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Tecnologia da Usinagem

Formação do Cavaco

Capítulo 3
LIVRO: Machado et al.. Teoria da Usinagem dos Materiais. 2ª ed. Blucher : São Paulo. 2012.

Engenharia Mecânica UPF Prof. Luiz Airton Consalter Cap. 3 - Formação do cavaco
Eventos na formação do cavaco
I - Recalque inicial

II - Deformação e ruptura

III - Deslizamento de lamelas

IV - Saída do cavaco

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Corte Ortogonal

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Diagrama da Cunha Cortante

Para estudarmos a
formação do cavaco
vamos considerar o
volume de material
klmn da figura.

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Esforços na Cunha Cortante
Ruptura

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Zonas de Cisalhamento

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Etapas na Formação do Cavaco
1. Recalque (deformação elástica)
2. Deformação plástica
1 CICLO = 1 LAMELA
3. Ruptura
4. Transporte

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Deformação e Escoamento do Cavaco

Engenharia Mecânica
FEAR / UPF Formação do cavaco
Espessuras de Corte (h) e do Cavaco (h’)
h’ > h.

φ
φ l’
l’
cavaco

h’
vc
(90 - φ + γ)
o

Ferramenta

peça

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Triângulo de velocidades

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Grau de Recalque e Ângulo de
Cisalhamento

Rc ⇒ φ
φ ⇒ deformação na zona primária
resist. mov. do cavaco (zona secundária) ⇒ φ
comprimento da zona primária
φ ⇒ calor
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Grau de Recalque e Ângulo de Cisalhamento
cos γ n
tg φ =
R c − sen γ n

- - - γ = - 8o γ = 20o
60

50
Ângulo de Cisalhamento

40

30

20

10

0
1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5
Grau de Recalque

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Deformações no Plano de
Cisalhamento Primário

c.
oc
so
∆S (γ )

s
ε = =

0
∆Y sen(φ ) (φ − γ )

ε 0 = cot (φ ) + tg (φ − γ )

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Velocidade de Deformação no Plano
de Cisalhamento Primário

1  cos γ 
ε&0 =  vc 
∆Y  cos ( Φ − γ ) 

Em um processo de torneamento de aço em condições normais, pode-se


estimar a velocidade de deformação para o processo de formação de
cavacos com os seguintes valores: vC = 100 m/min; γ = 10º; ϕ = 20º; ∆Y =
0,0025 mm.
ε&
Isto vai resultar em: 0 = 6.7 ×10 5 −1
s
Assim, pode-se afirmar que a velocidade de deformação em usinagem é da
ordem de 105 s-1
Em processos de conformação ou ensaios de tração essa velocidade é ~ 5 s-1

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Tipos de
Cavacos
(a)
Workpiece
(a) cavaco contínuo
Chip

Built-up
edge

Tool

(b)

Cavaco
Peça
(b) cavaco descontínuo

(c)
Workpiece

(c) cavaco segmentado


Chip

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(d)
Cavacos Contínuos

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Cavacos Descontínuos

Início

Progressão

Fonte: http://unix.eng.ua.edu/~yguo/Papers/J12.pdf
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Cavacos Parcialmente Contínuos

É uma classe intermediária entre os cavacos contínuos e


descontínuos, onde a trinca se propaga até uma parte do
plano de cisalhamento primário.
Duas explicações:
(i) A energia elástica acumulada na ferramenta pode não
ser suficiente para continuar a propagação da trinca. A
ferramenta perderá contato com o cavaco,
interrompendo assim a propagação da trinca.
(ii) Presença de grandes tensões de compressão no
plano de cisalhamento primário, um pouco além da ponta
da ferramenta, que supressa a propagação da trinca.
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Cavacos Segmentados

Fonte:
http://nsmwww.eng.ohio-
state.edu/html/m-
sawtoothchip.html

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Formas de Cavacos
Cavaco em fita

Cavaco helicoidal

Cavaco espiral

Cavaco em lascas ou pedaços


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Formas de Cavacos Metálicos
Volume ocupado pelo cavaco

fragmentado
Volume ocupado pelo cavaco
Periculosidade

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Formas de Cavacos Metálicos

fragmentado

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Efeitos do Avanço e da Profundidade
de Corte na Forma do Cavaco

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FILMES DIDÁTICOS
SOBRE A FORMAÇÃO
DO CAVACO EM
USINAGEM

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CONTROLE DO CAVACO

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Problemas Causados por Cavacos Longos
Ocupam muito espaço, problemas
econômicos no manuseio e no
descarte, ou reaproveitamento;

Podem se enrolar em torno da


peça, da ferramenta ou de
componentes da máquina e
representam risco ao operador;

Afetam o acabamento superficial e


podem causar danos à ferramenta;

Podem impedir o acesso regular de


fluido de corte;

Em máquinas CNC, inviabilizam a


evacuação.

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Formas e Aceitação
1 Fitas retas 6 Helicoidal cônico curto
2 Fitas retorcidas (emaranhado) 7 Espiral cônico
3 Helicoidal tipo arruela 8 Espiral plano
4 Helicoidal 9 Cavaco em arco
5 Helicoidal cônico longo 10 Cavaco fragmentado

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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Fator de Empacotamento do Cavaco

Formas de cavacos longos: R = 50

Cavacos em lascas ou pedaços: R=3a4

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Capacidade de Quebra do Cavaco
Quando se usina sem quebra-cavacos, a capacidade de
quebra dos cavacos depende principalmente de:

Fragilidade do material da peça


Curvatura natural do cavaco, rc
Espessura do cavaco, h’

Quanto maior h’/rc maior a capacidade de quebra dos


cavacos.
A deformação sofrida pelo cavaco, ε α h’/rc
Quando ε atinge εf (def. crítica), ocorre a quebra do
cavaco

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Princípio de Quebra dos Cavacos
εcavaco ≥ εcrítica

Quebra na ferramenta Auto-quebra Quebra na peça

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Quebra-Cavacos

É o método mais popular.

Dois tipos:

Postiços

Integral. Podem ser dos tipos:

Anteparo
Cratera

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Quebra-Cavacos Postiço

Estimativa de rc:

σ
rc = [(ln − lf ) − (t . cot σ )]. cot
2

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Quebra-Cavacos Integral – Tipo I
Anteparo

Estimativa de rc:

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Quebra-Cavacos Integral – Tipo II
Cratera

Estimativa de rc:

rc = q n

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Quebra-Cavacos Moldados

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Métodos Especiais para Produzir a
Quebra do Cavaco
Desaceleração do avanço

Intermitente
CNC

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Métodos Especiais para Produzir a
Quebra do Cavaco
Fluido de corte aplicado a alta pressão

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Métodos Especiais para Produzir a
Quebra do Cavaco

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Métodos Especiais para Produzir a
Quebra do Cavaco
EXEMPLOS

Cavacos de Ti6Al4V
produzidos com
fluidos aplicados
convencionalmente

Cavacos de Ti6Al4V
produzidos com
fluidos aplicados a
alta pressão

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FILMES DIDÁTICOS
SOBRE O CONTROLE DO
CAVACO EM USINAGEM

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A INTERFACE
CAVACO-FERRAMENTA

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Por que estudar a interface cavaco-
ferramenta?

As condições que acontecem na zona de cisalhamento


secundária têm influências marcantes no processo:

No próprio mecanismo de formação do cavaco;

Na força de usinagem;

Na temperatura de corte;

No desgaste e vida das ferramentas de corte.

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Nova Abordagem

Teorias antigas concentravam os estudos


no plano de cisalhamento primário, entre eles
Piispanen: Esta teoria
despreza o
atrito na
superfície de
saída da
ferramenta
Modelo de Piispanen para formação de cavacos, com lamelas
semelhantes a um “baralho de cartas”

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Quick-Stop
A maioria dos estudos da interface utiliza
o congelamento do corte, usando técnicas
de Quick-Stop.

Neste processo, a ferramenta de corte na


usinagem é retraída, com velocidade
superior a velocidade de corte (de 2 a 3
vezes maior).

Isto deixa a raiz do cavaco em condições


de análises em microscópios para
estudos.

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Condições Típicas na Interface

Tensão normal = até 3,5 GN/m2 (400 kgf/mm2)

Velocidade do fluxo de material do cavaco = até 2 m/s

Área de contato = até 6 mm2

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Ocorrências na Interface

Aderência (seizure ou sticking) + Escorregamento

Escorregamento (sliding)

Aresta postiça de corte, APC (built-up-edge, BUE)

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Áreas de Aderência e Escorregamento

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Área de Contato em Superfície
Levemente Carregada
ATRITO EM USINAGEM

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Três Regimes de Atrito Sólido

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Distribuição de Tensão na Superfície
de Saída [Zorev]

cavaco
Peça

Escorregamento
Aderência

Ferramenta

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Atrito em Usinagem

O atrito de Coulomb (τ = µσ, onde µ é o coeficiente de atrito)


não vale para toda a extensão da zona de contato cavaco-
ferramenta. O coeficiente de atrito é considerado em termos
de atrito médio β :

 k 
β = a r c t g  
 σ fa v 
onde,
k = tensão tangencial média na interface
σfav = tensão normal média na interface

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Condições de Aderência
Na zona de aderência existe um íntimo contato entre o
cavaco e a ferramenta (Ar = A), garantido pela alta tensão de
compressão (regime III).
Movimento na interface, ocorre dentro da zona de fluxo ,
onde existe um gradiente de velocidades. Na interface, o
material é estacionário, mas a poucos micrometros acima (10
a 100 µm = espessura da zona de fluxo) a velocidade assume
o valor da velocidade de saída do cavaco.
As taxas de deformação podem chegar à ordem de 100 s-1 e
ocorrem por cisalhamento termoplástico adiabático.
Praticamente todo trabalho de cisalhamento é convertido em
calor, elevando a temperatura da ferramenta.
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Observação da Zona de Fluxo

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Movimento sobre a Superfície da
Ferramenta

As condições em que acontece este movimento têm


influências marcantes em todo o processo de usinagem,
principalmente no mecanismo de formação do cavaco (plano
de cisalhamento primário), na força de usinagem (energia
consumida), no calor gerado durante o corte (temperatura de
corte) nos mecanismos e na taxa de desgaste das
ferramentas de corte (vida das ferramentas).

É preciso, portanto, entender como se processa o


movimento do cavaco ao longo da superfície de saída da
ferramenta.

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Casos em que a Aderência é Evitada
Elementos de baixo ponto de fusão, chamados “de corte-
fácil” introduzidos nos materiais, tais como:
Chumbo (327oC)
Selênio (220oC)
Telúrio (450oC)
Bismuto (271oC)
A rigor, a zona de fluxo não desaparece; ela é
substituída pela zona de fluxo formada por material de livre-
corte aderido na interface, no estado líquido, muito mais mole e
menos resistente ao cisalhamento.

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Ponto de Fusão dos Elementos de
Corte-Fácil
A principal característica dos elementos de corte-fácil é possuir um
baixo ponto de fusão. Assim, durante a usinagem eles se fundem
facilmente e se depositam sobre a superfície de saída das
ferramentas.

Se - Selênio = 220oC

Sn - Estanho = 231oC

Bi - Bismuto = 271oC

Pb - Chumbo = 327oC

Te - Telúrio = 450oC
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Exemplo de Eliminação da Zona de
Aderência

Raiz do cavaco do Latão 60-40 Raiz do cavaco do Latão 60-40 com Pb

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Condições de Escorregamento
Nestas condições a área real é menor
que a área aparente (regimes I e II). Neste
caso não existe a zona de fluxo, e o
movimento relativo ocorre justamente na
interface. A geração de calor ocorre por
flashes, em cada ponto de contato (efeito
stick-slip).

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Aresta Postiça de Corte – APC
A aresta postiça de corte é A aresta postiça não é um
um corpo solidário à peça corpo separado que se
e ao cavaco. coloca entre a ferramenta e
a peça/cavaco

NÃO

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Analogia Conceitual

“A formação da APC pode ser


relacionada com uma pessoa caminhando
sobre um terreno de lama. O barro começa
a grudar no sapato e muda a forma do
solado. Ele vai crescendo em tamanho até
cair, e o processo começa a se repetir”.

Serope Kalpakjian

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Fases da Formação da Aresta Postiça
de corte - APC
Deformação plástica Cavaco

Encruamento
Crescimento da APC APC Dureza (HK)

Abertura de trincas
Cisalhamento

Peça

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Condições Básicas para a Ocorrência
da APC
1. O material sob corte tem que ter segunda fase
(garantia de estado tri-axial de tensão.

2. Material dútil

3. Baixas velocidades de corte (garantia de


encruamento, para a APC poder crescer)

1. .
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Crescimento e Ruptura da APC

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Variação das Dimensões da APC
com a Velocidade de Corte

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Dimensões Variáveis da APC
As dimensões da APC não são constantes ao
longo da largura de corte, b

L2
L1
b

200µm

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APC na Usinagem de Aço de Corte-Fácil

APC

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FILMES DIDÁTICOS
SOBRE ARESTA
POSTIÇA DE CORTE

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