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Resistência dos Materiais –

Fundamentos de Resistência

Cap.IV – Noções de Tensões e


Deformações

Prof. João Carlos de Campos


Cap. IV – Noções de Tensões
Introdução – Analisamos anteriormente o corpo
da figura abaixo, com as cargas externas nele
aplicado.

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Cap. IV – Noções de Tensões
Em geral, as forças internas, que atuam em áreas
infinitesimais de um corte, têm magnitudes e
direções variadas, conforme apresentado na
figura anterior e também na figura abaixo.

Essas forças são


de natureza
vetorial e mantêm
equilíbrio com as
forças externas
aplicadas.

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Cap. IV – Noções de Tensões
A força por unidade de área ou a intensidade das
forças distribuídas numa certa seção transversal é
chamada”Tensão Atuante”, nessa seção.

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Cap. IV – Noções de Tensões
Tensões Normais – Tensão Normal em uma barra
sob ação de forças axiais:

P / A – Essa relação representa, no entanto, o


valor médio das tensões na seção transversal, e
não o valor específico da tensão em um
determinado ponto da seção transversal.

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Cap. IV – Noções de Tensões
Para definir a tensão em um dado ponto “Q” da
seção transversal, devemos considerar uma
pequena área A.

Dividindo-se a intensidade de
F (ou P) por A, obtém-se o
valor médio da tensão em A.
Fazendo então DA tender a
zero, obtém-se a tensão no
ponto “Q”:  = lim F
A 0 A

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Cap. IV – Noções de Tensões
1. Tensões Normais – De modo geral, o valor
obtido para a tensão no ponto “Q” é diferente
do valor da tensão média da do pela fórmula
“” . E notamos que ala varia ao longo da seção
transversal.

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Cap. IV – Noções de Tensões
Exemplo 1- Duas barras circulares maciças são
soldadas no ponto “B”, como mostra a figura.
Determinar a tensão normal no ponto médio de cada
barra.

 = 80*103/(*302/4) =
 = 113,18 Mpa (N/mm2)

80 KN
 = 30*103/(*202/4) =

30 KN
 = 95,49 Mpa (N/mm2)

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Resistência dos Materiais

Coeficientes de Segurança
Tensões Admissíveis e Tensões Últimas; Coeficiente
de Segurança

Dentro das aplicações da engenharia, a


determinação de tensões não é o objetivo final,
mas um passo necessário no desenvolvimento de
dois dos mais importantes estudos:
1. Análise de estruturas e máquinas existentes, com o
objetivo de prever seu comportamento sob condições
de cargas especificadas;

2. Projeto de novas máquinas e estruturas, que


deverão cumprir determinadas funções de maneira
segura e econômica.

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Tensões Admissíveis e Tensões Últimas;
Coeficiente de Segurança

Para encaminhar, qualquer dos estudos


acima precisamos saber como o material a
ser usado vai atuar sob condições
conhecidas de carregamentos.
Para cada material, isso pode ser
determinado realizando testes específicos
em amostras preparadas do material.

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Tensões Admissíveis e Tensões Últimas;
Coeficiente de Segurança

Podemos preparar um corpo


de prova e submete-lo a
esforços em um máquina de
teste.
Em certo instante a força
aplicada é tal que a amostra
se rompe. Essa força
máxima é chamada de
“carregamento último”
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Tensões Admissíveis e Tensões Últimas;
Coeficiente de Segurança

Ao dividirmos essa carga última,


pela área da seção transversal
da amostra, obtemos a “Tensão
última”
última = Púltima/A ou

u = Pu/A

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Tensões Admissíveis e Tensões Últimas;
Coeficiente de Segurança

As peças estruturais ou
componentes de máquinas são
projetadas que a capacidade
resistente seja consideravelmente
maior que o carregamento
(Esforços) atuantes. Esse
carregamento menor ou esforços
menores, são denominados
“carregamento admissível).
adm = última/CS onde (CS – Coef.
Segurança) 14
Tensões Admissíveis e Tensões Últimas;
Coeficiente de Segurança

Exercício1 – Sabe-se que a carga de ruptura do cabo “BD”, da


figura, é de 100 KN. Determine o coeficiente de segurança do cabo
para o carregamento indicado.
11,49 KN
CS = FBD ult / FBD at
FBDsen300
Portanto, necessário
FBD calcular FBD
9,64 KN FBDcos300 Mc = 0
-11,49*1,1 - 9,64*0,5 +
FBDsen300*0,4 +
FBDcos300*0,5 = 0
FBD = 27,58 KN

CS = 100/27,58 = 3,63
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Fundamentos e Resistência
dos Materiais

CAP IV – Tensão e Deformação

Prof. M.Sc João Carlos de Campos


CAP IV – Tensão e Deformação

1. Deformações –
Os corpos são constituídos de pequenas
partículas ou moléculas entre as quais existem
forças de interação.
Se forças externas são aplicadas ao corpo, as
partículas se deslocam, umas em relação às
outras, até que as forças interiores
estabeleçam uma nova configuração de
equilíbrio.
A composição desses deslocamentos
microscópicos produz modificações
volumétricas e de forma que caracterizam as
chamadas deformações do corpo.
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CAP IV – Tensão e Deformação

1. Deformações – Conceito de
Deformação Específica ou Relativa

Vamos considerar a barra “BC”,


de comprimento “L” e área de
seção transversal “A”, suspensa
pelo ponto “B”.
Quando se aplica a força “P” na
extremidade “C” a barra “BC” se
alonga de “”.

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CAP IV – Tensão e Deformação

1. Deformações – Conceito de
Deformação Específica ou Relativa

Ao aplicarmos “P” à barra esta se deforma e, para cada valor de “P”


obteremos um valor, correspondente, de “” (letra grega minúscula –
denominada “Delta” – maiúscula – ). Dessa forma se elabora o
diagrama Tensão X Deformação, acima.
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CAP IV – Tensão e Deformação

1. Conceito de Deformação Específica ou


Relativa
Da mesma forma que elaboramos o gráfico P X ,
podemos elaborar um outro gráfico, denominado
Tensão X Deformação –  X 
Onde a Tensão, como já
vimos anteriormente,
será a Força “P”, dividido
pela área da seção
transversal “A” e, a
deformação específica,
ou deformação relativo,
igual ao deformação “”
dividido pelo
cumprimento inicial “L”.

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CAP IV – Tensão e Deformação

2. Diagrama – Tensão X Deformação


O Diagrama T x D representa as relações entre
as deformações específicas de um certo material
e é uma característica importante desse
material.
Para obtenção do
diagrama T X D de
determinado material,
normalmente
utilizamos uma
amostra (corpo de
prova) desse material
e realizamos um
ensaio à tração.

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CAP IV – Tensão e Deformação
2. Diagrama – Tensão X Deformação
A peça a ser ensaiada
(corpo de prova) é
padronizada e,
dependendo das
características do
material, obtem-se um
gráfico da força normal
(N) em função da
deformação(l)
conforme apresentado
na Figura ao lado.

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CAP IV – Tensão e Deformação

2. Diagrama – Tensão X Deformação


O Diagrama TxD varia muito de material para
material. No entanto é possível distinguir
características comuns em dois importantes
grupos ou categorias de materiais: materiais
Dúcteis

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CAP IV – Tensão e Deformação

2. Diagrama – Tensão X Deformação


e materiais Frágeis. Enquanto, os materiais
Dúcteis,
cteis que compreendem
os aços e outros metais, se
caracterizam por
apresentarem escoamento
a temperaturas normais,
os materiais frágeis, como
ferro fundido, vidro,
pedra, são caracterizados
por uma ruptura que
ocorre sem nenhuma
mudança sensível no modo
de deformação. Não existe
diferença entre tensão
última e tensão de ruptura.

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CAP IV – Tensão e Deformação
2. Diagrama – Tensão X Deformação

É importante reafirmar que o que se provoca


diretamente no ensaio não são as tensões, mas
sim as deformações, que são feitas crescentes de
forma linear. A relação entre as deformações
promovidas e as tensões conseqüentes será
estabelecida através da propriedade denominada
elasticidade dos materiais.

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CAP IV – Tensão e Deformação - Elasticidade

3. Lei de Hooke e Módulo de Elasticidade


Na parte inicial do
diagrama, a tensão  é
diretamente proporcional
à deformação específica 
onde podemos escrever:
 E 
Essa relação é conhecida
como “Lei de Hooke”.

O coeficiente “E” é chamado de Módulo de Elasticidade” do material ou


“Módulo de Young” (cientista inglês).

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CAP IV – Tensão e Deformação - Elasticidade

3. Lei de Hooke e Módulo de Elasticidade


Lei de Hooke da
elasticidade) sendo a
constante de
proporcionalidade E
denominada módulo de
elasticidade longitudinal
 (ou módulo de Young)
do material. Esta
propriedade é uma
grandeza com a mesma
dimensão de tensão
O coeficiente “E” é chamado de Módulo de (para o aço,
Elasticidade” do material ou “Módulo de
Young” (cientista inglês). E = 210 x 109 N/m2
= 210 GPa

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CAP IV – Tensão e Deformação

4. Deformações de Barras sujeitas a cargas


axiais.
Considerando que a tensão atuante
P/A não exceder o limite de
proporcionalidade do material, podemos
aplicar a Lei de Hook e escrever:
de onde se tira:
= P/AE
L -- PL/ AE
 Pi * Li /Ai * Ei)

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Propriedades Mecânicas de alguns materiais
comuns

Tensão Limite Tensão Limite


 E G Escoamento Ruptura  
Massa Módulo Módulo       Alonga Coef.
Específ. Elast.Lon Elastic. (Tração Compre Cisalh. (Tração Compre Cisalh. mento Dil.Tér.
Materiais (ton/m3 g. Transv. ) s (MPa) ) s (MPa) Percent (10-6C-1
) (GPa) (GPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (%)
Aço Estrutural 7,87 200 76 250 250 150 450 450 270 28 11,7
Aço 1020 7,87 210 80 230 230 138 620 620 370 22 11,7
(temp)
Aço 7,87 210 80 360 360 215 580 580 350 29 11,7
1040(lamn)
AçoInox 7,92 190 78 510 510 305 1300 1300 780 12 11,7
(recoz)
Ferro Fundido 7,37 165 69 - - - 210 800 - 4 12,1
Alumínio trab. 2,77 70 28 300 300 215 410 410 240 20 23,6
Latão 8,75 105 39 100 100 60 270 270 130 50 17,6
Bronze 8,86 100 45 140 140 85 340 340 200 50 16,9
Concreto 2,41 24 - - - - - 25 - - 10
Vidro 2,50 75 27 - - - 5 10 - - 950
Madeira(Pinho) 0,55 13 - - - - - 51 7,6 - -
Carvalho 0,69 12 - - - - - 48 13 - -
Polietileno 0,91 3 - - - - 48 90 55 - -

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CAP IV – Tensão e Deformação

5. Exercícios
Exercício1 – Determinar a deformação total para
a barra da figura. Considerar o módulo de
elasticidade longitudinal Eaço = 210GPa

Cálculo da Deformação
Total
t = AB + BC + CD

AB = PAB*lAB/(AAB*EAB) =
BC = PBC*lBC/ABC*EBC) =
Diagrama Nx
200 KN
(+) 400 KN CD = PCD*lCD/ACD*ECD) =
(+)
(-) t = +  –  + 1,90
100 KN
t = + 2,62 mm (alongamento)
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CAP IV – Tensão e Deformação

Deformação
Da peça, do corpo, do trecho (AB)
• Necessário indicar o sinal. Se:
• (-) – negativo – encurtamento
Deformação
• (+) - positivo – alongamento B da Barra AB
A
AB
Deslocamento A Deslocamento
B do ponto B
Do ponto B ( )
• Necessário indicar a direção e o sentido

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CAP IV – Tensão e Deformação
5. Exercícios
Exercício3 – Duas barras de 36 mm de diâmetro,
ABC de aço e CD de Bronze são ligadas no ponto
C e forma uma barra ABCD de 7,5 m de
comprimento. Determinar, para a carga
aplicada e desprezando

150KN
o peso da barra, os
deslocamentos: a) no
ponto “C” e b) do ponto
“D”.

(Solução idem exercício


100 KN

anterior – 1.º traçar o


diagrama)
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CAP IV – Tensão e Deformação

5. Exercícios
Exercício4 – A haste ABCD é feita de alumínio
com E= 70 GPa.
Determinar, para as
cargas indicadas,
desprezando o peso da
barra, os deslocamentos:
a) no ponto “B” e b) do
ponto “D”.

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Cap. IV – Tensão e Deformação
Problemas Estaticamente Indeterminados
Como já sabemos, em muitos problemas, não
se pode determinar os esforços internos
apenas com os recursos da estática. Na maior
parte desses problemas, as próprias reações,
que são as forças externas, não podem ser
determinadas. Nesses casos as equações da
estática devem ser completadas por outras
relações envolvendo deformações, que podem
ser obtidas considerando as condições
geométricas do problemas.

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Cap. IV – Tensão e Deformação
Problemas Estaticamente Indeterminados
Exercício2 – A barra AB de comprimento L= 1,5 m
e seção transversal de área constante igual a A =
314,16 mm2 é presa a suportes indeslocáveis em “A”
e “B”antes de ser carregada. Quais são os valores das
tensões em “AC”, devido a aplicação de uma carga P
= 50 KN aplicada no ponto “C”. 2.º - Calcula-se, 
B

3.º - Aplica-se uma força


em B, para voltar o ponto
Diagrama
50 KN “B” à sua posição original

4.º - Novo diagrama, e


P = 50 KN
calcula-se a Força FB,
impondo B
B
1.º - Libera Nó B
RVB = FB 35
Cap. IV – Tensão e Deformação
Problemas Estaticamente Indeterminados
Exercício1 – Uma barra maciça, circular, de
comprimento L=1 m e a área da seção transversal
A1= 254,47 mm2 (d = 18 mm), com módulo de
Elasticidade E1 = 200 GPa (Aço), foi colocada dentro
de um tubo de mesmo comprimento L = 1 m, mas de
área de seção transversal A2 = 59,70 mm2 e módulo
de Elasticidade E2 = 105 GPa (Bronze). Qual é a
deformação da barra e do tubo, quando uma força P
= 100 KN é aplicada por meio de uma placa rígida.

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Cap. IV – Tensão e Deformação
Problemas Estaticamente Indeterminados
Exercício3 – Calcular as reações em “A” e “B”,
na barra da figura, supondo que existe uma
distância de 4,5 mm
entre a barra e o
apoio “B”, quando o
carregamento é
aplicado. Adotar E =
200 GPa

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Cap. IV – Tensão e Deformação
Problemas envolvendo variação de Temperatura
Até agora consideramos que a temperatura
permanecia constante durante o tempo de
carregamento. Vamos, portanto, fazer considerações
onde ocorrem variações de temperatura.

T = (T)L, onde:
 é a constante
característica do
material, chamada
coeficiente de
dilatação Térmica

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Cap. IV – Tensão e Deformação
Problemas envolvendo variação de Temperatura
Exercício1 – A barra “AB” é perfeitamente ajustada
aos anteparos fixos quando a temperatura =e de 25
0C. Determinar as tensões atuantes nas partes “AC” e

“CB” da barra para a temperatura de – 50 0C. Usar E


= 200 GPa e = 12 x 10-6/ 0C.

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Cap. IV – Tensão e Deformação
Ex. 4 – Dois elementos, uniformes e linearmente elásticos, são unidos em “B”, e a
barra bissegmentada resultante é presa a um suporte rígido na extremidade “A”. Quando não
houver esforços aplicados na barra dos dois elementos (ou seja, quando t=0) existirá uma
folga de 0,2 mm entre a extremidade do elemento (2) e a parede rígida em “C”. O elemento
(1) é de aço, com módulo de elasticidade Eaço = 210 GPa, área de seção transversal A1 = 1.000
mm2, o comprimento L1 = 2,1 m e o coeficiente de dilatação térmica aço = 12x10-6/0C; o
elemento (2) é de liga de titânio com Etit = 120 GPa, A2 = 1.500 mm2, L2 = 1,8 m e tit = 8x10-
6/0C. Em seguida as barras são aquecidas em 50 0C. a) Determine as tensões normais no

segmento (1) e no segmento (2), e b) determine o deslocamento b correspondente da junta


“B”. (Formulário:  = F/A;  = *t*L; = F*L/A*E).

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