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Método CEB -70 para sapatas

Um método bastante conhecido para o dimensionamento da área de aço de sapatas de concreto


armado é o presente na CEB-70.

Condição de aplicação do método


Antes de avançarmos para o método em si, é necessário conhecermos as condição em que é
possível aplicar o mesmo.
Conforme proposto pelo CEB-70, para aplicação desta formulação em sapatas, as mesmas
devem apresentar a seguinte condição geométrica:
≤ C ≤ 2⋅h

Condição de geometria para aplicação do método CEB-70 em sapatas


Conceitos do método
Agora sim podemos conferir o entendimento do método para o cálculo de sapatas de concreto
armado.
Esse método consiste em analisar a sapata como uma viga em balanço. Dessa forma, essa viga
estaria submetida a um carregamento vertical de baixo para cima referente a reação do solo,
decorrente dos esforços solicitantes, na sapata.

Esquema de dimensionamento de sapatas centradas


Como apresentado na figura acima, a seção S-S utilizada para dimensionamento passa a uma
distância x = c + k ⋅ bp da face da sapata.
Onde c, vale o balanço (ou aba) da sapata naquela direção e como comentado em publicações
anteriores vale: C =
O bp vale a dimensão do pilar naquela direção e o k vale o percentual da dimensão do pilar
que a seção de dimensionamento irá avançar na direção do pilar.
O valor de k varia de acordo com a literatura pesquisada, mas comumente utiliza-se k =
0,15. Assim sendo, podemos calcula o comprimento da viga em balanço a partir da equação
abaixo: X= + 0,15 . bP
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Cálculo da reação do solo
No caso estudado nessa publicação, temos sapatas submetidas a cargas centradas. Assim
sendo, a tensão atuante no solo pode ser calculada pela equação abaixo:
Ϭ=
Essa formulação nos dará a reação do solo por unidade de área, que será utilizada para o
dimensionamento da armação.
Para transformar essa reação por área em uma reação por unidade de comprimento, basta que
multipliquemos a mesma por uma largura qualquer.

Reação distribuição para sapatas sob carga centrada


Recomendo multiplicar a reação por área por uma largura de 1,0 m. Uma vez que, com isso
teremos uma carregamento linear representando uma largura de 1,0 m da sapata e
consequentemente, a área de aço calculada será também obtida para cada metro.

Obtenção do momento solicitante


Agora que já temos o esquema de reação distribuída para a viga em balanço que representa
uma seção da sapata, basta calcularmos o momento atuante na mesma (seção S-S).
A força equivalente ao bloco retangular pode ser obtida pela área do retângulo:
F=q.x

Já que se trata de um retângulo a posição do ponto de aplicação estará localizada na


metade do comprimento do mesmo:
d=

Esquema para o cálculo do momento atuante na sapata


Dessa forma, o momento máximo será calculado pela multiplicação da força equivalente e da
distância do ponto de aplicação da mesma:

MMAX. =

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Área de aço de sapatas
É possível utilizarmos o mesmo entendimento utilizado para o dimensionamento de vigas para
o dimensionamento de sapatas.
Sendo assim, a área de aço necessária será basicamente um momento atuante dividido
pelo produto do braço de alavanca e tensão de escoamento do aço utilizado.
AS =

Dessa forma, a área de aço pode ser calculada pela seguinte formulação:
AS =

Vale lembrar que como o momento utilizado nessa etapa foi obtido para uma faixa de
1,0 m de largura, a área de aço também equivale a uma faixa de mesma largura.

Armadura mínima para sapatas


Na literatura é possível encontrar algumas proposições para armadura mínima em sapatas.
Nessa publicação iremos considerar como armadura mínima como uma taxa da área de
concreto da seção levando em consideração a superfície inclinada, conforme ilustra a figura
abaixo.

Área para armadura mínima de sapatas

AC = B . h0 + . (h – h0)
Analisando agora a taxa que multiplica a área de concreto, iremos utilizar o mesmo ρmin
utilizado para vigas de concreto armado.
O valor de ρmin pode ser obtido na tabela abaixo, fornecida na ABNT/NBR: 6118 (2014), para
cada classe de concreto.

Taxa mínima de armadura

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Dessa forma, o cálculo da área de aço mínima será: ASmin = ρmin . AC
É interessante que ao obtermos essa área também dividirmos a mesma pela largura da seção
analisada, a fim de obter também uma área de aço por metro de largura. Com isso, poderemos
comparar a mesma com a área de aço calculada.

Exemplo aplicado
A fim de aplicarmos os conhecimentos aprendidos nessa publicação, daremos prosseguimento
a uma sapata que já teve suas dimensões dimensionadas em um post anteriore.

Se trata de uma sapata, calculada para um concreto classe C30, que suporta um pilar de 20 x 40
cm e esta submetida a uma carga vertical de 500 kN (valor característico). Nessa resolução,
encontramos as seguintes dimensões para solução da sapata: 125 x 145 x 40 x 20.

Verificação da condição da CEB-70


Inicialmente, é necessário verificar se a condição: ≤ C ≤ 2⋅h
No caso, temos que C = = 52,5 cm , Então uma vez que h = 40 cm, temos

20 ≤ 52,5 ≤ 80
Como c se encontra dentro do intervalo aceitável, podemos continuar com o método.

Cálculo da reação do solo


No caso, temos uma carga de 500 kN sobre uma área de 125 x 145 cm. Dessa forma,
calculando a reação por área no solo
Ϭ= Ϭ= = 0,028 KN/cm2
Para obtermos agora o carregamento que será distribuído linearmente em uma faixa de 1,0 m,
basta multiplicarmos por 100 cm.
q = σ ⋅ 100cm q = 2,8 kN/cm

Carga distribuída por cm na faixa

Calculando o momento na seção


Vamos agora calcular o momento que será utilizado para o dimensionamento da armação da
sapata.
Um vez que já temos o carregamento distribuído, falta apenas calcular o comprimento da viga
equivalente:
x = c + 0,15 . bp
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Nesse caso, iremos considerar o bp como o maior valor entre os dois:
X= + 0,15 . bP X= + 0,15 . 40 = 58,5 cm

O momento atuante da seção do engastamento então será:

MMAX. = MMAX. = 4791KN.cm

Área de aço da sapata


Em posse agora do momento característico podemos partir para o dimensionamento da
área de aço.
Conforme comentado anteriormente, iremos considerar o braço de alavanca igual a 0,85⋅d.
AS =
Para a altura útil, vamos utilizar d = h - 5 = 35 cm . Como utilizaremos um aço CA-50, o valor
fyd será 43,48 kN/cm².
Assim sendo, a área de aço necessária será
AS = = 5,19 cm2
Vamos lembrar que essa área de aço foi obtida para uma faixa de 1,0 m, ou seja, é necessário
colocar 5,19 cm² por metro.

Área de aço mínima


Verificando agora a área de aço mínima, inicialmente vamos calcular a área de aço do conjunto
trapézio-retângulo:
AC = B . h0 + Asmin . (h – h0)
Analisando a seção em que a largura é de 145 cm:
AC = 145 . 20 + . (40 – 20) = 4750 cm2
Como se trata de um concreto com resistência característica de 30 MPa, utilizaremos ρmin =
0,15%. Assim sendo, a área de aço mínima será:
Asmin = ρmin ⋅ Ac Asmin = . 4750 = 7,125 cm2
Dividindo essa área de aço por 1,45 m, a largura considerado no cálculo da área de concreto,
vamos obter a área de aço mínima por metro:
Asmin = = 4,91 cm2/m
Como a área de aço mínima é inferior a área de aço calculada, seguiremos a escolha da bilola
com a área calculada.

Seleção da armação
Agora que já sabemos que será necessário utilizar uma área de aço de 5,19 cm²/m, vamos
utilizar uma tabela que nos forneça a área de aço por metro a partir da bitola e do espaçamento.

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Tabela de área de aço por metro
Conforme apresentado na tabela acima, podemos propor como solução bitolas de 10.0 mm a
cada 15 cm, o que fornece uma área de aço efetiva de 5,33 cm²/m, superior aos 5,19 cm²/m
calculados.

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