Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Blumenau
Novembro, 2019
1
Paula Rosa Muraro Grando
Blumenau
2019
2
3
4
Este trabalho é dedicado aos meus colegas,
orientadores e aos meus queridos pais.
5
AGRADECIMENTOS
Aos meus queridos pais por todo o esforço, amor e incentivo para que eu
chegasse até aqui.
A Deus por me guiar durante a vida e preenchê-la com colegas e amigos tão
especiais.
6
RESUMO
7
ABSTRACT
Cast products may have foundry defects and require recovery steps. In this work we
compare the results obtained in GTAW (with air protection) and GMAW (with air
protection + 2% vol O2) processes for recovery welding whose qualification
procedures were performed according to ASME IX standard. Samples obtained from
cast plates were characterized microstructurally by optical microscopy and from the
point of view of tensile strength, bending, hardness, at room temperature and impact
toughness at cryogenic temperature (-196 ° C). Fracture micromechanisms acting on
impact tests were analyzed by scanning electron microscopy. The results indicate
that both recovery welding processes were adequate, based on the standard
specifications. Regarding impact toughness, samples submitted to the GTAW
welding process met the requirements under all conditions while GMAW process
samples showed lower impact toughness values for the different analysis positions,
where the minimum of 41J was not reached. at -196 ° C. Dimples, near cleavage
and cleavage micromechanisms were identified on both fracture surfaces. GMAW
samples have a higher incidence of near-cleavage and less developed dimples than
GTAW samples. Thus, only the GTAW process had its recovery welding procedure
qualified. The hypotheses for the lower toughness of the GMAW samples indicate a
larger amount of non-metallic inclusions, especially oxides derived from the reaction
between the weld pool and the oxygen gas present in the shielding mixture, higher Si
content in the filler metal and the presence of more morphology. brittle delta ferrite
along the weld bead. The techniques used did not allow identifying the precipitation
of embrittling phases (carbides and � phase), which is consistent with the estimated
cooling rates for the processes used.
8
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 3.1 - Esquema da classificação dos aços inoxidáveis a partir do AISI 304
Figura 3.2 - Pseudo-diagrama de fases do sistema ternário Fe-Cr-Ni
Figura 3.3 - Padrão de Cr e Ni para aços fundidos resistentes ao calor e a corrosão
Figura 3.4 -Solidificação dos aços inoxidáveis e sua relação com o Cr eq e Nieq
Figura 3.5 - Relação do tipo de solidificação com o diagrama de fases.
Figura 3.6 - Solidificação com formação primária de austenita. Tipo A: a) dendritas
de austenita monofásicas com solidificação tipo A; Tipo AF: b) ferrita interdendrítica
c) ferrita intercelular
Figura 3.7 - Solidificação com formação primária de ferrita. Tipo FA: a) esqueleto de
ferrita / vermicular, b) ferrita rendilhada; Tipo F: c) Austenita Widmanstätten nos
contornos de grão ferríticos.
Figura 3.8 - Diagrama dos modos de solidificação.
Figura 3.9 - Diagrama de Schaeffler
Figura 3.10 - Diagrama de Schoefer
Figura 3.11 - Influência do teor de ferrita na resistência mecânica do aço inox CF8
Figura 3.12- Principais transformações ocorridas em aços inoxidáveis entre a
temperatura ambiente e o estado líquido.
Figura 3.13 - Diagrama Schaeffer-Bystram para aços inoxidáveis austeníticos.
Figura 3.14 - Fase sigma em metal de solda: a) ataque com Murakami padrão a
80°C por 60 s; b) ataque com NaOH aquoso a 20% a 3 V dc por 10 s
Figura 3.15 - Carbonetos precipitados em aços inoxidáveis, revelados usando: a)
reagente de Murakami padrão em temperatura ambiente por 60 s; b) ataque com
NH4OH a 5 V por 10 s; c) persulfato de amônio aquoso (10%) a 6V dc por 10 s.
Figura 3.16- Diluição de uma junta soldada, onde A e C são o metal de base e B o
metal de adição
Figura 3.17 - Representação esquemática das regiões de uma junta soldada
Figura 3.18 - Eficiência térmica de diversos processos de soldagem
Figura 3.19 - Distribuição longitudinal e vertical de tensão residual presente em uma
junta soldada
Figura 3.20 - Principais tipo de morfologia da ferrita delta a) vermicular b)
rendilhada c) acicular d) globular)
Figura 3.21 - Vazio nucleados a partir de: a) inclusões esféricas ricas em Mn e Si;
9
b) inclusões esféricas em uma solda por eletrodo revestido
Figura 3.22 - Zona afetada pelo calor para solda SMA tipo 304/308 mostrando
carbonetos M23C6 e camada de ferrita intergranulares ricos em Cr (indicados por
setas) ao longo dos limites de grão de austenita adjacentes à zona de fusão
Figura 3.23 - Gráfico com a influência do espaçamento de inclusões e número de
ferrita na tenacidade à fratura
Figura 3.24 - Soldagem GTAW: a) componentes do processo; b) área de soldagem.
Figura 3.25 - Efeito da polaridade na poça de solda.
Figura 3.26 - Método de soldagem GTAW.
Figura 3.27- Esquema do equipamento de soldagem GTAW.
Figura 3.28 - Transferência globular através de um plasma Ar-2%O2 - 220 A.
Figura 3.29 - Transferência globular através de um plasma Ar-2%O2 - 220 A.
Figura 3.30 - Transferência por spray a 320A e 29V em um plasma Ar-2%O 2
Figura 3.31 - Produtividade de algumas geometrias de chanfros.
Figura 3.32 - Especificação para ensaios de tração e dobramento
Figura 3.33 - Croqui de corte para qualificação de procedimento
Figura 3.34 - Regiões de retirada dos CPs de impacto a) chanfro em V simples; b)
chanfro em V duplo
Figura 4.1 - Geometria e dimensões da placa de solda fundida utilizada para a
qualificação do procedimento de soldagem.
Figura 4.2 - Geometria e dimensões do chanfro aberto na placa fundida para
procedimento de soldagem GTAW
Figura 4.3 - Croqui com as informações dos passes de solda GTAW.
Figura 4.4 - Croqui com as informações dos passes de solda GMAW
Figura 4.5 - Croqui de corte das placas de solda para ensaios mecânicos
Figura 4.6 - Classificação das inclusões segundo Jernkontoret
Figura 4.7 – a) Croqui de dureza HRB – GTAW b) Croqui de dureza HRB - GMAW
Figura 4.8 – a) Croqui de dureza HV - GTAW b) Croqui de dureza HV - GMAW
Figura 5.1- Diagrama de Schaeffler indicando a região de Cr e Ni equivalente
calculados a partir da composição química para o metal de base e cordão de solda)
Figura 5.2 - Inclusões presentes no material soldado por GTAW: a-b-c) metal de
base; d-e-f) solda. Todos os aumentos são de 100x)
Figura 5.3 - Inclusões presentes no material soldado por GMAW: a-b-c) metal de
base / d-e-f) solda. Todos os aumentos são de 100x)
10
Figura 5.4 - Ferrita delta em matriz austenítica nas METAL BASE a) GTAW e b)
GMAW. Ataque com reagente Vilella e aumento de 100x)
Figura 5.5 - Microestrutura ZTA a) ZTA raíz GTAW b)ZTA face GTAW; c)ZTA raíz
GMAW; d) ZTA face GMAW. Ataque Vilella. Aumento de 100x)
Figura 5.6 - ZTA das amostras a)GTAW; b) GMAW atacadas com reagente
Murakami. Aumento 200x.
Figura 5.7 - Morfologias da ferrita no início da zona fundida a) solda GTAW b) solda
GMAW. Ataque com reagente Vilella. Aumento de 200x)
Figura 5.8 - Microestrutura da zona fundida. a) solda raíz GTAW b) solda face
GTAW c) solda raíz GMAW d) solda face GMAW. Ataque com reagente Vilella e
aumento de 200x)
Figura 5.9 - Método de quantificação por imagem das frações de ferrita: a) metal de
base soldado para solda GTAW; b) solda GTAW c) metal de base para solda
GMAW d) solda GTAW)
Figura 5.10 - Corpos de Prova de tração com ruptura no metal base dos processos.
a) GMAW; b) GTAW.)
Figura 5.11 - Corpos de prova de dobramento do processo GTAW
Figura 5.12 - Corpos de prova de dobramento do processo GMAW
Figura 5.13 - MEV da superfície do C.P de impacto da face da solda GTAW e
GMAW. Solda face GTAW com tenacidade ao impacto de 75J à -196°C: a) 25x b)
1000x c) 3000x; Solda face GMAW com tenacidade ao impacto de 36J à -196°C:
a) 25x b) 1000x c) 3000x.
Figura 5.14. - MEV da superfície do C.P de impacto da ZTA da solda GTAW e
GMAW. ZTA face GTAW com tenacidade ao impacto de 81J à -196°C: a) 25x b)
1000x c) 3000x; ZTA face GMAW com tenacidade ao impacto de 54J à -196°C: a)
25x b) 1000x c) 3000x.
Figura 5.55 - Superfície de fratura da ZTA face na solda GMAW próxima ao entalhe.
a) 35x b) 110x c) 1000x.)
Figura 5.16 - Resultado e espectroscopia de energia dispersiva na solda GMAW.
11
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3.1 - Principais elementos de liga nos aços inoxidáveis e sua solubilidade
máxima em cada fase.
Tabela 5.2 - Tabela 5.2 - Valores de Creq e Nieq a partir da composição química
Tabela 5.4 - Dureza média das fases e morfologias presentes no material soldado.
Tabela 5.5 - Valores de expansão lateral obtidos nos C.Ps do ensaio de impacto.
12
LISTA DE SÍMBOLOS
GMAW - Gas Metal Arc Welding - Soldagem a arco com proteção a gás
GTAW - Gas Tungsten Arc Welding - Soldagem a arco com eletrodo de Tungstênio
VOD - Vacuum Oxygen Decarburization
AOD - Argon Oxygen Decarburization
CCC - estrutura cúbica de corpo centrado
CFC - estrutura cúbica de face centrada
M23C6 - Carboneto de Cromo
CF8 - Aço inoxidável austenítico fundido com composição FE-18Cr-8Ni.
CF8M - Aço inoxidável austenítico fundido com composição Fe-Cr-Ni-Mo
Ar - Argônio
O2 - Gás oxigênio
Fe - Ferro
Cr - Cromo
Ni - Níquel
Mo - Molibdênio
Si - Silício
Al - Alumínio
Cu - Cobre
Nb - Nióbio
MnS - Sulfeto de manganês
HRB - Dureza Rockwell B
HB - Dureza Brinell
HV - Dureza Vickers
Creq – cromo equivalente – equação com participação dos elementos
alfagênicos.
Nieq – níquel equivalente – equação com participação dos elementos
gamagênicos.
A - Solidificação primária austenita
AF - Solidificação austenita-ferrita
FA - Solidificação ferrita-austenita
F - Solidificação primária ferrita
ZTA - Zona termicamente afetada
C.P. - Corpo de prova
13
SUMÁRIO
1.OBJETIVOS...................................................................................................................... 15
1.1 Objetivo Geral................................................................................................................. 15
1.2 Objetivos Específicos.....................................................................................................16
2.INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 16
1.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................................................18
3.1 Aços Inoxidáveis e suas Classificações..........................................................................18
3.2.1 Composição química dos Aços inoxidáveis Austeníticos.............................................22
3.2.2 Diagramas de Fases....................................................................................................24
3.3 Aço Inoxidável Austenítico A351 Grau CF8....................................................................24
3.4 Solidificação dos Aços Inoxidáveis Austeníticos.............................................................26
3.4.1 Diagramas de Solidificação.........................................................................................31
3.5 Mecanismos de Fragilização dos Aços Inoxidáveis........................................................33
3.5.1 Fase Sigma................................................................................................................. 36
3.5.2. Trincas a quente......................................................................................................... 37
3.5.3 Precipitação de Carbonetos........................................................................................37
3.6 Metalurgia da Soldagem.................................................................................................39
3.6.1 Tensões residuais associadas à soldagem..................................................................42
3.7 Soldagem dos Aços Inoxidáveis Austeníticos.................................................................43
3.7.1 Morfologia da Ferrita Delta..........................................................................................44
3.7.2 Mecanismos de fratura nos aços inoxidáveis austeníticos soldados...........................47
3.8 Processo de Soldagem GTAW.......................................................................................51
3.8.1 Eletrodo....................................................................................................................... 52
3.8.2 Polaridade................................................................................................................... 52
3.8.3 Gases de Proteção......................................................................................................53
3.8.4 Metal de Adição........................................................................................................... 54
3.8.5 Vantagens e Limitações da soldagem GTAW..............................................................54
3.9 Processo de Soldagem GMAW......................................................................................55
3.9.1 Mecanismos de transferência de metal.......................................................................57
3.9.1.1 Transferência por curto-circuito................................................................................57
3.9.1.2 Transferência Globular.............................................................................................58
3.9.1.3 Transferência por Spray...........................................................................................59
3.9.2 Unidade de alimentação do eletrodo...........................................................................60
3.9.3 Gases de proteção......................................................................................................60
3.9.4 Variáveis de processo..................................................................................................62
3.9.5 Vantagens e limitações da soldagem GMAW..............................................................63
3.10 Qualificação de procedimentos de Soldagem...............................................................63
3.10.1 Ensaio de impacto.....................................................................................................66
4. METODOLOGIA...................................................................................................................
............................................................................................................................................. 68
4.1 Produção e Preparação da Placas de Solda..................................................................68
4.2 Processos de Soldagem GMAW e GTAW......................................................................69
4.3 Retirada e confecção dos Corpos de Prova dos Ensaios Mecânicos da placa de solda 71
4.4 COMPOSIÇÃO QUÍMICA...............................................................................................72
4.5 ENSAIO METALOGRÁFICO E QUANTIFICAÇÃO DAS FASES....................................73
4.6 ENSAIO DE DOBRAMENTO..........................................................................................74
14
4.7 ENSAIO DE TRAÇÃO....................................................................................................74
4.8 ENSAIO DE DUREZA....................................................................................................75
4.9 ENSAIO DE IMPACTO...................................................................................................76
4.10 DETERMINAÇÃO DA SUPERFÍCIE DE FRATURA.....................................................76
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................................77
5.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA...............................................................................................77
5.2 ENSAIO METALOGRÁFICO E QUANTIFICAÇÃO DAS FASES....................................79
5.3 ENSAIO DE TRAÇÃO....................................................................................................90
5.4 ENSAIO DE DOBRAMENTO..........................................................................................92
5.5 ENSAIO DE DUREZA....................................................................................................93
5.6 ENSAIO DE IMPACTO...................................................................................................96
5.7 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA..........................................................98
6. CONCLUSÕES.............................................................................................................. 103
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..............................................................104
8. REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 106
15
1. OBJETIVOS
16
2. INTRODUÇÃO
17
sofrer tratamento térmico posterior a solda.
18
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Um aço inoxidável é uma liga de ferro contendo pelo menos 10,5% de cromo
que, em contato com o ar atmosférico, forma uma camada fina de óxido de cromo
impermeável de caráter passivo que protege o material de efeitos corrosivos. Por
este motivo são utilizados em uma ampla gama de aplicações, como por exemplo,
setores de geração de energia e processamento de químicos, em produtos
comerciais como utensílios de cozinha e automobilísticos e em aplicações
higiênicas e sanitárias como a indústria farmacêutica e produção alimentícia [2].
O aço inoxidável é basicamente produzido pela fusão de sucata de aço
inoxidável e outras ligas de ferro ligadas em forno elétrico a arco. Após a fusão, o
aço líquido é vazado para um conversor VOD (Vacuum Oxygen Decarburization) ou
AOD (Argon Oxygen Decarburization), para posterior descarburação e
desgaseificação. O metal líquido encaminhado para a panela sofre ajustes finais de
composição química e é então vazado em moldes. Os produtos podem ser
fabricados pelo processo de fundição convencional, o qual apresenta maior
amplitude de variação das propriedades devido à estrutura dendrítica de fundição e
segregação de elementos, ou através de tratamentos mecânicos de lingotes
advindos dos processos siderúrgicos [3].
Os aços inoxidáveis são um grupo de aços contendo alto teor de elementos
de liga baseado nos sistemas Fe-Cr e Fe-Cr-Ni sendo categorizados baseado nas
fases metalúrgicas presentes no material. As fases são determinadas principalmente
pelos teores de Cr, Ni e C, pois estes são os principais promotores da ferrita,
austenita e martensita. Desta forma existem 5 grupos de aços inoxidáveis: os
martensíticos, ferríticos, austeníticos, duplex e endurecíveis por precipitação [2]. As
características básicas destes aços são:
Ferríticos (classe 4XX): ligas com 12 a 30% de cromo e adições de Mo, Si e
Al que proporcionam a estabilidade da fase CCC ferrítica. São utilizados em
aplicações como sistemas de exaustão automotiva, processamento de químicos e
indústria de papel por exemplo [2].
19
Austeníticos (classes 2XX, 3XX): são ligas contendo Fe, Cr e Ni em sua
composição, sendo que os altos teores de Ni garantem estrutura exclusivamente
austenítica CFC a temperatura ambiente. Apresentam resistência à corrosão, boa
soldabilidade e maior facilidade para conformados mecanicamente [2].
Martensíticos (classe 4XX): são ligas Fe-Cr-C que apresentam de 12 a 18%
de cromo e 0,1 a 0,5% de carbono, o que os torna facilmente endurecíveis por
tratamento térmico através da formação de martensita. As aplicações incluem pás
de turbinas a vapor, gás e motores a jato que operam em temperaturas
relativamente baixas, tubulação de vapor, grandes hidroturbinas, tubulações e
válvulas para coleta e refino de petróleo e revestimento para rolos [1][2].
Duplex (austenita e ferrita): apresentam partes iguais de estrutura
austenítica e ferrítica à temperatura ambiente e são constituídos de 18 a 30% Cr,
1,5 a 4,5% Mo e de adições de elementos formadores e estabilizantes da austenita,
como o níquel (3,5 a 8%) e o nitrogênio (0 a 0,35%). Suas aplicações são
principalmente no ramo da indústria petroquímica (unidades de dessalinização,
dessulfuração e equipamentos para destilação) e papel e celulose (em digestores,
plantas de sulfito e sulfato e sistemas de branqueamento) [1][2].
Endurecíveis por precipitação (classe PH): são ligas cromo-níquel
contendo elementos como Mo, Ti, Cu e Al que precipitam mediante tratamento
térmico e aumentam as propriedades mecânicas como dureza e resistência. Suas
aplicações principais se dão na indústria aeronáutica, petróleo e gás e papel e
celulose [2].
Existem subgrupos originados de estruturas transitórias ou particularidades
analíticas e todos esses aços inoxidáveis podem ser derivados do aço austenítico
básico AISI 304 pela adição ou subtração de um ou mais elementos para obter uma
propriedade específica em preferência a outra, como mostra a figura 3.1.
20
Figura 3.1 - Esquema da classificação dos aços inoxidáveis a partir do AISI 304
Fonte: [4]
3.2 Aços Inoxidáveis Austeníticos
21
(encruamento), possuem limite de escoamento em torno de 210 MPa e uma ótima
soldabilidade se as devidas precauções forem tomadas [1].
Tabela 3.1 - Principais elementos de liga nos aços inoxidáveis e sua solubilidade
máxima em cada fase
. Fonte: [3]
22
funções atribuídas ao níquel, em altos teores de manganês apresentam
propriedades mecânicas como resistência ao desgaste. Presente entre 1 a 2% em
peso nos inoxidáveis austeníticos é adicionado para prevenir trincas a quente, pois
este combina-se com o enxofre e o retira da solução formando MnS. Além disso, o
Mn é adicionado para estabilizar a austenita em baixas temperaturas e prevenir a
transformação martensítica [1][3].
O silício é adicionado para desoxidação de metal durante o estado líquido,
porém é formador de vários silicetos de ferro (FeSi, Fe 2Si, Fe3Si, Fe5Si3) e o
intermetálico Cr3Si, os quais tendem a fragilizar a estrutura, e expande a faixa de
composição sobre a qual a fase sigma se forma. O silício segrega durante a
solidificação, resultando na formação de constituintes eutéticos de baixo ponto de
fusão, particularmente em combinação com níquel (NiSi, Ni 3Si2), porém por
melhorar a fluidez do aço fundido pode ser adicionado em quantidades um pouco
acima do normal nos metais de solda [1][3].
O molibdênio melhora a resistência à corrosão em meios não oxidantes e à
corrosão por pites em todos os meios. É fortemente formadora de ferrita e pode
provocar o aparecimento de fases intermetálicas como a fase de Laves (Fe 2Mo) e a
fase Fe36Cr12Mo10. Além destas o molibdênio estabiliza o carboneto M 6C, e colabora
no aumento da resistência em altas temperaturas e resistência à corrosão em meios
redutores [2][3].
O carbono estabiliza a austenita, permite o endurecimento por tratamento
térmico, melhora a resistência dos aços em aplicações a elevadas temperaturas e
em conjunto com o ferro forma carbonetos duros resistentes ao desgaste. A
presença de carbonetos, entretanto, principalmente associados ao cromo, pode
contribuir para a sensitização do aço e promover a corrosão intergranular. Desta
forma o Ti e o Nb podem ser adicionados pois evitam a ocorrência da combinação
do carbono com o cromo por se ligarem preferencialmente ao C prevenindo a não
formação de carbonetos de cromo evitando uma baixa resistência à corrosão [2][3].
O nitrogênio em aços inoxidáveis austeníticos aumenta a resistência à
corrosão por pites, retarda a formação da fase sigma e endurece o aço. Ele é
essencial nos tipos duplex para aumentar a fração de austenita, diminuir a
segregação de cromo e molibdênio e elevar a resistência à corrosão da fase
austenítica [2].
23
3.2.2 Diagramas de Fases
Fonte: [4]
24
pois a segunda letra fornece uma indicação do teor nominal de ferro, níquel e cromo,
conforme figura 3.3. O terceiro dígito representa o teor máximo de carbono permitido em
unidades de 0,01%, no CF8 0,08% de carbono [5].
Fonte: [2]
A composição química e as propriedades mecânicas do CF8 especificado pela
norma A351 é mostrada na figura 3.3, outras propriedades como ponto de fusão e
condutividade térmica são mostradas na tabela 3.2.
Fonte: [1]
25
Embora as classes austeníticas forjadas possuam uma microestrutura
monofásica, seus equivalentes fundidos geralmente têm uma pequena quantidade
de ferrita misturada com a austenita. A ferrita é benéfica na redução da potencial
para rachaduras por corrosão sob tensão por dificultar a segregação de elementos
de baixo ponto de fusão, melhora características de fundição e resistência
mecânica, e é benéfica para a soldabilidade e o reparo por solda porque minimiza
as rachaduras quentes que podem ocorrem na soldagem de austeníticos.
Apesar dos austeníticos forjados não serem magnéticos, seus equivalentes
fundidos geralmente contêm de 5 a 40% de ferrita e são parcialmente magnéticos.
Por exemplo, forjado o tipo 304 não é magnético, mas seu equivalente fundido, CF8,
possui ferrita em sua microestrutura e é parcialmente magnético [8].
Fonte: [2]
26
Figura 3. 5 - Relação do tipo de solidificação com o diagrama de fases.
27
Figura 3.6 - Solidificação com formação primária de austenita. Tipo A: a) dendritas
de austenita monofásicas com solidificação tipo A; Tipo AF: b) ferrita interdendrítica
c) ferrita intercelular.
28
Figura 3.7 - Solidificação com formação primária de ferrita. Tipo FA: a) ferrita
esqueleto/ vermicular, b) ferrita rendilhada; Tipo F: c) Austenita Widmanstätten nos
contornos de grão ferríticos.
29
Figura 3.8 - Diagrama dos modos de solidificação.
30
eutéticas e colunares se formam entre as dendritas primárias de ferrita na reação
das três fases (L+ferrita+austenita). Com o avanço da solidificação direcional,
diversas colônias de eutético desaparecem gradualmente, em função da
transformação no estado sólido de ferrita para austenita. Por fim, quase todas as
colônias desaparecem, restando somente uma microestrutura final denominada de
“esqueleto” de ferrita - ferrita skeletal. Assim a morfologia principal de solidificação
do aço inoxidável CF8 é uma matriz austenítica com presença de ilhas de esqueleto
de ferrita dispersas [9].
31
Figura 9 - Diagrama de Schaeffler para diferentes valores de Cr e Ni equivalentes.
Fonte: [4]
32
Figura 3.10 - Diagrama de Schoefer ; Figura 3.11 - Influência do teor de ferrita na
resistência mecânica do aço inox CF8
Fonte: [1]
33
decomposição desta ferrita em austenita e fase sigma. Ambos constituintes
formados atuam como fragilizantes nos aços inoxidáveis. A figura 3.12 ilustra as
possíveis transformações que ocorrem nos aços inoxidáveis austeníticos em função
do tempo e da temperatura [10].
Fonte: [10]
Neste diagrama pode-se ver que algumas fases frágeis podem ocorrer nos
aços inoxidáveis dependendo do tempo que em o material permanece em cada
34
temperatura. As principais fases e componentes fragilizantes destes aços são: a
precipitação de carbonetos, formação de fase sigma, fase chi e fase de Laves.
Na soldagem destes aços também podem ocorrer alguns fenômenos que
fragilizam a estrutura do material. O diagrama Schaeffler-Bystram na figura 3.13,
pode auxiliar na predição da ocorrência de fragilização por fase sigma e trincas a
quente a partir dos teores de Cr e Ni equivalente, embora não descreva a
precipitação de carbonetos de cromo (Cr 23C6), potencializador da corrosão
intergranular [4].
Adaptado [4]
35
3.5.1 Fase Sigma
Ligas metálicas contendo um elemento de transição B (Fe, Ni, Mn, Co, etc) e
um elemento de transição A (Cr, Ti, V, etc.) podem formar fases intermetálicas cuja
fórmula pode variar de B4A a BA4. A fase sigma (�), figura 3.14, é a mais conhecida
entre os compostos intermetálicos. Em temperaturas entre 480 e 870ºC a ferrita
pode se transformar em fase sigma, assim aços inoxidáveis envelhecidos ou com
bastante tempo considerável exposto a altas temperaturas podem apresentar esta
fase em sua estrutura.
Esta transformação ocorre em algumas horas a 760ºC, mas requer centenas
de horas para acontecer a 540ºC. Deste modo a formação da fase sigma é menos
comum durante a soldagem de aços inoxidáveis austeníticos tradicionais com baixo
teor de carbono, porque o processo é relativamente lento, o que não é o caso de
aços com alto teor de elementos de transição, como aços austeníticos com alto teor
de cromo e molibdênio. Esse risco é evitado diminuindo as energias de soldagem e
acelerando as velocidades de resfriamento, a fim de diminuir o tempo gasto na zona
de temperatura de risco. Isso é válido para a zona fundida e as zonas afetadas [4].
Fonte: [4]
36
3.5.2. Trincas a quente
As trincas a quente são rachaduras que podem ser formadas pela liquação
do grão ou falta de ductilidade no material. O trincamento devido à liquação ocorre
pela presença de fases líquidas nos limites dos grãos a altas temperaturas quando o
metal já é sólido, de forma que qualquer tensão permite a abertura de filmes líquidos
por cisalhamento.
Trincas devido à falta de ductilidade ocorrem a temperaturas inferiores e
principalmente devido à precipitação de certas fases (como carbonetos), que
diminuem a ductilidade do material [4].
Muitas vezes, as rachaduras são iniciadas pela liquação e se propagam
devido à falta de ductilidade, sendo a rachadura da liquação o defeito inicial,
levando a falhas subsequentes. O mecanismo surge do modo primário de
solidificação, e a posição do eutético que delineia os dois modos de solidificação é
definida pelos principais diagramas pela razão:
Cr eq
(equação III)
¿eq =1.5
37
precipitar e modificar a velocidade da precipitação, ou adicionar elementos com uma
maior afinidade pelo carbono do que pelo cromo, geralmente titânio e nióbio, pois a
precipitação destes carbonetos ocorrem em uma faixa de temperatura mais alta do
que aquela em que M23C6 precipitaria, impedindo que o carbono participe desta
última precipitação [4]. A figura 3.15 mostra microestruturas de aços inoxidáveis
austeníticos com precipitação de carbonetos.
Adaptado: [11].
38
Os processos de soldagem são caracterizados pela fusão localizada de uma
pequena quantidade de matéria seguido de um rápido resfriamento, em grande
parte por condução nas partes adjacentes. Na região soldada há uma quantidade de
material de base que se atinge a temperatura de fusão e se mistura com a poça de
fusão, essa proporção com que o metal de base interage com a zona fundida é
definida como coeficiente de diluição e é dado conforme figura 3.16:
Fonte: [12]
39
Figura 3.17 - Representação esquemática das regiões de uma junta soldada.
.
Fonte: [12]
η ×U (V )× I ( A )
Hl(J /mm)= (equação IV)
v (mm/ s)
Fonte: [4]
40
As altas energias fornecidas a peça nos processos de soldagem geram um
gradiente térmico no material que interferem nas características microestruturais de
algumas regiões. A temperatura de pico de uma região pode indicar a possibilidade
de ocorrência de uma mudança microestrutural e a extensão da zona termicamente
afetada. Esta depende das condições de soldagem, das propriedades do material,
da geometria e da temperatura inicial da peça, e da distância da linha de fusão.
Para placas de menor espessura a temperatura de pico pode ser calculada segundo
a equação V:
1 0,0413 ρChy 1
= + (Equação V)
T p−T o❑
H l❑ T f ❑−T o❑
Hl
( Δ t 800/ 500)g = 2 πk ( 1
−
1
500−T o ² ¿ 800−T o¿ ² ) (equação VI)
41
Tabela 3.4 - Velocidades típicas de resfriamento Δt 800-500 de processos de soldagem.
Fonte: [4]
42
Figura 3.19 - Distribuição longitudinal e vertical de tensão residual presente em uma
junta soldada.
Fonte: [4]
As tensões residuais resultantes da soldagem são sobrepostas às tensões
em serviço e, por esse motivo, desempenham um papel em vários fenômenos ou
propriedades como: trincas a frio, resistência à fadiga, ruptura, corrosão por tensão,
etc [4].
43
quentes, muito comum na soldagem de aços inoxidáveis devido às características
dúcteis da matriz austenítica e da segregação de compostos de baixo ponto de
fusão. A quantidade de ferrita e a morfologia desta formada durante a soldagem é
influenciada pela composição química do metal de adição e do metal base diluído, e
das taxas de resfriamento sofrida pelo material [2].
44
Figura 3.20 - Principais tipo de morfologia da ferrita delta a) vermicular; b)
rendilhada; c) acicular; d) globular.
Fonte: [15]
45
incompleta. Esta morfologia é típica para relações Cr eq/Nieq baixas, menores que
1.48 [15][16].
46
3.7.2 Mecanismos de fratura nos aços inoxidáveis austeníticos soldados
Figura 3.21 - Vazios nucleados a partir de: a) inclusões esféricas ricas em Mn e Si;
b) inclusões esféricas em uma solda por eletrodo revestido.
Fonte: [17]
47
diâmetros de grãos para A ZTA. A ferrita é benéfica porque restringe o crescimento
de grãos e evita a quebra por liquação, pois limita a difusão do elemento de
impureza e inibe a umectação de filmes líquidos [17].
A precipitação induzida pela soldagem de carbonetos M 23C6 pode ocorrer até
3 mm do limite da fusão, conforme figura 3.22, dependendo do teor de carbono do
metal base, da velocidade de deslocamento da solda, da entrada de calor e do
tempo em que permaneceu entre temperaturas de precipitação de carbonetos.
Figura 3.22 - Zona afetada pelo calor para solda SMA tipo 304/308. Carbonetos
M23C6 e camada de ferrita intergranulares ricos em Cr (indicados por setas) ao longo
dos limites de grão de austenita adjacentes à zona de fusão.
Fonte: [22]
48
que promovem a microfissuração. Como a fase de ferrita é frágil a baixas
temperaturas, as soldas de aço inoxidável exibem um fenômeno de temperatura de
transição dúctil-frágil [17].
Como a ferrita é dúctil em temperaturas ambiente e elevadas, sua fração de
volume e morfologia não controlam a resposta à fratura nestas temperaturas. As
propriedades da fratura são controladas pela densidade das inclusões de manganês
e silício, que se acredita serem silicatos e silicetos de manganês. As soldas GMAW
e GTAW têm uma densidade de inclusão muito mais baixa ao se comparar com
outros processos de soldagem. As soldas por arco submerso normalmente têm 0,6
a 1,0 % de silício, enquanto as soldas por eletrodo revestido têm cerca de 0,5 -
0,8% de silício e as soldas GMAW e GTAW contêm menos de 0,5% de silício na
maioria dos casos. A baixa densidade de inclusões grosseiras nas soldas GTAW
surge do gás de proteção inerte que protege a piscina derretida do oxigênio e da
falta de fluxo. As soldas GTAW possuem algumas pequenas partículas ricas em
alumínio, mas resistem à fratura e não afetam negativamente as propriedades.
Embora as soldas GMAW sejam significativamente mais limpas do que as soldas
por eletrodo revestido e tubular, a captação de oxigênio do gás de proteção com
argônio-oxigênio aumenta a quantidade de inclusões de óxido no material [17].
Em temperaturas criogênicas, as soldas normalmente exibem maior
resistência e menor tenacidade do que suas contrapartes de metais comuns. A
tenacidade inferior está associada à presença de inclusões não metálicas e ferrita
delta que passam por uma transição dúctil-frágil. Em temperaturas criogênicas, a
fratura por clivagem da ferrita cria uma rede de microfissuras à frente de uma trinca.
Rachaduras subsequentes da matriz de austenita causam um avanço geral da
rachadura. Como as trincas buscam preferencialmente a ferrita delta frágil, a
quantidade relativa de fratura por clivagem observada na superfície da fratura tende
a ser muito maior do que a porcentagem de ferrita delta presente na solda. Além
disso, à medida que a fração volumétrica de ferrita delta aumenta, sua natureza
interconectada fornece um caminho de trinca de baixa energia que reduz a
resistência geral à trinca. Para uma tenacidade ideal, as composições de solda são
ajustadas para produzir a quantidade mínima de ferrita delta que impede a
microfissuração [17].
As soldas GTAW e GMAW mostram consistentemente a maior resistência à
fratura. Estes produzem soldas mais limpas com resistência superior à fratura. Os
49
efeitos do espaçamento de inclusão e do conteúdo de ferrita na tenacidade
criogênica das soldas de aço inoxidável são demonstrados na figura 3.23.
Fonte: [17]
50
3.8 Processo de Soldagem GTAW
51
3.8.1 Eletrodo
3.8.2 Polaridade
Fonte: [19]
52
Eletrodo de corrente contínua negativo (CC-): chamada de polaridade
reta, é a mais comum e utiliza o eletrodo conectado ao terminal negativo da fonte de
alimentação, de forma que os elétrons são emitidos pelo eletrodo e acelerados pelo
arco. Para que esta emissão ocorra uma grande quantidade de energia, chamada
função de trabalho, é necessária, porém, quando o elétron entra na peça de
trabalho, uma quantidade de energia (íons positivos) equivalente à função de
trabalho é liberada [18]. Assim na polaridade CC- a maior parte da energia está
localizada na extremidade do arco, e cerca de 30% no fim do eletrodo, de forma que
a solda produzida é estreita e profunda [19].
53
O argônio, com peso molecular igual a 40 e potencial de ionização de 15.7
eV, é o gás de proteção mais utilizado. Quando comparado ao hélio, peso molecular
igual a 4 e potencial de ionização de 24.5 eV, devido ao maior peso molecular do Ar
uma proteção mais efetiva e uma melhor ação de limpeza de óxidos é
proporcionada. O Ar é mais ionizável, portanto, o arco é iniciado mais facilmente e
possui maior estabilidade, entretanto, para um mesmo comprimento de arco,
proporciona menor penetração que o He [18][19]. Isto é particularmente vantajoso
na soldagem manual contra o derretimento excessivo da região soldada, e na
soldagem em posições verticais. Além de todas estas vantagens o preço do argônio
é menor [19].
A vazão do gás está associada ao diâmetro do bico de gás, o qual é
escolhido de acordo com o tamanho da poça de fusão. As vazões excessivas
causam turbulência no fluxo de gás e pode aspirar a contaminação atmosférica na
piscina de solda. Baseado nos principais tipos de tochas utilizados, as vazões
típicas de gás de proteção variam de 7 a 16 litros por minuto para o Ar e 14 a 24
L/min. para o He [19].
A soldagem GTAW é adequada para unir seções finas devido à sua limitada
entrada de calor e, pelo fato de a taxa de alimentação do metal de adição depender
pouco da corrente de soldagem, é possível variar a quantidade relativa da fusão do
metal base e da fusão do metal de forma que o controle da diluição e da entrada de
energia na solda pode ser alcançado sem alterar o tamanho da solda [18]. A
soldagem GTAW também pode ser usada para soldar juntas apenas por fusão, sem
54
a adição de metais de adição, conhecida como soldagem autógena, com qualidade
superior em altas velocidades, sem respingos e geralmente com poucos defeitos.
Por ser um processo de soldagem muito limpo, pode ser usado para soldar
metais reativos, como titânio e zircônio, alumínio e magnésio. As soldas podem ser
feitas em qualquer posição e as aplicações são quase ilimitadas, de forma que
quase todos os metais, incluindo metais diferentes, podem ser soldados [19].
A principal limitação da soldagem GTAW é a baixa taxa de deposição, pois é
necessário um baixo aporte térmico uma vez que correntes de soldagem excessivas
podem causar a fusão do eletrodo de tungstênio e resultar em inclusões
quebradiças de tungstênio no metal de solda [18]. Este processo também requer um
pouco mais de destreza e coordenação do soldador que o utiliza, em comparação à
soldagem a arco de metal com gás (GMAW) [19].
55
Figura 3.26 – Componentes do equipamento GTAW na área de solda.
Fonte:Adaptado [19]
56
Figura 3.27 - Esquema dos componentes do equipamento de soldagem GTAW
Fonte: [18]
A pistola guia o eletrodo consumível, conduz a corrente elétrica e
direciona o gás de proteção para a peça de trabalho. A combinação da alimentação
do eletrodo e da fonte de energia promovem a autorregulação desejável do
comprimento do arco.
O modo pelo qual o metal é transferido para a poça de fusão pode ser
transferência em curto-circuito, transferência globular e transferência por spray, e
este é determinado por fatores como: tipo e polaridade da corrente de solda;
diâmetro, extensão e posição do eletrodo; composição do gás de proteção.
57
entra em contato físico com a poça de solda derretida e é transferido, podendo
chegar até 200 curto-circuitos por segundo [20]. Este modo de transferência produz
uma pequena poça de fusão, de rápido resfriamento, o que a torna ideal para junção
das seções, soldagem fora de posição e para ligar grandes aberturas de raízes,
uma vez que o metal é transferido do eletrodo para a peça de trabalho somente
durante o período em que o eletrodo está em contato com a poça de fusão [19].
O gás de proteção utilizado tem influência na tensão superficial do metal
fundido, podendo afetar significativamente o tamanho da gota e a duração do curto-
circuito, além de influenciar as características de operação do arco e a penetração
no metal base. O dióxido de carbono geralmente produz altos níveis de respingos
comparados ao argônio, mas também promove uma penetração mais profunda.
Assim ao soldar aços de carbono e baixa liga, misturas de dióxido de carbono e
argônio são geralmente usadas [19].
58
Se o comprimento do arco for muito curto (baixa voltagem) a distância de
queda da gota até a superfície diminui e esta pode tornar-se superaquecida e
desintegrar, produzindo respingos consideráveis. O arco deve, portanto, ser longo o
suficiente para garantir o desprendimento da gota antes de entrar em contato com a
piscina de solda. A soldagem com uma tensão mais alta, entretanto, pode gerar uma
fusão incompleta, penetração incompleta da junta e reforço excessivo da solda [19].
Fonte: [21]
59
Pelo fato de as quedas serem menores que o comprimento do arco, os
curtos-circuitos não ocorrem e os respingos são insignificantes. Outra característica
do modo de transferência por spray é a penetração estreita e profunda. A aplicação
dessa variação de processo em chapas finas pode ser difícil devido às altas
correntes necessárias para produzir o arco de pulverização [19].
60
tendência à formação de óxidos e nitretos ao interagirem com o ar atmosférico. O
oxigênio reage com o carbono no aço fundido e forma monóxido de carbono e
dióxido de carbono, cujos produtos podem resultar em descontinuidades de solda,
como inclusões de escória, porosidade e fragilização de metal de solda [19][22].
O gás de proteção, que pode ser inerte ou ativo, e sua taxa de vazão têm um
efeito pronunciado sobre as características do arco, o modo de transferência do
metal, o perfil de penetração da solda, a velocidade de soldagem e propriedades
mecânicas do metal de solda [22]. A sua taxa de vazão não deve ser muito baixa de
maneira que a solda pode não ser protegida da contaminação atmosférica, e não
muito alta de forma que um fluxo turbulento pode ser criado e introduzir oxigênio e
nitrogênio na zona de solda. Em ambos os casos, a solda pode ser contaminada
com óxidos, nitretos ou porosidades [19].
Os gases ativos são aqueles que interagem quimicamente com a poça de
fusão, como o CO2 e oxigênio, já os gases inertes, argônio e hélio, não interagem
com o material da poça de fusão. Embora possam ser usados separados, a mistura
destes gases, ativo e inerte, proporcionam características desejáveis [20]. Adições
de 1% a 5% de oxigênio ou de 3% a 25% de dióxido de carbono ao argônio
produzem uma melhora notável na estabilidade do arco. A quantidade ótima de
oxigênio ou carbono adicionada ao gás inerte é uma função da condição da
superfície da peça de trabalho, da geometria da junta, da posição de soldagem e da
composição do metal base. Geralmente, 2% de oxigênio ou 8% a 10% de dióxido de
carbono são considerados eficientes.
O oxigênio reduz a corrente de transição de pulverização na qual uma
transferência de pulverização é alcançada, mas ocorre uma maior oxidação do
metal de solda, com uma notável perda de elementos de liga como silício e
manganês [19][20]. A figura 3.30 ilustra os efeitos da adição de oxigênio e CO 2 no
argônio.
61
Figura 3.30 - Efeito relativo das adições de oxigênio versus dióxido de carbono ao
escudo de argônio
62
vez do metal da base, reduzindo assim a penetração efetiva e resultando em
um grande cordão de solda. À medida que a velocidade de deslocamento
aumenta, a energia térmica por unidade de comprimento da solda transmitida
ao metal base pelo arco é aumentada porque o arco atua mais diretamente
no metal base. Com aumentos adicionais na velocidade de deslocamento,
menos energia térmica por unidade de comprimento da solda é transmitida
ao metal base, diminuindo a taxa de fusão do metal base [18].
63
juntas, de que modo os ensaios mecânicos devem ser feitos e quais os critérios de
aceitação para qualificar o procedimento e o processo de soldagem [25].
A geometria e o chanfro de uma junta de solda afeta diretamente a qualidade,
a eficiência da soldagem e a produtividade, por isso variam de acordo com o
processo a ser qualificado. Juntas em V-duplo (também chamadas em X) são
amplamente utilizadas para soldagens mais espessas do que 30 mm, pois
diminuem o peso por unidade de comprimento devido a área da seção transversal
ser quase a metade da junta em V simples. Esta última é em geral a primeira opção
para soldagens menores do que 30 mm, muito utilizadas para a qualificação de
processo TIG, uma vez que taxa de deposição deste não é tão alta ao se comprar
com processos com arame ou eletrodo, e o chanfro em V em placas de menor
espessura garante maior eficiência e produtividade do processo [23].
O ângulo do chanfro deve permitir obter uma boa fusão durante todo o
processo porém, o aumento do ângulo além desse ponto não fornece praticamente
nenhum aumento na resistência do componente e aumenta a área da seção
transversal, podendo resultar em aumento da distorção e/ou tensão residual. A força
de uma solda de filete é determinada pelo tamanho efetivo da garganta, definida
como a distância mínima da face da solda de filete, menos qualquer convexidade, e
da raiz da solda [24].
64
Baseado na geometria da junta e no tamanho efetivo da garganta (T) as
dimensões e quantidade dos corpos de prova para os ensaios mecânicos são
estabelecidas pela ASME seção IX, conforme tabela 3.5 [25].
Fonte: [25]
65
Figura 3.32 - Croqui de corte para qualificação de procedimento
Fonte: [25]
66
Figura 3.33 - Regiões de retirada dos Corpos de Prova de impacto a) chanfro em V
simples; b) chanfro em V duplo.
Fonte: Autoral
67
4. METODOLOGIA
Fonte: Autoral
68
Figura 4.2 - Geometria e dimensões do chanfro aberto na placa fundida para
procedimento de soldagem GTAW.
Fonte: Autoral
Antes de iniciar o processo de soldagem foram esmerilhados
aproximadamente 2 mm de material da superfície do chanfro para garantir que esta
estava limpa e livre de camadas de óxido de modo a garantir a qualidade do
depósito de solda. As placas para qualificação foram inspecionadas por ensaio não
destrutivo de líquido penetrante para garantir que o material de base não
apresentava defeitos como trincas e poros provenientes da fabricação.
69
13L/min com uma bitola de 1,2 mm de diâmetro. O consumível utilizado foi o
ER308LSi da marca OK AUTROD 308LSi com velocidade de alimentação do arame
de solda de 5 m/min.
A composição química dos consumíveis e o número de ferrita informado no
certificado do fabricante são mostrados na tabela 4.2:
70
Figura 4.3 - Croqui com as informações dos passes de solda GTAW
71
Figura 4.5 - Croqui de corte das placas de solda para ensaios mecânicos
72
4.5 ENSAIO METALOGRÁFICO E QUANTIFICAÇÃO DAS FASES
Fonte: [23]
As amostras foram atacadas com dois reagentes com o intuito de revelar as
morfologias e fases presentes na estrutura, bem como possíveis precipitações
73
características dos aços inoxidáveis como carbonetos e fase sigma. Os reagentes
utilizados foram:
74
Foram realizadas medidas de dureza Rockwell B em um durômetro Sussen
Wolpert tipo Testor HTl - laboratório Altona, empregando penetrador esférico de 1/16
mm. Para realizar a identação foi empregada uma carga de 100 Kgf percorrendo
distâncias desde o metal de solda até o metal base. O ensaio foi realizado conforme
norma SA370 - seção II da ASME no CP da macrografia. Os pontos de medição são
indicados na figura 4.7.
Figura 4.7- a) Croqui de dureza HRB – GTAW; b) Croqui de dureza HRB – GMAW
75
4.9 ENSAIO DE IMPACTO
76
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
77
Baseado na composição química obtida foi possível calcular os valores de
cromo e níquel equivalentes no cordão de solda.
Fonte: [4]
78
Utilizando o diagrama de Schaeffler para estimar a microestrutura presente
na solda nota-se que esta relação de cromo e níquel equivalente localiza-se em
uma região que indica a presença das microestruturas austenita e ferrita, e teor de
ferrita em torno de 10% para a soldagem GMAW e 15% para a soldagem GTAW.
Este teor de ferrita sugere que a solidificação é do tipo FA, com formação primária
da ferrita. Dessa forma as principais morfologias que serão vistas nas
microestruturas soldadas, conforme diagrama de Schaeffler, são a ferrita vermicular,
rendilhada e a ferrita acicular, pois todas estas advém da solidificação primária da
ferrita.
Embora os teores de cromo e níquel equivalente do metal de base possam
ser calculados a porcentagem e a morfologia da ferrita presente no metal de base
não é a mesma para a região soldada. As morfologias se diferem pois a ferrita
formada no metal de base provém da solidificação das placas de solda em moldes
de areia, com uma taxa de resfriamento muito menor do que a sofrida pelas regiões
soldadas. Durante a solidificação o material de base resfria lentamente de forma a
fornecer tempo e temperatura suficiente para que haja a redistribuição dos
elementos químicos ao longo da estrutura, de forma a permitir o engrossamento da
ferrita e dispersão da mesma.
79
Figura 5.1 - Inclusões presentes no material soldado por GTAW: a-b-c) metal de
base; d-e-f) solda. Todos os aumentos são de 100x
80
Figura 5.2 - Inclusões presentes no material soldado por GMAW: a-b-c) metal de
base / d-e-f) solda. Todos os aumentos são de 100x
81
teor de óxidos na solda GMAW é comentado na literatura pois este processo muitas
vezes utiliza o Argônio misturado com frações de O 2 ou CO2. Esta quantidade de
oxigênio inserida na poça de solda, embora sirva como proteção contra a atmosfera
externa, frações deste reage com os elementos presentes na poça de fusão, como
por exemplo o Mn e o Si, e forma inclusões de diferentes tamanhos e composições.
As microestruturas obtidas nos ensaios metalográficos da estrutura soldada e
do metal de base atacados são mostradas a seguir. A figura 5.3 mostra as
microestruturas obtidas no metal de base, no estado solubilizado.
82
Figura 5.4 - Microestrutura ZTA a) ZTA raíz GTAW. b)ZTA face GTAW; c)ZTA raíz
GMAW; d)ZTA face GMAW. Ataque Vilella. Aumento de 100x.
83
Figura 5.5 - ZTA das amostras a)GTAW; b) GMAW atacadas com reagente
Murakami. Aumento 200x
84
Figura 5.6 - Morfologias da ferrita no início da zona fundida a) solda GTAW b) solda
GMAW. Ataque com reagente Vilella. Aumento de 200x
85
macrossegregação pode advir do derretimento e/ou a ruptura dos dendritos
celulares ricos em cromo, como por exemplo, a ferrita delta do metal base.
A ferrita rendilhada, também presente em ambas as estruturas possui uma
alta relação Creq/Nieq cuja a origem dessa morfologia é a transformação das células
ferritas primárias em austenita Widmanstatten e ferrita.
A ferrita vermicular indica baixas relações Cr eq/Nieq e FN de 5 a 15. Sua
morfologia é resultado da transformação incompleta de ferrita delta para a austenita,
desta forma fica localizada dentro das dendritas secundárias austeníticas.
Figura 5.7 - Microestrutura da zona fundida. a) solda raíz GTAW; b) solda face
GTAW c) solda raíz GMAW d) solda face GMAW. Ataque com reagente Vilella e
aumento de 200x)
86
87
As figuras 5.7-a e 5.7-a mostram que a raíz de ambas as soldas apresentam
ferritas com menor relação Creq/Nieq, vermicular e esqueleto de ferrita. Na raiz da
solda GTAW é vista a presença de regiões com morfologia rendilhada, enquanto na
raiz da solda GMAW nota-se a presença de uma morfologia acicular. Na face da
solda dos dois processos entretanto, é vista uma diferença significativa na
quantidade de ferrita rendilhada quando comparado com a face da solda GMAW.
Enquanto a solda GMAW apresenta uma mistura entre morfologias com alta e baixa
razão Creq/Nieq, sendo elas do tipo rendilhada, esqueleto de ferrita e vermicular, a
solda GTAW apresenta majoritariamente a ferrita rendilhada ao longo da sua
estrutura.
Através das micrografias percebe-se que não houve indícios de precipitação
de carbonetos ou fase sigma na região soldada nem na zona afetada termicamente.
A não ocorrência destes fenômenos deve-se às altas velocidades de resfriamento
que não mantém a temperatura suficientemente alta para permitir a precipitação
destes componentes na zona termicamente afetada, pois conforme literatura o
material não permanece mais do que 30 segundos entre temperaturas de 800 a
500°C. Os baixíssimos teores de molibdênio presentes no material também auxiliam
na não precipitação destas fases, pois estudos revelam a presença de molibdênio,
88
elemento alfagênico, aumentam consideravelmente a cinética destas reações,
tornando a sua ocorrência muito possível.
Através do Software ImageJ - processamento e análise de imagens - foi
realizado a quantificação das fases presentes na estrutura do metal de base,
conforme figura 5.8, sendo a fase clara ferrita e a fase escura austenita..
Figura 5.8 - Método de quantificação por imagem das frações de ferrita: a) metal de
base soldado para solda GTAW; b) solda GTAW c) metal de base para solda
GMAW d) solda GTAW
89
A fração de ferrita estipulada pelo programa para o metal de base da solda
GTAW foi de 8.91%, enquanto para o metal de base da solda GMAW foi de 7.89 %.
As ferritas delta do metal base são provenientes da solidificação do metal na
produção das placas de solda, de forma que a baixa taxa de resfriamento permite
que estas sejam absorvidas por difusão pela matriz austenítica e apresentem
maiores tamanhos.
O cordão de solda apresenta maiores valores de ferrita em relação ao metal
de base pois a taxa de resfriamento é muito alta e não há tempo suficiente para os
elementos alfagênicos difundirem-se para a austenita. Utilizando a equação VI do
capítulo 3 foram calculados os tempos de resfriamento entre 800/500°C
experimentados pela solda. Nestes cálculos a solda GTAW levou 3.7 segundos para
passar por esta faixa de temperatura, enquanto a solda GMAW levou 5,48
segundos.
90
Gráfico 5.2 - Resultados do ensaio de tração das amostras soldadas em GTAW e
GMAW
91
metal de base obtida por microscopia óptica e quantificada pelo software ImageJ
também informou teores relativamente maiores de ferrita para o metal de base
GTAW, 8.91% contra 7.89% no metal de base GMAW..
Ao avaliar os corpos de prova pode-se perceber que a região da solda
continua praticamente com a mesma espessura do início do ensaio, mostrando que
a deformação concentra-se no metal de base, que apresenta teores de ferrita delta
bem menores quando comparado a solda, que possui um teor de ferrita maior
espalhado de forma mais refinada ao longo da zona fundida, conforme visto nos
ensaios metalográficos.
Figura 5.9 - Corpos de Prova de tração com ruptura no metal base dos processos.
a) GMAW; b) GTAW
92
soldagem, GTAW e GMAW, não apresentaram indicações de fissuras na região
soldada, indicando boa sanidade da solda e comportamento dúctil da solda a
temperatura ambiente.
93
Os resultados de dureza Rockwell B obtidos no durômetro de bancada ao
longo da seção transversal da solda estão compilados no gráfico 5.3.
Gráfico 5.3 - Resultado do ensaio de dureza HRB realizado nas diferentes regiões
da seção transversal da placa soldada
94
Gráfico 5.4 - Resultados do ensaio de microdureza vickers ao longo da seção
transversal da solda
Tabela 5.4 - Dureza média das fases e morfologias presentes no material soldado.
95
As medidas apontam que as fases menos duras são a austenita e a ferrita
com morfologia vermicular. Esta morfologia é a que possui menor relação Cr eq/Nieq e
sua solidificação é do tipo AF, a ferrita é formada primeiro e em seguida é
consumida pela austenita através de mecanismos de difusão. A medida que a ferrita
é consumida através de difusão a quantidade de elementos segregados nesta
região diminui, auxiliando na diminuição da dureza desta fase. Por este motivo a
morfologia vermicular apresenta menor teor de ferrita e seus menores valores de
dureza vão de encontro com a literatura.
As morfologias rendilhada, acicular e a ferrita delta presente no metal de
base são as morfologias com maiores valores de dureza obtidos. Esta dureza
superior é proveniente da alta relação Cr eq/Nieq e da alta concentração de elementos
alfagênicos em sua composição, que estabilizam a estrutura CCC, mais resistente.
Estas são as fases com maior número de ferrita e que podem conter quantidade
considerável de elementos segregados durante a solidificação.
96
Após a realização do ensaio de impacto os corpos de prova foram recolhidos
para realizar a medição da expansão lateral sofrida pelo material na região da
fratura. Os valores médios de expansão lateral obtidos para cada uma das regiões
avaliadas são mostrados na tabela 5.5.
97
Os valores de impacto obtidos na ZTA da solda GMAW também são menores
que os obtidos da solda GTAW. Através das micrografias é possível perceber que a
linha de fusão da solda GTAW apresenta menores frações de ferrita acicular,
associada à frente de segregação devido à sua alta relação Creq/Nieq (> 2). Esta
diferença pode ser explicada através da energia de soldagem aplicada em cada
processo pois, a solda GMAW possui maiores valores de aporte térmico que na
linha de fusão com o material de base impõem maior quantidade de energia sobre
as ferritas deltas do metal de base quebrando-as e aumentando a fração de Creq/Nieq
da região e formando maior quantidade de ferrita acicular.
A respeito da diferença na tenacidade da solda GTAW e GMAW é possível
perceber que a solda GMAW, mesmo apresentando menores quantidades de ferrita
rendilhada em sua microestrutura, apresenta menores valores de ferrita rendilhada e
expansão lateral que a solda GTAW. Esta constatação vai contra a teoria que indica
menores valores de tenacidade para as morfologias rendilhada e acicular em
relação a tenacidade das morfologias vermicular e esqueleto, vistas em grande
quantidade da solda GMAW.
98
Figura 5.12 - MEV da superfície do C.P de impacto da face da solda GTAW e
GMAW. Solda face GTAW com tenacidade ao impacto de 75J à -196°C: a) 25x b)
1000x c) 3000x; Solda face GMAW com tenacidade ao impacto de 36J à -196°C:
a) 25x b) 1000x c) 3000x.
99
globulares no centro de nucleação dos alvéolos. Estes são menores e aparecem em
maior quantidade ao se comparar com o mesmo aumento na figura 5.12-c,
mostrando uma maior quantidade de inclusões na fratura da solda GMAW.
Observando a figura 5.12-d percebe-se uma superfície mais plana em relação
a`figura 5.12-a, indicando que houve uma menor resistência para a propagação da
fratura ao longo do material após a nucleação e crescimento dos alvéolos.
A superfície de fratura do corpo de impacto da ZTA face dos dois processos
de soldagem também foi analisado por microscopia eletrônica e é mostrada na
figura 5.13.
100
nos contornos desta região há a formação de pequenos alvéolos indicando que a
fratura foi iniciada de forma dúctil e depois se propagou pelos contornos de grão.
Na fratura da ZTA da solda GMAW, figura 5.13-d, é possível observar um
mecanismo de fratura por clivagem, onde a superfície de fratura apresenta uma
morfologia facetada, indicando que não houve deformação plástica naquela região.
A superfície pode ser vista mais detalhadamente nas figuras 5.13-e e 5.13-f. No
interior destes vazios não são detectados alvéolos, indicando que a fratura já iniciou
com caráter frágil.
A figura 5.14 mostra mais algumas imagens da ZTA face da soldagem
GMAW, na região próxima ao entalhe do C.P de impacto Charpy.
Figura 5.14 - Superfície de fratura da ZTA face na solda GMAW próxima ao entalhe.
a) 35x b) 110x c) 1000x
101
Figura 5.15 - Resultado e espectroscopia de energia dispersiva na solda GMAW.
102
6. CONCLUSÕES
103
cordão de solda e das adjacências apresentaram comportamento dentro das
especificações de norma.
104
7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
105
8. REFERÊNCIAS
[12] - Welding Metallurgy and Weldability, First Edition. John C. Lippold. © 2015 John
Wiley & Sons, Inc. Published 2015 by John Wiley & Sons, Inc.
106
[13] - Welding Theory and Practice - Ed. Olson D.L.; Dixon R. and Liby A.L. -
Elsevier Science Publishers B.V. - 1990
[14] - Marques, P.V; Modenesi, P.J. - Algumas equações úteis em soldagem -
Soldag. insp. vol.19 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2014
[15] - David, S. A. - Ferrite Morphology and Variations in Ferrite Content in Austenitic
Stainless Steel Welds. - Welding Journal (Miami, Fla) - 1981
[16] - Ferritic-Austenitic Solidification Mode in Austenitic Stainless Steel Welds
[17] - W. J. Mills - Fracture toughness of type 304 and 316 stainless steels and their
welds, International Materials Reviews, 42:2, 45-82 - 1997
[18] - Welding Metallurgy - Second Edition. Sindo Kou - Copyright - 2003 John Wiley
& Sons, Inc.
[19] - Welding Handbook - Welding Processes, Part 2 - Vol. 2 - 9° Ed. - AWS - 2004
[20] - Gas Metal Arc Welding - Product and Procedure Selection - Edited by Jeff
Nadzam - Lincoln Electric -
[21] - Jones, L. A., Eagar, T.W., and Lang, J. H., Weld. J., - Magnetic forces acting on
molten drops in gas metal arc welding - Jones, L. A., Eagar, T.W., and Lang, J. H.,
Weld. J.,
[22] - Welding Metallurgy and Weldability, First Edition. John C. Lippold. © 2015 John
Wiley & Sons, Inc. Published 2015 by John Wiley & Sons, Inc.
[23] - Advanced Materials and Engineering Materials VIII - 8th International
Conference on Advanced Materials and Engeneering Materials - ICAMEN 2019 -
Edited by Prof. Peng Sheng Wei - Trans Tech Publications Ltd
[24] - Fillet Welds to Groove Welds: Understanding Weld Anatomy and Joint
Geometry - Hobart Filler Metals - Acesso em 05/10/2019 às 7:31 em:
https://www.hobartbrothers.com/news/300/523/Fillet-Welds-to-Groove-Welds-
Understanding-Weld-Anatomy-and-Joint-Geometry.html
[25] - AMERICAN SOCIETY OF MECHANICAL ENGENIEERS - Welding Procedures
and Welders Qualification - ASME Seção IX - Ed. 2015
[26] - Murta, M.C.J - Análise de inclusões não metálicas em aço por espectrometria de
emissão óptica associada ao sistema Spark-DAT - UFMG - 2013
107