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DISCIPLINA:

SEGURANÇA DO TRABALHO

AUTORIA: ALLAN COSTA JARDIM

Multivix-Vitória
Rua José Alves, 301, Goiabeiras, Vitória-ES
Cep 29075-080 – Telefone: (27) 3335-5666
Credenciada pela Portaria MEC nº 259 de 11 de fevereiro de 1999.

Multivix-Nova Venécia
Rua Jacobina, 165, Bairro São Francisco, Nova Venécia-ES
Cep 29830-000 - Telefone: 27 3752-4500
Credenciada pela portaria MEC nº 1.299 de 26 de agosto de 1999

Multivix-São Mateus
Rod. Othovarino Duarte Santos, 844, Resid. Parque Washington, São Mateus-ES
Cep 29938-015 – Telefone (27) 3313.9700
Credenciada pela Portaria MEC nº 1.236 de 09 de outubro de 2008.

Multivix-Serra
R. Barão do Rio Branco, 120, Colina de Laranjeiras, Serra-ES
Cep 29167-172 – Telefone: (27) 3041.7070
Credenciada pela Portaria MEC nº 248 de 07 de julho de 2011.

Vitória, 2014
1

Diretor Executivo: Tadeu Antonio de Oliveira Penina


Diretora Acadêmica: Eliene Maria Gava Ferrão
Diretor Administrativo Financeiro: Fernando Bom Costalonga

NEAD – Núcleo de Educação à Distância

GESTÃO ACADÊMICA - Coord. Didático Pedagógico – Emanuella Fontam

GESTÃO ACADÊMICA - Coord. Didático Semipresencial – Kessya Pinitente Fabiano Costalonga

GESTÃO DE MATERIAIS PEDAGÓGICOS E METODOLOGIA – Denise Bernini

Coord. Geral de EAD – Géssica Germana Fonseca

(Dados de publicação na fonte)

J373 Jardim, Allan Costa.


Segurança do trabalho / Allan Costa Jardim. – Vitória : Multivix,
2014.

111 f. : il. ; 30 cm

Inclui referências.

1. Segurança do trabalho. 2. Ambiente de Trabalho. 3.


Planejamento urbano. I. Rembiski, Fabricia Delfino. II. Faculdade
Multivix.
III. Título.

CDD: 658.38

Segurança do Trabalho
2

Disciplina: ENGENHARIA E SEGURANÇA DO TRABALHO

Autoria:

Primeira edição: 2014

Todos os direitos desta edição reservados à


FACULDADE BRASILEIRA – MULTIVIX VITÓRIA
FACULDADE CAPIXABA DE NOVA VENÉCIA – MULTIVIX NOVA VENÉCIA
FACULDADE NORTE CAPIXABA DE SÃO MATEUS – MULTIVIX SÃO MATEUS
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA – MULTIVIX SERRA
http://www.multivix.edu.br

Segurança do Trabalho
3

SUMÁRIO

1º BIMESTRE.................................................................................................. 9
1 INTRODUÇÃO................................................................................ 10
1.1 CONCEITO DE SEGURANÇA DO TRABALHO................................. 11

2 LEGISLAÇÃO E NORMAS REGULAMENTADORAS ..... 12


2.1 NORMAS REGULAMENTADORAS – SEGURANÇA E SAÚDE DO
TRABALHO......................................................................................... 12
2.1.1 NR 1 DISPOSIÇÕES GERAIS.................................................................... 16
2.1.2 NR 2 INSPEÇÃO PRÉVIA......................................................................... 16
2.1.3 NR 3 EMBARGO OU INTERDIÇÃO............................................................. 16
2.1.4 NR 4 SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM

MEDICINA DO TRABALHO – SESMT........................................................ 16


2.1.5 NR 5 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES....................... 14
2.1.6 NR 6 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL....................................... 14
2.1.7 NR 7 PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL......... 15
2.1.8 NR 8 EDIFICAÇÕES................................................................................ 15
2.1.9 NR 9 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS....................... 15
2.1.10 NR10 SERVIÇOS EM ELETRICIDADE........................................................ 15
2.1.11 NR 11 TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE

MATERIAIS............................................................................................ 15
2.1.12 NR 12 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS....................................................... 16
2.1.13 NR 13 CALDEIRAS E VASOS DE PRESSÃO................................................ 16
2.1.14 NR 14 FORNOS..................................................................................... 16
2.1.15 NR 15 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES....................................... 16
2.1.16 NR 16 ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS......................................... 16
2.1.17 NR 17 ERGONOMIA............................................................................... 17
2.1.18 NR 18 CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA

CONSTRUÇÃO........................................................................................ 17

Segurança do Trabalho
4

2.1.19 NR 19 EXPLOSIVOS............................................................................... 17
2.1.20 NR 20 LÍQUIDOS COMBUSTÍVEIS E INFLAMÁVEIS...................................... 17
2.1.21 NR 21 TRABALHOS A CÉU ABERTO......................................................... 17
2.1.22 NR 22 SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA MINERAÇÃO.................... 18
2.1.23 NR 23 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS.................................................... 18
2.1.24 NR 24 CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DE

TRABALHO............................................................................................ 18
2.1.25 NR 25 RESÍDUOS INDUSTRIAIS............................................................... 18
2.1.26 NR 26 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA...................................................... 18
2.1.27 NR 27 REGISTRO PROFISSIONAL DO TÉCNICO DE SEGURANÇA DO

TRABALHO NO MINISTÉRIO DO TRABALHO................................................ 19


2.1.28 NR 28 FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES.................................................... 19
2.1.29 NR 29 NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO

TRABALHO PORTUÁRIO.......................................................................... 19
2.1.30 NR 30 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO...................... 19
2.1.31 NR 31 NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO

TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO

FLORESTAL E AQUICULTURA.................................................................. 20
2.1.32 NR 32 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM ESTABELECIMENTOS DE

SAÚDE.................................................................................................. 20
2.1.33 NR 33 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM ESPAÇOS

CONFINADOS......................................................................................... 21
2.1.35 NR 34 - CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA

CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL....................................................... 21


2.2 NORMAS DE SEGURANÇA MECÂNICA........................................... 23

3 EPI – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL -


NR 6................................................................................................... 24

4 SEGURANÇA COM ELETRICIDADE...................................... 29


4.1 RISCOS ELÉTRICOS......................................................................... 30
4.2 PRÁTICAS SEGURAS........................................................................ 30

Segurança do Trabalho
5

5 PRIMEIROS SOCORROS........................................................... 32
5.1 SINAIS VITAIS.................................................................................... 32
5.2 ETAPAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS............................ 32
5.2.1 AVALIAÇÃO DO LOCAL DO ACIDENTE....................................................... 32
5.2.2 AVALIAÇÃO E EXAME DO ESTADO GERAL DO ACIDENTADO........................ 33
5.3 PARA O BOM ATENDIMENTO É IMPRESCINDÍVEL....................... 36

6 ERGONOMIA.................................................................................. 38
6.1 HISTÓRICO E FASES DA ERGONOMIA........................................... 38
6.2 A ERGONOMIA E O SISTEMA HOMEM-MÁQUINA E MEIO
AMBIENTE.......................................................................................... 41
6.3 ERGONOMIA E SISTEMA DA QUALIDADE...................................... 42
6.4 A ERGONOMIA E A PREVENÇÃO DE ACIDENTES......................... 42
6.5 OS FATORES BIOMECÂNICOS LIGADOS AO TRABALHO............. 43
6.5.1 A FORÇA............................................................................................... 44
6.5.2 A REPETITIVIDADE................................................................................. 45
6.5.3 POSTURAS............................................................................................ 46

2º BIMESTRE.................................................................................................. 48
7 HIGIENE E MEDICINA DO TRABALHO................................. 49
7.1 RISCOS AMBIENTAIS........................................................................ 49
7.1.1 AGENTES FÍSICOS.................................................................................. 50
7.1.2 AGENTES QUÍMICOS............................................................................... 50
7.1.3 AGENTES BIOLÓGICOS........................................................................... 50
7.2 LIMITE DE TOLERÂNCIA................................................................... 51
7.2.1 TEMPO DE EXPOSIÇÃO........................................................................... 51
7.2.2 CONCENTRAÇÃO OU INTENSIDADE DOS AGENTES AMBIENTAIS.................. 52
7.3 CARACTERÍSTICAS DOS AGENTES AMBIENTAIS......................... 52
7.4 SUSCETIBILIDADE INDIVIDUAL....................................................... 52
7.4.1 TIPO DE SERVIÇO................................................................................... 53

Segurança do Trabalho
6

8 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO” .......................... 54


8.1 CALOR” ............................................................................................. 54
8.1.1 EFEITOS DO CALOR................................................................................ 55
8.1.2 ELEVAÇÃO DA TEMPERATURA................................................................ 56
8.1.3 AUMENTO DE VOLUME............................................................................ 56
8.1.4 MUDANÇA DO ESTADO FÍSICO DA MATÉRIA.............................................. 57
8.1.5 MUDANÇA DO ESTADO QUÍMICO DA MATÉRIA........................................... 58
8.1.6 EFEITOS FISIOLÓGICOS DO CALOR.......................................................... 58
8.2 PROPAGAÇÃO DO CALOR............................................................... 58
8.2.1 CONVECÇÃO......................................................................................... 59
8.2.2 CONDUÇÃO........................................................................................... 59
8.2.3 IRRADIAÇÃO.......................................................................................... 60
8.3 PONTOS DE TEMPERATURA........................................................... 60
8.4 COMBUSTÍVEL................................................................................... 61
8.4.1 COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS........................................................................ 61
8.4.2 COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS........................................................................ 62
8.4.3 COMBUSTÍVEIS GASOSOS....................................................................... 62
8.5 PROCESSOS DE QUEIMA................................................................ 63
8.6 COMBURENTE................................................................................... 64
8.7 REAÇÃO EM CADEIA........................................................................ 65
8.8 FASES DO FOGO............................................................................... 65
8.8.1 FASE INICIAL......................................................................................... 65
8.8.2 QUEIMA LIVRE....................................................................................... 66
8.8.3 QUEIMA LENTA...................................................................................... 67
8.9 FORMAS DE COMBUSTÃO” ............................................................ 69
8.9.1 COMBUSTÃO COMPLETA” ...................................................................... 70
8.9.2 COMBUSTÃO INCOMPLETA..................................................................... 70
8.9.3 COMBUSTÃO ESPONTÂNEA.................................................................... 70
8.9.4 EXPLOSÃO” ......................................................................................... 70
8.10 MÉTODOS DE EXTINÇÃO DO FOGO............................................... 71
8.10.1 RETIRADA DO MATERIAL........................................................................ 71
8.10.2 RESFRIAMENTO..................................................................................... 71
8.10.3 ABAFAMENTO........................................................................................ 72

Segurança do Trabalho
7

8.10.4 QUEBRA DA REAÇÃO EM CADEIA............................................................. 72


8.11 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS E MÉTODOS DE EXTINÇÃO.. 72
8.11.1 INCÊNDIO CLASSE “A”........................................................................... 73
8.11.2 INCÊNDIO CLASSE “B”........................................................................... 73
8.11.3 INCÊNDIO CLASSE “C”........................................................................... 74
8.11.4 INCÊNDIO CLASSE “D”........................................................................... 74
8.12 EXTINTORES DE INCÊNDIO............................................................. 75
8.12.1 AGENTES EXTINTORES........................................................................... 75
8.12.1.1 ÁGUA.................................................................................................... 75
8.12.1.2 ESPUMA ............................................................................................... 76
8.12.1.3 PÓ QUÍMICO SECO ................................................................................ 76
8.12.1.4 GÁS CARBÔNICO (CO2) ........................................................................ 76
8.12.1.5 COMPOSTOS HALOGENADOS (HALON) .................................................... 77
8.12.2 EXTINTORES PORTÁTEIS ........................................................................ 77
8.12.3 EXTINTORES OBSOLETOS ...................................................................... 81
8.12.4 MANUTENÇÃO EINSPEÇÃO ..................................................................... 82

9 ANÁLISE DE RISCOS.................................................................. 83
9.1 PREVENÇÃO DE RISCOS NAS OFICINAS MECÂNICAS................ 84
9.2 ACIDENTE DO TRABALHO............................................................... 87
9.3 BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS.................................................... 91

10 DIREITOS E DEVERES NA RELAÇÃO DE EMPREGO.. 100


10.1 LEGISLAÇÃO CONSTITUCIONAL TRABALHISTA........................... 100
10.2 DIREITOS DO TRABALHADOR......................................................... 100
10.3 DEVERES DO TRABALHADOR......................................................... 105
10.4 FÉRIAS............................................................................................... 105
10.4.1 ALTERAÇÃO NAS FÉRIAS........................................................................ 107
10.4.2 CÁLCULO DE FÉRIAS.............................................................................. 107
10.5 DEVERES DO TRABALHADOR......................................................... 108

11 REFERÊNCIAS.............................................................................. 110

Segurança do Trabalho
8

QUADRO
QUADRO 1 - RELAÇÃO DE EPI DE ACORDO COM AS ATIVIDADES DA
EMPRESA.................................................................................. 25

TABELA
TABELA 1 - DOS RISCOS AMBIENTAIS...................................................... 50

Segurança do Trabalho
9

1º Bimestre

Segurança do Trabalho
10

1 INTRODUÇÃO

Em campanha vinculada pela TST (Tribunal Superior do Trabalho), em 2011,


informa que ocorrem 723 mil acidentes de trabalho por ano, 2496 mortes por ano, 7
trabalhadores por dia. A campanha alerta que onde eles mais fazem falta não é o
trabalho, é o lar onde residem. http://www.tst.jus.br/prevencao/campanha.html. É
um bom começo para valorizar o conhecimento a ser apresentado na apostila.

A Segurança do Trabalho, durante algum tempo, passava a ideia apenas, de uso de


capacetes, botas, cintos de segurança e uma série de outros equipamentos de
proteção individual como proteção contra acidente, no entanto a evolução
tecnológica se fez acompanhar de novos ambientes de trabalho e de riscos
profissionais a eles associados. Muitos desses novos riscos são pouco ou nada
conhecidos e demandam pesquisas cujos resultados só se apresentam após a
exposição prolongada dos trabalhadores a ambientes nocivos à sua saúde e
integridade física.

Nos dias atuais a área de segurança e saúde no trabalho é multidisciplinar e tem


como objetivo principal a prevenção dos riscos profissionais. O conceito de acidente
é compreendido por um maior número de pessoas que já identificam as doenças
profissionais como consequências de acidentes do trabalho.

A Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra no período de 1760 a 1830, deu


grande impulso às indústrias, mas gerou transformações na relação do trabalho. Nos
dias atuais não há como separar a atividade profissional de conceitos de Segurança.
Portanto torna-se fundamental que na formação do profissional ele adquira
conhecimentos e formação suficiente para prepará-lo a entender que não há
trabalho eficiente sem que seja realizado aliado aos parâmetros adequados de
segurança e saúde.

Atualmente as empresas estão comprometidas com a melhoria da segurança e


saúde de todos os empregados no trabalho, assim como, a proteção à sociedade,
ao meio ambiente e à propriedade contra qualquer efeito adverso resultante das

Segurança do Trabalho
11

operações. Além disso, lideram e obtém o compromisso de seu pessoal na melhoria


contínua da qualidade dos produtos e serviços, visando alcançar a excelência com
foco no cliente.

O objetivo desse material é fornecer os conhecimentos básicos para que o


profissional ao ser inserido no contexto trabalhista tenha formação para melhor
desempenho de suas atividades com consciência prevencionista.

1.1 CONCEITO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

Entre os vários conceitos da vasta literatura destacamos:

Segurança do trabalho é o conjunto de medidas que são adotadas visando


minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a
integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador.

De acordo com a NR-4 – SESMT, da Portaria 3214/78 do MTE, o quadro de


funcionários de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma equipe
multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de
Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Técnico de
Enfermagem do Trabalho. Estes profissionais formam o que chamamos de SESMT -
Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho.

Atuando, também na prevenção, prevê a NR-5 – CIPA, da Portaria 3214/78 do MTE


que empregados constituam a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do
trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a
preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.

A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil a Legislação de


Segurança do Trabalho compõe-se atualmente de Normas Regulamentadoras, e
outras leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções
Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil.

Segurança do Trabalho
12

2 LEGISLAÇÃO E NORMAS REGULAMENTADORAS

No Brasil as estatísticas sobre doenças profissionais e sobre acidentes do trabalho


eram tão alarmantes que o Governo Federal baixou a Portaria 3.237, de 17 de julho
de 1972, que tornou obrigatória a existência de Serviços de Medicina do Trabalho e
Engenharia de Segurança do Trabalho em todas as empresas com mais de cem
trabalhadores. A Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977 alterou a CLT inserindo
conceitos de Segurança e Saúde no seu Titulo II, Capitulo V. Também foram
inseridas as normas regulamentadoras, inicialmente, aprovadas pela Portaria nº
3.214, de 8 de junho de 1978 dão continuidade à legislação de proteção ao
trabalhador brasileiro. Hoje já existem outras Portarias do Ministério do Trabalho e
Emprego – TEM (http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-
1.htm), que aprovaram novas NR. A legislação é dinâmica e deve sempre ser
acompanhada para evitar a desatualização. Apesar de tal esforço, a quantidade de
acidentes de trabalho no Brasil ainda é muito alta, vide Estatísticas publicadas no
portal do Ministério do Trabalho.

2.1 NORMAS REGULAMENTADORAS – SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO

As Normas Regulamentadoras - NR, relativas à segurança e medicina do trabalho,


são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos
públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes
Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das
Leis do Trabalho – CLT. O embasamento jurídico é o Capítulo V, Título II, da
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, relativas à Segurança e Medicina do
Trabalho. As primeiras normas foram aprovadas pela PORTARIA N.° 3.214, 08 DE
JUNHO DE 1978. Atualmente outras Portarias aprovaram novas NR.

O não-cumprimento das disposições legais e regulamentares sobre segurança e


medicina do trabalho acarretará ao empregador a aplicação das penalidades
previstas na legislação pertinente.

Segurança do Trabalho
13

Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empregado ao cumprimento de suas


obrigações com a segurança do trabalho.

São as seguintes as Normas Regulamentadoras, com um resumo de seu conteúdo:

2.1.1 NR 1 DISPOSIÇÕES GERAIS

As Normas Regulamentadoras (NRs) são de observância obrigatória pelas


empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos de administração direta e
indireta, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho
- (CLT). Estabelece a importância, funções e competência da Delegacia Regional do
Trabalho.

2.1.2 NR 2 INSPEÇÃO PRÉVIA

Todo estabelecimento novo, antes de iniciar suas atividades, deverá solicitar


aprovação de suas instalações ao órgão do Ministério do Trabalho.

2.1.3 NR 3 EMBARGO OU INTERDIÇÃO

A Delegacia Regional do Trabalho, à vista de laudo técnico do serviço competente


que demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá interditar
estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou embargar a obra.
(CLT Artigo 161 inciso 3.6|3.4|3.7|3.8|3.9|3.10)

2.1.4 NR 4 SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO


TRABALHO – SESMT

A NR 4 diz respeito aos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em


Medicina do Trabalho (SESMT) e tem como finalidade promover a saúde e proteger
a integridade do trabalhador em seu local de trabalho. Para oferecer proteção ao
trabalhador o SESMT deve ter os seguintes profissionais: médico do trabalho,
engenheiro de segurança do trabalho, enfermeiro, técnico de segurança no trabalho,

Segurança do Trabalho
14

auxiliar de enfermagem, tem por atividade dar segurança aos trabalhadores através
do ambiente de trabalho que inclui máquinas e equipamentos, reduzindo os riscos a
saúde do trabalhador, verificando o uso dos EPIs, orientando para que os mesmos
cumpram a NR, e fazendo assim com que diminuam os acidentes de trabalho e as
doenças ocupacionais.

O SESMT tem por finalidade promover a saúde e proteger a integridade do


trabalhador no seu ambiente de trabalho, portanto, torna-se um trabalho que tem por
objetivo a prevenção de acidentes tanto de doenças ocupacionais. Trata-se de
trabalho preventivo e de competência dos profissionais citados acima, com aplicação
de conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina no ambiente de
trabalho para reduzir ou eliminar os riscos à saúde dos trabalhadores. Cabe ao
SESMT orientar os trabalhadores quanto ao uso dos equipamentos de proteção
individual e conscientizá-los da importância de prevenir os acidentes e das formas
de conservar a saúde no trabalho. É também de responsabilidade do SESMT o
registro dos acidentes. (CLT - Artigo 162 inciso 4.1|4.2|4.8.9|4.10)

2.1.5 NR 5 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES

As empresas privadas, públicas e órgãos governamentais que possuam


empregados regidos pela CLT ficam obrigados a organizar e manter em
funcionamento uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CLT Artigo 164
Inciso 5.6|5.6.1|5.6.2|5.7|5.11 e Artigo 165 inciso 5.8) A Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes - CIPA - tem como objetivo a prevenção de acidentes e
doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o
trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.

2.1.6 NR 6 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

Para os fins de aplicação desta NR, considera-se EPI todo dispositivo de uso
individual, de fabricação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a
integridade física do trabalhador. A empresa é obrigada a fornecer aos empregados
gratuitamente. (CLT - artigo 166 inciso 6.3 subitem A - Artigo 167 inciso 6.2)

Segurança do Trabalho
15

2.1.7 NR 7 PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL

Esta NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de


todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como
empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO,
cujo objetivo é promover e preservar a saúde do conjunto dos seus trabalhadores.

2.1.8 NR 8 EDIFICAÇÕES

Esta NR estabelece requisitos técnicos mínimos que devam ser observados nas
edificações para garantir segurança e conforto aos que nelas trabalham.

2.1.9 NR 9 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS

Esta NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de


todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como
empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, através da
antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de
riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho.

2.1.10 NR10 SERVIÇOS EM ELETRICIDADE

Esta NR fixa as condições mínimas exigidas para garantir a segurança dos


empregados que trabalham em instalações elétricas, em suas etapas, incluindo
projeto, execução, operação, manutenção, reforma e ampliação e ainda, a
segurança de usuários e terceiros.

2.1.11 NR 11 TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE MATERIAIS

Esta NR estabelece normas de segurança para operação de elevadores, guindastes,


transportadores industriais e máquinas transportadoras. O armazenamento de
materiais deverá obedecer aos requisitos de segurança para cada tipo de material.

Segurança do Trabalho
16

2.1.12 NR 12 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Esta NR estabelece os procedimentos obrigatórios nos locais destinados a


máquinas e equipamentos, como piso, áreas de circulação, dispositivos de partida e
parada, normas sobre proteção de máquinas e equipamentos, bem como
manutenção e operação.

2.1.13 NR 13 CALDEIRAS E VASOS DE PRESSÃO

Esta NR estabelece os procedimentos obrigatórios nos locais onde se situam as


caldeiras de qualquer fonte de energia, projeto, acompanhamento de operação e
manutenção, inspeção e supervisão de inspeção de caldeiras e vasos de pressão,
em conformidade com a regulamentação profissional vigente no país.

2.1.14 NR 14 FORNOS

Esta NR estabelece os procedimentos mínimos, fixando construção sólida, revestida


com material refratário, de forma que o calor radiante não ultrapasse os limites de
tolerância, oferecendo o máximo de segurança e conforto aos trabalhadores.

2.1.115 NR 15 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES

Esta NR estabelece os procedimentos obrigatórios, nas atividades ou operações


insalubres que são executadas acima dos limites de tolerância previstos na
Legislação, comprovadas através de laudo de inspeção do local de trabalho.
Agentes agressivos: ruído, calor, radiações, pressões, frio, umidade, agentes
químicos.

2.1.16 NR 16 ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS

Esta NR estabelece os procedimentos nas atividades exercidas pelos trabalhadores


que manuseiam e/ou transportam explosivos ou produtos químicos, classificados
como inflamáveis, substâncias radioativas e serviços de operação e manutenção.

Segurança do Trabalho
17

2.1.17 NR 17 ERGONOMIA

Esta NR visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de


trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a
proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.

2.1.18 NR 18 CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

Esta NR estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de


organização, que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas
preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de
trabalho na indústria da construção.

2.1.19 NR 19 EXPLOSIVOS

Esta NR estabelece o fiel cumprimento do procedimento em manusear, transportar e


armazenar explosivos de uma forma segura, evitando assim riscos e acidentes.

2.1.20 NR 20 LÍQUIDOS COMBUSTÍVEIS E INFLAMÁVEIS

Esta NR estabelece a definição para líquidos combustíveis, líquidos inflamáveis e


Gás de petróleo liquefeito, parâmetros para armazenar, como transportar e como
devem ser manuseados pelos trabalhadores.

2.1.21 NR 21 TRABALHOS A CÉU ABERTO

Esta NR estabelece os critérios mínimos para os serviços realizados a céu aberto,


sendo obrigatória a existência de abrigos, ainda que rústicos com boa estrutura,
capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries.

Segurança do Trabalho
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2.1.22 NR 22 SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA MINERAÇÃO

Esta NR estabelece sobre procedimentos de Segurança e Medicina do Trabalho em


minas, determinando que a empresa adotará métodos e manterá locais de trabalho
que proporcionem a seus empregados condições satisfatórias de Segurança e
Medicina do Trabalho.

2.1.23 NR 23 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

Esta NR estabelece os procedimentos que todas as empresas devam possuir, no


tocante à proteção contra incêndio, saídas de emergência para os trabalhadores,
equipamentos suficientes para combater o fogo e pessoal treinado no uso correto.

2.1.24 NR 24 CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DE TRABALHO

Esta NR estabelece critérios mínimos, para fins de aplicação de aparelhos


sanitários, gabinete sanitário, banheiro, cujas instalações deverão ser separadas por
sexo, vestiários, refeitórios, cozinhas e alojamentos..

2.1.25 NR 25 RESÍDUOS INDUSTRIAIS

Esta NR estabelece os critérios que deverão ser eliminados dos locais de trabalho,
através de métodos, equipamentos ou medidas adequadas, de forma a evitar riscos
à saúde e à segurança do trabalhador.

2.1.26 NR 26 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

Esta NR tem por objetivos fixar as cores que devam ser usadas nos locais de
trabalho para prevenção de acidentes, identificando, delimitando e advertindo contra
riscos.

Segurança do Trabalho
19

2.1.27 NR 27 REGISTRO PROFISSIONAL DO TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO NO

MINISTÉRIO DO TRABALHO

Esta NR estabelece que o exercício da profissão depende de registro no Ministério


do Trabalho, efetuado pela SSST, com processo iniciado através das DRT.

Esta NR foi revogada de acordo com a PORTARIA Nº 262 DE 29 DE MAIO DE 2008


(DOU de 30 de maio de 2008 – Seção 1 – Pág. 118). De acordo com o Art. 2º da
supracitada DOU, o registro profissional será efetivado pelo Setor de Identificação e
Registro Profissional das Unidades Descentralizadas do Ministério do Trabalho e
Emprego, mediante requerimento do interessado, que poderá ser encaminhado pelo
sindicato da categoria. O lançamento do registro será diretamente na Carteira de
Trabalho e Previdência Social – CTPS.

2.1.28 NR 28 FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES

Esta NR estabelece que Fiscalização, Embargo, Interdição e Penalidades, no


cumprimento das disposições legais e/ou regulamentares sobre segurança e saúde
do trabalhador, serão efetuados obedecendo ao disposto nos decretos leis.

2.1.29 NR 29 NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

PORTUÁRIO

Esta NR regulariza a proteção obrigatória contra acidentes e doenças profissionais,


alcançando as melhores condições possíveis de segurança e saúde dos
trabalhadores que exerçam atividades nos portos organizados e instalações
portuárias de uso privativo e retroportuárias, situadas dentro ou fora da área do porto
organizado.

2.1.30 NR 30 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO

Esta norma aplica-se aos trabalhadores das embarcações comerciais, de bandeira


nacional, bem como às de bandeiras estrangeiras, no limite do disposto na

Segurança do Trabalho
20

Convenção da OIT n.º 147 - Normas Mínimas para Marinha Mercante, utilizados no
transporte de mercadorias ou de passageiros, inclusive naquelas utilizadas na
prestação de serviços, seja na navegação marítima de longo curso, na de
cabotagem, na navegação interior, de apoio marítimo e portuário, bem como em
plataformas marítimas e fluviais, quando em deslocamento.

2.1.31 NR 31 NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA

AGRICULTURA, PECUÁRIA SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA

Esta NR tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem obervados na


organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planjamento
e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração
florestal e aqüicultura com a segurança e saúde e meio ambiente do trabalho.
Para fins de aplicação desta NR considera-se atividade agro-econômica, aquelas
que operando na transformação do produto agrário, não altere a sua natureza,
retirando-lhe a condição de matéria prima.

2.1.32 NR 32 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE

Esta Norma Regulamentadora tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas


para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos
trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades
de promoção e assistência à saúde em geral.

Para fins de aplicação desta NR, entende-se como serviços de saúde qualquer
edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as
ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em
qualquer nível de complexidade.

A responsabilidade é solidária entre contratante e contratado quanto ao


cumprimento da NR 32. A conscientização e colaboração de todos é muito
importante para prevenção de acidentes na área da saúde.

Segurança do Trabalho
21

As atividades relacionadas aos serviços de saúde são aquelas que, no entendimento


do legislador, apresentam maior risco devido à possibilidade de contato com
microorganismos encontrados nos ambientes e equipamentos utilizados no exercício
do trabalho, com potencial de provocar doenças nos trabalhadores.

Os trabalhadores diretamente envolvidos com este agentes são: médicos,


enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, atendentes de ambulatórios e
hospitais, dentistas,limpeza e manutenção de equipamentos hospitalar, motoristas
de ambulância, entre outros envolvidos em serviços de saúde.

2.1.33 NR 33 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM ESPAÇOS CONFINADOS

Esta NR tem por objetivo estabelecer os requisitos mínimos para identificação de


espaços confinados e o reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle dos
riscos existentes, de forma a garantir permanentemente a segurança e saúde dos
trabalhadores e que interagem direta ou indiretamente nestes espaços.
Espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação
humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação
existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a
deficiência ou enriquecimento de oxigênio.

2.1.35 NR 34 - CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA

CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL

Esta NR trata de nove procedimentos de trabalhos executados em estaleiros:


trabalho a quente; montagem e desmontagem de andaimes; pintura; jateamento e
hidrojateamento; movimentação de cargas; instalações elétricas provisórias;
trabalhos em altura; utilização de radionuclídeos e gamagrafia; e máquinas portáteis
rotativas.

 NR 01 - Disposições Gerais

 NR 02 - Inspeção Prévia

 NR 03 - Embargo ou Interdição

Segurança do Trabalho
22

 NR 04 - Serviços Especializados em Eng. de Segurança e em Medicina do

Trabalho
 NR 05 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

 NR 06 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI

 NR 07 - Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional

 NR 08 - Edificações

 NR 09 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais

 NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade

 NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais

 NR 12 - Máquinas e Equipamentos

 NR 13 - Caldeiras e Vasos de Pressão

 NR 14 - Fornos

 NR 15 - Atividades e Operações Insalubres

 NR 16 - Atividades e Operações Perigosas

 NR 17 - Ergonomia

 NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção

 NR 19 - Explosivos

 NR 20 - Líquidos Combustíveis e Inflamáveis

 NR 21 - Trabalho a Céu Aberto

 NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração

 NR 23 - Proteção Contra Incêndios

 NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho

 NR 25 - Resíduos Industriais

 NR 26 - Sinalização de Segurança

 NR 27 - Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB

(Revogada pela Portaria GM n.º 262/2008)


 NR 28 - Fiscalização e Penalidades

 NR 29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário

 NR 30 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário

 NR 31 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na

Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura


 NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde

 NR 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados

Segurança do Trabalho
23

 NR 34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e

Reparação Naval
Como histórico registra-se o fato de já terem existido as chamadas Normas
Regulamentadoras Rurais. Hoje trabalhadas na NR 31.
 NRR 1 - Disposições Gerais (Revogada pela Portaria MTE 191/2008)

 NRR 2 - Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural

(Revogada pela Portaria MTE 191/2008)


 NRR 3 - Comissão Interna De Prevenção De Acidentes Do Trabalho Rural
(Revogada pela Portaria MTE 191/2008)
 NRR 4 - Equipamento De Proteção Individual - EPI(Revogada pela Portaria MTE

191/2008)
 NRR 5 - Produtos Químicos (Revogada pela Portaria MTE 191/2008)

2.2 NORMAS DE SEGURANÇA MECÂNICA

Enfatizamos que as máquinas e equipamentos a serem expostos deverão oferecer


condições de segurança e saúde em conformidade com a seguinte regulamentação
normativa compulsória vigente:

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho:


Art. 184 – As máquinas e os equipamentos deverão ser dotados de dispositivos de
partida e parada e outros que se fizerem necessários para a prevenção de acidentes
de trabalho, especialmente quanto ao risco de acionamento acidental.
§ 1º - É proibida a fabricação, a importação, a venda, a locação e o uso de máquinas
e equipamentos que não atendam ao disposto neste artigo.

NORMA REGULAMENTADORA NR 12 – Máquinas e Equipamentos.

Segurança do Trabalho
24

3 EPI – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - NR 6

Todas as empresas estão obrigadas a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI


adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, assim
está disciplinado na NR 6, da Portaria nº 3.214/78.

Em qualquer circunstância, o uso do EPI será tanto mais útil e trará melhores
resultados, quanto mais correta for a sua indicação. Essa indicação não é difícil, mas
requer certo cuidado nos seguintes aspectos:

 Identificação do risco: verificar a existência ou inexistência de elementos das

operações, de produtos, de condições do ambiente, que sejam ou que possam vir


a ser agressivos ao trabalhador;
 Avaliação do risco existente: determinar a intensidade e extensão do risco, quanto

às possíveis conseqüências para o trabalhador; verificar com que freqüência ele


se expõe ao risco e quantos trabalhadores estão sujeitos aos mesmos perigos;
 Indicação do EPI apropriado: escolher, entre vários EPI, o mais adequado para

solucionar o problema que se tem pela frente, contando, para isto a assistência
dos fabricantes e com instruções apropriadas e claras.

Observação:
a) Todos os EPI, de acordo com o art. 167 da CLT, devem ser adquiridos pelos
fornecedores idôneos, que possuam Certificado de Aprovação da Secretaria
Nacional do Trabalho. A aquisição dos EPI sem a aprovação da SNT, não atende
os requisitos exigidos pela Portaria nº 3.214/78, daí sujeito a multas pela
Fiscalização do Trabalho. As empresas fabricantes de EPI respiratória com filtros
químicos ou combinados, segundo a Portaria nº 3, de 03/06/91, do Departamento
de Segurança do Trabalhador deverão requerer os respectivos Certificados de

Segurança do Trabalho
25

Aprovação mediante apresentação: Memorial descritivo; Relatório de ensaio,


Termo de Responsabilidade e Cópia do ao alvará de funcionamento e localização;
b) De acordo com a Portaria nº 06, de 19/08/92, DOU de 19/08/92, da Diretoria do
Depto. Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, os EPI de fabricação
estrangeira, devem ser aprovados pelo Ministério do Trabalho e comprovar o
Certificado de Aprovação - CA. A empresa fica obrigada a comunicar ao Ministério
do Trabalho, qualquer irregularidade apresentada no EPI.

QUADRO 1 - RELAÇÃO DE EPI DE ACORDO COM AS ATIVIDADES DA EMPRESA

EPI INDICADO
FINALIDADE RISCO
(continua)
Impactos, perfurações,
Proteção para
choque elétrico, cabelos Capacete de segurança.
crânio.
arrancados.
Óculos de segurança (para
Impactos de partículas soldadores, torneiros,
sólidas quentes ou frias, de esmeriladores, operadores de
substâncias nocivas politriz e outros).
Proteção visual e
(poeiras, líquidos, vapores Protetores faciais (contra a ação
facial
e gases irritantes), de de borrifos, impacto e calor
radiações (infravermelho, radiante).
ultravioleta e calor). Máscaras e escudos para
soldadores.
Respiradores com filtro mecânico
(oferecem proteção contra
partículas suspensas no ar,
incluindo poeiras, neblinas,
vapores metálicos e fumos).
Respiradores com filtros químicos
(dão proteção contra
concentrações leves, até 0,2%
por volume, de certos gases
Deficiência de oxigênio,
Proteção ácidos e alcalinos, de vapores
contaminantes tóxicos
respiratória. orgânicos e vapores de mercúrio).
(gasosos e partículas).
Respiradores com filtros
combinados (são usados em
trabalhos tais como pintura a
pistola e aplicação de inseticidas).
Equipamentos de provisão de ar
(ou linhas de ar).
Equipamentos portáteis
autônomos (de oxigênio e de ar
comprimido).

Segurança do Trabalho
26

O ruído é um elemento de
ataque individual que se
acumula, produzindo
efeitos psicológicos e,
posteriormente, fisiológicos,
na sua maioria irreversível.
Por isso, quando a Protetores de inserção, que
intensidade de ruído pode podem ser: descartáveis ou não-
ser prejudicial, deve-se descartáveis (ambos moldados ou
Proteção auricular fazer o possível para moldáveis).
eliminá-lo ou reduzi-lo por Protetores externos (circum-
meio de um controle da auriculares), também conhecidos
fonte ou do meio. Quando como orelheiras ou tipo-concha.
todos os métodos de
controle falharam, o último
dos recursos é dotar o
indivíduo exposto de um
equipamento de proteção
auricular.
Aventais de couro - Vaqueta e
Raspa (para trabalhos de
soldagem elétrica, oxiacetilênica e
corte a quente, e, também são
indicados para o manuseio de
chapas com rebarbas).
Projeção de partículas;
Aventais de PVC (para trabalhos
golpes ligeiros; calor
pesados, onde haja manuseio de
radiante, chamas;
peças úmidas ou risco de
Proteção de tronco respingos de ácidos,
respingos de produtos químicos).
abrasão; substâncias que
Aventais de amianto (para
penetram na pele, umidade
trabalhos onde o calor é
excessiva.
excessivo).
Jaquetas (para trabalhos de
soldagem em particular,
soldagens em altas temperaturas,
trabalhos em fornos, combate a
incêndios).
Luvas de couro - Vaqueta e
Raspa (para serviços gerais de
fundição, cerâmicas e funilarias,
usinagem mecânica, montagem
Golpes, cortes, abrasão, de motores, usinagem a frio,
Proteção de substâncias químicas, manuseio de materiais quentes
membros superiores choque elétrico, radiações até 60ºC, carga e descarga de
ionizantes. materiais, manuseio e transporte
de chapas).
Luvas de borracha (para
eletricistas e para trabalho com
produtos químicos em geral,

Segurança do Trabalho
27

exceto solventes e óleos, serviços


de galvanoplastia, serviços
úmidos em geral).
Luvas de neoprene (empregadas
em serviços que envolvem uso de
óleo, graxas, gorduras, solventes,
petróleo e derivados, inspeções
em tanques contendo ácidos,
serviços de galvanoplastia).
Luvas de PVC (para trabalhos
com líquidos ou produtos
químicos que exijam melhor
aderência no manuseio, lavagem
de peças em corrosivos,
manuseio de ácidos, óleos e
graxas/gorduras, serviços de
galvanoplastia).
Luvas de hexanol (empregadas
em serviço com solventes,
manuseio de peças molhadas -
hexanol - corrugado, em serviços
que envolvem uso do petróleo e
derivados).
Luvas de tecidos (de lona, de lona
flanelada, de grafatex, de feltro,
de lã, de amianto, de malha
metálica).
Sapatos (com biqueira de aço;
condutores; anti-fagulhas;
isolantes; para fundição).
Guarda-pés (são recomendados
Cortes por superfícies
para trabalhos em fundições,
cortantes e abrasivas,
forjas, fábricas de papel,
substâncias químicas,
serralherias, fábricas de gelo).
Proteção dos cinzas quentes, frio, gelo,
Botas de borracha (e outros
membros inferiores. perigos elétricos, impacto
materiais similares).
de objetos pesados,
Perneiras (de raspa de couro, são
superfícies quentes,
usadas pelos soldadores e
umidade.
fundidores, sendo as mais longas,
são utilizadas em trabalhos com
produtos químicos, líquidos ou
corrosivos).
Equipamentos de proteção Os protetores dos pontos de
coletiva são aqueles que operação em serras, em
neutralizam a fonte do risco furadeiras, em prensas, os
Proteção coletiva. no lugar em que ele se sistemas de isolamento de
manifesta, dispensando o operações ruidosas, os
trabalhador do uso de exaustores de poeiras, vapores e
equipamento de proteção gases nocivos, os dispositivos de

Segurança do Trabalho
28

individual. proteção em escadas, em


corredores, em guindastes, em
esteiras transportadoras são
exemplos de proteções coletivas
que devem ser mantidas nas
condições que as técnicas de
segurança estabelecem e que
devem ser reparadas sempre que
apresentarem uma deficiência
qualquer.

A observação dos equipamentos de segurança, sejam individuais ou coletivos, tem


grande importância nas inspeções de segurança. A eficiência desses equipamentos
é comprovada pela experiência e, se obedecidas às regras de uso, a maior parte
dos acidentes estará sendo evitada.

Segurança do Trabalho
29

4 SEGURANÇA COM ELETRICIDADE

O trabalho envolvendo eletricidade implica em conhecimento e aplicação de


princípios básicos, práticas de trabalho seguras e procedimentos de emergência
corretos. Há previsão na NR-10 - Eletricidade:

“Esta Norma Regulamentadora – NR -10 estabelece os requisitos e condições


mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas
preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que,
direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com
eletricidade. Esta NR se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e
consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação,
manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas
proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos
competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis.”
Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem possuir
treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia elétrica e
as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas, de
acordo com o estabelecido no Anexo II desta NR.

Como todas as instalações possuem sistemas elétricos deve-se avaliar qual o nível
de envolvimento do trabalhador e treiná-lo conforme estabelecido na NR-10.

Perigos elétricos incluem: choque elétrico; explosão elétrica; e queimaduras por


eletricidade. Isto pode resultar em lesões graves ou morte.

Segurança do Trabalho
30

4.1 RISCOS ELÉTRICOS

- Fios e partes metálicas sob tensão, desprotegidas que podem ser trocados
acidentalmente ou sem conhecimento que estejam energizados.
- Desligamentos de chaves tipo faca, com aparelhos ligados, poderão fazer
com que haja a formação de arco voltaico (formação de faísca), o que pode ser
muito perigoso.
- Acidentes com pendentes inadequados podem determinar a energização de
equipamentos ocasionando mortes de trabalhadores. (Pendentes de 110 ou 220 V).
- Por falhas na construção ou por acidentes que constantemente permitem
fugas de correntes para a carcaça do equipamento.
- Máquinas equipamentos e ferramentas que estejam com suas carcaças
energizadas, devido a falta de isolamento interno de sua fiação, poderão causar
choques elétricos quando não aterradas eletricamente e quando a mão do operador
estiver úmida ou ele estiver sobre um piso úmido sem calçados apropriados.

4.2 PRÁTICAS SEGURAS

- Antes de iniciar o trabalho:


- Desenergizar, travar, etiquetar e testar todos os circuitos de 50 volts ou mais;
- Desenergizar todas as fontes de energia;
- Desconectar todas as fontes de energia (dispositivos de controle de circuitos):
botões de partida, chave seletora, intertravamento de segurança.
- Usar, estocar e manter os EPI’s de proteção contra eletricidade em condições
seguras após o uso;
- Usar capacete não-condutivo onde quer que haja um risco de ferimento de
cabeça por choque elétrico ou queimaduras devido a contato com partes
energizadas;
- Usar EPI para os olhos e face onde haja risco de ferimento aos olhos e face
devido a arcos elétricos, fagulhas ou partículas volantes resultantes de explosão
elétrica.

Segurança do Trabalho
31

- EPI’s de proteção elétrica com buraco, rasgo, bolha, mancha por ação de
químicos, furo ou corte, rachaduras, sinais de queimadura, afinamento de
superfícies, trincas ou descostura não devem ser usados;
- Usar ferramentas isolantes e equipamentos de manuseio isolantes quando
trabalhar próximo de elementos de circuitos e/ou condutores energizados
expostos de painéis se for impossível o trabalho com circuito desenergizado;
- Usar saca fusível isolantes para remover ou instalar fusíveis onde os terminais de
fusíveis estiverem energizados.
- Cordas e outros elementos usados próximo a elementos energizados precisam
ser não-condutivos;
- Não trabalhar com elementos elétricos energizados sem iluminação adequada;
- Não trabalhar em circuito energizado sem autorização.

Segurança do Trabalho
32

5 PRIMEIROS SOCORROS

Não há pretensão de abordagem profissional sobre o assunto. Havendo curso


específico deve-se adotar as orientações da especialidade.

Entende-se como primeiros socorros os procedimentos de emergência devem ser


aplicados à uma pessoa em risco de morte, visando manter os sinais vitais e
evitando o agravamento, até que ela receba assistência definitiva.

5.1 SINAIS VITAIS

Sinais vitais são aqueles que indicam a existência de vida. São reflexos ou indícios
que permitem concluir sobre o estado geral de uma pessoa. Os sinais sobre o
funcionamento do corpo humano que devem ser compreendidos e conhecidos são:
temperatura; pulso; respiração; e pressão arterial.

Os sinais vitais são sinais que podem ser facilmente percebidos, deduzindo-se
assim, que na ausência deles, existem alterações nas funções vitais do corpo.

5.2 ETAPAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS

O atendimento de primeiros socorros pode ser dividido em etapas básicas que


permitem a maior organização no atendimento e, portanto, resultados mais eficazes.

5.2.1 AVALIAÇÃO DO LOCAL DO ACIDENTE

Esta é a primeira etapa básica na prestação de primeiros socorros.

Ao chegar ao local de um acidente, ou onde se encontra um acidentado, deve-se


assumir o controle da situação e proceder a uma rápida e segura avaliação da
ocorrência. Deve-se tentar obter o máximo de informações possíveis sobre o
ocorrido. Dependendo das circunstâncias de cada acidente, é importante também:

Segurança do Trabalho
33

a) Evitar o pânico e procurar a colaboração de outras pessoas, dando ordens


breves, claras, objetivas e concisas;
b) Manter afastados os curiosos, para evitar confusão e para ter espaço em que se
possa trabalhar da melhor maneira possível.

5.2.2 AVALIAÇÃO E EXAME DO ESTADO GERAL DO ACIDENTADO

A avaliação e exame do estado geral de um acidentado de emergência clínica ou


traumática é a segunda etapa básica na prestação dos primeiros socorros. Ela deve
ser realizada simultaneamente ou imediatamente à "avaliação do acidente e
proteção do acidentado".

O exame deve ser rápido e sistemático, observando as seguintes prioridades:


- Estado de consciência: avaliação de respostas lógicas (nome, idade, etc).
- Respiração: movimentos torácicos e abdominais com entrada e saída de ar
normalmente pelas narinas ou boca.
- Hemorragia: avaliar a quantidade, o volume e a qualidade do sangue que se
perde. Se é arterial ou venoso.
- Pupilas: verificar o estado de dilatação e simetria (igualdade entre as pupilas).
- Temperatura do corpo: observação e sensação de tato na face e extremidades.

Deve-se ter sempre uma idéia bem clara do que se vai fazer, para não expor
desnecessariamente o acidentado, verificando se há ferimento com o cuidado de
não movimentá-lo excessivamente.

Em seguida proceder a um exame rápido das diversas partes do corpo.

Se o acidentado está consciente, perguntar por áreas dolorosas no corpo e


incapacidade funcionais de mobilização. Pedir para apontar onde é a dor, pedir para
movimentar as mãos, braços, etc.

Segurança do Trabalho
34

 Cabeça e Pescoço

Sempre verificando o estado de consciência e a respiração do acidentado, apalpar,


com cuidado, o crânio a procura de fratura, hemorragia ou depressão óssea.

Proceder da mesma forma para o pescoço, procurando verificar o pulso na artéria


carótida, observando freqüência, ritmo e amplitude, correr os dedos pela coluna
cervical, desde a base do crânio até os ombros, procurando alguma irregularidade.
Solicitar que o acidentado movimente lentamente o pescoço, verificar se há dor
nessa região. Movimentar lenta e suavemente o pescoço, movendo-o de um lado
para o outro. Em caso de dor pare qualquer mobilização desnecessária.

Perguntar a natureza do acidente, sobre a sensibilidade e a capacidade de


movimentação dos membros visando confirmar suspeita de fratura na coluna
cervical.

 Coluna Dorsal

Perguntar ao acidentado se sente dor. Na coluna dorsal correr a mão pela espinha
do acidentado desde a nuca até o sacro. A presença de dor pode indicar lesão da
coluna dorsal.

 Tórax e Membros

Verificar se há lesão no tórax, se há dor quando respira ou se há dor quando o tórax


é levemente comprimido.

Solicitar ao acidentado que movimente de leve os braços e verificar a existência de


dor ou incapacidade funcional. Localizar o local da dor e procurar deformação,
edema e marcas de injeções. Verificar se há dor no abdome e procurar todo tipo de
ferimento, mesmo pequeno. Muitas vezes um ferimento de bala é pequeno, não
sangra e é profundo, com conseqüências graves.

Segurança do Trabalho
35

Apertar cuidadosamente ambos os lados da bacia para verificar se há lesões.


Solicitar à vítima que tente mover as pernas e verificar se há dor ou incapacidade
funcional.

Não permitir que o acidentado de choque elétrico ou traumatismo violento tente


levantar-se prontamente, achando que nada sofreu. Ele deve ser mantido imóvel,
pelo menos para um rápido exame nas áreas que sofreram alguma lesão. O
acidentado deve ficar deitado de costas ou na posição que mais conforto lhe
ofereça.

Exame do acidentado Inconsciente

O acidentado inconsciente é uma preocupação, pois além de se ter poucas


informações sobre o seu estado podem surgir, complicações devido à inconsciência.
O primeiro cuidado é manter as vias respiratórias superiores desimpedidas fazendo
a extensão da cabeça, ou mantê-la em posição lateral para evitar aspiração de
vômito. Limpar a cavidade bucal.

O exame do acidentado inconsciente deve ser igual ao do acidentado consciente, só


que com cuidados redobrados, pois os parâmetros de força e capacidade funcional
não poderão ser verificados. O mesmo ocorrendo com respostas a estímulos
dolorosos.

É importante ter ciência que nos primeiros cuidados ao acidentado inconsciente a


deverá ser mínima.

A observação das seguintes alterações deve ter prioridade acima de qualquer outra
iniciativa. Ela pode salvar uma vida:

- Falta de respiração;
- Falta de circulação (pulso ausente);
- Hemorragia abundante;
- Perda dos sentidos (ausência de consciência);

Segurança do Trabalho
36

- Envenenamento.

5.3 PARA O BOM ATENDIMENTO É IMPRESCINDÍVEL

1. Manter a calma. Evitar pânico e assumir a situação.

2. Antes de qualquer procedimento, avaliar a cena do acidente e observar se ela


pode oferecer riscos, para o acidentado e para você. EM HIPÓTESE NENHUMA
PONHA SUA PRÓPRIA VIDA EM RISCO.

3. Os circunstantes devem ser afastados do acidentado, com calma e educação. O


acidentado deve ser mantido afastado dos olhares de curiosos, preservando a
sua integridade física e moral.

4. Saiba que qualquer ferimento ou doença súbita dará origem a uma grande
mudança no ritmo da vida do acidentado, pois o coloca repentinamente em uma
situação para a qual não está preparado e que foge a seu controle. Suas reações
e comportamentos são diferentes do normal, não permitindo que ele possa avaliar
as próprias condições de saúde e as conseqüências do acidente. Necessita de
alguém que o ajude. Atue de maneira tranqüila e hábil, o acidentado sentirá que
está sendo bem cuidado e não entrará em pânico. Isto é muito importante, pois a
intranqüilidade pode piorar muito o seu estado.

5. Em caso de óbito serão necessárias testemunhas do ocorrido. Obter a


colaboração de outras pessoas dando ordens claras e concisas. Identificar
pessoas que se encarreguem de desviar o trânsito ou construir uma proteção
provisória. Uma ótima dica é dar tarefas como, por exemplo: contatar o
atendimento de emergência, buscar material para auxiliar no atendimento, como
talas e gaze, avisar a polícia se necessário, etc.

6. JAMAIS SE EXPONHA A RISCOS. Utilizar luvas descartáveis e evitar o contato


direto com sangue, secreções, excreções ou outros líquidos. Existem várias
doenças que são transmitidas através deste contato.

Segurança do Trabalho
37

7. Tranqüilizar o acidentado. Em todo atendimento ao acidentado consciente,


comunicar o que será feito antes de executar para transmitir confiança, evitando o
medo e a ansiedade.

8. Quando a causa de lesão for um choque violento, deve-se pressupor a existência


de lesão interna. As vítimas de trauma requerem técnicas específicas de
manipulação, pois qualquer movimento errado pode piorar o seu estado.
Recomendamos que as vítimas de traumas não sejam manuseadas até a
chegada do atendimento emergencial. Acidentados presos em ferragens só
devem ser retirados pela equipe de atendimento emergencial.

9. No caso do acidentado ter sede, não ofereça líquidos para beber, apenas molhe
sua boca com gaze ou algodão umedecido.

10. Cobrir o acidentado para conservar o corpo quente e protegê-lo do frio, chuva,
etc.

11. Em locais onde não haja ambulância, o acidentado só poderá ser transportado
após ser avaliado, estabilizado e imobilizado adequadamente. Evite movimentos
desnecessários.

12. Só retire o acidentado do local do acidente se esse local causar risco de vida
para ele ou para o socorrista. Ex: risco de explosão, estrada perigosa onde não haja
como sinalizar, etc.

Segurança do Trabalho
38

6 ERGONOMIA

6.1 HISTÓRICO E FASES DA ERGONOMIA

Desde os tempos do Homem das Cavernas, a Ergonomia já existia e era aplicada.


Quando se descobriu que uma pedra poderia ser afiada até ficar pontiaguda e
transformar-se numa lança ou num machado, ali estava se aplicando a Ergonomia.
A Ergonomia é a ciência aplicada a facilitar o trabalho executado pelo homem,
sendo que se interpreta aqui a palavra “trabalho” como algo muito abrangente, em
todos os ramos e áreas de atuação.

O nome Ergonomia deriva-se de duas palavras gregas: ERGOS (trabalho) e


NOMOS (leis, normas e regras). É, portanto uma ciência que pesquisa, estuda,
desenvolve e aplica regras e normas a fim de organizar o trabalho, tornando este
último compatível com as características físicas e psíquicas do ser humano.

Para que isto seja possível, uma infinidade de outras ciências é usada pela
Ergonomia, para que o profissional que desenvolve projetos Ergonômicos obtenha
os conhecimentos necessários e suficientes e resolva uma série de problemas
identificados num ambiente de trabalho, ou no modo como o trabalho é organizado e
executado. Exemplos: fisiologia e anatomia, antropometria e biomecânica, higiene
do trabalho e toxicologia, doenças ocupacionais.

Oficialmente, a Ergonomia nasceu em 1949, derivada da época da 2ª Guerra


Mundial. Durante a guerra, centenas de aviões, tanques, submarinos e armas foram
rapidamente desenvolvidas, bem como sistemas de comunicação mais avançados e
radares. Ocorre que muitos destes equipamentos não estavam adaptados às

Segurança do Trabalho
39

características perceptivas daqueles que os operavam, provocando erros, acidentes


e mortes.

Como cada soldado ou piloto morto representava problemas sérios para as Forças
Armadas, estudos e pesquisas foram iniciados por Engenheiros, Médicos e
Cientistas, a fim de que projetos fossem desenvolvidos para modificar comandos
(alavancas, botões, pedais, etc.) e painéis, além do campo visual das máquinas de
guerra. Iniciava-se, assim, a adaptação de tais equipamentos aos soldados que
tinham que utilizá-los em condições críticas, ou seja, em combate.

Após a guerra, diversos profissionais envolvidos em tais projetos reuniram-se na


Inglaterra, para trocar idéias sobre o assunto. Na mesma época, a Marinha e a
Força Aérea dos Estados Unidos montam laboratórios de pesquisa de Ergonomia (lá
conhecida por Human Factors, ou Fatores Humanos), com os mesmos objetivos.

Posteriormente, com o Programa de Corrida Espacial e a Guerra Fria entre URSS e


os EUA, a Ergonomia ganha impressionante avanço junto à NASA. Com o enorme
desenvolvimento tecnológico divulgado por esta, a Ergonomia rapidamente se
disseminou pelas indústrias de toda a América do Norte e Europa.

Assim, percebe-se uma Primeira Fase da Ergonomia, referente às dimensões de


objetos, ferramentas, painéis de controle dos postos de trabalho usados por
operários. O objetivo dos cientistas, nesta fase, concentrava-se mais ao
redimensionamento dos postos de trabalho, possibilitando um melhor alcance motor
e visual aos trabalhadores.

Numa Segunda Fase, a Ergonomia passa a ampliar sua área de atuação,


confundindo-se com outras ciências, eis que fazendo uso destas. Assim, passa o
Ergonomista a projetar postos de trabalho que isolam os trabalhadores do ambiente
industrial agressivo, seja por agentes físicos (calor, frio, ruído, etc.), seja pela
intoxicação por agentes químicos (vapores, gases, particulado sólido, etc.) uma
interface com higiene ocupacional. O que se percebe é uma abrangência maior do

Segurança do Trabalho
40

Ergonomista nesta fase, adequando o ambiente e as dimensões do trabalho ao


homem.

Em uma fase mais recente (Terceira Fase), à época da década de 80, a Ergonomia
passa a atuar em outro ramo científico, mais relacionado com o processo
COGNITIVO do ser humano, ou seja, estudando e elaborando sistemas de
transmissão de informações mais adequadas às capacidades mentais do homem,
muito comuns junto à informática e ao controle automático de processos industriais,
através de SDCD’s (Sistema Digital de Controle de Dados – automação, informática,
etc.). Tal fase intensificou sua atuação mais na região da Europa, disseminando-se a
seguir pelo resto do mundo.

Por fim, na atualidade, pesquisas mais recente estão se desenvolvendo em relação


à PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO (Estado mental patológico caracterizado por
desvios, sobretudo caracterológicos, que acarretam comportamentos anti-sociais) e
na ANÁLISE COLETIVA DO TRABALHO. Especificamente a Escola Francesa de
Ergonomia interessou-se por tais ciências e as vem divulgando pelo mundo,
inclusive no Brasil.

A primeira estuda as reações PSICOSSOMÁTICAS (perturbações ou lesões


orgânicas produzidas por influências psíquicas (emoções, desejos, medo), dos
trabalhadores e seu sofrimento frente a situações problemáticas da rotina do
trabalho, principalmente levando em consideração que muitas destas situações não
são previstas pela empresa, e muito menos aceitas por estas. Já a Análise Coletiva
do Trabalho estabeleceu um importante diálogo entre o Ergonomista e grupos de
trabalhadores, que passam a explicar livremente suas críticas, idéias e sugestões
relacionadas aos problemas que os fazem sofrer em seu trabalho, sem sofrer
pressões por parte das chefias, o que é essencial.

A ergonomia nasceu de uma necessidade do ser humano cada vez mais querer
aplicar menos esforço físico e mental em suas atividades diárias.

Segurança do Trabalho
41

Ergonomia = Menos
esforço
físico e
mental

6.2 A ERGONOMIA E O SISTEMA HOMEM-MÁQUINA E MEIO AMBIENTE

A ergonomia é a qualidade da adaptação de um dispositivo a seu operador e à


tarefa que ele realiza. A usabilidade se revela quando os usuários empregam o
sistema para alcançar seus objetivos em um determinado contexto de operação
(Cybis, Betiol & Faust, 2007). Pode-se dizer que a ergonomia está na origem da
usabilidade, pois quanto mais adaptado for o sistema interativo, maiores serão os
níveis de eficácia, eficiência e satisfação alcançado pelo usuário durante o uso do
sistema. De fato, a norma ISO 9241, em sua parte 11, define usabilidade a partir
destas três medidas de base:

- Eficácia: a capacidade que os sistemas conferem a diferentes tipos de usuários


para alcançar seus objetivos em número e com a qualidade necessária.
- Eficiência: a quantidade de recursos (por exemplo, tempo, esforço físico e
cognitivo) que os sistemas solicitam aos usuários para a obtenção de seus
objetivos com o sistema.
- Satisfação: a emoção que os sistemas proporcionam aos usuários em face dos
resultados obtidos e dos recursos necessários para alcançar tais objetivos.

Por outro lado, um problema de ergonomia é identificado quando um aspecto da


interface está em desacordo com as características dos usuários e da maneira pela
qual ele realiza sua tarefa. Já um problema de usabilidade é observado em
determinadas circunstâncias, quando uma característica do sistema interativo
(problema de ergonomia) ocasiona a perda de tempo, compromete a qualidade da
tarefa ou mesmo inviabiliza sua realização. Como consequência, ele estará

Segurança do Trabalho
42

aborrecendo, constrangendo ou até traumatizando a pessoa que utiliza o sistema


interativo.

6.3 ERGONOMIA E SISTEMA DA QUALIDADE

A ergonomia aplica-se ao desenvolvimento de ferramentas de ações sistematizadas


em virtude uma política da qualidade e a critérios de averiguação de sua aplicação,
como na assimilação da cultura do bem fazer por bem estar e compreender, nas
chamadas auditorias ou análises de qualificação e mapeamentos de processos, e
atinge a segmentos diversos quando margeia a confiança aos métodos de
interpretação e a introdução de novos aplicativos, artefatos e até de gerenciamento
de pessoas inerentes ou inseridas a um grupo. Os sistemas de qualidade em
disseminação, quando de sua possibilidade em humanizar os processos volta-se a
racionalizar o homem ao sistema e a interface da pessoa com o método.

6.4 A ERGONOMIA E A PREVENÇÃO DE ACIDENTES

A ergonomia apresenta três níveis de desafios na indústria: o nível das condições de


trabalho, dos sistemas técnicos e dos sistemas de produção. Nas condições de
trabalho, a segurança é o desafio principal. Como a ergonomia tem o foco na
atividade, os acidentes de trabalho são estudados por ela. Na teoria vigente em
nosso país no campo da segurança do trabalho, os acidentes têm como causa os
atos inseguros (90%) e as condições inseguras (10%). A ergonomia estuda os erros
humanos para melhorar o contexto dos sistemas produtivos.

Na revisão teórica procurou-se ver o trabalhador como ser humano, visto sob a ótica
da psicopatologia do trabalho; a segurança do trabalho em uma leitura interpretativa
de suas teorias e; o erro humano/ato inseguro quando relacionado com acidentes do
trabalho.

Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, aplicando


conhecimentos de outras ciências na solução dos problemas surgidos desse
relacionamento.

Segurança do Trabalho
43

Um dos problemas graves entre o homem e seu trabalho são os acidentes que lhe
causam doenças, lesões, amputações e até a morte de muitos trabalhadores.

No contexto da atividade, para atuar sobre os acidentes de trabalho, a Ergonomia


deve olhar o trabalhador como ser humano, a quem o trabalho deve ser adaptado;
precisa alcançar a segurança do trabalho e sua defasagem entre a normalização e a
realidade e necessita olhar os erros humanos (estudado pela ergonomia) e os atos
inseguros (estudado pela segurança do trabalho). A figura abaixo apresenta a visão
da ergonomia sobre os acidentes e o inter-relacionamento entre os fatores.

Além disso, as organizações revelam desordens em seus interiores não importando


se elas estão predispostas a um acidente ou não. Quando se fala em erros
humanos, geralmente isto se refere a uma desatenção ou negligência do
trabalhador. Para que essa desatenção ou negligência resulte em acidente, houve
uma série de decisões que criaram as condições para que isto acontecesse. Se
essas decisões tivessem sido diferentes, essa mesma desatenção ou negligência
poderia não ter resultado em acidente. A abordagem do erro humano tem sofrido
mudanças na medida em que se compreende melhor o comportamento do homem.

6.5 OS FATORES BIOMECÂNICOS LIGADOS AO TRABALHO

Biomecânica é o estudo do movimento e do efeito das forças internas e externas de


um corpo baseado em análises quantitativas e qualitativas, utilizando parâmetros
como: velocidade, direção, quantidade de força, etc. As características e descrição
do movimento fazem parte da cinesiologia (ciência que tem como enfoque a análise
dos movimentos), que complementa a abordagem descritiva da origem do

Segurança do Trabalho
44

deslocamento, e a fisiologia, por sua vez, estuda o funcionamento da articulação


através da nutrição, irrigação, inervação das estruturas envolvidas, etc.

A articulação é formada pela coaptação de dois ossos com o auxílio de músculos


esqueléticos, ligamentos e cápsula articular. Para uma melhor compreensão é
necessário ressaltar algumas considerações distintas sobre o sistema músculo-
esquelético.

O sistema esquelético determina nossa estrutura (tamanho e forma do corpo


humano) em conjunto com hábitos alimentares, nível de atividade física e postura.
Suas principais funções são: formação de alavancas para o aumento de forças e/ou
velocidade dos movimentos, suporte, proteção, armazenamento de gordura e
minerais, e formação de células sangüíneas.

O sistema músculo-esquelético tem como funções principais: produção de


movimentos, auxílio na estabilidade articular, manutenção da postura e
posicionamento corporal, e suporte. O músculo se insere no osso diretamente ou por
meio de tendões e/ou aponeuroses (faixas achatadas tendão), que suportam altas
forças de tensão produzidas pelos músculos, absorvendo ou aumentando a tensão
no sistema. As ações musculares estabilizam e maximizam a armazenagem de
energia e desempenho muscular.

Após o conhecimento anatômico e fisiológico das articulações, podemos distinguir


os tipos de movimentos realizados, tais como flexão, extensão, rotação, abdução,
etc., e associá-los aos planos e eixos ocorridos em relação a um sistema de
referência, especificando a posição de um corpo ou segmento no espaço e às
características de sua movimentação.

6.5.1 A FORÇA

A força é um conceito fácil de definir, mas um parâmetro difícil de estimar.


Resumindo, pode-se dizer que existem dois enfoques de estimação importante:

Segurança do Trabalho
45

a) A força vista como fator de risco: a carga externa, os pesos manipulados;


b) A força vista como uma conseqüência: seu impacto nas estruturas corporais.

É importante fazer a distinção entre o peso do objeto a ser manipulado e a força


necessária para manipulá-lo. O efeito do peso absoluto do objeto ou da ferramenta
manipulada depende muito da posição do objeto ou da ferramenta em relação ao
eixo do corpo. Em função das posições do braço em alavanca, a manipulação de
objetos ou ferramentas de pouco peso pode exigir esforços importantes e aumentar
o risco para as articulações do ombro e do cotovelo (Keiserling e col., 1991).

A avaliação do grau de nocividade do fator força depende:

- Da posição do objeto em relação ao corpo tempo de manutenção;


- Da freqüência;
- Da forma da ferramenta ou objeto manipulado;
- Do uso de luvas ou de ferramentas vibrantes;
- Das posturas de pega ou agarre.

6.5.2 A REPETITIVIDADE

Utilizaremos neste trabalho a repetitividade como sendo o número de passagens,


por unidade de tempo de uma situação neutra à uma situação extrema em termos
de movimentos angulares, de força ou ainda de movimentos e força. Há ainda auto
ES que separam a repetitividade por partes do corpo, de acordo com o quadro
abaixo:

Segurança do Trabalho
46

6.5.3 POSTURAS

Representam, parcialmente, atitudes psicomotoras, relacionando-se com processos


de percepção e expressão corporal, assim como com informação e treinamento.
Posturas ideais não são atingidas se os postos de trabalho são inadequados,
mesmo que as atitudes posturais sejam adequadas.

A postura submete-se às características anatômicas e fisiológicas do corpo humano,


obedecendo leis da Física e da Biomecânica. A ergonomia visa propiciar posturas
anatômicas nos postos de trabalho, as quais não induzam a distorções ou o façam
dentro de limites aceitáveis. Ocorre sobrecarga geral e/ou específica do sistema
musculoesquelético em posturas inadequadas, principalmente nas que exigem
contrações musculares estáticas, sendo um dos fatores principais da origem do
DORT.

A ergonomia procura determinar as posturas ideais para cada situação de trabalho.


Além da fadiga muscular imediata, os efeitos a longo prazo de posturas inadequadas
são vários: sobrecarga imposta ao aparelho respiratório, formação de edemas e
varizes e afecções nas articulações, principalmente na coluna vertebral. Alguns
critérios podem caracterizar uma má postura, porém não permitem avaliar
precisamente seu custo para o operador, e são mais significativos em alguns casos
do que em outros:

a) energia suplementar despendida para uma postura inadequada é mínima, não


traduzindo a dificuldade desta;
b) freqüência cardíaca indica o dispêndio energético assim como a resistência
circulatória obtida pela contração estática dos grupos musculares, sendo um critério
mais fiel;
c) a eletroneuromiografia possibilita avaliar o grau de contratilidade muscular,
evidenciando fadiga muscular, mas não pode ser usada no conjunto dos músculos
ativos na manutenção de uma postura;
d) critérios subjetivos mesmo que só permitam a organização de uma escala de
dificuldades não devem ser negligenciados.

Segurança do Trabalho
47

São fatores determinantes das posturas e têm uma influência direta na postura do
executante:

a) exigências visuais;
b) exigências de precisão dos movimentos;
c) exigências da força a ser exercida;
d) espaços onde o operador atua;
e) ritmo de execução.

Quando se senta normalmente facilita-se a execução de trabalhos de precisão,


porém, pode-se ter dificuldades se: área de trabalho muito extensa e necessidade
de se exercer força importante (recomenda-se postura em pé). Os elementos do
trabalho têm repercussão na postura sendo que o desequilíbrio de apenas um
segmento corporal pode provocar efeitos imediatos sobre a organização dos outros
no espaço.

Segurança do Trabalho
48

2º Bimestre

Segurança do Trabalho
49

7 HIGIENE E MEDICINA DO TRABALHO

Higiene Ocupacional é uma ciência multidisciplinar, que tem por objetivo


fundamental a preservação da saúde do trabalhador, o patrimônio mais importante.
“Os objetivos de um programa de higiene do trabalho consistem em reconhecer,
avaliar e controlar os riscos ambientais nos locais de trabalho”.

7.1 RISCOS AMBIENTAIS

A maioria dos processos pelos quais o homem modifica os materiais extraídos da


natureza, para transformá-los em produtos segundo as necessidades tecnológicas
atuais, capazes de dispensar no ambiente dos locais de trabalho substâncias que,
ao entrarem em contato com o organismo dos trabalhadores, podem acarretar
moléstias ou danos a sua saúde.

Assim, também estes processos poderão originar condições físicas de intensidade


inadequada para o organismo humano, sendo que ambos os tipos de riscos (físicos
e químicos) são geralmente de caráter acumulativo e chegam, às vezes, a produzir
graves danos aos trabalhadores.

Conforme a NR-9, riscos ambientais são os agentes físicos, químicos e biológicos


existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração
ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do
trabalhador.

 Riscos Ambientais: São riscos existentes no ambiente de trabalho que, em


condições especiais acarretam as doenças profissionais como: Surdez
profissional, Pneumoconiose, Bissinose (algodão), Saturnismo (chumbo), etc;
que advém de exposições prolongadas a um determinado agente.
 Agentes Ambientais: São todas as condições, fatores ambientais ou tensões
que surgem dentro e fora do local de trabalho, que podem causar doenças,
prejuízos à saúde, um desconforto significativo ao bem-estar ou ineficiência
nos trabalhadores ou entre as pessoas da comunidade.

Segurança do Trabalho
50

Os Riscos Ambientais são subdivididos em três grupos, riscos físicos, riscos


químicos e riscos biológicos, conforme a NR-9. Há, ainda, os riscos ergonômicos e
de acidentes (mecânicos).

7.1.1 AGENTES FÍSICOS

Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar


expostos os trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões anormais,
temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não-ionizantes, bem como o
infra-som e o ultra-som.

7.1.2 AGENTES QUÍMICOS

São substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela


via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores,
ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser
absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.

7.1.3 AGENTES BIOLÓGICOS

São bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.

TABELA 1 - DOS RISCOS AMBIENTAIS

RISCOS AMBIENTAIS
Grupo I Grupo II Grupo III
(Vermelho) (Verde) (Marron)
Agentes Químicos Agentes Físicos Agentes Biológicos
Poeira Ruído Vírus
Fumos Metálicos Vibração Bactéria
Radiação ionizantes
Névoas Protozoários
e não ionizantes

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51

Vapores Pressões anormais Fungos

Gases Temperaturas extremas Bacilos

Produtos químicos
Frio Parasitas
em geral

Calor
Substâncias, compostos
ou produtos químicos em
geral.
Umidade

Outros Outros Outros

7.2 LIMITE DE TOLERÂNCIA

Segundo a NR-15, limite de tolerância é a concentração ou intensidade máxima ou


mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não
causará dano à saúde do trabalhador durante a sua vida laboral.

De tudo quanto se tem exposto podemos concluir que a presença de agentes


agressivos nos locais de trabalho representa um risco, mas isto não quer dizer que
os trabalhadores expostos venham a contrair alguma doença.

Para que isto aconteça, devem concorrer vários fatores, que são:

7.2.1 TEMPO DE EXPOSIÇÃO

Quanto maior o tempo de exposição, maiores serão as possibilidades de se produzir


uma doença do trabalho.

Segurança do Trabalho
52

7.2.2 CONCENTRAÇÃO OU INTENSIDADE DOS AGENTES AMBIENTAIS

Quanto maior a concentração ou intensidade dos agentes agressivos presentes no


ambiente de trabalho, tanto maior a possibilidade de danos à saúde dos
trabalhadores expostos.

7.3 CARACTERÍSTICAS DOS AGENTES AMBIENTAIS

As características específicas de cada agente também contribuem para a definição


de seu potencial de agressividade.

O estudo do ambiente de trabalho, visando estabelecer relação entre esse ambiente


e possíveis danos à saúde dos trabalhadores que devem efetuar seus serviços
normais nesses locais, constitui o que chamamos de um levantamento de condições
ambientais de trabalho.

7.4 SUSCETIBILIDADE INDIVIDUAL

A complexidade do organismo humano implica em que a resposta do organismo a


um determinado agente pode variar de indivíduo para indivíduo. Portanto, a
suscetibilidade individual é um fator importante a ser considerado.

Todos estes fatores devem ser estudados quando se apresenta um risco potencial
de doença do trabalho e, na medida em que este seja claramente estabelecido,
podendo planejar a implementação de medidas de controle, que levarão à
eliminação ou à minimização do risco em estudo.

O tempo real de exposição será determinado considerando-se a análise da tarefa


desenvolvida pelo trabalhador.

Segurança do Trabalho
53

7.4.1 TIPO DE SERVIÇO

Essa análise deve incluir estudos, tais como:

- Movimento do trabalhador ao efetuar o seu serviço;


- Período de trabalho e descanso, considerando todas as suas possíveis variações
durante a jornada de trabalho.

A concentração dos poluentes químicos ou a intensidade dos agentes físicos devem


ser avaliadas, mediante amostragem nos locais de trabalho, de nane ira tal que
essas amostragens sejam o mais representativas possível da exposição real do
trabalhador a esses agentes agressivos. Este estudo deve considerar também as
características físico-químicas dos contaminantes e as características próprias que
distinguem o tipo de risco físico.

Junto a este estudo ambiental terá de ser feito o estudo médico do trabalhador
exposto, a fim de determinar possíveis alterações no seu organismo, provocadas
pelos agentes agressivos, que permitirão a instalação de danos mais importantes, se
a exposição continuar.

Segurança do Trabalho
54

8 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO

O efetivo controle e extinção de um incêndio requerem um entendimento da


natureza química e física do fogo. Isso inclui informações sobre fontes de calor,
composição e características dos combustíveis e as condições necessárias para a
combustão.

Combustão é uma reação química de oxidação, auto-sustentável, com liberação de


luz, calor, fumaça e gases.

Para efeito didático, adota-se o tetraedro (quatro faces) para exemplificar e explicar
a combustão, atribuindo-se, a cada face, um dos elementos essenciais da
combustão.

Os quatro elementos essenciais do fogo são: Calor, Combustível, Comburente e


Reação Química em Cadeia.

8.1 CALOR

Forma de energia que eleva a temperatura, gerada da transformação de outra


energia, através de processo físico ou químico.

Segurança do Trabalho
55

Pode ser descrito como uma condição da matéria em movimento, isto é,


movimentação ou vibração das moléculas que compõem a matéria. As moléculas
estão constantemente em movimento. Quando um corpo é aquecido, a velocidade
das moléculas aumenta e o calor (demonstrado pela variação da temperatura)
também aumenta.

O calor é gerado pela transformação de outras formas de energia, quais sejam:

- Energia química (a quantidade de calor gerado pelo processo de combustão);


- Energia elétrica (o calor gerado pela passagem de eletricidade através de um
condutor, como um fio elétrico ou um aparelho eletrodoméstico);
- Energia mecânica (o calor gerado pelo atrito de dois corpos);
- Energia nuclear (o calor gerado pela fissão (quebra) do núcleo de átomo).

8.1.1 EFEITOS DO CALOR

O calor é uma forma de energia que produz efeitos físicos e químicos nos corpos e
efeitos fisiológicos nos seres vivos. Em conseqüência do aumento de intensidade do
calor, os corpos apresentarão sucessivas modificações, inicialmente físicas e depois
químicas. Assim, por exemplo, ao aquecermos um pedaço de ferro, este,
inicialmente, aumenta sua temperatura e, a seguir, o seu volume. Mantido o

Segurança do Trabalho
56

processo de aquecimento, o ferro muda de cor, perde a forma, até atingir o seu
ponto de fusão, quando se transforma de sólido em líquido. Sendo ainda aquecido,
gaseifica-se e queima em contato com o oxigênio, transformando-se em outra
substância.

8.1.2 ELEVAÇÃO DA TEMPERATURA

Este fenômeno se desenvolve com maior rapidez nos corpos considerados bons
condutores de calor, como os metais; e, mais vagarosamente, nos corpos tidos
como maus condutores de calor, como por exemplo, o amianto. Por ser mau
condutor de calor, o amianto é utilizado na confecção de materiais de combate a
incêndio, como roupas, capas e luvas de proteção ao calor. (O amianto vem sendo
substituído por outros materiais, por apresentar características cancerígenas).

O conhecimento sobre a condutibilidade de calor dos diversos materiais é de grande


valia na prevenção de incêndio. Aprendemos que materiais combustíveis nunca
devem permanecer em contato com corpos bons condutores, sujeitos a uma fonte
de aquecimento.

8.1.3 AUMENTO DE VOLUME

Todos os corpos – sólidos, líquidos ou gasosos – se dilatam e se contraem


conforme o aumento ou diminuição da temperatura. A atuação do calor não se faz
de maneira igual sobre todos os materiais. Alguns problemas podem decorrer dessa
diferença. Imaginemos, por exemplo, uma viga de concreto de 10m exposta a uma
variação de temperatura de 700 ºC. A essa variação, o ferro, dentro da viga,
aumentará seu comprimento cerca de 84 mm, e o concreto, 42mm.

Com isso, o ferro tende a deslocar-se no concreto, que perde a capacidade de


sustentação, enquanto que a viga “empurra” toda a estrutura que sustenta em, pelo
menos, 42 mm.

Segurança do Trabalho
57

Os materiais não resistem a variações bruscas de temperatura. Por exemplo, ao


jogarmos água em um corpo superaquecido, este se contrai de forma rápida e
desigual, o que lhe causa rompimentos e danos.

Pode ocorrer um enfraquecimento deste corpo, chegando até a um colapso, isto é,


ao surgimento de grandes rupturas internas que fazem com que o material não mais
se sustente. (Mudanças bruscas de temperatura, como as relatadas acima, são
causas comuns de desabamentos de estruturas).

A dilatação dos líquidos também pode produzir situações perigosas, provocando


transbordamento de vasilhas, rupturas de vasos contendo produtos perigosos, etc.
A dilatação dos gases provocada por aquecimento acarreta risco de explosões
físicas, pois, ao serem aquecidos até 273ºC , os gases duplicam de volume; a
546ºC o seu volume é triplicado, e assim sucessivamente. Sob a ação de calor, os
gases liquefeitos comprimidos aumentam a pressão no interior dos vasos que os
contêm, pois não têm para onde se expandir. Se o aumento de temperatura não
cessar, ou se não houver dispositivos de segurança que permitam escape dos
gases, pode ocorrer uma explosão, provocada pela ruptura das paredes do vaso e
pela violenta expansão dos gases. Os vapores de líquidos (inflamáveis ou não) se
comportam como os gases.

8.1.4 MUDANÇA DO ESTADO FÍSICO DA MATÉRIA

Com o aumento do calor, os corpos tendem a mudar seu estado físico: alguns
sólidos transformam-se em líquidos (liquefação), líquidos se transformam em gases
(gaseificação) e há sólidos que se transformam diretamente em gases (sublimação).
Isso se deve ao fato de que o calor faz com que haja maior espaço entre as
moléculas e estas, separando-se, mudam o estado físico da matéria. No gelo, as
moléculas vibram pouco e estão bem juntas; com o calor, elas adquirem velocidade
e maior espaçamento, transformando um sólido (gelo) em um líquido (água).

Segurança do Trabalho
58

8.1.5 MUDANÇA DO ESTADO QUÍMICO DA MATÉRIA

Mudança química é aquela em que ocorre a transformação de uma substância em


outra. A madeira, quando aquecida, não libera moléculas de madeira em forma de
gases, e sim outros gases, diferentes, em sua composição, das moléculas originais
de madeira. Essas moléculas são menores e mais simples, por isso têm grande
capacidade de combinar com outras moléculas, as de oxigênio, por exemplo.
Podem produzir também gases venenosos ou explosões.

8.1.6 EFEITOS FISIOLÓGICOS DO CALOR

O calor é a causa direta da queima e de outras formas de danos pessoais. Danos


causados pelo calor incluem desidratação, insolação, fadiga e problemas para o
aparelho respiratório, além de queimaduras, que nos casos mais graves (1º, 2º e 3º
graus) podem levar até a morte.

8.2 PROPAGAÇÃO DO CALOR

O calor pode se propagar de três diferentes maneiras: condução, convecção e


irradiação. Como tudo na natureza tende ao equilíbrio, o calor é transferido de
objetos com temperatura mais alta para aqueles com temperatura mais baixa. O
mais frio de dois objetos absorverá calor até que esteja com a mesma quantidade de
energia do outro.

Segurança do Trabalho
59

8.2.1 CONVECÇÃO

É a transferência de calor pelo movimento ascendente de massas de gases ou de


líquidos dentro de si próprios.

Quando a água é aquecida num recipiente de vidro, pode-se observar um


movimento, dentro do próprio líquido, de baixo para cima. À medida que a água é
aquecida, ela se expande e fica menos densa (mais leve) provocando um
movimento para cima. Da mesma forma, o ar aquecido se expande e tende a subir
para as partes mais altas do ambiente, enquanto o ar frio toma lugar nos níveis mais
baixos. Em incêndio de edifícios, essa é a principal forma de propagação de calor
para andares superiores, quando os gases aquecidos encontram caminho através
de escadas, poços de elevadores, etc.

8.2.2 CONDUÇÃO

Condução é a transferência de calor através de um corpo sólido de molécula a


molécula. Colocando-se, por exemplo, a extremidade de uma barra de ferro próxima
a uma fonte de calor, as moléculas desta extremidade absorverão calor; elas
vibrarão mais vigorosamente e se chocarão com as moléculas vizinhas, transferindo-
lhes calor.

Essas moléculas vizinhas, por sua vez, passarão adiante a energia calorífica, de
modo que o calor será conduzido ao longo da barra para a extremidade fria. Na
condução, o calor passa de molécula a molécula, mas nenhuma molécula é
transportada com o calor.

Quando dois ou mais corpos estão em contato, o calor é conduzido através deles
como se fossem um só corpo.

Segurança do Trabalho
60

8.2.3 IRRADIAÇÃO

É a transmissão de calor por ondas de energia calorífica que se deslocam através


do espaço. As ondas de calor propagam-se em todas as direções, e a intensidade
com que os corpos são atingidos aumenta ou diminui à medida que estão mais
próximos ou mais afastados da fonte de calor.

Um corpo mais aquecido emite ondas de energia calorífica para um outro mais frio
até que ambos tenham a mesma temperatura. O bombeiro deve estar atento aos
materiais ao redor de uma fonte que irradie calor para protegê-los, a fim de que não
ocorram novos incêndios. Para se proteger, o bombeiro deve utilizar roupas
apropriadas e água (como escudo).

8.3 PONTOS DE TEMPERATURA

Os combustíveis são transformados pelo calor, e a partir desta transformação, é que


combinam com o oxigênio, resultando a combustão. Essa transformação

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61

desenvolve-se em temperaturas diferentes, à medida que o material vai sendo


aquecido.

Com o aquecimento, chega-se a uma temperatura em que o material começa a


liberar vapores, que se incendeiam se houver uma fonte externa de calor. Neste
ponto, chamado de "Ponto de Fulgor", as chamas não se mantêm devido à pequena
quantidade de vapores. Prosseguindo no aquecimento, atinge-se uma temperatura
em que os gases desprendidos do material, ao entrarem em contato com uma fonte
externa de calor, iniciam a combustão, e continuam a queimar sem o auxílio daquela
fonte. Esse ponto é chamado de “Ponto de Combustão”. Continuando o
aquecimento, atinge-se um ponto no qual o combustível, exposto ao ar, entra em
combustão sem que haja fonte externa de calor. Esse ponto é chamado de “Ponto
de Ignição”.

8.4 COMBUSTÍVEL

É toda a substância capaz de queimar e alimentar a combustão. É o elemento que


serve de campo de propagação ao fogo.

Os combustíveis podem ser sólidos, líquidos ou gasosos, e a grande maioria precisa


passar pelo estado gasoso para, então, combinar com o oxigênio. A velocidade da
queima de um combustível depende de sua capacidade de combinar com oxigênio
sob a ação do calor e da sua fragmentação (área de contato com o oxigênio).

8.4.1 COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS

As maiorias dos combustíveis sólidos transformam-se em vapores e, então, reagem


com o oxigênio. Outros sólidos (ferro, parafina, cobre, bronze) primeiro transformam-
se em líquidos, e posteriormente em gases, para então se queimarem.

Quanto maior a superfície exposta, mais rápido será o aquecimento do material e,


conseqüentemente, o processo de combustão. Como exemplo: uma barra de aço
exigirá muito calor para queimar, mas, se transformada em palha de aço, queimará

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62

com facilidade. Assim sendo, quanto maior a fragmentação do material, maior será a
velocidade da combustão.

8.4.2 COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS

Os líquidos inflamáveis têm algumas propriedades físicas que dificultam a extinção


do calor, aumentando o perigo para os bombeiros.

Os líquidos assumem a forma do recipiente que os contem. Se derramados, os


líquidos tomam a forma do piso, fluem e se acumulam nas partes mais baixas.

Tomando como base o peso da água, cujo litro pesa 1 quilograma, classificamos os
demais líquidos como mais leves ou mais pesados. É importante notar que a maioria
dos líquidos inflamáveis é mais leves que água e, portanto, flutuam sobre esta.

Outra propriedade a ser considerada é a solubilidade do líquido, ou seja, sua


capacidade de misturar-se à água. Os líquidos derivados do petróleo (conhecidos
como hidrocarbonetos) têm pouca solubilidade, ao passo que líquidos como álcool,
acetona (conhecidos como solventes polares) têm grande solubilidade, isto é,
podem ser diluídos até um ponto em que a mistura (solvente polar + água) não seja
inflamável.

A volatilidade, que é a facilidade com que os líquidos liberam vapores, também é de


grande importância, porque quanto mais volátil for o líquido, maior a possibilidade de
haver fogo, ou mesmo explosão. Chamamos de voláteis os líquidos que liberam
vapores a temperaturas menores que 20º C.

8.4.3 COMBUSTÍVEIS GASOSOS

Os gases não têm volume definido, tendendo, rapidamente, a ocupar todo o


recipiente em que estão contidos.

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63

Se o peso do gás é menor que o do ar, o gás tende a subir e dissipar-se. Mas, se o
peso do gás é maior que o do ar, o gás permanece próximo ao solo e caminha na
direção do vento, obedecendo os contornos do terreno.

Para o gás queimar, há necessidade de que esteja em uma mistura ideal com o ar
atmosférico, e, portanto, se estiver numa concentração fora de determinados limites,
não queimará. Cada gás, ou vapor, tem seus limites próprios. Por exemplo, se num
ambiente há menos de 1,4% ou mais de 7,6% de vapor de gasolina, não haverá
combustão, pois a concentração de vapor de gasolina nesse local está fora do que
se chama de mistura ideal, ou limites de inflamabilidade; isto é, ou a concentração
deste vapor é inferior ou é superior aos limites de inflamabilidade.

LIMITES DE INFLAMABILIDADE
Combustíveis Concentração
Limite inferior Limite superior
Metano 1,4% 7,6%
Propano 5% 17%
Hidrogênio 4% 75%
Acetileno 2% 85%

8.5 PROCESSOS DE QUEIMA

O início da combustão requer a conversão do combustível para o estado gasoso, o


que se dará por aquecimento. O combustível pode ser encontrado nos três estados
da matéria: sólido, líquido ou gasoso. Gases combustíveis são obtidos, a partir de
combustíveis sólidos, pela pirólise. Pirólise é a decomposição química de uma
matéria ou substância através do calor.

PIRÓLISE
Temperatura Reação
200ºC Produção de vapor d’água, dióxido de
carbono e ácidos acético e fórmico

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64

200ºC - 280ºC Ausência de vapor d’água – pouca


quantidade de monóxido de carbono
– a reação ainda está absorvendo
calor.
280ºC - 500ºC A reação passa a liberar calor, gases
inflamáveis e partículas; há a
carbonização dos materiais (o que
também liberará calor).
Acima de 500ºC Na presença do carvão, os combustíveis
sólidos são decompostos,
quimicamente, com maior velocidade.

Materiais combustíveis podem ser encontrados no estado sólido, líquido ou gasoso.


Como regra geral, os materiais combustíveis queimam no estado gasoso.
Submetidos ao calor, os sólidos e os líquidos combustíveis se transformam em gás
para se inflamarem. Como exceção e como casos raros, há o enxofre e os metais
alcalinos (potássio, cálcio, magnésio etc.), que se queimam diretamente no estado
sólido.

8.6 COMBURENTE

É o elemento que possibilita vida às chamas e intensifica a combustão. O mais


comum é que o oxigênio desempenhe esse papel.

A atmosfera é composta por 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio e 1% de outros


gases. Em ambientes com a composição normal do ar, a queima desenvolve-se com
velocidade e de maneira completa. Notam-se chamas. Contudo, a combustão
consome o oxigênio do ar num processo contínuo. Quando a porcentagem do
oxigênio do ar do ambiente passa de 21% para a faixa compreendida entre 16% e
8%, a queima torna-se mais lenta, notam-se brasas e não mais chamas. Quando o
oxigênio contido no ar do ambiente atinge concentração menor que 8%, não há
combustão.

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65

8.7 REAÇÃO EM CADEIA

A reação em cadeia torna a queima auto-sustentável. O calor irradiado das chamas


atinge o combustível e este é decomposto em partículas menores, que se combinam
com o oxigênio e queimam, irradiando outra vez calor para o combustível, formando
um ciclo constante.

8.8 FASES DO FOGO

Se o fogo ocorrer em área ocupada por pessoas, há grandes chances de que o fogo
seja descoberto no início e a situação resolvida. Mas se ocorrer quando a edificação
estiver deserta e fechada, o fogo continuará crescendo até ganhar grandes
proporções. Essa situação pode ser controlada com a aplicação dos procedimentos
básicos de ventilação.

O incêndio pode ser melhor entendido se estudarmos seus três estágios de


desenvolvimento.

8.8.1 FASE INICIAL

Nesta primeira fase, o oxigênio contido no ar não está significativamente reduzido e


o fogo está produzindo vapor d’água (H20), dióxido de carbono (CO2), monóxido de
carbono (CO) e outros gases. Grande parte do calor está sendo consumido no
aquecimento dos combustíveis, e a temperatura do ambiente, neste estágio, está
ainda pouco acima do normal. O calor está sendo gerado e evoluirá com o aumento
do fogo.

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8.8.2 QUEIMA LIVRE

Durante esta fase, o ar, rico em oxigênio, é arrastado para dentro do ambiente pelo
efeito da convecção, isto é, o ar quente “sobe” e sai do ambiente. Isto força a
entrada de ar fresco pelas aberturas nos pontos mais baixos do ambiente.

Os gases aquecidos espalham-se preenchendo o ambiente e, de cima para baixo,


forçam o ar frio a permanecer junto ao solo; eventualmente, causam a ignição dos
combustíveis nos níveis mais altos do ambiente. Este ar aquecido é uma das razões
pelas quais os bombeiros devem se manter abaixados e usar o equipamento de
proteção respiratória. Uma inspiração desse ar superaquecido pode queimar os
pulmões. Neste momento, a temperatura nas regiões superiores (nível do teto) pode
exceder 700 ºC.

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 “Flashover”

Na fase da queima livre, o fogo aquece gradualmente todos os combustíveis do


ambiente. Quando determinados combustíveis atingem seu ponto de ignição,
simultaneamente, haverá uma queima instantânea e concomitante desses produtos,
o que poderá provocar uma explosão ambiental, ficando toda a área envolvida pelas
chamas. Esse fenômeno é conhecido como “Flashover”.

8.8.3 QUEIMA LENTA

Como nas fases anteriores, o fogo continua a consumir oxigênio, até atingir um
ponto onde o comburente é insuficiente para sustentar a combustão. Nesta fase, as
chamas podem deixar de existir se não houver ar suficiente para mantê-las (na faixa
de 8% a 0% de oxigênio). O fogo é normalmente reduzido a brasas, o ambiente
torna-se completamente ocupado por fumaça densa e os gases se expandem.
Devido a pressão interna ser maior que a externa, os gases saem por todas as
fendas em forma de lufadas, que podem ser observadas em todos os pontos do
ambiente. E esse calor intenso reduz os combustíveis a seus componentes básicos,
liberando, assim, vapores combustíveis.

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 “Backdraft”

A combustão é definida como oxidação, que é uma reação química na qual o


oxigênio combina-se com outros elementos.

O carbono é um elemento naturalmente abundante, presente, entre outros materiais,


na madeira. Quando a madeira queima, o carbono combina com o oxigênio para
formar dióxido de carbono (CO2), ou monóxido de carbono (CO). Quando o oxigênio
é encontrado em quantidades menores, o carbono livre (C) é liberado, o que pode
ser notado na cor preta da fumaça.

Na fase de queima lenta em um incêndio, a combustão é incompleta porque não há


oxigênio suficiente para sustentar o fogo. Contudo, o calor da queima livre
permanece, e as partículas de carbono não queimadas (bem como outros gases
inflamáveis, produtos da combustão) estão prontas para incendiar-se rapidamente
assim que o oxigênio for suficiente. Na presença de oxigênio, esse ambiente
explodirá. A essa explosão chamamos “Backdraft”.

A ventilação adequada permite que a fumaça e os gases combustíveis


superaquecidos sejam retirados do ambiente. Ventilação inadequada suprirá
abundante e perigosamente o local com o elemento que faltava (oxigênio),
provocando uma explosão ambiental.

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As condições a seguir podem indicar uma situação de “Backdraft”:

- fumaça sob pressão, num ambiente fechado;


- fumaça escura, tornando-se densa, mudando de cor (cinza e amarelada) e saindo
do ambiente em forma de lufadas;
- calor excessivo (nota-se pela temperatura na porta);
- pequenas chamas ou inexistência destas;
- resíduos da fumaça impregnando o vidro das janelas;
- pouco ruído;
- movimento de ar para o interior do ambiente quando alguma abertura é feita (em
alguns casos ouve-se o ar assoviando ao passar pelas frestas).

8.9 FORMAS DE COMBUSTÃO

As combustões podem ser classificadas conforme a sua velocidade em: completa,


incompleta, espontânea e explosão.

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Dois elementos são preponderantes na velocidade da combustão: o comburente e o


combustível; o calor entra no processo para decompor o combustível. A velocidade
da combustão variará de acordo com a porcentagem do oxigênio no ambiente e as
características físicas e químicas do combustível.

8.9.1 COMBUSTÃO COMPLETA

É aquela em que a queima produz calor e chamas e se processa em ambiente rico


em oxigênio.

8.9.2 COMBUSTÃO INCOMPLETA

É aquela em que a queima produz calor e pouca ou nenhuma chama, e se processa


em ambiente pobre em oxigênio.

8.9.3 COMBUSTÃO ESPONTÂNEA

É o que ocorre, por exemplo, quando do armazenamento de certos vegetais que,


pela ação de bactérias, fermentam. A fermentação produz calor e libera gases que
podem incendiar. Alguns materiais entram em combustão sem fonte externa de calor
(materiais com baixo ponto de ignição); outros entram em combustão à temperatura
ambiente (20 ºC), como o fósforo branco. Ocorre também na mistura de
determinadas substâncias químicas, quando a combinação gera calor e libera gases
em quantidade suficiente para iniciar combustão. Por exemplo, água + sódio.

8.9.4 EXPLOSÃO

É a queima de gases (ou partículas sólidas), em altíssima velocidade, em locais


confinados, com grande liberação de energia e deslocamento de ar. Combustíveis
líquidos, acima da temperatura de fulgor, liberam gases que podem explodir (num
ambiente fechado) na presença de uma fonte de calor.

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8.10 MÉTODOS DE EXTINÇÃO DO FOGO

Os métodos de extinção do fogo baseiam-se na eliminação de um ou mais dos


elementos essenciais que provocam o fogo.

8.10.1 RETIRADA DO MATERIAL

É a forma mais simples de se extinguir um incêndio. Baseia-se na retirada do


material combustível, ainda não atingido, da área de propagação do fogo,
interrompendo a alimentação da combustão. Método também denominado corte ou
remoção do suprimento do combustível.

Ex.: fechamento de válvula ou interrupção de vazamento de combustível líquido ou


gasoso, retirada de materiais combustíveis do ambiente em chamas, realização de
aceiro, etc.

8.10.2 RESFRIAMENTO

É o método mais utilizado. Consiste em diminuir a temperatura do material


combustível que está queimando, diminuindo, conseqüentemente, a liberação de
gases ou vapores inflamáveis. A água é o agente extintor mais usado, por ter grande
capacidade de absorver calor e ser facilmente encontrada na natureza.

A redução da temperatura está ligada à quantidade e à forma de aplicação da água


(jatos), de modo que ela absorva mais calor que o incêndio é capaz de produzir.

É inútil o emprego de água onde queimam combustíveis com baixo ponto de


combustão (menos de 20ºC), pois a água resfria até a temperatura ambiente e o
material continuará produzindo gases combustíveis.

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72

8.10.3 ABAFAMENTO

Consiste em diminuir ou impedir o contato do oxigênio com o material combustível.


Não havendo comburente para reagir com o combustível, não haverá fogo. Como
exceção estão os materiais que têm oxigênio em sua composição e queimam sem
necessidade do oxigênio do ar, como os peróxidos orgânicos e o fósforo branco.

Conforme já vimos anteriormente, a diminuição do oxigênio em contato com o


combustível vai tornando a combustão mais lenta, até a concentração de oxigênio
chegar próxima de 8%, onde não haverá mais combustão. Colocar uma tampa sobre
um recipiente contendo álcool em chamas, ou colocar um copo voltado de boca para
baixo sobre uma vela acesa, são duas experiências práticas que mostram que o
fogo se apagará tão logo se esgote o oxigênio em contato com o combustível.

Pode-se abafar o fogo com uso de materiais diversos, como areia, terra, cobertores,
vapor d’água, espumas, pós, gases especiais etc.

8.10.4 QUEBRA DA REAÇÃO EM CADEIA

Certos agentes extintores, quando lançados sobre o fogo, sofrem ação do calor,
reagindo sobre a área das chamas, interrompendo assim a “reação em cadeia”
(extinção química). Isso ocorre porque o oxigênio comburente deixa de reagir com
os gases combustíveis. Essa reação só ocorre quando há chamas visíveis.

8.11 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS E MÉTODOS DE EXTINÇÃO

Os incêndios são classificados de acordo com os materiais neles envolvidos, bem


como a situação em que se encontram. Essa classificação é feita para determinar o
agente extintor adequado para o tipo de incêndio específico. Entendemos como
agentes extintores todas as substâncias capazes de eliminar um ou mais dos
elementos essenciais do fogo, cessando a combustão.

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73

Essa classificação foi elaborada pela NFPA (National Fire Protection Association –
Associação Nacional de Proteção a Incêndios/EUA), adotada pela IFSTA
(International Fire Service Training Association – Associação Internacional para o
Treinamento de Bombeiros/EUA) e também adotada por praticamente todos os
Corpos de Bombeiros do Brasil.

8.11.1 INCÊNDIO CLASSE “A”

Incêndio envolvendo combustíveis sólidos comuns, como papel, madeira, pano,


borracha.

É caracterizado pelas cinzas e brasas que deixam como resíduos e por queimar em
razão do seu volume, isto é, a queima se dá na superfície e em profundidade.

 Método de extinção
Necessita de resfriamento para a sua extinção, isto é, do uso de água ou soluções
que a contenham em grande porcentagem, a fim de reduzir a temperatura do
material em combustão, abaixo do seu ponto de ignição.

O emprego de pó químico irá apenas retardar a combustão, não agindo na queima


em profundidade.

8.11.2 INCÊNDIO CLASSE “B”

Incêndio envolvendo líquidos inflamáveis, graxas e gases combustíveis.


É caracterizado por não deixar resíduos e queimar apenas na superfície exposta e
não em profundidade.

 Método de extinção
Necessita para a sua extinção do abafamento ou da interrupção (quebra) da reação
em cadeia. No caso de líquidos muito aquecidos (ponto da ignição), é necessário
resfriamento.

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8.11.3 INCÊNDIO CLASSE “C”

Incêndio envolvendo equipamentos energizados. É caracterizado pelo risco de vida


que oferece ao bombeiro.

 Método de extinção
Para a sua extinção necessita de agente extintor que não conduza a corrente
elétrica e utilize o princípio de abafamento ou da interrupção (quebra) da reação em
cadeia.

Esta classe de incêndio pode ser mudada para “A”, se for interrompido o fluxo
elétrico. Deve-se ter cuidado com equipamentos (televisores, por exemplo) que
acumulam energia elétrica, pois estes continuam energizados mesmo após a
interrupção da corrente elétrica.

8.11.4 INCÊNDIO CLASSE “D”

Incêndio envolvendo metais combustíveis pirofóricos (magnésio, selênio, antimônio,


lítio, potássio, alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio, zircônio). É caracterizado
pela queima em altas temperaturas e por reagir com agentes extintores comuns
(principalmente os que contenham água).

 Método de extinção
Para a sua extinção, necessita de agentes extintores especiais que se fundam em
contato com o metal combustível, formando uma espécie de capa que o isola do ar
atmosférico, interrompendo a combustão pelo princípio de abafamento.

Os pós especiais são compostos dos seguintes materiais: cloreto de sódio, cloreto
de bário, monofosfato de amônia, grafite seco.

O princípio da retirada do material também é aplicável com sucesso nesta classe de


incêndio.

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8.12 EXTINTORES DE INCÊNDIO

Extintores são recipientes metálicos que contêm em seu interior agente extintor para
o combate imediato e rápido a princípios de incêndio. Podem ser portáteis ou sobre
rodas, conforme o tamanho e a operação. Os extintores portáteis também são
conhecidos simplesmente por extintores e os extintores sobre rodas, por carretas.

Classificam-se conforme a classe de incêndio a que se destinam: “A”, “B”, “C” e “D”.
Para cada classe de incêndio há um ou mais extintores adequados.

Todo o extintor possui, em seu corpo, rótulo de identificação facilmente localizável.


O rótulo traz informações sobre as classes de incêndio para as quais o extintor é
indicado e instruções de uso.

O êxito no emprego dos extintores dependerá de:

- fabricação de acordo com as normas técnicas (ABNT);


- distribuição apropriada dos aparelhos;
- inspeção periódica da área a proteger;
- manutenção adequada e eficiente;
- pessoal habilitado no manuseio correto.
Os extintores devem conter uma carga mínima de agente extintor em seu interior,
chamada de unidade extintora e que é especificada em norma.

8.12.1 AGENTES EXTINTORES

8.12.1.1 ÁGUA

É o agente extintor mais abundante na natureza. Age principalmente por


resfriamento, devido a sua propriedade de absorver grande quantidade de calor.
Atua também por abafamento (dependendo da forma como é aplicada, neblina, jato
contínuo, etc.). A água é o agente extintor mais empregado, em virtude do seu
baixo custo e da facilidade de obtenção. Em razão da existência de sais minerais em

Segurança do Trabalho
76

sua composição química, a água conduz eletricidade e seu usuário, em presença de


materiais energizados, pode sofrer choque elétrico. Quando utilizada em combate a
fogo em líquidos inflamáveis, há o risco de ocorrer transbordamento do líquido que
está queimando, aumentando, assim, a área do incêndio.

8.12.1.2 ESPUMA

A espuma pode ser química ou mecânica conforme seu processo de formação.


Química, se resultou da reação entre as soluções aquosas de sulfato de alumínio e
bicarbonato de sódio; mecânica, se a espuma foi produzida pelo batimento da água,
LGE (líquido gerador de espuma) e ar.

A rigor, a espuma é mais uma das formas de aplicação da água, pois constitui-se de
um aglomerado de bolhas de ar ou gás (CO2) envoltas por película de água. Mais
leve que todos os líquidos inflamáveis, é utilizada para extinguir incêndios por
abafamento e, por conter água, possui uma ação secundária de resfriamento.

8.12.1.3 PÓ QUÍMICO SECO

Os extintores de pó químico seco são substâncias constituídas de bicarbonato de


sódio, bicarbonato de potássio ou cloreto de potássio, que, pulverizadas, formam
uma nuvem de pó sobre o fogo, extinguindo-o por quebra da reação em cadeia e por
abafamento. O pó deve receber um tratamento anti-higroscópico para não umedecer
evitando assim a solidificação no interior do extintor.

Para o combate a incêndios de classe “D”, utilizamos pós à base de cloreto de sódio,
cloreto de bário, monofosfato de amônia ou grafite seco.

8.12.1.4 GÁS CARBÔNICO (CO2)

Também conhecido como dióxido de carbono ou CO2 , é um gás mais denso (mais
pesado) que o ar, sem cor, sem cheiro, não condutor de eletricidade e não venenoso

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77

(mas asfixiante). Age principalmente por abafamento, tendo, secundariamente, ação


de resfriamento.

Por não deixar resíduos nem ser corrosivo é um agente extintor apropriado para
combater incêndios em equipamentos elétricos e eletrônicos sensíveis (centrais
telefônicas e computadores).

8.12.1.5 COMPOSTOS HALOGENADOS (HALON)

São compostos químicos formados por elementos halogênios (flúor, cloro, bromo e
iodo).

Atuam na quebra da reação em cadeia devido às suas propriedades específicas e,


de forma secundária, por abafamento. São ideais para o combate a incêndios em
equipamentos elétricos e eletrônicos sensíveis, sendo mais eficientes que o CO 2.
Assim como o CO 2, os compostos halogenados se dissipam com facilidade em
locais abertos, perdendo seu poder de extinção.

8.12.2 EXTINTORES PORTÁTEIS

São aparelhos de fácil manuseio, destinados a combater princípios de incêndio.


Recebem o nome do agente extintor que transportam em seu interior (por exemplo:
extintor de água, porque contém água em seu interior).

Os extintores podem ser:

 Extintor de água:
 Pressurizado.
 Pressão injetada.
 Manual, tipo costal ou cisterna.
 Extintor de espuma:
 Mecânica (pressurizado).
 Mecânica (pressão injetada).

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 Química.
 Extintor de pó químico seco:
 Pressurizado.
 Pressão injetada.
 Extintor de gás carbônico
 Extintor de composto halogenado

Extintor de Água (Pressurizado)


CARACTERÍSTICAS
Capacidade 10 litros
Unidade extintora 10 litros
Aplicação Incêndio Classe “A”
Alcance médio do jato 10 metros
Tempo de descarga 60 segundos
Funcionamento: a pressão interna expele a água quando o gatilho é acionado.

Extintor Manual de Água ( Bomba Manual )


CARACTERÍSTICAS
Capacidade 10 a 20 litros
Aplicação incêndio classe “A”
Tempo de descarga e alcance conforme o operador
Funcionamento: a pressão é produzida manualmente.
TIPO COSTAL
É preso às costas do operador por alças. O esguicho já é acoplado à bomba.
Opera-se com as duas mãos: uma controla o jato d‘água e a outra, com
movimento de “vai e vem”, aciona a bomba.
TIPO CISTERNA
É acionado com o aparelho apoiado no solo. O operador firma com os pés o
extintor: com uma das mãos faz funcionar a bomba e com a outra dirige o jato
d’água. É um extintor obsoleto, pois há outros tipos mais eficientes e práticos.

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Extintor de Espuma Mecânica (Pressurizado)


CARACTERÍSTICAS
Capacidade 9 litros (mistura de água e LGE)
Unidade extintora 9 litros
Aplicação Incêndio Classe “A” e "B"
Alcance médio do jato 5 metros
Tempo de descarga 60 segundos
Funcionamento: A mistura de água e LGE já está sob pressão, sendo expelida
quando acionado o gatilho; ao passar pelo esguicho lançador, ocorrem o
arrastamento do ar atmosférico e o batimento, formando a espuma.

Extintor de Espuma Mecânica


(Pressão Injetada)
CARACTERÍSTICAS
Capacidade 9 litros (mistura de água e LGE)
Unidade extintora 9 litros
Aplicação Incêndio Classe “A” e "B"
Alcance médio do jato 5 metros
Tempo de descarga 60 segundos
Funcionamento: Há um cilindro de gás comprimido acoplado ao corpo do extintor
que, sendo aberto, pressuriza-o, expelindo a mistura de água e LGE quando
acionado o gatilho. A mistura, passando pelo esguicho lançador, se combina com
o ar atmosférico e sofre o batimento, formando a espuma.

Extintor de Espuma Química


CARACTERÍSTICAS
Capacidade 10 litros (total dos reagentes)
Unidade extintora 10 litros
Aplicação Incêndio Classe “A” e "B"
Alcance médio do jato 7,5 metros
Tempo de descarga 60 segundos
Funcionamento: Com a inversão do extintor, colocando-o de “cabeça para baixo”,

Segurança do Trabalho
80

os reagentes, soluções aquosas de sulfato de alumínio e bicarbonato de sódio,


entram em contato e reagem quimicamente, formando a espuma. Depois de
iniciado o funcionamento não é possível interromper a descarga.
Cuidados: Deve-se verificar periodicamente se o bico deste tipo de extintor está
desobstruído e se a tampa está corretamente rosqueada. Evitar incliná-lo
desnecessariamente. (Fig. 2.26)

Extintor de Pó Químico Seco Pressurizado


CARACTERÍSTICAS
Capacidade 1, 2, 4, 6, 8 e 12 kg
Unidade extintora 4 litros
Aplicação Incêndios classes “B” e “C”. Classe “D”,
utilizando pó químico seco especial
Alcance médio do jato 5 metros
Tempo de descarga 15 segundos para extintor de 4kg, 25
segundos para extintor de 12 Kg
Funcionamento: O pó sob pressão é expelido quando o gatilho é acionado.

Extintor de Pó Químico Seco


(Pressão Injetada)
CARACTERÍSTICAS
Capacidade 4, 6, 8 e 12 kg
Unidade extintora 04 Kg
Aplicação Incêndios classes “B” e “C”. Classe “D”,
utilizado PQS especial
Alcance médio do jato 5 metros
Tempo de descarga 15 segundos para extintor de 4kg, 25
segundos para extintor de 12 kg
Funcionamento: Junto ao corpo do extintor há um cilindro de gás comprimido
acoplado. Este, ao ser aberto, pressuriza o extintor, expelindo o pó quando o
gatilho é acionado.

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Extintor de Gás Carbônico (CO2 )


CARACTERÍSTICAS
Capacidade 2 , 4 e 6 kg
Unidade extintora 6 Kg
Aplicação incêndios classes “B” e “C”.
Alcance do jato 2,5 metros
Tempo de descarga 25 segundos
Funcionamento: O gás é armazenado sob pressão e liberado quando acionado o
gatilho.
Cuidados: Segurar pelo punho do difusor, quando da operação.

Extintor de Halon (Composto Halogenado)


CARACTERÍSTICAS
Capacidade 1 , 2, 4 e 6 kg
Unidade extintora 2 Kg
Aplicação incêndios classes “B” e “C”.
Alcance médio do jato 3,5 metros
Tempo de descarga 15 segundos,para extintor de 2 kg
Funcionamento: O gás sob pressão é liberado quando acionado o gatilho. O halon
é pressurizado pela ação de outro gás (expelente), geralmente nitrogênio.

8.12.3 EXTINTORES OBSOLETOS

Os extintores de soda-ácido, carga líquida e espuma química, apesar de ainda


encontrados, não mais são fabricados por causa das seguintes desvantagens:

- Após iniciada, a descarga do extintor não pode ser interrompida.


- O agente é corrosivo.
- Esses extintores são potencialmente perigosos para o operador durante o uso. Se
a descarga do jato for bloqueada, a pressão interna do cilindro poderá exceder 20
Kg/cm2 (300 lb/pol2) e, eventualmente, explodir, causando sérias lesões ou morte
ao operador.

Segurança do Trabalho
82

- O extintor manual de água tipo cisterna, em virtude da dificuldade de operação e


da existência de extintores mais eficientes caiu em desuso.

8.12.4 MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO

A manutenção começa com o exame periódico e completo dos extintores e termina


com a correção dos problemas encontrados, visando um funcionamento seguro e
eficiente. É realizada através de inspeções, onde são verificados: localização,
acesso, visibilidade, rótulo de identificação, lacre e selo da ABNT, peso, danos
físicos, obstrução no bico ou na mangueira, peças soltas ou quebradas e pressão
nos manômetros.

Inspeções:

Semanais: Verificar acesso, visibilidade e sinalização.


Mensais: Verificar se o bico ou a mangueira estão obstruídos. Observar a pressão
do manômetro (se houver), o lacre e o pino de segurança.
Semestrais: Verificar o peso do extintor de CO2 e do cilindro de gás comprimido,
quando houver. Se o peso do extintor estiver abaixo de 90% do especificado,
recarregar.
Anuais: Verificar se não há dano físico no extintor, avaria no pino de segurança e no
lacre. Recarregar o extintor.
Quinqüenais: Fazer o teste hidrostático, que é a prova a que se submete o extintor a
cada 5 anos ou toda vez que o aparelho sofrer acidentes, tais como: batidas,
exposição a temperaturas altas, ataques químicos ou corrosão. Deve ser efetuado
por pessoal habilitado e com equipamentos especializados. Neste teste, o aparelho
é submetido a uma pressão de 2,5 vezes a pressão de trabalho, isto é, se a pressão
de trabalho é de 14 kgf/cm2, a pressão de prova será de 35 kgf/cm2. Este teste é
precedido por uma minuciosa observação do aparelho, para verificar a existência de
danos físicos.

Segurança do Trabalho
83

9 ANÁLISE DE RISCOS

As atividades humanas, principalmente as industriais, são sistemas potenciais de


geração de acidentes que podem causar danos ao meio ambiente e à saúde pública.
Logo, seus processos devem ser submetidos a uma Análise de Riscos, na qual as
possibilidades de acidentes sejam avaliadas em relação à sua probabilidade de
ocorrência e à magnitude dos danos.

A Análise de Riscos envolve a identificação, avaliação, gerenciamento e


comunicação de riscos ao meio ambiente e à saúde pública. Permite antecipar e
atuar sobre eventos ambientalmente danosos, de forma a planejar ações de
controle, montar equipes e a agir em emergências.

Alguns estudos realizados apontam que o risco nas pequenas empresas industriais
(até 100empregados) é 3,77 vezes maior que o das grandes empresas (mais de 500
empregados) ou 1,96vezes o das médias empresas (101 a 500 empregados).

As indústrias do ramo da mecânica, material elétrico e eletro-técnico são


responsáveis pelos índices mais elevados de acidentes graves, seguidos pelas
indústrias ligadas ao ramo dos produtos alimentícios. A nível nacional, a indústria da
construção civil responde por 25% dos acidentes, inclusive os mais graves e letais.

Com relação às estatísticas de acidentes do trabalho, os dados brasileiros são


poucos confiáveis, por diversos motivos, a seguir enumeramos alguns fatores que
prejudicam uma analise mais aprofundada nas estatísticas de acidentes:

a) Enorme quantidade de acidentes não registrados ou ocorrência de sub registros;


b) Grande quantidade de trabalhadores que não tem carteira de trabalho assinada;
c) Sistema de estatística oficial não é confiável devido, dentro de outros fatores, a
burocracia.

Segurança do Trabalho
84

Risco
O Risco é definido como a medida de perda econômica e/ ou danos à vida humana
(neste caso, fatalidades) resultante da combinação entre a freqüência de ocorrência
de um evento indesejável e a magnitude das perdas ou danos (conseqüências)
(EPA, 1998).

Está sempre associado à chance de acontecer um evento indesejado, assim, deve-


se entender que perigo é uma propriedade intrínseca de uma situação, ser ou coisa,
e não pode ser controlado ou reduzido. Por outro lado, o risco sempre pode ser
gerenciado, atuando-se na sua freqüência de ocorrência, nas conseqüências ou em
ambas.

9.1. PREVENÇÃO DE RISCOS NAS OFICINAS MECÂNICAS

Os procedimentos de segurança para as atividades de oficina mecânica estão


relacionadas levando em conta os seguintes componentes:

- Material: que inclui todos os meios técnicos que o funcionário utiliza para a
realização das tarefas (máquinas, ferramentas, produtos e substâncias químicas) na
execução da atividade.
- Tarefa: que representa o conjunto de ações do indivíduo enquanto participante da
produção dos serviços. Os componentes da atividade, específicos para cada oficina
como o Meio de Trabalho (ambiente físico e social no qual o funcionário executa
sua tarefa, incluindo a presença de agentes ambientais oriundos de outras fontes
extra-oficina como ruído, iluminação etc. e a organização do trabalho, com a carga
de trabalho, responsabilidade, relação com equipe, etc.) e as características de
cada indivíduo não serão objeto desta ficha, pois variam para cada local de modo
específico. A ficha indicará os principais riscos de cada tarefa e as necessárias
medidas de segurança de caráter coletivo ou individual.

Segurança do Trabalho
85

Tarefa Material usado Riscos Recomendações de


existentes Segurança e Proteção
Desmontage Ferramentas Químico: - As máquinas devem ser
m e Manuais contato com previamente limpas pelos
montagem de Bancada inseticidas, usuários antes de envio para
máquinas. óleos e graxas manutenção;
impregnados - Não utilizar ferramentas
nas maquinas. improvisadas (facas,
Mecânico: tesouras, etc.) Inspecionar
acidentes com periodicamente as
ferramentas; ferramentas e
queda de consertar/substituir as
objetos sobre o danificadas ou de má
corpo. Qualidade;
- Usar creme protetor de pele
Ergonômico: ou Luva Nitrílica; usar
deslocamento aventais impermeáveis
de peso quando contato for intenso;
- Utilizar banqueta
- postura e ergonômica para trabalho
trabalho em pé. sentado, quando possível;
- Utilizar botina de segurança
para proteção dos pés.
Lavagem e Desengraxante Químico: - Utilizar aventais
desengraxe concentrado respingo na pele impermeáveis, óculos ampla
das peças tipo SOLUPAN e olhos, visão, luvas nitrílicas, bota
desmontadas - Vasilhas para umidade, impermeável e protetor
imersão - formação de respiratório tipo P2 para
Compressor névoa irritante nebulização do SOLUPAN -
para Substituir SOLUPAN por
nebulização de produtos menos agressivos.
peças.
Lavagem Compressor Físico: umidade - Usar avental impermeável e
para retirada ar/água bota de borracha;
do Químico: - Realizar controle periódico
desengraxant respingo de com inspeção e teste
e produtos nos hidrostático do compressor
olhos e pele de ar

Mecânico: risco
de ruptura do
cilindro de ar
comprimido do
compressor
Outras Querosene, Químico: - Usar avental impermeável;
limpezas de Gasolina, intoxicação - Usar creme protetor de pele
peças thinner, crônica, ou Luva Nitrílica quando
desengraxantes queimaduras e possível.
tipo Spray dermatites. - Armazenar e manter

Segurança do Trabalho
86

Vasilhas para material inflamável em local


imersão das Mecânico: fora das atividades de
peças incêndio/explosã oficina;
o - Rotular embalagens
contendo inflamáveis e
solventes;
- Manter extintor de incêndio
carregado e desimpedido;
- Manter avisos de "Proibido
Fumar" na área.
Limpeza de Jogo Esmeril/ Mecânico: - Instalar e manter capa
velas ou Escova para projeção de protetora com visor de
componentes, limpeza de partículas e risco acrílico para rebolo e escova;
afiação de peças e afiação de ruptura do - Verificar proteção das
ferramentas de ferramentas. disco ou escova polias e correias.
Risco de
acidentes em
polias e correias
desprotegidas.
Corte e Máquina de Químico: - Usar mascara para
Soldagem de Solda elétrica inalação de soldador com lentes
peças e Equipamento fumos metálicos protetoras contra radiação
componentes de (risco de ultravioleta;
Corte e Solda a intoxicação com - Para soldagem em aço inox
base de metais pesados usar proteção respiratória
Oxiacetileno - manganês, tipo P2;
níquel) - Uso de luvas e aventais de
raspa para proteção contra
Físico: queimaduras;
Radiação - Tanques de combustíveis
ultravioleta – só podem ser soldados após
risco de lesão de descontaminação completa e
córnea e outros retirada de gases
danos nos olhos. - Não realizar soldagem em
locais confinados ou próximo
Mecânico: a produtos inflamáveis;
Risco de - Instalar dispositivo contra
retrocesso de retrocesso de fluxo e de
chama e chama para equipamento
explosão do Oxi-acetileno.
cilindro; Risco
de queimaduras
Retirada e Talha Mecânico: - Identificar de modo visível a
colocação de mecânica, Risco de capacidade de carga da
máquina nas elétrica ou acidentes na Talha/guincho;
viaturas e nas guincho movimentação - Inspecionar e realizar
bancadas hidráulico, de peso. manutenção periódica no
Máquina Leco equipamento verificando
pesada. desgaste dos dentes da

Segurança do Trabalho
87

catraca e dos elos da


corrente - documentar
inspeção na talha/guincho;
- Evitar trabalhar sozinho na
movimentação de peso.
Carregament Carregador Mecânico: - Não utilizar carregador de
o de baterias Elétrico para queimaduras e baterias em proximidade
para baterias choque elétrico com produtos inflamáveis
Máquinas. Fogo e faísca - Verificar periodicamente as
podem condições da fiação, chaves
desencadear de acionamento e
incêndio aterramento elétrico do
carregador.
Teste dos Máquina Costal Físico: - Usar protetor auricular.
motores motorizada Jacto/Puls Caso necessite retirá-lo para
depois de (JACTO e Puls FOG: tempo regular o motor, realizar no
montados Fog) ou Leco gasto de máximo duas regulagens da
pesada regulagem: 10 máquina (Jacto/Puls-Fog)
min./cada - ruído por dia. Máquina LECO só
de 98dB(A) - regular com uso de
Tempo Max. de instrumentos.
exposição sem - Adaptar etiqueta de alerta
protetor 24 contra queimadura para as
min./dia; máquinas Puls - Fog;
LECO: 113 desenvolver protetor de tela
dB(A) - tempo ou grade para difusor.
max. exposição:
0,74 min.
- Risco de
Queimadura no
manuseio da
máquina Puls
Fog - difusor
com temp.
aprox. de 500ºC.
Limpeza das Uso Químico: - Usar pasta desengraxante
mãos/ braços inadequado de intoxicação a base de produtos naturais
solventes crônica e para limpeza das mãos.
dermatites
ocupacionais

9.2 ACIDENTE DO TRABALHO

A Lei 8.231 de 24/07/1991 que Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência


Social e dá outras providências trata do conceito legal de Acidente de Trabalho nos
artigos 19, 20 e 21.

Segurança do Trabalho
88

Artigo 19 - É o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo


exercício do trabalho dos segurados previdenciários, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho.

Artigo 20 - Consideram-se acidente do trabalho:


I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade constante da respectiva
relação elaborada pelo Ministério da Previdência Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de
condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione
diretamente, constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério da
Previdência Social.

Não são consideradas como doença do trabalho:


a) doença degenerativa
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se
desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto
determinado pela natureza do trabalho.

Art. 21 - Equiparam-se ao acidente do trabalho:


Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da
sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a
sua recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em
conseqüência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;

Segurança do Trabalho
89

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa


relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de
companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes
de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no
exercício de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de
trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da
empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar
prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada
por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra,
independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de
propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,
qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do
segurado.
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da
satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este,
o empregado é considerado no exercício do trabalho.
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a
lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às
conseqüências do anterior.
Art. 21-A. A perícia médica do INSS considerará caracterizada a natureza
acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo técnico
epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade
da empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na

Segurança do Trabalho
90

Classificação Internacional de Doenças - CID, em conformidade com o que dispuser


o regulamento
§ 1o A perícia médica do INSS deixará de aplicar o disposto neste artigo
quando demonstrada a inexistência do nexo de que trata o caput deste artigo.
§ 2º A empresa poderá requerer a não aplicação do nexo técnico
epidemiológico, de cuja decisão caberá recurso com efeito suspensivo, da empresa
ou do segurado, ao Conselho de Recursos da Previdência Social.

Dia do acidente
Art. 23 Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do
trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade
habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o
diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.

Comunicação do acidente
Art. 22. A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social
até o 1º (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de
imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo
e o limite máximo do salário-de-contribuição, sucessivamente aumentada nas
reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social.

§ 1º Da comunicação a que se refere este artigo receberão cópia fiel o


acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua
categoria.
§ 2º Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o
próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico
que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o
prazo previsto neste artigo.
§ 3º A comunicação a que se refere o § 2º não exime a empresa de
responsabilidade pela falta do cumprimento do disposto neste artigo.
§ 4º Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão acompanhar
a cobrança, pela Previdência Social, das multas previstas neste artigo.

Segurança do Trabalho
91

§ 5o A multa de que trata este artigo não se aplica na hipótese do caput do art.
21-A.

Caracterização do acidente
O acidente do trabalho pode ser caracterizado:
a) administrativamente, pelo Setor de benefício do INSS;
b) tecnicamente, pela perícia médica do INSS, que estabelecerá o nexo de causa e
efeito entre: o acidente e a lesão; a doença e o trabalho; a causa mortis e o
acidente.

9.3 BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS

Auxílio-doença
O auxílio-doença será devido ao segurado que, cumprido o período de carência
exigido pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, ficar incapacitado para o
seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias
consecutivos. Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da
atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado
empregado o seu salário integral.

A empresa que dispuser de serviço médico, próprio ou em convênio, terá a seu


cargo o exame médico e o abono das faltas correspondentes aos primeiros quinze
dias, devendo encaminhar o segurado empregado à perícia médica da Previdência
Social quando a incapacidade ultrapassar os quinze dias.

O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua


atividade habitual, deverá submeter-se a processos de reabilitação profissional para
o exercício de outra atividade.

Não cessará o benefício até que seja dado como habilitado para o desempenho de
nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não-
recuperável, for aposentado por invalidez.

Segurança do Trabalho
92

O segurado empregado em gozo de auxílio-doença será considerado pela empresa


como licenciado.

Auxílio- acidente
O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após a
consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar
seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente
exercia.

O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-


doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo
acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria.O recebimento de
salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria, não prejudicará a
continuidade do recebimento do auxílio-acidente.

A Previdência Social prevê que a perda da audição, em qualquer grau, somente


proporcionará a concessão do auxílio-acidente, quando, além do reconhecimento de
causalidade entre o trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na redução ou
perda da capacidade para o trabalho, que habitualmente exercia.

Aposentadoria por invalidez


A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência
exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença,
for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade
que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta
condição.

A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação mediante


exame médico pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às suas
expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança.

Concluindo a perícia médica inicial pela existência de incapacidade total e definitiva


para o trabalho, a aposentadoria por invalidez será devida ao segurado empregado,

Segurança do Trabalho
93

a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, ou a partir da entrada do


requerimento, se entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrer mais de
trinta dias.

Durante os primeiros quinze dias de afastamento da atividade por motivo de


invalidez, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o salário.
O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua
aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno.

Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do aposentado por invalidez,


será observado o seguinte procedimento:

I - quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos, contados da data do


início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a anteceda sem
interrupção, o benefício cessará de imediato para o segurado empregado que tiver
direito a retornar à função que desempenhava na empresa quando se aposentou, na
forma da legislação trabalhista, valendo como documento, para tal fim, o certificado
de capacidade fornecido pela Previdência Social.
II - quando a recuperação for parcial, ou ocorrer dentro de 5 (cinco) anos, contados
da data da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a anteceda sem
interrupção, ou ainda quando o segurado for declarado apto para o exercício de
trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem
prejuízo da volta à atividade.

Observe-se que o beneficiário empregado em gozo de uma das prestações, acima


citadas, tem direito ao abono anual, equivalente ao 13º salário.

Pensão por morte


A pensão por morte,seja por acidente típico, seja por doença ocupacional, é devida
aos dependentes do segurado.

Segurança do Trabalho
94

Estabilidade provisória
O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo de doze
meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do
auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.

Em se tratando de contrato por prazo determinado, a rescisão contratual poderá ser


efetuada no término do prazo ajustado, não havendo que se falar em estabilidade.

Ressalte-se que, se o empregado se afasta apenas por até 15 (quinze) dias da


empresa, não há concessão do auxílio-doença e não haverá garantia de emprego.

A garantia de emprego de doze meses só é assegurada após a cessação do auxílio-


doença. Caso o empregado se afaste com periodicidade para tratamento médico,
com percepção de auxílio-doença acidentário, será computada a garantia de doze
meses a partir do retorno do empregado ao trabalho, isto é, quando da cessação
definitiva do auxílio-doença acidentário.

Destaque-se, também, que o contrato de trabalho do empregado encontra-se


interrompido até o décimo quinto dia e suspenso a partir do décimo sexto dia ao do
acidente.

Seguro Acidente do Trabalho - SAT


O Seguro Acidente do Trabalho - SAT tem sua base constitucional estampada no
inciso XXVIII do art. 7º, Inciso I do art. 195 e inciso I do art. 201, todos da Carta
Magna de 1988, garantindo ao empregado um seguro contra acidente do trabalho,
às expensas do empregador, mediante pagamento de um adicional sobre a folha de
salários, com administração atribuída à Previdência Social.

A base infraconstitucional da exação é a Lei nº 8.212/91, que estabelece em seu art.


22, II: “Art.22 – A contribuição a cargo da empresa destinada à Seguridade Social,
além do disposto no art. 23, é de:
I - ...................................................................................................................................

Segurança do Trabalho
95

II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei 8.213/91, de


24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de
incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total
das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados
empregados e trabalhadores avulsos:
a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de
acidentes do trabalho seja considerado leve;
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de
acidentes do trabalho seja considerado médio;
c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de
acidentes do trabalho seja considerado grave”.

A atividade preponderante da empresa, para fins de enquadramento na alíquota de


grau de risco destinada a arrecadar recursos para custear o financiamento dos
benefícios concedidos em razão de maior incidência de incapacidade laborativa
decorrente de riscos ambientais, é aquela que ocupa, na empresa, o maior número
de segurados empregados e trabalhadores avulsos.

O enquadramento das atividades da empresa é de responsabilidade da própria


empresa como, também, estabelece o Decreto nº 3.048/99, em seu art.202, § 4º,
que a empresa o faça de acordo com a Relação de Atividades Preponderantes e
correspondentes graus de risco, prevista em seu Anexo V, obedecidas as seguintes
disposições:

a) a empresa com estabelecimento único e uma única atividade enquadrar-se-á na


respectiva atividade;
b) a empresa com estabelecimento único e mais de uma atividade econômica para
enquadrar-se simulará o enquadramento em cada uma delas, prevalecendo como
preponderante aquela que tenha o maior número de segurados empregados e
trabalhadores avulsos;
b1) para fins de enquadramento não serão considerados os empregados que
prestam serviços em atividades-meio, assim entendidas aquelas atividades que
auxiliam ou complementam indistintamente as diversas atividades econômicas da

Segurança do Trabalho
96

empresa, como, por exemplo, administração geral, recepção, faturamento, cobrança,


etc.;
c) a empresa com mais de um estabelecimento e diversas atividades econômicas
procederá da seguinte forma:
c1) enquadrar-se-á, inicialmente, por estabelecimento, em cada uma das atividades
econômicas existentes, prevalecendo como preponderante aquela que tenha o
maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos e, em seguida,
comparará os enquadramentos dos estabelecimentos para definir o enquadramento
da empresa, cuja atividade econômica preponderante será aquela que tenha o maior
número de segurados empregados e trabalhadores avulsos, apurada dentre todos
os seus estabelecimentos;
c2) na ocorrência de atividade econômica preponderante idêntica (mesmo CNAE),
em estabelecimentos distintos, o número de segurados empregados e trabalhadores
avulsos dessas atividades serão totalizados para definição da atividade econômica
preponderante da empresa;
d) apurando-se, no estabelecimento, na empresa ou no órgão do poder público, o
mesmo número de segurados empregados e trabalhadores avulsos em atividades
econômicas distintas, será considerado como preponderante aquela que
corresponder ao maior grau de risco.

Importante frisar que, para o financiamento dos benefícios de aposentadoria


especial, segundo a Lei nº 9.732/98 (DOU de 14.12.98), com vigência a partir da
competência de abril/99, as alíquotas (1%, 2% ou 3%) serão acrescidas de doze,
nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade, exercida pelo segurado a
serviço da empresa, que permita a concessão desse benefício após quinze, vinte ou
vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente.

Observe-se que o acréscimo incide exclusivamente sobre o total das remunerações


pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e
trabalhadores avulsos sujeitos a condições especiais.

Com relação aos demais empregados da empresa, que não estiverem expostos a
agente nocivo e, conseqüentemente, não fizerem jus à aposentadoria especial, não

Segurança do Trabalho
97

haverá qualquer acréscimo na alíquota destinada ao SAT. Cabe destacar que, com
a revogação do § 9º, do art. 202 do Regulamento da Previdência Social aprovado
pelo Decreto nº 3.048/99 pelo art. 4º do Decreto nº 3.265/99, a microempresa e a
empresa de pequeno porte não optantes pelo SIMPLES, que recolhiam a
contribuição sobre o percentual mínimo de 1% para o financiamento das
aposentadorias especiais, ficam sujeitas às alíquotas normais de 1%, 2% ou 3%,
conforme o enquadramento. Havendo agente nocivo, que propicie ao empregado o
benefício de aposentadoria especial, deverá ser observada a majoração de alíquota
contida na Lei nº 9.732/98.

Ressalte-se que a Medida Provisória nº 83, de 12.12.2002, publicada no DOU de


13.12.02, que dispõe sobre a concessão da aposentadoria especial ao cooperado de
cooperativa de trabalho e de produção, em seu § 1º do art. 1º, criou para as
empresas tomadoras de serviços de cooperado, que labore em condições especiais,
contribuições adicionais de 9%, 7% e 5%, incidentes sobre o valor bruto da nota
fiscal ou sobre a fatura de prestação de serviços.

A Medida, em seu art. 6º, majorou para 4%, 3% e 2% os percentuais de retenção do


valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços relativos a serviços
prestados mediante cessão de mão-de-obra, inclusive em regime de trabalho
temporário, por segurado empregado, cuja atividade permita a concessão de
aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de contribuição. A MP também criou,
em seu art. 4º, para as empresas a obrigação de arrecadar a contribuição do
segurado contribuinte individual a seu serviço, descontando-a da respectiva
remuneração, e recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu
cargo até o dia 02 do mês seguinte ao da competência. No caso do contratado não
ser inscrito no INSS, a empresa deverá inscrevê-lo no INSS como contribuinte
individual.

Em seu art. 10, a MP disciplinou que a alíquota de um, dois ou três por cento,
destinada ao financiamento do benefício de aposentadoria especial ou daqueles
concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente
dos riscos ambientais do trabalho, poderá ser reduzida, em até cinqüenta por cento,

Segurança do Trabalho
98

ou aumentada, em até cem por cento, conforme dispuser o regulamento, em razão


do desempenho da empresa em relação à respectiva atividade econômica, apurado
em conformidade com os resultados obtidos a partir dos índices de freqüência,
gravidade e custo, calculados segundo a metodologia aprovada pelo Conselho
Nacional de Previdência Social.

A Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação, ou seja, 13.12.02,


produzindo seus efeitos, quanto aos §§ 1º e 2º do art. 1º e aos arts. 4º a 6 e 9º, a
partir do dia primeiro ao nonagésimo dia da sua publicação.

Aposentadoria Especial
A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência exigida pela Previdência
Social, será devida ao segurado que tenha trabalhado durante 15 (quinze), 20 (vinte)
ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física. A concessão da aposentadoria especial
dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro
Social - INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente,
em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o
período mínimo fixado.

Considera-se para esse fim:

I - trabalho permanente aquele em que o segurado, no exercício de todas as suas


funções, esteve efetivamente exposto à agentes nocivos físicos, químicos,
biológicos ou associação de agentes;
II - trabalho não ocasional nem intermitente aquele em que, na jornada de trabalho,
não houve interrupção ou suspensão do exercício de atividade de exposição aos
agentes nocivos, ou seja, não foi exercida de forma alternada, atividade comum e
especial.
Entende-se por agentes nocivos aqueles que possam trazer ou ocasionar danos à
saúde ou à integridade física do trabalhador nos ambientes de trabalho, em função
de natureza, concentração, intensidade e fator de exposição, considerando-se:

Segurança do Trabalho
99

a) físicos: os ruídos, as vibrações, o calor, as pressões anormais, as radiações


ionizantes, etc.;
b) químicos: os manifestados por névoas, neblinas, poeiras, fumos, gazes, vapores
de substâncias nocivas presentes no ambiente de trabalho, absorvidos pela via
respiratória, bem como aqueles que forem passíveis de absorção por meio de outras
vias;
c) biológicos: os microorganismos como bactérias, fungos, parasitas, bacilos, vírus e
ricketesias dentre outros.

O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes


nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde
ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do
benefício.

O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser
consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a
respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo
critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para
efeito de concessão de qualquer benefício.

Segurança do Trabalho
100

10 DIREITOS E DEVERES NA RELAÇÃO DE EMPREGO

10.1 LEGISLAÇÃO CONSTITUCIONAL TRABALHISTA

O texto Constitucional de 1988 trouxe grandes conquistas do ponto de vista dos


trabalhadores, houve importante inovação ao elevar ao plano constitucional
conquistadas em dissídios coletivos.

10.2 DIREITOS DO TRABALHADOR

Logo no início da Constituição encontram-se os direitos sociais, nos artigos 7. ao 11.


Desde logo apontamos as principais alterações do texto constitucional:

- jornada semanal de 44 horas;


- férias com 1/3 a mais de remuneração;
- direito amplo de greve;
- horas extras com adicional de 50%;
A relação entre o Direito do Trabalho com o Direito Constitucional é estreita, tendo
em vista as diversas normas e os diversos princípios trabalhistas incluídos no texto
Maior.
Constituição Federal - Capítulo II – Dos Direitos Sociais
Este capítulo da Carta Magna trata dos direitos sociais e elenca normas que dizem
respeito exclusivamente ao Direito do Trabalho.

Artigo 7º
O artigo 7º, em seus incisos, estabelece os direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais, além de outros que possam melhorar sua condição social.
Pela relevância do tema, relacionamos todos abaixo:
- Proteção da relação de emprego contra despedida arbitrária e sem justa causa; a
proteção se verifica através da indenização compensatória prevista em Lei
Complementar.
- Seguro desemprego no caso de desemprego involuntário;
- Fundo de garantia do tempo de serviço;

Segurança do Trabalho
101

- Salário mínimo;
- Piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
- Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou
- Acordo coletivo;
- Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem
remuneração variável;
- Décimo terceiro salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem
remuneração variável;
- Remuneração do trabalho noturno superior a do trabalho diurno;
- Proteção do salário na forma da lei, sendo crime sua retenção dolosa;
- Participação nos lucros e gestão, desvinculada da remuneração, conforme
definido em lei;
- Salário família para dependente de trabalhador de baixa-renda;
- Jornada de oito horas diárias ou 44 semanais, facultada compensação ou
redução, mediante acordo ou convenção coletiva;
- Jornada de seis horas para trabalho realizado ininterrupto, salvo negociação
coletiva;
- Repouso semanal remunerado preferencialmente aos domingos;
- Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% a do
normal;
- Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal;
- Licença gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 120
dias;
- Licença-paternidade nos termos fixados em lei;
- Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos
termos da lei;
- Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo de no mínimo 30 dias;
- Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene
e segurança;
- Adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas;
- Aposentadoria;

Segurança do Trabalho
102

- Assistência gratuita aos filhos e dependentes, desde o nascimento até os seis


anos de idade, em creches e pré-escolas;
- Proteção em face da automação;
- Ação, quanto aos créditos trabalhistas, com prazo prescricional de 5 anos para os
trabalhadores rurais e urbanos, até o limite de 2 anos após a extinção do contrato
de trabalho;
- Proibição de diferenças de salários, de exercício de funções e de critério de
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
- Proibição de qualquer discriminação no tocante à salários e critérios de admissão
do trabalhador portador de deficiência;
- Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico ou intelectual ou entre os
profissionais respectivos;
- Proibição do trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito
anos e de qualquer trabalho aos menores de dezesseis anos, salvo na condição
de aprendiz, a partir dos quatorze anos;
- Igualdade de direitos entre trabalhador com vínculo empregatício permanente e o
trabalhador avulso;
- Equiparação do trabalhador doméstico em direitos aos demais trabalhadores,
conforme determinado em lei no que for cabível e integração na previdência
social.

Artigo 8º
O modelo de organização sindical brasileiro está previsto no artigo 8º. da C. F., e
seus incisos trazem a normatização constitucional do direito coletivo ou sindical, são
as elencadas abaixo:

- Valorização das assembléias sindicais, bem como da negociação coletiva;


- Garantia de emprego e salários do direito sindical;
- Manter a livre associação do trabalhador ao sindicato;
- A lei não poderá exigir do Estado autorização para fundação de sindicatos,
ressalvado o registro no órgão competente, sendo, portanto, vedado ao Poder
Público a interferência e intervenção sindical;

Segurança do Trabalho
103

- É vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, na


mesma base territorial, para a mesma categoria;
- A base territorial será definida pelos empregados e trabalhadores interessados,
nunca inferior ao município;
- Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da
categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;
- Definição da contribuição devida pelo trabalhador em assembléia;
- Ninguém será obrigado a filiar-se ou manter-se filiado a sindicato;
- É obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
- Aposentado filiado tem direito de votar e ser votado nas organizações sindicais;
- É vedada a dispensa de empregado sindicalizado a partir do registro da
candidatura a cargo de direção, se eleito até um ano após o final do mandato;
- As disposições do artigo se aplicam à organização de sindicatos rurais e de
colônias de pescadores;

Artigo 9º
Continua elencando e preservando direitos dos trabalhadores:
- É assegurado o direito de greve, devendo os trabalhadores decidirem o momento
adequado e direitos a serem reclamados;
- A lei disporá sobre serviços ou atividades essenciais, dispondo sobre interesses
inadiáveis da comunidade;
- Abusos cometidos submeterão os responsáveis às penalidades legais.

Artigo 10º
Busca equilibrar a participação de trabalhadores e empregados.
- É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados
dos órgãos públicos, em que seus interesses profissionais ou previdenciários
sejam objeto de deliberação.

Artigo 11º
Assegura aos trabalhadores representatividade.

Segurança do Trabalho
104

- Nas empresas com mais de 200 empregados é assegurada a eleição de um


representante dos empregados, com a finalidade exclusiva de promover-lhes o
entendimento direto com os empregadores.

Legislação Infraconstitucional Trabalhista


A Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, aprovada pelo Decreto Lei no. 5.452
de 01.05.1943 é a principal lei ordinária voltada para os direitos individuais e
coletivos do trabalho.

Além da CLT existem várias outras leis esparsas que tratam do direito laboral.
Algumas, dada a sua importância, vêm elencadas no apêndice da CLT, tais como:

- Lei do Fundo de Garantia por tempo de serviço, no. 8.036/90.


- Lei do descanso semanal remunerado, no. 605/49.
- Lei do Seguro Desemprego, no. 7.998/90, entre outras.

A CLT e sua divisão


A CLT, à época de sua entrada em vigor, sistematizou e reuniu a legislação
trabalhista existente. Várias formas foram adotadas de reunião e várias foram as
alterações ocorridas no texto original.

Esta é a atual divisão dos títulos da CLT, que possui 922 artigos:

- Título I – Introdução;
- Título II – Normas gerais de tutela do trabalho;
- Título III - Normas especiais de tutela do trabalho;
- Título IV - Contrato individual de trabalho;
- Título V - Organização sindical;
- Título VI - Convenções coletivas de trabalho e Comissões de conciliação prévia;
- Título VII - Processo de multas administrativas;
- Título VIII - Justiça do Trabalho;
- Título IX - Ministério Público do Trabalho;
- Título X - Processo Judiciário do Trabalho;

Segurança do Trabalho
105

- Título XI - Disposições finais e transitórias.

10.3 DEVERES DO TRABALHADOR

São deveres do trabalhador, inclusive, constituindo o seu não-cumprimento, como


motivo para dispensa do empregado por "justa causa":

d) agir com probidade;


e) Ter um bom comportamento;
f) Ter continência de conduta;
g) Evitar a disídia;
h) Não apresentar-se no trabalho embriagado;
i) Guardar segredo profissional;
j) Não praticar ato de indisciplina;
k) Não praticar ato lesivo à honra e boa fama do empregador ou terceiros,
confundindo-se com a injúria, calúnia e difamação;
l) Não praticar ofensas físicas, tentadas ou consumadas, contra o empregador
superior hierárquico ou terceiros.

10.4 FÉRIAS

As férias foram prestigiadas pela Consolidação das Leis Trabalhistas visando


desenvolver meios necessários ao empregado para que ele pudesse recuperar as
condições físicas e mentais despendidas no trabalho. As férias representavam,
inicialmente, um descanso remunerado só com o valor do salário mensal, e, mais
modernamente, vêm sida acrescida de um adicional correspondente a 1/3 do valor
base do cálculo das férias, permitindo assim que o empregado goze seu período
com condições financeiras e atinja o âmago das férias.

Podemos dimensionar as férias com alguns princípios que as fundamentam:

 Anualidade: o gozo das férias passa a ser direito do empregado após 12 (doze)
meses de relação contratual sem prejuízo.

Segurança do Trabalho
106

 Continuidade: as férias sofrem limitações de fracionamento, devendo ela ser de


30 (trinta) dias consecutivos.

 Remunerabilidade: Goza o empregado de ter seu período de descanso


remunerado integralmente, considerando salário fixo e salário variável.

 Irrenunciabilidade: Não pode o empregado renunciar as férias e desejar “vendê-


las”, deve-as gozar.

 Proporcionalidade: Em razão das férias sofrer com a redução, por conta de


excesso de faltas, a mesma pode ser proporcional.

Algumas terminologias próprias são utilizadas nas férias para diferenciar as


situações das quais se tratam:

 Período aquisitivo (P.A.): é compreendido entre a admissão ou último


vencimento das férias e os próximos 12 (doze) meses de relação contratual.
Exemplo: 20/09/01 à 19/09/02.

 Período de gozo (P.G.): é o período de descanso. Exemplo: 01/08/02 à


30/08/02.

 Período de concessão (P.C.): é o período que a empresa tem como fluência


para conceder o gozo às férias. Exemplo: P.A - 20/09/01 à 19/09/02 – P.C.
período de concessão de 20/10/02 à 19/10/03.

 Redução do Período de Gozo


Na constância da relação de trabalho, se o empregado comete excesso de faltas
injustificadas, o empregador pode reduzir o período de descanso do empregado.
Nesse sentido a CLT em art. 130 determinou um sistema de escalonamento:

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107

Até – injustificadas Direito a Férias


5 – faltas 30
De 6 a 14 – faltas 24
De 15 a 23 – faltas 18
De 24 a 32 – faltas 12
Acima de 32 – faltas 00

O descanso, se nesse período ele comete excesso de falta, podemos concluir que
ele trabalhou menos; logo, deve descansar menos.

Não é permitido abonar as faltas em folha de pagamento e compensá-las com as


férias, § único do art. 130 CLT.

10.4.1 ALTERAÇÃO NAS FÉRIAS

Faltas não justificadas afetam o gozo das férias. Como já anteriormente discutido,
podem ser utilizadas no escalonamento das férias, CLT art. 130.

10.4.2 CÁLCULO DE FÉRIAS

Para se calcular as férias devemos adotar alguns critérios e ter conhecimento do


funcionamento da tabela de INSS e IRRF. Sem esse conhecimento fica bem difícil
ter certeza se o cálculo está correto.

A base de cálculo das férias deve ser composta do salário fixo e do variável, quando
houver, dessa forma comporá uma remuneração. O salário fixo é aquele devido no
mês do gozo das férias art. 142 da CLT.

Em caso de horas extras, as mesmas são apuradas no período aquisitivo com média
aritmética, devendo considerar a quantidade de horas em cada mês e não o valor
pago. Art. 142 “§ 1º Quando o salário for pago por hora, com jornadas variáveis,

Segurança do Trabalho
108

apurar-se-á a média do período aquisitivo, aplicando-se o valor do salário na data da


concessão das férias”.

Sendo o valor comissão, deve-se apurar os últimos 12 (doze) meses com média
aritmética (há sindicados que determinam períodos menores) anteriores ao período
de gozo. Art. 142 § 3º da CLT.

Outros adicionais: insalubridade, periculosidade ou adicional noturno, sendo pagos


mensalmente ao empregado são utilizados com o valor mensal, não se calculando
média. Porém, se o pagamento foi em determinado período, calcula-se a média
aritmética com base no período aquisitivo.

A todos os valores variáveis o DSR é acrescido, dessa forma o mesmo deve ser
utilizado como parte da composição da remuneração. O DSR é um acessório que
segue o valor principal, mesmo não havendo regra prática na CLT, e podemos nos
valer de legislação adjacente; logo, o Código Civil

Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não
mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
Art. 58 - Principal é a coisa que existe sobre si, abstrata ou concretamente.
Acessória, aquela cuja existência supõe a da principal.
O pagamento do adicional de 1/3 previsto na Constituição Federal não é solicitado
pelo empregado, ele é subentendido quando do pedido de férias, sendo um direito
indisponível do empregado.

10.5 DEVERES DO TRABALHADOR

Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:
a. ato de improbidade;
b. incontinência de conduta ou mau procedimento;

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c. negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e


quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o
empregado, ou for prejudicial ao serviço;
d. condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido
suspensão da execução da pena;
e. desídia no desempenho das respectivas funções;
f. embriaguez habitual ou em serviço;
g. violação de segredo da empresa;
h. ato de indisciplina ou de insubordinação;
i. abandono de emprego;
j. ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa,
ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa,
própria ou de outrem;
k. ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o
empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria
ou de outrem;
l. prática constante de jogos de azar.
Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado a
prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à
segurança nacional.

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11 REFERÊNCIAS

1. ATLAS, Equipe. Segurança e medicina do trabalho: Lei n° 6.514, de 22 de


dezembro de 1977. São Paulo: Atlas, 2009.

2. BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei nº 5.442, de


01.mai.1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
Lei/Del5452compilado.htm. Acesso em:06.ago.2014.

3. _______. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro


de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm.
Acesso em: 06.ago.2014.

4. CAMPOS, A. CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes: uma


nova abordagem. São Paulo: SENAC. 2004.

5. DEJOURS, C. A loucura do trabalho. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2007.

6. DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. 2. ed. São Paulo: Edgard


Blücher, 2004.

7. GOMES FILHO, João. Ergonomia do objeto: sistema técnico de leitura


ergonômica São Paulo: Escrituras Editora, 2003.

8. GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 5.


ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

9. IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo : Edgard Blücher,


2003.

10. LAVILLE, A. A ergonomia. São Paulo: EPU, 1977.

11. TAVARES, J.C. Noções de prevenção e controle de perdas em segurança


do trabalho. São Paulo: SENAC. 2004.

12. http://www.previdencia.gov.br/wp-content/uploads/2013/05/AEPS_2012.pdf

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