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Tratamento Térmico e Seleção

dos Materiais

AULA 5 ENSAIO DE FADIGA

Sandro Alves Ferreira ON081115


Processos de Produção
Profº Mauro
Relatório de Tratamentos Térmicos- Laboratório
Aula 5 – Ensaio de Fadiga 2º sem / 2009

Introdução
Fadiga mecânica é a degradação das propriedades mecânicas levando à falha do material ou
de um componente sob carregamento cíclico.
No geral, fadiga é um problema que afeta qualquer componente estrutural ou parte que move.
Exemplos: automóveis nas ruas, aviões (principalmente nas asas) no ar, navios em alto mar,
constantemente em choque com as ondas, reatores nucleares, sendo assim um assunto de
extrema importância para os estudos dos materiais para construção mecânica.

 Teoria

Definição de Fadiga: é o fenômeno de diminuição da resistência mecânica devido a aplicação


de esforços cíclicos.

Um eixo por exemplo que é submetido, a uma rotação, e uma carga perpendicular ao seu eixo,
vai apresentar uma força de tração repetitiva, ou seja, cíclico. Isso faz com que o material sofra
por fadiga.

Gráfico de movimentos ciclicos

Figura 1 – Parâmetros de fadiga.

Intervalo da tensão cíclica: ∆σ = σmax-σmin


Amplitude da tensão cíclica: σa = (σmax-σmin)/2
Tensão média: σm = (σmax+σmin)/2
Razão de tensão: R = σmin/σmax,

Nucleação da Falha
A nucleação da falha pode se dar por uma descontinuidade interna ou externam, sendo
esta ultima mais freqüente. Pode também ser acidental (riscos de usinagem, falhas de
fundição), ou intencional (rasgo de chaveta, escalonamento).

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Propagação da Falha
Fratura Catastrófica
As rupturas promovidas por processos de fadiga distinguem-se por apresentarem três estágios
conhecidos. O primeiro estágio é o que abrange o período de nucleação da falha, onde a
iniciação ocorre devido à máxima tensão principal de cisalhamento a 45o com a tensão
principal de tração aplicada. O segundo estágio compreende a propagação de uma trinca, na
direção ortogonal à tensão de tração. Finalmente, ocorre a ruptura catastrófica, que é o terceiro
estágio, no momento em que a seção resistente diminui o suficiente para que não mais suporte
um ciclo de carga e rompa por sobrecarga.
Trincas de fadiga nucleiam em singularidades ou descontinuidades na maioria dos materiais.
Descontinuidades podem estar na superfície ou no interior do material. As singularidades
podem ser estruturais (tais como inclusões ou partículas de segunda fase) ou geométricas (tais
como riscos). Uma explicação para a nucleação preferencial de trincas de fadiga na superfície
pode ser devido ao fato que a deformação plástica é mais fácil na superfície e que os degraus
de escorregamento ocorrem também na superfície, além do fato que a máxima tensão estará
sempre posicionada em algum ponto da superfície. Contudo, trincas de fadiga também podem
iniciar no interior do corpo de prova (em descontinuidades ou defeitos internos). Degraus de
escorregamento sozinhos podem ser responsáveis pela nucleação de trincas ou estes podem
interagir com defeitos estruturais ou geométricos para formar as trincas. Singularidades
superficiais podem estar presentes desde o começo ou podem se desenvolver durante a
deformação Cíclica, como por exemplo, a formação de intrusões e extrusões, as quais são
chamadas de bandas de escorregamento persistentes em metais.

Ilustração da seqüência da Fratura catastrófica

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Propagação da trinca

A propagação corresponde ao crescimento da trinca num plano perpendicular à direção da


tensão normal principal (plano de carregamento). Este segundo estágio é o mais característico
da fadiga. É sempre visível a olho nú e pode corresponder a uma grande parte da seção
resistente. A superfície de fratura tem uma textura lisa e avança de forma semicircular
(formação das estrias de fadiga).
Para grandes amplitudes de tensão, uma fração muito grande da vida em fadiga (por volta de
90%) ocorre no estágio de crescimento ou propagação da trinca. Para um componente que
possui um entalhe, esta parcela torna-se ainda maior. Visto que, intrinsecamente os processos
de fabricação formarão trincas ou defeitos nos materiais, a parte de propagação pode ser uma
das etapas mais importantes no processo de fadiga.
Algumas trincas nuclearão na superfície e propagarão de acordo com direções preferenciais
nos planos orientados, aproximadamente, a 45o do plano de carregamento.
Durante este estágio, a propagação de trinca é da ordem de poucos micrometros ou menos por
ciclo . Após estes estágios, uma trinca dominante de poucas dezenas de milímetros começa a
propagar numa direção perpendicular ao plano de carregamento. Este é chamado de estágio II
e a superfície de fratura apresenta marcas de estrias ou estriações. Freqüentemente, cada
estria representa um ciclo de carregamento.
Existe uma outra importante característica no estágio II de fadiga, isto é, as chamadas “marcas
de praia”. Assim como as estrias, as marcas de praia também são semicirculares mas são,
entretanto, visíveis a olho nú. As marcas de praia podem ser originadas através dos diferentes
graus de oxidação produzidos nas sucessivas paradas para repouso do equipamento ou pela
variação nas condições de carregamento. Estas marcas representam milhares ou mesmo
milhões de ciclos e elas apontam para o local de início de propagação de trinca. A proporção
entre a etapa de propagação e a ruptura final indica o grau de sobrecarga da peça ou o
coeficiente de segurança aplicado.
A partir de um certo tamanho de trinca, todo o sistema torna-se instável e a seção
remanescente do componente não consegue suportar mais a carga aplicada e o material entra
em fratura catastrófica (estágio III).

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Estágios I, II e III da propagação de trinca em fadiga.

Fatores que influem na resistência à fadiga dos metais

Efeito da composição química e das condições de fabricação – O limite de fadiga depende


da composição, da estrutura granular, das condições de conformação mecânica, do tratamento
térmico dos metais, etc.

Efeito da temperatura – No caso de baixas temperaturas, experiências realizadas com liga de


Monel, aços inoxidáveis e aços com 3,5 % de Níquel, levaram a conclusão que a resistência à
fadiga não é consideravelmente afetada a temperaturas de até -40ºC.

Efeito da forma – A forma é um fator crítico, porque a resistência à fadiga é consideravelmente


afetada por descontinuidades nas peças.

Efeito das condições superficiais – Quanto melhor o grau de acabamento superficial maior
será a resistência à fadiga da peça.

Tratamento superficial – Vários métodos vem sendo utilizada para melhorar a resistência a
fadiga dos metais. Entre eles destacam-se os tratamentos superficiais que podem ser divididos
em dois grupos:
Os que envolvem modificações químicas: cementação, nitretação e endurecimento por chama
ou indução.
Os que envolvem modificações estruturais superficiais como o encruamento e jatopercussão.

Efeito da composição química

Efeito do carbono – Constatou-se a existência de aumento da tensão de fadiga para maiores


teores de carbono a um mesmo nível de dureza, acima de 45 HRC.

Efeito do chumbo – Este elemento do mesmo modo que o enxofre, é adicionado nos aços
para melhorar a usinabilidade. Para tensões de até 13000 psi o seu efeito nesta característica
é tão pequeno que se pode mesmo dizer ser inexistente.

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Acima deste valor os teores de chumbo passam a ser significativos, diminuindo sensivelmente
a tensão de resistência à fadiga. O efeito do chumbo foi estudado em aços que continham
0,20%.

Efeitos das inclusões de sulfetos – A principal influência do enxofre na resistência,


manifesta-se em corpos de prova que apresentam entalhes e que estão submetidos a elevados
níveis de tensões. Teores de enxofre de até 0,25% tem influência na tensão de resistência à
fadiga, baixando-a em cerca de 30%.

Microtextura

Encruamento – A estrutura do aço pode ser modificada pelo encruamento (deformação


plástica) o que provoca um aumento nos limites de escoamento, de resistência e na resistência
à fadiga.

Austêmpera – Testes em serviço tem mostrado que peças que foram tratadas desta forma,
são melhores do ponto de vista ao choque a fadiga do que as que foram temperadas. Com a
austêmpera, obtemos a Bainita com as seguintes vantagens:

• Ausência de tensões;
• Textura bainita – dureza elevada com certa ductilidade;
• Ausência do revenimento;

Direcionalidade – As peças laminadas têm propriedades à fadiga favorável com a direção que
se considera. As resistências à fadiga de aços transversais à laminação, são menores que as
longitudinais. Essa diferença persiste mesmo após o tratamento térmico de têmpera mais
revenido.

Austenita retida – Investigações em aços ferramentas mostraram que a resistência à fadiga


diminuía quando se aumentava a porcentagem de austenita retida em até 10%. Os aços
estudados foram o 4340,52100, D2 (aço ferramenta para trabalho a frio temperável em óleo
com 0,9% C, 1,6% Mn) e L6 (Aço ferramenta para fins especiais tipo baixa liga com 0,7% C,
0,75% Cr, 1,5% Ni, 0,25% Mo).

Ensaio realizado em laboratório

Equipamentos
• Máquina para ensaio de fadiga
• 04 cabeçotes
• Flexo - torção

Materiais

• Material SAE 1045 Bruto Laminado dureza de 223 HB


• CP = 160mm x 12mm rebaixo de 8mm X 25mm
• 160mm x 12mm rebaixo de 8mm X 25mm

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• Rotação: 3000 rpm;


• Força aplicada: 260N (~ 27Kgf);
• Tensão de ruptura por tração do material: 54 Kgf/mm2;

Dados
• P: 270 N / 27 kgf
• Tensão de flexão

Procedimento:

Acoplar o corpo de prova na máquina para ensaio de fadiga e ajustar os parâmetros da


máquina, conforme os dados.

A máquina apresenta um “contador de ciclos” que vai computando o número de ciclos que o
corpo de prova está sendo submetido.

O corpo de prova testado rompeu-se depois de 21.000 ciclos.

Conclusão

O estudo da fadiga dos materiais é de grande importância para que se possa fazer a escolha
correta do material a ser usado, visto que a maioria das fraturas ocorridas em elementos de
maquinas ocorre por fadiga, e essas fraturas podem ocasionar danos maiores como acidentes
e mortes. No ensaio do laboratório verificamos o rompimento de um corpo de prova,
rompimento este, que se iniciou em um risco de usinagem. Isto no leva a constatar que
superfície rugosa se comporta como um concentrador de tensões, assim, a superfície polida
seria o indicado para elementos que sofrerão esforços cíclicos e conseqüentemente fadiga.

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