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História

Sumário:
• Definindo Conceitos.
• Pré-História.
• Paleolítico.
• Mesolítico.
• Neolítico.
• Idade dos Metais.
• Antiguidade.
• Povos da Antiguidade.
• Sumérios.
• Povo.
• Cidades e Governantes.
• Religião.
• Contos de Inanna/Ishtar
• Épico de Gilgamesh
• Decadência.
• Babilônicos.
• Código de Hamurábi
Definindo Conceitos
Fontes:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLruc42XZPq_YYNwyFnvA2iS1jhQpiFU8p

Sujeito Histórico: todo sujeito que esteve presente em um momento da história contribui
para contar a história de forma geral, as micro-histórias das pessoas são acumuladas e
mescladas para contar uma macro-história

Cultura: todo vestígio de hábitos de um grupo social serve como demonstração da cultura
daquele grupo, sejam vestígios físicos (como escrita, arte, etc.) ou até mesmo vestígios não
físicos (como a fala, lendas contadas por tradição oral, etc.), tudo isso serve como exemplo
da culta local.

Tempo: o tempo é a forma cronológica que a história mede as datas dos acontecimentos e
os divides em períodos. Os principais períodos históricos: pré-história; antiguidade; idade
média; idade moderna; idade contemporânea. As datas que marcam a passagem de um dos
principais períodos para outro é datada de forma eurocêntrica, então, em muitas regiões e
culturas essa passagem de período histórico pode variar dependendo de qual grupo social se
analisa.

Pré-História
+/- 1.800.000 a. C – 3.500 a. C
Fontes:
https://www.youtube.com/watch?v=OEKBow6mqiM
https://www.youtube.com/watch?v=M1hzC3DcOSY
https://www.youtube.com/watch?v=IK10Iqqzv1c

Também chamada de Idade da Pedra, é o período que marca a evolução da raça


humana se diferenciando de seus outros parentes hominídeos, como o Homo Neandertal, e
data também a transição do estilo de vida nômade de nossos antepassados para um estilo de
vida sedentário. Alguns exemplos que ajudaram a espécie humana a se desenvolver foram
coisas como alimentação mais nutritiva por conta do uso do fogo para assar alimentos e
habilidades de comunicação e abstração da fala de um semelhante, gerando assim, uma
confiança entre membros do mesmo grupo. Uma fala da historiadora Marylène Patou
Mathis exemplifica bem o conceito do desenvolvimento em grupo da época: “Mais do que
a competição e agressividade, a compaixão e a ajuda mútua, associadas à cooperação e ao
compartilhamento de caça, por exemplo, parecem ter sido os fatores-chave para o êxito da
nossa espécie.”
A pré-história é marcada por 3 períodos principais e 1 período de transição. São eles
os períodos: Paleolítico; Mesolítico (período de transição); Neolítico; Idade dos metais. Esse
período marca também a sobreposição de uma espécie de hominídeo sobre as outras
espécies desse mesmo grupo. A definição dos anos para datar a pré-história é feita de forma
eurocêntrica e apresenta variações quando comparadas com outras culturas, como no caso
do Brasil, que só foi sair do seu período pré-histórico em 1.500 d.C.

Paleolítico
+/- 1.800.000 a. C – 21.000 a. C
Conhecido também como período da pedra lascada, o período Paleolítico marca o
desenvolvimento de um grupo de hominídeos, Homo Erectus, para uma nova espécie por
volta de 140.000 a. C, os Homo Sapiens, que passavam por mudanças físicas, como o
desenvolvimento dos polegares opositores, uma coluna mais ereta, e até um aumento de
massa cefálica. Os Homo Sapiens são marcados também por serem os primeiros a
desenvolverem ferramentas rudimentares para caça, como gravetos afiados que serviam
como lanças e pedras lascas que serviam como lâmina, por isso o nome do período. Por
conta desse desenvolvimento, os Homo Sapiens começam a predominar no Paleolítico,
extinguindo outras espécies de hominídeos. Até hoje existe no DNA dos humanos a
presença de um parentesco com as outras espécies de hominídeos, indicando assim, que
mesmo com a extinção das outras espécies, houveram relações entre essas espécies com os
antepassados dos humanos.
O local onde possivelmente ocorreu esse período evolutivo dos Homo Erectus para
Homo Sapiens é um local chamado Vale do Rift, onde hoje é a Etiópia no leste da África.
O estilo de vida dos antepassados era nômade, também conhecido como caçadores
coletores, ou seja, vivam vagando pelo mundo coletando recursos e quando os recursos
necessários da área acabavam, eles seguiam viagem para outras áreas.
Nesse período também, surge a primeira forma de arte que conhecemos hoje, a Arte
Rupestre, que os Homo Sapiens utilizavam para registrar o cotidiano nômade da época.
Utilizando de raízes, frutas e gordura animal, os Homo Sapiens desenhavam com as mãos
em paredes de caverna o cotidiano da vida deles.

Mesolítico
21.000 a. C – 12.000 a. C

É um período de transição entre o Paleolítico e o Neolítico e tem essa classificação


por datar o domínio do fogo pelo Homo Sapiens, um marco importante na história da
humanidade, mas esse período não tem outras características marcantes. Por conta disso,
alguns historiadores associam o domínio do fogo ao período Neolítico e descartam o
conceito de período Mesolítico da pré-história.
O que colabora para a desconsideração do período Mesolítico como um período
importante na pré-história é que a utilização do fogo como fogueiras para se aquecer e assar
alimentos data de muito tempo atrás, o período Mesolítico data somente o domínio do uso
do fogo pelos Homo Sapiens através do atrito entre pedras, antes os Homo Erectus podiam
somente incendiar um galho em alguma árvore que já estivesse em chamas, seja por
atividade vulcânica ou por raios, e transportar esse galho em chamas para uma caverna. Um
exemplo da utilização de fogueiras pelos Hominídeos antes desse período é o vestígio de
fogueiras sendo usadas para assar carne e vegetais nas Grutas do Rio Klasies na África do
Sul que datam de 120.000 a. C, e vestígios de fogueiras sendo usadas para se aquecer foram
encontradas na Caverna de Qsem em Israel que datam por volta de 350.000 a. C, e o que é
hoje considerada a fogueira mais antiga da história são os vestígios de fogueira na Caverna
de Wonderwerk na África do Sul que datam de 1.000.000 a. C.
Com a utilização do fogo para se aquecerem a noite, algumas tribos nômades
conseguiam viajar para locais mais frios ainda não explorados antes, como por exemplo, o
Nordeste da Ásia. É em um período antecessor ao Mesolítico que provavelmente os
primeiros povos povoaram as Américas, por volta de 33.000 a. C – 21.000 a. C, viajando
para o Nordeste da Ásia e atravessando o Estreito de Bering, na época congelado, que
ligava a Ásia a América do Norte, e dessa forma, os povos nômades foram viajando para o
sul até chegarem a América do Sul, em regiões onde hoje fica o Brasil por exemplo. Uma
prova da presença do Homo Sapiens na região da América do Sul no período da pré-história
são locais como A Serra da Capivara no Piauí com presença de artes rupestres em
cavernas, e também na cidade de Lagoa Santa em Minas Gerais, onde foi encontrado o
fóssil Luzia, o fóssil mais antigo da América do Sul que data de 12.000 a. C. Infelizmente
esse fóssil foi destruído no incêndio do Museu do Rio de Janeiro em 2018.
E com a utilização do fogo para cozinhar alimentos, a dieta do Homo Sapiens ficou
mais nutritiva, possibilitando assim, um melhor desenvolvimento corporal e cerebral de
nossos antepassados.

Neolítico
12.000 a. C – 5.00 a. C

Conhecido também como período da pedra polida, é o período que marca o


desenvolvimento de ferramentas melhores para caça e sobrevivência, com os Homo Sapiens
aprendendo a afiar suas lâminas de pedra, e principalmente, é o período que marca o inicio
do desenvolvimento da agricultura e do agrupamento entre os Homo Sapiens em tribos.
Mulheres nômades perceberam que quando elas jogavam sementes na terra, depois
de um tempo, essas sementes se tornavam plantas e davam os mesmos frutos que elas
retiravam as sementes. Assim eles pararam de viajar em busca de alimento e passaram a
viver em uma mesma região, deixando de serem nômades e passando a serem sedentários,
se estabelecendo em um local e vivendo do plantio e do pastoreio.

Idade dos Metais


5.000 a. C – 3.500 a. C

Com as tribos da época vivendo principalmente do plantio, eles acabaram


desenvolvendo os primeiros conceitos de ferraria da época, os povos passaram a usar metais
como cobre, bronze e ferro para criação de ferramentas mais eficientes e mais duradouras.

Antiguidade
+/- 3.500 a. C – 476 d. C
Fontes:
https://www.youtube.com/watch?v=jypfup6blGo

O período da Antiguidade marca o surgimento das primeiras Sociedades Complexas,


os povos que haviam se tornados sedentários, vivendo em vilas e assentamentos,
presenciaram seu grupo social crescendo de forma exponencial e tendo a necessidade de
cada vez mais aumentar o território habitável de seu grupo, esse aumento significativo da
quantidade de indivíduos em cada grupo social apresentou aos povos da época novos
desafios a serem superados que demandavam de uma solução mais complexa, e nem sempre
a solução que esses povos desenvolviam para esses novos problemas eram as melhores. Isso
fez surgir as primeiras Sociedades Complexas, uma forma de organização social entre os
grupos de indivíduos que passariam a adotar novos hábitos e costumes de vida de maneira
natural, como por exemplo, a Estratificação Social, uma forma de segregar indivíduos
dentro de um mesmo grupo social em dominadores e dominados, ou como os povos
acreditavam na época, em superiores e inferiores. Alguns exemplos das características das
primeiras sociedades complexas, além da estratificação social, eram também o surgimento
de leis, lideres comunitários e comércio através do escambo.
Esse modelo de sociedade complexa, surgiu na região do Crescente Fértil, uma
região que engloba o que é conhecido hoje como nordeste da Africa e Oriente Médio. Foi
por lá que começaram a surgir as primeiras civilizações também conhecidas como
Civilizações Hidráulicas, pois a principal característica dessas civilizações é que elas
necessitavam muito de estarem localizadas próximas a rios, tanto por conta do solo fértil,
quanto por conta da necessidade básica de água do ser humano, e foram essas civilizações
hidráulicas que desenvolveram as primeiras Obras Hidráulicas para suprir a necessidade das
cidades, como por exemplo: diques para o controle da cheia dos rios, irrigações planejadas
para distribuir a água pela maior porção de terra possível e açudes para o povo realizar suas
atividades diárias com água. Os rios que mais tiveram destaque nesse período são os rios
Tigre, Eufrates, Nilo e Jordão.

Povos da Antiguidade
Os povos da antiguidade são os primeiros povos a desenvolver-se em sociedade e
criar formas próprias de cultura, como leis, tradições, escrita, cidades, templos, etc.
Exemplos desses povos são os Egípcios, Sumérios e Babilônicos, que são material de estudo
até hoje e possuem feitos em arquitetura e desenvolvimento que são mistérios para
historiadores até hoje.
Sumérios
3.500 a. C – 1950 a. C
Fontes:
https://www.youtube.com/watch?v=jypfup6blGo
https://www.youtube.com/watch?v=rqa3QVYHvpI

Povo

Os povos sumérios viveram a época do nomadismo e se estabeleceram na região da


Mesopotâmia, onde hoje é o Kuwait e o Iraque, por conta do solo fértil da região entre os
rios Tigre e Eufrates e pelo pastoreio de cabras e carneiros.
Foram o primeiro povo a desenvolver uma forma própria de escrita por volta de
3.000 a. C que era a Escrita Cuneiforme, que era feita usando gravetos de bambu para
escrever em tábuas de argila. Essa escrita ainda era uma forma muito primitiva de escrita e
servia principalmente para contagem de recursos e registro de escambo, algumas décadas
depois, a escrita cuneiforme se desenvolveu e passou a ser usada por sacerdotes para
registrar histórias e mitos da civilização suméria. Séculos depois, a partir de 1952 d. C um
entusiasta da linguística e da história suméria chamado Zecharia Sitchin fez um apanhado
de 14 tábuas de argilas com registros da escrita cuneiforme e decidiu traduzi-las com seu
conhecimento adquirido, e acabou tentando explicar toda a mitologia suméria com base nas
suas traduções, deturpando completamente o conceito da cultura e mitologia suméria e
descredibilizando o avanço social por mérito dos próprios humanos.

Os Sumérios também tiveram uma participação muito significativa em outros


conceitos como astronomia, matemática e medicina. Foram os povos precursores dessas
ciências e desenvolveram os primeiros meios de estudar-lhas. Tanto que a forma de contar o
tempo por uma base 60 foi desenvolvido pelos sumérios e é usado até hoje.
A palavra Sumério vem do idioma Acadiano e significa “Terra dos Reis Civilizados”,
os sumérios em si se chamavam de “Povo da Cabeça Preta”.
A religião Suméria era uma religião politeísta, que acreditavam em mais de um deus,
e construíam Zigurates (ou Ecur) em homenagem a esses deuses, que eram templos
dedicados a adoração daquele determinado deus. Cada Zigurate representava a morada de
um deus e eram construções quadradas formadas por andares menores em cima de andares
maiores, até mais ou menos 5 andares, e que tinham uma escada que levava da base até o
último andar. Cada andar do Zigurate era destino a uma acomodação específica, sendo a
base onde os devotos faziam suas preces e oferendas, e também onde o deus se manifestava,
os andares medianos eram para que os sacerdotes do templo pudessem viver e se acomodar
com seus afazeres e o último andar era a representação da morada do deus.

Além dos Zigurates, os rios que cercavam os sumérios eram muito sagrados para eles
também, eles desenvolveram um ritual de batismo sobre imersão na água dos rios para
relembrar alguns feitos do deus Enki.

Cidades e Governantes

As primeiras grandes cidades da Suméria foram Ur, Uruk, Nippur e Eridu. E eram
Cidades-Estado que não dependiam de um governo central mediando a interação entre as
cidades e cada uma tinha seus próprios lideres políticos e religiosos. Antecessor aos líderes
políticos e religiosos, os sumérios definiam os representantes de suas cidades por meio de
uma assembleia que democraticamente elegia seus líderes, mas com o crescimento das
cidades e dos interesses individuais de cada membro da assembleia, conflitos internos e até
guerras civis ocorriam em períodos de eleição, dessa forma, as cidades naturalmente
passaram a eleger somente um representante por cidade, mas isso também não resolvia os
conflitos internos, e depois de um tempo conturbado, as cidades sumérias passaram a definir
seus líderes de forma hereditária com a justificativa de um contexto divino na linhagem do
líder da cidade, associando ele a um parente direto a deuses como Enlil ou Enki, deuses
respeitados pelos sumerianos.
Alguns reis sumerianos, tinham um destaque maior na gestão de suas cidades e
exerciam uma influência maior sobre as outras cidades próximas, surgindo assim, o Luggal,
um rei que tinha controle sobre as outras cidades, que ainda mantinham um rei próprio mas
esse era de certa forma subordinado ao Luggal por conta da forte influência da cidade
predominante. Inicialmente a cidade principal para os Sumérios foi Kish, governada pelo rei
Etana, mas esse logo foi destronado da posição de Luggal pelo rei Meskiagasher, da
cidade de Uruk, tornando Uruk a nova cidade predominante e fazendo de seu rei o Luggal
para outras cidades. Meskiagasher foi responsável por expandir o império sumério.
Outros reis foram importantes para história dos sumérios, como Dumuzi, que foi
canonizado como um deus da vegetação dentro dos mitos sumerianos e até hoje o calendário
hebraico tem um mês chamado Tammuz, que é uma das traduções do no de Dumuzi.
Também se ressalta a importância de um rei da cidade de Uruk chamado Gilgamesh, esse
rei foi tão famoso por seu feitos que deu origem ao Épico de Gilgamesh, uma história
fantasiosa sobre uma passagem da vida desse rei.
Um dos reis importantes do reino sumério foi Lugalanemundo, um rei da cidade de
Adab, antes de seu reinado o império sumério havia passado por um período de fraqueza
por conta dos conflitos entre cidades e era subordinado a outro povo chamado Elamitas.
Com a chegada de Lugalanemundo, os sumérios se reergueram e viveram em paz sobre a
tutela do Luggal, mas após sua morte, as cidades se viram novamente em conflito. Os
conflitos após a morte de Lugalanemundo duraram cerca de 200 anos, quando o rei de
Lagash chamado Eannatum invadiu e derrotou a cidade vizinha de Umma e exigiu que
fosse escrito a Estela dos Abutres, um monumento que continha escrito os termos do
tratado de paz entre as cidades e é considerado o mais velho tratado diplomático da história.
Após a morte de Eannatum, o novo rei de Lagash era Urukagina, um reformador,
idealista e amante da paz, que protegia seus cidadãos da injustiça da burocracia e dizem que
foi o primeiro rei a criar manuscritos sobre a liberdade individual. Umma era agora
governada por Lugalzagesi e com sede de vingança e aproveitando o posicionamento
pacifico do rei da cidade vizinha, derrotou Urukagina e outros reis da região, mas seus atos
foram condenados e ele foi acorrentado as portas da cidade de Nippur para ser humilhado.
Lugalzagesi foi derrotado por um líder militar da cidade de Kish que depois iria se tornar rei
não somente da sua cidade ou então da Suméria mas de boa parte da Mesopotâmia, o
Imperador Sargão, dando inicio a miscigenação dos sumérios com outros povos sobre o
domínio do Imperador por volta de 2.239 a. C.

Religião
Fontes:
https://www.youtube.com/watch?v=jypfup6blGo
https://www.youtube.com/watch?v=MbZv-Axcr5A
https://www.youtube.com/watch?v=xK9Qt6mQAuo
https://www.youtube.com/watch?v=UpTJ9ZsjFzI

Para os Sumérios, o universo primordial era o deus Nammu, que representava a água
e toda a imensidão do universo, Nammu deu origem a um novo ser chamado Anki, e Anki
se contorcendo em torno de si mesmo como uma autofecundação deu origem a Enlil, o deus
do ar e principal deus do panteão sumério, Enlil é tão sagrado que nem mesmo outros
deuses menores podem olhar para o seu rosto. Enlil separou Anki em dois, dando origem a
An, o deus do céu, e Ki, a deusa da terra, e esses por sua vez, deram origem a outros deuses:
Enki, deus dos rios, da inteligência e do batismo; Ninhursag, deusa mãe-terra; Ereshkigal,
deusa do submundo chamado Ikalla pelos sumérios; Inanna ou Ishtar, deusa do céu,
amor, fertilidade e guerra, dançarina dos deuses.
O mundo para os sumérios era formado por uma vastidão de terra formada por Ki,
coberta por um céu abobadado formado por An, preenchido de ar por Enlil, cercado do mar
primordial por Nammu e abaixo da terra existe o submundo de Ikalla, e é para lá que a alma
dos mortos são levados, através de uma viagem no barco de Urshanabi por um rio que leva
até o reino inferior, lá, Nergal e Ereshkigal governavam o palácio dos mortos que possuía 7
portões vigiados por 7 guardiões e juízes do submundo conhecidos como Anunnakis,
chegando ao palácio dos mortos, as almas eram julgadas pelo o que fizeram em vida.
Os deuses sumérios viviam um estilo de vida bem próximo ao estilo de vida dos
sumérios da época, eles precisavam plantar, construir moradias, irrigar suas terras, etc. Mas
em um determinado período da história, os deuses se viram passando por uma enorme ceca
que arrasou com a vida desses deuses. Então, Nammu foi acordar Enki (fazendo assim uma
alusão que a seca foi por conta de que Enki, que era o deus dos rios, estava dormindo e não
fez seu trabalho de cheia e irrigação) e pediu para que ele criasse seres para realizarem esses
trabalhos para eles. Enki era casado com Ninhursag e elaborou um plano para que
Ninhursag e Nammu trabalhassem juntos para formar os primeiros humanos, a mãe-terra e o
mar primordial uniram esforços para criar o barro da onde seria moldado os primeiros
humanos e Enki dava o destino para os humanos. Dessa forma, os deuses criavam os
humanos a sua imagem e semelhança.
Enlil construiu seu próprio Zigurate na cidade de Nippur para que os humanos o
adorassem, além disso, deu as ferramentas necessárias para que o homem trabalhasse e criou
as Mes, um conjunto de mais de 100 leis universais. Enlil elegeu um humano para ser sua
representação divina na terra, o rei, ou como eles chamavam na época, Luggal. Assim na
terra como no céu.
Após a criação dos humanos para trabalharem e adorarem os deuses, e terem criado
um representante divino entre os humanos, os deuses foram festejar em homenagem a esses
feitos. E durante a festa, Ninhursag desafia Enki dizendo que seu trabalho era muito fácil e
Enki retruca dizendo a mesma coisa, os dois então se desafiam a trocar de lugar na criação
dos humanos, invertendo os papéis enquanto principio. Eles criaram 6 novos seres humanos
e os consideraram defeituosos, as escrituras sobre esses humanos defeituosos se perderam,
mas o que se manteve foram 3 desses 6 humanos, os dois primeiros e o último. O primeiro
ser que Enki criou foi uma mulher que não podia engravidar, o segundo, foi um humano
Andrógeno, os 3 seguintes não se tem informação sobre e o último foi um recém nascido
que tinha problemas de fígado, coração, mãos tremulas, olhos defeituosos e não tinha
espirito. Ninhursag acusa Enki de estar acabando com a criação dela e corrompendo o
humano e o bane para o submundo Ikalla.
Os humanos corrompidos pelo livre arbítrio começam a parar de seguir as ordem e os
conhecimentos dos deuses, sendo assim, Enlil e An decidem enviar um diluvio para
expurgar os humanos da terra e o humano Zilsudra, ou Utnapishtim, que era um sacerdote
de um dos Zigurates foi eleito pelos deuses como o único que ainda seguia os ensinamentos
dos deuses e o avisaram sobre o diluvio e o ordenaram a construir uma arca para embarcar e
proteger sua família e alguns animais durante o diluvio, e assim Zilsudra fez, construindo a
arca e pouco tempo depois veio o diluvio.
Zilsudra navegou pelo diluvio durante 7 dias e após esses dias de tempestades e
ondas, Zilsudra abre a janela de sua arca recebendo a presença de Utu, deus do sol, e
Zilsudra maravilhado com a presença do deus, sacrifica um boi e uma ovelha em
homenagem ao deus, e por conta desse sacrifício, Zilsudra foi abençoado com a vida eterna
pelos deuses e se tornou o preservador da semente da humanidade.

Contos de Inanna ou Ishtar

Inanna era uma deusa muito cultuada pelos sumérios, sendo a deusa da fertilidade,
ela era responsável tanto pela fertilidade dos humanos quanto pela fertilidade das terras,
fatores essenciais para o desenvolvimento da civilização. Um dia em seu palácio na cidade
de Erech, Inanna se casou com um pastor chamado Dumuzi, a qual ela tinha um amor
fervoroso e declarado. Porém, a paixão por seu amado preocupava Inanna sobre qualquer
coisa que pudesse vir a ocorrer com seu amado, e angustiada por isso, Inanna decide ir até o
submundo de Ikalla, governado por sua irmã Ereshkigal. O plano de Inanna era tomar o
trono de rainha dos mortos para si, e aumentar seu poder, para ter controle sobre a morte de
seu amado, para isso, ela deixou Dumuzi e combinou com sua amiga e segunda comandante
de seu reino Ninshubur, para que avisasse os deuses caso ela não retornasse de sua viagem
em 3 dias.
O palácio de Ereshkigal era protegido por 7 portões, cada um desses portões tinha um
guardião e eles eram chamados de Anunnakis, e os guardiões só permitiam a passar de
Inanna se ela removesse uma peça de roupa por cada portão que passasse. Ao passar pelos 7
portões, Inanna, já nua, chegou ao salão do trono de Ereshkigal e estava diante de sua irmã.
Ereshkigal, vendo sua irmã sem roupa e sem ilusões, percebe o plano de Inanna para tomar
seu trono, e pelo julgamento dos 7 juízes a condena a morte e prende o corpo de Inanna à
um gancho no salão do trono.
Após os 3 dias, Ninshubur foi até os deuses contar do paradeiro de sua amiga e
rainha, mas isso de nada adiantou. Enlil, deus do ar, e Nanna, deusa da lua, explicam que
ninguém consegue retornar do mundo dos mortos, e que Inanna foi até lá por vontade
própria. Mas passado mais alguns dias, a terra e os humanos estavam morrendo e não se
proliferavam mais por conta da deusa da fertilidade ter morrido, e isso começou a preocupar
os deuses.
Enlil então envia 2 mensageiros, que levavam a água da vida e o alimento da vida
para reanimar o corpo de Inanna. Já reanimada e retornando para casa, Inanna foi impedida
pelos 7 Anunnakis que alegavam que se Inanna queria sair de Ikalla, ela deveria deixar outra
alma de uma divindade em seu lugar. Inanna retornou para terra então, escoltada por um
exército de Galla’s, demônios de Ikalla, que estavam lá para capturar a divindade que fosse
apontada por Inanna para substituí-la ou para levar ela de volta caso tentasse escapar.
Por cada cidade que Inanna passava os deuses e divindades suplicavam misericórdia
para a deusa que cada vez mais sentia o pesar de condenar uma alma inocente a morte
precoce. Ao voltar para sua cidade, já sem saber o que fazer com seu fardo, Inanna chega
em Erech e vê Dumuzi sentado em seu trono completamente sereno e venturoso, sem nem
lamentar o desaparecimento de sua esposa. Ao ver essa cena, Inanna se vê tomada por uma
fúria e aponta para que Dumuzi seja a alma levada pelos Galla’s. Dumuzi assustado com a
decisão de sua esposa, foge do palácio e em uma suplica desesperada a Utu, o deus sol, pede
para que ele o ajude, então, Dumuzi é transformado em uma serpente, mas nem isso foi
suficiente para ele fugir das garras dos Galla’s. Dumuzi foi capturado, torturado e levado à
Ikalla.
Mas Inanna interfere no acordo dos Anunnakis colocando uma nova condição,
dizendo que Dumuzi deveria ficar 6 meses em Ikalla e 6 meses no reino dos mortais, e
durante seu período no reino dos mortais, a irmã de Dumuzi, Geshtinanna, a deusa do
vinho, ficaria em seu lugar. Por isso, a cada ano na Mesopotâmia, a terra fica seca por 6
meses e volta a ficar fértil novamente depois de 6 meses, tornando Dumuzi o deus da
vegetação.

Nota: Esse ciclo em que o deus da vegetação morre e volta a vida para trazer a época de
safra foi espalhado pelo Oriente Médio inteiro e os ritos e tradições que acompanham esse
ciclo ficaram conhecidos com Ciclo de Tammuz (um dos nomes de Dumuzi). Um dos ritos
desse ciclo, é que o rei e rainha da época durante o período da primavera interpretavam o
papel de Dumuzi e Inanna para abençoar a coleita e amenizar o período de seca.

Épico de Gilgamesh

Gilgamesh foi o rei da cidade de Uruk, filho da rainha Ninsun com um demônio
incubus chamado Lugalbanda, seguindo essa lenda, Gilgamesh era 2/3 divino, pois como
Ninsun era um rainha ela já era considerada metade mortal e metade divindade, então,
Gilgamesh era muito poderoso e tinha uma longa longevidade, já que os registros históricos
apontam que o reinado de Gilgamesh durou 126 anos, mas ainda sim, Gilgamesh era mortal,
ele estava fadado a morrer um dia. Por conta de ser tão poderoso, Gilgamesh era
inerentemente um tirano, forçando seus trabalhadores e servos a trabalharem em obras e
tarefas extremamente desgastantes, e além disso, Gilgamesh se considerava o único digno
de desvirginar as mulheres de seu reino, e todos esses fatores eram muito humilhantes para
o povo da cidade de Uruk.
A cidade de Uruk possuía 2 zigurates em homenagem aos 2 deuses protetores da
cidade, An e Ishtar, e foi nos zigurates desses deuses que a população de Uruk rezou para
que os dias de tirania de Gilgamesh acabassem. Os deuses reuniram uma assembleia entre
eles para discutir a situação e Nammu decidiu intervir pelos mortais.
Moldado do barro por Nammu e feito a semelhança de An, os deuses criaram um ser
tão poderoso quanto Gilgamesh e o esconderam na floresta, dessa forma nasceu Enkidu, um
ser que cresceu longe da humanidade e somente na convivência dos animais, vivendo em
um verdadeiro paraíso. O único contato que Enkidu tinha com os humanos era desfazendo
as armadilhas que os humanos deixavam na floresta, mas era muito mais por um questão de
não entender o porque aquelas armadilhas estavam lá do que por ódio aos humanos.
Durante esse período, Gilgamesh foi atormentado por um sonho que o preocupava,
ele se via segurando um pesado meteoro em suas costas enquanto observava no horizonte o
sol nascendo e trazendo um machado. Ninsun interpretou esse sonho do filho como sendo
um bom presságio, simbolizando que um irmão de batalha estava nascendo para ajudar
Gilgamesh com seu fardo, mas Gilgamesh interpretava esse sonho como sendo o
nascimento de alguém que iria usurpar seu trono.
Um dia um jovem caçador avistou Enkidu na floresta e assustado foi até Uruk avisar
Gilgamesh sobre a criatura que tinha visto. Sabendo da nova possível ameaça próxima ao
seu reino, Gilgamesh foi se aconselhar com sua mãe, que ao ouvir a descrição do caçador
aconselhou seu filho a tentar encantar a criatura para descobrir mais sobre ela. Ninsun se
voluntariou a ir de encontro com a criatura e tentar encantá-la.
Ninsun foi para a floresta e aguardou por 3 dias, até que se encontrou com Enkidu,
logo a experiente mulher começou a despir seus véus e a ir em direção a Enkidu, que foi
tomado por uma paixão animalesca e tomou a mulher para si por 6 dias e 6 noites. Após
provar dos prazeres da carne, Enkidu perdeu sua inocência e os animais da floresta pararam
de viver em harmonia com o homem-fera, e durante esse período Ninsun o ensinava sobre
os costumes da vida em civilização, levando assim, Enkidu para a cidade.
Quando Enkidu foi colocado frente a frente com Gilgamesh cada um deles
pressentiram o poder de seu adversário e imediatamente iniciaram uma luta que ameaçava a
destruição da cidade inteira, com golpes que destruíam paredes e casas. O embate entre os
dois semideuses resultou com os dois guerreiros reconhecendo que chegaram no limite e
que seu adversário era um oponente digno, dessa forma, os dois iniciaram uma amizade
logo em seguida.
Com um novo amigo e irmão para entreter a mente de Gilgamesh, o povo de Uruk foi
aliviado um pouco do fardo de servir um semideus tirano. Gilgamesh logo começou a
planejar aventuras épicas para viver com seu novo irmão, como a missão de matar o
medonho Humbaba, uma criatura protetora da Floresta Sagrada dos Cedros e que
atormentava as pessoas que se aventuravam na florestas próximas, sendo descrito como uma
criatura que falava fogo e respirava morte.
Mesmo com Enkidu não concordando muito com a ideia, e com Ninsun
aconselhando que não deveriam ir em uma missão perigosa como essa, Gilgamesh pegou
seu irmão Enkidu e partiu em busca da aventura. Ninsun ficou em Uruk rezando para que o
deus sol Utu abençoasse a batalha do filho. Conforme os dias de viagem seguiam, Enkidu
começou a ter sonhos cada vez mais frequentes com um mal presságio sobre essa batalha
que eles estavam a caminho, chegando ao ponto de Gilgamesh terminar o resto da viagem
arrastando Enkidu pelos cabelos até chegarem a entrada da Floresta Sagrada dos Cedros, e
de frente a eles se encontrava Humbaba.
Antes mesmo da batalha começar, Utu mandou um vendaval cercar a criatura, que se
via imóvel diante de seus executores que rapidamente cortaram a cabeça de Humbaba.
Ishtar vendo a proeza de Gilgamesh ao superar dois desafios colocados em seu caminho
pelos deuses se encantou com o herói e se apresentou diante de Gilgamesh e tentou seduzir
o herói com seus encantos.
Ishtar era a deusa da fertilidade e representava a lua, e assim como a lua, Ishtar tinha
suas 4 fases que representavam as fases da lua e as fases da mulher, sendo a lua crescente a
noviça da mulher, a lua cheia o lado maduro da mulher, a lua minguante o lado anciã da
mulher e a lua nova o lado misterioso da mulher. E era esse lado misterioso que preocupava
Gilgamesh, pois ele sabia que todos os homens tentam entender esse lado da mulher mais
nunca vão obter sucesso. Por conta disso, Gilgamesh rejeitou os encantos de Ishtar que se
viu completamente ofendida com o semideus.
Ishtar foi até o encontro de An, o deus do céu, e pediu que ele enviasse a terra uma
criatura capaz de matar Gilgamesh e acabar com sua soberba. An envia a terra um touro que
soltava fogo pelo nariz e tinha a força de 300 homens. O touro foi colocado no caminho de
Gilgamesh e Enkidu enquanto eles voltavam para casa depois de matarem Humbaba e mais
uma vez se viam diante de uma criatura poderosa e disposta a lutar com os semideuses.
Mais uma vez os heróis se provaram dignos do título de combatentes lendários e
rapidamente puseram fim a vida do touro divino enviado pelos deuses.
Não satisfeito com a glória de derrotar tamanho adversário, Gilgamesh fatiou o touro
em diversos pedaços e Enkidu os arremessou contra a imagem de Ishtar e An em seus
zigurates em Uruk, e exclamou em um tom alto suficiente para que os deuses ouvissem lá
do palácio no céu que eles estavam dispostos a fazer o mesmo com os próprios deuses que
estavam se colocando contra eles. Ao mesmo tempo, Gilgamesh pegou os chifres do touro
para dedicar o sacrifício da criatura a Utu, o deus sol.
Ishtar convocou novamente uma assembleia para discutir sobre a arrogância e
ousadia dos semideuses que afrontavam diretamente a imagem dos deuses, e An também
interviu em favor de Ishtar contra Gilgamesh, mas Utu intercedeu em favor de Gilgamesh
dizendo que o herói só estava se sobressaindo sobre os desafios que os próprios deuses
colocavam diante dele. Enlil, deus do ar e pai dos deuses, decidiu resolver o empasse de
uma forma mais neutra.
Enkidu começou a ter sonhos cada vez mais aterrorizantes que o atormentavam
fisicamente e mentalmente, esse tormento o torturou por 12 dias e 12 noites, cada vez
aumentando mais e mais, até que, no 13 dia Enkidu morreu nos braços de Gilgamesh, e esse
por sua vez, lamentou a morte do amigo como alguém que perde um irmão tão importante
para si que parecia ser sua outra metade. Gilgamesh se viu em um luto tão grande que já não
via sentido em seu reinado, ele simplesmente vagava pela cidade vestindo seus trajes de
luto, uma pele de leão que ele amarrava em seu corpo, e essa é uma roupa muito usada nas
representações de Gilgamesh. Durante o luto pelo amigo, Gilgamesh se deu conta de um
fato até então não devidamente refletido pelo semideus, ele também morreria um dia.
Gilgamesh compartilhou do medo com sua mãe Ninsun, e ela o aconselhou a ir em
busca de um antepassado distante do filho, Utnapishtim, o humano imortal. Ninsun contou
que Utnapishtim vivia na ilha da Bem-Aventurança e que esse era o destino de Gilgamesh.
O semideus seguiu em direção ao monte Mashu, o local onde se localizava o portão do sol
poente e que era vigiado por homens-escorpiões. Mas ao contrário do que Gilgamesh
esperava, ele não foi recebido com agressividade e violência pelos homens-escorpiões, mas
sim, eles abriram o portão para que Gilgamesh entrasse e fosse de encontro a uma árvore de
safira que se apresentava aos olhos do herói diante à uma imensa escuridão ao redor.
Próxima a árvore havia uma mulher, ela se apresentou como Sidure e disse que tinha
uma mensagem para Gilgamesh, ela disse para ele: “Oh! Gilgamesh, para onde vai? A vida
que procura não vai encontrar. Quando os deuses criaram o homem, eles deram a morte
para a humanidade, e retiveram a vida para si mesmos. Oh! Gilgamesh, sacie seus apetites,
diverta-se noite e dia, faça de cada dia um festival de alegria, dance, brinque, noite e dia!
Mantenha suas vestes limpas, sua cabeça lavada, seu corpo banhado. Preste atenção ao
pequeno, que segura sua mão, deixe sua mulher deleitar seu coração. Porque nisto consiste
a parcela do homem.”
Mesmo diante à essa reflexão proposta pela dama, Gilgamesh insistiu na
imortalidade, e ela por sua vez, vendo a teimosia de seu visitante, o conduziu até
Urshanabi, o barqueiro da morte. Mas o destino de Gilgamesh não era o submundo da
morte, mas sim, uma ilha localizada no mar cósmico, além dos domínios de An e Ki, e o
barqueiro conduziu seu passageiro de bom grado.
Ao chegar na Ilha da Bem-Aventurança, Gilgamesh encontra Utnapishtim, e o sábio
logo quebra as esperanças de Gilgamesh, dizendo que a vida do homem era destinada a
morte e que somente a benevolência dos deuses poderia dar a imortalidade. Mas a mulher de
Utnapishtim reacendeu a esperança no coração de Gilgamesh o contando sobre uma flor que
ficava imersa no mar primordial que tinha o poder de tornar o velho em jovem.
Fazendo o caminho de volta para o reino dos mortais, Gilgamesh chega ao ponto
onde estava submersa a flor da juventude. Gilgamesh amarrou pedras aos seus pés, tomou
fôlego, afundou-se no mar e pegou a flor, mas ao sair da água ele decidiu seguir viagem
com a flor pois tinha planos de dividir a flor com alguns membros de sua corte, como sua
mãe.
Voltando da viagem, já no reino dos mortais, Gilgamesh decide se banhar em um
riacho antes de chegar em Uruk, ao deixar a flor e suas vestes na beira do riacho, Gilgamesh
vê uma serpente devorando a flor, trocando de pele e se tornando nova. Gilgamesh então,
retorna decepcionado para seu reino, mas com os novos aprendizados que teve pelo
caminho.

“É por isso que o Poder da Serpente da Vida Imortal, que antes pertencia ao homem, foi-
lhe arrebatado e hoje permanece separado – em poder da amaldiçoada serpente e
difamada dessa, no paraíso perdido do destemor.” - Joseph Campbell.

Decadência
Os Sumérios foram primeiramente unificados por um rei que além de unificar as
cidades sumérias conquistou terras além do território sumério em 2.239 a. C, esse rei era o
Rei Sargão, e foi ele que unificou as cidades-estado dos Sumérios aos seus territórios e
transformou tudo no Império Mesopotâmico.
Sargão nomeou a capital de seu império de Acad (ou Acádia) e o Acádico e
Acadinos foram respectivamente os nomes dados para o idioma semítico da época e para o
povo que viva sobre o império de Sargão. Durante os anos de 2.100 a. C, um neto de Sargão
chamado Naram-Sim, estava no poder e foi derrotado pelo povo Gutiano da cidade de
Borahshi que dominaram todas as cidades sumerianas da época e somente um século depois
da dominação o atual rei de Uruk chamado Utuhegal se rebelou contra o domínio dos
Gutianos e libertou seu povo, em um período conhecido como Renascença Sumeriana.
Mas após 7 anos de reinado Utuhegal foi deposto por Ur-Nammu, um general da cidade de
Uruk nomeado pelo próprio Utuhegal. Durante o reinado de Ur-Nammu, a Suméria se viu
próspera novamente, e ele foi o primeiro Legislador do Império Babilônico, transmitindo
suas leis de forma oral para os reinos.
Durante o quinto reinado após Ur-Nammu, a Suméria era governada por Ibbi-Sin
quando foi vítima dos ataques dos povos Elamitas e Amoritas, dessa forma, os sumérios se
viram fragilizados novamente e outros governantes começaram a surgir independentes do
reinado do Luggal, assim, enfraquecendo mais ainda a suméria. A suméria foi derrotada e
dominada pelos Amoritas em 1950 a. C que definiram a Babilônia como sua nova capital e
os sumerianos desapareceram como entidade étnica, sendo associados ao império
Babilônico.

Babilônicos
1.894 a. C – 539 a. C

Código de Hamurábi
“Quando o sublime Anul, rei dos anunnakis, e Enlil, senhor dos céus e da terra, determinaram que Marduk
deveria reinar sobre todos os povos do mundo, eles o exaltaram entre os deuses e deram a Babilônia o seu
ilustre nome, estabelecendo ali, um reino eterno. Naquele dia, Anul e Enlil pronunciaram meu nome,
Hamurábi, o príncipe devoto temente aos deuses, para que eu trouxesse justiça a terra, destruisse os maus e
os perversos, acabasse com a exploração do forte sobre o fraco e me levantasse como sol sobre os mortais,
iluminando toda a terra..” – Rei Hamurábi.

O Rei Hamurábi, o primeiro rei da Babilônia, foi um dos mais importantes reis do
Império, sendo ele o responsável por criar o Código de Hamurábi em 1972 a. C, que foi o
primeiro conjunto de leis escritas. O Código de Hamurábi ou Estela de Hamurábi contava
com cerca de 282 leis e presava pela punição e retaliação a altura do crime, foi desse
conjunto de lei que surgiu a famosa Lei de Talião “olho por olho, dente por dente”, uma
frase famosa até nos dias de hoje. Mas esse conjunto de leis tinha um viés cultural da época
que determinava alguns julgamentos com base em “julgamentos dos deuses”, como entrar
em um rio onde o mau será afogado e o bom sairá ileso, e amenizava ou extrapolava
algumas punições dependendo da estratificação social entre criminoso e vítima, por
exemplo: Se um homem pobre furar o olho de outro homem pobre, ou se um homem rico
furar o olho de outro homem rico, o crime será pago com o criminoso tendo um de seus
olhos furados, mas, se um homem rico furar o olho de um homem pobre, ele pode pagar o
homem pobre com dinheiro ou recursos pelo seu crime, e se um homem pobre furar o olho
de um homem rico, ele paga pelo seu crime com a própria vida.
A Estela de Hamurábi é um obelisco esculpido em basalto com quase 2 metros de
altura onde a maior parte do obelisco é composta pelo texto do código de Hamurábi e no
topo do oblisco podemos ver uma imagem em alto relevo do próprio Hamurábi recebendo o
cetro de Shamash, deus do sol e da justiça. Hoje em dia, a Estela de Hamurábi se encontra
no museu do Louvre.
Leis mais conhecidas do código e Hamurábi:
Significado de algumas palavras:
• Ordálio: A presença de um deus em uma punição
• awilum: homem livre

• §2 “Se um awilum lançou contra um awilum uma acusação de feitiçaria mas não
pôde comprovar: aquele contra quem foi lançada a acusação irá ao rio e
mergulhará no rio. Se o rio o dominar, seu acusador tomará para si sua casa. Se o
rio purificar aquele awilum e ele sair ileso: aquele quem lançou sobre a acusação de
feitiçaria será morto e o que mergulhou no rio tomará para si a casa do acusador.”
• §25 “Se pegou fogo na casa de um homem livre e um outro homem livre, que veio
para apagá-lo, levantar seu olho para um utensílio do dono da casa e pegar esse
utensílio: esse homem livre será lançado nesse fogo.”
• §132 “Se contra a mulher de um awilum foi apontado o dedo por causa de outro
homem, mas ela não foi surpreeendida dormindo com um outro homem, para seu
marido ela mergulhará no rio.”
• §142 “Se uma mulher tomou aversão a seu esposo e disse-lhe: ‘Tu não terás
relações comigo’, seu caso será examinado em seu distrito. Se ela se guarda e não
tem falta e seu marido é um saidor e a despreza muito, essa mulher não tem culpa,
ela tomará seu dote e irá para a casa de seu pai.”
• §143 “Se ela não se guarda, é uma saidora, dilapida sua casa e despreza seu
marido, lançarão essa mulher na água.”
• §196 “Se um awilum destruiu o olho de um awilum, destruirão seu olho”
• §200 “Se um awilum arrancou o dente de um awilum arrancou o dente de um
awilum, arrancarão também o seu dente.”

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