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Ciência e

Tecnologia dos
Materiais
Aula 4
Prof. Felipe B. Marques
felipebmarques2006@hotmail.com

Nova Venécia
2015
Revisão
• Estruturas Cristalinas
o Células Unitárias
• Número de Coordenação
• Fator de Empacotamento Atômico (FEA)
• Densidade
o Polimorfismo e Alotropia
o Planos e Direções Cristalinos – Determinação da estrutura cristalina
o Monocristais
o Policristais
o Anisotropia e Isotropia
o Sólidos amorfos
Imperfeições dos Sólidos
• Porque estudar as imperfeições?

o Até agora vimos uma estrutura cristalina perfeita, em perfeita ordenação


(sólido utópico)

o As propriedades de alguns materiais são profundamente influenciadas


pela presença de imperfeições.

o Por exemplo, as propriedades mecânicas de metais puros experimentam


alterações significativas quando estes são ligados (isto é, quando átomos
de impurezas são adicionados), por exemplo, a prata de lei (92,5% prata
- 7,5% cobre) é muito mais dura e resistente do que a prata pura.
O QUE É UM DEFEITO?
• É uma imperfeição ou um "erro" no arranjo
periódico regular dos átomos em um cristal

• Podem envolver uma irregularidade


o Na posição dos átomos
o No tipo de átomos

O tipo e o número de defeitos dependem do material, do meio


ambiente, e das circunstâncias sob as quais o cristal é processado.

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IMPERFEIÇÕES ESTRUTURAIS

• Uso de defeitos no controle de propriedades


IMPERFEIÇÕES STRUTURAIS

• São classificados de
acordo com sua
geometria ou dimensões

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IMPERFEIÇÕES ESTRUTURAIS
• Defeitos Pontuais
o Associados c/ 1 ou 2 posições atômicas

• Defeitos lineares
o Uma dimensão

• Defeitos planos ou interfaciais


o (fronteiras) duas dimensões

• Defeitos volumétricos
o Três dimensões

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IMPERFEIÇÕES ESTRUTURAIS
IMPERFEIÇÕES ESTRUTURAIS
 Defeitos Pontuais
Referente as posições atômicas

 Defeitos lineares
Unidimensional
IMPERFEIÇÕES
ESTRUTURAIS
• Defeitos planos ou interfaciais
• Contornos bidimensionais

• Impurezas
• Átomos de impurezas
podem existir como
defeito pontual
DEFEITOS PONTUAIS
Impurezas

Átomos
Intersticiais

Lacunas, Vacâncias
• Inexistência de um átomo, onde deveria
haver continuidade

• Todos os sólidos cristalinos contêm lacunas.


Na realidade, não é possível criar um material
que esteja isento desse tipo de defeito.

• A necessidade da existência de lacunas é


explicada utilizando-se os princípios da
termodinâmica; essencialmente, a presença
de lacunas aumenta a entropia (isto é,
aleatoriedade) do cristal.
LACUNAS/VACÂNCIAS
• Número de Vacâncias equilíbrio:

• Qv = Energia requerida p/ formação da vacância


• k = Constante de Boltzman (8,62 x10-5 eV/átomo)
• T = Temperatura (Kelvin)
• N = número total de sítios atômicos

NA = Número de Avogadro (6,023x10²³ átomos/mol)


𝜌 = densidade (g/cm³)
Acu = Peso atômico (no caso para o cobre, mas pode
ser para qualquer átomo)
LACUNAS/VACÂNCIAS
• Exercício resolvido:
Calcule o número de lacunas por metro cúbico no Ferro a 850
ºC. A energia para a formação de lacunas é de 1,08 eV/átomo.
Adicionalmente a densidade e o peso atômico para o Fe são
7,65 g/cm3 e 55,85 g/mol, respectivamente
LACUNAS/VACÂNCIAS
• Exercício resolvido:
• N v = ? / m3
• T = 850 ºC = 1123 K
• QFe = 1,08 eV/atomo Reparem nas unidades
• ρ = 7,85 g/cm3
• Afe = 55,85 g/mol

Nv = 1,18 x 1018 /cm3 = 1,18 x 1024 /m3


AUTO INTERSTICIAIS

• Átomo igual ao da matriz,


porém cresce em um espaço
menor do que o tamanho do
átomo.

• Distorce a rede
o Muito maior que o interstício

• Menos comum que a


vacância
IMPUREZAS EM SÓLIDOS
• SEMPRE há (átomos estranhos) presentes
• Mesmo com técnicas sofisticadas é dificil refinar metais até
uma pureza que seja superior a:

 99,9999% = 1022 a 1023 átomos de impurezas por m3

• Normalmente, presença de impurezas promove a


formação de defeitos pontuais
• Ordinariamente, a formação de ligas é utilizada em metais
para aumentar a sua resistência mecânica e sua
resistência à corrosão
• Exemplo:
o Aço = Ferro + Carbono
o Duralumínio = Aluminio + Cobre
IMPUREZAS EM SÓLIDOS
 A adição de átomos de impurezas a um metal irá
resultar na formação de uma solução sólida e/ou uma
nova segunda fase, dependendo dos tipos de
impurezas, de suas concentrações, e da temperatura
da liga

 Com relação às ligas os termos normalmente


empregados são: SOLUTO E SOLVENTE
o SOLVENTE: átomo ou composto presente em maior quantidade;
ocasionalmente estes são chamados de átomos hospedeiros/matriz
o SOLUTO: é usado para indicar um elemento ou composto presente em
menor concentração
IMPUREZAS EM SÓLIDOS
• As impurezas são adicionadas intencionalmente
com a finalidade:
o aumentar a resistência mecânica
o aumentar a resistência à corrosão
o Aumentar a condutividade elétrica
o Variadas propriedades, etc
SOLUÇÕES SÓLIDAS
A adição de impureza nos metais irá levar a formação de
“soluções sólidas” e/ou uma segunda fase dependendo
da :
• Temperatura
• Tipo de impureza
• Concentração da impureza

As condições de avaliação serão:

Soluções sólidas < limite de solubilidade


Segunda fase > limite de solubilidade

• Onde:
o Impureza: soluto (< quantidade)
o Hospedeiro: solvente (>quantidade) ou matriz
SOLUÇÕES SÓLIDAS
• Defeitos pontuais devidos à presença de impurezas são
encontrados em soluções sólidas:
o Substitucional
o Intersticial

• Substitucional: os átomos do soluto ou átomos de impurezas


tomam o lugar dos átomos hospedeiros ou os substituem:

• Fatores que afetam nessa substituição:


o Fator do tamanho atômico: Quantidades apreciáveis de um soluto podem ser
acomodadas neste tipo de solução sólida somente quando a diferença entre os
raios atômicos dos dois tipos de átomos é menor do que aproximadamente ±15%.
De outra forma, os átomos do soluto irão criar distorções substanciais na rede
cristalina e uma nova fase irá se formar.

o Estrutura cristalina: Para que a solubilidade dos sólidos seja apreciável, as estruturas
cristalinas para os metais de ambos os tipos de átomos devem ser as mesmas.

o Eletronegatividade: Quanto mais eletropositivo for um elemento e mais


eletronegativo for o outro, maior é a tendência de que eles venham a formar um
composto intermetálico em lugar de uma solução sólida substitucional.

o Valências: Sendo iguais todos os demais fatores, um metal terá uma maior
tendência de dissolver um outro metal de maior valência do que um de menor
valência.
SOLUÇÕES SÓLIDAS
• Exemplo: O cobre e o níquel formam um exemplo
de solução sólida substitucional. Esses dois
elementos são completamente solúveis um no
outro, em qualquer proporção.

Cu Ni
Raio atômico 0,128nm=1,28 A 0,125 nm=1,25A
Estrutura CFC CFC

Eletronegatividade 1,9 1,8

Valência +1 (as vezes +2) +2


SOLUÇÕES SÓLIDAS
Soluções Sólidas intersticiais

• Os átomos de impurezas ocupam os espaços


dos interstícios

• Materiais metálicos
o Geralmente tem fator de empacotamento alto e as
posições intersticiais são relativamente pequenas

• Normalmente, no máximo 10% de impurezas


são incorporadas nos interstícios

• Mesmo os átomos de impurezas muito pequenos são


geralmente maiores do que os sítios intersticiais, e como
consequência eles introduzem alguma deformação
na rede cristalina sobre os átomos hospedeiros
adjacentes.
SOLUÇÕES SÓLIDAS
• Exercício:
• Na Tabela, seguem os valores de raio atômico,
estrutura cristalina, eletronegatividade e as
valências mais comuns para vários elementos:
Considerando o elemento cobre sob a ótica de
soluções solidas diga quais deles poderiam formar
uma solução sólida substitucional com total
solubilidade?
SOLUÇÕES SÓLIDAS
• Observe a tabela:

• FCC = CFC
• HCP = HC
• BCC = CCC
SOLUÇÕES SÓLIDAS
• Resultado: Elemento ∆R% Estutura ∆Eletronegatividade Valência

Ni, Pd e Pt Cristalina

Cu CFC 2+
C -44
H -64
O -53
Ag 13 CFC 0 1+
Al 12 CFC -0,4 3+
Co -2 HC -0,1 2+
Cr -2 CCC -0,3 3+
Fe -3 CCC -0,1 2+
Ni -3 CFC -0,1 2+
Pd -8 CFC +0,3 2+
Pt -9 CFC +0,3 2+
Zn 4 HC -0,3 2+
DEFEITOS LINEARES:
DISCORDÂNCIAS
 Defeito linear ou unidimensional em torno do qual
alguns dos átomos estão desalinhados :
 Aresta/Cunha
 Espiral/Hélice
 Mista
DEFEITOS LINEARES:
DISCORDÂNCIAS EM ARESTA
• Uma porção extra de um plano de átomos, ou semi-
plano, cuja aresta termina no interior do cristal
• Defeito linear, centralizado em torno da linha que fica
definida ao longo da extremidade do semi-plano de
átomos adicional. Isto é algumas vezes conhecido por
linha de discordância
DEFEITOS LINEARES:
DISCORDÂNCIAS
 Espiral

• Produz uma distorção na rede cristalina


DEFEITOS LINEARES:
DISCORDÂNCIAS
 Mista

 A maioria das
discordâncias
encontrada em
materiais cristalinos não
é provavelmente nem
uma discordância
puramente aresta nem
uma discordãncia
puramente espiral,
porém exibe
componentes que são
característicos de
ambos os tipos; essas
são conhecidas por
discordâncias mistas
CONSIDERAÇÕES GERAIS:
DISCORDÂNCIAS
• Com o aumento da temperatura há um
aumento na velocidade de deslocamento
das discordâncias favorecendo o
aniquilamento mútuo das mesmas e
formação de discordâncias únicas

• Impurezas tendem a difundir-se


(movimentar na rede cristalina) e
concentrar-se em torno das discordâncias
formando uma atmosfera de impurezas

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CONSIDERAÇÕES GERAIS:
DISCORDÂNCIAS
• O cisalhamento se dá mais facilmente nos planos
de maior densidade atômica, por isso a
densidade das mesmas depende da orientação
cristalográfica

• As discordâncias geram vacâncias

• As discordâncias influem nos processos de


difusão

• As discordâncias contribuem para a deformação


plástica

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DEFEITOS PLANOS
OU INTERFACIAIS
• Envolvem fronteiras (defeitos em duas dimensões) e
normalmente separam regiões dos materiais de
diferentes estruturas cristalinas ou orientações
cristalográficas

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DEFEITOS PLANOS OU
INTERFACIAIS
• Possuem duas dimensões e normalmente separam
as regiões dos materiais
o possuem diferentes estruturas cristalinas e/ou orientações cristalográficas.

• Essas imperfeições incluem:


o superfícies externas
o contornos de grão
o contornos de macla
o falhas de empilhamento
o contornos de fases
CONTORNO DE GRÃO
o Corresponde à região que separa dois ou mais cristais de orientação
diferente em materiais policristalinos

um cristal = um grão

o No interior de cada grão todos os átomos estão


arranjados segundo um único modelo e única orientação,
caracterizada pela célula unitária

Material com apenas uma orientação


cristalina, ou seja, que contém apenas um
grão é chamado de monocristal

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GRÃO
• A forma do grão é controlada:
- pela presença dos grãos circunvizinhos

• O tamanho de grão é controlado


- Composição
- Taxa de cristalização ou solidificação

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CONTORNO DE GRÃO
A forma do grão é
controlada:
- pela presença dos
grãos
circunvizinhos

O tamanho de grão é
controlado
- Composição
- Taxa de cristalização
ou solidificação

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GRÃOS

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CONSIDERAÇÕES GERAIS
SOBRE CONTORNO DE GRÃO
• Há um empacotamento menos eficiente

• Há uma energia mais elevada

• Favorece a nucleação de novas fases


(segregação)

• Favorece a difusão

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OBSERVAÇÃO DOS
CONTORNOS DE GRÃO
• Por microscopia utiliza ataque químico específico para
cada material

• O contorno
geralmente
é mais reativo

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SEGUNDA FASE
• Quando não há qualquer percentual de
solubilização entre a matriz e as inclusões, porém
apresenta em alguns casos átomos da matriz junto
com o precipitado

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EXEMPLO DE PARTÍCULAS DE
SEGUNDA FASE

A MICROESTRUTURA É COMPOSTA POR VEIOS DE GRAFITA SOBRE UMA MATRIZ


PERLÍTICA. CADA GRÃO DE PERLITA, POR SUA VEZ, É CONSTITUÍDO POR LAMELAS
ALTERNADAS DE DUAS FASES: FERRITA (OU FERRO-A) E CEMENTITA (OU CARBONETO
DE FERRO). 42

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