expectativa de ser obtidos
com o novo projeto) versus aqueles sem o projeto (ROSS; WESTERFIELD; JAFFE,
2011, p. 147). Portanto, o conceito de fluxo incremental é fundamental na análise e
comparação entre dois projetos.

2.3.1.2. Valor Presente Líquido (VPL)

O Valor Presente Líquido (VPL) é um dos conceitos mais importantes na


decisão de investimento em um projeto, pois correlaciona o valor da moeda entre o
presente e o futuro dado uma taxa de desconto (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2013,
p. 93). A fórmula do valor presente de um investimento é definia pela Equação (4):
41

𝑛
𝐶𝑛 𝑉𝑅 (4)
𝑉𝑃𝐿 = −𝐼 + ∑ +
(1 + 𝑟)𝑛 (1 + 𝑟)𝑛
1

na qual, C é o fluxo de caixa previsto, r é a taxa de desconto exigida(1), n é o número


de períodos, VR é o valor residual, I é o investimento inicial.

O capital equivalente a um real aplicado durante t anos a uma taxa de k%


equivale a (1+k)t ao final de t anos. Ou seja, 1/(1+k)t é o valor presente de um real a
ser recebido dentro de t anos. Assim o projeto será dito rentável se o total das entradas
de caixa trazidas ao presente, a uma taxa k, resultar em valor superior ao total das
saídas de caixa do projeto, também trazidas ao presente descontado pela mesma taxa
k.

Ross et al. (2010, p. 284) afirmaram que todo projeto de investimento que
apresentar um VPL positivo será considerado rentável, o que significa que o capital
investido será recuperado remunerando a uma taxa de juros que mede o custo de
capital do projeto. A decisão da viabilidade com base neste método é resumida da
seguinte forma:

 VPL > 0, projeto deve ser aceito;


 VPL < 0, projeto deve ser rejeitado;
 VPL = 0, é condição indiferente pode-se aceitar ou não o projeto

Este método de análise de projeto de investimento destaca-se dos demais,


basicamente, por três atributos:

 O VPL usa fluxos de caixa. Os fluxos de caixa de um projeto podem ser


utilizados para outras finalizadas da empresa (a saber, pagamento de
dividendos, outros projetos de investimento, ou pagamento de juros). Em
contraste, os lucros contábeis são uma figura artificial. Embora os lucros sejam

1
Para a avaliação de um projeto de investimento, a taxa de desconto exigida será a taxa
mínima de atratividade exigida pelo projeto, conhecida como a Taxa Mínima de Atratividade (TMA).
Esta taxa representa o custo de oportunidade do capital investido ou uma taxa definida pela companhia
em função de sua política de investimento.
42

úteis para os contadores, eles não devem ser usados na análise de


investimento porque não representam fluxos de caixa.
 O VLP usa todos os fluxos de caixa do projeto. Outros métodos ignoram fluxos
de caixa além de certa data, o que fragiliza o resultado da análise.
 O VPL desconta os fluxos de caixa corretamente. Outros métodos podem
ignorar o valor do dinheiro no tempo quando lidam com fluxos de caixa.

2.3.1.3. Payback ou Tempo de Retorno

O Payback ou prazo de retorno de um projeto é a extensão de tempo


necessária para que seus fluxos de caixa nominais cubram o investimento inicial
(GITMAN, 2010, p.366). Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2011, p. 127) este
método tem como principais desvantagens (i) não considerar o valor do dinheiro no
tempo, (ii) não considerar todos os capitais do fluxo de caixa e (iii) definir um limite
arbitrário de tempo na tomada de decisão.

Dada as suas limitações e não obstante a sua simplicidade é mais plausível


que a análise do payback de um investimento seja empregada de forma auxiliar na
tomada de decisões, utilizando-o como um parâmetro limitador (prazo máximo de
retorno) ou como critério para escolha entre projetos que tenham indicadores
financeiros semelhantes.

Vantagens:
 É um método de avaliação fácil de ser aplicado
 Apresenta um resultado de fácil interpretação
 É uma medida de risco do projeto (viesada)
 É uma medida de liquidez do projeto (viesada)
Desvantagens:
 Não considera o valor do dinheiro no tempo
 Não considera todos os capitais do fluxo de caixa
 Não é uma medida de rentabilidade do investimento
Método do Paybak Simples (PBS):
 Regra = PBS do projeto < PBS máximo => aceita-se o projeto
 PBS do projeto = PBS máximo => indiferente
 PBS do projeto > PBS máximo => rejeita-se o projeto
43

 Obs: recomendado como método inicial ou complementar.


Método do Paybak Descontado (PBD):
 Mede o prazo de recuperação do investimento remunerado
 PBS => ponto de equilíbrio contábil
 PBD => ponto de equilíbrio financeiro

2.3.1.4. Taxa Interna de Retorno (TIR)

A Taxa Interna de Retorno é aquela que anula o valor presente líquido do


projeto, é a taxa que torna o valor presente do fluxo de caixa igual ao investimento
inicial (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2013, p. 99). É a mínima taxa de retorno que
garante a recuperação da quantidade investida. Ross et al. (2010, p. 294) afirmaram
que todo projeto cuja taxa de retorno exceder à taxa mínima de rentabilidade (retorno
mínimo exigido), o investimento é aceitável. A TIR possui algumas limitações quando
é analisado projetos independentes e mutuamente excludentes(2), conforme segue
abaixo:

a) Mais de uma taxa de retorno:

Suponhamos que o fluxo de caixa de um projeto tenha o resultado apresentado


na Figura 10.

Figura 10 – Exemplo de fluxo de caixa

Fonte: Produzido Pelo Autor

2
Projetos independentes são aqueles cuja aceitação ou rejeição não depende da aceitação ou
rejeição de outros projetos. O outro extremo são os projetos mutuamente excludentes, o que significa
dizer que dois projetos, A e B, não podem ser aceitos ou rejeitados simultaneamente; pois a aceitação
de um automaticamente significa a rejeição do outro.
44

Observa-se pela Figura 10 a alternância de sinal do VPL, isso significa que este
projeto não tem apenas uma TIR. Neste caso não faz sentido analisar a aceitação do
projeto exclusivamente pelo método da TIR, pois não representa o embasamento
necessário para a tomada de decisão. Uma séria de fluxos de caixas com “n”
mudanças de sinais poderá ter até “n” taxas internas de retorno.

b) Problema de escala:

Suponhamos dois projetos com os fluxos de caixa apresentado na Tabela 5.

Tabela 5 – Problema de Escala

Investimento Fluxo Final VPL TIR


Projeto 1 -$1,00 $1,50 $0,50 50%
Projeto 2 -$10,00 $11,00 $1,00 10%
Incremental (2-1) -$9,00 $9,50 $0,5 5%
Fonte: Produzido Pelo Autor

A regra básica da TIR nos mostra que se deve escolher o projeto 1, porém o
problema neste caso está em ignorar as diferenças de escala. Embora o projeto 1
tenha maior TIR, o investimento total é menor. Em outras palavras, a rentabilidade
percentual esperada para o projeto 1 é compensada pela capacidade de se obter uma
rentabilidade menor sobre um investimento maior como no projeto 2.

Em síntese, a comparação da TIR entre dois projetos separadamente não


representa um indicador da melhor opção de investimento. A seleção do melhor
projeto pode ser tratada de forma mais consistente através de três maneiras distintas:
a) Comparar o VPL das duas opções. b) Comparar o VPL incremental. c) Comparar a
TIR incremental.

2.3.1.5. Índice de Rentabilidade (IR)

O índice de rentabilidade também é um método muito usado para avaliação de


projetos, este é o quociente entre o valor presente dos fluxos de caixa futuro esperado,
posteriores ao investimento inicial, e o montante do investimento inicial (ROSS et al.,
2010, p. 304).

O IR pode ser assim representado, conforme Equação (5):


45

𝑉𝑃𝐿
𝐼𝑅 = (5)
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
na qual, VPL é o valor presente líquido. Os seguintes critérios devem ser aplicados:
 Aceitar se IR > 1
 Rejeitar se IR < 1

Em caso de projetos com racionamento de capital para investimento inicial,


quando a empresa não dispõe de recursos financeiros para financiar todos os projetos
com VPL positivo, a análise pelo método do IR é fundamental. A decisão nestes casos
se dará ordenando os projetos conforme o quociente do VPL pelo investimento inicial
que é o conceito básico do IR.

2.4. Seleção de uma Equação Termodinâmica Apropriada

A análise das propriedades termodinâmicas exerce um papel fundamental na


concepção de projetos que contêm processos químicos e equilíbrio de fases, como
produtos químicos, bioquímicos, petróleo, gás e alguns outros campos (SEADER;
HENLEY; ROPER, 2011, p. 35). Durante tais processos, essencialmente, ocorre a
transferência de energia de um sistema para outro de acordo com as condições de
pressão, temperatura e volume definidos (BORGNAKKE; SONNTAG, 2013).
Nenhuma equação de estado será adequada para todos os processos (MATSOUKAS,
2012, p. 63), então ao eleger uma equação termodinâmica será necessário que ela
reflita o mais próximo possível os resultados experimentais para aquela aplicação
(KORETSKY, 2013, p. 210). O uso de uma equação apropriada é importante, pois
mais de 40% dos custos em muitos processos estão relacionados ao desempenho
das unidades de separação (KONTOGEORGIS; FOLAS, 2010, p. 3).

As indústrias de petróleo e química têm sido, há muitos anos, os usuários


tradicionais de dados termodinâmicos, embora os setores polímero, farmacêutico e
outros industriais estejam hoje fazendo uso de ferramentas termodinâmicas
(KONTOGEORGIS; FOLAS, 2010). Koretsky (2013, p. 2) apontou que certas
propriedades da matéria podem ser determinar a partir de outras propriedades e que
também é possível prever (através das equações) as mudanças físicas e as reações
químicas pelas quais as espécies passam. Borgnakke e Sonntag (2013, p. 557)
corroboraram ao dizer que apenas quatro variáveis podem ser medidas (pressão
46

temperatura, volume e massa) e as demais são calculadas a partir de dados


experimentais. Seader, Henley e Roper (2011, p. 35) complementaram que os dados
experimentais de propriedades termodinâmicas podem ser usados (quando
disponíveis) para projetar e analisar a operação de equipamento, mas que também
podem ser estimadas com boa precisão a partir das equações de estado adequadas.

Atualmente, os simuladores comerciais possuem uma ampla disponibilidade de


modelos termodinâmicos que podem ser selecionados, de acordo com a necessidade
(KONTOGEORGIS; FOLAS, 2010, p. 3). As equações termodinâmicas mais usadas
podem ser divididas em dois grandes grupos. Sua aplicabilidade depende da natureza
dos componentes na mistura e da confiabilidade das constantes da equação. São
eles:
i. Modelos de equação de estado P-V-T;
 Lei do Gás-Ideal
 Equações Generalizadas
 Redlich–Kwong (R–K)
 Soave–Redlich–Kwong (S–R–K)
 Peng–Robinson (P–R)
ii. Modelos de coeficiente de atividade ou energia de Gibbs em excesso.
 Margules
 Van Laar
 Wilson
 NRTL
 NRTL com Eletrólito ou ENRTL
 UNIQUAC

Matsoukas (2012, p. 21) ressaltou que dentre os nomes que contribuíram para
o desenvolvimento da análise termodinâmica se destaca a contribuição feita por J.
Willard Gibbs, que revolucionou a disciplina ao definir o conceito da Energia de Gibbs
que correlacionar as propriedades macroscopias com as microscopias. Seader,
Henley e Roper (2011, p. 52) indicaram que a estimativa das propriedades baseadas
em modelos de energia de Gibbs para prever coeficientes de atividade de fase líquida,
e outras funções em excesso, como volume e entalpia, são parâmetros importantes a
serem analisados.
47

Koretsky (2013, p. 210) apontou que na prática há muitas equações


termodinâmicas disponíveis na literatura e que validar cada uma delas seria inviável.
Kontogeorgis e Folas (2010, p. 4) corroboraram com essa afirmação ao indicar uma
árvore de decisão para seleção do modelo mais apropriado, baseado nos
componentes e pressão envolvidos. O diagrama com os critérios para seleção do
melhor modelo termodinâmico é apresentado na Figura 11.

Figura 11 – Modelos Termodinâmicos mais usados

Fonte: KONTOGEORGIS; FOLAS (2010, p. 4)

Observa-se a partir da Figura 11 que os compostos polares que utilizam


eletrólito como solução, são direcionados para a utilização do modelo ENRTL ou
Pitzer. Essa condição corresponde com a simulação a ser desenvolvida sobre a
eletrólise da água para produção de hidrogênio, considerando o hidróxido de potássio
(KOH) como eletrólito.

Seader, Henley e Roper (2011, p. 63) também indicaram um procedimento a


ser seguido para seleção adequada de um modelo termodinâmico. Essa metodologia,
detalhada a seguir, é proposta como uma avaliação preliminar de misturas que podem
48

conter gases leves, hidrocarbonetos, compostos orgânicos polares, soluções aquosas


com ou sem eletrólitos.

i. Se a mistura for em solução aquosa sem compostos orgânicos polares e se


os eletrólitos estiverem presentes, selecione a equação NRTL modificada.
Caso contrário, selecione um modelo especial, como um para água (contendo
NH3, H2S, CO2, etc.) ou soluções aquosas de amina.
ii. Se a mistura contiver hidrocarbonetos, com ou sem gases leves, para uma
ampla faixa de ebulição, escolha o método de estados correspondentes de
Lee-Kesler-Plocker. Se a faixa de ebulição do hidrocarboneto não for larga, a
seleção depende da pressão e temperatura. A equação de Peng-Robinson é
adequada para todas as temperaturas e pressões. Para todas as pressões e
temperaturas não criogênicas, a equação Soave-Redlich-Kwong é aplicável.
Para todas as temperaturas, mas não pressões na região crítica, o método
Benedict-Webb-Rubin-Starling é viável.
iii. Se a mistura contiver compostos orgânicos polares, a seleção depende se
gases livres estiverem presentes. Caso positivo, recomenda-se o método
PSRK. Caso negativo, deve ser escolhido um método de coeficiente de
atividade de fase líquida. Se os coeficientes de interação binária não
estiverem disponíveis, selecione o método UNIFAC, que deve ser
considerado apenas como uma primeira aproximação. Se os coeficientes de
interação binária estiverem disponíveis e a divisão em duas fases líquidas
não ocorrer, selecione a equação Wilson ou NRTL. Caso contrário, se a
divisão de fase for provável, selecione a equação NRTL ou UNIQUAC.
iv. Quando uma mistura contém compostos polares e gases supercríticos,
nenhum dos métodos se aplica. Para descrever o equilíbrio vapor-líquido para
tais misturas, foram desenvolvidas regras de mistura mais teoricamente
baseadas para uso com as equações de estado S-R-K e P-R (SEADER;
HENLEY; ROPER, 2011, p. 63).

Observa-se que a utilização da equação ENRTL melhor se adequa a simulação


da eletrólise alcalina da água na presenta de KOH. Portanto, para efeitos de análise
nesta pesquisa, o modelo ENRTL será aplicado para simulações com pressão até 10
bar-g. Para pressões acima de 10 bar-g, o modelo Peng-Robinson será aplicado.

2.4.1. Fundamentos Termodinâmicos da Eletrólise Alcalina

A tecnologia de eletrólise pode ser dividida em três grupos (alcalina, troca de


próton e célula de óxido de sódio), porém a eletrólise alcalina apresenta maior nível
49

de maturidade técnica (GODULA-JOPEK, 2015, p. 147 apud JANG et al., 2022).


Segundo Flynn (2009, p. 292), as temperaturas e pressões operacionais típicas para
eletrólise alcalina são inferiores à 90 ºC e 30 bar, respectivamente. Estas condições
foram ratificadas em anos subsequentes por Stolten e Emonts (2016, p. 27), Silveira
(2017, p. 37), Sapountzi et al. (2017), Boudellal (2018, p. 73), Chi e Yu (2018), Buttler
e Spliethoff (2018), David, Ocampo-Martínez e Sánchez-Peña (2019).

Dentre os modelos empíricos desenvolvidos para modelagem da eletrólise


alcalina, o mais conhecido foi apresentado por Ulleberg (2003) que envolve a
aplicação de diversos parâmetros (com validação experimental) e considera o impacto
da temperatura na eficiência do sistema (OLIVIER; BOURASSEAU; BOUAMAMA,
2017). Este modelo, mais recentemente, foi utilizado por Sanchez et al. (2020) para
simulação através de um software comercial onde realizou novas comparações com
dados experimentais. Ulleberg (2003) afirmou que as seguintes suposições podem
ser feitas sobre a reação de eletrólise da água:

(a) o hidrogênio e oxigênio são gases ideais;

(b) a água é um fluido incompressível;

(c) as fases gasosa e líquida são separadas.

Como resultado da segunda lei da termodinâmica, quando ΔG for negativo a


reação ocorre direta e espontaneamente, quando ΔG for positivo a reação será não
espontânea e quando ΔG for igual a zero estará em equilíbrio (SANDLER, 2017, p.
934). Jang, Cho e Kang (2021) ratificaram que a reação de eletrólise não é espontânea
e necessita de energia externa para acontecer, pois a variação da Energia de Gibbs
será positiva na maioria das condições de processo (JANG; CHO; KANG, 2021).
Boudellal (2018, p. 65) observou que, para a reação supra, apenas a energia deve ser
fornecida aos eletrodos em forma de eletricidade, sendo o restante da reação
representada pela energia térmica em função da temperatura e da variação de
entropia (ΔS). Godula-Jopek (2015, p. 34) destacou que a eletrólise da água ΔG será
negativa em altas temperaturas (>2226 ºC), mas pouco ou nenhum material pode
sustentar tais condições. Jang et al. (2021) analisaram o sistema para temperaturas
até 80ºC e observaram que, mesmo nessa faixa, uma temperatura mais elevada
50

facilita a dissociação da água ao diminuir a voltagem necessária para a eletrólise,


assim como contribui para uma melhor eficiência do sistema.

Em condições padrão de temperatura e pressão (Tº = 298 K, Pº = 1 bar), a água


é líquida e H2 e O2 são gasosas. Godula-Jopek (2015, p. 169) sintetizou as mudanças
nas funções de estado com a variação da temperatura durante a eletrólise alcalina,
conforme apresentado na Figura 12.

Figura 12 – Eletrolise à pressão de 1 bar

Fonte: GODULA-JOPEK (2015, p. 169)

Observa-se a partir da Figura 12 que a variação da entalpia (ΔH) é ligeiramente


positiva sobre toda a faixa de temperatura (de 0 à 1000 ºC). O calor requerido pelo
sistema (T.ΔS) aumenta com a temperatura. A variação na energia de Gibbs (ΔG) é
positiva durante toda a faixa (de 0 à 1000 ºC), mas diminui com o aumento da
temperatura.

Godula-Jopek (2015, p. 36) declarou que, do ponto de vista energético, a


quantidade de eletricidade (nFE) necessária em equilíbrio para dividir 1 mol de água
51

é igual a variação da energia de Gibbs (ΔGd) da reação de dissociação da água dado


pela Equação (6):

ΔG𝑑 − nFE = 0 (6)

na qual, ΔGd (em J.mol-1) é a energia de Gibbs (sendo > 0), n é o número de elétrons

trocados durante a divisão eletroquímica de uma molécula de água (n=2), F é a


constante de Faraday que é a carga elétrica de 1 mol de elétrons (F ≈ 96.485 C mol−1),
E (em volts) é a tensão mínima de eletrólise associada à reação.

Stolten e Emonts (2016, p. 285) acrescentaram que essa equação correlaciona


a energia de Gibbs com a tensão do eletrolisador.

A tensão de eletrólise pode então ser definida pela Equação (7).

𝛥𝐺 (𝑇, 𝑃)
𝐸(𝑇, 𝑃) = (7)
𝑛𝐹

A entalpia ou tensão V (em volts) é definida pela Equação (8).

𝛥𝐻 (𝑇, 𝑃)
𝑉(𝑇, 𝑃) = (8)
𝑛𝐹

Em condições padrão de temperatura e pressão (T = 298,15 K e P = 1 bar), os

valores das propriedades termodinâmicas são: ΔGº = 237,22 kJ/mol e ΔHº = 285,84

kJ/mol. Substituindo os valores conforme Equações (9) e (10), obtêm-se os valores

de Eº = 1,23V e Vº = 1,48V respectivamente (STOLTEN; EMONTS, 2016, p. 285).

∆G𝑑 °(𝐻2 𝑂)
∆G𝑑 °(𝐻2 𝑂) = +237.22 𝑘𝐽 𝑚𝑜𝑙−1 => 𝐸° = = 1.23 𝑉 (9)
2𝐹
∆H𝑑 °(𝐻2 𝑂)
∆H𝑑 °(𝐻2 𝑂) = +285.840 𝑘𝐽 𝑚𝑜𝑙−1 => 𝑉° = = 1.48 𝑉 (10)
2𝐹

Na Figura 13 é apresentada a relação entre a tensão de operação em uma

célula eletrolítica com a densidade de corrente (A/cm2). Como a tensão mínima de


52

eletrólise (reversível) é 1,23 V, acima deste valor a corrente começa a fluir através da
célula. Uma energia elétrica adicional pode ser considerada para superar algumas
resistências internas e a dissipação da eletricidade como calor para os arredores.

Figura 13 – Curva de polarização da eletrólise da água

Fonte: GODULA-JOPEK (2015, p. 34)

Observa-se na Figura 13 que à medida que a densidade de corrente aumenta,

a forma da curva de polarização torna-se linear. Abaixo da tensão de equilíbrio não é

possível a ocorrência de eletrólise. Stolten e Emonts (2016, p. 287) acrescentaram

que, dado uma temperatura, a eletrólise será endotérmica entre a tensão de equilíbrio

e a tensão termoneutra, mas acima da tensão termoneutra a reação será exotérmica.

(STOLTEN; EMONTS, 2016, p. 287).

Godula-Jopek (2015, p. 58) destacou que do ponto de vista termodinâmico a

temperatura e a pressão desempenham um papel oposto na eletrólise, pois a tensão

da célula diminui em aproximadamente −0,8 mV para cada 1ºC e aumenta em cerca

de +0,3 mV para cada 1 bar.

Figura 14 – Efeito da pressão na eletrólise


53

Fonte: GODULA-JOPEK (2015, p. 58)

Pode-se observar na Figura 14 que a tensão requerida pela célula eletrolítica

aumenta ligeiramente com o aumento na pressão (de 1 para 50 bar), mostrando que

seu impacto é limitado. Essa condição também foi observada por Jang, Cho e Kang

(2021), onde também acrescentaram que um aumento na pressão resulta no aumento


da pureza do H2 embora a eficiência do processo seja reduzida. Groot, Kraakman e
Barros (2022) também observaram que o aumento na pressão traz impactos negativos
pois aumenta a passagem do hidrogênio pela membrana de separação no
eletrolisador, trazendo mais riscos à operação.

Como definido por Boudellal (2018, p. 65), a demanda total de energia para a
produção de hidrogênio é dada pela entalpia da reação: ΔH = ΔG + T.ΔS. A variação
de entalpia (ΔH) inicia a reação de eletrólise à temperatura e pressão constantes. A
energia de Gibbs (ΔG) é a energia elétrica, a parte restante é energia térmica (Q) que
é igual à multiplicação da temperatura do processo (T) e a variação de entropia. A
energia de Gibbs pode ser reescrita conforme a Equação (11):
∆𝐺
𝑉𝑟𝑒𝑣 = (11)
𝑛𝐹

na qual, n é o número de elétrons para produzir um mol de hidrogênio (n = 2), F é a


constante de Faraday que mostra a carga elétrica por mol de elétrons (F ≈ 96.485 C
mol−1). O parâmetro Vrev (em volts) é a tensão reversível mínima necessária para
54

iniciar a operação do eletrolisador. Em condições padrão de pressão e temperatura


(298,15 K e 1 atm), ΔG0=237,1 kj/mol e a tensão reversível mínima será Vrev = 1,229V.

Ulleberg (2003) afirmou que a partir dos valores da tensão mínima é possível
calcular então a tensão de eletrólise, conforme a Equação (12):

𝑡 𝑡
𝑡1 + 2 + 32 𝑟1 + 𝑟2 . 𝑇
𝑉𝑐𝑒𝑙𝑙 = 𝑉𝑟𝑒𝑣 + 𝑠. log ( 𝑇 𝑇 . 𝑖 + 1) + .𝑖 (12)
𝐴 𝐴

na qual, s é o coeficiente de voltagem, T é a temperatura, A é a área das placas, i é a


densidade de corrente, os demais fatores são coeficientes de polarização (t1, t2 t3, r1
e r2). De acordo com a lei de Faraday, a taxa de produção de hidrogênio é afetada
pela taxa de transferência de elétrons entre os eletrodos que são relacionados com a
corrente elétrica. A taxas de conversão de hidrogênio é expressa pela Equação (13):

𝑊𝑠𝑡𝑎𝑐𝑘 (13)
𝐻2𝐶𝑜𝑛𝑣 =
𝑉𝑐𝑒𝑙𝑙 . 𝑧. 𝐹

na qual, Wstack é a tensão de eletrólise, Vcell é a tensão reversível, z é a quantidade de


elétrons transferidos (z=2) e F é o coeficiente de Faraday (F ≈ 96.485 C mol−1).

A produção de oxigênio (O2-PROD) e a taxa de conversão de água são


determinados de acordo com as Equações de (14a) até (14d).

𝑛𝐻2,𝑐𝑎𝑡 = 𝑛𝐻2,𝑝𝑟𝑜𝑑 (14a)


𝑛𝐻2,𝑎𝑛 = 𝑛𝐻𝑇𝑂 (14b)
1
𝑛𝑂2,𝑎𝑛 = 𝑛𝑂2,𝑝𝑟𝑜𝑑 = 𝑛 (14c)
2 𝐻2,𝑝𝑟𝑜𝑑
𝐻2𝑂𝑐𝑜𝑛𝑣 . 𝑀𝑀𝐻2𝑂
𝑛(𝐻2𝑂)𝑐𝑜𝑛𝑣 = (14d)
𝑄𝐾𝑂𝐻 . %𝐶𝑜𝑛𝐻2𝑂

na qual, nH2,cat é a taxa de produção de hidrogênio no catodo, nH2,prod é a taxa de


produção total de hidrogênio, nH2,an é a taxa de produção de hidrogênio no anodo, nHTO
é a taxa de difusividade do hidrogênio pela membrana, nO2,an é a taxa de produção de
oxigênio no anodo, nO2,prod é a taxa de produção total de oxigênio, n(H2O)conv é taxa de
55

conversão da água, H2Oconv é o consumo de água, MMH2O é o peso molecular da


água, QKOH é a vazão de entrada, %ConH2O é a concentração de água.

Pelo modelo de Ulleberg (2003), de forma semelhante à curva de polarização,


a difusividade do hidrogênio pela membrana também pode ser modelada por uma
expressão empírica para uma determinada temperatura usando 4 parâmetros para
este fim, conforme a Equação (15):

𝐶7 + 𝐶8 . 𝑇 + 𝐶9 . 𝑇 2
HTO = [ 𝐶1 + 𝐶2 . 𝑇 + 𝐶3 . 𝑇 2 + (𝐶4 + 𝐶5 . 𝑇 + 𝐶6 . 𝑇). exp ( )]
𝑑𝑖
(15)
2
𝐸7 + 𝐸8 . 𝑝 + 𝐸9 . 𝑝
+ [𝐸1 + 𝐸2 . 𝑝 + 𝐸3 . 𝑝2 + (𝐸4 + 𝐸5 . 𝑝 + 𝐸6 . 𝑝2 ). 𝑒𝑥𝑝 ( )]
𝑑𝑖

na qual, T é a temperatura, di é a densidade de corrente, p é a pressão, os demais


parâmetros são coeficientes de pureza do gás (C1 à C8 e E1 à E9).

W(stack) é a tensão requerida para operação do eletrolisador e determinada de


acordo com a Equação (16):

𝑊𝑠𝑡𝑎𝑐𝑘 = 𝑉𝑐𝑒𝑙𝑙 . 𝑁. 𝑖 (16)

na qual, Wstack é a tensão de eletrólise, Vcell é a tensão reversível, N é o número de


placas e i é a corrente.

2.5. Energia Eólica para a Eletrólise Alcalina

A combinação da energia eólica com o sistema de eletrólise para geração de


hidrogênio vem sendo objetivo de estudo há alguns anos, a eficiência deste conjunto
foi comprovada por Acar e Dincer (2014). Sua viabilidade econômica e projeções para
os anos futuros foi comprovada por Dinh et al. (2021). A maior capacidade de geração
de energia neste sistema ocorre quando a turbina está voltada para a região
predominante do vento, para os casos em que os ventos atacam as turbinas na
diagonal ocorre maior perda de energia (GROENEMANS et al., 2022). Tanto a direção
predominante quanto a velocidade média dos ventos são fatores importantes no
estudo de projetos eólicos, as principais ocorrências de vento na região nordeste do
Brasil são apresentadas na Figura 15.

Figura 15 – Gráfico da intensidade média dos ventos


56

Fonte: MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA (2018)

Observa-se pela Figura 15 que a velocidade média predominante está na


região de 5 à 10 m/s. Para efeito de cálculo nos tópicos subsequentes, foi considerado
uma velocidade média de 7,4 m/s.

A potência mecânica extraída dos ventos pelo aerogerador depende de vários


fatores, a Equação (17) detalha o modelo geralmente apresentado nas literaturas
(LETCHER, 2017, p. 21):

1
𝑃𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙 (𝑤𝑎𝑡𝑡𝑠) = 𝜌𝐴V 3 ∗ Cp (17)
2

na qual, P é a potência mecânica (w), A é a área de varredura (m2), ρ é a densidade


do ar [kg/m3], V é a velocidade do vento (m/s) e Cp é o Coeficiente de Força (Lei de
Betz).

Os aerogeradores são responsáveis por converter a energia cinética dos ventos


em energia mecânica (torque) através da rotação de suas pás (MANWELL;
MCGOWAN; ROGERS, 2009, p. 2). A medida do quanto uma turbina é eficiente pode
ser obtida de modo simples, basta dividir a energia elétrica da saída pela energia dos
ventos na entrada (PINTO, 2013, p. 93). O índice resultante é denominado Coeficiente
57

de Potência (Cp), que mostra o quanto, efetivamente, uma turbina converte da energia
dos ventos em eletricidade.

O alemão Albert Betz conclui em 1919 que nenhum aerogerador pode converter
mais que 16/27 (59,3%) da energia cinética dos ventos em energia mecânica através
de um rotor, esta teoria é conhecida como Lei de Betz (LETCHER, 2017, p. 22).
Portanto o coeficiente de força (Cp) máximo de qualquer aerogerador é adotado como
0,59. É sabido que nenhuma turbina pode operar em sua eficiência máxima devido a
limitação de seus componentes mecânicos, logo é comumente adotados valores para
o coeficiente de potência entre 0,40-0,50 para os cálculos da energia gerada pelo
sistema (PINTO, 2013, p. 100).

A variação do coeficiente de potência com o ângulo de entrada dos ventos é


apresentada na Figura 16.

Figura 16 – Rendimento dos aerogeradores

Fonte: DAI et al. (2016)

Observa-se na Figura 16 que quanto maior o ângulo de entrada dos ventos,


menor a eficiência das turbinas. Isso significa que a potência máxima de geração
ocorre quando o vento ataca o aerogerador diretamente na sua parte frontal. Dai et al.
(2016) conclui através de métodos estatísticos que o coeficiente de 0,397 é mais
realista para sistemas até 2 MW.
58

Estudos na área mostram que o número de pás do aerogerador tem influência


direta na performance do sistema (SUN et al., 2022). Essa condição é confirmada
também pela literatura através da Figura 17, que associa a influência do número de
pás ao coeficiente de potência (um dos principais fatores que influencia na
performance).

Figura 17 – Influência do número de pás sobre o coeficiente de potência

Fonte: PINTO (2013, p. 100)

Nota-se a partir da Figura 17 que um incremento no número de pás influencia


positivamente no coeficiente de potência. Isso significa que quanto mais pás a turbina
tenha, menos o rotor precisa girar para extrair a mesma energia dos ventos. Como
aspecto negativo Zhang et al. (2022) afirmaram sobre o impacto aerodinâmico
causado pelo aumento do vórtex, exigindo um maior espaçamento entre os
aerogeradores e aumentando o espaço físico requerido para o parque eólico.

2.5.1. Configuração de um Parque Eólico

A absorção de energia cinética reduz a velocidade do vento à jusante do


aerogerador, as forças de sustentação aerodinâmica nas pás do rotor geram uma
esteira helicoidal de vórtices a qual também gradualmente dissipa-se (PORTÉ-AGEL;
BASTANKHAH; SHAMSODDIN, 2019). Quando as turbinas não estão separadas
adequadamente, os vórtices gerados após o acionamento das pás causam turbulência
nas turbinas posteriores interferindo em seu funcionamento e resultando em perdas
de desempenho (MANWELL; MCGOWAN; ROGERS, 2009, p. 97). Alguns modelos
59

já foram propostos para prever o efeito da esteira aerodinâmica no desempenho dos


sistemas eólicos, Cao et al. (2022) analisaram vários destes modelos e concluíram
que é possível otimizar o desempenho do sistema ao considerar uma melhor
disposição entre os aerogeradores. Li et al. (2022) corroboraram ao afirmar que o nível
de turbulência reduz ao aumentar o espaçamento entre os aerogeradores, como
também afirma que o modelo baseado na distribuição Gaussiana é o que melhor
descreve o comportamento do efeito esteira. O espaçamento proposto por Letcher
(2017) para evitar tais efeitos pode ser observado na Figura 18.

Figura 18 – Esteira aerodinâmica e afastamento entre as turbinas

Fonte: LETCHER (2017, p. 240)

Pode-se observar a partir da Figura 18 que uma distância considerada segura


para a instalação de novas turbinas é na ordem de 6 vezes o diâmetro de varredura
do aerogerador (se instalada a jusante) e 4 vezes o diâmetro se instalada ao lado, em
relação ao vento predominante. Após essa distância o escoamento praticamente
recupera as condições de velocidade originais, minimizando as interferências entre as
turbinas.

Outro ponto a ser observado sobre a turbulência em parques eólicos está na


fadiga causada nos equipamentos. Letcher (2017, p. 181) afirmou que um dos
grandes desafios para uma turbina é que as condições são instáveis, principalmente
devido a variações atmosférica. Liao et al. (2022) propuseram que uma análise de
confiabilidade fosse realizada para avaliar a possibilidade de falhas dos
equipamentos. Jiang et al. (2017) realizaram uma revisão sobre os fundamentos da
análise de confiabilidade estrutural e apresenta o procedimento geral de análise para
turbinas eólicas.
60

O arranjo de um aerogerador pode variar de acordo com o projeto, mas os


principais componentes estão destacados na Figura 19. Os sistemas isolados de
pequeno porte, em geral, utilizam alguma forma de armazenamento de energia. Este
armazenamento pode ser feito através de baterias, com o objetivo de utilizar aparelhos
elétricos.

Figura 19 – Componentes de um Sistema Eólico

Fonte: LETCHER (2017, p. 155)

Pode-se observar a partir da Figura 19 que um dos componentes do sistema é


o controlador de carga, que tem como principal objetivo evitar danos à bateria por
sobrecarga ou descarga profunda. Pinto (2013, p. 168) ratificou que para alimentação
de equipamentos que operam com corrente alternada (CA) é necessário adicionar um
conversor de potência no sistema, que incorpora o controle da potência máxima a ser
produzida.

Grande parte dos aerogeradores modernos tem suas hélices fabricadas com
plásticos reforçados (poliéster ou epóxi) e fibra de vidro. Fibra de carbono, aço,
alumínio, madeira e madeira-epóxi são outros materiais usados em menor escala
(LETCHER, 2017, p. 141). Atrás da hélice há a nacela com vários equipamentos que
controlam as pás e analisam as condições do vento, que conta também com uma
caixa de engrenagens que controla a velocidade de rotação para um gerador (PINTO,
2013, p. 158). Tudo isso fica sobre uma torre que deixa a turbina na altura considerada
ideal de acordo com as condições do local, que podem ser construídas em aço, treliça
ou concreto (MANWELL; MCGOWAN; ROGERS, 2009, p. 6).
61

O diagrama de um parque eólico conectado a uma planta de eletrólise,


fornecendo energia elétrica necessária para a produção de hidrogênio, é apresentado
na Figura 20.

Figura 20 – Diagrama de uma planta de eletrólise com sistema eólico

Fonte: Produzido pelo Autor

Observa-se na Figura 20 que junto às turbinas são montados equipamentos


que captam toda a energia elétrica gerada no parque eólico para repassá-la para a
planta de eletrólise, nesse estágio são feitos controle e modulações de força de forma
a deixar a corrente e as voltagens adequadas aos padrões. A planta de tratamento de
água faz a filtragem e tratamento inicial para evitar que resíduos e impurezas passem
para a o eletrolisador. O hidrogênio proveniente da planta de eletrólise passa para o
sistema de compressão e é posteriormente armazenado.

2.6. Investimentos Necessários

Para análise do investimento e retorno, será necessário considerar algumas


premissas:

 Os custos disponibilizados pelos órgãos governamentais, fabricantes e artigos


técnicos sobre o assunto estão informados em moeda estrangeira (USD),
portanto será necessário utilizar uma taxa de conversão de R$ 5,13 para
análise dos valores em moeda local (BRL);
62

Os investimentos em projetos de grande escala são tipicamente divididos em


dois grupos, conforme a Figura 21.

Figura 21 – Matriz de custos de um projeto

Equipamentos

Sistema de
Eletrólise
CAPEX
(Capital Expenditure)
Infra-estrutura
elétrica (Eólica)
Custos do
Projeto Montagem e
Instalação

OPEX
Operação e
(Operational Manutenção
Expenditure)
Fonte: Produzido pelo autor

O CAPEX é a sigla da expressão inglesa Capital Expenditure (despesas de


capital ou investimento em bens de capital) representa basicamente o montante de
investimentos realizados em equipamentos e instalações. Por oposição, o (OPEX) –
Operational Expenditure - refere-se ao custo associado à manutenção dos
equipamentos e aos gastos de consumíveis e outras despesas operacionais,
necessários à produção e à manutenção em funcionamento do sistema. Custos como
fundação, infraestrutura elétrica e outros representam uma menor parcela na
composição de custos do projeto, os custos de operação e manutenção (O&M)
tipicamente contemplam intervenções programadas e substituição de componentes.
Tais custos usualmente variam com o passar dos anos, para efeito de análise foi
considerado neste trabalho um valor constante para todo o projeto. Os gastos
financeiros associados aos projetos eólicos variam para cada país o influencia no
custo do projeto e os retornos esperados.

2.6.1. Equipamentos Secundários

O investimento em equipamentos varia de acordo com o tamanho da planta,


conforme apresentado na Tabela 6. Para efeito de análise neste trabalho, será
63

considerado uma planta de 1000kW que será capaz de atender uma demanda de
energia para 96 sistemas eletrólise. Os cálculos que justificam essa escolha estão
detalhados no capítulo 4.2.

Tabela 6 – Custo dos equipamentos secundários


Equipamentos Tamanho da Planta (kW)
Secundários 50 100 200 500 1000 2000 5000 10000
(k-BRL)
Sistema de 119,5 143,1 228,8 680,2 1018,8 1724,2 3769,5 7210,2
Energia
Deionizador de 135,4 158,5 250,3 292,9 446,8 767,4 1411,3 2622,5
água
Processador 124,1 144,7 186,7 293,9 430,4 735,6 1371,8 2452,7
de gás
Resfriamento 88,2 89,8 89,8 109,8 147,2 197,0 304,7 415,5
Miscelâneas 30,8 30,8 30,8 30,8 30,8 30,8 30,8 30,8
Custo Total 622,3 711,5 972,6 1701,6 2504,0 4190,7 8259,8 15183,8
(k-BRL)
Custo unitário
12,3 7,2 4,6 3,6 2,6 2,1 1,5 1,5
(BRL/kW)
Fonte: MANZOTTI et al. (2022)

Observa-se na Tabela 6 a relação de equipamentos secundários considerados


na avaliação do projeto. O custo total estimado para uma planta de 1000 kW será de
R$ 2.504.000,00. Este será o valor considerado nas avaliações de investimentos
realizadas no Capítulo 4.3, assim como nas decisões de aceitação ou rejeição do
projeto.

2.6.2. Sistema de Eletrólise

O investimento no sistema de eletrólise também varia de acordo com o


tamanho da planta, os valores estão apresentados na Tabela 7. Para efeito de análise
neste trabalho, será considerado uma planta de 1000kW, num cenário inicial. Os
cálculos que justificam a escolha sobre o tamanho da planta estão detalhados no
Capítulo 3.

Tabela 7 – Custo do sistema de eletrólise


Custo Total
Sistema de Eletrólise Custo Unitário
(Planta de 1000 kW)
Eletrolisador R$ 7.695,00 / kW R$ 7,69 M
Compressor R$ 2.052,00 / kW R$ 2,05 M
Tanque de Armazenagem R$ 2.565,00 / kW R$ 2,56 M
64

Total R$ 12.312,00 / kW R$ 12,31 M


Fonte: RAHIMI et al. (2014)

Observa-se na Tabela 7 que o custo total estimado para construção do sistema


de eletrólise será de aproximadamente R$ 12 milhões. Este valor já contempla a
aquisição e instalação dos principais componentes, como eletrolisador, compressor e
tanque de armazenagem. Este será o valor considerado nas avaliações de
investimentos realizadas no Capítulo 4.3, assim como nas decisões de aceitação ou
rejeição do projeto.

2.6.3. Custo da Energia

Os custos aqui analisados estão baseados num estudo de caso realizado pelo
instituto Canadense em Energia Limpa, conforme a Tabela 8.

Tabela 8 – Custos do sistema de energia eólica


Taxa de Energia
Valor Valor Total
Custos do Sistema Câmbio Requerida
(€/kW) (R$)
(R$/€) (kW)
Parque Eólico Onshore €1.040,00 R$ 6,00 1020 6.364.800,00
Total - - 6.364.800,00
Fonte: JANSSEN et al. (2022)

Observa-se na Tabela 8 que foi considerado o custo para uma planta com
requisito energético de 1020 kW, os motivos que justificam essa escolha estão
detalhados no Capítulo 4.2.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia utilizada teve por base o levantamento de informações e dados


através de amplas pesquisas em livros, revistas e artigos técnicos e científicos,
pesquisas dedutiva, comparativa e em arquivos especializados no tema. Esses
métodos permitiram conhecer, compreender e analisar os conhecimentos já
existentes sobre o assunto. Após esta fase, foi realizado a simulação com software
computacional e análise dos dados obtidos. Todas as etapas deste processo podem
ser observadas na Tabela 9.

Tabela 9 – Metodologia da Análise

Fase Descrição da Atividade Referência


65

Etapa 1 Definir as variáveis de entrada Tabela 10


Etapa 2 Realizar o cálculo dos coeficientes Tabela 11
Etapa 3 Inserir os parâmetros calculados no AspenPlus Figura 24
Etapa 4 Realizar a simulação termodinâmica Figura 27

Etapa 5 Analisar o impacto das principais variáveis Figura 28


Figura 29
Etapa 6 Dimensionar a demanda de energia Tabela 13
Etapa 7 Realizar a análise de investimento Tabela 17
Fonte: Produzido pelo Autor

Atualmente, a eletrólise alcalina da água é a tecnologia mais madura e


comercialmente disponível para produção de hidrogênio em larga escala. Este
processo ocorre numa célula alcalina que consiste em dois eletrodos à base de Níquel
imersos num eletrólito (geralmente uma solução aquosa de KOH) separada por um
diafragma poroso. A operação ocorre numa temperatura de 70 à 100 oC e pressão
geralmente de 1 à 30 bar. A pureza do hidrogênio produzido está na faixa de 99,5% a
99,99%.

A célula de eletrólise é imersa com solução alcalina, normalmente com KOH


com concentração entre 25% à 30% (composição mássica) que representa a máxima
condutividade. A solução com KOH é recomendada para evitar a contaminação por
carbonato. Em cada eletrodo da célula eletrolítica ocorrem as reações destacadas nas
Equações (18), (19) e (20).

Anodo: 2 OH- (aq)  ½ O2 (g) + H2O (I) + 2e- (18)


Catodo: 2 H2O + 2e-  H2 (g) + 2 OH- (aq) (19)
Reação Geral: H2O (I)  H2 (g) + ½ O2 (g) (20)

A Figura 22 apresenta o diagrama esquemático de um sistema de eletrólise


alcalina.

Figura 22 – Diagrama esquemático de um sistema de eletrólise alcalina


66

Fonte: Produzido pelo autor

Observa-se na Figura 22 que a água e o eletrólito são misturados antes de


iniciar a reação no eletrolisador. O sistema possui dois vasos separadores bifásicos,
responsáveis pela separação do hidrogênio e oxigênio produzidos. O eletrólito retorna
ao tanque de armazenagem, que será novamente misturado a água para iniciar um
novo ciclo. A planta é alimentada com energia elétrica produzida a partir de fontes
renováveis, que neste trabalho foi escolhido a energia eólica como fonte de estudo.

A Tabela 10 apresenta todos os parâmetros e coeficientes considerados na


modelagem e simulação da eletrólise alcalina, que foram baseados em dados
experimentais publicados em artigos técnicos por Ulleberg (2003).

Tabela 10 – Parâmetros e coeficientes para o modelo termodinâmico

Parâmetro Sigla Valor Unidade

o
Temperatura T 75 C

Pressão P 7 bar

Concentração do Eletrólito - 35 H2O% KOH

Área dos eletrodos A 0,1 m2


67

Corrente i 400 A

Densidade de Corrente di 0,4 A/cm2

Número de placas N 12 und

Tensão de entrada W 10 kw

Coeficiente de polarização r1 4,45153 x 10-5 Ω.m2

r2 6,88874 x 10-9 Ω . m2 . oC-1

d1 -3.12996 x 10-6 Ω . m2

d2 4.47137 x 10-7 Ω . m2 . obar-1

s 0.33824 V

t1 -0.01539 m2 . A-1

t2 2,00181 m2.oC . A-1

t3 15,4178 m2. oC . A-1

Coeficiente de Faraday f11 478645,74 A2 . m-4

f12 -2953,15 A2 . m-4 .oC-1

f21 1,03960 -
o
f22 -0,00104 C-1
Fonte: ULLEBERG (2003)

Como o software AspenPlus ainda não possui uma unidade de operação para
modelagem de um eletrolisador, as equações para o cálculo da potência elétrica
necessária (Wstack) e taxa de conversão de hidrogênio (H2-Conv) foram desenvolvidas
como uma sub-rotina utilizando o MS-Excel, conforme as equações detalhadas no
item 2.4.1 e os respectivos coeficientes informados na Tabela 10. As variáveis de
entrada necessárias para realização dos cálculos e respectivas saídas (resultados)
estão informadas na Figura 23.

Figura 23 – Diagrama da simulação


68

Fonte: Produzido pelo autor

Essa metodologia apresentada na Figura 23 foi aplicada por Sanchez et al.


(2020) que utilizaram os coeficientes desenvolvidos por Ulleberg (2003) e
incorporaram a análise de software computacional (AspenPlus), realizando a
comparação dos resultados com dados experimentais. Sanchez et al. (2020)
utilizaram-se de conhecimentos avançados de programação para realização dos
cálculos através do ACM (Advanced Custom Moduler) no AspenPlus.

Entende-se que a utilização do MS-Excel para realização dos cálculos de


entrada configura-se uma abordagem mais simplista, descomplicada e fácil de ser
repetida por outros autores. Não será necessário revalidar as equações e coeficientes
propostos, pois já foram feitos em trabalhos anteriores. Desta forma, a Tabela 11
apresenta o resultado e memorial de cálculo dos parâmetros utilizando o MS-Excel.

Tabela 11 – Parâmetros e coeficientes calculados


Continua

Parâmetro Referência Memorial de Cálculo

Tensão de eletrólise Equação (12)

Tabela 12 – Parâmetros e coeficientes calculados


Conclusão

Parâmetro Referência Memorial de Cálculo


69

Taxa de conversão de
Equação (13)
hidrogênio

Potência de eletrólise Equação (16)

Taxa de conversão Equação (14)

Fonte: Produzido pelo autor

A taxa de conversão (n(H2O)Conv = 0,0027), conforme memorial de cálculo


descrito na Tabela 11, foi então inserida nos parâmetros de modelagem conforme
apresentado na Figura 24.

Figura 24 – Parâmetros de entrada da reação no AspenPlus

Fonte: Produzido pelo autor

Observa-se na Figura 24 que, além da taxa de conversão, a estequiometria da


reação também foi indicada. A potência de eletrólise (Wstack=9726), conforme
memorial de cálculo descrito na Tabela 11, também foi inserida nos parâmetros de
modelagem conforme apresentado na Figura 25.

Figura 25 – Parâmetros de entrada da reação no AspenPlus


70

Fonte: Produzido pelo autor

Desta forma pôde-se incorporar as equações de eletrólise alcalina e seus


respectivos resultados no processo de simulação do sistema, sem que conhecimentos
avançados de programação fossem empregados. O modelo Electrolyte NRTL (Non-
Random Two-Liquid) foi utilizado para realização das simulações. Para a este
trabalho, a planta de processo segue o exemplo da Figura 26. A eletricidade é
fornecida às células para realizar o processo de dissociação entre a água, hidrogênio
e oxigênio.

Figura 26 - Geração de H2 por eletrólise

Fonte: Produzido pelo autor

Observa-se na Figura 26 que o hidrogênio (H2-OUT) e oxigênio (O2-OUT)


produzidos no eletrolisador são conduzidas com o eletrólito (KOH, 35% em peso) para
os vasos de separação gás-líquido (H2-SEP e O2-SEP), onde o eletrólito é separado
do gás e devolvido por bombas de recirculação. O hidrogênio e o oxigênio separados
nos vasos de separação bifásicos são enviados aos tanques de armazenamento.
71

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Modelagem e Simulação no AspenPlus

Neste trabalho, um modelo básico de uma planta de eletrólise alcalina foi


desenvolvido no AspenPlus com o objetivo de avaliar o desempenho do principal
componente do sistema (o eletrolisador). Os resultados seguem conforme Figura 27,
considerando 1 sistema de eletrólise.

Figura 27 – Diagrama de processo e resultados para 1 célula de eletrólise

Fonte: Produzido pelo autor

A partir dos dados obtidos na Figura 27 pôde-se observar que quando o sistema
opera com uma corrente de 400A (variável de entrada informada na Tabela 10),
correspondente a uma potência requerida pelo processo de eletrólise de 9726W,
resulta numa taxa de produção de hidrogênio de 0,23 kg/h à 73,4ºC e 6,7 bar-g. A
temperatura no processo aumenta moderadamente, mas a pressão diminui devido a
perda de carga. Na corrente de recirculação (R-H2-KOH) observa-se um volume
residual de H2 correspondente a 8,51x10-4 kg/h. Os resultados mais detalhados da
simulação estão descritos no Apêndice A.

Para avaliar a influência da corrente (i) na produção de hidrogênio foi realizado


a simulação do sistema com a corrente variando de 400 a 600 A, como apresentado
na Figura 28.
72

Figura 28 – Impacto da corrente na produção de H2

Fonte: Produzido pelo autor

Observa-se na Figura 28 que a produção de hidrogênio aumenta


proporcionalmente ao aumento da corrente de entrada. Em termos percentuais, um
aumento de 50% na corrente de entrada resulta num aumento de 52% na produção
de hidrogênio.

Sobre a influência da temperatura, pôde-se notar também que conforme Figura


29. Como consequência, o consumo de energia elétrica para o processo de eletrólise
também diminui. Por outro lado, o aumento da temperatura leva a uma maior taxa de
difusão do hidrogênio através da membrana para a linha de oxigênio, aumentando a
perda do sistema.

Figura 29 – Impacto da temperatura na produção de H2

Fonte: Produzido pelo autor


73

A eletrólise pode ser realizada em diferentes temperaturas. A questão é, qual


seria a melhor temperatura para o processo? Um primeiro critério que pode ser na
avaliação é o custo do quilowatts-hora de eletricidade. Quanto maior a temperatura
de operação, menos eletricidade é necessário. Outro ponto importante é que o
aumento da temperatura traz benefícios, mas tem a limitação na resistência dos
materiais. Do ponto de vista prático, a temperatura máxima acessível compatível com
as tecnologias atuais é até 100~130ºC. Essa restrição vem da ciência dos materiais
e não da vaporização da água, que pode ser facilmente gerenciada por pressurização.

Sobre a eficiência de uma planta de eletrólise, o cálculo pode ser realizado


dividindo-se a tensão de eletrólise (em kwh) pela quantidade de hidrogênio gerado no
mesmo período (em kg de H2), conforme a Equação (21).
𝑊𝑠𝑡𝑎𝑐𝑘 [𝑘𝑤] ∗ 60[ℎ]
𝑛𝐻2 = (21)
𝐻2𝑃𝑟𝑜𝑑 [𝑘𝑔/ℎ] ∗ 60[ℎ]

Os resultados referentes a variação da produção de hidrogênio dado a variação


na tensão de eletrólise, estão descritos na Tabela 13.
Tabela 13 – Eficiência
Wstack Total H2Prod Total n(Eficiência)
[w] [kwh] [Kg/h] [kg] [kwh/kg H2]
9726 584 0,22 13,2 43
10867 652 0,25 15 43
12031 722 0,28 16,8 43
13219 793 0,3 18 44
14429 866 0,33 19,8 44
15661 940 0,35 21 45
Fonte: Produzido pelo autor

Observa-se através da Tabela 12 que um aumento na tensão de eletrólise


resulta em um aumento da eficiência. Por outro lado, o custo da energia é um dos
componentes mais caros deste tipo de projeto. Aumentar a tensão de eletrólise
significa aumentar o custo de operação da planta, que pode tornar um projeto inviável.

Para o ponto de operação especificado, conforme os parâmetros definidos na


Tabela 10 e demais coeficientes calculados na Tabela 11, os resultados encontrados
foram semelhante aos resultados do experimento em uma planta em escala piloto
realizado por Sanchez et al. (2020). O hidrogênio produzido (H2-PROD) apresentou
diferença de 4,5% e o oxigênio produzido de 6,7%, conforme Tabela B1. Os autores
74

utilizaram a ferramenta avançada do Aspen chamada ACM (Advanced Custom


Modeler) para integrar o cálculo dos parâmetros na simulação, já neste trabalho os
cálculos foram realizados como um dado de entrada para o AspenPlus. Porém, os
resultados encontrados foram semelhantes (conforme Tabela B.2) e evidenciam que
o desenvolvimento dos cálculos está coerente com os resultados do experimento em
uma planta em escala piloto. O domínio do ACM pode auxiliar no desenvolvimento da
simulação, mas não é primordial.

As análises apresentadas neste capítulo mostram que a temperatura (T),


corrente (i) e tensão de eletrólise (Wstack) são os principais parâmetros a serem
monitorados para melhorar o desempenho de operação. Parâmetros também ligados
a dimensão do eletrolisador (evidenciada na Equação 16), como área (A) e tamanho
das placas (N), também tem influência direta pois resultam na variação na tensão do
sistema (Wstack). Todos estes fatores são os mais influentes e, portanto, devem ser
otimizados para alcançar uma maior eficiência da planta.

4.2. Cálculo da Energia Eólica para o Sistema de Eletrólise

Para feito de cálculo, o sistema eólico apresentado na Tabela 13 e toda a


análise técnica subsequente foi desenvolvida considerando uma velocidade média de
7,4m/s conforme valores médios apresentados na Figura 15.

Tabela 14 – Resumo do Sistema de Energia Eólica


Características do Sistema Unidade Dados

Tipo de Aerogerador - Horizontal


Modelo da Turbina - GE 4,1-113
Diâmetro do Rotor m 113
Área m2 10029
Velocidade de Acionamento m/s 3,5
Velocidade de Travamento m/s 25
Perdas Totais de Geração no Sistema % 8
a) Perdas Mecânicas % 3
b) Perdas no Aerofólio % 1
c) Outras Perdas % 4
Coeficiente de Potência (CP) - 0,4
Fonte: Produzido pelo autor

Observa-se na Tabela 13 que o coeficiente de potência (Cp) considerado foi de


0,4. Em seguida, a energia disponível pôde ser calculada conforme a Equação (17).

Energia Disponível:
75

 Pdisponível = ½ . ρ.V3. A . Cp
 Pdisponível = ½ . 1,255 Kg/m3 . (7,4 m/s)3 . 10029 m2 . 0,4
 Pdisponível = 1.020 KW

Considerando as perdas totais de 8% associada ao conjunto mecânico utilizado


para geração da energia elétrica, pode-se calcular a energia efetivamente gerada pelo
aerogerador conforme a equação abaixo:

Energia Gerada:

 Pelétrica = 1.020 kW . 0,92


 Pelétrica = 938 kW

Considerando as características adotadas, cada sistema de eletrólise tem uma


demanda de energia de 9,7kW conforme calculado pela Equação (12). O
detalhamento do cálculo está apresentado na Tabela 11. Portanto, 1 aerogerador com
as características mencionadas na Tabela 14 é capaz de gerar 938kW de energia,
suficientes para atender a demanda de energia para 96 sistemas de eletrólise
(equivalente a 931 kW). A relação da energia disponível e a energia efetivamente
gerada é apresentada na Figura 30.
Figura 30 – Energia gerada

1.020 KW 938 KW

Disponível Gerada

Fonte: Produzido pelo autor

4.3. Análise de Viabilidade Econômica

Para fins de análise, foi considerado um período de 10 anos como prazo do


projeto. Os anos de 2 à 9 foram ocultados na tabela para facilitar a demonstração,
conforme Tabela 14.
76

Tabela 15 – Previsão de ganhos do projeto


Ganhos do Projeto
Produção Ano 0 Ano 1 Anos 2~10 TOTAL
Produção de hidrogênio
kg/h 0 151,01 151,01 1.510
(96 sistemas)
Fator de conversão(3) Nm3/Kg 0 11,126 11,126 -
Produção de hidrogênio Nm3/h 0 1.680 1.680
Parada de Produção Anual
% 0 20 20
(Manutenção)
Produção Total Nm3/ano 0 11.774.402 11.774.402 117.744.019
Utilização
Venda e Distribuição % 0 50 85
Nm3/ano 0 5.887.201 10.008.242 79.477.213
Valor de Mercado
Preço do hidrogênio(4) R$/Nm3 0 1,50 1,59 -
Receita
Receita na Venda do Gás R$/ano - 8.830.801 25.363.070 163.028.837
Fonte: Produzido pelo autor

Observa-se na Tabela 14 que como o mercado ainda não é capaz de absorver


toda a produção nos primeiros anos num projeto de larga escala, foi considerado como
premissa a utilização de 50% da capacidade de produção nos primeiros 5 anos.

Baseado nos valores de investimento apresentados no capítulo 2.6, os custos


do projeto ao longo dos anos foram representados na Tabela 15.

Tabela 16 – Previsão de custos do projeto


Custos do Projeto
CAPEX Ano 0 Ano 1 Anos 2~10 TOTAL
Sistema de Eletrólise(5) R$ 12.312.000 0 0 12.312.000
Equipamentos Secundários(6) R$ 2.504.000 0 0 2.504.000
Sistema Eólico(7) R$ 6.364.800 0 0 6.364.800
Total 21.180.800 0 0 21.180.800
OPEX
Operação e Manutenção 6,7% 0 1.410.641 1.761.698 15.803.953
Custos Indiretos e
5,0% 0 1.059.040 1.059.040 10.590.400
Contingências
Custos Diretos (Capitação de
15% 0 3.177.120 3.177.120 31.771.200
Água)
Total R$/ano 0 5.646.801 5.997.858 58.165.553

Total de Custos R$/ano 21.180.800 5.646.801 5.997.858 79.346.353


Fonte: Produzido pelo autor

3
Fator para conversão da vazão mássica (kg) em vazão volumétrica normalizada (1 atm; 0 °C);
4
Considerado um reajuste de 6% ao ano. Preço do H2 comprimido e armazenado, não inclui a
logística e transporte;
5
Conforme custos apresentados no capítulo 2.6.2.
6
Conforme custos apresentados no capítulo 2.6.1.
7
Conforme custos apresentados no capítulo 2.6.3.
77

Para os custos de operação e manutenção foram considerados 6.7% do valor


de aquisição da turbina, com reajuste de 2.5% ao ano. Rahimi et al. (2014) também
consideraram valores semelhantes em sua avaliação econômica.

Não foi considerado um cenário de construção de novos gasodutos, tendo em


vista que numa fase inicial espera-se que a planta seja construída próximo ao local de
consumo, ou que o transporte seja realizado pelo modal rodoviário e/ou marítimo.
Para estes modelos, não é necessário considerar custos adicionais na estimativa de
construção da planta de H2.

Com os ganhos esperados e os custos previstos para o projeto, pôde-se


calcular o fluxo de caixa esperado para o projeto, conforme Figura 31.

Figura 31 – Representação do fluxo de caixa

Fonte: Produzido pelo autor

Observa-se na Figura 31 que o projeto apresenta fluxo de caixa positivo a partir


do 5º ano, tendo este dado como um dos parâmetros para a tomada de decisão sobre
a aceitação do projeto.
78

A Tabela 16 representa o fluxo de caixa do projeto, em valores absolutos.

Tabela 17 – Fluxo de Caixa


Fluxo de Caixa
Ano 0 Ano 1 Ano 10 TOTAL
(=) Saldo Final R$ (21.180.800) 3.184.000 19.365.213 83.682.484
(-) Depreciação 10 anos 0 (2.118.080) (2.118.080) (21.180.800)
(=) LAIR R$ 0 1.065.920 17.247.133 62.501.684
(-) IR 34% 0 (362.413) (5.864.025) (28.452.045)
(=) Saldo Final Líquido R$ (21.180.800) 2.821.587 13.501.188 55.230.440
Saldo Acumulado R$ (21.180.800) (18.359.213) 55.230.440 -
Fonte: Produzido pelo autor

Observa-se na Tabela 16 que ao final do período de 10 anos o fluxo de caixa


terá um saldo final acumulado de R$ 55 milhões. Com estes dados e considerando os
conceitos sobre análise de investimento discorridos no Capítulo 2.3 foi possível
calcular os indicadores econômicos, conforme Tabela 17.

Tabela 18 – Indicadores econômicos


Indicadores do Projeto

Itens Analisados Resultado Critério


1. VPL R$ 9.496.141 >0
2. TIR 23% > TMA (10%)
3. IR 1.45 >1
4. Payback 5 anos > 1 ano

Fonte: Produzido pelo autor

Observa-se na Tabela 17 que o projeto apresenta VPL de BRL 9 milhões, um


tempo de retorno de 5 anos e TIR de 23%. Baseado nos critérios de análise de
viabilidade apresentados no capítulo 2.3, pode-se dizer que o projeto é
economicamente viável. Os resultados encontrados estão coerentes com o estudo
feito por Jang e Kim, (2002) quando encontrou um payback de 5,27 anos e taxa de
retorno de 22% para um sistema de eletrólise alcalina. Outro estudo realizado por
Rahimi e Meratizaman (2014) encontrou um VPL máximo de USD 1.209.148,
equivalente a BRL 6,2M que também apresenta valores coerentes com os resultados
deste trabalho.

Com estes resultados, a decisão de investimento seria aceitar a implantação.


Poucos projetos com essa magnitude (BLR 9M), tem indicadores tão promissores.
Isso evidencia o motivo de tantos países e empresas considerarem o hidrogênio como
o combustível do futuro.
79

5. CONCLUSÃO

O hidrogênio se posiciona como o principal agente na descarbonização, pois o


mesmo pode ser produzido a partir de fontes renováveis e sua queima não produz
CO2. Desde a sua produção à queima, o H2 é um combustível totalmente renovável,
compatível com as demandas ambientais de descarbonização. O hidrogênio não
substituirá completamente os combustíveis fósseis, mas em vez disso, é apenas uma
das várias alternativas possíveis de descarbonização que devem ser cuidadosamente
ponderadas.

No que tange a sua produção, a eletrolise da água deve ser a tecnologia mais
utilizada. A mesma representa atualmente apenas 0,1% do suprimento global de
hidrogênio. O custo deste hidrogênio renovável depende em grande parte do preço
da eletricidade e dos custos de investimento do eletrolisador. Como os custos da
eletricidade renovável continuam a diminuir, particularmente a energia solar e eólica,
a produção de hidrogênio renovável pode se tornar ainda mais competitiva no futuro.

Sobre o transporte do hidrogênio, pode-se afirmar que atualmente existem


poucos ou quase nenhum gasoduto que possibilite o transporte do hidrogênio em alta
pressão (acima de 700 bar). O transporte de H2 puro através de navios parece pouco
provável, portanto, o uso de amônia como agente de transporte de hidrogênio parece
a alternativa mais provável. A amônia se destaca justamente por já ser utilizada
internacionalmente, transportada em dutos e navios, e pode ser queimado
diretamente em turbinas e motores. Com o desafio de transporte, há necessidade de
que o hidrogênio seja produzido relativamente perto do ponto de consumo.

Referente a sua utilização, existem quatro grandes usos do hidrogênio que


parecem fazer mais sentido: (i) matéria-prima para a indústria química, (ii) matéria-
prima para indústrias siderúrgicas, (iii) matéria-prima para refinarias e (iv) combustível
para a grande maioria dos aviões e navios que não podem ser elétricos.

Quanto ao investimento necessário, os resultados mostram que uma planta com


taxa de produção de 151 kg/h de hidrogênio, pode ser alimentada por 1 aerogerador
com disponibilidade energética de 938 kW, onde são requeridos R$ 21 milhões para
um período de 10 anos, com VPL de R$ 9 milhões, payback em 5 anos e TIR de 23%.
80

6. PROPOSTA PARA ESTUDOS FUTUROS

Com base no exposto e nos resultados apresentados nesta dissertação, são


sugestões para trabalhos futuros:

 A aplicação deste modelo termodinâmico para uma planta de produção


de hidrogênio em grande escala, cuja qual será possível avaliar
condições mais severas de operação e unidades mais complexas;
 A produção de hidrogênio a partir da eletrólise direta da água do mar, ou
mesmo considerando uma planta de dessalinização no processo de
análise técnica e econômica;
 A produção de hidrogênio a partir de eletrólise, alimentado por fonte
eólica, considerando a distribuição de vento além da velocidade média
e calculando o impacto nos indicadores de investimento (VPL, TIR);
 Detalhamento dos reais custos envolvidos na construção de uma planta
de produção de hidrogênio no Brasil;
 A utilização deste modelo, mas detalhando um pouco mais o sistema
eólico e seu projeto elétrico afim de conhecer a autonomia do sistema
na ausência de ventos.
81

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APÊNDICE A – RESULTADOS DETALHADOS

A Tabela A.1 apresenta os resultados da simulação computacional realizada


no software AspenPlus.

Tabela A.1 – Tabela de Resultados do Aspen


Continua
Stack Cell O2-SEP H2-SEP
Stream
Units R-O2- O 2- R-H2- H2-
Name INPUT O2-OUT H2-OUT
KOH PROD KOH PROD
Temperature C 70,00 73,37 73,37 73,37 73,37 73,37 73,37
Pressure bar 7,00 6,70 6,70 6,70 6,70 6,70 6,70
Molar Vapor
- 0,0000 0,0021 0,0042 0,0000 1,0000 0,0000 1,0000
Fraction
Molar Liquid
- 1,0000 0,9979 0,9958 1,0000 0,0000 1,0000 0,0000
Fraction
Molar Solid
- 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
Fraction
Mass Vapor
- 0,0000 0,0032 0,0005 0,0000 1,0000 0,0000 1,0000
Fraction
Mass Liquid
- 1,0000 0,9968 0,9995 1,0000 0,0000 1,0000 0,0000
Fraction
Mass Solid
- 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
Fraction
Molar
kJ/mol -271 -270 -269 -271 -6 -271 -6
Enthalpy
Mass
kJ/kg -13147 -13090 -13126 -13131 -186 -13131 -2298
Enthalpy
Molar
kJ/mol-K 0 0 0 0 0 0 0
Entropy
Mass Entropy kJ/kg-K -6 -6 -6 -6 0 -6 -5
Molar Density kmol/cum 63 40 30 63 0 63 0
Mass Density kg/cum 1306 834 607 1304 7 1304 1
Enthalpy
kW -3287 -1638 -1638 -1638 0 -1638 0
Flow
Average MW 21 21 21 21 32 21 2
Volume Flow cum/hr 0,6889 0,5403 0,7408 0,3444 0,1959 0,3443 0,3965
Molar
kJ/kmol -5878 -5711 -5876 -5711
Enthalpy
Mass
kJ/kg -186 -2298 -186 -2298
Enthalpy
Molar
cal/mol-K -3 -3 -3 -3
Entropy

Mass Entropy cal/gm-K 0 -1 0 -1


96

Tabela A.1 – Tabela de Resultados do Aspen

Conclusão
Stack Cell O2-SEP H2-SEP
Stream
Units R-O2- O 2- R-H2- H2-
Name INPUT O2-OUT H2-OUT
KOH PROD KOH PROD
Mole
kmol/hr 43,7013 21,8506 21,8954 21,8049 0,0457 21,8035 0,0919
Flows
H2O kmol/hr 32,47 16,19 16,19 16,19 0,00 16,19 0,00
H2 kmol/hr 0,00 0,00 0,09 0,00 0,00 4,22E-04 0,09
O2 kmol/hr 0,00 0,04 0,00 0,00 0,04 0,00 0,00
H+ kmol/hr 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,08E-15 0,00
K+ kmol/hr 5,61 2,81 2,81 2,81 0,00 2,81 0,00
OH- kmol/hr 5,61 2,81 2,81 2,81 0,00 2,81 0,00
Mole
Fractions
H2O 0,7431 0,7410 0,7395 0,7425 0,0300 0,7425 0,0294
H2 0,0000 0,0000 0,0041 0,0000 0,0000 1,94E-05 0,9706
O2 0,0000 0,0021 0,0000 0,0000 0,9700 0,0000 0,0000
H+ 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 4,96E-17 0,0000
K+ 0,1285 0,1285 0,1282 0,1287 0,0000 0,1287 0,0000
OH- 0,1285 0,1285 0,1282 0,1287 0,0000 0,1287 0,0000
Mass
kg/hr 900,0000 450,6266 449,3734 449,1831 1,4436 449,1450 0,2284
Flows
H2O kg/hr 585,00 291,69 291,69 291,67 0,02 291,64 0,05
H2 kg/hr 0,00 0,00 0,18 0,00 0,00 8,51E-04 0,18
O2 kg/hr 0,00 1,43 0,00 0,02 1,42 0,00 0,00
H+ kg/hr 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,09E-15 0,00
K+ kg/hr 219,51 109,76 109,76 109,76 0,00 109,76 0,00
OH- kg/hr 95,49 47,74 47,74 47,74 0,00 47,74 0,00
Mass
Fractions
H2O 0,6500 0,6473 0,6491 0,6493 0,0171 0,6493 0,2128
H2 0,0000 0,0000 0,0004 0,0000 0,0000 1,9E-06 0,7872
O2 0,0000 0,0032 0,0000 0,0000 0,9829 0,0000 0,0000
H+ 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 2,42E-18 0,0000
K+ 0,2439 0,2436 0,2442 0,2443 0,0000 0,2444 0,0000
OH- 0,1061 0,1060 0,1062 0,1063 0,0000 0,1063 0,0000
Fonte: (Produzido pelo Autor)
97

APÊNDICE B – COMPARAÇÃO DE RESULTADOS

A Tabela B.1 apresenta a comparação entre os parâmetros considerados neste


trabalho versus os parâmetros considerados por Sanchez et al. (2020).

Tabela B.1 – Parâmetros considerados neste trabalho vs Sanchez et al. (2020)


Parâmetros
Parâmetros
considerados
Parâmetros Sigla Unidade considerados Diferença
por Sanchez et
neste trabalho
al. (2020)

Pressão P bar 7 7 0.0%

Temperatura T ºC 70 72,8 -3.8%

Concentração de KOH - 35% 35% 35% 0.0%

Vazão de Entrada INPUT Kg/hr 900 896,62 0.4%


Fonte: (Produzido pelo Autor)

A Tabela B.2 apresenta a comparação dos resultados da simulação


computacional encontrados neste trabalho versus os resultados encontrados por
Sanchez et al. (2020).

Tabela B.2 – Resultados deste trabalho vs Sanchez et al. (2020)


Resultados
Resultados
encontrados por
Parâmetros Sigla Unidade encontrados Diferença
Sanchez et al.
neste Trabalho
(2020)
H2-
Hidrogênio Produzido Kg/hr 0,23 0,27 +4.5%
PROD
O2-
Oxigênio Produzido Kg/hr 1,44 1,37 +6.7%
PROD
O2+KOH no O2-
Kg/hr 450,63 448,88 +0.4%
Eletrolisador OUT
H2+KOH no H2-
Kg/hr 449,37 447,65 +0.4%
Eletrolisador OUT
Recirculação de R-O2-
Kg/hr 449,18 449,23 +0.0%
O2+KOH KOH
Recirculação de R-H2-
Kg/hr 449,14 447,38 +0.4%
H2+KOH KOH
Fonte: (Produzido pelo Autor)

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