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5.

Solicitações Tangenciais de Flexão


Antes de iniciar o processo de dimensionamento, é importante ter ciência de que existem
dois modelos de cálculo possíveis. O modelo de cálculo I e o modelo de cálculo II. No modelo
de cálculo I a inclinação das bielas de compressão (θ) é fixado no valor de 45°. Já no modelo
de cálculo II, essa inclinação varia de 30° a 45°, valor escolhido pelo calculista.
Além disso, vale ressaltar que a inclinação das diagonais tracionadas (α) podem ter
diferentes valores, mas comumente é igual a 90°

(i.i) Análise Estrutural - Diagramas


Nessa etapa, deve-se elaborar o diagrama de momentos e o diagrama de esforço
cortante com base nos carregamentos sobre a viga.
Vale lembrar aqui que o momento é máximo onde a cortante é nula e, forças
concentradas provocam alterações localizadas no diagrama de cortante.

(i.ii) Análise Estrutural – Cortante Máxima no Vão (Biela Comprimida)


A cortante máxima considerada na verificação da biela comprimida é o valor da
cortante na face interna do apoio. Assim, devemos reduzir do valor máximo do diagrama o
valor da força concentrada (p) multiplicada do tamanho do apoio (c) dividido por dois.

(i.iii) Análise Estrutural – Cortante Máxima Reduzida (Armadura Transversal)


Para o cálculo da armadura transversal devemos considerar um valor de cortante
reduzido. Essa redução ocorre por cargas distribuídas e por cargas concentradas que estão
a uma distância a < 2d (distância da força ao eixo do apoio (a) menor que duas vezes a altura
útil da viga (d)).
Para carga distribuída (“p” – força distribuída, “c” – tamanho do apoio, “d” – altura
útil):

Para carga concentrada (“P” – Força concentrada, “l” – distância de eixo a eixo, “a” –
distância da força até o eixo do apoio, “d” – altura útil). Isso só é aplicável se a distância a
(força concentrada ao eixo do apoio) for menor que 2d (Altura útil).

Caso as duas se apliquem, a força será reduzida pela distribuída e pela concentrada,
como demonstrado abaixo:

(ii) Valores de Cálculo


Para resolução da questão é necessário obter os valores de cálculo, que serão usados ao
longo do dimensionamento. (Vd,red; Vd; fcd; fc; fyd; αv2; fywd; τwd2; τc0; τc; Md). Nessa
parte, alguns valores se alteram, a depender do modelo de cálculo adotado.

Modelo de Cálculo I

Para fck < 50 MPA, fct,m = 0,3*fck^(2/3)


Modelo de Cálculo II

(iii.i) Dimensionamento da Armadura Longitudinal – Armadura Mínima


Deve-se determinar a armadura longitudinal mínima necessária. Para isso, devemos
observar a relação da altura últil (d) com a altura (h).

Feito isso, o valor da área mínima será obtido pela multiplicação do fator phi mínimo
pela área bruta de concreto.
(iii.ii) Dimensionamento da Armadura Longitudinal – Área de Aço
Em posse da área mínima, deve-se calcular a área de aço necessária, utilizando das
fórmulas abaixo. Deve-se lembrar que, se o valor de K for superior ao valor de Kl será
necessário armadura negativa (As2). Além disso, a área de aço deve ser superior ao mínimo.

(iii.iii) Dimensionamento da Armadura Longitudinal – Área de Aço Negativa


Caso no dimensionamento haja armadura negativa, é necessário determinar a área de
aço negativa (A’s), utilizando da relação abaixo.

(iii.iv) Dimensionamento da Armadura Longitudinal – Escolha da Armadura


Calculada a área de aço necessária, deve-se escolher o diâmetro da barra que atende esse
valor. Além disso, deve-se determinar o número de barras por camada. Para ambos os casos,
utilizamos de tabelas.
Feito isso, é necessário verificar se a altura útil real (dreal) respeita o valor da altura
útil definida (d). Para isso, fazemos uma média ponderada, conforme mostrado abaixo.

(iv.i) Dimensionamento da Armadura Transversal – Ruína por esmagamento da Biela


Para verificação da ruína por esmagamento basta verificar se a tensão convencional de
cisalhamento (τwd) é inferior à tensão convencional de cisalhamento resistente (τwd2). Em
τwd “b” é o comprimento da viga e “d” a altura útil.
(iv.ii) Dimensionamento da Armadura Transversal – Espaçamento dos Estribos
Para os estribos, o espaçamento máximo é obtido seguindo a regra abaixo.

(iv.iii) Dimensionamento da Armadura Transversal – Área mínima


O valor de área mínima é definido pela equação abaixo. Nesta, vale citar que o valor de
fct,m é igual a multiplicação da dimensão do apoio pelo fck^2/3 e, o fywk é a resistência
característica ao escoamento da armadura transversal (depende do tipo de aço usado na
armadura transversal)

(iv.iv) Dimensionamento da Armadura Transversal – Cálculo da Armadura Transversal


Para o dimensionamento das armaduras transversais, deve-se primeiramente determinar
o valor da área de aço necessária. Em posse desse valor, deve-se verificar se respeita a área
mínima calculada anteriormente. O cálculo da área necessária depende o modelo de cálculo
adotado e da inclinação da diagonal tracionada (α).

Se Twd,red < Tc, usar armadura mínima!

Modelo de Cálculo I (τwd, red ao invés de τwd)

Modelo de Cálculo II (τwd, red ao invés de τwd)


Calculada a área de aço necessária, iremos determinar o comprimento (C) da armadura
e, o número de estribos necessários. Para o valor do comprimento utilizamos da equação
abaixo.

2*(Altura - 2*cobrimento) + 2*(Largura – 2*cobrimento) + gancho (5cm)

Já para o número de barras seguimos um raciocínio semelhante ao de lajes. Primeiro


verificamos o número de barras por metro, se atentando que temos dois ramos. Depois,
calculamos o espaçamento, verificando se este respeita o espaçamento mínimo calculado.
Por fim, determinamos o número de barras dividindo o vão livre pelo espaçamento.
6. Ancoragem
(i.i) Análise Estrutural - Diagramas
Nessa etapa, deve-se elaborar o diagrama de momentos e o diagrama de esforço
cortante com base nos carregamentos sobre a viga.
Vale lembrar aqui que o momento é máximo onde a cortante é nula e, forças
concentradas provocam alterações localizadas no diagrama de cortante.

(ii) Valores de Cálculo


Para resolução da questão é necessário obter os valores de cálculo, que serão usados ao
longo do dimensionamento. (fc; fyd; Md; Vd,apoio). Vale citar que o Vd,apoio é a cortante no
eixo do apoio, não sendo necessário reduzir.

(iii) Dimensionamento da Armadura Longitudinal


Mesmo passo a passo já citado

(iv.i) Detalhamento da Armadura Longitudinal de Apoios Extremos – Decalagem


Nessa etapa será calculado o comprimento “al” obtido de formas diferentes, a depender
do modelo de cálculo adotado. Vale citar que, para ambos os casos, o valor de “al” deve
respeitar a seguinte análise:

Além disso, o valor de Vd,máx é o valor de cálculo da maior cortante da viga.


Modelo de Cálculo I
Modelo de Cálculo II

(iv.ii) Detalhamento da Armadura Longitudinal – Comprimento de Ancoragem


Nessa parte, primeiramente devemos definir a área de aço necessária para ancoragem
(As,apoio). Para isso, utilizamos da equação abaixo.

Observa-se que, apenas para os apoios extremos, será necessário o cálculo da área de
aço necessária. Para os apoios intermediários a área de aço necessária será igual a mínima.
Observa-se, também, que esse valor deverá ser calculado para cada apoio extremo, uma vez
que a cortante no apoio não necessariamente é igual.
O valor de área mínima é obtido utilizando das análises abaixo. Nestas, “As,vão” diz
respeito as armaduras positivas presentes no apoio avaliado

Será por meio do valor dessa área que iremos saber quantas barras serão necessárias
para a ancoragem ser feita (basta comparar a área encontrada na tabela de diâmetros e área)
Feito isso, deve-se primeiro calcular o valor da resistência da aderência (fbd), para
então podermos obter o valor do comprimento de ancoragem básico (lb) pela equação abaixo.

Deve-se citar que armaduras negativas são situação de má aderência


Agora, é necessário calcular o comprimento de ancoragem mínimo (lb,min), por meio
das avaliações abaixo. Vale citar que a última verificação só é necessária se houver gancho.

Por fim, calculado todos esses valores, pode-se calcular o comprimento de ancoragem
necessário (lb,nec), por meio da equação abaixo. Vale citar que o As,calc é igual a área de
aço calculada, ou seja, igual ao valor de As,apoio que foi calculada anteriormente. Já o As,real
é igual ao valor que será efetivamente utilizado (por exemplo, se o valor de As,apoio for menor
que o mínimo, o valor de As,calc será igual ao valor do As,apoio e, o valor de As,real será igual
ao valor do As,min)

Calculado esse valor, deve-se verificar se esse comprimento cabe no apoio existente.
Para isso, basta reduzir da dimensão do apoio o cobrimento e verificar se o valor de lb,nec é
maior ou menor que o valor encontrado. Tem-se um exemplo abaixo:

Caso caiba no apoio a análise está finalizada. Caso não, deve-se avaliar o uso de ganchos
ou barras remanescentes.

(iv.iii) Detalhamento da Armadura Longitudinal – Gancho


Caso a barra não caiba no apoio, deve-se avaliar o uso do gancho. Existem três tipo, mas
o mais comum é o gancho reto.
Primeiramente, é necessário recalcular o valor do Lb,nec, mas agora considerando o uso
do gancho. Para isso, o valor do alpha muda para 0,7.
Vale citar que o valor de lb,nec é a distância da face interna do apoio até o eixo da
armadura.
Esse valor deve ser confrontado com o lb,min, utilizando da mesma análise anterior,
porém agora avaliando a última verificação

Para definir o raio do dobramento (r) devemos utilizar a fórmula abaixo, sendo que, o
diâmetro do pino de dobramento (D) é obtido por meio da tabela também abaixo.

Verificado se o lb,nec respeita o valor de lb,min, devemos avaliar se a armadura com


gancho cabe no apoio. Para isso, fazemos:
Dimensão do apoio – cobrimento – raio da armadura
Agora, para determinar o comprimento do gancho, devemos encontrar o comprimento
reto do gancho que, no caso de um gancho reto, é igual a 8*diâmetro.

Feito isso, determinamos o comprimento por:


(v) Detalhamento da Armadura Longitudinal de Apoios Intermediários – Barras Ancoradas
As barras remanescentes são as barras que não estão ancoradas nos apoios. Dito isso,
o primeiro passo é determinar, para cada vão intermediário, quantas barras irão ser ancoradas
nos apoios. Para isso, relembramos que, em apoios intermediários, As,apoio é igual a As,
min.

Conferindo a tabela de diâmetro x área determinamos o número de barras necessárias.


Após isso, calculamos o Lb,nec que, para apoios intermediários, é igual a 10*diâmetro.

(v) Detalhamento da Armadura Longitudinal de Apoios Intermediários – Barras Remanescentes


Definidas quantas são as barras remanescentes (serão as armaduras negativas e as
positivas não ancoradas nos apoios) em cada vão, deve-se determinar os seus comprimentos.
Este será igual a distância de pontos de momento fletor nulo somados do “al” e do
“lb,nec”. Apenas se o ponto de momento nulo for no apoio, não é necessário acrescentar al
e lb,nec.
Dito isso, caso os pontos de nulo não esteja no apoio, devemos encontrar os valores de
lb e fbd, por:

Com esses valores podemos encontrar o valor de lb,nec, pela equação abaixo. A
diferença é que a As,calc e a As,real serão as áreas obtidas no dimensionamento da armadura
Esse valor deverá ser confrontado com o valor de lb,min, por:

Além disso, devemos encontrar o valor de al, obtido a depender do modelo de cálculo
adotado.

Modelo de Cálculo I

Modelo de Cálculo II
Deve-se observar que, para o modelo de cálculo II, o valor obtido para “al” por meio da
fórmula deve ser superior à valores mínimos, conforme especificado abaixo

Por fim, o comprimento das barras remanescentes será dado por:

DISTÂNCIA DE PONTOS DE MOMENTO NULO + al + Lb,nec


7. ELS – Abertura de Fissuras
Antes de iniciar os cálculos é importante ter em mente que a verificação de fissuras será
feita apenas para as armaduras tracionadas, uma vez que não surgirão fissuras em armaduras
que estão comprimidas.
Além disso, essa verificação deve ser feita para TODAS as armaduras tracionadas da
viga. Ou seja, para cada momento utilizado no dimensionamento.

(i) Valores de Cálculo


Para resolução da questão é necessário obter os valores de cálculo, que serão usados ao
longo do dimensionamento. (fc; fyd; fct,m e Esi). Vale citar que o Vd,apoio é a cortante no
eixo do apoio, não sendo necessário reduzir.

fct,m = 0,3*(fck^2/3) Esi = 21000kN/cm²

(ii) Momento de Serviço


Esse valor é obtido por meio das Combinações de Serviço descritas abaixo

Caso as parcelas Sg, e acidental Sq, da solicitação S não sejam conhecidas, podemos
estima-las como:

(iii.i) Abertura característica da Fissura – Taxa da Área da barra (ρri)


Para estimar essa taxa, primeiramente devemos determinar a região de envolvimento da
armadura. Para isso, seguimos a imagem abaixo, ou seja, distâncias de 7,5*diâmetro da
armadura, partindo de seu eixo.
Já a taxa é determinada pela área de aço tracionada real (do dimensionamento) na
viga, dividido pela soma de todas as regiões de envolvimento

(iii.ii) Abertura característica da Fissura – Tensão de Tração (σs)


Determinar exatamente a tensão de tração atuante é bastante complexo. Por esse motivo
podemos estima-la pela equação abaixo:

Nesta, a área de aço calculada (As,calc) e real (As,real) dizem respeito a área de aço
calculada como necessária e a área de aço efetivamente usada no dimensionamento da
armadura que está localizada na menor área de envolvimento (Acri).
Já o coeficiente de ponderação aproximado das ações (Yf,apro) é obtido pela razão
entre a solicitação última e a solicitação de serviço, conforme a equação abaixo:

(iii.iii) Abertura característica da Fissura – Tensão de Tração (σs)


O valor a ser confrontado com os valores admissíveis é definido como sendo o menor
dentre os obtidos pelas equações abaixo:

Vale citar que os valores admissíveis, segundo a norma, são:

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