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Aula -01

Histórico e Fundamentos da Ciência do Solo

Prof. MSc. Reginaldo Luiz


Sumário

1) Breve histórico sobre o solo – Recurso Natural

2) Revisão básica de Rochas

3) Intemperismo

4) Formação de solo

5) Definições
1. Recurso Solo

Introdução Histórica
Há cerca de 30 milhões de anos, os homens primitivos viam
o solo apenas como algo existente sob a superfície da Terra,
onde:

• se movimentavam;
• retiravam materiais para confeccionar alguns objetos,
• pigmentos para suas pinturas e encontravam vegetais e
• animais úteis para suas necessidades básicas de
alimentação.

O solo era visto como algo que se confundia como restante


da crosta terrestre e pensado como fixo e imutável.
1. Recurso Solo

Eles tinham conhecimento de


que:

• determinadas áreas eram


melhores para caminhar;
• que outras forneciam
matérias-primas para alguns
objetos ou pigmentos para
pinturas;
No entanto nenhum conhecimento adicional era necessário.

Esses homens primitivos eram errantes e em sua luta pela


sobrevivência pouco ou nada deve ter refletido sobre a
origem e a natureza dessa camada que hoje chamamos de
solo.
1. Recurso Solo
Após a última era glacial (cerca de 10.000 anos atrás), a
maior parte dos humanos começou a fixar-se em
determinados territórios;

Assim iniciou-se o cultivo de plantas para obter mais


facilmente parte de seus alimentos.

De nômade, passou a se sedentarizar e defender


determinada porção de terra, cujo solo tornou-se algo onde
ele colocava sementes que, em condições favoráveis,
germinariam, cresceriam e produziriam alimentos ou outras
utilidades.

Aumentava assim seu conhecimento sobre o solo,


principalmente no sentido de desenvolvimento da agricultura.
1. Recurso Solo
As primeiras civilizações agrícolas não deixaram marcas
históricas suficientes para se saber quais eram os seus
conceitos a respeito das formas da natureza.

No entanto, certas evidências arqueológicas sugerem que,


desde o início da agricultura, o homem aprendeu que:

• determinadas terras eram mais produtivas que outras;


• algumas eram demasiadamente encharcadas,
arenosas ou endurecidas para que pudessem ser
cultivadas.

Esse aprendizado talvez tenha surgido pelo processo de


tentativas: os solos improdutivos eram abandonados, até
que fossem encontrados outros mais produtivos e propícios
às contínuas lavouras.
1. Recurso Solo

Das qualidades dos solos do território em que se


estabelecia, dependeria também o avanço de sua
sociedade.

As transformações dos pequenos núcleos para


populações maiores, com o aparecimento das primeiras
cidades, foram assim condicionadas a se situarem em
locais com solos férteis, próximos a reservas de água e
pouco sujeitos à intensa degradação pela erosão.
1. Recurso Solo
As grandes civilizações antigas desenvolveram-se
principalmente nos vales dos rios:

• Tigre e Eufrates (Mesopotâmia – hoje Síria e Iraque);


• Nilo (Egito);
• planície Indo-Gangética (hoje Índia, Paquistão e
Bangladesh), formando o chamado "fértil crescente".

Sabe-se que uns dos principais fatores responsáveis pela


prosperidade desses povos foram os ricos solos das
planícies aluviais daqueles rios e o clima relativamente seco.

Isso fez com que surgisse a necessidade do


desenvolvimento de sistemas de irrigação e,
consequentemente, progressos, na engenharia, na
agronomia e na organização social.
1. Recurso Solo
Inicia-se assim uma "agricultura de precisão" que era,
nessas áreas, uma atividade das mais importantes.

As planícies daqueles rios eram periodicamente fertilizadas


pelos sedimentos trazidos pelas inundações.

Entre estas, durante a longa estiagem, as terras eram


irrigadas usando-se sistemas de canais distribuidores de
água, planejados e executados com os primeiros
conhecimentos de engenharia e de trabalho organizado.

Os primeiros documentos deixados pelas grandes


civilizações agrícolas indicam claramente que as terras
costumavam ser distinguidas de acordo com a
produtividade, o que implica o reconhecimento do solo
como um meio para o desenvolvimento das plantas.
1. Recurso Solo

Na China, por exemplo, há 6.600 anos, as terras do país


foram subdivididas em nove classes, de acordo com a
produtividade;

Isso para que o tamanho das propriedades e o valor do


correspondente ao nosso imposto territorial fossem
baseados na capacidade produtiva do solo.

Na Grécia, há 2.500 anos, os trabalhos de Aristóteles, e


principalmente de seu discípulo Theofastes, um dos
fundadores da botânica, mostram uma série de observações
sobre algumas características do solo mais relacionadas
com o desenvolvimento das plantas.
1. Recurso Solo
Entre os antigos romanos, vários escritores deixaram
documentos que mencionam classificações de terras;

Eles descrevem os meios para obter melhores colheitas,


misturando, à camada revolvida pelo arado, cinza de
madeiras e esterco de animais.

O escritor Catão, o Velho, há 2.200 anos, escreveu o


tratado Da Agricultura, que é uma coleção de indicações
úteis à exploração de pequenas propriedades agrícolas.

Nessa coletânea, Catão enumera nove tipos de sítios


em ordem decrescente, de acordo com a qualidade de
seus solos.
1. Recurso Solo

O primeiro era fértil e quase plano, próprio para uma boa


vinha e o último, íngreme, pedregoso, com vegetação
arbustiva escassa, serviria somente para o pastoreio de
algumas espécies de animais.

Há 2.000 anos, Columela fez várias menções ao conceito


de solo.

Nota-se aí que os romanos muitas vezes relacionavam a


boa produtividade do solo à sua cor:

quanto mais escuro, melhor ele seria, e essa cor escura era
atribuída a uma espécie de substância orgânica que hoje é
conhecida como húmus.
1. Recurso Solo
Durante a Idade Média da Europa, considerada um dos
períodos de ênfase na fé e costumes religiosos, mas
obscuro para o avanço das ciências, houve pouco ou
nenhum progresso no conhecimento e compreensão de
questões científicas.

Após a Idade Média, no Iluminismo, houve muitos


progressos da ciência que culminaram, também, com o
avanço nos conhecimentos sobre o solo e sua dinâmica.

Na França, em 1563, Bernard Palissy publicou um


tratado sobre solos, no qual afirmava que eles eram a
fonte de nutrientes minerais indispensáveis à vida das
plantas, por exemplo.
1. Recurso Solo

Em 1840, o químico Justus von Liebig publicou um livro


no qual provava que as plantas não se alimentavam
propriamente de substâncias orgânicas;

Mas de elementos e compostos minerais simples,


juntamente com água e gás carbônico, e que o húmus
era um produto transitório entre a matéria orgânica e os
verdadeiros nutrientes minerais.

As teorias de Liebig são corretas e foram


cientificamente revolucionárias e também de grande
aplicação prática, porque estabeleceram base para o
uso dos fertilizantes minerais.
1. Recurso Solo

Em 1877, o naturalista russo


Vasily Vasil'evich Dokuchaev
participou de uma comissão,
nomeada pelo Czar, para
estudar os efeitos da seca
catastrófica que havia ocorrido
naquele ano nas planícies da
Ucrânia.
1. Recurso Solo

Nessa comissão ele teve oportunidade de estudar


detalhadamente os solos dessa região.

Anos mais tarde, ele foi convocado para liderar trabalho


semelhante nas florestas da região de Gorki, a leste de
Moscou e de clima mais frio e úmido.

Comparando então as terras dessas duas regiões, ele


constatou que as da Ucrânia eram bastante diferentes
das de Gorki e concluiu que essa diversidade era
principalmente ocasionada pelas diferenças de clima.
1. Recurso Solo

Verificou também que, nas duas regiões estudadas, os


solos eram compostos de uma sucessão de camadas
horizontais, que se iniciavam na superfície e terminavam
na rocha subjacente.

Ele reconheceu e interpretou essas camadas como


resultantes da ação conjunta de diversos fatores que
deram origem ao solo, dentre os quais o clima, e
verificou que cada tipo de solo poderia ser caracterizado
pela descrição detalhada das mesmas.

Dokuchaev foi capaz de estabelecer assim as bases da


ciência do solo.
1. Recurso Solo

Funções Ecológicas e Edáficas


A pedosfera funciona como as "fundações" ou "alicerces"
da vida em ecossistemas terrestres.

Plantas clorofiladas precisam de energia solar, gás


carbônico, água e macro e micro nutrientes.

Com raras exceções tanto a água como os nutrientes só


podem ser fornecidos através do solo, que assim funciona
como mediador, principalmente dos fluxos de água entre a
hidrosfera, litosfera, biosfera e atmosfera.

Assim, pode-se afirmar também que ele, juntamente com o


substrato rochoso, muito influencia a qualidade da água
que usamos.
1. Recurso Solo

Do solo, também pode ser retirado material de


construção de estradas, barragem de terra em açudes e
casas.

Influencia também a qualidade do ar (principalmente


quando dele poeiras são levadas à atmosfera) e muitas
vezes serve para receber e "processar" dejetos, como o
lixo das grandes cidades.

Em relação aos vegetais, suas raízes penetram no solo,


que lhes proporciona suporte para manter caules fixos e
eretos. Dele elas extraem água em mistura com
nutrientes.
1. Recurso Solo

As plantas, além de consumirem água, oxigênio e gás


carbônico, retiram do solo quinze elementos essenciais
à vida.

Desses, 06 (seis) são absorvidos em quantidades


relativamente grandes, designados macronutrientes,
compreendendo:

Nitrogênio;
Fósforo;
Potássio;
Cálcio;
Magnésio;
Enxofre.
1. Recurso Solo

Os outros 09 (nove), igualmente essenciais, mas


usados em quantidades muito pequenas, são
denominados micronutrientes. Eles são:

Boro;
Cloro;
Cobre;
Ferro;
Manganês;
Molibdênio;
Níquel;
Cobalto;
Zinco.
1. Recurso Solo

Se qualquer um dos quinze elementos citados estiver


ausente, em formas não disponíveis para as raízes ou
presente em quantidades e/ou proporções inadequadas,
limitará o crescimento das plantas.

Isto mesmo que os demais estejam adequados e haja


fornecimento apropriado de gás carbônico, oxigênio,
água, luz e calor.

A ideia de que o crescimento das plantas é controlado


pelo nutriente existente em menor quantidade vem desde
os tempos do químico Justus von Liebig (1840), e é
conhecida como lei do mínimo.
Recurso Natural Solo

Processos de Formação do Solo


As rochas da litosfera, se expostas à atmosfera, sofrem a
ação direta do calor do Sol, da umidade das chuvas, e do
crescimento de organismos, dando início a processos dos
quais decorrem inúmeras modificações no aspecto físico e
na composição química dos minerais.

A esses processos dá-se o nome de intemperismo ou


meteorização, fenômeno responsável pela formação do
material semi-consolidado que dará início à formação do
solo.

Processos envolvidos no intemperismo, agindo mais no


sentido de alterar o tamanho e formato dos minerais, são
denominados intemperismo físico ou desintegração.
1. Recurso Solo

Outros, modificando a composição química, são referidos


como intemperismo químico, ou, mais simplesmente,
decomposição.

A rocha, depois de
alterada, recebe o nome
de regolito ou manto de
intemperização, porque
forma uma camada que
recobre as que estão em
vias de decomposição.

É na parte mais superficial


do regolito que se dá a
formação do solo.
1. Recurso Solo

Nunca essa água é pura (como a água destilada).

Sempre nela estão dissolvidas certas quantidades de


oxigênio, gás carbônico, e algumas substancias orgânicas
provenientes tanto do ar como da respiração de organismos.

Isso auxilia na decomposição dos minerais que se processa


com reações químicas produtoras de outros novos,
denominados minerais secundários.

Eles são de menor densidade que os minerais primários das


rochas, destacando-se os argilominerais.
Conceitos de Solo

* O termo solo é usado na descrição da camada, que na


superfície da Terra, foi suficientemente intemperizada por
processos físicos, químicos e biológicos, de modo a
suportar o crescimento de plantas com raízes.

* Esta é uma definição agrícola & geográfica que dá


ênfase ao fato do solo ser um material tanto geológico como
biológico.

* Os engenheiros são menos específicos na sua definição


de solo. Para eles, qualquer material rochoso solto,
inconsolidado ou quebrado na superfície da Terra,
independente da origem, é solo.
1. Recurso Solo

Para o "solo" dos engenheiros, o termo "regolito" é


mais apropriado.
Os geólogos, igualmente como os engenheiros, são
inclinados a considerar o solo apenas como material
rochoso intemperizado.
Este é um ponto de vista muito limitado, pois os solos
são entidades biológicas com fases de imaturidade e
maturidade na história de sua formação.
O tipo de solo que se formou num local é o resultado
de interações entre muitos processos e materiais.
1. Recurso Solo

• “Solo é uma coleção de corpos naturais que ocupam


porções da superfície da Terra, que sustentam
plantas e que têm propriedades definidas ao efeito
integrado do clima e organismos, atuando sobre o
material de origem; este efeito é condicionado pelo
relevo durante períodos de tempo” (SOIL SURVEY
STAFF, 1951).

• “Solo é a superfície inconsolidada que recobre as


rochas e mantêm a vida animal e vegetal da Terra. É
constituído de camadas que diferem pela natureza
física, química, mineralógica e biológica, que se
desenvolvem com o tempo sob a influência do clima
e da própria atividade biológica” (VIEIRA, 1975).
1. Recurso Solo

“É uma coleção de corpos naturais, constituído de partes


sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos,
formados por materiais minerais e orgânicos, que ocupam a
maior parte do manto superficial das extensões continentais do
nosso planeta, contém matéria viva e podem ser vegetados na
natureza, onde ocorrem. Ocasionalmente podem ter sido
modificados por atividades humanas...” (EMBRAPA, 1999).
Para a Pedologia:
Considerações

• Dessa forma, os cinco fatores principais na formação


do solo são:

• Material original, (material rochoso do local ou


fragmentos rochosos transportados);

• Clima;

• Vegetação;

• Relevo; e

• Tempo.
Considerações

* O solo nos conta muito a respeito da história do


intemperismo de uma região.

* Se o clima modificou, ou se floresta foi substituída por


campos de agricultura ou de pastagens, mudanças no
perfil de solo registrarão as condições modificadas.

* Os climas mundiais mudaram drástica e repetidamente nos


últimos 02 milhões de anos, com geleiras expandindo-se e
contraindo-se, regiões tropicais tornando-se alternadamente
mais úmidas e mais secas.

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