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PROCESSOS DE FABRICAÇÃO

TECNOLOGIA EM MECÂNICA - PROCESSOS DE SOLDAGEM

AULA 8 – Conformação Plástica

Prof. Me. Amir Rivaroli Junior


OBJETIVOS

a) Discutir o papel dos defeitos cristalinos na deformação


plástica de materiais cristalinos (especialmente nos
metais);

b) Discutir os mecanismos de endurecimento em metais e


ligas;

c) Discutir a interação entre deformação a frio e


recristalização no processamento termo-mecânico de ligas;
OBJETIVOS

Definir a conformação por deformação:

- Estabelecendo os processos fundamentais da


conformação plástica;
- Discorrendo sobre os fatores que influenciam a deformação
plástica;
- Conceituando os fenômenos de encruamento e
recristalização;

Permitir o conhecimento das diferenças entre a deformação


a frio e a quente.
• OBJETIVO  Compreender a engenharia pela relação
FUNDIÇÃO
LAMINAÇÃO
PROCESSO DE FABRICAÇÃO EXTRUSÃO
METALURGIA DO PÓ
PRENSAGEM
COLAGEM
MECÂNICAS
FÍSICAS
ESTRUTURA QUÍMICAS
- ATÔMICA PROPRIEDADES
- CRISTALINA
- MICRO-
ESTRUTURA ESTRUTURA COMP. QUÍMICA MATERIAL
- MACRO-
ESTRUTURA CIÊNCIA DOS MATERIAIS
 Apresentar as principais propriedades de materiais
 Relacionar propriedades com estrutura
Ciência dos Materiais
Introdução

Materiais submetidos a esforços mecânicos, deformam-se;

Esta deformação varia conforme o material :


elastômeros – deformação recuperável até a ruptura;
metais – podem sofrer deformação permanente.

Deformação permanente – Conformação Mecânica


Introdução

Conformação Mecânica

Mudança da geometria de uma matéria-prima, por meio


da aplicação de forças externas, trabalhando sob
tensões maiores que as de escoamento e menores que
as de ruptura (zona plástica);

O volume e a massa da matéria-prima permanecem


constantes.
Especificação de propriedades mecânicas

• As propriedades mecânicas estáticas são obtidas comumente


do ensaio de tração.

• Contudo, outros ensaios estáticos são aplicados para


condições particulares, como o ensaio de compressão ou
flexão. O ensaio de dureza também é comumente utilizado,
visto a facilidade de execução.
Deformação Plástica

Ocorre por dois processos fundamentais:

Deformação por escorregamento;

Deformação por maclação mecânica.


Deformação Plástica

Escorregamento
Resulta de esforços de cisalhamento;
Deformação Plástica
Escorregamento
Resulta do deslizamento de “planos de escorregamento” numa
direção cristalográfica chamada “direção de escorregamento”;
Deformação Plástica

Movimento de Discordância
A existência de vacâncias e discordâncias diminui a
resistência à deformação;
Deformação Plástica

Contornos de Grão

O contorno de grão indica a


mudança de orientação
cristalográfica;

Quanto mais contorno existir


maior será a resistência à
deformação (grãos pequenos)
Deformação nos Aços-C

A deformação possui 2 componentes: elástica e plástica;

- Nos metais a deformação elástica é importante pois


permite que o material absorva tensões sem se deformar
permanentemente;

- A deformação plástica é importante para metais nos


processo de conformação mecânica;

- operações mecâno metalúrgicas (laminação, forjamento,


estampagem, estiramento, etc).
Metais deformados plasticamente

A habilidade de um material se deformar plasticamente está


relacionado com a habilidade das discordâncias se
Movimentarem.
Diagrama tensão x deformação

Informações importantes a partir do diagrama  x 

Deformação Elástica Deformação Plástica


 Precede à deformação plástica  É provocada por tensões que
 É reversível ultrapassam o limite de elasticidade
 Desaparece quando a tensão é  É irreversível porque é resultado do
removida deslocamento permanente dos
 É praticamente proporcional à átomos e, portanto não desaparece
tensão aplicada (obedece a lei quando a tensão é removida
de Hooke)

Elástica Plástica
Módulo de elasticidade (E)
Dentro dessa chamada “fase elástica”, a deformação é
proporcional á tensão correspondente ao esforço aplicado.

• A relação entre a tensão e a deformação é chamada de


“MÓDULO DE ELASTICIDADE” (Módulo de Young), que é uma
característica típica de cada material.
Especificação de propriedades mecânicas

• As propriedades mecânicas estáticas são obtidas


comumente do ensaio de tração.

• Contudo, outros ensaios estáticos são aplicados para


condições particulares, como o ensaio de compressão
ou flexão.
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO
Medida submetendo-se o material à uma carga ou força de tração crescente,
que promove uma deformação progressiva de aumento de comprimento do CP.

Diagrama tensão x deformação (típico em


metais)
Introdução

LP - Limite de escoamento
proporcional;
LC - Limite de escoamento
convencional;
LS - Limite de escoamento
superior;
LI - Limite de escoamento
inferior;
LR - Limite de resistência.
Diagrama tensão x deformação

Curvas  x  de alguns metais e ligas


Diagrama Esquemático Tensão x
Deformação
Escoamento
Terminada a fase elástica, tem início a fase plástica, na qual ocorre uma
deformação permanente no material, mesmo que se retire
a força de tração.

No início da fase plástica ocorre um fenômeno chamado escoamento, que


caracteriza-se por uma deformação permanente
do material sem aumento de carga, mas com aumento da velocidade de
deformação. Durante o escoamento a carga oscila entre valores muito
próximos uns dos outros.

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Deformação nos Aços

A deformação elástica ocorre quando uma tensão é aplicada sobre


um metal, ou sobre qualquer material sólido, até um limite que após
a remoção da carga permite que o material retorne as suas
dimensões originais;

• Quando a carga aplicada é de tração, a peça tensionada se torna


ligeiramente mais longa;

• No caso da carga ser compressiva, a peça se torna


ligeiramente menor;
Limite de resistência
Após o escoamento ocorre o encruamento, um endurecimento causado
pela quebra dos grãos do material quando deformados a frio. O material
resiste cada vez mais à tração externa, exigindo uma tensão cada vez
maior para se deformar.

Nesta fase, a tensão recomeça a subir, até atingir um valor máximo num
ponto chamado de limite de resistência (B).

Para calcular o valor do limite de


resistência (LR), basta aplicar a
fórmula:
LR = Fmáx
So

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Curva tensão – deformação de alguns materiais.

a) aços de alta resistência,


b) aços de baixo / médio carbono,
c) ferro fundido cinzento,
d) materiais bastante maleáveis como cobre.
Típicos Diagramas Tensão x Deformação
para Aço
Deformação Plástica

A Frio ou A Quente

Distingue-se pela “temperatura de recristalização”;

Transformação frio < Temp. recristalização

Transformação quente > Temp. recristalização


Deformação plástica a Frio e a Quente

• Costuma-se distinguir o “trabalho mecânico a frio” do


“trabalho mecânico a quente” por uma temperatura indicada
como “temperatura de recristalização”.

• Temperatura de recristalização – A menor temperatura na


qual uma estrutura deformada de um metal trabalhado a frio é
restaurada ou substituída por uma estrutura nova, livre de
tensões, após a permanência nessa temperatura por um
tempo determinado”.
Deformação plástica a Frio e a Quente
Trabalho a Frio

Características:

• Objetivo: obtenção do metal na forma desejada e melhoria


de suas propriedades mecânicas;
• Conformação do material pela aplicação de pressão ou
choque;
• Processos: laminação, trefilação, forjamento, extrusão;
• Ex. aplicação: perfis estruturais, chapas, fios, cabos, etc.
Trabalho a Frio

Características:

• Aumenta a dureza e a resistência dos materiais, mas a


ductilidade diminui;
• Permite a obtenção de dimensões dentro de tolerâncias
estreitas;
• Produz melhor acabamento superficial;
• Ocorre o encruamento do material.
Deformação Plástica

A Frio

No trabalho mecânico a frio dos metais ocorre um


fenômeno chamado de “ENCRUAMENTO”.

O encruamento aumenta a resistência mecânica e a


dureza, diminuindo a ductilidade e a tenacidade.
Deformação Plástica

Encruamento

“Como resultado da deformação mecânica a frio intensa,


ocorrem apreciáveis movimentos das imperfeições
cristalinas, principalmente discordâncias, ao longo dos
planos de deslizamento.
Deformação Plástica

A Frio - “ENCRUAMENTO

Forma-se como que um rendilhado tridimensional de


discordâncias que, juntamente com a distorção dos planos
de escorregamento impedidos de avançar pelos contornos
dos grãos adjacentes, provoca uma desordem no modelo
cristalino normal, tornando mais difícil o escorregamento
posterior e afetando assim as propriedades
mecânicas”.(Chiaverini)
Deformação Plástica

Encruamento
Deformação Plástica

A Frio

grão recristalizado encruado


Deformação Plástica
Trabalho a Frio

Vantagens:
• Melhor controle dimensional;
• Melhor acabamento superficial;
• Aumento da resistência mecânica e dureza do material;

Desvantagens:
• Maior energia para deformar;
• Menor deformação;
• O material após a conformação apresenta elevado estado
de tensões (<ductilidade);
• Exige ferramental que suportem maiores tensões.
Deformação Plástica

A Quente

No trabalho mecânico a quente dos metais ocorre um


fenômeno chamado de “RECRISTALIZAÇÃO”.

A recristalização diminui a resistência mecânica e a


dureza, aumentando ou mantendo a ductilidade e a
tenacidade.
Trabalho a Quente
Trabalho a Quente
Características:
• É a primeira etapa do processo metalúrgico de conformação
mecânica;
• A energia para deformar é menor;
• O metal adquiri maior capacidade de deformar-se sem
fissuração;
Trabalho a Quente
Características:
• Algumas heterogeneidades das peças (ou lingotes) como
porosidades, bolhas, etc., são praticamente eliminadas pelo
trabalho a quente;
• A estrutura granular, grosseira de peças fundidas, é rompida
e transformada em grãos menores;
• Alguns metais dificilmente são deformados a frio sem
fissurar; exemplos: tungstênio, molibdênio e outros;
• Ocorre o recozimento: crescimento grãos.
Deformação Plástica

Recristalização

Se o metal deformado plasticamente for submetido a um


aquecimento controlado, este aquecimento fará com que
haja um rearranjo dos cristais deformados plasticamente;

O aumento da temperatura torna instável o metal encruado


fazendo-o voltar à condição livre de energia.
Deformação Plástica

A Quente

A estrutura cristalina deforma-se e permanece assim,


enquanto as tensões estão aplicadas, restaurando-se
quando estas cessarem.
Trabalho Mecânico

A Quente x A frio

➢ energia menor;
➢ maior capacidade de deformação;
➢ eliminação de porosidades, bolhas, etc.;
➢ menor resistência mecânica e dureza;
➢ maior ductilidade e tenacidade;
➢ alguns metais fissuram na deformação a frio (W, Mo).
Conformação Plástica

• Permitem a obtenção de peças no estado sólido,


por meio da aplicação de esforços mecânicos:

• Características controladas;

• Os corpos metálicos deformando-se, mantem


volume constante.
Objetivos
• Os objetivos dos processos de conformação plástica
são a obtenção de produtos finais com especificação de:

– dimensão e forma;
– propriedades mecânicas;
– condições superficiais;

conciliando a qualidade com elevada velocidade de


produção, na busca de um baixo custo de fabricação.
Fatores de Influência
• Ao analisar-se um processo de conformação plástica de metais,
observa-se a inter-relação de fatores que influem diretamente
na qualidade do produto obtido.

• Algumas variáveis a relacionar:


• Matéria-prima:
– Composição química;
– Microestrutura;
– Propriedades mecânicas;
– Acabamento superficial.

• Ferramentas:
– Geometria, dimensões;
– Material empregado;
– Acabamento superficial.
Fatores de Influência
• Equipamentos:
– Capacidade;
– Velocidade;
– Forma de atuação.
• Processo:
– Temperatura;
– Lubrificação;
– Taxa de deformação;
– Grau de deformação.
• Produto:
– Microestrutura;
– Propriedade mecânica;
– Acabamento superficial;
– Geometria, dimensões.
Classificação
• Vários critérios:
• Quanto ao tipo de esforço predominante;
• Quanto à temperatura de trabalho;
• Quanto à forma do material trabalhado ou produto
final;
• Quanto ao tamanho da região de deformação
(localizada ou geral);
• Quanto ao tipo de fluxo do material (estacionário
ou intermitente);
• Quanto ao tipo de produto obtido (semi-acabado
ou acabado)
Tipo de Esforço Predominante

• Processos de conformação por:

• Compressão direta;
• Compressão indireta;
• Tração;
• Cisalhamento;
• Flexão.
Compressão Direta
• Predomina a solicitação externa por compressão
Esforço Predominante

sobre a peça de trabalho;


• Nesse grupo podem ser classificados os
processos de:

• forjamento - livre e em matriz;

• Laminação - plana e de perfis.

https://www.youtube.com/watch?v=PUrKSv-zFQ0
Compressão Indireta

• As forças aplicadas sobre a peça podem ser tanto de


tração como de compressão, mas as que efetivamente
Esforço Predominante

provocam a conformação plástica do metal são as de


compressão indireta, desenvolvidas pela reação da
matriz sobre a peça;

• Os principais processos são:


• Trefilação;
• Extrusão;
• Estampagem profunda (embutimento) de chapas.
Comp. Indireta - Trefilação
Esforço Predominante Tração

• Estiramento de chapas, em que a peça toma


a forma da matriz através da aplicação de
forças de tração em suas extremidades.
Cisalhamento

• Envolvem forças cisalhantes suficientes ou não para


romper o metal no seu plano de cisalhamento;

• Os melhores exemplos desse tipo de processo são


a torção de barras e o “corte de chapas”.
Classificação Quanto à Temperatura de Trabalho

• Os processos de conformação podem ser classificados em


processos com trabalho mecânico a:

• Frio - quando a temperatura de trabalho é menor que a


temperatura que provoca a recristalização do metal;

• Quente - quando a temperatura de trabalho é maior que


a temperatura que provoca a recristalização do metal.
Trabalho Mecânico a Frio

• Provoca o aparecimento no metal do chamado efeito de


Temperatura de Trabalho

encruamento, ou seja, o aumento da resistência mecânica


com a deformação plástica;

• O trabalho mecânico a frio permite aumentar a resistência


mecânica de certos metais não-ferrosos que não são
endurecíveis por tratamentos térmicos.
Deformação a Frio

• Aumenta a dureza e a resistência dos materiais,


mas a ductilidade diminui;

• Permite a obtenção de dimensões dentro de


tolerâncias estreitas;

• Produz melhor acabamento superficial.


Deformação a Frio

Forjado a frio
Fonte: AçoPeças Ltda.
Trabalho Mecânico a Quente

• A deformação plástica é realizada numa faixa de


temperatura, e durante um determinado tempo, em que
Temperatura de Trabalho

o encruamento é eliminado pela recristalização do


metal.
Trabalho Mecânico a Quente

Tarugo cortado e esboçado Primeiro forjamento Forjamento Final Peça rebarbada Ponta de eixo

Fonte: Catálogo de Prensas Schuler S.A.


Deformação a Quente
VANTAGENS

• Permite o emprego de menor esforço mecânico para a


mesma deformação (necessita-se de máquinas de menor
capacidade comparada as do trabalho a frio);

• Promove o refinamento da estrutura do material,


melhorando a tenacidade;

• Elimina porosidades;

• Deforma profundamente devido a recristalização.


Deformação a Quente
DESVANTAGENS:

• Exige ferramental de boa resistência ao calor, o que


implica em custo;

• O material sofre maior oxidação, formando casca de


óxidos;

• Não permite a obtenção de dimensões dentro de


tolerâncias estreitas.
Variáveis que Influem na
Conformabilidade
• As relacionadas com o material trabalhado:
• composição química,
• tamanho e forma granular,
• porcentagem, distribuição, morfologia, tamanho
e natureza de precipitados e soluções sólidas;

• Exceto a composição química, os outros fatores


referem-se à microestrutura trabalhada, dependente da
temperatura e da taxa de deformação.
Variáveis que Influem na
Conformabilidade
• As relacionadas ao processo de conformação:
• grau de deformação,
• taxa de deformação,
• temperatura, atrito e estado de tensão.

• Essas variáveis determinam a microestrutura do material


deformado, bem como o modo de escoamento durante o
processo.
FIM

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