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PARTE I: Arqueologia
— Documentos/Textos: São as fontes de muito do conhecimento que temos destas civilizações, mas pelos
seus materiais frágeis, acabaram muitos deles fragmentados ou em mau-estado, o que nos impede de
contextualizar ou confirmar uma informação.
— Escavações: Com o passar dos séculos, algumas cidades conhecidas destas civilizações acabaram
subterradas, e muitas vezes rehabitadas até aos dias de hoje. Como tal, não é possível mover uma população
dessas dimensões para que se façam escavações aprofundadas.
— Antigo Testamento: Passa uma visão maioritariamente negativa dos povos que estudamos.
Pentateuco (referência à torre de babel); Livros Proféticos, Livros Históricos.
Grandes Expedições:
— Carsten Niebuhr: É importante porque Niebuhr copia e trás com ele inscrições de escrita uniforme, que
leva à decifração dessa escrita. Traça ainda o primeiro mapa de uma antiga cidade que visita na Síria.
— Napoleão: Faz uma expedição ao Egito e a maior descoberta é a Pedra Roseta, que se encontra inscrita em
3 idiomas, e ajuda a decifração de antigos hieróglifos egípcios por Jean Champollion e Henry Rawlinson
(que também decifra o rochedo de behistun da mesopotamia).
Paul Émile Botta, 1842: Inicia a arqueologia de campo em grande escala na Mesopotâmia com as escvações
na antiga cidade de Dur-Sarrukin, atual Khorsabad, motivado por relatos orais de habitantes da cidade.
Encontra imensos artefactos, dentre eles os restos do grande palácio de Sargon e a estátua de Lamassu.
Austan Layard: Faz escavações pela Síria e encontra antigos painéis na antiga Calú, atual Ninrude, que se
encontram até hoje no Museu Britânico.
É conhecido ainda pela descoberta da primeira grande biblioteca de antiguidade,- Biblioteca de
Ashurbanipal.
Robert Koldewey: Começa um projeto de escavações em grande escala na Babilónia, e introduz novos
métodos úteis para a arqueologia, como: a atenção à estratigrafia e ao registo de campo, tipografias
cerâmicas, abertura de sondagens horizontais e verticais, e o interesse nas estruturas arquitetónicas.
Auguste Mariette: É o responsável por escavações nas cidades de Abidos e Saqqara, onde se descobre o
Templo de Seti I e o templo de Dendara, um dos mais bem conservados dos Egito.
Flinders Petrie (aprofundador da tipografia cerâmica) e Howard Carter (primeiro descobridor do túmulo de
Tutancâmon) trabalham juntos na cidade de Armana, em 1892.
O nome Mesopotâmia é na verdade atribuído a esta zona pelos egípcios, e não usado pelas civilizações que
lá habitavam. Era uma zona de contacto entre várias culturas, sendo a primeira a suméria, que desaparece,
mas os seus aspetos culturais continuam, e isso prova-nos que nesta área atravessam-se diferentes períodos
históricos e e culturas distintas, mas que havia contacto entre os poderes existentes.
Sabemos também que era uma civilização especialmente dual, havendo provas da existência de uma
Babilónia e Assíria que, apesar de completamente distintas em vários aspetos, como a religião, partilhavam
ainda assim alguns.
- A localização da Mesopotâmia é também importante por incluir a crescente fértil (na zona da atul Síria,
Irão, etc).
Agricultura:
— Levante/Norte: Chuva abundante, permite que a agricultura se desenvolva sem irrigação.
— Sul: Foi necessária a construção de diques e canais para que se levasse a água dos rios às populações.
- Na era da colheita (primavera), os rios Eufrates e Tigre inundavam, (ao contrário do que acontecia no rio
Nilo).
— São conhecidos pelo uso de argila e suas variantes (Ex: adobe, que consistia numa mistura de argila e
outros materiais como palha) para muitos aspetos da sua vida, como na escrita ou na construção de casas. A
argila era também mencionada como o material de que o ser humano era feito, pela sua natureza instável e
não segura.
— Pela falta de recursos, os povos que aí habitam são ainda obrigados a procurar abastecimentos nas
montanhas, o que leva à exposição a outros povos que se transmite numa série de conflitos externos
conhecidos.
Os rios (Tigre e Eufrates) e os seus afluentes vão ser muito importantes para o desenvolvimento das
civilizações desta área, que se vão instalar muitas vezes à sua volta pela quantidade de recursos e vantagens
conhecidas.
Contactos externos:
Neste tópico, a água ganha também um grande papel pelas redes extensas de comunicações que se
desenvolvem nos rios e no Mar Mediterrâneo e que obrigam à gestão ordenada das mesmas.
Alguns dos contactos mais conhecido foram feitos com:
— Afeganistão;
— Vale do Indo;
— Arábia;
— Bahrein;
— Líbano.
Cidade de Mari:
— É uma das primeiras cidades da antiga Mesopotâmia, criada de raíz pelo Homem, ou seja, toda a sua
estrutura é pensada e estudada de forma a ser eficiente para a sua sobrevivência.
— Assim, a cidade é construída na margem do rio Eufrates, com uma rede de canais que permitem o
contacto com este e ainda é conhecida pelas suas fortificações .
— Outras cidades conhecidas que se aproveitam dos rios e se desenvolvem em volta deles são. Babilónia e
Nínive.
Aldeias neolíticas:
— Podem ser caracterizadas como auto-suficientes e restritivas nas trocas comerciais com outras aldeias, e
fazem uma exploração circunscrita e limitada do espaço em que se encontram.
— Estrutura da cidade:
- Nestas aldeias não há ruas ou espaços definidos entre as habitações diferentes, e também não há
diferenciação destas unidades, sendo notável uma fórmula de habitação repetitiva.
— Estrutura da habitação:
- São maioritariamente feitas de adobe seco ao sol;
- Normalmente decoradas com gesso ou pinturas e ainda ornamentadas com crânios de touros, muitas vezes
ligados ao poder, força e ainda à fertilidade;
- A distinção dos espaços da habitação era:
* interior: havia um forno (usado para cozinha mas também na olaria), um espaço para dormir e
outras atividades quotidianas.
* superior: na casa havia uma escada de acesso a um andar superior aberto, onde eram realizadas
também atividades quotidianas.
* subsolo: era no subsolo das habitações que eram enterrados os ancestrais de cada família.
Tipologia cerâmica:
— A cerâmica deste período desenvolve-se na segunda parte mencionada, o neolítico cerâmico.
Tipologia cerâmica:
— Obeid foi um arqueossítio do sul da Mesopotâmia que não só desenvolveu uma cultura cerâmica como
outras inovações e ideologias culturais que se expandiram lentamente até ao Norte da Mesopotâmia, como:
- Os edifícios começam a ter uma forma cruxiforme, e ganham um uso mais comunitário, onde as
pessoas podem descansar, ou até se juntar para praticar qualquer atividade.
- Aparecem ainda templos, altares e mesas de oferenda para se prestar o culto aos deuses em conjunto;
- E esses edifícios começam também a ter divisões com funções como o armazenamento de alimentos
e bens.
PERÍODO DE URUK
— Tem origem na cidade de Uruk, localizada no sul da Mesopotâmia, nas margens do rio Eufrates.
- Porquê no Sul?
É reconhecido que o sul da Mesopotâmia tenha sido um local com uma fauna e flora diversas e sistemas de
irrigação efetivos, que levava a uma agricultura sustentável e produtiva.
Por esse motivo, era mais fácil a fixação de aglomerados de população cada vez maiores.
- Questão Suméria:
A civilização suméria é considerada a principal originária deste período, mas não se sabe de onde possam
ter surgido e acabam por ser extintos e substituídos por semitas, que ainda seguem aspetos da cultura que
deixam.
— A sua expansão cultural vai desde a atual Turquia, passando a Síria e Iraque até ao Irão Oriental depois
das montanhas Zagros.
— Esse movimento caracteriza-se principalmente pela sua internacionalização, com a criação e manutenção
de uma rede de interações coloniais que chega até ao Egito.
— Para acompanhar esse movimento, vemos serem criadas várias colónias mercantis, no que muitos
consideram o primeiro sistema colonial conhecido pela História.
Estas colónias podiam ser criadas do zero — Habuba Kabira — ou serem impostos em povos indígenas, o
que explica o aparecimento dessa cultura de uma forma súbdita e abruta.
CIDADES ≠ ALDEIAS:
— Surgem neste período os primeiros aglomerados a que podemos chamar cidades, e com eles trazem um
conjunto de inovações na vida urbana:
Cidade Aldeia
Arquitetura: A arquitetura das cidades é organi- A cidade não tem ruas ou limites que
zada e começa a ser hierarquizada. diferenciem ruas, e a fórmula de ar-
Há essencialmente 3 fórmulas de or- quitetura das habitações é repetitiva.
ganização da cidade: circular, ortogo-
nal e triangular.
Espaço interior: Começa a haver a distinção dos es- Não há diferenciação do espaço inte-
paços interiores para uso específico rior de uma habitação.
de certas atividades ou funções.
Relação com o espaço: Há uma relação mais aprofundada e A exploração feita do espaço que os
explorada com o meio ao seu redor, rodeia é limitada e menor.
tanto que há uma preocupação ge-
ográfica que antes não havia
Quantidade: 50/60 hectares: difícil de sair da 1/2 hectares: maior flexibilidade para
cidade pelo tempo que a viagem con- sair e entrar da aldeia
sume.
Crescimento: O crescimento das cidades tem um O crescimento é pouco mas não tem
limite (a muralha) e podem começar a qualquer limite, por isso é horizontal.
crescer verticalmente.
Propriedades: É nesta época que começam a apare- Vimos que no Período anterior, as
cer as primeiras propriedades pri- habitações começam a ter uma na-
vadas com destino a famílias ou clãs. tureza mais comunitária, havendo es-
paços comuns para a prática de certas
atividades.
Este ajuntamento de pessoas leva a que a vida quotidiana comece a evoluir para um urbanismo, que os
obriga a adaptar aspetos da sua vida que antes eram simples, como:
— A rede comercial e social que surge a nível internacional;
— A especialização artesanal das pessoas que têm que satisfazer a uma maior procura;
— A escrita cuneiforme: surge para auxílio da burocracia e a sua origem são os registos de contabilidade e
atividade comercial que já existiam antes;
— Surgimento de estados.
Outras inovações:
CRONOLOGIA:
— O Período Dinástico é considerado maioritariamente de influência suméria, mas é durante este período
que vamos notar o aparecimento do povo semita na Mesopotâmia, o que leva a uma sociedade híbrida.
A cultura sumérica é passada a escrito mais tarde pois a sua literatura era passada oralmente.
— Neste período surgem dois conceitos muito importantes para a vida urbana:
CIDADE ESTADO:
— As cidades estado eram as cidades independentes que se formaram mais cedo, e são governadas por
uma figura individual, o Líder.
— Cada cidade tinha a sua divindade, mas também era prestado culto a deuses menores, como é visto me
templos que eram construídos para isso e onde se administrava a vida económica.
— Nela, haviam duas instituições que rivalizam, o templo e o palácio (mais tardiamente).
— Cidades mais importantes deste período: Uruk, Ur, Eridu, Lagash, Larsa, Nippur e Kish.
— Era o chefe religioso e líder secular que governa a cidade estado, mas a rege em nome da divindade e
não do seu.
— Tinha funções judiciais, políticas, religiosas e militares.
— Vivia no palácio (Egal) e não se sabe como era eleito.
DIVINDADES:
- Como não há coesão na sociedade que habita na Mesopotâmia neste Período, é normal que se encontre
registro de alguns conflitos. Tinham origem normalmente na gestão dos canais e de territórios e são notáveis
através da irregularidade de circulação de bens entre cidades a partir da segunda fase do período dinástico
arcaico. Um dos mais conhecidos:
Lagash X Umma:
— Foi um conflito documentado que teve origem na questão das fronteiras que partilhavam.
* Urukagina: Soberano de Lagash.
Cria o que é considerado as primeiras reformas sociais que visam favorecer as camadas
mais pobre e corrigir as irregularidades da cidade.