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•UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

•CAMPUS ANGICOS

Disciplina:
Química Aplicada à Engenharia e seus
Laboratórios

Tema da aula:
Principais propriedades dos metais

Profa: Lêda Maria Oliveira de Lima

Natal /RN, 2017.


Principais propriedades
dos metais:
aparência – brilho característico que pode ser
aumentado por polimento ou tratamentos químicos;

densidade – Al = 2,70g/cm3, Fe = 7,87g/cm3,


aço A36 = 7,85g/cm3;

condutividade térmica e elétrica – os metais são


bons condutores térmicos e de eletricidade e
propriedades mecânicas – resistência à tração,
elasticidade, ductilidade, tenacidade, fadiga e
dureza.
Propriedades mecânicas:
por que estudar?
1. A determinação e/ou conhecimento das
propriedades mecânicas é muito importante para a
escolha do material para uma determinada
aplicação.

2. Definem o comportamento do material quando


sujeito a esforços mecânicos.

3. Evitar que ocorram níveis inaceitáveis de


deformação e/ou falhas.
Como determinar as
propriedades mecânicas?
A determinação das propriedades mecânicas é
feita através de ensaios mecânicos.
Utilizam-se normalmente corpos de prova
(amostra representativa do material) para o
ensaio mecânico, já que por razões técnicas e
econômicas não é praticável realizar o ensaio na
própria peça, que seria o ideal.
Usam-se normas técnicas para o procedimento
das medidas e confecção dos corpos de prova
para garantir que os resultados sejam
comparáveis.
Dentre os diversos tipos de ensaios disponíveis
para a avaliação das propriedades mecânicas
dos materiais, o mais amplamente utilizado é o
ensaio de tração.

• Ensaio relativamente simples e rápido.

• No Brasil, a norma utilizada para materiais


metálicos é a ABNT NBR-6152.
Ensaio de tração

Resistência à tração

É medida submetendo-se o material à


uma carga ou força de tração,
paulatinamente crescente, que promove
uma deformação progressiva de aumento
de comprimento.

É obtida através da curva


tensão-deformação.
Ensaio de tração
F

Seção transversal
original

Corpo-de-prova
antes e após
F
Representação esquemática ensaio de tração.
do ensaio de tração.
Como se definem tensão e deformação?
• Tensão Sendo:
σ = tensão (Pa);
F
σ= F = carga instantânea aplicada (N) e
Ao Ao = área da seção reta original antes
da aplicação da carga (m2).

Como efeito da aplicação de uma tensão, tem-se


a deformação (variação dimensional).

• Deformação Sendo:

li − lo ∆l ε = deformação (adimensional);
ε= = li = comprimento instantâneo e
lo lo lo = comprimento original.
• Módulo de elasticidade: σ
E =
ε
Sendo:
σ = tensão (Pa);
ε = deformação (adimensional);
E = módulo de elasticidade (Pa);

•Normalizando-se a força em relação à área, e o alongamento


em relação ao comprimento inicial, podemos rescrever a
equação mostrada como: F/Aº = E (li – lº/ lº ),ou, usando-se a
simbologia padrão da engenharia: σ = E ⋅ε , onde σ é a tensão e
ε é o alongamento relativo ou, simplesmente, alongamento. A
nova constante de proporcionalidade, E, é chamada de módulo
de elasticidade, ou de Young.
• Módulo de elasticidade: σ
E =
ε
•O módulo de Young tem origem na energia de
ligação entre os átomos do material e divide os
materiais em aproximadamente duas grandes
classes: os flexíveis e os rígidos; um material com
um elevado valor do módulo de young é um
material rígido.

• As borrachas, polímeros e ‘espumas’ estão entre os


materiais de menor módulo de elasticidade enquanto
que os materiais cerâmicos estão no outro extremo e
constituem os materiais mais rígidos conhecidos.
• Módulo de elasticidade: σ
E =
ε
•A rigidez de um componente mecânico diz respeito ao quanto
ele pode defletir sob uma determinada carga. Ela depende não
só do valor do módulo de Young, mas também de como são as
solicitações mecânicas sobre ele: tensão de tração, compressão,
dobramento, etc., da forma e do tamanho do componente.

• Uma chapa sob compressão, por exemplo, se dobrará ao ser


submetida a um carregamento de compressão. A mesma chapa,
de outro material, de maior módulo de Young, se defletirá
menos. Dobrada, já apresentará uma rigidez maior. Se
transformada em um tubo, será capaz de suportar uma carga
muito maior que aquela original, aplicada sobre a chapa, sem
apresentar uma modificação apreciável na sua forma.
Comportamento mecânico
dos metais
Limite de resistência à
tração - LRT

Fratura do material

Comportamento
típico da curva
σ)
Tensão (σ

tensão-deformação
de engenharia até a
fratura do material
(ponto F). Os
detalhes circulares
representam a
geometria do corpo
de prova deformado
Deformação (ε)
em vários pontos ao
longo da curva.
Fonte: Callister, 2002.
Então, desta curva, observamos que
os metais podem apresentar dois
tipos de deformação:

elástica plástica
Deformação elástica Deformação plástica
• Antecede à deformação • É provocada por tensões que
plástica. ultrapassam o limite de
• É reversível. elasticidade.
• Desaparece quando a • É irreversível, ou seja, não
tensão é removida. desaparece quando a tensão
• É proporcional à tensão é removida.
aplicada.
Em uma escala atômica...
Deformação elástica
Deformação plástica
• É manifestada por
• Corresponde à quebra de
pequenas alterações no
ligações com os átomos
espaçamento interatômico
vizinhos originais e em
e na extensão de ligações
seguida formação de novas
interatômicas.
ligações com novos átomos
vizinhos, uma vez que um
grande número de átomos ou
moléculas se move em
relação aos outros; com a
remoção da tensão, eles não
retornam às suas posições
originais.
Da curva tensão x deformação,
podemos obter:
Módulo de elasticidade ou módulo de Young

• É o quociente entre a tensão


aplicada e a deformação elástica
resultante – Lei de Hooke.
• Está relacionado com a rigidez
do material ou à resistência à
deformação elástica.
• Está relacionado diretamente
com as forças das ligações

E = σ /ε
interatômicas.
Módulo de elasticidade (E)

Máxima tensão que o material


suporta sem sofrer deformação
permanente.

σ
A lei de Hooke é válida
Tensão (σ)

até este ponto.

σ=Eε

Deformação (ε)
Módulo de elasticidade para
algumas ligas metálicas

MÓDULO DE ELASTICIDADE
[E]
GPa 106 Psi Quanto maior o
Magnésio 45 6.5 módulo de elasticidade
AlumÍnio 69 10 mais rígido é o
Latão 97 14 material ou menor é a
Titânio 107 15.5 sua deformação
Cobre 110 16 elástica quando
Níquel 207 30 aplicada uma dada
Aço 207 30
tensão.
Tungstênio 407 59
Fonte: Callister, 2002.
Relação entre temperatura de
fusão e módulo de elasticidade
Temperatura de Módulo de
Metal fusão (oC) elasticidade (MPa)
Alumínio 660 70.000

Cobre 1085 127.000


Ferro 1538 210.000

O módulo de As forças de ligação entre os átomos,


elasticidade é e consequentemente o módulo de
fortemente dependente elasticidade, são maiores para metais
das forças de ligação com temperaturas de fusão mais
entre os átomos. elevadas.
Fonte: Garcia, Spim e Santos, 2000.
Deformação plástica
(a) Curva tensão x
Elástico Plástico
deformação para um
Limite de metal típico. A
escoamento
superior transição do
comportamento elástico
para o plástico é uma
Limite de
transição gradual para a
Tensão ((σ)

Limite de
escoamento maioria dos metais.
σ)
proporcionalidade
Tensão (σ inferior

Tensão de escoamento
(σy)

(b) Curva tensão x


Deformação (ε)
deformação típica para o
Deformação (ε) aço. A transição
elastoplástica é muito
(a) (b) bem definida (ocorre de
forma abrupta).
Fonte: Callister, 2002.
A deformação plástica
corresponde ao movimento de
discordâncias

Fonte: Callister, 2002.


Sistemas de escorregamento
As discordâncias não se movem O plano de escorregamento é aquele que
com o mesmo grau de possui empacotamento atômico mais
facilidade sobre todos os planos denso e a direção de escorregamento
cristalográficos de átomos e em corresponde à direção, neste plano, que
todas as direções. se encontra mais densamente
compactada com átomos.
Após o escoamento, a tensão necessária para continuar
a deformação plástica em metais aumenta até um valor
máximo, o ponto M, e então, diminui até a fratura do
material, no ponto F.

Limite de resistência à
tração - LRT

Fratura do
material
Tensão (σ)

Outras
informações
obtidas da
curva σ x ε.

Deformação (ε)
Limites de resistência de
alguns metais

Alumínio – 50 MPa

Aços de elevada dureza – 3000 MPa


Esboço da curva obtida no ensaio de tração

• AO – região de
comportamento elástico.
• AB – região de
escoamento – se
caracteriza por um
aumento relativamente
grande na deformação,
acompanhado por uma
pequena variação da
tensão.
• BF – região de
comportamento plástico - a
partir de B o material entra
na região plástica, que é
caracterizado pela presença
de deformações
permanentes.
Fonte: Garcia, Spim e Santos, 2000.
Encruamento

• A necessidade de aumentar-se a tensão para dar


continuidade à deformação plástica do material
decorre de um fenômeno denominado de
encruamento.
• Esse fenômeno resulta em função da interação
entre discordâncias e das suas interações com
outros obstáculos, como solutos e contornos de
grãos, que impedem a livre movimentação das
discordâncias. É preciso uma energia cada vez
maior para que ocorra essa movimentação, e,
consequentemente deformação plástica, até o
limite no qual a fratura tem início.
Então, até aqui vimos quais informações
podem ser obtidas a partir da curva tensão
x deformação.

1. Módulo de elasticidade

2. Tensão de escoamento

3. Limite de resistência à tração

4. Limite de ruptura
Além destas, outras informações
ainda podem ser obtidas da curva
tensão x deformação:

Ductilidade

Tenacidade
Ductilidade

Representa uma
medida do grau de
deformação plástica
que foi suportado
quando da fratura.

Corresponde à
elongação total do
material devido à
deformação plástica. Fonte: Callister, 2002.
A ductilidade pode ser expressa
quantitativamente como:
 l f − lo 
Alongamento AL% =   x100
percentual (AL%)
 lo 

Estricção (RA%)  Ao − A f 
RA% =   x100
 Ao 
A maioria dos metais possui pelo menos um grau moderado
de ductilidade à temperatura ambiente.
Materiais relativamente dúcteis são tidos como generosos.
Tenacidade

Representa uma medida


da habilidade de um
material em absorver
energia até a sua fratura.

Para que um material


seja tenaz, este deve
apresentar tanto
resistência como
ductilidade.
É a área sob a curva tensão
x deformação até o ponto
de fratura.
Frequentemente, materiais dúcteis são mais tenazes do
que materiais frágeis.

Embora, o material frágil tenha maior limite de


escoamento e maior limite de resistência à tração,
possui menor tenacidade do que o material dúctil, em
virtude da sua falta de ductilidade (comparar as áreas
ABC e AB’C’).
Falha ou fratura
nos metais

Consiste na separação do material em duas ou


mais partes devido à aplicação de uma carga
estática a temperaturas relativamente baixas em
relação ao ponto de fusão do material.
A fratura pode ser dúctil
ou frágil
• Dúctil – o material se
deforma plasticamente
até a sua ruptura.

• Frágil – o material não


se deforma
plasticamente e rompe
sem avisar.

Não ocorre deformação


plástica, requerendo menos
energia que a fratura dúctil
que consome energia para
o movimento de
discordâncias.
Fratura dúctil Fratura frágil
Fonte: Callister, 2002.
Mecanismo da fratura dúctil

(a) Formação do pescoço.


(b) Formação de cavidades.
(c) Coalescimento das
cavidades para promover
uma trinca ou fissura.
(d) Formação e propagação
da trinca.
(e) Rompimento do material
por propagação da trinca.

Fonte: Callister, 2002.


Fratura e aspecto macroscópico
Fratura dúctil – Tipo taça e cone Fratura frágil

Alumínio Aço

Fonte: Callister, 2002.


Agora, vamos falar sobre Fadiga
É a forma de falha ou ruptura que ocorre nas
estruturas sujeitas à forças dinâmicas e cíclicas.
Ex: arame quando torcido para um lado e para
outro repetidas vezes.
Nessas situações o material rompe com tensões
muito inferiores à correspondente à resistência à
tração (determinada para cargas estáticas).

A falha por fadiga é geralmente de natureza frágil,


mesmo em materiais dúcteis.

É comum ocorrer em estruturas como pontes.


Fadiga
A fratura ou rompimento do material por fadiga
geralmente ocorre com a formação e propagação
de uma trinca.

A trinca inicia-se em pontos onde há imperfeição


estrutural ou de composição e/ou de alta
concentração de tensões (que ocorre geralmente
na superfície).

Esforços alternados de tração, compressão, flexão,


torção podem levar à fadiga.
Dureza

É uma medida da resistência de um material à


penetração de um corpo (uma pequena impressão
ou um risco).

A dureza depende diretamente das forças de


ligação entre os átomos, íons ou moléculas.
Tipos de ensaios para
medição da dureza

Dureza Brinell

Dureza Rockwell

Dureza Vickers
Dureza Brinell

A impressão será
maior quanto
mais mole for o
material.

• ABNT NBR-6394 e ASTM E10-93.

Fonte: Garcia, Spim e Santos, 2000.


Dureza Rockwell

Fonte: Garcia, Spim e Santos, 2000.

• ABNT NBR-6671 e ASTM E18-94.


Dureza Vickers

Fonte: Garcia, Spim e Santos, 2000.

• Pode determinar a dureza em materiais muito moles


até extremamente duros.

• ABNT NBR-6672 e ASTM E92-82.


Algumas propriedades mecânicas
típicas de metais e ligas
Limite de Limite de Ductilidade,
Material escoamento resistência à AL%
(MPa) tração (MPa)
Alumínio 35 90 40

Cobre 69 200 45
Latão
(70Cu-30Zn) 75 300 68
Ferro 130 262 45
Aço (1020) 180 380 25
Fonte: Callister, 2002.

Fim

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