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UNIDADE 3: FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

3 – Fundações Superficiais
3.1 – Considerações iniciais
1 INTRODUÇÃO

 Como foi abordado na unidade 1, as Fundações são os elementos


estruturais com função de transmitir as cargas da estrutura ao terreno
onde ela se apoia. Assim, as fundações devem ter resistência
adequada para suportar às tensões causadas pelos esforços
solicitantes.

 As Fundações diretas se caracterizam por apresentarem profundidade


menores que 1,5 a base e não transferem carga por atrito lateral .
1 INTRODUÇÃO

 As fundações rasas são as que se apoiam logo abaixo da


infraestrutura e se caracterizam pela transmissão da carga ao solo
através das pressões distribuídas sob sua base. São os blocos e
sapatas.
2 TIPOS DE FUNDAÇÃO

 São divididas em:

 Blocos;
 Sapatas:
a) corrida
b) isolada
c) associada e
d) alavancada
 Radiers
3.2 – Dimensionamento de
fundações rasas
1 DIMENSIONAMENTO

a) Os blocos são elementos de grande rigidez executados com concreto


simples ou ciclópico (portanto não armados) dimensionado de modo
que as tensões de tração neles produzidas sejam absorvidas pelo
próprio concreto.
1 DIMENSIONAMENTO
 Para que as tensões geradas sejam resistidas pelo concreto, o bloco
deve apresentar a altura h, calculada pela expressão: em função do
valor de α

 O valor do ângulo α é tirado do


gráfico entrando-se com a
relação σs/σt, em que σs, é a
tensão aplicada ao solo pelo
bloco (carga do pilar + peso
próprio do bloco dividido pela
área da base) e σt é a tensão
admissível à tração do concreto,
cujo valor é da ordem de fck/25,
não sendo conveniente usar
valores maiores que 0,8 Mpa.
1 DIMENSIONAMENTO

b) As sapatas ao contrário dos blocos, são elementos de fundação


executados em concreto armado, de altura reduzida em relação às
dimensões da base e que se caracterizam principalmente por
trabalhar a flexão.
1 DIMENSIONAMENTO
 Os valores de h1 e h2 são decorrentes do dimensionamento estrutural
a sapata. Quando a sapata suporta apenas um pilar diz-se que é uma
sapata isolada. No caso particular de o pilar ser de divisa, a sapata é
chamada de divisa. Quando a sapata suporta dois ou mais pilares,
cujos centros, em planta, estejam alinhados é chamado de viga de
fundação. Quando não estão alinhados é denominada sapata
associada.

Viga de fundação Sapata de divisa


1 DIMENSIONAMENTO

 A área da base de um bloco de fundação, quando sujeita apenas a


uma carga vertical, é calculada pela expressão:

 Na maioria dos casos o valor do peso próprio é pouco significativo e


sua não utilização está dentro da imprecisão de estimativa do valor de
σs.
1 DIMENSIONAMENTO

 Conhecida a área A, a escolha do par de valores a e b, para o caso de


sapatas isoladas deve ser feita de modo que:
a) O centro de gravidade da sapata deve coincidir com o centro de
carga do pilar;
b) A sapata não deverá ter nenhuma dimensão menor que 60cm;
c) Sempre que possível, a relação entre os lados a e b deverá ser
menor ou, no máximo, igual a 2,5;
d) Sempre que possível os valores a e b devem ser escolhidos de modo
que os balanços da sapata, em relação às faces do pilar sejam iguais
nas duas direções.
 Em consequência do ítem d a forma da sapata fica condicionada à
forma do pilar, podendo ser distinguidos 3 casos.
2 PILARES DE SEÇÃO TRANSVERSAL
1º. Caso: Pilar de seção transversal quadrada

 Neste caso, quando não existe limitação de espaço, a sapata mais


indicada deverá ter em planta seção quadrada, cujo lado será:

2º. Caso: Pilar de seção transversal retangular

 Neste caso, quando não existe limitação de espaço, pode-se escrever:


2 PILARES DE SEÇÃO TRANSVERSAL
3º Caso: Pilar de seção transversal em forma de L, Z, U etc

 Este caso recai no caso anterior ao se substituir o pilar real por um


outro fictício de forma retangular cincunscrito ao mesmo e que tenha
seu centro de gravidade coincidente com o centro de carga do pilar
em questão:

É importante notar que, para obter o centro de carga, não é preciso calcular a distância
P1-P2, sendo suficiente trabalhar com as diferenças de coordenadas (direções d1 ou
d2).
3 PILARES DE DIVISA

 Para o caso de pilares de divisa


ou próximos a obstáculos onde
não seja possível fazer com que
o centro de gravidade da sapata
coincida com centro de carga
do pilar. A primeira solução é
criar-se uma viga de equilíbrio
(VE) ou viga alavancada ligada a
outro pilar e assim obter um
esquema estrutural cuja função
é absorver o momento
resultante d excentricidade
decorrente do fato de o pilar
ficar excêntrico com a sapata.
3 PILARES DE DIVISA
1º. Caso: O pilar da divisa tem carga menor que o outro pilar

 Neste caso pelo fato de o


centro de carga estar mais
próximo do pilar P2, o valor de
a/2 será obtido calculando-se
a distância do centro de carga
à divisa e descontando-se
2,5cm. O valor de b será
então:
3 PILARES DE DIVISA
2º. Caso: O pilar da divisa tem carga maior que o outro pilar

 Neste caso o ponto de aplicação da resultante estará mais próximo do


pilar P1 e portanto a sapata deverá ter forma de um trapézio. O valor
de y é dado por:
4 EXERCÍCIOS
1) Dimensionar um bloco de fundação confeccionado com concreto fck =
15MPa, para suportar uma carga de 1.700kN aplicada por um pilar de 35 x
60 cm e apoiado num solo com σs = 0,5MPa. Desprezar o peso próprio do
bloco:

 Resposta
4 EXERCÍCIOS

2) Dimensionar uma sapata para um pilar de 30 x 30 cm e carga de 1.500kN,


sendo a taxa admissível no solo igual a 0,3 Mpa.

 Resposta
4 EXERCÍCIOS

3) Dimensionar uma sapata para um pilar de seção 30 x 100 cm e carga de


3.000kN, para um σa de 0,3 Mpa.

 Resposta
4 EXERCÍCIOS

4) Projetar uma viga de fundação para os pilares P1 e P2 indicados abaixo,


adotando-se σs = 0,3 Mpa.
4 EXERCÍCIOS
5) Dados os pilares abaixo, projetar uma sapata associada para os pilares P1 e
P2, sendo σs = 0,3 Mpa.
4 EXERCÍCIOS
5) .
3.3 – Capacidade de carga e
Carga admissível
1 INTRODUÇÃO E CONCEITO

 Capacidade de carga de ruptura (ou limite) – σr: é definida como a


tensão transmitida pelo elemento de fundação capaz de provocar a
ruptura do solo ou a sua deformação excessiva. A capacidade de carga
das fundações depende de uma série de variáveis, como por exemplo,
das dimensões do elemento de fundação, da profundidade de
assentamento, das características dos solos, etc.

 De acordo com a norma NBR 6122/1996, a tensão admissível de uma


fundação direta é a tensão aplicada ao solo que provoca apenas
recalques que a construção pode suportar sem inconvenientes,
oferecendo segurança satisfatória contra a ruptura ou o escoamento
do solo ou do elemento estrutural.
1 INTRODUÇÃO E CONCEITO

O problema da determinação da capacidade de carga dos


solos é um dos mais importantes para o engenheiro, que atua na
área de construção civil, particularmente para o desenvolvimento de
projeto de fundações. Vislumbrando tal intuito foi desenvolvido uma
Norma para balizar tais serviços.

Segundo a NBR 6122/2010, a capacidade de carga dos


solos pode ser calculada por vários métodos, destacando-se:

• Prova de Carga sobre placas;


• Modos de ruptura
• Métodos teóricos, como as formulações clássicas desenvolvidas
por Terzaghi (1943) e Meyehof (1963);
• Métodos empíricos;
• Influência do lençol freático;
PROVA DE CARGA
2 PROVA DE CARGA

 Segundo a NBR 6122/1996, a capacidade de carga dos solos pode ser


calculada por vários métodos:

a) Prova de carga, cujos resultados devem ser interpretados levando-


se em consideração as relações de comportamento entre a placa e a
fundação real;

 Este ensaio procura reproduzir, no campo, o comportamento da


fundação direta sob a ação das cargas que lhe serão impostas pela
estrutura.
2 PROVA DE CARGA

• Segundo Alonso (1983), o ensaio é normalmente realizado


transmitindo-se uma determinada pressão ao maciço de solo por
meio de uma placa rígida de ferro fundido com diâmetro de 80
cm.

• Esta placa é carregada por meio de um macaco hidráulico que


reage contra um sistema de reação qualquer, que pode ser uma
caixa carregada, ou um grupo de tirantes, conforme
esquematicamente mostrado na Figura 2.1 e na Figura 2.2.
2 PROVA DE CARGA

(a) Vista geral do sistema de reação. (b) Detalhe da aplicação da carga.

Figura 2.1 – Realização de Ensaio in situ.


2 PROVA DE CARGA

Figura 2.2 – Ensaio de Placa (Alonso, 1983)


2 PROVA DE CARGA
Com base no valor da pressão aplicada, que é lida em um
manômetro acoplado ao macaco hidráulico, e no recalque medido
traça-se a curva pressão x recalque, mostrada na Figura 2.3, que
permite avaliar o comportamento do maciço de solo.

Figura 2.3 – Exemplo de curva pressão x recalque (Alonso, 1983)


2 PROVA DE CARGA
Na maioria dos casos, a curva pressão x recalque pode ser
representada entre dois casos extremos indicados na fig. 2.4. os
solos que apresentam curva de ruptura geral, isto é, com uma
tensão de ruptura bem definida (σR), são solos resistentes (argilas
rijas ou areias compactas). Ao contrário, os solos que apresentm
curva de ruptura local, isto é, não há uma definição do valor de
tensão de ruptura. São solos de baixa resistência.

Figura 2.4 – Exemplo de curva pressão x recalque


2 PROVA DE CARGA

A ordem de grandeza de tensão admissível do solo, com base no


resultado de uma prova de carga (desprezando-se o efeito de
tamanho de placa), é obtida da seguinte maneira:

σ25 é a tensão correspondente a um recalque de 25mm (ruptura


convencional e σ10 é a tensão correspondente a um recalque de
10mm ( limitação de recalque).
2 PROVA DE CARGA
É importante, antes de se realizar uma prova de carga, conhecer o
perfil geotécnico do solo para evitar interpretações erradas. Assim,
se no subsolo existirem camadas compressíveis em profundidades
que não sejam solicitadas pelas tensões aplicadas pela placa (vide
figura abaixo), a prova de carga não terá qualquer valor para se
estimar a tensão admissível da fundação da estrutura, visto que o
bulbo de pressão desta é algumas vezes maior que o da placa.
MÉTODOS TEÓRICOS
4 MÉTODOS TEÓRICOS - TERZAGHI

b) Métodos teóricos, como as formulações clássicas desenvolvidas por


Terzaghi (1943) e Meyehof (1963), que são baseadas principalmente
nas propriedades de resistência ao cizalhamento e compressibilidade
dos solos;
 Terzaghi apresentou uma metodologia para o cálculo da capacidade
de carga de fundações superficiais que tem como principais hipóteses:
 Comprimento L do elemento de fundação bem maior que a largura B
(L/B > 5)
 Profundidade de assentamento inferior à largura da sapata (h < B),
significando a desconsideração da resistência ao cisalhamento da
camada de solo sobrejacente à cota de assentamento da sapata;
 O maciço caracteriza-se por apresentar ruptura generalizada.
4 MÉTODOS TEÓRICOS - TERZAGHI
O processo de ruptura do maciço de solo onde se apoia uma
fundação direta pode ser considerado conforme esquematicamente
mostrado na figura a seguir:
4 MÉTODOS TEÓRICOS - TERZAGHI

A ruptura do solo ocorrerá inicialmente na forma de


puncionamento, que se caracterizará pelo deslocamento vertical da
cunha formada na região I abaixo do elemento de fundação.

Este puncionamento originará empuxos laterais de terra sobre a


região II, que os transmitirá à região III, fazendo com que toda a
resistência ao cisalhamento do solo ao longo da superfície de ruptura
que delimita as regiões II e III seja mobilizada.
4 MÉTODOS TEÓRICOS - TERZAGHI
Considerando uma ruptura generalizada pode ser
calculada pela seguinte expressão (Bowles, 1988):

𝜎𝑟 = 𝑐. 𝑁𝑐. 𝑆𝑐 + 0,5. 𝛾. 𝐵. 𝑁𝛾. 𝑆𝛾 + 𝑞. 𝑁𝑞. 𝑆𝑞

Onde:
𝜎𝑟 = capacidade de carga ou tensão de ruptura dos solos;
c = coesão efetiva dos solos;
𝛾 = peso específico dos solos;
q = tensão efetiva do solo na cota de apoio da fundação;
𝑁𝑐, 𝑁𝛾 , 𝑁𝑞 = fatores de carga obtidos em função do ângulo de atrito
do solo na figura 2.1 ou tabela 2.2;
𝑆𝑐, 𝑆𝛾, 𝑆𝑞 = fatores de forma, obtidos na Tabela 2.1.
4 MÉTODOS TEÓRICOS - TERZAGHI

Figura 4.1 – Fatores capacidade de carga

Tabela 4.1 – Fatores de forma a serem empregados na formulação teórica de Terzaghi


4 MÉTODOS TEÓRICOS - TERZAGHI
4 MÉTODOS TEÓRICOS - TERZAGHI
Tabela 2.2 – Fatores de capacidade de carga de Terzaghi

Fatores de capacidade de carga de Terzaghi

φ` Nc Nq Nɣ φ` Nc Nq Nɣ φ` Nc Nq Nɣ
0 5,70 1,00 0,00 19 16,56 6,70 3,07 38 77,50 61,55 78,61
1 6,00 1,10 0,01 20 17,69 7,44 3,64 39 85,97 70,61 95,03
2 6,30 1,22 0,04 21 18,92 8,26 4,31 40 95,66 81,27 115,31
3 6,62 1,35 0,06 22 20,27 9,19 5,09 41 106,81 93,85 140,51
4 6,97 1,49 0,10 23 21,75 10,23 6,00 42 119,67 108,75 171,99
5 7,34 1,64 0,14 24 23,36 11,40 7,08 43 134,58 126,50 211,56
6 7,73 1,81 0,20 25 25,13 12,72 8,34 44 151,95 147,74 261,60
7 8,15 2,00 0,27 26 27,09 14,21 9,84 45 172,28 173,28 325,34
8 8,60 2,21 0,35 27 29,24 15,90 11,60 46 196,22 204,19 407,11
9 9,09 2,44 0,44 28 31,61 17,81 13,70 47 224,55 241,80 512,84
10 9,61 2,69 0,56 29 34,24 19,98 16,18 48 258,28 287,85 650,67
11 10,16 2,98 0,69 30 37,16 22,46 19,13 49 298,71 344,63 831,99
12 10,76 3,29 0,85 31 40,41 25,28 22,65 50 347,50 415,14 1072,80
13 11,41 3,63 1,04 32 44,04 28,52 26,87
14 12,11 4,02 1,26 33 48,09 32,23 31,94
15 12,86 4,45 1,52 34 52,64 36,50 38,04
16 13,68 4,92 1,82 35 57,75 41,44 45,41
17 14,60 5,45 2,18 36 63,53 47,16 54,36
18 15,12 6,04 2,59 37 70,01 53,80 65,27
4 MÉTODOS TEÓRICOS - TERZAGHI

Uma vez calculada 𝜎𝑟 , a tensão admissível (𝜎𝑠) é calculada


assim:

• Aplicação do fator de segurança global ao valor obtido para a


capacidade de carga (𝜎𝑟):

𝜎𝑟
𝜎𝑠 =
𝐹𝑆
Onde:

FS = fator de segurança, geralmente adotado igual a 3,0


4 MÉTODOS TEÓRICOS - MEYERHOF

Seu método considera que a superfície de ruptura se


prolonga na camada superficial do terreno e que, portanto, há cont
ribuição não só da sobrecarga, como também da resistência ao
cisalhamento do solo nessa camada.

Para o caso de carga vertical excêntrica Meyerhof (1953)


propõe que as dimensões reais da base da sapata (B x L) sejam
substituídas nos cálculos de capacidade de carga por valores
fictícios (B’ x L’) conforme apresentado a seguir:
4 MÉTODOS TEÓRICOS - MEYERHOF

𝐵′ = 𝐵 − 2. 𝑒𝐵
𝐿′ = 𝐿 − 2. 𝑒𝐿
Em que:
eB = excentricidade de carga na
direção do lado B;

eL = excentricidade de carga na
direção do lado L

Essa simplificação, a favor da seg


urança, significa considerar uma
área efetiva de apoio
(A’ = B’ x L’); cujo centro de
gravidade coincide com o ponto de
aplicação da carga
4 MÉTODOS TEÓRICOS - MEYERHOF
Efeito da excentricidade da carga aplicada na sapata

• A excentricidade da carga (distância do ponto de aplicação da


resultante de carga em relaçãoao centro geométrico da sapata)
é levada em conta através da adoção de uma área efetiva
A’=L’ x B’ (área onde as tensões de compressão são mais
intensas),de tal forma que acarga aplicada fique localizada no
centro geométrico da área efetiva.

𝐵′ = 𝐵 − 2. 𝑒𝐵
𝐿′ = 𝐿 − 2. 𝑒𝐿
4 MÉTODOS TEÓRICOS - SKEMPTON
• Esta fórmula só é válida para solos puramente coesivos (ɸ = 0)

em que c é a coesão do
solo, Nc, o coeficiente de
capacidade de carga (vide
tabela) e q, a pressão
efetiva do solo na cota de
apoio da fundação.
4 MÉTODOS TEÓRICOS - SKEMPTON

• O valor de D (tabela) corresponde ao valor do embutimento da


fundação na camada de argila (figura abaixo)

• Para sapata retangular (lados A x B)


4 MÉTODOS TEÓRICOS - SKEMPTON

• Também aqui o valor de FS


é adotado, geralmente igual
a 3. É importante observar
que não se aplica fator de
segurança ao valor de q.
4 MÉTODOS TEÓRICOS

SPT
 Com base no valor médio do SPT (na profundidade de ordem de
grandeza igual a duas vezes a largura estimada para a fundação,
contando a partir da cota de apoio), pode-se obter a tensão
admissível por:

- válida para valores de SPT < 20.


4 MÉTODOS TEÓRICOS

Relação entre índice de resistência à penetração (SPT) com as taxas admissíveis para solos argilosos:

Relação entre índice de resistência à penetração (SPT) com as taxas admissíveis para solos arenosos:
MÉTODOS EMPÍRICOS
5 MÉTODOS IMPÍRICOS
Os métodos empíricos são aqueles em que a capacidade de carga é
obtida com base na descrição das condições do terreno e em
tabelas de tensões básicas. A norma brasileira de fundações, a
NBR 6122/2010, apresenta os valores para as tensões básicas para
vários tipos de solo, conforme pode ser observado na Tabela 4.1
apresentada a seguir:

Tabela 4.1 – Tensões básicas segundo a NBR 6122/2010.


INFLUÊNCIA DO LENÇOL
FREÁTICO
6 INFLUÊNCIA DO LENÇOL FREÁTICO

Nas equações apresentadas anteriormente para o cálculo da


capacidade de carga não é levada em consideração a presença do lençol
freático, que muitas vezes encontra-se próximo, ou até mesmo acima, da
cota de assentamento da fundação superficial.

Segundo Das (2005), em geral podem ser identificados três casos


diferentes para a posição do lençol freático em relação ao elemento de
fundação superficial:

a) O lençol freático encontra-se acima da cota de assentamento;


b) O lençol freático encontra-se abaixo da base do elemento de
fundação superficial a uma distância d < B; e
c) O lençol freático está a uma distância d > B da cota de assentamento
do elemento de fundação
6 INFLUÊNCIA DO LENÇOL FREÁTICO
a) O lençol freático encontra-se acima da cota de assentamento conforme
mostrado esquematicamente na Figura 5.1:

Figura 5.1 - Lençol freático acima da cota de assentamento da fundação

Neste caso as alterações a serem realizadas no cálculo da capacidade de


carga nas formulações apresentadas são:
• Cálculo da tensão efetiva (q) na cota de assentamento da fundação,
considerando a altura do nível d’água nesta cota e os parâmetros do
solo no estado seco e saturado:

𝑞 = 𝛾. ℎ1 + 𝛾𝑠𝑎𝑡 − 𝛾𝑤 . ℎ2
Onde:

𝛾 = peso específico do solo seco;


𝛾𝑠𝑎𝑡 = peso específico do solo saturado (abaixo do NA);
𝛾𝑤 = peso específico da água;
h1: profundidade do lençol d’água em relação à superfície do terreno;
h2: distância vertical do lençol freático à base do elemento de fundação.

• O valor de 𝛾 a ser empregado diretamente no cálculo da capacidade de


carga deve ser: 𝜸𝒔𝒂𝒕 − 𝜸𝒘 .
b) O lençol freático encontra-se abaixo da base do elemento de fundação
superficial a uma distância d < B, conforme mostrado esquematicamente
na Figura 5.2:

Figura 5.2 - Lençol freático abaixo da base do elemento de fundação superficial.


Neste caso, não há alteração no cálculo do valor da tensão efetiva na base
do elemento de fundação (q), uma vez que a camada de solo existente
acima da cota de assentamento não se encontra saturada. Segundo Das
(2005), o valor de γ a ser utilizado diretamente na fórmula para o cálculo
da capacidade de carga para esta situação deve ser obtido por:

𝑑

𝛾 = 𝛾𝑠𝑎𝑡 − 𝛾𝑤 + . (𝛾 − 𝛾𝑠𝑎𝑡 + 𝛾𝑤 )
𝐵
c) O lençol freático está a uma distância d > B da cota de
assentamento do elemento de fundação: neste caso não há nenhuma
influência no cálculo da capacidade de carga desta fundação.
7 PARÂMETROS DO SOLO

 Em solos saturados, principalmente nas argilas moles, os parâmetros


de resistência (coesão e ângulo de atrito interno) dependem das
condições de carregamento.
 Em termos de capacidade de carga de fundações, geralmente
predomina como crítica a condição não drenada, pois a capacidade de
carga tende a aumentar com a dissipação das pressões neutras.
 Para a estimativa do valor de coesão, quando não dispomos de
resultados de ensaios de laboratório, temos a seguinte correlação
com o índice de resistência à penetração Nspt:
7 PARÂMETROS DO SOLO

 Para a adoção do ângulo de atrito interno da areia, podemos utilizar:

 Se não houver ensaios de laboratório, podemos adotar o peso


específico a partir dos valores aproximados conforme a tabela abaixo,
em função da consistência da argila e da compacidade da areia
respectivamente:
Fatores de Capacidade de Carga, Vesic 1975
Fatores de forma Vesic 1975
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Braja M. Das. Fundamentos de Engenharia Geotécnica.

Caputo, P. H. Mecânica dos Solos e suas aplicações. Editora LTC Volume 1


Aoki Velloso – Fundações
CINTRA, JOSÉ CARLOS A. Tensão admissível em fundações diretas. Rima, 2003.
RAGONI DANZIGER, BERNADETE – Estudo de Correlações entre os Ensaios de Penetração Estática e Dinâmica e suas
aplicações ao projeto de fundações profundas. Tese – UFRJ Set. 1982 (itens I-5 e I-6)
8 EXERCÍCIOS
1) Determinar o diâmetro da sapata circuilar abaixo usando a teoria de Terzaghi
com FS = 3. Desprezar o peso próprio da sapata.
8 EXERCÍCIOS
2) Uma sapata corrida com 8,5m de largura apoiada a 3m de profundidade
num solo constituído por argila mole saturada (ɣ = 17kN/m³).
Estando o nível de água (NA) a 2,45m de profundidade, pede-se estimar a tensão
admissível com base na fórmula de Terzaghi nas seguintes condições:
a) a carga é aplicada de maneira rápida, de modo que as condições não drenadas
prevalecam.
b) a carga é aplicada de maneira lenta para que não haja acréscimo de pressão
neutra no solo.
8 EXERCÍCIOS
3) Usando a teoria de Skempton, com FS = 3, determinar o lado da sapata
quadrado abaixo.
Com Nc = f (D/B) e B não são conhecidos, o problema só poderá ser resolvido por
tentativa.
8 EXERCÍCIOS
4) Dado o perfil abaixo, calcular a tensão admissível de uma sapata quadrada
de lado 2m, apoiada na cota -2,5m, usando a fórmula de Skempton com FS =
3
8 EXERCÍCIOS
5) Calcular o fator de segurança da sapata quadrada de lado 2m, indicada
abaixo, usando as teorias de Terzaghi e Skempton.
8 EXERCÍCIOS
6) Estimar a tensão admissível de uma fundação direta a partir do resultado de
uma prova de carga sobre placa, cujo resultado está apresentado a seguir:
8 EXERCÍCIOS
7) Estimar a capacidade de carga de um elemento de fundação por sapata com
as seguintes condições de solo e valores no bulbo de tensões:

a) argila rija com φ=0⁰ e Nspt = 15


b) areia compacta com Nspt = 30
8 EXERCÍCIOS
8 EXERCÍCIOS
8) Calcular o fator de segurança da sapata quadrada de lado 2m, indicada abaixo,
usando a teoria de Terzaghi. C = 80kN/m²

ϕ = 15°
ɣ = 15kN/m²

ɣ = 19kN/m²
c= 160kN/m²

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