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Reologia – Aula 8

1 Viscoelásticos em ensaios oscilatório


Nos ensaios oscilatórios aplica-se uma deformação com uma amplitude 𝛾0 a uma velocidade
angular w. E temos como resultado os módulos de perda (G”) e armazenamento (G’) e o
ângulo de fase 𝛿. Com este ângulo podemos identificar o comportamento do material em
líquido, sólido e viscoelásticos.

2 Fluência
O teste de fluência é outro ensaio que capaz de diferenciar de forma satisfatória as respostas
elásticas e viscosas. Este teste consiste em duas etapas:

1-) a tensão é aplicada à amostra: instantaneamente a tensão passa de zero para um valor pré-
determinada, durante este processo a deformação resultante é monitorada em função do
tempo.

2-) a tensão é retirada da amostra: mede-se a deformação recuperável em relação ao tempo

3 Estrutura do polímero em um ensaio de fluência


Vamos acompanhar o comportamento de uma amostra de polímero durante as etapas do
ensaio de fluência:

a-) Em repouso, as cadeias das moléculas de polímero se conformam ocupando um espaço


esférico e encontram-se emaranhados formando nós temporários. Neste estado o gasto de
energia é mínimo.

b-)Sob tensão constante, as macromoléculas reage à tensão de cisalhamento por meio do


deslizamento das cadeias. Forçada pela carga constante, a forma esférica passa para uma
forma elíptica, contudo os nós temporários permanecem intactos.

c-) Após a liberação do estresse, na fase de recuperação de fluência, continuamente, as


moléculas estão se recuperando mais e mais da deformação ocorrida anteriormente até
voltarem a uma posição inicial, livre de qualquer deformação.

4 Resposta elástica
No ensaio de fluência, quando um material mostra uma resposte elástica ideal, a deformação
é mantida tanto quando a tensão é aplicada e a deformação desaparece completamente e
instantemente com a remoção da carga. A energia de deformação é estocada e é recuperada
100% quando a carga é removida.
5 Resposta viscosa
Por outro lado para um material viscoso, a energia do fluído se dissipa na forma de calor e
quanto a tensão é removida a deformação é completamente mantida. No ensaio de fluência o
material viscoso apresente um aumento linear da deformação com o tempo e depois de
removida a tensão não existe a reformulação ou a recuperação da deformação.

6 Resposta viscoelástica
Para o material viscoelástico a tensão constante gera uma resposta intermediária de um
líquido e de um sólido ideal. Ao retirar a tensão, a deformação para o material viscoelástico é
parcial. A deformação permanente ( que é menor que a deformação de um material viscoso) é
resultado do comportamento viscoso e a deformação recuperada é referente ao
comportamento elástico (energia armazenada).

7 Modelos reológicos

7.1 Modelo de Kelvin-Voigt


O modelo de Kelvin Voigt combina mola e amortecedore em paralelo, nesta configuração a
força aplicada a mola e o amortecedor são iguais, bem como a deformação da mola e a do
amortecedor são as mesmas.

Este modelo segue o seguinte comportamento quando submetido ao ensaio de fluência :

1-) ao aplicar a tensão, a curva deformação irá apresentar um perfil parecido com o visto para
um fluído viscoso. Este comportamento esta relacionado a reação do amortecedor a taxa de
cisalhamento.

2-) com a remoção da força temos um comportamento de recuperação total , ou seja, a


deformação é reduzida a zero.

Se a ideia de sólido ideal significa que a tensão aplicada não leva a nenhum escoamento
(recuperação total da deformação), o modelo de Kelvin Voigt representa um sólido
viscoelástico.

7.2 Modelo de Maxwell


No modelo de Maxwell a mola é a amortecedor estão colocados em série, isto significa que a
tensão de cisalhamento são iguais para a mola e amortecedor e a deformação é a soma das
deformações.

Este modelo segue o seguinte comportamento quando submetido ao ensaio de fluência :

1-) ao aplicar a tensão o material reage com um aumento instantâneo na deformação.

2-) a deformação aumenta com um taxa constante relacionada a viscosidade (amortecedor)

3-) com a remoção da tensão a deformação cai imediatamente devido a liberação da mola
4-) o material mantem uma deformação permanente equivalente ao contribuição do
amortecedor

Como a deformação permanece depois da remoção da tensão, este material é chamado de


líquido viscoelástico, pois sofreu um processo de escoamento.

7.3 Modelo de Burger


O modelo de Burger conecta em série o modelo de Mawxell e Kelvin-Voigt.

Este modelo segue o seguinte comportamento quando submetido ao ensaio de fluência :

1-) a deformação instantânea devido a mola de Maxwell

2-) aumento não linear da deformação devido a elemento do Kelvin Voigt que atinge um valor
de equilíbrio

3-) uma resposta puramente viscosa com uma taxa constante devido ao amortecedor de
Maxwell

4-) na remoção da tensão, a deformação diminui instantaneamente devido a mola

5-) a deformação apesar do tempo permanece o que representa o comportamento do fluido


viscoso do amortecedor de Maxwell

Este modelo representa muito bem o comportamento reológico de materiais viscoelásticos.

8 Compliância
Em um ensaio de fluência os materiais para uma mesma tensão apresentam uma deformação
diferenciada. Para quantificar esta diferença, calcula-se a razão entre a deformação e a tensão
de cisalhamento constante, esta é chamada de Compliância (J(t)).

 Quanto maior J mais fácil é deformar a amostra com uma tensão constante
 Quanto menor J mais difícil é deformar a amostra com uma tensão constante

Preste atenção que a compliância esta relacionada ao tempo. Portanto o tempo a qual a
tensão é aplicada determina o valor desta compliância.

Se a tensão aplicada for muito alto os valores de deformação não irão seguir as leis básicas da
reologia (Newton e Hooke), bem como os modelos reológicos de Maxwell, Kelvin / Voigt e
Burgers não poderão ser usados para caracterizar o material.

Para determinar o valor limite de tensão são feitos testes de fluência para várias tensões. Se os
resultados das curvas de deformação por tempo variam proporcionalmente a tensão aplicada,
este teste é considerado de viscoelasticidade linear. Nesta situação as curvas de compliância
testadas se sobrepôem uma sobre a outra, que comprova que os limites estão mantidos.

Ao analisar a estrutura dos polímeros quando são usadas tensões acima do limite mecânico,
nota-se que os nós temporários é estirado além do limite e as moléculas começam a
desenrolar, causando uma mudança permanentemente de posição umas em relação as outras.
Neste caso a recuperação não acontecerá, e o ensaio não segue as leis básicas da reologia.

MATERIAL PARA LEITURA

Para os seguintes tópicos segue o material para leitura:

- Modelos: página 52-53. (Dealy, 1990)


-Compliância: página 55-56. (Dealy, 1990)

Boa Leitura.

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