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- Fadiga -

Processo que causa falha prematura ou


dano permanente a um componente sujeito
a carregamentos repetitivos (cíclicos).
Os materiais, particularmente os metais, quando submetidos a
tensões flutuantes ou repetitivas (esforços cíclicos ), rompem-se
a tensões muito inferiores àquelas determinadas nos ensaios de
tração. (Cargas estáticas).

A ruptura que ocorre nessas condições de esforço dinâmico é


conhecida como ruptura por fadiga.

Em estruturas e equipamentos como pontes, aviões, veículos,


entre outros, quando submetidos a contínuos esforços
dinâmicos e vibrações, o fenômeno da fadiga passou a
representar o 90% das falhas em serviço de componentes
metálicos.
Os materiais poliméricos e os cerâmicos são também
susceptíveis à ruptura por fadiga. Na maioria das
vezes, não se considera a fadiga em cerâmicos, pois
esses materiais costumam falhar em decorrência de
sua baixa tenacidade à fratura.

A falha por fadiga é particularmente imprevisível pois


acontece sem que haja qualquer aviso prévio.
Constante

Aleatório
Consiste na aplicação de carga cíclica Corpos de prova segundo a
em corpo-de-prova apropriado e norma ASTM (E1823, E1150,
padronizado segundo o tipo de E466)
ensaio a ser realizado.

Flexão Rotativa
Tração – Compressão Cisalhamento
Aços CC e ligas de Titânio
exibem limite de Fadiga

Probabilidade de falha
35-60% do LRT

Logaritmo
Este ensaio é capaz de fornecer
dados quantitativos quanto às
características de um material ou
componente suportar por longos
períodos, cargas repetitivas e/ou
cíclicas sem se romper.

Os principais resultados do ensaio


são:
Limite de Resistência à Fadiga (σRf)
Resistência à Fadiga (σf)
Vida em Fadiga (Nf)
Os resultados do ensaio podem
variar devido a uma diversidade de
O ensaio pode ser dividido em Fadiga de
fatores. Baixo Ciclo (ruptura < 104 ciclos) e
Fadiga de Alto Ciclo (para os casos
acima desse limite)
Fratura em Fadiga:
Iniciação de Trincas
• Vida de Inic. – Tempo para nuclear uma trinca.
• Vida de Propag. – Tempo para o crescimento de uma trinca até a falha.
• Limite de Seg. – crescimento a partir de um tamanho crítico de trinca
•Duas causas principais:
1. Bandas de escorregamento na superfície-> gerando
fendas (intrusões) que evoluem para trinca
• Importante para materiais dúcteis e com
concentradores de tensão
2. Incompatibilidade de deformações junto a partículas
duras e/ou inclusões
• Importante em materiais endurecidos onde a matriz é
resistente à formação de bandas de escorregamento
• Na prática ambos competem
Nucleação da Trinca:
Regiões de alta concentração de
tensões.
Nucleação da Trinca:

Defeitos de Superfície.
(Ranhuras, pequenas trincas
de usinagem, mau
acabamento superficial, etc.)
Nucleação da Trinca:

Defeitos na Microestrutura
(Inclusões, porosidade acentuada,
defeitos de solidificação, pontos
de corrosão, etc)
Fratura em Fadiga:
Propagação de Trincas
• Vida de Inic. – Tempo para nuclear uma trinca.
• Vida de Propag. – Tempo para o crescimento de uma trinca até a falha.
• Limite de Seg. – crescimento a partir de um tamanho crítico de trinca
E.P. de Deus

Ponte sobre o Rio Ohio, em Point Pleasant, W.Virginia, USA


(similar à ponte Hercílio Luz em Florianópolis, SC)
Restos da Ponte Após a Falha (com 46 mortes) Causada por
uma Pequena Trinca que Levou ~50 anos para Ficar Instável
Propagação Cíclica da Trinca:
Devido à concentração local da
tensão causada pelos mecanismos
antes citados, ocorre uma
deformação plástica cíclica
causada pela, mesmo com tensão
nominal abaixo do limite elástico.
Representação de uma superfície de Nucleação e propagação
fratura por fadiga em um eixo de aço,
mostrando a região de início, a região
de propagação com marcas de praia e
ruptura final quando o tamanho da
trinca ultrapassa um valor crítico
para tensão aplicada.

Fratura final ( limite atingido) - Rápida


• Essa deformação plástica é
extremamente localizada e
se manifesta na forma de
bandas de deslizamento;
• A concentração de tensão
cresce com o aumento do
número de bandas de
deslizamento fazendo com
que o material acumule cada
vez mais deformação
plástica, surgindo novas
bandas de deslizamento.
Um conjunto de bandas formam intrusões e extrusões na superfície
do material.
Em orientações cristalinas com
fator de schmid elevado, a
deformação plástica é mais
severa, sendo as bandas de
deslizamento desses grãos
chamadas de bandas de
deslizamento persistentes;
Nas bandas de deslizamento
persistentes a concentração de
tensões é mais intensa;
Quando o material não é mais
capaz de acumular deformação
plástica nas bandas de
deslizamento persistentes uma
ou mais trincas são nucleadas.
• Estágio I (microtrinca)-> trinca confinada no
plano de escorregamento que a iniciou ->
corresponde a até 90% da vida em fadiga
• Estágio II (macrotrinca)-> Trinca grande o
suficiente para crescimento como se o
material fosse contínuo -> direção de
crescimento muda para a de máxima
abertura de trinca (normal à máxima tração) -
> crescimento mais rápido que no estágio I
(corresponde a maior área da fratura por
fadiga -> produz “marcas de praia e estrias” )
• Se o estágio I é importante a vida em fadiga
aumenta com endurecimento do material
por métodos convencionais
• Se o estágio II é importante e o material é
tenaz, melhorar a vida em fadiga não é
simples
Com o crescente número de ciclos a(s) trinca(s) se propagam de maneira dúctil crescendo
enquanto na componente trativa, e fechando a ponta da trinca na componente compressiva
 yy trinca ideal Polímeros
trinca real

x "crazing"

Cerâmicos



Zona
Plástica
Metais micro
trincas
2ro
cleavage fracture in chromium Intergranular brittle failure in a
hard plating on a steel shaft partially porous ceramic, aluminium
oxynitride (AlON)
Fracture of an aluminum crank Brittle fracture in glass
arm, where Bright= brittle
fracture, Dark= fatigue fracture.
Tensão Média:
Quanto maior o valor médio
da tensão, menor é a vida

Efeitos Superficiais:

Rugosidade da superfície;

Variações na resistência à
fadiga na superfície
(tratamentos superficiais);

Variações na tensão residual da


superfície.
Fatores de Projeto:

Qualquer marca ou
descontinuidade geométrica
pode agir como um concentrador
de tensões e como ponto
potencial de inicio de uma trinca
de fadiga (furos,
rasgos de chaveta,
etc.)
Ambiente:

Ataque químico (Fadiga por


Corrosão).
Tratamentos superficiais:

Jateamento – Mecânico

Nitretação Tratamentos
Cementação Térmicos
(endurecimento)
Introdução à Fluência
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• RELAXAÇÃO DE TENSÃO
– O material é deformado. A deformação é mantida constante e avalia-se a
tensão resultante em função do tempo
• FLUÊNCIA
– O material é submetido a uma tensão (abaixo da tensão de escoamento).
A tensão é mantida constante e avalia-se a deformação resultante em
função do tempo.

Os principais materiais ensaiados


são os empregados em turbinas,
refinarias petroquímicas e usinas
nucleares
Fluência é a deformação plástica que ocorre em
função do tempo em um material submetido a uma
tensão ou carga constante.

Não é um ensaio de rotina, devido ao longo tempo


para a sua realização; pode durar até pouco mais de
um ano Embora de grande importância,
normalmente seu uso se restringe a atividades de
pesquisa e desenvolvimento de novos materiais ou
ligas metálicas e para a determinação de condições
seguras de uso de diversos produtos.
• É muitas vezes o fator limitante
na vida útil da peça.
• Se torna importante, para metais Refinaria de
a temperaturas de 0,4Tf Cubatão, SP
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Efeito da Temperatura na FLUÊNCIA

• Em baixas temperaturas (e baixas taxas de deformação), uma


deformação  praticamente só depende da tensão .
• Em altas temperaturas (e baixas taxas de deformação), uma
deformação  depende não somente da tensão , mas também do
tempo e da temperatura.
• O limite entre “baixa temperatura” e “alta temperatura” varia de
material para material.

Temperatura Homóloga (H)


T
H =
T = temperatura do material
TF = temperatura de fusão
F (dadas em K)
T
para metais: H > 0,4 → Alta Temperatura
Forno

O equipamento para a
realização deste ensaio
permite aplicar uma carga
ou tensão de tração
constante ao Corpo de
prova (CP) em altas
Carga constante temperaturas
Um extensômetro é ligado ao CP por meio
de hastes de extensão e desta forma é
posicionado fora da região de aquecimento

Os CP se assemelham aos
utilizados em ensaios de tração e
podem ter seção reta ou circular
Antes do ensaio o CP deve ser
aquecido por um tempo suficiente
para a homogeneização da
temperatura, o que pode ser
realizado por indução, radiação ou
resistência elétrica
A temperatura deve ser medida
por meio de pirômetros ligados ao
corpo de prova ou por termopares
51
Na região primária o material
encrua, tornando-se mais
 vida de ruptura
Terciária
rígido, e a taxa de crescimento
da deformação com o tempo
diminui.
Secundária
Na região secundária a taxa de
crescimento é constante
Primária (estado estacionário), devido a
uma competição entre
encruamento e recuperação.

Na região terciária ocorre uma


aceleração da deformação
Deformação instantânea causada por mudanças
(elástica) microestruturais tais como
rompimento das fronteiras de
Tempo
grão.
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Curva de Fluência

CURVA DE FLUÊNCIA
• Estágio I ou TRANSIENTE:
taxa de deformação d/dt
decrescente; efeito do
encruamento
• Estágio II ou ESTACIONÁRIO:
taxa de deformação d/dt
(constante) é mínima; equilíbrio
entre o encruamento e a
superação de obstáculos por
processos difusivos (por
exemplo, ascensão de
discordâncias)
• Estágio III ou TERCIÁRIO:
taxa de deformação d/dt
crescente; desenvolvimento
de cavidades (poros) que
levam à ruptura do material
• Movimento das discordâncias
• Escalagem das discordâncias
• Deslizamento no contorno de grão
• Formação de subgrãos devido a ascensão de discordâncias
• Difusão por contorno de grão
• Difusão de lacunas

Difusão Deslizamento e escalagem de discordâncias


55
A taxa de fluência é constante e a curva tem um aspecto linear,
devido a 2 processos competitivos, encruamento e recuperação; o
valor médio no estágio secundário é chamado de taxa mínima de
fluência ou taxa de fluência em regime estacionário, m

A recuperação é
realizada por meio
de escalagem
(cross-slip)

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Uma contribuição importante para a deformação é o deslizamento
dos contornos de grãos, que é um processo de cisalhamento que
ocorre na direção dos contornos e que pode também criar lacunas
que facilitam a escalagem.

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Desta forma, o refinamento de grãos é prejudicial à resistência à
fluência

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Dois mecanismos são responsáveis pela fluência
na região de fluência por difusão: fontes de
lacunas

1) Difusão no interior do grão (Nabarro-Herring) sumidouros


de lacunas

2) Difusão nos contornos de grão (Cobble)


Ocorre uma aceleração
da taxa de fluência pela
intensa movimentação
de discordâncias, que
culmina com a ruptura do
CP, muitas vezes com
estricção; ocorre
principalmente em
ensaios submetidos a
cargas e/ou temperaturas Cavidades de fluência em
elevadas contornos de grãos de um aço
inoxidável austenítico (x 500)
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Neste estágio tem início o processo de fratura, pela formação e
propagação contínua de microtrincas nos contornos de grãos
Com altas tensões e temperaturas mais baixas ocorrem vazios
em pontos triplos

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 As curvas de fluência variam em função da temperatura de
trabalho e da tensão aplicada.
▪ A taxa de estado estacionário aumenta

 Temperatura aumentando  Tensão aumentando

Tempo Tempo
 Em geral a fluência que ocorre no
estágio primário é rápida
(algumas horas) e seu valor fica
próximo a 1%. Essa deformação
para a grande maioria das
aplicações é considerada
desprezível
 Utilizando os resultados dos
ensaios típicos de fluência pode-
se construir um gráfico tensão x
temperatura para os materiais,
onde se determina a tensão que
causa uma deformação aceitável
de 1% em um determinado
intervalo de tempo (1000h
10.000h ou 100.000h),
dependendo do tipo de
componente, para determinada
temperatura
 Como os ensaios de
fluência tendem a ser
muito longos, a relação
da tensão aplicada e o
tempo até a ruptura
quando graficados em
escala logarítmica
tendem a ser retas.
Realiza-se ensaios em
tensões altas cuja
duração do ensaio tende
a ser pequena e se
extrapola as retas para
valores de tempo
maiores.
Outros Fatores que afetam a fluência em metais

✓Estrutura cristalina:  complexa  resistência à fluência


✓Precipitados:  fração  resistência à fluência
✓Contornos de grão:  tamanho de grão  resistência à fluência

 Pá de turbina para aviões a


jato com grãos orientados
feita por solidificação
direcional

Pá de turbina monocristalina:
o canal em forma de espiral
permite que apenas um grão
cresça na peça →

Fonte: http://www.msm.cam.ac.uk/phase-trans/2001/slides.IB/photo.html
 Baixas temperaturas: Os
contornos de grão freiam o
movimento das discordâncias:
Em geral grão pequeno melhor.
 Altas temperaturas: Os
mecanismos do processo de
fluência se desenvolvem nos
contornos de grão, movimentos
de vazios e de discordâncias: Em
geral grão grande melhor.
 No exemplo ao lado, o caso “b”
(fundição unidirecional)
apresenta tempo de ruptura 2,5X
maior que o caso “a” (fundição
convencional), e 9X maior para
lâminas monocristalinas.
 Ao lado, fissuras intergranulares
(ao longo do contorno de grão)
em tubo de aço inoxidável 304
 Todos os elementos químicos formadores de
carbonetos (com o carbono do aço) ou
precipitados de segunda fase nos materiais não
ferrosos travam o processo de fluência pois
dificultam o movimento dos contornos de grão.
 Nos aços, o Molibdênio possui um efeito maior
que os demais elementos (Ti, V, W, Nb), quando
adicionado entre 0,5 e 1 %.
 Outro efeito degradante que atua sobre os materiais quando
expostos à alta temperatura, além da fluência, é a oxidação
superficial.
 A reação química do material da superfície com o meio
forma compostos cerâmicos em geral frágeis (óxidos,
sulfetos etc...) que tendem a quebrar e portanto reduzem a
seção resistente do componente.
 Em aços se adiciona cromo em teores crescentes para
aumentar a resistência desses materiais à oxidação em
temperaturas crescentes.
 Desta forma aços para trabalho a alta temperatura em geral
contém Mo de 0,5% até 1 % (resistir à fluência) e Cr de 1,5%
até 9% (para resistir à oxidação) antes de se optar por aços
de alta liga, do tipo inoxidável.

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