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Estudo das Fundações

Edmundo Rodrigues http://www.ufrrj.br/institutos/it/dau/profs/edmundo

1. Definição de fundação
A estrutura de uma obra é constituída pelo
esqueleto (figura 1) formado pelos elementos estruturais,
tais como: lajes (cinza), vigas (vermelho), pilares (verde) e
fundações (azul), etc. Fundação é o elemento estrutural que
tem por finalidade transmitir as cargas de uma edificação
para uma camada resistente do solo. Existem vários tipos
de fundações e a escolha do tipo mais adequado é função
das cargas da edificação e da profundidade da camada
resistente do solo. Com base na combinação destas duas
análises optar-se-á pelo tipo que tiver o menor custo e o
menor prazo de execução.

Figura 1: Estrutura de uma edificação.


2. As cargas da edificação
As cargas da edificação são obtidas por meio das plantas de arquitetura e estrutura, onde
são considerados os pesos próprios dos elementos constituintes e a sobrecarga ou carga útil a ser
considerada nas lajes que são normalizadas em função de sua finalidade. Eventualmente, em
função da altura da edificação deverá também ser considerada a ação do vento sobre a edificação.
A tabela 1 fornece o peso específico dos materiais mais utilizados nos elementos constituintes de
uma construção, enquanto a tabela 2 as sobrecargas ou cargas úteis em lajes de piso ou de forro
de acordo com a sua finalidade.

Tabela 1: Peso específico dos materiais mais empregados em uma construção.

Tabela 2: Sobrecargas ou carga úteis em lajes de piso e de forro.


Compartimento Sobrecarga – kgf/m2
Laje de forro 100
Laje de piso de residência 200
Laje de piso de escritório 200
Laje de piso de enfermarias e recepções 250
Salas de aula, assembléias 350
Biblioteca – sala de leitura 250
Biblioteca – sala de estante de livro a ser determinado em cada caso
Depósitos a ser determinado em cada caso
Arquibancadas 400
3. Resistência ou capacidade de carga do solo
A determinação da tensão admissível, resistência ou capacidade de carga do solo fs
consiste no limite de carga que o solo pode suportar sem se romper ou sofrer deformação
exagerada. Para obras de vulto sujeitas à carga elevadas só pode ser realizada por empresas
especializadas, que além do estudo do subsolo, de um modo geral propõem sugestões para o tipo
de fundação mais adequado para que o binômio estabilidade-economia seja atendido (veja item
“2.2. Estudo do subsolo – Capítulo 1 - Planejamento das Construções”).
Para obras de pequeno vulto sujeitas a cargas relativamente pequenas, a resistência fs do
terreno poderá ser obtida por meio de tabelas práticas em função do tipo de solo (tabela 3).

Tabela 3: Tensão admissível no solo (fs) recomendada pela ABNT.

4. Classificação das fundações


De acordo com a profundidade do solo resistente, onde está implantada a sua base, as
fundações podem se classificadas em:
• fundações superficiais (diretas): quando a camada resistente à carga da edificação ou
seja, onde a base da fundação está implantada, não excede a duas vezes a sua menor dimensão
ou se encontre a menos de 3 m de profundidade;
• fundações profundas (indiretas) são aquelas cujas bases estão implantadas a mais de
duas vezes a sua menor dimensão, e a mais de 3 m de profundidade.
O que caracteriza, principalmente uma fundação rasa ou direta é o fato da distribuição de
carga do pilar para o solo ocorrer pela base do elemento de fundação, sendo que, a carga
aproximadamente pontual que ocorre no pilar, é transformada em carga distribuída, num valor tal,
que o solo seja capaz de suportá-la (figura 2a). Outra característica da fundação direta é a
necessidade da abertura da cava de fundação para a construção do elemento de fundação no
fundo da cava.
A fundação profunda, a qual possui grande comprimento em relação a sua base, apresenta
pouca capacidade de suporte pela base, porém grande capacidade de carga devido ao atrito lateral
do corpo do elemento de fundação com o solo (figura 2b). A fundação profunda, normalmente,
dispensa abertura da cava de fundação, constituindo-se, por exemplo, em um elemento cravado
por meio de um bate-estaca.
Figura 2: Fundação direta ou rasa (a) e indireta ou profunda (b).

5. Fundações superficiais ou rasas ou diretas


Em projetos de construções rurais são usadas principalmente fundações diretas, tendo em
vista, que as cargas são relativamente pequenas, não exigindo da camada do solo de apoio uma
grande resistência.
As fundações diretas classificam-se em:
• blocos de fundações;
• baldrames;
• radier.
A seguir são apresentados os diferentes tipos de fundação direta para uma obra simples
composta de dois compartimentos (figura 3) e, em desenho tri-dimensional, as possíveis soluções
em fundação direta para um silo multicelular (figura 4).
Fundação direta em blocos
O que caracteriza a fundação em blocos é o fato da distribuição de carga para o terreno
ser aproximadamente pontual, ou seja, onde houver pilar existirá um bloco de fundação
distribuindo a carga do pilar para o solo (figura 3a). Os blocos podem ser construídos de pedra,
tijolos maciços, concreto simples ou de concreto armado. Quando um bloco é construído de
concreto armado ele recebe o nome de sapata de fundação.
Fundação direta em baldrame
A fundação em baldrame apresenta uma distribuição de carga para o terreno tipicamente
linear, por exemplo, uma parede que se apóia no baldrame, sendo este o elemento que transmite a
carga para o solo ao longo de todo o seu comprimento (figura 3b). Um baldrame pode ser
construído de pedra, tijolos maciços, concreto simples ou de concreto armado. Quando o baldrame
é construído de concreto armado ele recebe o nome de sapata corrida.
Fundação direta em radier
A fundação em radier é constituída por um único elemento de fundação que distribui toda a
carga da edificação para o terreno, constituindo-se em uma distribuição de carga tipicamente
superficial (figura 3c). O radier é uma laje de concreto armado, que distribui a carga total da
edificação uniformemente pela área de contato. É usado de forma econômica quando as cargas
são pequenas e a resistência do terreno é baixa, sendo uma boa opção para que não seja usada a
solução de fundação profunda.

6. Dimensionamento de um bloco de fundação


Os blocos são fundações em concreto simples ou ciclópico e caracterizados por uma altura
relativamente grande em relação às dimensões da base, necessária para que trabalhem
essencialmente à compressão. Nas construções comuns os blocos são usados para cargas de até
50000 kgf e, além disso, não é aconselhável o emprego de blocos em terrenos com resistência
inferior a 1 kgf/cm2 (0,1 MPa). Quando se deseja economizar material, pode-se adotar o bloco com
a forma escalonada.
Sendo fsolo a resistência do terreno (tensão admissível) e F a carga que chega ao bloco
pelo pilar, para que a tensão admissível não seja ultrapassada deve-se ter:

Portanto, a área da base pode ser calculada em uma


primeira tentativa pela expressão:

Como os blocos são geralmente quadrados, temos para o


lado B do quadrado:

Quanto à altura dos blocos experiências recomendam


adotar a expressão: H = 0,85(B – b)
sendo: B = dimensão da base do bloco e b = dimensão do pilar.

Figura 4 (ao lado): Silo multicelular com possíveis soluções de fundação direta.

7. Fundações Profundas
Quando o solo compatível com a carga da edificação se encontra a mais de 3m de
profundidade é necessário recorrer às fundações profundas, sendo três os tipos principais:
• estacas
• tubulões
• caixões
Estacas de fundação
São elementos alongados, cilíndricos ou prismáticos que se cravam (figuras 7 e 8), com
um equipamento, chamado bate-estaca (figuras 9 e 10), ou se confeccionam no solo de modo a
transmitir às cargas da edificação a camadas profundas do terreno (figura 6).
Estas cargas são transmitidas ao terreno através do atrito das paredes laterais da estaca
contra o terreno e/ou pela ponta (figura 5).
Existe hoje uma variedade muito grande de estacas para fundações. Com certa freqüência,
um novo tipo de estaca é introduzido no mercado e a técnica de execução de estacas está em
permanente evolução. A execução de estacas é uma especialidade da engenharia.
Entre os principais materiais empregadas na confecção das estacas se pode citar:
• madeira;
• aço;
• concreto (pré-moldadas e moldadas “in situ”).
As estacas também são classificadas em estacas de deslocamento e estacas escavadas.
As estacas de deslocamento são aquelas introduzidas no terreno através de algum processo que
não promova a retirada do solo. Enquadram-se nessa categoria as estacas pré-moldadas de
concreto armado, as estacas de madeira, as estacas metálicas, as estacas apiloadas de concreto e
as estacas de concreto fundido no terreno dentro de um tubo de revestimento de aço cravado com
a ponta fechada, sendo as estacas tipo Franki o exemplo mais característico dessas últimas.
As estacas escavadas são aquelas executadas “in situ” através da perfuração do terreno
por um processo qualquer, com remoção de material. Nessa categoria se enquadram entre outras
as estacas tipo broca, executada manual ou mecanicamente e as do tipo “Strauss”.

Estacas de madeira
As estacas de madeira são empregadas nas edificações desde a antigüidade. Atualmente,
diante das dificuldades de se obter madeiras de boa qualidade, sua utilização é bem mais
reduzida.
As estacas de madeira nada mais são do que troncos de árvores, bem retos e regulares,
cravados normalmente por percussão, isto é golpeando-se o topo da estaca com pilões geralmente
de queda livre. No Brasil a madeira mais empregada é o eucalipto, principalmente como fundação
de obras provisórias. Para obras definitivas tem-se usado as denominadas “madeiras de lei” como
por exemplo a peroba, a aroeira, a maçaranduba e o ipê.
A duração da madeira é praticamente ilimitada, quando mantida permanentemente
submersa. No entanto, se estiverem sujeitas à variação do nível d’água apodrecem rapidamente
pela ação de fungos aeróbicos, o que deve ser evitado aplicando –se substâncias protetoras como
sais tóxicos à base de zinco, cobre ou mercúrio ou ainda pela aplicação do creosoto. Neste tipo de
tratamento recomenda-se o consumo de aproximadamente 15 kg de creosoto por m3 de madeira
tratada quando as estacas forem cravadas em terra.
Durante a cravação a cabeça da estaca deve ser munida de um anel de aço de modo a
evitar o seu rompimento sob os golpes do pilão. Também é recomendado o emprego de uma
ponteira metálica para facilitar a penetração da estaca e proteger a madeira.
Do ponto de vista estrutural, a carga admissível das estacas de madeira depende do
diâmetro e do tipo de madeira empregado na estaca. Pode-se no entanto, adotar como ordem de
grandeza, os valores apresentados na tabela 4.

Tabela 4: Cargas admissíveis usualmente adotadas em estacas de madeira.


Diâmetro (cm) Carga (kN)
20 150
25 200
30 300
35 400
40 500

Estacas metálicas
As estacas metálicas são constituídas principalmente por peças de aço laminado ou
soldado tais como perfis de seção I e H, como também por trilhos, geralmente reaproveitados após
sua remoção de linhas férreas, quando perdem sua utilização por desgaste.
A principal vantagem das estacas de aço está no fato de se prestarem à cravação em
quase todos os tipos de terreno, permitindo fácil cravação e uma grande capacidade de carga. Sua
cravação é facilitada, porque, ao contrário dos outros tipos de estacas, em lugar de fazer
compressão lateral do terreno, se limita a cortar as diversas camadas do terreno.
Hoje em dia já não existe preocupação com o problema de corrosão das estacas metálicas
quando permanecem inteiramente enterradas em solo natural, porque a quantidade de oxigênio
que existe nos solos naturais é tão pequena que a reação química tão logo começa, já acaba
completamente com esse componente responsável pela corrosão. Entretanto, de modo a garantir a
segurança a NBR 6122 exige que nas estacas metálicas enterradas seja
descontada a espessura de 1,5 mm de toda sua superfície em contato com
o solo, resultando uma área útil menor que a área real do perfil. A carga
máxima atuante sobre a estaca é obtida multiplicando-se a área útil pela
tensão admissível do aço fc = fyk/2 onde fyk é tensão característica à
ruptura do aço da estaca.

Figura 11 (ao lado): Área útil de estaca metálica.

A tabela 5 apresenta a carga para alguns perfis e trilhos fabricados pela CSN (Companhia
Siderúrgica Nacional), calculada com óc = fyk/2 = 120 MPa. A utilização de trilhos velhos como
estacas só é possível quando a redução do peso não ultrapassar 20% do teórico e nenhuma seção
tenha área inferior a 40% da área do trilho novo.

Tabela 5: Cargas máximas em estacas metálicas completamente enterradas.


Carga máxima
Tipo de perfil Denominação Área (cm2) Peso (N/m)
(kN)
H 6”x 6” 47,3 371 400
Perfis laminados I 8”x 4” 34,8 273 300
CSN (1ª alma) I 10”x 45/8” 48,1 377 400
I 12” x 51/4” 77,3 606 700
TR 25 31,4 246,5 250 (200)
TR 32 40,9 320,5 350 (250)
Trilhos TR 37 47,3 371,1 400 (300)
(CSN) TR 45 56,8 446,5 450 (350)
TR 50 64,2 503,5 550 (400)
TR 57 72,6 569,0 600 (450)

Nota: Os valores entre parênteses referem-se a trilhos velhos com redução máxima de peso de 20%
e nenhuma seção com redução superior a 40%.

Estaca de concreto
As estacas de concreto podem ser pré-moldadas ou concretadas no local.
a) Estacas pré-moldadas de concreto
São largamente usadas em todo o mundo possuindo como vantagens em relação as
concretadas no local um maior controle de qualidade tanto na concretagem, que é de fácil
fiscalização quanto na cravação, além de poderem atravessar correntes de águas subterrâneas o
que com as estacas moldadas no local exigiriam cuidados especiais.
Podem ser confeccionadas com concreto armado ou protendido adensado por centrifugação ou por
vibração, este de uso mais comum. Tanto nas estacas vibradas quanto nas centrifugadas a cura do
concreto é feita a vapor, de modo a permitir a desforma e o transporte da mesma no menor tempo
possível. Tendo em vista que a cura a vapor só acelera o ganho de resistência nas primeiras
horas, mas não diminui o tempo total necessário para que o concreto atinja a resistência final, as
estacas devem permanecer no estoque pelo menos até que o concreto atinja a resistência de
projeto.
A seção transversal dessas estacas é geralmente quadrada, hexagonal, octogonal ou
circular, podendo ser vazadas ou não. A carga máxima estrutural das estacas pré-moldadas é em
geral indicada nos catálogos técnicos das empresas fabricantes, no entanto a carga admissível só
poderá ser fixada após a análise do perfil geotécnico do terreno e sua cravabilidade. Para não
onerar o custo de transporte das estacas, desde a fabrica até a obra, o seu comprimento é limitado
a 12m. Por isso, quando se precisar de estacas com mais de 12m as peças devem ser
emendadas. Essas emendas podem ser constituídas por anéis metálicos ou por luvas de encaixe
tipo ”macho e fêmea” quando as estacas não estivem sujeitas a esforços de tração tanto na
cravação quanto na utilização (figura 12), ou em caso contrário, emenda do tipo soldável, como
indicada na figura 13, onde a altura h e a espessura e da chapa são função do diâmetro da
armadura longitudinal e do diâmetro da estaca.

Figura 12: (a) Emendas por anel metálico e (b) emendas por luvas.
Figura 13:Emenda tipo soldável em estaca pré-moldada.

Existem vários processos para cravação das estacas pré-moldadas, no entanto qualquer
que seja o processo, utilizado em geral de modo a facilitar a passagem da estaca pelas diversas
camadas do terreno, no final a estaca será sempre cravada por percussão. Para tanto, utiliza-se
um tipo de guindaste especial chamado de bate-estaca que pode ser dotado de martelo (também
chamado de pilão) de queda livre ou automático também denominado martelo diesel. Para
amortecer os golpes do pilão e uniformizar as tensões por ele aplicadas à estaca, instala-se no
topo desta um capacete dotado de “cepo” e “coxim” conforme é mostrado na figura 14.

Figura 14: Detalhe do capacete da estaca.

b) Estacas concretadas “in situ”


Existe uma grande variedade de tipos de estacas concretadas no local, diferenciadas entre
si, principalmente, pela forma que são escavadas e pela forma de colocação do concreto. De um
modo geral crava-se um tubo de aço até a profundidade prevista pela sondagem geotécnica,
enchendo–se com concreto que vai sendo apiloado até que se retire o tubo. Entre os vários tipos
existentes destacam-se as estacas tipo Franki e as estacas tipo Strauss.
A estaca tipo Franki usa um tubo de revestimento cravado dinamicamente com a aponta
fechada por meio de bucha e recuperado após a concretagem da estaca. O concreto usado na
execução da estaca é relativamente seco com baixo fator água-cimento, resultando em um
concreto de slump zero, de modo a permitir o forte apiloamento previsto no método executivo. O
concreto com estas características deve atingir fcc28 = 20 MPa e o controle tecnológico do
concreto durante a execução da estaca deve prever retirada regular de corpos-de-prova, para
serem ensaiados a 3, 7 e 28 dias, iniciando-se ao se executar as primeiras estacas, e continuar
para cada grupo de 15 ou 20 estacas executadas. A armação da estaca é constituída por barras
longitudinais e estribos que devem ter dimensões compatíveis com o diâmetro do tubo e do pilão. A
execução de estacas tipo Franki, quando bem aplicada, praticamente não sofre restrições de
emprego diante das características do subsolo, salvo casos particulares como aqueles constituídos
por espessas camadas de solo muito mole. A tabela 6 apresenta as cargas admissíveis usuais
adotadas em projetos de rotina das estacas tipo Franki executadas pelas empresas que atuam no
mercado brasileiro. A adoção dessas cargas depende da análise dos elementos do projeto,
podendo ser diminuídas ou aumentadas em projeto de condições especiais.

Tabela 6: Dados básicos para projeto das estacas tipo Franki.


ö 30 35 40 52 60
L 15 18 22 30 35
Qc (kN) 450 550 800 1300 1700
Qt (kN) 85 100 130 240 270
L – profundidade máxima recomendável
Qc – carga admissível de compressão
Qt – carga admissível de tração

A seguir são relacionados alguns aspectos da estaca tipo Franki, que fazem parte do
método de execução, e que a diferencia dos outros tipos de estacas concretadas no local
contribuindo para a elevada carga de trabalho da estaca:
• a cravação com ponta fechada isola o tubo de revestimento da água do subsolo, o que
não acontece com outros tipos de estaca executada com ponta aberta;
• a base alargada dá maior resistência de ponta que todos os outros tipos de estaca;
• o apiloamento da base compacta solos arenosos, bem como, aumenta o diâmetro da
estaca em todas as direções, aumentando sua a resistência de ponta. Em solos argilosos o
apiloamento da base expele a água da argila, que é absorvida pelo concreto seco da mesma,
consolidando e reforçando seu contorno;
• o apiloamento do concreto
contra o solo para formar o fuste da
estaca compacta o solo e aumenta o
atrito lateral;
• o comprimento da estaca pode
ser facilmente ajustado durante a
cravação.

Figura 15 (ao lado): Fases de execução da estaca


tipo Franki.

As estacas tipo Strauss foram


projetadas, inicialmente, como
alternativa às estacas pré-moldadas
cravadas por percussão devido ao
desconforto causado pelo processo de
cravação, quer quanto à vibração ou
quanto ao ruído. O processo é bastante
simples, consistindo na retirada de terra
com sonda ou piteira e, simultaneamente, introduzir tubos metálicos rosqueáveis entre si, até
atingir a profundidade desejada e posterior concretagem com apiloamento e retirada da tubulação.
Por utilizar equipamento leve e econômico a estaca tipo Strauss possui as seguintes vantagens:
• ausência de vibrações e trepidações em prédios vizinhos;
• possibilidade de execução da estaca com o comprimento projetado;
• possibilidade de verificar durante a perfuração, a presença de corpos estranhos no solo,
matacões, etc, permitindo a mudança de locação antes da concretagem;
• possibilidade da constatação das diversas camadas e natureza do solo, pois a retirada de
amostras permite comparação com a sondagem à percussão;
• possibilidade de montar o equipamento em terrenos de pequenas dimensões;
• autonomia, importante em regiões ou locais distantes.
Como principais desvantagens das estacas tipo Strauss podemos citar:
• quando a pressão da água for tal que impeça o esgotamento da água no furo com a
sonda, a adoção desse tipo de estaca não é recomendável;
• em argilas muito moles saturadas e em areias submersas, o risco de seccionamento do
fuste pela entrada de solo é muito grande, e nesses casos esta solução não é indicada;
• é indispensável um controle rigoroso da concretagem da estaca de modo a não ocorrer
falhas, pois a maior ocorrência de acidentes com estas estacas devem-se a deficiências de
concretagem durante a retirada do tubo.
As estacas tipo Strauss podem ser armadas ou não. No caso das estacas não armadas, o
concreto utilizado deve ter um consumo mínimo de 300 kgf/m3, consistência plástica (abatimento
mínimo de 8 cm) e fcck de 15 MPa. Já o concreto das estacas armadas deve ter um abatimento
mínimo de 12 cm e fcck de 15 MPa. Não deverá ser utilizada a pedra 2, mesmo se necessário
executivamente. A tabela 7 apresenta as cargas admissíveis para estacas tipo Strauss não armada
de acordo com a NBR 6122 em função do diâmetro externo do tubo de revestimento. A carga de
trabalho será fixada após análise do perfil geotécnico do terreno.

Tabela 7: Cargas admissíveis em estacas tipo Strauss não armadas.


Diâmetro externo do revestimento (cm) 22 27 32 42 52
Carga admissível estruturalmente (kN) (NBR 6122) 200 300 400 700 1070

c) Tubulões de fundação
Os tubulões são elementos estruturais de fundação profunda, geralmente, dotados de uma
base alargada, construídos concretando-se um poço revestido ou não, aberto no terreno com um
tubo de aço de diâmetro mínimo de 70cm de modo a permitir a entrada e o trabalho de um homem,
pelo menos na sua etapa final, para completar a geometria da escavação e fazer a limpeza do
solo. Divide-se em dois tipos básicos: os tubulões a céu aberto, normalmente, sem revestimento e
não armados no caso de existir somente carga vertical e os a ar comprimido ou pneumático. Os
tubulões a ar comprimido são sempre revestidos, podendo esse revestimento ser constituído de
uma camisa de concreto armado ou por uma camisa metálica. Neste caso a camisa metálica pode
ser recuperada ou não. São utilizados em
solos onde haja a presença de água e que
não seja possível esgotá-la. O fuste do
tubulão é sempre cilíndrico enquanto a base
poderá ser circular ou em forma de falsa
elipse. Deve-se evitar trabalho simultâneo
em bases alargadas de tubulões, cuja
distância entre centros seja inferior a duas
vezes o diâmetro ou dimensão da maior
base, especialmente quando se tratar de
tubulões a ar comprimido.
Quando comparados a outros tipos
de fundações os tubulões apresentam as
seguintes vantagens:
• os custos de mobilização e de desmobilização são menores que os de bate-estacas e
outro equipamentos;
• as vibrações e ruídos provenientes do processo construtivo são de muito baixa
intensidade;
• pode-se observar e classificar o solo retirado durante a escavação e compará-lo às
condições do subsolo previstas no projeto;
• o diâmetro e o comprimento do tubulão pode ser modificado durante a escavação para
compensar condições do subsolo diferentes das previstas;
• as escavações podem atravessar solos com pedras e matacões, sendo possível penetrar
em vários tipos de rocha;
• é possível apoiar cada pilar em um único fuste, em lugar de diversas estacas, eliminando
a necessidade de bloco de coroamento.
Em tubulões ar comprimido (figura 17), seja de camisa de aço ou de camisa de concreto, a
pressão máxima de ar comprimido empregada é de 3,4 atm (340 kPa), razão pela qual esses
tubulões têm sua profundidade limitada a 34m abaixo do nível do mar. Em qualquer etapa da
execução deve-se observar que o equipamento deve permitir que se atenda, rigorosamente, os
tempos de compressão e descompressão previstos pela boa técnica e pela legislação em vigor, só
se admitindo trabalhos sob pressões superiores a 150 kPa quando as seguintes providências
forem tomadas:
• estar à disposição da obra equipe permanente de socorro
médico;
• estar disponível na obra câmara de descompressão
equipada;
• existir na obra compressores e reservatórios de ar
comprimido de reserva;
• que seja garantida a renovação do ar, sendo o ar injetado
em condições satisfatórias para o trabalho humano

Figura 17: Construção de um tubulão a ar comprimido.

d) Caixões de fundação
Os caixões como o próprio nome sugere é um grande caixão impermeável à água, de
seção transversal quadrada ou retangular que tem as paredes laterais pré-moldadas. Este tipo de
fundação profunda é destinado a escorar as paredes da escavação e impedir a entrada de água
enquanto vai sendo cravado no solo. Terminada a operação o caixão passa a fazer parte da infra-
estrutura. São utilizados, por exemplo, como fundação de um pilar de ponte em que a substituição
de dois ou mais tubulões por um caixão que os envolva seja mais econômica.

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