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Mecânica dos sólidos I

Capítulo 01:
Tensão

Tensão admissível
Projetos de acoplamentos
simples

Prof. Leandro José da Silva

1- Tensão
Revisão do aula anterior:
 Tensão normal

P

A

 Tensão de cisalhamento

V

A

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1- Tensão P V
 
Incertezas A A

 A carga de projeto diferente do carregamento aplicado;

 As medições estipuladas podem ser inexatas devido a erros de fabricação


ou na montagem de seus componentes;

 Vibrações desconhecidas, impacto ou cargas acidentais podem ocorrer;

 Corrosão atmosférica, a deterioração ou o desgaste provocado por agentes


do ambiente tendem a danificar os materiais durante o uso;

 Materiais como madeira, concreto ou compósitos reforçados com fibras


podem apresentar variação em suas propriedades mecânicas.

1- Tensão
Critérios de projeto de estruturas

 Tensão admissível: Uma estrutura tem a resistência necessária se as tensões


causadas em seus elementos pelas cargas estabelecidas (por normas) não
ultrapassam as tensões admissíveis estabelecidas, que são iguais a uma
determinada parte da tensão limite do material, que é considerada como sendo
igual ao limite de escoamento, no caso do aço (σe).
Rn
S n  Rd Rd 

 Método dos coeficientes das ações: Os coeficientes de segurança são
aplicados às ações (majoradas). Muito usado no dimensionamento de estruturas
com comportamento plástico.
Sd  Rd Sd   Sn

 Método dos estados limites: há a adoção de coeficientes de ponderação das


ações (majoradas) e coeficientes de resistência (minoradas), que são pré-
determinados por condições específicas baseadas em probabilidade
Sd   f Sn
Sd  Rd
Rn
Rd 
m

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1- Tensão
P V
Tensão admissível  
A A

 Segurança: necessário estabelecer uma tensão


ADMISSÍVEL que restrinja a carga aplicada a um valor
menor que a carga que o elemento possa suportar
integralmente.

1- Tensão
Tensão admissível

 Fator de Segurança: um dos métodos de especificar a carga para o projeto ou a


análise de um elemento.

 É a relação entre a carga de ruptura Frup e a carga admissível Fadm.

 Selecionado com base na experiência, de modo que as incertezas sejam


consideradas quando o elemento é usado em condições semelhantes de carga
e geometria.

Frup
F .S . 
Fadm

 Se a carga aplicada ao elemento for relacionada linearmente à tensão


desenvolvida no interior do elemento:

 rup  rup
F .S .  F .S . 
 adm  adm

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1- Tensão
Tensão admissível

 Fator de Segurança: características que o influenciam.

 Material da peça (dúctil, quebradiço, homogêneo, especificações bem


conhecidas, etc.)
 Carga que atua na peça (constante, variável, modo de aplicação, bem
conhecida, sobrecargas possíveis, etc.);
 Perigo de vida (do operador da máquina, de elementos vizinhos, etc.);
 Máquina.

CARVALHO, J. R.; MORAES, P. Órgãos de máquinas – Dimensionamento. 2ª ed.


Rio de Janeiro: Livros técnicos e científicos. 1978.

1- Tensão
Tensão admissível

 Carvalho e Moraes (1978) Propõe: F.S.  a  b  c  d (σr como tensão perigosa)

tensão de ruptura
a = relação de elasticidade a
limite elástico

Constante = 1
b = fator que leva em conta o tipo de carga Variável sem reversão = 1,5 a 2
Variável com reversão = 2 a 3

Constante gradualmente aplicada = 1


c = modo de aplicação das cargas Constante subitamente aplicada = 2
Choque > 2

d = margem ou fator real de segurança Material dúctil = 1,5 a 2


Material frágil = 2 a 3

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1- Tensão
 Método dos Estados Limites

 Segundo a norma brasileira NBR 8681/03, os estados limites de uma estrutura


são aqueles a partir dos quais a estrutura apresenta desempenho
inadequado às finalidades do projeto.

 Isto significa que os esforços e as deformações ou os deslocamentos, devem


ser inferiores a certos valores limites, que dependem do material utilizado e do
tipo de estrutura.

 Quando tais objetivos não são alcançados, quer dizer que um ou mais estados
limites foram excedidos.

 Os Estados Limites são classificados em:

 Estados Limites Últimos (ELU)


 Estados Limites de Serviço (ELS)

1- Tensão
 Método dos Estados Limites

Estados Limites Últimos: Estão relacionados ao esgotamento da capacidade portante da


estrutura, determinando a interrupção do seu uso, no todo ou em parte. Os ELU estão
associados a eventos extremos (cargas excessivas) e, como consequência, ao colapso total
ou parcial da estrutura.

 Perda de equilíbrio

 Ruptura por qualquer tipo de solicitação

 Instabilidade total ou parcial

 Flambagem global de barras

 Flambagem local de elementos de barras

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1- Tensão
 Método dos Estados Limites

Estados Limites de Serviço: Os ELS são aqueles que por sua ocorrência, repetição ou
duração, provocam danos ou efeitos incompatíveis com as condições especificadas para o
uso normal da estrutura durante sua vida útil. Os ELS estão associados a eventos frequentes
(cargas em serviço) e referem-se ao desempenho da estrutura, podendo impedir sua
utilização para o fim ao qual se destina. Os estados limites de serviço podem ser originados
por um ou mais dos seguintes fenômenos:

 Danos ligeiros ou localizados que comprometem o aspecto


estético ou a durabilidade da estrutura;

 Deformações excessivas que afetam a utilização normal da


estrutura

 Vibrações excessivas que provocam desconforto ou afetam


elemento não estruturais

Valores disponíveis nos anexos da NBR8800

1- Tensão
 Método dos Estados Limites

 No método dos estados limites, há a adoção de coeficientes de ponderação


das ações e coeficientes de resistência, que são pré-determinados por
condições específicas baseadas em probabilidade.

 Assim, as ações nominais são majoradas pelos coeficientes de ponderação


apropriados e as resistências nominais são minoradas pelos correspondentes
coeficientes de resistência, sendo assegurada a segurança quando a resistência
“minorada” for maior ou igual às solicitações “majoradas”.

 Para cobrir as incertezas existentes no cálculo estrutural, os valores nominais


(ou característicos) das resistências (Rn) e das solicitações (Sn) são
transformados em valores de cálculo (ou de projeto) das resistências (Rd) e das
solicitações (Sd), através da aplicação de coeficientes de ponderação, os quais
usualmente minoram as resistências e majoram as ações ou seus efeitos
(solicitações).

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1- Tensão
 Método dos Estados Limites

Valor característico das cargas

1- Tensão
 Método dos Estados Limites

Valor característico da resistência

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1- Tensão
 Método dos Estados Limites

Majoração das cargas e minoração da resistência


Sd  Rd

1- Tensão
 Método dos Estados Limites

Sd   Sn
Tem-se: Sd  Rd  1
Rn
Rd 

Sd e Sn – Solicitações de cálculo e nominais, respectivamente


Rd e Rn – Resistência de cálculo e nominal do material , respectivamente
γf e γm – coeficiente de majoração das ações e coeficiente de minoração das
resistências, respectivamente.

Os coeficientes de ponderação γf e γm são determinados por considerações probabilísticas para


cada tipo de estado limite, geralmente como o produto de coeficientes parciais, os quais têm por
objetivo quantificar separadamente as várias causas de incerteza.

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1- Tensão
Método dos Estados Limites Rn

Rd 

γm1 – leva em conta a variabilidade da resistência efetiva, transformando a resistência
característica num valor extremo de menor probabilidade de ocorrência;
γm2 - considera as diferenças entre a resistência efetiva do material da estrutura e a resistência
medida convencionalmente em corpos de prova padronizados;
γm3 – considera as incertezas existentes na determinação das solicitações resistentes, seja em
decorrência dos métodos construtivos ou em virtude do método de cálculo empregado.

1- Tensão
 Método dos Estados Limites Sd   Sn

γf1 – leva em conta a possibilidade de ocorrência de ações que se afastem do valor


característico;
γf2 - fator de combinação → leva em conta a probabilidade reduzida de várias ações
diferentes, atuando simultaneamente na estrutura, atingirem seus valores
característicos ao mesmo tempo. Este fator usualmente é identificado como ψ0;
γf3 – leva em conta a imprecisão na determinação das solicitações ou das tensões
(incerteza de modelo) e o efeito nas solicitações da variação das dimensões da
estrutura entre o projeto e a execução.

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1- Tensão
 Método dos Estados Limites Sd   Sn
Na norma brasileira NBR 8800/08 os coeficientes para ações e seus efeitos são
dados da seguinte forma:

a) Estado Limite Último: O produto γf1γf3 é representado por γg ou γq e o coeficiente


γf2 é igual ao fator de combinação ψ0.

b) Estado Limite de Serviço: Em geral o valor de γf é igual a 1,0. Nas combinações


de ações de serviço são usados os fatores de redução ψ1 e ψ2, para a obtenção
de valores frequentes e quase permanentes das ações variáveis respectivamente.

1- Tensão
 Método dos Estados Limites Sd   Sn

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1- Tensão
 Método dos Estados Limites Sd   Sn

1- Tensão
 Método dos Estados Limites Sd   Sn

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1- Tensão
Projeto de acoplamentos simples

 Elemento sujeito a uma força normal:

P P
  A
A  adm

 Elemento sujeito a uma força de cisalhamento:

V V
  A
A  adm

 Tensão admissível: determinada aplicando-se um fator de segurança para


um tensão normal ou de cisalhamento especificada.

1- Tensão
Projeto de acoplamentos simples

 Área da seção transversal de um elemento de tração:

 Área: pode ser determinada desde que a força tenha uma linha de ação que
passe pelo centróide da seção transversal.

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1- Tensão
Projeto de acoplamentos simples

 Área da seção transversal de um acoplamento submetido a cisalhamento:

 Em geral: são usados parafusos ou pinos para acoplar chapas, pranchas ou


vários elementos.

 Se o parafuso estiver solto ou a força de acoplamento for desconhecida, é


seguro supor que qualquer força de atrito entre as chapas é desprezível.

 Supondo que a tensão de cisalhamento que provoca a força seja distribuída


uniformemente na seção transversal.

1- Tensão
Projeto de acoplamentos simples

 Área para resistir ao esmagamento em conexões:

 Parafusos, rebites, pinos criam


tensões ao longo da superfície de
esmagamento, ou de contato, nos
elementos que eles se conectam.

 A resultante da distribuição de
força na superfície é igual e oposta
à força exercida sobre o pino.

 A intensidade da tensão média


correspondente é chamada
Fonte: BEER, F. P.; JOHNSTON JR., E. R. DEWOLF, J. T.; MAZUREK, D.
F. Mecânica dos materiais. 5a ed. Porto Alegre: AMGH,2011. 800p de tensão de esmagamento

P P
e  
A td

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1- Tensão
Projeto de acoplamentos simples

 Área requerida para resistir ao apoio:

 Tensão de apoio: tensão normal produzida pela compressão de uma


superfície contra outra.

 Poderá, se suficientemente grande, esmagar


ou deformar localmente uma ou ambas as
superfícies.

 Necessário determinar a área de apoio


adequada para o material usando a tensão de
apoio admissível.

1- Tensão
Projeto de acoplamentos simples

 Área requerida para resistir ao cisalhamento provocado por carga axial:

 Hastes ou outros elementos: estão apoiados de tal maneira que pode surgir
uma tensão de cisalhamento, apesar de o elemento estar submetido a uma
carga axial.

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1- Tensão
Projeto de acoplamentos simples

 Exemplo I: O braço está submetido ao


carregamento mostrado na figura. Determine o
diâmetro exigido para o pino de aço em C se a
tensão de cisalhamento admissível para o aço for
τadm = 55 MPa. Note na figura que o pino está
sujeito a cisalhamento duplo.

Para equilíbrio, temos:

   M C  0; FAB 0,2  150,075  25 53 0,125  0  FAB  15 kN


  F x  0;  15  C x  25 54   0  C x  5 kN
200

  F y  0; C y  15  25 53   0  C y  30 kN

O pino em C resiste à força resultante em C.

FC  52  302  30,41 kN

1- Tensão
Projeto de acoplamentos simples

 Exemplo I: O braço está submetido ao


carregamento mostrado na figura. Determine o
diâmetro exigido para o pino de aço em C se a
tensão de cisalhamento admissível para o aço for
τadm = 55 MPa. Note na figura que o pino está
sujeito a cisalhamento duplo.

O pino está sujeito a cisalhamento duplo, uma força de cisalhamento de 15,205 kN age sobre
sua área da seção transversal entre o braço e cada orelha de apoio do pino. A área exigida é

V 15,205
A   276,45 10 6 m 2
 adm 55 103
2

d 
    276,45 mm 2
2
d  18,8 mm

Usar um pino com um diâmetro d = 20 mm.

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1- Tensão
Projeto de acoplamentos simples

 Exemplo II: A barra rígida AB é sustentada por uma haste de aço AC com 20 mm
de diâmetro e um bloco de alumínio com área de seção transversal de 1.800 mm2.
Os pinos de 18 mm de diâmetro em A e C estão submetidos a cisalhamento
simples. Dadas a tensão de ruptura do aço e do alumínio, e a tensão de falha por
cisalhamento para cada pino, determine a maior carga P que pode ser aplicada à
barra. Aplique um fator de segurança FS = 2.

1- Tensão
Projeto de acoplamentos simples

 Exemplo II: ...

 
aço rup  680 MPa  al rup  70 MPa  rup  900 MPa

Tenções admissíveis:
Equações de equilíbrio:
 
 aço adm  aço rup

680
 340 M Pa
FS 2
 
 al adm  al rup  70  35 M Pa
FS 2
 rup 900
 adm    450 M Pa
FS 2

  M B  0; P1,25  FAC 2  0 (1)


  M A  0; FB 2  P0,75  0 (2)

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1- Tensão
Projeto de acoplamentos simples

 Exemplo II: ...


 aço adm  340 M Pa
 al adm  35 M Pa P1,25  FAC 2  0 (1)
 adm  450 M Pa FB 2  P0,75  0 (2)

Valor de P que cria a tensão admissível na haste.

 
FAC   aço adm  AAC   340 106  0,01  106,8 kN
2

P
106,82  171 kN
1,25 Valor de P que cria a tensão
admissível no pino.
Valor de P que cria a tensão admissível no bloco.
 
FAC   aço adm A pino   450 10 6  0,009
2

 
FB   al adm AB  35 10 1.800 10
6
   63,0 kN
6
 114,5kN

P
63,02  168 kN 114,52  183 kN
0,75 P
1,25

1- Tensão
Projeto de acoplamentos simples

 Exemplo III: A haste suspensa está apoiada em sua


extremidade por um disco circular fixo como mostrado.
Se a haste passa por um furo de 40 mm de diâmetro,
determinar o diâmetro mínimo requerido da haste e a
espessura mínima do disco necessários para suportar
uma carga de 20 kN. A tensão normal admissível da
haste é σadm = 60 MPa, e a tensão de cisalhamento
admissível do disco é τadm = 35 MPa..
Diâmetro da haste:

N 20(10 3 ) N d2
A   0,333(10 3 )m 2 A  0,333(10 3 )m 2
 adm 60(10 6 ) N / m 2 4
d  0,0206m  20,6mm
Diâmetro do disco:
V 20(103 ) N
A   0,5714(103 )m 2
 adm 35(106 ) N / m 2 A  2rt  2 (0,02m)t

t
 
0,5714 10 3 m 2
 
 4,55 10 3 m  4,55mm
2 0,02m 

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1- Tensão Projeto de acoplamentos simples

 Exercício I: O conjunto da correia sobreposta será submetido a uma força de


800 N. Determinar (a) a espessura t necessária para a correia se o esforço de
tração admissível para o material for (σt)adm = 10 MPa, (b) o comprimento dl
necessário para a sobreposição se a cola pode resistir a um esforço de
cisalhamento admissível de (τadm)c = 0,75 MPa e (c) o diâmetro dr do pino se a
tensão de cisalhamento admissível para o pino for (τadm)P = 30 MPa.

Respostas:
t  1,78mm
d t  11,85mm
d r  4,12mm

1- Tensão Projeto de acoplamentos simples


Exercício II: Na estrutura de aço mostrada na figura é utilizado um pino de 6 mm de
diâmetro em C e são utilizados pinos de 10 mm de diâmetro em B e D. A espessura
dos elementos de apoio em C e D é de 6 mm. O limite de tensão de cisalhamento
para o aço é 220 MPa em todas as conexões. O limite da tensão normal média é
380 MPa na barra BD e o limite da tensão de esmagamento é de 400 MPa no
material da barra BD e 500 MPa no material dos elementos de apoio em C e D.
Sabendo que se deseja um coeficiente de segurança de FS = 2,5; determine: (a) a
maior carga P que pode ser aplicada em A (b) a maior carga P que pode ser
aplicada em A, supondo que a estrutura foi reprojetada para utilizar pino com
diâmetro de 10 mm em C e nenhuma outra alteração foi feita. Note que a barra BD
não é reforçada ao redor dos furos dos pinos.
Vista frontal

Vista lateral

Fonte: Adaptado de BEER, F. P.;


JOHNSTON JR., E. R. Mecânica dos
materiais. 5a ed. Porto Alegre:
AMGH,2011. 800p

Respostas:

a) 2962,1 N
Vista superior
b) 2962,1 N

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1- Tensão Projeto de acoplamentos simples

Exercício III: Para uma carga


aplicada P = 1500 N, determine o
diâmetro mínimo exigido dos pinos
B e C. Use um fator de segurança
de 2 para ruptura. Os pinos são
feitos com um material para o qual
a tensão de ruptura por
cisalhamento é de 150 MPa, e cada
pino está sujeito a cisalhamento
duplo.

Fonte: Hibbeler, R.C. Resistência dos


materiais. 10a ed. São Paulo: Perason,
2018. p.49 (ex. 1.78)

Respostas:
Db= 7,08 mm
Dc = 6,29 mm

Obrigado pela atenção!

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