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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE ENGENHARIA


MECÂNICA

CAPÍTULO 11 – CRESCIMENTO DE TRINCAS POR FADIGA

JOÃO PEDRO COSTA ELIZIÁRIO

CORNELIO PROCOPIO
2021
Livros Utilizados:

Comportamento Mecânico dos Materiais


Norman E. Dowling, 4ª ed.

Livro Base.
Sumário
11.1 Introdução
11.2.1 Necessidade de Analisar o Crescimento de Trincas
11.2.2. Definições para o Crescimento de Trincas por Fadiga
11.2.3. Descrevendo o Comportamento de Crescimento de Trincas
por Fadiga dos Materiais
11.2.4 Discussão
11.3.1. Métodos de Teste e Análise de Dados
11.3.2. Variáveis do Teste
11.3.3. Independência Geométrica das Curvas da/dN versus ∆K
Sumário
11.4. Efeitos de R = Smín /Smáx no crescimento de trincas por fadiga
11.4.1. A Equação de Walker
11.4.2. A Equação de Forman
11.4.3. Efeitos no ∆Kth
11.5. Tendências no comportamento do crescimento de trincas por
fadiga
11.5.1 Tendências com o material
11.5.2. Tendências com a Temperatura e o Ambiente
11.6. Estimativas de vida para carga de amplitudes constantes
11.6.1. Soluções Fechadas (Prontas)
Sumário
11.6.2. Comprimento de Trinca na Falha
11.6.3. Soluções por Integração Numérica
11.7.1. Soma dos Incrementos das Trincas
11.7.2. Método Especial para Histórias Estacionárias ou Repetitivas
11.7.3. Efeitos de Sequência
11.8 Considerações de projeto
11.9. Aspectos de plasticidade e limitações da MFLE para o
crescimento de trincas por fadiga
11.9.1. Plasticidade nas Pontas das Trincas
Sumário
11.9.2. Efeitos da Espessura e Limitações de Plasticidade
11.9.3. Limitações para Trincas Pequenas
11.1 - Introdução

A presença de uma trinca pode reduzir significativamente a resistência


de um componente de engenharia devido à ocorrência de fratura frágil,
No entanto, é raro que uma trinca de tamanho perigoso exista
inicialmente, embora isso possa ocorrer, como quando há um grande
defeito no material empregado para fazer um componente. Em uma
situação mais comum, uma pequena falha que estava inicialmente
presente desenvolve-se em uma trinca e depois cresce até atingir o
tamanho crítico para a fratura frágil.
 
A análise de engenharia para o crescimento de trincas é muitas vezes
necessária e pode ser feita empregando o conceito de intensidade de
tensão, K, da mecânica de fratura. A variável K quantifica a gravidade da
presença de uma trinca. Especificamente, K depende da combinação de
comprimento da trinca, carga aplicada e geometria presente conforme:

(1)
em que a é o comprimento da trinca, S é a tensão nominal e F é uma
função adimensional definida pela geometria e pelo comprimento relativo
da trinca, α = a/b. A taxa de crescimento de trincas por fadiga é
controlada por K. Portanto, a dependência de K em a e F faz com que as
trincas acelerem, à medida que crescem.
A variação do comprimento da trinca com o número de ciclos é assim
similar à Figura 11.1.

Figura 11.1 – Crescimento de uma trinca para a pior situação a partir do


comprimento mínimo detectável até a falha 
11.2.1 Necessidade de Analisar o Crescimento de
Trincas
Consideremos que determinado componente estrutural pode conter
trincas, mas nenhuma seja maior do que um comprimento mínimo
detectável, ad. Esta situação pode ser resultante de um plano de

inspeção que foi capaz de encontrar todas as trincas maiores do que ad,


de modo que ou todas essas trincas foram reparadas, ou as peças
sucateadas.
(As inspeções para verificação de trincas são feitas por uma variedade
de técnicas, incluindo exame visual, raios X, ultrassonografia e aplicação
de correntes elétricas, sendo que, neste último caso, uma trinca provoca
uma perturbação detectável no campo da tensão resultante.) A trinca de
comprimento inicial no pior caso, ad, que não é detectável, pode crescer

então até atingir um comprimento crítico ac, quando ocorre fratura frágil,

após Nif ciclos de carregamento. 
 
Se o número de ciclos esperado no serviço real for

Nessa equação é o número de ciclos na falha e o número de ciclos em


serviço.
 

Tal fator de segurança é necessário porque há incertezas quanto à


tensão real que ocorrerá em serviço, ao valor exato do tamanho de
trinca, ad, que pode ser encontrado de forma confiável e às taxas de
crescimento de trincas no material.
 

A resistência crítica para a fratura frágil do componente é determinada


pelo comprimento de trinca atual e pela tenacidade à fratura, Kc, para o
material e espessura envolvidos:

À medida que a trinca do pior caso (tamanho ad) aumenta, seu

comprimento cresce, fazendo com que a resistência, Sc, diminua até

ocorrer a falha, quando Sc atinge Smáx, que é o valor máximo para o


carregamento cíclico aplicado no momento em que ocorre a falha em
serviço.
Sc – Resistência crítica para fratura frágil
Smás – Resistência no momento em que ocorre a falha
 
O fator de segurança na tensão contra a fratura frágil repentina devido à
carga cíclica aplicada é dado por:

Esse fator de segurança é geralmente necessário, além de XN, devido à


possibilidade de uma carga alta inesperada que exceda à carga cíclica
normal. Dentro da vida útil real esperada, XC diminui e tem seu valor
mínimo no final desta vida útil.
Ocorre, por vezes, que a combinação de comprimento mínimo detectável
de trinca e a tensão cíclica é tal que a margem de segurança, como
expressa por XN e XC, é insuficiente. A previsão de falha antes de atingir

a vida útil real, XN < 1, pode até ocorrer. Assim, inspeções periódicas


para verificação de trincas são necessárias, seguindo-se a reparação
das trincas que excedem à ad ou a substituição da peça. Isso garante

que, após cada inspeção, não existam trincas maiores do que ad.


 
Assumindo que as inspeções são feitas em intervalos de Np ciclos, o
comprimento da trinca no pior caso aumenta devido ao crescimento
entre as inspeções, variando como mostrado na Figura 11.2. O fator de
segurança na vida é então determinado pelo período de inspeção:
Após cada inspeção, a força para o tamanho de trinca do pior caso
aumenta temporariamente, como mostrado na Figura 11.2 (b). 
A análise baseada na mecânica de fratura permite que as variações no
comprimento da trinca e na resistência sejam estimadas de forma que
fatores de segurança possam ser avaliados. Quando são necessárias
inspeções periódicas, a análise da mecânica de fratura permite assim
definir um intervalo de inspeção seguro. Por exemplo, para grandes
aeronaves militares e civis, as trincas são tão comumente encontradas
durante as inspeções periódicas que a operação segura e a manutenção
econômica são criticamente dependentes da análise pela mecânica de
fratura. O termo projeto tolerante ao dano é usado para identificar essa
abordagem de exigir que as estruturas sejam capazes de sobreviver
mesmo na presença de trincas crescentes.
11.2.2. Definições para o Crescimento de Trincas por Fadiga

Considere uma trinca crescente que aumenta seu comprimento de uma


quantidade ∆a devido à aplicação de um número de ciclos ∆N. A taxa de
crescimento com os ciclos pode ser caracterizada pela razão ∆a/∆N ou,
para pequenos intervalos, pela derivada da/dN. Um valor da taxa de
crescimento de trincas por fadiga, da/dN, é a inclinação em um ponto na
curva a versus N, como na Figura 11.1 (a).
Assuma que a carga aplicada é cíclica, com valores constantes
em Pmáx e Pmín. As tensões nominais da seção bruta correspondente

são Smáx e Smín, também constantes. Para o trabalho de crescimento de


trincas por fadiga, é convencional utilizar a faixa de tensões, ∆S, e a
razão de tensões, R, que são definidas como nas Equações a seguir:
 

A principal variável que afeta a taxa de crescimento de uma trinca é a


variação do fator de intensidade de tensão. Isso é calculado a partir da
variação da tensão, ∆S:
 

O valor de F depende apenas da geometria e do comprimento relativo da


trinca, α = a/b, como se o carregamento não fosse cíclico. Como, de
acordo com a Equação 11.1, K e S são proporcionais para determinado
comprimento de trinca, os valores máximos, mínimos, a faixa e a
razão R para K durante um ciclo de carga são respectivamente dados
por:
 
11.2.3. Descrevendo o Comportamento de Crescimento de Trincas
por Fadiga dos Materiais
Para determinado material e conjunto de condições de ensaio, o
comportamento do crescimento de trincas pode ser descrito pela relação
entre a taxa de crescimento cíclico de trincas, da/dN, e a variação da
intensidade de tensões, ∆K. Para valores intermediários de ∆K, muitas
vezes há uma linha reta no gráfico log-log, como neste caso. Uma
relação representativa desta linha é:

em que C é uma constante e m é a inclinação no gráfico log-log.


Taxas de crescimento de
trinca por fadiga em uma
ampla faixa de intensidades
de tensão para um aço (dúctil)
empregado em vaso de
pressão. Três regiões de
comportamento estão
indicadas: (a) crescimento
lento próximo ao limiar
(threshold), ∆Kth; (b) região
intermediária, obedecendo a
uma equação exponencial, e
(c) crescimento instável
rápido. (Traçado a partir dos
dados originais do estudo de
[Paris 72].)
Em baixas taxas de crescimento, a curva geralmente se torna íngreme e
parece aproximar-se de uma assíntota vertical, denominada ∆Kth, que é
chamada limiar (threshold) de crescimento de trinca por fadiga. Esta
quantidade é interpretada como um valor limitante inferior de ∆K abaixo do
qual o crescimento da trinca normalmente não ocorre. Sob taxas de
crescimento elevadas, a curva pode voltar a ser íngreme, devido ao rápido
crescimento instável da trinca imediatamente antes da falha final sob a peça
teste.
Tal comportamento pode ocorrer quando a zona plástica é pequena,
caso em que a curva se aproxima de uma assíntota correspondente
a Kmáx = Kc, a tenacidade à fratura para o material e a espessura de
interesse. O crescimento instável rápido em ∆K elevado às vezes
envolve o completo escoamento plástico. Nestes casos, o uso de
∆K para esta parte da curva é impróprio, uma vez que as limitações
teóricas do conceito de K são excedidas.
O valor da relação entre tensões R afeta a taxa de crescimento de uma
maneira análoga aos efeitos observados nas curvas S-N para diferentes
valores de R ou de tensão média. Para dado ∆K, o aumento
de R incrementa a taxa de crescimento e vice-versa. Alguns dados que
ilustram este efeito para um aço são mostrados na Figura 11.4.
Figura 11.4 - Efeito da
razão R sobre as taxas de
crescimento de trincas por
fadiga para um aço-liga.
Para R <0, a porção
compressiva do ciclo de
carga foi incluída aqui no
cálculo de ∆K. (Dados de
[Dennis 86].)
Constantes C e m para a região intermediária onde a Equação 11.10 é
aplicável foram sugeridos por Barsom & Rolfe (1999) para várias categorias de
aço. Estes valores aplicam-se a R ≈ 0 e estão dados na Tabela 11.1.
O valor de m é importante, pois indica o grau de sensibilidade da taxa de
crescimento à tensão. Por exemplo, se m = 3, dobrando a faixa de
tensão ∆S duplica-se a faixa de intensidade de tensão ∆K, aumentando
assim a taxa de crescimento em um fator de 2m = 8.
11.2.4 Discussão

O caminho lógico envolvido na avaliação do comportamento do crescimento de


trincas em um material e o uso dessa informação estão resumidos na 
Figura 11.5. Em primeiro lugar, é utilizada uma geometria de corpo de prova
conveniente para realizar ensaios em vários níveis de carregamentos
diferentes, de modo que é obtida uma ampla faixa de taxas de crescimento de
trinca por fadiga.
As taxas de crescimento são então avaliadas e traçadas versus ∆K para
obter a curva da/dN versus ∆K. Essa curva pode ser utilizada
posteriormente numa aplicação de engenharia, com valores de
∆K calculados apropriadamente para a geometria do componente de
particular interesse. As curvas de comprimento de trinca versus ciclos
para um comprimento de trinca inicial específico podem então ser
previstas para o componente, levando às estimativas de vida e à
determinação de fatores de segurança e intervalos de inspeção, como
discutido anteriormente.
Figura 11.5 - Passos na obtenção dos dados da/dN versus ∆K e
sua utilização para uma aplicação de engenharia.
Exemplo 11.1
Obtenha valores aproximados das constantes C e m e utilize a Equação 
11.10 para os dados em R = 0,1 na Figura 11.4.
Solução
Os dados parecem ajustar-se bem em uma linha reta no gráfico log-log,
então é razoável aplicar a Equação 11.10. O alinhamento dos dados pode
ser feito através de uma linha reta que passa perto de dois pontos, da
seguinte maneira:
Aqui, são utilizadas unidades de MPA(m^1/2) e mm/ciclo. Aplicando a
Equação 11.10 a estes dois pontos, denotando-os como (∆KA, da/dNA) e

(∆KB, da/dNB):

Elimine C entre estas duas equações, dividindo uma pela outra:


Tomando logaritmos para ambos os lados e resolvendo para m tem-se:

Em seguida, obtenha C substituindo este m em uma versão da Equação 11.10,


para um ponto conhecido, por exemplo (21; 10−5):
11.3. Ensaio da taxa de crescimento de trincas por fadiga

11.3.1. Métodos de Teste e Análise de Dados


Num ensaio típico, uma carga cíclica de amplitude constante é aplicada a
uma amostra de tamanho tal que sua largura b (como definido no 
Capítulo 8) seja da ordem de 50 mm. Antes de iniciar o teste, é
necessário uma pré-trinca. Isso é conseguido usinando um entalhe
afiado na amostra e, em seguida, iniciando uma trinca neste entalhe
através de um carregamento cíclico a um nível baixo.
Após a obtenção da pré-trinca, o carregamento cíclico é alterado para
um nível mais alto e empregado para o resto do teste. O progresso da
trinca é registado em termos do número de ciclos necessários para que o
seu comprimento atinja 10, 20 ou mais valores diferentes, estando esses
valores distantes cerca de 1 mm entre si, para uma amostra de
tamanho b ≈ 50 mm. Os dados do comprimento da trinca resultante
podem então ser traçados como pontos discretos, em relação aos
números de ciclos correspondentes, como na Figura 11.6.
Figura 11.6 Taxa de crescimento de trinca por fadiga obtida de pares
adjacentes de pontos de dados a versus N.
Para medir esses comprimentos de trincas, uma abordagem é o simples
acompanhamento visual, através de um microscópio de baixa potência
(de 20 a 50x), quando a trinca atingir comprimentos que forem
previamente marcados na amostra. Um arranjo para este tipo de teste é
mostrado na Figura 11.7. Podem ser utilizados meios mais sofisticados
para medir os comprimentos da trinca. Por exemplo, à medida que a
trinca cresce, a deflexão da amostra aumenta, resultante da sua
diminuição na rigidez. Esta alteração de rigidez pode ser medida e
utilizada para calcular o comprimento da trinca. 
Outra abordagem é passar uma corrente elétrica pela amostra e medir
as mudanças no campo de tensão devido ao crescimento da trinca, a
partir do qual podemos obter o seu comprimento. Ondas ultrassônicas
também podem ser refletidas a partir da trinca e usadas para medir o seu
progresso.
 Figura 11.7 - Ensaio de
taxa de crescimento de
trinca por fadiga em
curso (à esquerda) numa
amostra compacta (b = 51
mm), com um
microscópio e uma luz
estroboscópica sendo
utilizados para
monitorizar visualmente o
crescimento da trinca. Os
números de ciclos são
gravados quando a trinca
alcança cada uma das
linhas riscadas na
superfície da amostra
(direita). 
Para obter taxas de crescimento a partir dos dados de comprimento de
trinca versus ciclos, uma abordagem simples e geralmente adequada é
calcular as inclinações da linha reta definida entre os pontos de dados,
como mostrado na Figura 11.6. Se os pontos de dados são numerados 1,
2, 3.. . j, então a taxa de crescimento para o segmento que termina no
ponto número j é:
O ∆K correspondente é calculado a partir do comprimento médio da
trinca durante o intervalo, através de uma das duas equações:

Emprega-se a equação que for mais conveniente no uso. Na primeira


equação,
O fator geométrico F = F (α) ou FP = FP (α), em que α = a/b, é avaliado
com o mesmo comprimento médio de trinca, usando:
11.3.2. Variáveis do Teste

Os testes de crescimento de trincas são mais comumente


realizados com carregamento variando de zero a uma tensão
máxima, com R = 0 ou com um carregamento tensão-tensão com
um pequeno valor de R, tal como R = 0,1. As variações de R na
faixa de 0 a 0,2 têm pouco efeito na maioria dos materiais e os
testes nesta faixa são aceitos, por convenção, como a base
padrão para comparar os efeitos de vários materiais, ambientes
etc. Geralmente, é necessário testar várias amostras em diferentes
níveis de carga para obter dados em uma ampla faixa de taxas de
crescimento.
Para obter dados mais completos, podem ser realizados grupos de
vários testes para cada um dos vários valores de R adotados.
Além disso, se forem desejados dados na região ∆Kth, será
necessário realizar um teste especial com carga decrescente, tal
como descrito na Norma ASTM E647.
Tais resultados para um aço são mostrados nas Figuras 11.8 e
11.9.
FIGURA 11.8 Dados de comprimento de trinca versus número de ciclos para quatro
níveis diferentes de carregamentos cíclicos aplicados a corpos de prova compactos de
aço-liga.
11.3.3. Independência Geométrica das Curvas da/dN versus ∆K

Para dado material e conjunto de condições de ensaio, tais como um


valor R específico, frequência de ensaio e ambiente, as taxas de crescimento
devem depender apenas de ∆K. Isso decorre simplesmente do fato de
que K caracteriza a severidade de uma combinação de carga, geometria e
comprimento de trinca, e ∆K possui a mesma função para carregamento
cíclico.
11.3.3. Independência Geométrica das Curvas da/dN versus ∆K

. Assim, independentemente do nível de carga, do comprimento da trinca e da


geometria da amostra, todos os dados da/dN versus ∆K para um conjunto de
condições de teste devem cair juntos ao longo de uma única curva, exceto por
um espalhamento estatístico, naturalmente esperado. Isso ocorre para os
diferentes níveis de carregamento e comprimentos de trinca envolvidos nas 
Figuras 11.8 e 11.9. Deve haver uma única tendência, ainda que mais de uma
geometria de amostra esteja incluída nos testes. Alguns dados que
demonstram a independência da geometria são mostrados na Figura 11.10.
 
 
11.4. Efeitos de R = Smín /Smáx no crescimento de trincas por fadiga

Um aumento na razão R do carregamento cíclico faz com que as taxas


de crescimento para dado ∆K sejam maiores, o que já foi ilustrado pela 
Figura 11.4. O efeito é geralmente mais pronunciado para materiais mais
frágeis. Por exemplo, os dados obtidos a partir de uma rocha de granito,
conforme mostrados na Figura 11.11, apresentam um efeito extremo,
sendo sensível a mudança com um pequeno aumento em R de 0,1 para
apenas 0,2.
Em contraste, o aço comum e outros metais estruturais altamente dúcteis
e de baixa resistência apresentam apenas um efeito fraco com os
valores de R, na região de taxa de crescimento intermediário da
curva da/dN versus ∆K.
11.4. Efeitos de R = Smín /Smáx no crescimento de trincas por fadiga
 11.4.1. A Equação de Walker

Várias relações empíricas são empregadas para caracterizar o efeito


de R sobre as curvas da/dN versus ∆K. Uma das equações mais
amplamente utilizadas baseia-se na aplicação da relação Walker,
Equação 10.38, para o fator de intensidade de tensão K:

em que γ é uma constante para o material e  é a variação equivalente da


intensidade de tensão durante um ciclo de zero ao valor máximo da
carga (R = 0)
11.4.1. A Equação de Walker

Aplicando a Equação 9.4 (a) a K, o que dá ∆K = Kmáx (1-R), a Equação 


11.15 é considerada equivalente a:

Se a constante C da Equação 11.10 for denotada C0 para o caso


especial de R = 0:
11.4.1. A Equação de Walker

podemos substituir por ∆K na Equação anterior.

Isso representa uma família de curvas da/dN versus ∆K que, em um gráfico log-


log, são todas linhas retas paralelas de inclinação m. Alguma manipulação leva a
11.4.1. A Equação de Walker

Comparando isso com a Equação 11.10, vemos que m não é esperado que seja


afetado por R, mas C se torna uma função de R.

Isso
  representa uma família de curvas da/dN versus ∆K que, em um gráfico log-
log, são todas linhas retas paralelas de inclinação m. Alguma manipulação leva a
 
Valores da constante γ para vários metais giram tipicamente em torno de 0,5;
variando de cerca de 0,3 a quase 1. 

 
11.4.2. A Equação de Forman
Outra generalização proposta para incluir os efeitos da razão entre tensões, R, é a
de Forman:

Onde Kc é a tenacidade à fratura para o material e a espessura de interesse. A


segunda forma surge da primeira simplesmente aplicando a Equação 9.4 (a) a
∆K no denominador. Quando Kmáx se aproxima de Kc, o denominador aproxima-
se de zero e da/dN torna-se grande. 
Assumindo que dados de crescimento de trinca estão disponíveis para
vários valores de R, podemos ajustá-los à Equação, calculando o
seguinte parâmetro para cada ponto de dados:
Se estes valores de Q forem traçados versus os valores de
∆K correspondentes num gráfico log-log, espera-se uma linha reta. Isso é
ilustrado para a liga de alumínio 7075-T6 na Figura 11.13. A inclinação da
linha Q versus ∆K no gráfico log-log é dada por m2, e C2 é o valor
de Q em ∆K = 1.
FIGURA 11.13 Efeito da razão R sobre as taxas de crescimento de trinca na liga de alumínio
7075-T6 (a) e correlação destes dados com base na equação de Forman (b), com as
constantes listadas na Tabela 11.3.
11.4.3. Efeitos no ∆Kth

A razão entre tensões, R, geralmente influencia fortemente o


comportamento em baixas taxas de crescimento de trinca e, por
conseguinte, também sobre o valor limiar ∆Kth. Isso ocorre mesmo para
metais de baixa resistência, nos quais há pouco efeito nas taxas de
crescimento intermediárias. Alguns valores de ∆Kth para vários aços numa
faixa de razões R são mostrados na Figura 11.14. O limite inferior da
dispersão mostrada corresponde a um ∆Kth, calculados conforme:
FIGURA 11.14 Efeito da razão R no limiar ∆Kth para vários aços.
A expressão de Walker, na forma da Equação 11.15, é empregada às
vezes para representar o efeito da razão R em ∆Kth para dado material:
11.4.4. Discussão

Uma alternativa para obter uma curva com constantes empíricas é usar
um procedimento de pesquisa em tabela (table lookup procedure). Neste
caso, os dados numéricos de da/dN versus ∆K para várias razões R são
tabulados em um computador e é utilizada interpolação para determinar
um valor de da/dN para uma combinação desejada de ∆K e R. 
Uma abordagem simples, mas aproximada, para representar o
comportamento da/dN versus ∆K está ilustrada na Figura 11.15. Na
região intermediária, use a relação de Walker, Equação 11.19, com
constantes de materiais, C0, m e γ, adequadamente ajustadas. Então, na
região do limiar, suponha que há uma transição abrupta para um limite
vertical, ∆Kth, como dado pela Equação 11.25 ou por outra relação
análoga. 
FIGURA 11.15 Representação aproximada
de da/dN versus ∆K com a inclusão dos
efeitos da razão entre tensões R. A
equação de Walker é usada para a região
intermediária, junto com um limite para o
limiar possível a baixas taxas de
crescimento. Existe também um limite de
instabilidade a taxas de crescimento
elevadas, devido a falha por fratura ou
escoamento generalizado (deformação
plástica).
O uso de uma constante de resistência à fratura Kc nas equações de
Forman e outras equações de crescimento de trincas é necessário para
uma representação precisa do comportamento em altas taxas de
crescimento. No entanto, alguns cuidados são necessários.
Primeiro, Kc varia com a espessura exceto no estado de deformação

plana, no qual aplica-se KIc. Além disso, o carregamento cíclico severo,


que ocorre imediatamente antes da fratura frágil no final de um teste de
crescimento de trincas, pode alterar Kc, aumentando-o para certos
materiais e diminuindo-o para outros.
E, ainda, para materiais dúcteis de alta tenacidade, tais como aço baixo carbono
comum, os testes de crescimento de trinca por fadiga podem terminar devido ao
escoamento generalizado, em vez de uma fratura frágil. Não é então apropriado
obter um valor Kc a partir de tais dados.
11.5.1 Tendências com o material

O comportamento do crescimento de trincas ao ar e à temperatura


ambiente pode variar apenas modestamente dentro de uma classe de
materiais bem definida.
Por exemplo, os dados para R ≈ 0 para vários aços ferrítico-perlíticos
são mostrados na Figura 11.16. Uma expressão na forma da Equação 
11.10 é mostrada como representação do pior caso para os vários aços
testados, sendo que esta equação corresponde às constantes listadas
na Tabela 11.1.
11.5. Tendências no comportamento do crescimento de trincas por
fadiga
Se forem consideradas várias classes principais de metais, tais como
aços, ligas de alumínio e ligas de titânio, as taxas de crescimento de
trincas diferem consideravelmente quando comparadas em um gráfico
de da/dN versus ∆K. No entanto, os valores de ∆K, correspondem,
grosseiramente, ao módulo de elasticidade, E, para dada taxa de
crescimento de trinca. Por conseguinte, um gráfico de da/dN
versus ∆K/E remove grande parte da diferença entre estes vários metais,
como mostrado na Figura 11.18. 
Tendências para o
crescimento de
trincas por fadiga
para vários metais
correlacionados
graficamente através
dos valores de ∆K/E.
11.5.2. Tendências com a Temperatura e o Ambiente

Alterar a temperatura geralmente afeta a taxa de crescimento de trincas


por fadiga, com temperaturas maiores normalmente causando
crescimento mais rápido. Os dados que ilustram tal comportamento para
o aço inoxidável austenítico (de estrutura CFC) AISI 304 estão
apresentados na Figura 11.21 (esquerda). No entanto, uma tendência
oposta pode ocorrer em metais CCC, devido ao mecanismo de clivagem
que contribui para o crescimento da trinca por fadiga em baixas
temperaturas (Seção 8.6). Tal tendência para uma liga de Fe-21Cr-6Ni-
9Mn está ilustrada na Figura 11.21 (direita). 
FIGURA 11.21 Efeito
da temperatura sobre
as taxas de
crescimento de trinca
por fadiga em dois
metais
11.6. Estimativas de vida para carga de amplitudes constantes
Uma vez que ∆K aumenta com o comprimento da trinca durante
carregamento de amplitude constante, ∆S, e uma vez que a taxa de
crescimento da trinca, da/dN, depende de ∆K, a taxa de crescimento não
é constante, mas aumenta com o comprimento da trinca. Em outras
palavras, a trinca acelera, à medida que cresce, como nos dados da 
Figura 11.8.
11.6. Estimativas de vida para carga de amplitudes constantes

Esta situação de mudança do da/dN requer o uso de um procedimento


de integração para obter a vida requerida para o crescimento da trinca.
As taxas para o crescimento de trinca, da/dN, para determinada
combinação de material e razão R, são dadas como uma função de
∆K pelas Equações 11.10, 11.18 e 11.22, e por outras equações
semelhantes, que podem ser representadas em geral por:
11.6.1. Soluções Fechadas (Prontas)

Considere uma situação na qual as taxas de crescimento são dadas pela


Equação 11.10 e a expressão F = F (a/b) da Equação 11.7 pode ser
aproximada como sendo uma constante na faixa de comprimentos de
trinca de interesse, de ai a af:
O valor de C utilizado pode incluir o efeito da razão R = Smín/Smáx, a partir

da abordagem de Walker. Suponha que Smáx e Smín sejam constantes, de


modo que ∆S e R também sejam ambos constantes. Substituindo esta
condição particular f(∆K, R) na Equação 11.27 e, em seguida,
substituindo por ∆K é:

Uma vez que C, F, ∆S e m são todos constantes e a única variável é o


tamanho da trinca, a, a integração é direta, dando:
11.6.2. Comprimento de Trinca na Falha

Ao empregar a Equação  para estimar a vida para o crescimento de uma


trinca, o comprimento final da trinca é muitas vezes desconhecido e deve
ser determinado antes que a equação possa ser aplicada. Além disso,
se F é tomado como constante, é também necessário
determinar Ff = F (af/b), para que se possa confirmar se este valor não

difere em excesso de Fi = F (ai/b). Se Ff e Fi diferem entre si,

aproximadamente, mais de 15 a 20%, o maior erro resultante em Nif,


devido ao uso de um valor constante, será em geral inaceitável.
11.6.2. Comprimento de Trinca na Falha

Sob carga cíclica de amplitude constante, o valor Kmáx correspondente

a Smáx aumenta, à medida que o crescimento da trinca prossegue.

Quando o Kmáx atinge a tenacidade à fratura Kc para o material e a

espessura de interesse, espera-se uma falha no comprimento ac que é


crítico para a fratura frágil:
11.6.2. Comprimento de Trinca na Falha

Para realizar uma integração numérica, é útil empregar a Equação 11.27


 na forma da Equação 11.29. Primeiro, escolha um número de
comprimentos de trinca entre ai e af:

Para cada um destes e para o material, geometria e carregamento de


interesse sob análise, calcule ∆K e depois da/dN, invertendo este último
resultado para obter dN/da.
Finalmente, encontre Nif como a área sob a curva dN/da versus

a entre ai e af. Isso pode ser feito para qualquer forma matemática das
equações ∆K e da/dN. Por exemplo, para as formas da Equação 11.30,
considerando valores de F variáveis, o dN/da para qualquer comprimento
de trinca dado, aj, é:
Um método relativamente simples de integração numérica, geralmente
descrito em livros sobre análise numérica, é a regra de Simpson. Para
empregá-la, considere três comprimentos de trinca vizinhos, aj, aj + 1 e aj

, como mostrado na Figura 11.27. Entre aj e aj + 2 pode-se fazer uma


+ 2

estimativa da área sob a curva y = dN/da assumindo que uma parábola


passe através dos três pontos (aj, yj), (aj + 1, yj + 1) e (aj + 2, yj + 2). Se os
pontos estiverem igualmente espaçados por um valor ∆a, a estimativa de
área será:
FIGURA 11.27 Área sob a curva dN/da versus a ao longo de dois intervalos
∆a, conforme estimado pela regra de Simpson.
11.7. Estimativas de vida para carga de amplitudes variáveis

Mesmo quando os níveis de tensão variam durante o crescimento da


trinca, ainda podem ser feitas estimativas da vida. Uma abordagem
simples é assumir que o crescimento de determinado ciclo não é afetado
pela história anterior – isto é, os efeitos da sequência de
carregamento não existem. Efeitos intensos da sequência de
carregamento podem ocorrer em situações especiais, mas muitas vezes
é útil e suficientemente preciso negligenciá-los.
11.7.1. Soma dos Incrementos das Trincas

O crescimento da trinca, ∆a, em cada ciclo individual de carga de


amplitude variável pode ser estimado a partir da curva da/dN
versus ∆K do material. O somatório dos valores de ∆a, ao se manter
controlado o número de ciclos aplicados, leva a uma estimativa da vida.
Tal procedimento é equivalente a uma integração numérica na qual a, em
vez de N, é a variável dependente.
Portanto, se o comprimento atual da trinca é aj e o incremento for ∆aj, o

novo valor do comprimento da trinca, aj + 1, para o próximo ciclo é:


em que o ∆a é numericamente igual à da/dN, uma vez que ∆N = 1 para um
ciclo. Chamando o comprimento inicial da trinca como ai, verificamos que o
comprimento da trinca após N ciclos é:
11.7.2. Método Especial para Histórias Estacionárias ou Repetitivas

Em alguns casos, pode ser razoável aproximar o histórico de


carregamento em serviço real como sendo equivalente a aplicações
repetidas de uma sequência de carregamentos de comprimento finito. Isso
pode ser útil quando ocorrem algumas condições frequentes, tais como
ciclos de elevação de uma grua ou voos de uma aeronave. E também
aplicado para carregamentos aleatórios, com características constantes
com o tempo, chamados carregamentos estacionários.
O crescimento da trinca pode ser então estimado por um procedimento
alternativo que é equivalente à soma dos incrementos de trinca. A
derivação matemática necessária será descrita a seguir.
Primeiro, suponha que o comportamento da/dN versus ∆K obedeça a uma
relação exponencial na forma da Equação 11.10. O incremento no
comprimento da trinca para qualquer ciclo (∆N = 1) é então:
Se o histórico de carga repetitiva contiver um número de ciclos NB, o
aumento no comprimento da trinca durante uma repetição deste histórico é
obtido pelo somatório:

A taxa média de crescimento por ciclo durante uma repetição da história de


carregamento é:
11.7.3. Efeitos de Sequência

Considere a situação da Figura 11.28. Depois de uma sobrecarga devido à


aplicação de uma alta tensão, como no caso C, a taxa de crescimento
observada nos ciclos anteriores é diminuída. O crescimento torna-se mais
lento do que o normal durante um grande número de ciclos até que a
trinca cresça além da região afetada pela sobrecarga, sendo que o
tamanho desta região está relacionado com o tamanho da zona plástica
desenvolvida na ponta da trinca devido à sobrecarga
11.7.3. Efeitos de Sequência

FIGURA 11.28 Efeito de sobrecargas no crescimento de trincas por fadiga em


placas com trinca central (b = 80 mm, t = 2 mm) constituídas de liga de alumínio
2024-T3
11.7.3. Efeitos de Sequência

Uma sobrecarga de tração introduz uma tensão residual compressiva em


torno da ponta da trinca de uma maneira semelhante ao componente
entalhado da Figura 10.28. Esta compressão tende a manter a ponta da
trinca fechada durante os ciclos de nível de carregamento inferiores
subsequentes, retardando o crescimento da trinca. A magnitude do efeito
está relacionada com a relação Smáx 2/Smáx 1, em que Smáx 2 é a sobrecarga

de tensão e Smáx 1 é o valor de pico do nível anterior à sobrecarga. Para


valores maiores que aproximadamente 2,0 o crescimento da trinca pode
ser interrompido – isto é, parado completamente.
11.7.3. Efeitos de Sequência

Por outro lado, se a razão for inferior a cerca de 1,4, o efeito é pequeno.
As sobrecargas de compressão têm um efeito oposto, mas menor. O efeito
do pico de compressão não é tão grande, porque a trinca tende a fechar
durante a sobrecarga, de modo que as faces da trinca apoiam-se
transferindo grande parte da carga de compressão, de forma a proteger a
ponta da trinca deste efeito. Além disso, o efeito de uma sobrecarga de
tração é muito reduzido se for seguido por uma sobrecarga compressiva,
como no caso B da Figura 11.28.
11.8. Considerações de projeto
Quando se utiliza uma abordagem tolerante a danos, os componentes
críticos devem ser concebidos para ser acessíveis à inspeção. Por
exemplo, trincas nos furos de fixação (por rebite ou parafuso) são
preocupantes na estrutura de uma aeronave e o acesso ao interior da
superfície da fuselagem ou da estrutura de asa pode ser necessário para
situações como a ilustrada na Figura 11.29. Se forem necessárias
inspeções periódicas, o projeto deve considerar a desmontagem das
partes quando for necessário realizar a inspeção.
11.8. Considerações de projeto
11.8. Considerações de projeto

Por exemplo, em aviões grandes, os assentos de passageiros, os


painéis interiores e até mesmo a pintura são removidos, e algumas
peças estruturais desmontadas, para inspeções periódicas dispendiosas,
mas necessárias. Medidas específicas também podem ser tomadas pelo
projetista para permitir que as estruturas funcionem sem apresentar falha
súbita, mesmo se que uma grande trinca se desenvolva.
11.8. Considerações de projeto

Alguns exemplos para a estrutura da aeronave estão ilustrados nas 


Figuras 11.30 e 11.31. Enrijecedores retardam o crescimento da trinca, e
junções dos painéis da fuselagem podem ser introduzidas
intencionalmente, de modo que uma trinca em um painel tenha a
dificuldade de crescer para o seguinte. Da mesma forma, pode-se
empregar um componente adicional (normalmente uma placa) para
aprisionar ou deter uma trinca, e também para diminuir as tensões em
uma área crítica e fornecer algum aumento de resistência, mesmo se
uma trinca se iniciar nesta região.
11.8. Considerações de projeto
11.9. Aspectos de plasticidade e limitações da MFLE para o
crescimento de trincas por fadiga
Durante o carregamento cíclico, existe uma região de escoamento
reverso na ponta da trinca e o tamanho desta região pode ser estimada
por um procedimento semelhante ao aplicado à carga estática, na 
Seção 8.7. Desta forma, podem ser analisadas as limitações de
plasticidade apresentadas pela MFLE para o crescimento da trinca por
fadiga. Também são necessárias limitações se a trinca for tão pequena
que o seu tamanho é comparável ao das características microestruturais
do material.
11.9. Aspectos de plasticidade e limitações da MFLE para o
crescimento de trincas por fadiga
Durante o carregamento cíclico, existe uma região de escoamento
reverso na ponta da trinca e o tamanho desta região pode ser estimada
por um procedimento semelhante ao aplicado à carga estática, na 
Seção 8.7. Desta forma, podem ser analisadas as limitações de
plasticidade apresentadas pela MFLE para o crescimento da trinca por
fadiga. Também são necessárias limitações se a trinca for tão pequena
que o seu tamanho é comparável ao das características microestruturais
do material.
11.9.1. Plasticidade nas Pontas das Trincas

a vizinhança imediata da ponta da trinca, há uma separação finita, δ,


entre as faces da trinca, conforme discutido no Capítulo 8. O
comportamento na escala de tamanho de δ determina como a trinca
avança através do material durante o carregamento cíclico. Os detalhes
não são totalmente compreendidos, eles variam com o material e
também com o nível de K para determinado material. Nos metais dúcteis,
considera-se que o processo de avanço da trinca durante um ciclo é
semelhante ao da Figura 11.32. 
11.9.1. Plasticidade nas Pontas das Trincas

A deformação localizada devido ao deslizamento de planos cristalinos


ocorre e é mais intensa em faixas acima e abaixo do plano da trinca. A
ponta da trinca move-se para frente e torna-se arredondada, à medida
que a carga máxima é atingida, e se afina (torna-se mais aguda)
novamente durante a diminuição da carga. Este processo resulta em
estrias na superfície da fratura, como ilustrado anteriormente na 
Figura 9.22.
11.9.1. Plasticidade nas Pontas das Trincas

FIGURA 11.32 Comportamento de deformação plástica hipotético na


ponta de uma trinca de fadiga crescente durante um ciclo de
carregamento.
O tamanho da zona plástica cíclica, na qual o escoamento ocorre não
apenas em tração, mas também em compressão, pode, portanto, ser
aproximada, empregando-se ∆K no lugar de K e 2σ0 no lugar de σ0 na
equação da estimativa da zona plástica monotônica:
Podemos compreender melhor as zonas plásticas monotônica e cíclicas
considerando a história tensão-deformação num ponto do material, à
medida que a trinca se aproxima, como ilustrado na Figura 11.34
. Quando o ponto observado ainda está fora da zona plástica
monotônica, não ocorre escoamento. O escoamento começa, mas
somente na direção da tração, quando o limite da zona plástica
monotônica passa pelo ponto. Uma vez que o limite de zona de plástica
cíclica passa, ocorre escoamento em compressão e tração ao longo de
cada ciclo de carregamento.
FIGURA 11.34 Comportamento tensão-deformação em um ponto
quando a ponta de uma trinca por fadiga crescente se aproxima.
Para os ciclos selecionados (a), as posições relativas do ponto e da
ponta da trinca são mostradas em (b) e as respostas tensão-
deformação em (c)
11.9.2. Efeitos da Espessura e Limitações de Plasticidade

Se a zona plástica monotônica não for pequena em comparação com a


espessura, então atua o estado de tensão plana e as trincas por fadiga podem
crescer através de cisalhamento, com a fratura inclinada cerca de 45° da
superfície. Uma vez que K e o tamanho da zona plástica aumentam com o
comprimento da trinca, uma transição para este comportamento pode ocorrer
durante o crescimento de uma trinca, como ilustrado na Figura 11.35. As taxas
de crescimento da trinca podem ser afetadas em certo grau pela espessura do
componente, como resultado do diferente comportamento entre os estados de
tensão plana e deformação plana.
 No entanto, o efeito é suficientemente pequeno de forma que pode ser
geralmente ignorado, portanto os dados para o crescimento de trincas para
uma espessura podem ser utilizados para qualquer outra espessura.
FIGURA 11.35 Esquema de
superfícies de trincas por
fadiga mostrando a
transição de um modo de
tração plana para um modo
de corte angular. O
crescimento do
cisalhamento pode (A)
ocorrer numa única
superfície inclinada, ou (B)
compor uma forma em V.
Grandes alterações ocorrem apenas quando a carga máxima excede cerca de
80% do escoamento totalmente plástico, de modo que este nível representa
uma limitação pela plasticidade que é suficiente na maioria dos casos. Podem
ocorrer efeitos modestos em níveis um pouco mais baixos. Se uma limitação
razoavelmente restrita for desejada, a limitação da Equação 8.39 sobre as
dimensões no plano, como anteriormente utilizada para carga estática, pode ser
aplicada ao pico de tensão:
11.9.3. Limitações para Trincas Pequenas

Se uma trinca é suficientemente pequena, ela pode interagir com a


microestrutura de maneiras tais que façam com que o comportamento seja
diferente do que seria esperado. Em metais de engenharia, trincas pequenas
tendem a crescer mais rápido do que o estimado a partir das curvas
normais da/dN versus ∆K para amostras de teste com trincas longas, como
ilustrado na Figura 11.36.
FIGURA
11.36 Comportamento
de uma trinca que
possui todas as suas
dimensões pequenas
(esquerda) e também
para uma trinca curta
que possui uma
dimensão grande em
comparação com a
microestrutura
(direita).
Um método aproximado para identificar tamanhos de trinca abaixo dos quais a
curva da/dN versus ∆K não se aplica está ilustrado na Figura 11.37. Note que
o limite de fadiga para corpos de prova não entalhados é o nível da tensão
abaixo do qual as pequenas falhas naturais do material não crescerão, mesmo
com o seu tamanho aumentado pelo efeito para trincas curtas, como acaba de
ser discutido. Considerando componentes contendo trincas de vários
tamanhos, observamos que o limite de fadiga diminui com o comprimento da
trinca. Para trincas relativamente longas, segue-se o comportamento
esperado pela MFLE e o limiar, ∆Kth, da curva da/dN versus ∆K para trincas
longas.
FIGURA 11.37 Tensão limite de fadiga em função do comprimento da trinca, e
comprimento de transição, as, abaixo do qual se esperam efeitos especiais do
tamanho da trinca.
O comprimento da trinca, as, em que a predição de ∆Kth excede ao limite de fadiga
do corpo de prova não entalhado, é dado pela interseção das linhas para as duas
equações:

em que o limite de fadiga para carregamento completamente invertido (R = -1) é


dado em um intervalo de tensão ∆σe = 2σer, em que ∆Kth é o valor para R = -1 e o
fator geométrico é aproximado como F = 1. Combinando estes valores e
resolvendo para a temos:
11.10.1. Estimativas de Vida para Carregamento Estático

Em situações de crescimento de trincas assistidas pelo ambiente durante


carregamento estático imutável, a vida para o crescimento da trinca pode
ser estimada com base na mecânica de fratura de forma análoga aos
procedimentos descritos anteriormente para crescimento de trincas por
fadiga sob carga de amplitude constante. O parâmetro que controla o
crescimento das trincas é simplesmente o valor estático K do fator de
intensidade de tensões, determinado a partir da tensão estática aplicada
e do comprimento de trinca corrente. As taxas de crescimento para o
material são caracterizadas pelo uso de uma curva de da/dt versus K,
em que da/dt é a taxa de crescimento baseada no tempo, ou velocidade
da trinca
11.10.1. Estimativas de Vida para Carregamento Estático

Em situações de crescimento de trincas assistidas pelo ambiente durante


carregamento estático imutável, a vida para o crescimento da trinca pode
ser estimada com base na mecânica de fratura de forma análoga aos
procedimentos descritos anteriormente para crescimento de trincas por
fadiga sob carga de amplitude constante. O parâmetro que controla o
crescimento das trincas é simplesmente o valor estático K do fator de
intensidade de tensões, determinado a partir da tensão estática aplicada
e do comprimento de trinca corrente. As taxas de crescimento para o
material são caracterizadas pelo uso de uma curva de da/dt versus K,
em que da/dt é a taxa de crescimento baseada no tempo, ou velocidade
da trinca
11.10.1. Estimativas de Vida para Carregamento Estático

 a correlação de a versus K às vezes se ajusta a uma linha reta em um


gráfico log-log, de modo que esta tem a forma:

em que A e n são constantes do material, que dependem do ambiente


particular e são afetadas pela temperatura. Os dados para dois vidros
que obedecem a esta relação são mostrados na Figura 11.38.
OBRIGADO!
 

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