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CA67A – CONCRETO ARMADO A

Prof. Rodolfo Krul Tessari

DETALHAMENTO DA
ARMADURA LONGITUDINAL
AO LONGO DA VIGA
DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE
MOMENTOS FLETORES (DECALAGEM)
QUANTIDADE DE ARMADURA LONGITUDINAL AO LONGO DA VIGA
DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE
MOMENTOS FLETORES (DECALAGEM)
Para determinarmos o ponto de interrupção ou dobramento das
barras longitudinais nos elementos estruturais fletidos, o
diagrama de forças Rst (Md /z) na armadura deve ser deslocado
(decalado), conforme indica a ABNT NBR 6118:2014.
A decalagem corresponde a uma translação paralela ao eixo da
peça do diagrama, no sentido desfavorável de valor aℓ.
DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE
MOMENTOS FLETORES (DECALAGEM)

O valor de aℓ para a decalagem do diagrama nos banzos


tracionado e comprimido depende do modelo de cálculo
adotado (I ou II) para o cálculo da armadura transversal.
MODELO DE TRELIÇA DE MÖRSCH

Em vigas, há sempre o efeito do cisalhamento devido à


força cortante. Para levá-lo em conta, utiliza-se o modelo
de treliça de Mörsch, que representa a viga fissurada
próxima da situação de colapso (ELU de ruptura por
cisalhamento).
MODELO DE TRELIÇA DE MÖRSCH
DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE
MOMENTOS FLETORES (DECALAGEM)
Ensaios de laboratório demonstram que pode haver iteração entre as
fissuras de flexão com as fissuras de força cortante. Em alguns casos,
as fissuras de cisalhamento podem conduzir à falha da viga.
DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE
MOMENTOS FLETORES (DECALAGEM)

Equilíbrio de momentos em torno do ponto “K”.


DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE
MOMENTOS FLETORES (DECALAGEM)
Ao se fazer o equilíbrio de momentos em torno do ponto K, percebe-se
que o valor do momento em J é menor (tensão menor na armadura).
Para considerar este fato, desloca-se o diagrama de momentos
fletores de uma certa distância a na direção mais desfavorável.

Por simplificação, pode-se usar o diagrama normal e acrescentar aos


valores de ai, além do comprimento de ancoragem b, o valor de a.
DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE
MOMENTOS FLETORES (DECALAGEM)
A decalagem do diagrama está associada à inclinação da biela
comprimida.
Em função da inclinação admitida, pode-se recorrer a dois
modelos de cálculo distintos:
 Modelo I: admite que as diagonais de compressão (bielas
comprimidas) têm inclinação  = 45 em relação ao eixo
longitudinal da peça e que Vc* tem valor constante;
 Modelo II: admite que as diagonais de compressão têm
inclinação arbitrária no intervalo 30    45. Nesse caso, a
parcela Vc* é considerada com valores menores.
*Vc é a parcela da força cortante resistida pelo concreto,
calculada por:
𝐕𝐜 = 0,6 ⋅ fctd ⋅ bw ⋅ d
DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE
MOMENTOS FLETORES (DECALAGEM)
Modelo I:
Quando a armadura longitudinal de tração for determinada por
meio do modelo I, os efeitos provocados pela fissuração oblíqua
podem ser substituídos no cálculo pela decalagem do diagrama
de força no banzo tracionado, segundo a expressão:
VSd,max
𝐚ℓ = d 1 + cotg α − cotg α ≤ d
2 VSd,max − Vc
Sendo: α – ângulo de inclinação dos estribos em
relação ao eixo da peça (45º ≤ α ≤ 90º)
d → para VSd,max ≤ Vc
VSd,max – força cortante de cálculo na
𝐚ℓ = 0,5d → para α = 90° seção mais solicitada
0,2d → para estribos a 45°
Vc – parcela da força cortante absorvida
pelo concreto
DESLOCAMENTO DO DIAGRAMA DE
MOMENTOS FLETORES (DECALAGEM)
Modelo II:
Deslocamento do diagrama de momentos fletores (item 17.4.2.3
– NBR6118:2014):

0,5d → para α = 90°


𝐚ℓ = 0,5d cotg 𝜃 + cotg α ≥ 0,2d → para estribos a 45°
ANCORAGEM NOS APOIOS

De acordo com a NBR 6118:2014, item 18.3.2.4, a armadura longitudinal


de tração junto aos apoios deve ser calculada para satisfazer a mais
severa das seguintes condições:
a) no caso de ocorrência de momentos positivos, a armadura obtida
através do dimensionamento da seção;
b) em apoios extremos, para garantir ancoragem da diagonal de
compressão, armaduras capazes de resistir a uma força de tração FSd
dada por:
𝐚ℓ
FSd = Vd + Nd
d
Vd – força cortante no apoio;
Nd – força de tração eventualmente existente na viga

FSd
A área de aço nesse caso é calculada como: As,calc =
fyd
ANCORAGEM NOS APOIOS

c) em apoios extremos e intermediários, por prolongamento de uma


parte da armadura de tração do vão (As,vão), correspondente ao máximo
momento positivo do tramo (Mvão), de modo que:

As,apoio ≥ As,vão 3 , se Mapoio ≤ 0 e Mapoio ≤ 0,5. Mvão

As,apoio ≥ As,vão 4 , se Mapoio < 0 e Mapoio > 0,5. Mvão


ANCORAGEM NOS APOIOS

As,apoio ≥ As,vão 3 , se Mapoio ≤ 0 e Mapoio ≤ 0,5. Mvão

As,apoio ≥ As,vão 4 , se Mapoio < 0 e Mapoio > 0,5. Mvão


ANCORAGEM EM APOIOS EXTREMOS

COMPRIMENTO MÍNIMO DE
ANCORAGEM EM APOIOS EXTREMOS
Em apoios extremos, as barras devem ser ancoradas a partir da face
do apoio, com comprimento mínimo dado por:
r – raio interno de curvatura do gancho
ℓb,nec
ℓbe,min ≥ r + 5,5ϕ
60 mm

A NBR 6118 (2003), item 18.3.2.4.1, estabelece que quando houver cobrimento
da barra no trecho do gancho, medido normalmente ao plano do gancho, de pelo
menos 70 mm, e as ações acidentais não ocorrerem com grande freqüência com
seu valor máximo, o primeiro dos três valores anteriores pode ser
desconsiderado (ℓ𝐛𝐞,𝒎𝒊𝒏 ), prevalecendo as duas condições restantes.
ANCORAGEM EM APOIOS EXTREMOS

COMPRIMENTO MÍNIMO DE
ANCORAGEM EM APOIOS EXTREMOS

Em apoios intermediários, o comprimento de ancoragem pode ser


igual a 10ϕ, desde que não haja qualquer possibilidade de ocorrência de
momentos positivos na região dos apoios, provocados por situações
imprevistas, particularmente por efeitos de vento e eventuais recalques.

Quando essa possibilidade existir, as barras devem ser contínuas ou


emendadas sobre o apoio.
ANCORAGEM EM APOIOS EXTREMOS

COMPRIMENTO MÍNIMO DE
ANCORAGEM EM APOIOS EXTREMOS
ENGASTAMENTO VIGA-PILAR

A consideração de engaste elástico das vigas em pilares de extremidades requer


um estudo conveniente da ancoragem das barras de armadura calculada para
absorver o momento fletor (negativo) atuante na viga.
ENGASTAMENTO VIGA-PILAR

Assim, deve-se levar em conta, principalmente nos apoios extremos, a


solidariedade dos pilares com a viga (rigidez da ligação), que
permite a transmissão parcial de momentos.
De maneira aproximada, a NBR 6118:2014 (item 14.6.6.1) permite
considerar esta influência por meio de um momento fletor igual a:

rinf + rsup
Mextr,viga = ⋅ Meng
rinf + rsup + rviga

rinf , rsup , rviga – rigidez de cada elemento i (pilar inferior, superior e viga)

r𝑖 = 𝐼𝑖 ℓ𝑖 – sendo 𝐼𝑖 a inércia do elemento e ℓ𝑖 obtido da Figura 14.8

Meng – momento de engastamento perfeito na ligação viga-pilar


ENGASTAMENTO VIGA-PILAR

Aproximação dos valores de ℓi em apoios extremos (Figura 14.8, NBR 6118).


ENGASTAMENTO VIGA-PILAR

O momento existente na ligação viga-pilar de extremidade deve ser


resistido por uma armadura
ENGASTAMENTO VIGA-PILAR

Com base no valor encontrado para o momento de extremidade, dimensiona-


se a área de aço necessária na região da ligação. As barras de armadura
utilizadas devem ser curvas, cujo comprimento e detalhamento deve estar de
acordo com as prescrições da NBR 6118:2014, item 18.2.2:
“O diâmetro interno de curvatura de uma barra da armadura longitudinal
dobrada, para resistir à força cortante ou em nó de pórtico, não pode ser menor
que 10 para aço CA-25, 15 para CA-50 e 18  para CA-60.”
Assim, para CA-50, por exemplo, resulta em:
ℓc

𝜙 𝜋 ⋅ 𝜙𝑖 + 𝜙 𝜋 ⋅ (15𝜙 + 𝜙)
8𝜙 ℓc = =
4 4
15𝜙

O comprimento total corresponde à soma do trecho curvo (ℓc ), do trecho reto do gancho
(8𝜙), do trecho de momento negativo até o ponto de momento nulo (retirado do diagrama)
e do comprimento de ancoragem somado à decalagem do diagrama.
FUROS E ABERTURAS EM VIGAS

FUROS HORIZONTAIS EM VIGAS


Para a execução de furos horizontais em vigas, deve-se analisar se a
seção remanescente (área da seção transversal descontada da área
do furo) é capaz de resistir aos esforços de cálculo previstos, além
de permitir uma boa concretagem da peça.

dy
dx dx 5cm área do furo
dx,dy ≥
2c (descontada)
dy
Seção transversal
FUROS E ABERTURAS EM VIGAS

FUROS HORIZONTAIS EM VIGAS


A verificação da resistência e da deformação de peças com furos pode
ser dispensada quando ocorrerem simultaneamente as seguintes
situações (NBR 6118:2014, item 13.2.5.1):

a) Abertura em zona de tração, a uma distância da face do apoio ≥ 2h


b) Não seccionamento das armaduras
c) Distância entre furos: ≥ 2h
d) Dimensão da abertura:

12 cm ≥ 2h ≥ 2h
ϕfuro ≤ h
h/3
FUROS E ABERTURAS EM VIGAS

FUROS EM VIGAS NA DIREÇÃO VERTICAL


As aberturas verticais (ao longo da altura da viga) devem atender às
seguintes prescrições:
a) Deve ser verificada a redução da capacidade resistente ao
cisalhamento e à flexão na região da abertura;
12 cm
b) Os diversos furos deverão estar alinhados, a uma distância ≥ ,
h/3
e entre os furos deve haver pelo menos um estribo;
c) Dimensão da abertura: ϕfuro ≤ b/3
5 cm
d) Distância do furo à face: ≥
2𝑐
FUROS E ABERTURAS EM VIGAS

Para todas as aberturas a serem executadas em


elementos de concreto armado (lajes e vigas, em geral)
devem ser previstas armaduras complementares,
dispostas no contorno ou nos cantos das mesmas.

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