Pré-História
Os ancestrais mais antigos da espécie humana, dos quais se tem
notícia, habitaram o planeta Terra a, possivelmente, mais de
quatro milhões de anos. Os fósseis desse hominídeo foram
encontrados onde hoje fica a Etiópia, no leste do continente
africano, lugar onde muito tempo depois viveram os
Australopitecos e outras espécies do gênero Homo, como o
Homo habilis, o Homo erectus e o Homo neanderthalensis, tendo
o último coexistido com a espécie humana. O Homo sapiens
surgiu em nosso planeta há, aproximadamente, duzentos mil
anos e diferenciava-se dos demais devido à sua capacidade de
raciocinar e, principalmente, produzir cultura.
Num processo lento, gradativo e desigual geograficamente, os
homens foram evoluindo ao passo que se adaptavam às
condições de sobrevivência no próprio cenário natural. À medida
que descobriam novas maneiras de se defender, de manipular
objetos e de se expressar, os seres humanos não apenas
resistiram às dificuldades, mas passaram a ter maior domínio da
própria natureza.
Quando o termo Pré-História foi cunhado entre os historiadores,
acreditava-se que apenas os documentos escritos conseguiriam
narrar o acontecido, de forma que tudo aquilo que antecedeu à
invenção da escrita foi considerado pré-histórico.
A propósito, se tomarmos a linha do tempo por referência,
observaremos que a parte mais extensa da história humana se
deu no curso desse vasto período que intitulamos Pré-História.
Uma das melhores convenções para entender a Pré-História é
subdividi-la em 3 etapas:
PALEOLÍTICO: Idade da Pedra Lascada
No período Paleolítico os seres humanos viviam em pequenos grupos
nômades, constituídos de tribos e clãs, que sobreviviam
predominantemente da caça, da pesca e da coleta. Os instrumentos
que dispunham para sua sobrevivência era confeccionado com lascas
de pedra e pedaços de madeira.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
— A queda na temperatura do planeta Terra levou ao período que
se convencionou chamar de Era do Gelo. Devido aos problemas
climáticos, os hominídeos tiveram dificuldades para se alimentar e
garantir a sua sobrevivência.
— Culto ao Sobrenatural. A religiosidade é um fenômeno inerente
à vida dos seres humanos, e os grupos pré-históricos possuíam suas
crenças a partir de experiências que tomavam o seu dia a dia, como a
prática da caça.
Divisão social do trabalho por idade e sexo. Em razão dos diferentes
atributos físicos e culturais, era comum que os homens se
dedicassem à caça enquanto as mulheres cuidavam da colheita e das
crianças. Os mais velhos do grupo eram reverenciados pela
experiência.
— Descoberta e domínio do fogo. A manipulação dos materiais
combustíveis, como a madeira, e do atrito, levaram os seres humanos
ao controle do fogo, cuja importância se devia à manutenção dos
corpos aquecidos durante o inverno, e também para afugentar os
grandes mamíferos, que ameaçavam a sobrevivência dos grupos.
— Arte Rupestre. As pinturas rupestres e as pedras lascadas são
exemplos das práticas artísticas desses grupos de hominídeos, que
costumavam expressar ações do cotidiano, como aspectos da sua
religiosidade.
— Matrilinearidade. Quando dos matrimônios, era comum aos
grupos de caçadores e coletores que os homens se juntassem ao clã
ou à tribo de origem das mulheres, aspecto ao qual se dá o nome de
matrilinearidade.
— Comunismo Primitivo (terra e trabalho). A teoria marxista,
quando da leitura do período pré-histórico, intitulou a sociedade
caçadora-coletora como Comunismo Primitivo. Para fazê-lo, os
autores filiados a essa corrente do pensamento histórico leram
aquela organização social como tomada por condições igualitárias de
produção.
NEOLÍTICO: Idade da Pedra Polida
O grande acontecimento que deu origem ao período Neolítico foi a
descoberta da agricultura, fenômeno que ficou conhecido na História
como Revolução Agrícola. Em razão de tal acontecimento, os seres
humanos se tornaram sedentários e começaram a praticar também a
domesticação de animais.
Os resultados da agricultura em geral são bem mais significativos do
que aqueles alcançados com a prática da caça e da coleta, o que
implicava em uma quantidade maior de comida e tempo livre para a
socialização do grupo. Isso implicou ainda em um vertiginoso
aumento do tamanho dessas sociedades, que foram se tornando
cada vez mais complexas e exigindo outros padrões de organização,
como os Estados.
Devemos destacar, porém, que a existência de grupos agricultores e
sedentários não implicou no desaparecimento dos caçadores e
coletores.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
— Surgimento das primeiras casas, em oposição às habitações
improvisadas que marcavam os grupos nômades.
— Instrumentos mais afiados (amolados e polidos). Também a
prática de produção de
ferramentas foi sendo aperfeiçoada, de forma que as pedras
lascadas, em alguns grupos, se tornaram também polidas.
— Invenção da cerâmica.
— Criação dos primeiros veículos, como carros de boi.
— Transição da matrilinearidade para a patrilinearidade.
— Desenvolvimento de instrumentos de medição e contagem do
tempo, como calendários e relógios constituídos a partir do
movimento dos astros.
— Surgimento da propriedade privada. Com o estabelecimento da
agricultura, tornou-se necessário cercar as terras plantadas para que
os animais ou outros grupos não destruíssem o que havia sido feito.
Mas também o sedentarismo contribuiu com esse processo de forma
que os grupos que se fixavam em alguma região também sentiam
necessidade de ter posse sobre ela.
— Primeiras organizações religiosas.
IDADE DOS METAIS
Época da descoberta da Fundição de Metais. É a fase final do Neolítico.
Pode ser considerada um período de transição entre o Neolítico e o
início da Antiguidade propriamente dita. O período foi marcado pela
manipulação dos metais, aperfeiçoando as ferramentas utilizadas no
cotidiano dos grupos humanos.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
— Fundição do cobre, bronze, ferro e ouro.
— Construção de grandes obras hidráulicas como diques e
canais de irrigação.
— Construção de Arquitetura Megalítica: menires, dólmens
e cromlechs.
— Hierarquia social melhor definida. Com o passar do
tempo, a complexidade dos grupos exigiu que alguns
indivíduos não mais se dedicassem ao trabalho agrícola,
mas à gestão das grandes obras arquitetônicas.
— Formação dos primeiros Estados Teocráticos. A
extensão desses grupos sociais levou à formação de
Estados com estrutura burocrática bem definida e
montada no entorno de uma figura que normalmente
incorporava valores religiosos, como os faraós no Egito.