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Propriedades mecânicas

• As propriedades mecânicas refletem a resposta ou deformação dos


materiais quando submetidos a uma carga.

• A força pode ser aplicada como:


• Tração (tensile)
• Compressão (compression)
• Flexão (bending)
• Cisalhamento (shear)
• Torção (torsion)

• A razão entre a força (por unidade de área) e a deformação é


referida como
MÓDULO.
Modos de Aplicação de Força
Tração (Tensile) Flexão (Bending)

Três pontos

Cisalhamento (Shear)
Compressão
(Compression)
Teste mecânico
Máquina de ensaio universal

Máquina de ensaio universal Instron – Modo tração


Teste mecânico
Máquina de ensaio universal

Teste de Flexão
Acessório para
controle de
temperatura
Teste de compressão
Módulo elástico
(Módulo de Young)

• Obtido na parte da curva de tensão-deformação onde


existe deformação elástica (parte inicial linear da
curva).
• Módulo (E) = tensão (s) / deformação (e)

• s = F/A
• e = DL/Lo
• F = força aplicada
• A= área em que força é aplicada
• DL = variação de dimensão resultante da ação da força
• Lo= dimensão original do corpo
Lei de Hooke
Sólidos elásticos ideais
Classificação dos materiais poliméricos segundo
características mecânicas

Material Módulo (Dina/cm2)


Elastômeros 107 - 109

Plásticos Termoplásticos 1010

Termorrígidos 1011

Fibras 1012
Natureza dos materiais poliméricos
• Elastômeros
• Barreira energética rotacional de ligações químicas baixa
• Forças intermoleculares fracas
• Presença de ligações cruzadas e emaranhados (entanglements)
qie evitam deformação permanente quando estirado
• Módulo baixo: 107 Dina/cm2
• Nota: A elasticidade é um fenômeno característico de
materiais poliméricos, que está associado a existência de londas
cadeias.

• Plásticos
• Barreiras rotacionais e forças intermoleculares maiores que nas
borrachas e maior força coesiva;
• Mesmo abaixo da Tg apresentam movimentos moleculares de
curto alcance (relaxações), que têm papel importante na
resposta mecânica;
• Módulo mais alto que o módulo dos elastômeros: 1010 Dina/cm2
Natureza dos materiais poliméricos
• Termorrígidos
• Formam rede tridimensional – número de ligações cruzadas é
maior que nas borrachas;
• Módulo alto: 1011 Dina/cm2
• O produto puro é, em geral, quebradiço – é normalmente
empregado como compósito.
• Fibras
• Alto alinhamento molecular (mono-orientação) que provoca
anisotropia;
• Módulo altíssimo: 1012 Dina/cm2

• Nota:
• Em filmes biorientados, a anisotropia é reduzida quando
comparada a material mono-orientado. Entretanto, é ainda
maior que aquela de filmes isotrópicos.
Modelos estruturais para fibras

• Estrutura fibrilar

• Forma sugerida para a


mudança da estrutura
lamelar em fibrilar
(Peterlin, 1965).
Curva de tensão-deformação
(Stress-strain curve)

http://core.materials.ac.uk/repository/doitpoms/tlp/swf/stress-strain.swf
Curva de tensão-deformação
Plásticos rígidos e flexíveis

Fonte: I. M. Ward, "Mechanical


Properties of Solid Polymers, 2'nd
Ed." Wiley, NY, 1983.
Módulo - Determinação
Módulo de elasticidade
Módulos secante e tangente

Correção – deslizamento
Determinação do zero
Curvas de tensão-deformação características
Curvas características
• Mole e fraco (soft and weak)
• E= baixo; AR= moderado; TR= baixo; Ex: borracha(n/vulcanizada)

• Mole e tenaz (soft and tough)


• E= baixo; AR= alto; TR= moderado; Ex: borracha vulcanizada, PVC
plastificado

• Duro e quebradiço (hard and brittle)


• E= alto; AR= baixo; TR= alto; PS e PMMA.

• Duro e forte (hard and strong)


• E= alto; AR= moderado; TR= alto; Ex: PVC rígido.

• Duro e tenaz (hard and tough)


• E= alto; AR= alto; TR= alto; Ex: PC e PA.

• E= módulo; AR= alongamento na ruptura; TR= tensão de ruptura


Endurecimento
(“Strain Hardening”)

Aumento da tensão devido à deformação plástica


Curva de tensão-deformação
Influência da temperatura
• O aumento da temperatura resulta em diminuição no módulo, na
tensão no ponto de escoamento e na tensão de ruptura e aumento do
alongamento na ruptura.
Curva de tensão-deformação
Influência da velocidade de deformação
• O aumento da velocidade de deformação diminui a ductilidade, aumentando
o módulo, as tensões no ponto de escoamento e na ruptura e diminuindo o
alongamento na ruptura.
Módulo de elasticidade

• Influência do grau de cristalinidade


– O módulo aumenta quando aumenta o grau de
cristalinidade. Existe uma relação direta entre o
grau de cristalinidade, o módulo e a dureza. A
dureza aumenta quando o módulo aumenta.

Propriedade PE-1 PE-2 PE-3


Densidade 0,910-0,925 0,926-0,940 0,941-0,965
(g/cm3)
Dureza,
Rockwell 41-48 50-60 60-70
Curva de tensão-deformação

• Influência do grau de cristalinidade


Módulo de elasticidade
• Influência do peso molecular
• Polímeros amorfos: o módulo aumenta com o aumento
do peso molecular, entretanto o aumento pode não
ser grande.
• Polímeros semi-cristalinos: depende do efeito do
peso molecular sobre a cristalinidade. Diminuição do
peso molecular pode provocar aumento do grau de
cristalinidade, aumentando o módulo.

• Influência de aditivos
• Cargas minerais: aumentam o módulo de uma forma
geral
• Plastificante: diminuem o módulo.
Curva de tensão-deformação

• Influência do peso molecular em polímeros amorfos


Curva de tensão-deformação

Influência da adição de carga Influência da adição de plastificante


Módulo de compósitos
Módulo elástico
Influência da temperatura
Módulo de elasticidade
• Influência de umidade
– Polímeros que não absorvem ou absorvem pouca água
(polietilenos, PP, PS, etc): nenhuma influência.
– Polímeros que podem formar ligação de hidrogênio com
água (nylons, poliuretanos, polímeros celulósicos): grande
efeito.

Umidade (%) Módulo (psi)


0,2 400.000
2,5 175.000
Curva de tensão-deformação em polímeros semi-
cristalinos – Deformação esferulítica
Ensaio de compressão
(ASTM-D695)

• Corpo de prova normalmente


cilíndrico
• s= F/A; e= (lo – l)/lo; E= s / e

• Informações:
• Módulo de elasticidade
(compressão)
• Tensão no ponto de
escoamento.
Curva de tração e compressão típicas para PS

• É possível obter informações


sobre o escoamento de
polímeros quebradiços como
o PS, que não é observado no
ensaio de tração.
Ensaio de flexão
(ASTM-D790)
• A capacidade de dobrar é importante em muitas aplicações.
• Informações:
• Módulo de elasticidade (módulo de flexão)
• Resistência à flexão (tensão de ruptura)
• Tensão no ponto de escoamento.

• Determinação:
• Eb = WL3/48 d I)
• Eb = módulo elástico (módulo de flexão)
• W= carga
d= deflexão
• I= momento de inércia da seção transversal (I=bd3/12 para corpo
retangular, onde d e b são a espessura e a largura, respectivamente).
Ensaio de flexão
Distrituição de forças
Razão de Poisson (n)
• Razão entre as variações das
dimensões transversal e
longitudinal produzidas pela
deformação elástica de um corpo
submetido a esforço.

• n = Det/Del

• et = alongamento direção
transversal
• el = alongamento direção
longitudinal
Relação entre módulos

• E = 2G (1 + n)
• K = E / [3 (1 - 2n)]
• E = módulo tênsil (Tensile modulus) (Tração)
• G = módulo de cisalhamento (Shear modulus)
• K = módulo de compressão (bulk modulus)

• Compliância (Compliance)
• É o reciproco do módulo
• Tênsil: S = 1/E
• Cisalhamento: J = 1/G
• Compressão: k = 1/K (compressibilidade)
Propriedades mecânicas de alguns polímeros comerciais

Tensile Tensile Tensile


Modulus (GPa) Strength Yield Elongation at Strength, Elongation at
Polymer (MPa) Yield (%) Ultimate (MPa) Break (%)

PEEK 3.1-8.3 90-110 5 90-150


3-100

HDPE 0.2-1.6 2.5-32 7-15 10-50 10-1500

SBS 1.8 35 2.4 - 40

PC 2.1-2.4 60-76 6 52-72 6-150

PP 0.5-7.6 12-43 3.5-110 20-80 3-887


Resistência ao Impacto

• A resistência ao impacto é a energia requerida para quebrar um


material, quando submetido à ação de uma carga em alta
velocidade. Depende da capacidade do polímero em absorver
rapidamente a energia recebida.

• Estruturas mais “livres” respondem melhor ao impacto

• Resistência ao impacto:
• Polímeros no estado vítreo: baixo
• Polímeros no estado borrachoso: alto
Resistência ao impacto

• Efeito da temperatura
• A resistência ao impacto aumenta com o aumento da temperatura.
• Efeito da cristalinidade
• A resistência ao impacto diminui com o aumento da cristalinidade.
• Efeito de reticulação
• A resistência ao impacto diminui com o aumento do grau de reticulação.
• Efeito de aditivos
• Aditivos podem melhorar ou piorar a resistência ao impacto.
• Exemplos: plastificante: melhora a resistência impacto.
• cargas inorgânicas: piora a resistência ao impacto.
Testes para avaliação da resistência ao impacto

Tipo ASTM Descrição


Energia para quebrar um corpo-de-prova
Pêndulo D256 entalhado ou não, pela ação do impacto de um
pêndulo (Testes: Izod e Charpy).

a) D3029 Energia para quebrar um corpo-de-prova pela


Peso em ação de um peso, constante ou variável, em
b) D1799 queda. Aplicável a laminados – a) plásticos
queda
c) D2444 rígidos; b) filmes poliolefínicos; c) tubos
termoplásticos.
a) D2289 Energia relacionada à tenacidade, representada
Tênsil pela área sob a curva de tensão-deformação.
b) E399 Válida para velocidade teste de até 254m/min.
Testes de Resistência ao Impacto
Tipo Pêndulo
Charpy
Izod
Testes de Impacto com Pêndulo
Geometrias
Impacto – Peso em queda
“Falling weight impact”
Testes de Impacto tênsil
Geometria
Propriedades mecânicas de alguns plásticos
(Tração, flexão e impacto)

Tração Flexão Impacto


Plástico Com
E sr er E sr entalhe
(MPa) (MPa) (%) (MPa) (MPa) (J/mm)
HDPE 140-3500 80-230 15-100 1100 36 N/quebra

LDPE 70-1400 21-38 300- 55-400 5-21 N/quebra


1000
PS 2700-4100 45-65 3-4 3300 96 2

PMMA 2700-3200 50-77 2-10 3100 117 18

Nylon-6,6 2000 77-84 150-300 1200-3100 95 15-20

PC 2100-2400 57-67 100-130 2300-3200 83 20-30


Resistência ao impacto de algumas misturas poliméricas
de engenharia
Izod com entalhe (J/m)
Material
22°C - 40 °C
PC/ABS 454-641 267-614
PC/PBT 694-854 160-641
PC/PET 907 694
Nylon-6/ABS 992 96
Nylon-6/PPO (Noryl) 293 133
PBT/PET 801-854 -
PC 641-854 133-598
PBT 43-53 -
Nylon-6,6 27-64 -
Resistência ao impacto
Influência da taticidade do PP
Resistência ao impacto
Efeito de adição de borracha de etileno-propileno em matriz de polipropileno
Resistência ao impacto
Efeito do peso molecular de PP

Resistência ao impacto Izod (J/m)


MFI (g/10 min) Copolímero
Homopolímero
(15% de borracha)
0,3 150 800
1,0 110 600
2,5 55 180
6,0 45 110
12 35 75
35 25 35
Estabilidade dimensional
• Estabilidade dimensional: capacidade de um corpo manter as
dimensões quando em uso.

• Materiais poliméricos que foram submetidos a alto grau de


estiramento tendem a ter sua dimensão e/ou forma alterados
quando expostos a alta temperatura e solvente.

• Podem ainda perder a foram quando submetidos a carga (creep).

• Essas mudanças estão relacionadas com fenômenos de relaxação


molecular causados pelos agentes externos.
Estabilidade Dimensional
Efeito térmico

• Filmes orientados e fibras podem sofrer encolhimento com o


aumento da temperatura (thermal shrinkage).

• Em fibras
• Associado à contração de moleculas de ligação (“tie molecules”)
com cadeia estendida, que assumem conformação estatística. O
encolhimento para próximo a Tm, onde os últimos traços de
orientação desaparecem.
Estabilidade Dimensional- Efeito térmico
Encolhimento de fibras de HDPE e PET por aquecimento 2oC/min – LT e L25
são os comprimentos a temperatura T e 25oC, respectivamente.
Estabilidade Dimensional– Efeito de solvente

• Em materiais orientados (filmes e fibras), a penetração


de agentes de ação solvente causam o abaixamento da
Tg, aumento da mobilidade molecular e contração da
peça (solvent induced shrinkage).
Estabilidade Dimensional– Efeito de solvente
Fibras de Nylon-6,6 em mistura de água e fenol
Estabilidade Dimensional– Efeito da ação de carga
(“Creep”)

• Materiais poliméricos podem modificar sua forma


quando submetidos à ação de cargas (fluência).

• A estabilidade dimensional de peças submetidas a carga


pode ser aumentada por:
• Aumento do peso molecular;
• Presença de ligações cruzadas;
• Aumento da razão de estiramento (fibras e filmes);
• Aumento da cristalinidade.
Estabilidade Dimensional
Efeito da ação de carga/Creep em fibras de polietileno
Fluência
(Creep)
• Aplica-se uma carga,
mantendo-se a tensão
constante, e mede-se a
deformação ao longo do tempo.

• lo diferente de l (eo < e)


• so = s
Fluência (Creep)

• Submete-se o corpo a uma tensão


constante e observa-se o aumento
da deformação com o tempo.
e (t) = (s/E) (1- e –t/t)
• Retorno:
e (t) = eo e –t/t
• Onde:
t = h/E (tempo de retardamento)
h = viscosidade
E = módulo elástico
Relaxamento de tensão
(Stress relaxation)

• O corpo de prova é deformado e a


deformação mantida constante ao
longo de certo tempo. A tensão
necessária para manter a
deformação diminui com o tempo.

• lo = l (eo = e)
• so diferente de s (so > s )
Relaxamento de tensão

• Submete-se o corpo a uma


deformação constante e observa-se a
diminuição da tensão com o tempo.
s (t) = so e –t/t
• Onde:
t = h/E (tempo de relaxamento)
h = viscosidade
E = módulo elástico
Modelos
Modelo de Maxwell
Usado para descrever comportamento
de relaxamento de tensão

Modelo de Kelvin–Voigt

Usado para descrever comportamento


de creep
Análise dinâmico-mecânica
(Dynamic mechanical Analysis, DMA ou
Dynamic mechanical Thermal Analysis, DMTA)
Análise dinâmico-mecânica (DMA)

Comportamento
Elástico Comportamento
viscoso
Análise dinâmico-mecânica (DMA)
Curva típica

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