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1. TRAÇÃO, COMPRESSÃO E CISALHAMENTO

1.1. Tração e Compressão:

Consideremos uma peça retilínea da seção transversal constante e de peso desprezível,


sujeita unicamente a dois sistemas de forças exteriores iguais e opostas, aplicadas às duas seções
extremas e tendo uma resultante passando pelo centro de gravidade da seção. Esta peça está
sujeita à tração ou à compressão dependendo do sentido das forças aplicadas nas seções extremas
da peça.
Quando a carga atuar com o sentido dirigido para o exterior da peça (puxada), a peça
estará tracionada. Quando o sentido de carga estiver dirigido para o interior da peça, a barra
estará comprimida (empurrada).

P P’ P P’
Peça Tracionada Peça Comprimida

- Ensaio de Tração:
O ensaio de tração consiste em submeter o material a um esforço que tende a alongá-lo até a
ruptura. Os esforços ou cargas são medidos na própria máquina de ensaio. No ensaio de tração o
corpo é deformado por alongamento, até o momento em que se rompe. Os ensaios de tração
permitem conhecer como os materiais reagem aos esforços de tração, quais os limites de tração
que suportam e a partir de que momento se rompem. Deste modo obtém-se o diagrama tensão-
deformação completo para o material em estudo.

- Ensaio de Compressão:
De modo geral, podemos dizer que a compressão é um esforço axial, que tende a provocar
um encurtamento do corpo submetido a este esforço. Nos ensaios de compressão, os corpos de
prova são submetidos a uma força axial para dentro, distribuída de modo uniforme em toda a
seção transversal do corpo de prova.

1.2. Tensão, Deformação, Cargas Axiais:

- Força Normal ou Axial ( P ): Define-se força normal ou axial aquela que atua
perpendicularmente (normal) sobre a área da seção transversal da peça.

- Deformação ( δ ): Quando uma força é aplicada a um corpo, ela tende a alterar a forma e a
dimensão do corpo. Essas mudanças são chamadas de deformação e podem ser tanto visíveis a
olho nu como praticamente imperceptíveis sem a utilização de equipamentos precisos de
medidas. A deformação é a resposta que o material dá aos esforços que o solicitam. A maneira de
se deformar é uma característica do material de que se compõe um corpo.

- Deformação Específica ( ε ): Deformações que as estruturas sofrem devido aos esforços


externos. É a deformação ( δ ) por unidade de comprimento ( L ).

- Tensão Normal ( σ ): A força normal P, que atua na peça, origina nesta, uma tensão normal
que é determinada através da relação entre a intensidade da força aplicada e a área da seção
transversal da peça, sendo comumente designada pela letra grega σ (sigma). A unidade no S.I.
para tensão é o Pascal (Pa), ou seja, 1 N/m2 = 1 Pa.
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Veja alguns exemplos:


Material Tensão Máxima de Ruptura (MPa)
Aço 350 a 700
Alumínio 210
Cobre 210 a 420
Concreto 14 a 70

Tomemos a barra BC, de comprimento L e seção transversal


uniforme de área A, sujeita à força axial centrada P, conforme figura.
Ao aplicarmos a força P, obtemos a correspondente deformação δ.
P δ
σ= ε=
A L
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onde: σ = tensão (sigma) (N/m )
P = força (N)
A = área (m2)
ε = deformação específica (Épsilon) (grandeza adimensional)
δ = deformação (deslocamento) (delta) (m)
L = comprimento (m)

Se uma deformação δ é causada na barra BC pela carga P,


para causar a mesma deformação na barra B’C’, de comprimento L,
mas com área de seção transversal de valor 2A, precisamos de uma
força 2P.

2P P δ
σ= = ε=
2A A L

Obs.: Nos dois casos, o valor da tensão é o mesmo.

Por outro lado, a carga P aplicada à barra B’’C’’ de mesma


área A de seção transversal, mas com comprimento 2L, provoca
uma deformação 2δ na barra, o dobro da deformação produzida em
BC.

P 2δ δ
σ= ε= =
A 2L L

Obs.: A relação entre a deformação e o comprimento da barra é a


mesma.
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1.3. Diagrama Tensão-Deformação:

A resistência de um material depende de sua capacidade de aguentar uma carga sem


apresentar deformações indevidas ou falhas. Essa propriedade é inerente ao material e deve ser
determinada através de experimentos. Assim vários tipos de testes foram desenvolvidos para
avaliar a resistência de um material sujeito a cargas que podem ser estáticas, cíclicas, de grande
duração ou impulsivas. Um dos mais importantes testes a serem realizados é o ensaio de tração
ou compressão. A partir dos dados obtidos no ensaio de tração ou compressão, é possível
calcularmos os vários valores de tensão e as deformações correspondentes do corpo-de-prova
para, finalmente, construirmos um gráfico com esses resultados. A curva resultante é chamada de
diagrama tensão-deformação. Este diagrama varia muito de material para material, e, para um
mesmo material, ensaiado a uma mesma temperatura teremos o mesmo gráfico.
Se os correspondentes valores de σ e ε forem colocados em um gráfico, no qual as
ordenadas representem as tensões e as abcissas representem as deformações específicas,
obteremos o diagrama tensão-deformação.
Este diagrama é muito importante uma vez que com ele podemos obter os dados sobre a
resistência à tração (ou compressão) de um material independentemente das dimensões ou forma
do material, isto é, independentemente de sua geometria. Entretanto, dois diagramas tensão-
deformação específica para um material em particular jamais serão exatamente iguais, uma vez
que os resultados dependem de várias variáveis, como a composição do material, as imperfeições
microscópicas, a forma como foi fabricado, a velocidade de aplicação da carga e a temperatura
durante o ensaio.
A máquina para testes é utilizada para tracionar o corpo-de-prova a uma velocidade bem
baixa e constante, até atingir o ponto de ruptura. A máquina é projetada de forma a registrar a
carga necessária para manter essa tração uniforme.

⇒ Exemplos de Diagramas:

- Materiais Dúcteis:
1. Aço Com Baixo Teor De Carbono:
. Dúcteis com escoamento definido: o diagrama possui um trecho em que a deformação cresce
sob tensão constante. Diz-se que, neste trecho, o material sofre escoamento. A tensão
correspondente chama-se de limite de escoamento (σE).

σe = Tensão de escoamento do
material
σu = Tensão última (máxima carga
aplicada ao material)
σR = Tensão de ruptura
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2. Alumínio:
. Dúcteis sem escoamento definido: possuem um trecho quase reto inicial em que as deformações
são pequenas e um trecho em que o material se deforma mais rapidamente.

σ
σu Ruptura

σe

σR

ε
σe = Tensão de escoamento do material
σu = Tensão última (máxima carga aplicada ao material)
σR = Tensão de ruptura

- Materiais Frágeis: O diagrama é curvo e a ruptura se dá para uma tensão σR sem que a
deformação ε atinja valores muito grandes.

σ
σu = σR Ruptura

ε
σu = Tensão última (máxima carga aplicada ao material)
σR = Tensão de ruptura

. Limite de Proporcionalidade: entre tensão e deformação, representa o valor máximo de


tensão abaixo do qual o material obedece a “Lei de Hooke”, ou seja, tensão aplicada ao material
sem que apareçam deformações residuais ou permanentes após a retirada da carga externa.
- O limite de proporcionalidade (elasticidade) σP, que se determina pela fórmula:
σP = Pp Kg/mm2
Ao
onde: Pp = carga no limite de proporcionalidade em Kg
Ao = área inicial da seção do corpo de prova em mm2

. Limite de Escoamento: neste ponto aumentam as deformações sem aumentar a tensão.


Quando se atinge o Limite de Escoamento, diz-se que o material passa a escoar-se. O
escoamento é caracterizado praticamente por uma oscilação ou uma parada do ponteiro da
máquina durante toda a duração do fenômeno.
- O limite de escoamento σY, que se determina pela fórmula:
σY = Pe Kg/mm2
Ao
onde: Pe = carga no limite de escoamento em Kg
Ao = área inicial da seção do corpo de prova em mm2
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. Limite de resistência: ou resistência a tração, corresponde a máxima carga suportada pelo


material, que caracteriza o final da zona plástica.
- O limite de resistência σU (tensão última) que se determina pela fórmula:
σU = Pu Kg/mm2
Ao
onde: Pu = é a carga máxima atingida durante o ensaio em Kg
Ao = área inicial da seção do corpo de prova em mm2

. Limite de Ruptura: corresponde a ruptura do material.


- A resistência à ruptura σR (limite de tenacidade) que se determina pela fórmula:
σR = Pr Kg/mm2
Ao
onde: Pr = é a tensão de ruptura em Kg
Ao = área inicial da seção do corpo de prova em mm2

. Estricção: Na fase plástica, a deformação transversal cresce bem mais que na fase elástica.
Quando o material se aproxima da ruptura, a seção transversal, no ponto em que o material se
achar mais fraco, reduz-se subitamente. Diz-se que houve estricção nesta seção.
- A estricção se determina pela fórmula:
ψ = Ao - A1 x 100 (%)
Ao
onde: A1 é a seção do corpo de prova no ponto de ruptura.
Ao é a seção inicial do corpo de prova antes do ensaio.

Região Elástica: o trecho da curva tensão-deformação, compreendido entre a origem e o limite


de proporcionalidade.

. Região Plástica: o trecho do diagrama compreendido entre o limite de proporcionalidade e o


ponto correspondente à ruptura do material.

1.3.1. Materiais Dúcteis e Frágeis:

Dúcteis: Material que apresenta grandes deformações antes de romper-se, uma característica
particular é o escoamento a temperaturas normais. Avisa a situação de perigo. A ruptura desse
materiais ocorre sob tensão de cisalhamento. Acontece neste tipo de material o fenômeno da
estricção. Ex: aço, alumínio, madeira, cobre, zinco, latão, bronze, níquel, etc.
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Frágeis: Material que deforma-se pouco (relativamente) antes de romper-se, caracterizam-se pela
ruptura que ocorre sem nenhuma mudança sensível no processo de deformação do material.
Deformação ocorre sempre no regime elástico. Não avisa a ruptura. Para materiais frágeis não
existe diferença entre tensão última e tensão de ruptura. A deformação até a ruptura é muito
menor nos materiais frágeis do que nos materiais dúcteis. Não acontece a estricção, a ruptura se
dá em uma superfície perpendicular ao carregamento. Ex: concreto, ferro fundido, material
cerâmico, vidro, porcelana, gesso, cristal, acrílico, etc.

1.3.2. Lei de Hooke - Módulo de Elasticidade:

As estruturas correntes são projetadas de modo a sofrerem apenas pequenas


deformações, que não ultrapassem os valores do diagrama Tensão-deformação correspondentes
ao trecho reto do diagrama. Na parte inicial do diagrama, a tensão σ é diretamente proporcional à
deformação específica ε e podemos escrever:

σ=Eε

Esta relação é conhecida como Lei de Hooke.


onde:
E = tangente trigonométrica do ângulo que a reta OP forma com o eixo das ε. Este coeficiente é
chamado de Módulo de elasticidade do material ou módulo de Young e é tabelado para diferentes
materiais.
Obedecendo o modelo constitutivo conhecido como a Lei de Hooke, podemos definir o
sólido elástico, linear, homogêneo e isotrópico. Por elástico deve-se entender que o material
retorna a sua forma inicial, ou seja, não existem deformações permanentes após cessar o
carregamento. Linear significa que a relação entre as tensões e deformações é uma função linear.
Assim, um aumento no valor das tensões provoca um aumento proporcional no valor das
deformações. Homogêneo indica que as propriedades do material são iguais para todos os pontos
do corpo. Isotrópico significa que as propriedades mecânicas medidas ao longo de uma direção
são iguais quando medidas em todas as outras direções. Um exemplo de materiais que obedecem
esta lei para uma faixa definida como faixa elástica, são os materiais metálicos (aço, alumínio,
cobre, etc) à temperatura ambiente.

1.3.3. Comportamento Elástico e Plástico:

Elástico: Um material tem comportamento elástico quando as


deformações causadas por um certo carregamento desaparecem com
a retirada do carregamento. Chama-se limite de elasticidade do
material ao maior valor de tensão para o qual o material ainda
apresenta comportamento elástico.

Plástico: Se o material atingir o escoamento e se deformar, quando


a carga é retirada, as tensões e deformações decrescem de maneira
linear. O fato de ε (deformação específica) não voltar ao ponto
zero indica que o material sofreu uma deformação permanente ou
plástica.
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1.4. Falhas dos Materiais devidas a Fadiga:

Quando um material está sujeito a cilcos repetidos de tensões ou deformações específicas,


podemos esperar uma quebra em sua estrutura, o que conduz à sua fratura. Este comportamento
é denominado fadiga e é usualmente responsável por um grande percentual de falhas nas bielas e
manivelas de um motor; nas pás de turbinas a gás ou a vapor; conexões ou suportes em pontes;
eixos e outras partes sujeitas a carregamentos cíclicos Em todos esses casos, a fratura ocorrerá
com um nível de tensão abaixos da tensão de escomento do material.
Aparentemente, esta falha ocorre devido ao fato de que existem regiões microscópicas,
geralmente na superfície do elemento, onde a tensão localizada torna-se muito maior que a tensão
média atuante ao longo da seção transversal do elemento. Sendo esta tensão cíclica, ela provoca o
aparecimento de microtrincas. A ocorrência dessas trincas causa um aumento na tensão em seu
entorno, fazendo com que se estendam para o interior do material quando a tensão continua a ser
ciclicamente aplicada. Eventualmente a área da seção transversal do elemento é reduzida ao
ponto de não mais resistir à carga, resultando na fratura súbita do elemento. Assim, o material,
originalmente reconhecido como dúctil, comporta-se como se fosse frágil.
Para especificarmos uma resitência segura para um material metálico sujeito a um
carregamento repetido, é necessário determinarmos um limite abaixo do qual não seja detectada
qualquer evidência de falha após a aplicação do carregamento por um número definido de ciclos.
Essa tensão limite é denominada limite de resistência à fadiga ou simplesmente limite de fadiga.
Utilizando uma máquina de testes dessa natureza, uma série de corpos-de-prova é
individualmente submetida a uma tensão específica cíclica até sua falha. Os resultados são
colocados em um gráfico representando as tensões S (ou σ) como ordenadas e o número de
cilcos até a falha N como abcissas. Este gráfico é chamado de diagrama S-N ou diagrama tensão-
número de ciclos e frequentemente os valores de N são colocados em uma escala logarítmica,
uma vez que são geralmente muito altos.
Os valores típicos do limite de resistência à fadiga para vários materiais empregados em
engenharia são, normalmente, listados em manuais e na literatura sobre o assunto. Uma vez
obtido um valor particular do limite de resistência à fadiga, admite-se geralmente que, para
qualquer tensão abaixo desse valor, a vida do material será infinita e, portanto, o número de ciclos
para o material falhar não será levado em consideração.

1.5. Deformação de barras sujeitas a cargas axiais:

Tomemos uma barra homogênea BC de comprimento L e seção transversal uniforme de


área A sujeita à força axial centrada P. Se a tensão atuante σ não exceder o limite de
proporcionalidade do material, podemos aplicar a Lei de Hooke, e escrever:

σ = E.ε
Sendo:
P δ
σ= ε=
A L

Podemos afirmar que:


P.L
δ=
A.E
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Esta equação poderá ser usada só quando a barra for homogênea (ou seja o módulo de
elasticidade E constante), tiver seção transversal uniforme de área A constante e a carga P
aplicada estiver na extremidade da barra.
Se as forças forem aplicadas em outros pontos ou se a barra consiste de várias partes com
diferentes seções transversais ou compostas de diferentes materiais, logo a estrutura é dividida em
segmentos que individualmente satisfaçam as condições de aplicação da equação, sendo a
deformação total da barra expressa como:

PI .L I
δ = ∑I na qual o índice i identifica as várias partes da barra.
AI .E I

1 L/3

2P
2 L/3
2P
3 L/3
P

Exemplo de barra com seções transversais diferentes

δ t = δ1 + δ 2 + δ 3

Convenção de Sinais: Consideraremos tanto a força quanto o deslocamento como positivo


quando causarem uma tração e um alongamento, respectivamente; enquanto uma força e um
deslocamento negativos causarão uma compressão e uma contração, respectivamente.

+P -P

+δ -δ

1.6. Sistema de Unidades:

1 N → 0,1 Kgf 1 Pa → 1 N/m2


1 KN → 100 Kgf 1 KPa → 103 Pa →103 N/m2
1 MPa → 106 Pa → 106 N/m2 1 GPa → 109 Pa → 109 N/m2
10 KN → 1 tf 10 N → 1 Kgf

- Unidades de Comprimento: - Unidades de Volume:


1 dm = 0,1 m = 10 –1 m 1 dm3 = 10 –3 m3
1 cm = 0,01 m = 10 –2 m 1 cm3 = 10 –6 m3
1 mm = 0,001 m = 10 –3 m 1 mm3 = 10 –9 m3

- Unidades de Área:
1 dm2 = 10 –2 m2
1 cm2 = 10 –4 m2
1 mm2 = 10 –6 m2
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No Sistema Internacional de Unidades (SI), os módulos das tensões normais e cisalhantes


são expressos em unidades de newtons por metro quadrado (N/m2). Sendo esta unidade,
chamada de pascal (1 Pa = 1 N/m2), muito pequena para os trabalhos de engenharia, é prática
adotar-se alguns prefixos como quilo (103), simbolizado por K, mega (106), simbolizado por M e
giga (109), simbolizado por G para representar os valores mais elevados (ou mais realísticos) de
tensão.
Outros múltiplos e submúltiplos decimais das unidades estão na tabela abaixo:

Nome Símbolo Fator pelo qual a Unidade é Multiplicada


exa E 1018 = 1 000 000 000 000 000 000
peta P 1015 = 1 000 000 000 000 000
tera T 1012 = 1 000 000 000 000
giga G 109 = 1 000 000 000
mega M 106 = 1 000 000
quilo k 103 = 1 000
hecto h 102 = 100
deca da 10
deci d 10-1 = 0,1
centi c 10-2 = 0,01
mili m 10-3 = 0,001
micro µ 10-6 = 0,000 001
nano n 10-9 = 0,000 000 001
pico p 10-12 = 0,000 000 000 001
femto f 10-15 = 0,000 000 000 000 001
atto a 10-18 = 0,000 000 000 000 000 001
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LISTA DE EXERCÍCIOS – TRAÇÃO E COMPRESSÃO

1. Qual a máxima carga de compressão que uma coluna de madeira de seção transversal
retangular 3 cm x 6 cm pode suportar? A tensão admissível da madeira é de 10 MPa.

2. Determinar a força de tração que solicita uma barra de aço cilíndrica com 3 cm de
diâmetro, quando a deformação específica é ε = 0,7 x 10-3. Tomar E = 210 GPa.

3. Uma barra circular possui 32 mm de diâmetro e o seu comprimento 1,6 m. Ao ser


tracionada por uma carga axial de 4 KN, apresenta um alongamento de 114 µm.
Determinar o módulo de elasticidade.

4. Calcule o módulo de elasticidade do material A e B, representados pelos seus diagramas


de tensão x deformação vistos na figura.

A
B

5. Uma barra de alumínio possui seção transversal quadrada com 60 mm de lado e o seu
comprimento é de 0,8 m. A carga axial aplicada na barra é de 36 KN. Considere o módulo
de elasticidade do alumínio igual à 70 GPa. Determine o alongamento da barra.

6. Uma barra prismática, com seção retangular (25 mm x 50 mm) e comprimento L = 3,6 m
está sujeita a uma força axial de tração 100000 N. O alongamento da barra é de 1,2 mm.
Calcular a tensão de tração e a deformação específica da barra.

7. Um corpo de prova de aço com diâmetro d = 20 mm e comprimento L = 60 mm será


submetido a um ensaio de compressão. Se for aplicada uma força de 100.000 N, qual a
tensão absorvida pelo corpo de prova e qual a deformação do mesmo? O módulo de
elasticidade do aço é igual a 210 GPa.

8. Num arame de alumínio, de 4 mm de diâmetro, é observado um alongamento de 25 mm,


quando a tração no arame é de 400 N. Sabendo-se que E = 70 GPa e que a tensão última
para o alumínio é de 100 MPa, determine o comprimento do arame.

9. Uma barra de controle de aço com 1,7 m de extensão não pode se alongar mais de 0,5 mm
quando suporta uma força axial de tração de 10000 N. Sabendo-se que E = 200 GPa,
determine:
a) o menor diâmetro que pode ser adotado para a barra;
b) a tensão normal causada pelo carregamento.
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10. A figura dada, representa duas barras de aço soldadas


na seção BB. A carga de tração que atua na peça é
4,5 KN. Desprezando o efeito do peso próprio
determine a deformação da barra. Dado: E = 210 GPa

11. Uma barra de aço tem seção transversal de área A = 10 cm2 e está solicitada pelas forças
axiais que estão indicadas na figura. Determinar o alongamento da barra, sabendo-se que
E = 210 GPa .
A B C D
30KN 20KN 90KN

2m 3m 4m

12. Duas barras de 36 mm de diâmetro, ABC de aço e CD


de bronze, são ligadas no ponto C e formam uma barra
ABCD de 7,5 m de comprimento. Determinar, para a
carga aplicada e desprezando o peso da barra, os
deslocamentos:
a) do ponto C;
b) do ponto D.

13. A haste ABCD é feita de alumínio com E = 70 GPa.


Determinar, para as cargas indicadas, desprezando o
peso próprio:
a) o deslocamento do ponto B;
b) o deslocamento do ponto D.
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1.7. Problemas Estaticamente Indeterminados:

Em muitos problemas as forças internas não podem ser determinadas apenas com os
recursos da estática. Na maior parte destes problemas, as próprias reações, que são as forças
externas, não podem ser determinadas simplesmente desenhando o diagrama de corpo livre da
peça e estudando suas equações de equilíbrio. Essas equações de equilíbrio devem ser
complementadas por outras relações envolvendo deformações, que podem ser obtidas
considerando as condições geométricas do problema. Tais problemas são ditos estaticamente
indeterminados, pois a estática não é suficiente para determinar as reações e esforços internos.
O processo de cálculo, que se empregará, é o da igualdade dos deslocamentos.
O próximo exemplo mostra como conduzir à solução desses problemas.

Exemplo: Uma barra de comprimento L e área da seção transversal A1, com módulo de
elasticidade E1, foi colocada dentro de um tubo de mesmo comprimento L, mas de área de
seção transversal A2 e módulo de elasticidade E2. Qual é a deformação da barra e do tubo,
quando uma força P é aplicada por meio de uma placa rígida?

Chamando de P1 e P2, respectivamente, as forças axiais na barra e no tubo,


desenhamos os diagramas de corpo livre dos três elementos.

Ocorre, no entanto, que uma equação não é suficiente para a determinação das duas
incógnitas, as forças P1 e P2 (esforços internos). O problema é estaticamente indeterminado.
Entretanto, a geometria do problema nos mostra que as deformações δ1 e δ2 da barra e
do tubo devem ser iguais.
P .L P .L
δ1 = 1 δ2 = 2 (2)
A1 . E1 A2 . E 2

Igualando as duas expressões, obtemos:


P1 P2
= (3)
A1 . E1 A2 . E 2

As equações (1) e (3) se resolvem simultaneamente para a determinação de P1 e P2:

A1 . E 1 . P A2 . E 2 . P
P1 = P2 =
A1 . E1 + A2 . E 2 A1 . E1 + A2 . E 2

Em seguida calculamos a deformação da barra e do tubo por qualquer das equações (2).
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LISTA DE EXERCÍCIOS – PROBLEMAS ESTATICAMENTE INDETERMINADOS

1. Uma força centrada compressiva de 180 KN está


aplicada na montagem mostrada, por meio de placas
rígidas colocadas em ambas as extremidades. Sabe-se
que os módulos de elasticidade do aço e do alumínio
valem 200 GPa e 70 GPa, respectivamente.
Determinar:
a) a tensão normal no cilindro interno de aço;
b) a tensão normal no tubo de alumínio;
c) a deformação da montagem.

2. Um pilar de concreto armado, de seção quadrada, 30


cm x 30 cm, não sujeito à flambagem, foi armado
com 4 Ø 16 mm e carregado com P = 160 KN.
Determine a intensidade das cargas suportadas pelo
concreto e aço, bem como as tensões.
Dados: EC = 20 GPa e EA = 210 GPa.

3. Um cilindro de alumínio está no interior de um


tubo de aço. O conjunto é comprimido
axialmente, com a força P = 24 t, por
intermédio de placas rígidas, como indicado mm
na figura. Determine as forças que agem no
cilindro e no tubo. São dados E1 = 28 GPa mm
(alumínio) e E2 = 210 GPa (aço).

4. O cilindro de bronze e o cilindro oco de


alumínio da figura formam um conjunto que
encurta de 0,40 mm quando recebe uma força
axial aplicada em placas rígidas nas
extremidades. Determinar:
a) a intensidade da força aplicada;
b) a tensão na barra de bronze.
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5. Uma barra de 250 mm de comprimento, com


seção transversal retangular de 15 x 30 mm,
consiste de duas lâminas de alumínio (E = 70
GPa), de 5 mm de espessura, e no centro de
uma lâmina de latão (E = 105 GPa), com a
mesma espessura. Se ela está sujeita a uma
força centrada, P = 30 KN, determinar:
a) a tensão normal nas lâminas de alumínio;
b) a tensão normal na lâmina de latão.

6. Determinar a deformação da barra composta do problema anterior, se nela atuar uma força
centrada de intensidade P = 45 KN.
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1.8. Coeficiente de Poisson:

Como foi visto anteriormente para uma barra delgada e homogênea, carregada
axialmente, as tensões e deformações satisfazem a “Lei de Hooke”. Enquanto não for
excedido o limite de elasticidade do material. Adotando que a força P tem a direção x (Fig. a),
temos que σx = P/A, onde A é a área de seção transversal da barra. Da Lei de Hooke temos:
σx
εx =
E

A Fig. b mostra que nas faces respectivamente perpendiculares aos eixos y e z temos
σy = σz = 0. Este fato pode levar-nos a imaginar que as deformações específicas εy e εz são
também iguais a zero. Isto, entretanto não ocorre.
Em todos os materiais, o alongamento produzido por uma força P na direção dessa
força é acompanhado por uma contração ou dilatação em qualquer outra direção que não seja
a direção de aplicação da carga (seção transversal). Considerando o material homogêneo e
isotrópico (mesmas propriedades em todas as direções), as deformações específicas
transversais serão iguais εy = εz. O valor absoluto da relação entre a deformação específica
transversal e deformação específica longitudinal é chamado de Coeficiente de Poisson, é
expresso pela letra grega (ν) (ni).

ν = é uma característica de cada material (0 < ν < 0,5) (grandeza adimensional)

deformação específica transversa l


ν=
deformação específica longitudin al
εy ε
ou
ν =− =− z
εx εx
Deformações específicas sob carga axial paralela ao eixo x:
σx ν .σ x
εx = εy =εz = −
E E
δx δy δz
εx = εy = εz =
L d e
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LISTA DE EXERCÍCIOS – COEFICIENTE DE POISSON

1. Em um teste de tração, uma barra de alumínio de 20 mm de


diâmetro é submetida a uma força de 30 KN. Sabendo-se
que ν = 0,35 e E = 80 GPa, determinar:
a) o alongamento da barra, em um trecho central de 150 mm;
b) a variação do diâmetro da barra.

2. Uma carga de 2,5 KN, quando aplicada a um fio metálico com 300 mm de comprimento e
diâmetro de 5 mm, provoca um alongamento de 0,19 mm e uma deformação específica
transversal de 1,76 x 10-4. Calcule:
a) a tensão no fio;
b) o módulo de elasticidade longitudinal;
c) a deformação específica longitudinal;
d) e o coeficiente de Poisson.

3. Uma barra de aço prismática vertical suporta em sua extremidade inferior uma carga de
30 KN. O comprimento da barra é 220 mm, σ = 70 MPa e E = 210 GPa. Calcule:
a) a área da seção transversal;
b) o alongamento;
c) a deformação específica longitudinal.

4. Um tubo de aço de 1,8 m de comprimento, 300 mm de diâmetro externo


e 13 mm de espessura é usado como uma pequena coluna e suporta uma
carga axial centrada de 1335 KN. Sendo E = 210 GPa e ν = 0,3,
determinar:
a) a variação de comprimento do tubo;
b) a variação do diâmetro externo do tubo;
c) a variação da espessura da parede do tubo.

5. A variação no diâmetro de um longo parafuso de aço é


medida cuidadosamente enquanto o parafuso é apertado.
Sendo E = 200 GPa e ν = 0,3, determinar o esforço
interno no parafuso, se a variação no diâmetro medida é
de 13 µm de redução.

6. Um pequeno bloco cilíndrico de bronze tem um diâmetro original de 3,81 cm e um


comprimento de 7,62 cm. Ele é colocado em uma máquina de compressão e comprimido
até seu comprimento atingir o valor de 7,57 cm. Determine o novo diâmetro do bloco.
Dado: E = 103 GPa e ν = 0,34
17

1.9. Cisalhamento:

No caso de metais, podemos praticar o cisalhamento com tesouras, prensas de corte,


dispositivos especiais ou simplesmente aplicando esforços que resultem em forças cortantes.
Ao ocorrer o corte, as partes se movimentam paralelamente, por escorregamento, uma sobre a
outra, separando-se. A esse fenômeno damos o nome de cisalhamento.
Todo material apresenta certa resistência ao cisalhamento. Saber até onde vai esta
resistência é muito importante, principalmente na estamparia, que envolve corte de chapas, ou
nas uniões de chapas por solda, por rebites ou por parafusos, onde a força cortante é o
principal esforço que as uniões vão ter de suportar.

Força Cortante:

Ao estudar os ensaios de tração e de


compressão, você ficou sabendo que, nos dois casos, a
força aplicada sobre os corpos de prova atua ao longo
do eixo longitudinal do corpo.

No caso do cisalhamento, a força é aplicada ao


corpo na direção perpendicular ao seu eixo longitudinal.

Esta força cortante, aplicada no plano da seção transversal (plano de tensão), provoca
o cisalhamento. Como resposta ao esforço cortante, o material desenvolve em cada um dos
pontos de sua seção transversal uma reação chamada resistência ao cisalhamento.
A resistência de um material ao cisalhamento, dentro de uma determinada situação de
uso, pode ser determinada por meio do ensaio de cisalhamento.

Ensaio de cisalhamento:
A forma do produto final afeta sua resistência ao cisalhamento. É por essa razão que o
ensaio de cisalhamento é mais freqüentemente feito em produtos acabados, tais como pinos,
rebites, parafusos, cordões de solda, barras e chapas.
Do mesmo modo que nos ensaios de tração e de compressão, a velocidade de
aplicação da carga deve ser lenta, para não afetar os resultados do ensaio.
Normalmente o ensaio é realizado na máquina universal de ensaios, à qual se adaptam
alguns dispositivos, dependendo do tipo de produto a ser ensaiado.
Para ensaios de pinos, rebites e parafusos utiliza-se um dispositivo como o que está
representado simplificadamente na figura a seguir.
18

O dispositivo é fixado na máquina de ensaio e os


rebites, parafusos ou pinos são inseridos entre as duas partes
móveis.

Ao se aplicar uma tensão de tração ou compressão no


dispositivo, transmite-se uma força cortante à seção
transversal do produto ensaiado. No decorrer do ensaio, esta
força será elevada até que ocorra a ruptura do corpo.

1.9.1. Tensão de Cisalhamento ( τ ):

A ação da carga cortante sobre a área da seção transversal da peça causa nesta uma
tensão de cisalhamento, que é definida através da relação entre a intensidade da carga aplicada
e a área da seção transversal da peça sujeita a cisalhamento.

Q
τ=
A

Para o caso de mais de um elemento estar submetido a cisalhamento, utiliza-se o


somatório das áreas das seções transversais para o dimensionamento. Se os elementos
possuírem a mesma área de seção transversal, basta multiplicar a área de seção transversal
pelo número de elementos (n)

Q
τ=
n. A
onde:
τ = Tensão de Cisalhamento (N/m2 = Pa)
Q = Força Cortante (N)
A = Área da seção transversal da peça (m2)
n = número de elementos submetidos a cisalhamento (adimensional)

Se as áreas das seções transversais forem desiguais, o esforço atuante em cada


elemento será proporcional a sua área de seção transversal.

Aplicações: juntas rebitadas, corpos de prova de madeira e chavetas utilizadas para prender
polias aos eixos. Nestas peças diz-se que a solicitação considerada no dimensionamento é de
corte.

1.9.2. Deformação de Cisalhamento ( γ ):

As deformações normais específicas causam uma variação no volume do elemento,


enquanto a deformação por cisalhamento causa uma mudança na sua forma.
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Como não há tensões normais, atuando no elemento, os comprimentos das arestas não
se alteram com a aplicação das tensões de cisalhamento. Aparece, sim, uma distorção dos
ângulos originalmente retos, e o elemento toma a forma como mostra a figura.

A distorção é medida em radianos (portanto adimensional), através da relação entre a


tensão de cisalhamento atuante e o módulo de elasticidade transversal do material.
τ
γ =
G
onde:
γ = Distorção, Deformação de Cisalhamento (radianos = rad)
τ = Tensão de Cisalhamento atuante (N/m2 = Pa)
G = Módulo de Elasticidade transversal do material (Pa)

Quando a deformação provoca uma redução no ângulo formado pelas faces orientadas
segundo os eixos x e y, respectivamente, a deformação de cisalhamento γxy é positiva; de
modo contrário ela é negativa.

Módulo de Elasticidade Transversal (G): desde que o material obedeça a Lei de Hooke, há
proporcionalidade entre τ e γ. Esta constante de proporcionalidade é que se chama G. O
módulo G é expresso nas mesmas unidades de τ, em Pascal (Pa).

τ
G=
γ

O módulo de elasticidade transversal de qualquer material é menor que a metade, mas


maior que um terço do módulo de elasticidade E deste material. ( 1/3 E < G < ½ E )
Marcando em um gráfico os valores τxy e γxy, obtemos o diagrama Tensão-deformação
no cisalhamento, para o material em estudo. O diagrama é semelhante ao das tensões normais
obtidas para o mesmo material, por um teste de tração. O de cisalhamento obtém-se
realizando um teste de torção.
Obs.: valores tais como tensão de escoamento, tensão última, etc. para um certo material, dão
em torno da metade dos valores obtidos no ensaio de tração desse material. Também como no
outro o primeiro trecho é uma linha reta.
20

EXEMPLOS

1. A figura mostra um rebite de 20 mm de diâmetro que será usado para unir duas chapas de
aço, devendo suportar um esforço cortante de 29400 N. Qual a tensão de cisalhamento
sobre a seção transversal do rebite?

2. Um bloco retangular é feito de material que tem módulo de elasticidade transversal G =


600 MPa. O bloco é colado a duas placas horizontais rígidas. A placa inferior é fixa e a
placa superior é submetida à força P. Sabendo-se que a placa superior se move de 0,8 mm
sob a ação da força, determine:
a) a deformação de cisalhamento no material;
b) a força P que atua na placa superior.
21

LISTA DE EXERCÍCIOS – CISALHAMENTO

1. Emprega-se um rebite para ligar duas barras de


aço, como se indica na figura. Se o rebite tem
diâmetro igual a 1,905 cm e a carga é de 30000 N,
qual a tensão de cisalhamento no rebite?

2. Determinar a tensão de cisalhamento atuante no


conjunto representado na figura, a força cortante = 6 KN
que atuará no conjunto é de 6 KN.
1 – parafuso sextavado de 12 mm de diâmetro

3. Dimensionar o parafuso do conjunto representado


na figura. A tensão de cisalhamento é de 105 MPa.

4. Um bloco de material plástico é fixado à base horizontal


da figura. Uma placa rígida horizontal é colocada no
bloco, e aplica-se a ela a força P. Determinar o
deslocamento da placa quando P = 45 KN, sendo o
módulo de elasticidade transversal do material plástico
usado G = 400 MPa.

5. Um amortecedor de vibrações consiste de dois


blocos de borracha dura, coladas à placa AB, e dois
suportes fixos, como indicado. Sabendo-se que a
força de intensidade 26,7 KN causa uma deflexão
vertical de 1,6 mm na placa AB, determinar o
módulo de elasticidade transversal para a borracha
usada.

6. Dois blocos de borracha com um módulo de elasticidade


transversal 12 MPa são colados aos suportes rígidos e à
placa AB. Sabendo-se que c = 100 mm e P = 45 KN,
determinar as menores dimensões para a e b dos blocos,
se a tensão de cisalhamento para a borracha não deve
exceder a 1,45 MPa e a deflexão da placa deve ser pelo
menos de 4,7 mm.
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1.10. Problemas envolvendo Variação de Temperatura:

Quando se eleva ou abaixa a temperatura de um corpo, o material se dilata ou contrai,


respectivamente, a não ser que seja impedido por circunstâncias locais.
Consideramos a barra AB, homogênea e de seção transversal uniforme, apoiada em
uma superfície lisa horizontal. Ao aumentar a temperatura da barra de um valor ∆T a barra se
alonga de um valor δT, proporcional à variação da temperatura quanto ao comprimento da
barra L.

δ T = α . ∆T . L

δ T = L f − L0

onde:
δT = deformação total (m)
α = coeficiente de dilatação térmica (°C, °F)
∆T = variação de temperatura (°C, °F)
L = L0 = comprimento inicial (m)
Lf = comprimento final (m)

À deformação total “δT“ está relacionada a deformação específica:


δT
εT =
L
onde:
εT = deformação térmica específica

Concluímos que:
ε T = α . ∆T
Já no caso de uma barra AB de comprimento L foi colocada entre dois anteparos fixos,
separados da distância L. Não existem tensões ou deformações nesta condição inicial. Ao
elevarmos a temperatura, o alongamento da barra será nulo, pois os anteparos impedem
qualquer deformação. Assim a deformação específica também é nula. εT = 0

No tanto para evitar o alongamento da barra, os anteparos vão aplicar sobre a barra
duas forças P e P’ após a elevação da temperatura. Logo, podemos afirmar que é criado um
estado de tensão na barra.
23

Ao tentarmos calcular a tensão σ criada pela variação da temperatura, verificamos que


o problema é estaticamente indeterminado. Onde calculamos a intensidade da força P,
levando em conta as condições de alongamento nulo da barra. Ao retirarmos o anteparo B que
restringe a deformação da barra, ela então se alonga livremente, com a variação da
temperatura ∆T. O alongamento correspondente é:

δ T = α . ∆T . L

Aplicamos agora à extremidade B da barra a força P que representa a reação


P.L
superabundante e, utilizando a equação: δ P = , obtemos uma segunda deformação.
A. E

Como a deformação total deve ser nula, teremos:


P.L
δ = δ T + δ P = α . ∆T . L + =0
A. E
onde:
P = − A . E . α . ∆T

Logo, a tensão atuante na barra devido à variação de temperatura é:

P
σ= = − E . α . ∆T σ = − E . α . ∆T
A
Obs.: Esses resultados se aplicam no caso de barra de seção transversal uniforme e material
homogêneo.
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LISTA DE EXERCÍCIOS – VARIAÇÃO DE TEMPERATURA

1. Em uma estrada de ferro, os trilhos de aço contínuos são assentados e presos aos dormentes
à temperatura de 35°F. Determine a tensão normal no trilho quando a temperatura atinge
-6
95°F. Adotar E = 200 GPa e α = 6,5 x 10 /°F.

2. Sabendo que uma barra prismática biengastada é de aço com módulo de elasticidade E =
-6
210 GPa e o coeficiente de dilatação linear α = 12 x 10 /°C, determine qual a diferença de
temperatura que se deverá aplicar à barra para que a tensão normal atinja a tensão de
escoamento σe = 30 MPa.

3. Um arame de alumínio, de 30 m de comprimento, é submetido a uma tensão de tração de


70 MPa, determinar o alongamento do arame. De quantos graus seria necessário elevar a
temperatura do arame para obter o mesmo alongamento?
-6
Adotar E = 70 GPa e α = 23 x 10 /°C.

4. Uma barra prismática de cobre tem comprimento de 1,5 m e a seção transversal de área
igual a 16 cm2. Quando a temperatura é de 40°C, ela está livre de tensões. Qual a tensão
-
normal quando a temperatura baixa para 20°C, sabendo que E = 120 GPa e α = 16,7 x 10
6
/°C.

5. A figura dada representa uma viga I de aço com comprimento L = 4 m e área de seção
transversal A = 2800 mm2 engastadas nas paredes A e B, livre de tensões a uma
temperatura de 17ºC. Determinar a força térmica e a tensão térmica originada na viga,
-5
quando a temperatura subir para 42ºC. Dados: Eaço = 210 GPa e αaço = 1,2 x 10 /°C.

6. Uma barra circular de alumínio possui comprimento L = 0,3 m a temperatura de 17ºC.


Determine a dilatação e o comprimento final da barra quando a temperatura atingir 32ºC.
-5
αal = 2,4 x 10 /°C.

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