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Teoria e Prática Ensaio de Fadiga

(Aula 4)

Prof. Me. Fábio Vieira


▪ Estudaremos o que é o Ensaio de Fadiga, seus objetivos e
como ele é realizado;
INTRODUÇÃO

▪ Ele é essencial para avaliar a vida útil de componentes


sujeitos a estresses cíclicos, principalmente, no nosso caso,
em amostras metálicas.
▪ De acordo com a norma ASTM E 1823-96, a definição de
fadiga é:
O QUE É FADIGA

“Processo progressivo e localizado de modificações estruturais


permanentes ocorridas em um material submetido a
condições que produzam tensões e deformações cíclicas que
pode culminar em trincas ou fratura após um certo número de
ciclos” (ASTM E 1823-96).
▪ A fadiga é um fenômeno mecânico que está relacionado com a
resposta de um material à aplicação repetida de cargas ou tensões.
No contexto dos tratamentos térmicos de materiais metálicos, a
fadiga pode ser um aspecto crítico a ser considerado.
▪ O processo de fadiga é causado pela deformação plástica oscilante.
FADIGA
▪ Fadiga Metálica:
▪ A fadiga metálica ocorre quando um material sofre falha devido à aplicação
cíclica de cargas ou tensões abaixo do limite de resistência à tração (abaixo
do limite de escoamento). É um tipo de falha progressiva que se desenvolve
ao longo do tempo.

▪ Estimativa que 90% dos metais falham por fadiga;


▪ A falha por fadiga ocorre de forma catastrófica;
FADIGA

▪ É um tipo de falha (fenômeno) muito importante de ser estudado dentro


da tecnologia mecânica;
▪ Estudos de concentração de tensão e elementos finitos (FEA).
▪ Conceito de Fratura:
▪ Para metais, dois modos de fraturas são possíveis: dúctil e frágil.
A classificação é baseada na capacidade de uma material sofrer
deformação plástica.
▪ Os metais dúcteis normalmente exibem deformação plástica
substancial com alta absorção de energia antes da fratura.

FADIGA

Por outro lado, normalmente, há pouca ou nenhuma


deformação plástica, com baixa absorção de energia que
acompanha uma fratura frágil.
▪ Propagação de trincas:
▪ As principais características desse tipo de falha são o local de
início da trinca (nucleação) por fadiga, geralmente na superfície;
▪ Uma região de propagação da trinca por fadiga mostrando
marcas de praia;
▪ Uma região de fratura rápida (ou súbita) na qual o comprimento
FADIGA

da trinca excede um comprimento crítico.


▪ Propagação de trincas:
FADIGA
▪ Propagação de trincas:
FADIGA
▪ Tensões Cíclicas:
▪ As tensões aplicadas podem ser de natureza axial (tensão-
compressão), flexora (flexão) ou de torção:
FADIGA
▪ Tensões Cíclicas: Exemplo.
FADIGA
▪ Tipos de Ciclos:

▪ Dependência de tempo regular e senoidal onde a


amplitude é simétrica em torno de um nível de
tensão zero médio. É conhecido como Ciclo de
Tensão Alternadas.
FADIGA

▪ O Ciclo de Tensões Repetidas ocorre quando os


máximos e mínimos são assimétricos em relação
ao nível de tensão zero.

▪ O nível de tensão pode ainda variar


Aleatoriamente em amplitude e frequência.
▪ Tipos de Ciclos: Ciclo de Tensões Repetidas – Variáveis.
FADIGA

▪ Por convenção tensões trativas são


positivas e compressivas são negativas.
▪ Metodologia de Projetos em Fadiga:
▪ Principais critérios de projeto:
▪ Projeto para vida infinita: Este critério exige que as tensões
atuantes estejam abaixo da tensão limite de fadiga. A vida
selecionada para o projeto deve incluir uma margem de
segurança para levar em consideração a grande dispersão da
FADIGA

vida de fadiga (relações de vida máxima, vida mínima da


ordem de 10 : 1 podem ser facilmente encontradas nos
ensaios de fadiga);
▪ Projeto para falha segura PFS (Fail Safe): Este critério foi
desenvolvido pelos engenheiros aeronáuticos, já que estes
não podem tolerar o peso adicional requerido por um
coeficiente de segurança alto, nem o risco de falha implícito
por um coeficiente muito baixo. O critério para falha em
segurança considera a possibilidade de ocorrência de trincas
de fadiga e dispõem a estrutura de modo que as trincas não
a levem ao colapso antes de serem detectadas e reparadas;
▪ Metodologia de Projetos em Fadiga:
▪ Principais critérios de projeto:
▪ Projeto com tolerância ao dano: Este critério é um refino da
filosofia anterior de projeto. Partimos do princípio de que a
estrutura possui uma trinca, seja por defeito de fabricação,
seja devida à operação (fadiga, corrosão sob tensão, etc.), e
FADIGA

com os conceitos da Mecânica da Fratura são desenvolvidos


os projetos de modo que as trincas pré-existentes não
cresçam a um tamanho tal que leve à falha, antes que sejam
detectadas pelas inspeções periódicas.
▪ Projeto modelo de teste: Abordagem do modelo de teste em
produtos e componentes montados. Considera as condições de
serviço reais em que esses produtos serão utilizados. Elementos
finitos ou outras técnicas de análise estrutural são usados para
modelar o sistema montado. Em muitos casos, os resultados da
análise por modelo de teste são validados por meio de testes
experimentais usando protótipos reais do produto ou
componente montado.
▪ Efeito da Fadiga nos Tratamentos Térmicos:
▪ Durante os tratamentos térmicos, as mudanças microestruturais
nos materiais podem afetar sua resistência à fadiga. Por
exemplo, o recozimento pode eliminar defeitos de
microestrutura e melhorar a resistência à fadiga, enquanto
têmpera e revenido podem aumentar a resistência à tração, mas
FADIGA

também podem tornar o material mais suscetível à fadiga.


▪ Microestrutura e Fadiga:
▪ Os tratamentos térmicos afetam diretamente a microestrutura
do material, incluindo a distribuição de grãos e a presença de
impurezas e inclusões não metálicas. Esses fatores têm
influência sobre a iniciação e propagação de trincas de fadiga.
FADIGA

▪ Aspecto micrográfico de aço


meio doce moldado com alto
teor de fósforo notado pela
presença de um eutético
fosforoso, existente quando o
teor de fósforo se situa em
torno de 0,4%.
▪ Nucleação:
▪ A nucleação de fadiga refere-se ao estágio inicial do processo de
fadiga, no qual pequenas descontinuidades, trincas ou defeitos
microscópicos em um material começam a se desenvolver e
crescer.
FADIGA

▪ A nucleação pode ocorrer devido a diversas variáveis:


▪ Amplitude de carga cíclicas aplicadas;
▪ Existências de concentradores de tensões geométricos;
▪ Inclusões não metálicas;
▪ Rugosidade superficial;
▪ Dureza;
▪ Tamanho de grão;
▪ Orientação cristalográfica.
▪ Regiões nucleação de trinca por fadiga :
▪ Ranhuras na superfície do material provenientes do acabamento
superficial é um local com considerado aumento de tensões
devido as concentrações geométricas;
▪ Inclusões superficiais ocasionam uma descontinuidade no
material, uma vez que se trata de uma material com
FADIGA

propriedades totalmente distintas do metal base. Logo atuam


como concentradores de tensão;
▪ Os deslizamentos cíclicos acarretam na formação de
reentrâncias nos contornos de grão na superfície do material,
bem como nas bandas de deslizamentos preferenciais.
▪ Deslizamentos cíclicos: Fendas superficiais.
FADIGA
▪ Falhas por fadiga:
Esfera
FADIGA

Pista do
Rolamento

Maior ponto de carga


(sob a superfície)
▪ Falhas por fadiga:
FADIGA

▪ Trincas propagadas a partir da região de tensão


máxima (50 ~ 150 µm).
▪ Falhas por fadiga:
▪ O material do rolamento é, normalmente, um SAE 52100
(100Cr6). A microestrutura dos componentes (anel interno, anel
externo e esperas) é martensita temperada com austenita retida
até 7% (volume) e dureza de 62 HRC.
FADIGA
▪ Falhas por fadiga:
▪ Exemplos de falhas prematuras de rolamentos por fadiga.
FADIGA
▪ Falhas por fadiga:
FADIGA
▪ Máquina ensaio de fadiga:
▪ O ensaio de fadiga, também conhecido como ensaio de
resistência à fadiga, é um teste laboratorial projetado para avaliar
ENSAIO DE FADIGA

a capacidade de um material ou componente de resistir a falhas


devido a tensões cíclicas repetidas.

Extensômetro
▪ Ensaio:
▪ Fixação da amostra: A amostra é montada na máquina de ensaio de fadiga, que é
equipada com dispositivos para aplicar cargas cíclicas repetidas na amostra. A amostra
é normalmente fixada de forma que a área de interesse seja submetida a tensões
ENSAIO DE FADIGA

repetidas;
▪ Aplicação das cargas cíclicas: A máquina de ensaio aplica cargas cíclicas repetidas na
amostra, alternando entre tensão de tração e compressão, ou flexão, dependendo do
tipo de teste. As cargas são aplicadas em um padrão de ciclo predefinido, geralmente
com uma frequência específica.
▪ Ensaio:
▪ Monitoramento da deformação e do número de ciclos: Durante o ensaio, a máquina
registra continuamente a deformação na amostra e o número de ciclos de carga
aplicados. Isso permite acompanhar como a amostra se deforma sob as cargas cíclicas e
ENSAIO DE FADIGA

quantos ciclos são necessários para ocorrer a falha.


▪ Análise dos resultados: Os resultados do ensaio de fadiga são geralmente apresentados
em um gráfico conhecido como curva de resistência à fadiga. Essa curva mostra a
relação entre o número de ciclos e a tensão aplicada, destacando o ponto em que
ocorre a falha.
▪ Ensaio: Teste de durabilidade resistência à fadiga.
ENSAIO DE FADIGA

▪ Ensaios específicos podem ser


desenvolvidos dependendo do tipo de
componente que será testado.

▪ Exemplo: bancada de teste para


guidão de bicicletas. O teste simula
aplicação do produto em seu uso.
É aplicado cargas cíclicas em
pontos específicos para simular os
movimentos do ciclista.
COLPAERT, H. Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns, 4ª ed. Edgard Blücher, 2008.
SILVA, A. L. C.; MEI, P. R. Aços e Ligas Especiais, 2ª ed. Edgard Blücher Villares Metais, 2006.
CHIAVERINI, V. Aços Carbono e Ferro Fundido, 6ª ed. Associação Brasileira de Metais, 2005.
REFERÊNCIAS

INA Bearing Failure Mode Archive.


ISO 15234 – Rolling bearings – Damage anda failures – Terms, characteristics and causes, 2004.
FAG Rolling Bearing Damage.
SCHAEFFLER KG. Catálogo Rolling bearings - HR1, 2008.
▪ Questão:

Uma empresa de engenharia está desenvolvendo um componente crítico para


uma aplicação aeroespacial. Este componente será submetido a cargas cíclicas
repetidas durante sua vida útil. Os tecnólogos estão considerando a aplicação de um
tratamento térmico para melhorar a resistência à fadiga do material.
ATIVIDADE

A) Explique como um tratamento térmico pode afetar a resistência à fadiga de um


material metálico.

B) Quais são os principais fatores que os tecnólogos devem levar em consideração ao


escolher o tratamento térmico adequado para maximizar a resistência à fadiga deste
componente?

C) Descreva como um ensaio de fadiga poderia ser usado para avaliar os efeitos do
tratamento térmico na vida útil do componente.

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