Setima Aula Cisalhamento

Universidade Federal de Gois Escola de Engenharia Civil Concreto Estrutural I
Prof. Edgar Bacarji Sala 5 bloco A Stima aula

44
5 CISALHAMENTO EM VIGAS

5.1 INTRODUO

Nas vigas de concreto armado sujeitas a flexo simples, as tenses normais
provenientes da ao do momento fletor so equilibradas pelo concreto
comprimido e pelas armaduras longitudinais.
As tenses tangenciais, ou de cisalhamento, provenientes do esforo cortante,
so equilibrados pelas tenses de compresso no concreto e pelas armaduras
transversais (estribos e barras dobradas).

pilar pilar corte

1 - armadura longitudinal (combate momento fletor)
2 - armadura transversal barras dobradas ou cavaletes (combate
esforo cortante)
3 - armadura transversal estribos a 90(combate esforo cortante)

Considerando-se a viga, comprova-se que antes da ruptura a viga apresenta
intensa fissurao como a seguir demonstrado:

Nesta situao, a viga pode ser estudada como se fosse uma trelia onde o
banzo comprimido formado por uma barra de concreto, localizada junto
borda comprimida da viga; o banzo tracionado formado por barras de ao
longitudinais da armadura de trao; as bielas diagonais comprimidas e as
armaduras transversais ( A
sw
) formam os tirantes que ligam os banzos inferior e
superior. Assim, tem-se:


45

ANALOGIA DE TRELIA

Esta idealizao foi feita por Ritter e Mrsch no inicio do sculo passado e
vigora at hoje, com algumas modificaes. Na sua forma original, a
idealizao chamada analogia da trelia clssica de Mrsch e na
idealizao atual chamada analogia da trelia generalizada.

5.2 MECANISMOS POSSVEIS DE RUPTURA

a) Por deformao na armadura transversal e fissurao excessiva

SEO SUB ARMADA TRANSVERSALMENTE


46
b) Esmagamento do banzo comprimido

SEO SUPER ARMADA TRANSVERSALMENTE

c) Flexo da armadura longitudinal

As bielas comprimidas apiam-se tambm nas barras da armadura longitudinal
e o alongamento excessivo da armadura transversal reduz sua participao
como apoio, ocorrendo flexo localizada da armadura longitudinal.

d) Ruptura da armadura transversal


47
5.3 ANALOGIA DA TRELIA CLSSICA DE MRSCH

a) Hipteses adotadas:
A trelia isosttica;
A trelia de banzos paralelos e inclinados nas regies dos
apoios;
As bielas de compresso tm a inclinao de 45 com a
horizontal;
Os tirantes (armadura transversal) tm inclinao com a
horizontal de intervalo 45 90.

b) Deslocamento do diagrama de momentos fletores.

Considere-se a viga dada sujeita a um carregamento uniformemente
distribudo:

Na considerao de viga, a resultante de tenso na armadura proporcional ao
momento fletor atuante (R
s
= M
d
/z). Na considerao da trelia, a resultante de
tenso constante entre dois ns. Esquematicamente:

48

Para que haja compatibilidade da resultante R
s
, deve-se deslocar o diagrama
de momentos fletores de um valor a
l
. Assim, no detalhamento da armadura
longitudinal de trao, deve-se adotar o diagrama de momentos fletores
deslocado de a
l
.

a
l
determinado por consideraes de equilbrio nas sees
da viga.

5.4. ANALOGIA DA TRELIA GENERALIZADA

Experimentalmente, comprova-se que as tenses calculadas segundo a
analogia da trelia clssica so diferentes daquelas que realmente ocorrem nas
barras da trelia; isto se deve, principalmente, aos seguintes fatores:
- A inclinao das fissuras menor que a admitida por Mrsch;
- Os banzos superior e inferior no so paralelos;
- A trelia altamente hiperesttica.

5.5 PROCESSO DA NBR 6118/2003

a) Verificao da compresso no concreto:

Tem como objetivo evitar o mecanismo de ruptura dado no item 5.2.b.

- Tenso convencional de cisalhamento ( )
wd

d b
V
w
d
wd
= ;
wu wd

Sendo
wu
= tenso de cisalhamento admissvel

cd v wu
f = 27 , 0


49

250
1
ck
v
f
= ; sendo
ck
f
em MPa

Se resultar
wu wd
>
,
deve aumentar as dimenses da seo transversal.

OBS: Ento se calcula novamente a armadura longitudinal e transversal.

b) Tenso de cisalhamento na armadura transversal ( )
d

( ) 0 11 , 1 =
c wd d
para 4 , 1 =
c

( )
3 2
3 ck c
f = (MPa)
c
=
a contribuio do concreto na absoro da tenso de
cisalhamento.

OBS: Se ( )
c wd
der negativo deve-se colocar armadura transversal mnima.
O concreto sozinho resiste s tenses de cisalhamento. No entanto, deve-se
colocar a armadura para evitar uma ruptura frgil quando de uma possvel
sobrecarga no considerada em projeto.
Na flexo simples e flexo-trao com L.N. cortando a seo:
09 , 0
3
=
Na flexo-trao com linha neutra fora da seo transversal:
00 , 0
3
=

c) Tenso normal na armadura transversal ( )
ywd
f
MPa
f
f
s
yk
ywd
435 =

OBS: Tanto para o ao CA-50 como para o CA-60 deve-se utilizar este
valor para f
ywd
(435 MPa)

50

d) Armadura transversal
A rea da armadura transversal determinada pela taxa geomtrica (
sw
) e
baseada no diagrama de tenses na armadura transversal. Da tem-se:
Para armadura transversal constituda por estribos a 90:
100
.
=
n
b
f n S
A
w
ywd
d
t
w s

onde n = nmero de ramos do estribo

Para armadura transversal constituda por estribos a 45:

2
100 45 ,
=
n
b
f n S
A
w
wd
y
d
t
sw

e) Prescries:

Seo transversal mnima:

100
min
min
=
n
b
n S
A
w
w
t
sw
(estribos a 90)

2
100
min
min
=
n
b
n S
A
w
w
t
sw
(estribos a 45)

ywk
ctm
sw
f
f
2 , 0
min
=

51
Valores de
min w
(%) para ao CA-50:

ck
f

20 25 30 35 40 45 50
min w

0,04 0,1 0,12 0,13 0,14 0,15 0,16

Espaamentos: o espaamento mnimo entre os estribos deve ser
tal que permita a passagem do vibrador.

Espaamento mximo:

Se cm d S V V
RD d
30 6 , 0 67 , 0
max 2
=

Se cm d S V V
RD d
20 3 , 0 67 , 0
max 2
= >
d b V
w wu RD
=
2

d b f V
w cd v RD
= 27 , 0
2

f) Deslocamento do diagrama de momento fletor ( a
l
)

(
= ) (cot ) cot 1 (
) ( 2

g g d a
c wd
d w
l

g) a
l
= Valor do deslocamento do diagrama

Respeitando-se os seguintes limites:

Toda armadura transversal 45
a
l
0,2d

Para = 90
a
l
0,5d

para lajes sem armadura transversal:
a
l
1,5d


52
5.5.1 FORA CORTANTE RELATIVA ARMADURA MNIMA

Pode-se demonstrar que a taxa de armadura (geomtrica) transversal
dada por:

ywd sw d
ywd
d
w s
f
f
= =
mas:

) ( 11 , 1
c wd d
=

Logo:
ywd sw c wd
f = ) ( 11 , 1 ;

Como
d b
V
w
d
wd
= vem:

c ywd sw
w
d
f
d b
V
11 , 1 11 , 1 + =
,

como ( )
3 2
09 , 0
ck c
f =

[ ]
3 2
09 , 0 11 , 1
11 , 1
ck ywd sw
w
d
f f
d b
V +
=

[ ]
3 2
1 , 0
11 , 1
ck ywd sw
w
d
f f
d b
V +
= , fazendo-se:

min sw sw
=

Obtm-se o esforo cortante relativo a armadura mnima:

[ ]
3 2
min min
1 , 0
11 , 1
ck ywd sw
w
d
f f
d b
V +
=

Se V
d
< V
dmin
, deve-se adotar armadura transversal mnima, caso contrario, a
mesma deve ser calculada.

53

EXEMPLO:

Para a viga a seguir, determinar a armadura transversal para cada tramo (ou
seja, vo):

D.E.C. (valores caractersticos)

Verificao da compresso no concreto:

wu wd

MPa m kN
d b
V
wd
w
d
wd
58 , 1 / 91 , 1584
265 , 0 1 , 0
30 4 , 1
2
= =
=
f
ck
= 25MPa CA 50A
h = 30cm d = 3,5cm
b
w
= 10cm estribos 90


54
9 , 0
250
25
1
250
1 27 , 0 = = = =
ck
v cd v wu
f
f
MPa
wu
34 , 4
4 , 1
25
9 , 0 27 , 0 = =
wu wd
< logo, OK!!!!

OBS: Se no tivesse passado (
wd
<
wu
), deveramos aumentar a seo
transversal na altura de 5 em 5cm e fazendo-se a verificao. Sempre que
possvel deve-se manter o b
w
constante por questes estticas (para no
aumentar muito o reboco ou ficar com requadros excessivos (dentes)).

EXEMPLO:

cm y
y
cm X
X
8 , 0
6 , 1 2 4
4
) 5 , 0 5 , 0 5 , 2 5 , 2 ( 10
16 4
=
=
=
+ + + =

OBS: Pouco espao para lanar e vibrar o concreto devendo-se aumentar o
b
w.

Clculo do esforo cortante relativo armadura mnima, V
dmin


55

MPa f f
yd wyd
8 , 434
15 , 1
500
= = =
[ ]
3 2
min min
1 , 0
11 , 1
ck ywd sw
w
d
f f
d b
V +
=

(
=
3 2
min
25 1 , 0 8 , 434
100
1 , 0
11 , 1
265 , 0 1 , 0
d
V

kN kN m MPa V
d
79 , 30 10 0307922 , 0 . 0307922 , 0
3 2
min
= = =

OBS:
min sw
= ver tabela (valor em %)

TRECHO AB:

kN V
d
28 20 4 , 1 = =

Sendo V
d
< V
dmin
utilizar armadura mnima

Clculo de armadura mnima

100
min min
=
n
b
A
w
sw sw

m cm A
sw
/ 5 , 0 100
2
10
100
1 , 0
2
min
= =

TRECHO BC: armadura mnima

TRECHO CD:
kN V
d
2 , 39 28 4 , 1 = =
MPa
d b
V
w
d
wd
48 , 1
265 , 0 1 , 0
2 , 39
=
=

56
( ) MPa f
ck c
77 , 0 25 009 , 09 , 0
3 2 3 2
= = =
( ) MPa
c wd d
79 , 0 ) 77 , 0 48 , 1 ( 11 , 1 11 , 1 = = =
m cm
n
b
f n S
A
w
ywd
d
t
sw
/ 91 , 0 100
2
10
435
79 , 0
100
2
= = =

TRECHO DE:
kN V
d
4 , 36 26 4 , 1 = =
MPa
d b
V
w
d
wd
37 , 1
265 , 0 1 , 0
4 , 36
=
=
( ) MPa f
ck c
77 , 0 25 009 , 09 , 0
3 2 3 2
= = =
( ) MPa
c wd d
67 . 0 ) 77 , 0 37 , 1 ( 11 , 1 11 , 1 = = =
m cm
n
b
f n S
A
w
ywd
d
t
sw
/ 77 , 0 100
2
10
435
67 , 0
100
2
= = =

TRECHO EF:
KN V
d
42 30 4 , 1 = =
MPa
d b
V
w
d
wd
58 , 1
265 , 0 1 , 0
42
=
=
( ) MPa f
ck c
77 , 0 25 009 , 09 , 0
3 2 3 2
= = =
( ) MPa
c wd d
899 , 0 ) 77 , 0 58 , 1 ( 11 , 1 11 , 1 = = =
m cm
n
b
f n S
A
w
ywd
d
t
sw
/ 03 , 1 100
2
10
435
899 , 0
100
2
= = =

Prescrio relativa ao espaamento mximo (entre estribos):

115,01kN 6,5 0,434x10x2 = = = d b V
w wu RD

2

77kN 1 0,67x115,0 = =
2
67 , 0
RD
V


57
<
2
67 , 0
RD d
V V

= =
cm
x d
S
mx
30
15 9 , 15 5 , 26 6 , 0 6 , 0

cm S
mx
15 =

TRECHO AB: 0,5cm/m = 4,0 com 15 cm
TRECHO BC: 0,5cm/m = 4,0 com 15 cm
TRECHO CD: 0,91cm/m = 4,0 com 13 cm
TRECHO DE: 0,77cm/m = 4,0 com 15 cm
TRECHO EF: 1,03cm/m = 4,0 com 12 cm

Pode-se ainda adotar o dimetro = 5 mm (para todos, = 5mm a cada 15
cm)

21 5,0mm 28 5,0mm 35 5,0mm 35 5,0mm 32 5,0mm
cada 15cm cada 15cm cada 15cm cada 15cm cada 15cm

A B C D E F

Setima Aula Cisalhamento

Enviado por

Dados do documento

Descrição original:

Direitos autorais

Formatos disponíveis

Compartilhar este documento

Compartilhar ou incorporar documento

Opções de compartilhamento

Você considera este documento útil?

Este conteúdo é inapropriado?

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Setima Aula Cisalhamento

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

Universidade Federal de Gois Escola de Engenharia Civil Concreto Estrutural I

Prof. Edgar Bacarji Sala 5 bloco A Stima aula

(%) para ao CA-50:

= ver tabela (valor em %)

Você também pode gostar