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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

Engenharia Civil
Maíra Rodrigues dos Santos
Matheus Franco Pereira de Almeida
Samanta Cássia Barral
Rafaela Sá

ESTRUTURAS DE MADEIRA
Propriedades físicas e mecânicas,ligações mecânicas de estruturas de
madeira,dimensionamento básico de peças de madeira.

Teófilo Otoni
2016
Matheus Franco Pereira de Almeida
Samanta Cássia Barral
Rafaela Sá

ESTRUTURAS DE MADEIRA
Propriedades físicas e mecânicas,ligações mecânicas de estruturas de
madeira,dimensionamento básico de peças de madeira.

Trabalho avaliativo apresentado na Universidade


Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri,
para a disciplina Estruturas de Concreto,
Metálicas e de Madeira - ECV113, ministrada
pelo Prof. MSc. Felipe Isamu, no curso de
Engenharia Civil.

Teófilo Otoni
2016
RESUMO
O presente trabalho visa destacar a madeira como material estrutural, mostrando suas
principais propriedades mecânicas e físicas, as verificações de ligações de estruturais, e suas
aplicações para o dimensionamento básico de peças de madeira.A madeira é um material que
possui diferentes características devido as suas fontes diversas, estas características podem
trazer benefícios para o emprego na construção civil, portanto é imprescindível o
conhecimento das mesmas, sendo possível a aplicação de tecnologias que aumente a
qualidade para que atenda melhor as exigências e possam ser empregadas de forma segura e
sem ocorrência de futuros prejuízos. Cumpre salientar que a madeira sempre se mostrou
importante e presente como possibilidade de aplicação, não somente na construção civil, mas
também em todas as ramificações da sociedade. Ela pode assumir caráter arquitetônico,
estrutural ou mesmo estético. Sua função tem sido cada vez mais aproveitada e associada aos
demais materiais disponíveis dentro da construção civil, tais ao aço, concreto ou outro
material. Por fim, após uma pesquisa em fontes disponíveis sobre o assunto foi possível
identificar e expor essa relação entre as propriedades físicas e mecânicas e sua aplicação.
Assim como seu comportamento e seus padrões de resistência e rigidez vinculados às
características fornecidas de acordo com a classificação e os tipos de madeira.

Palavras chave: construção civil, estruturas de madeira, aplicações e propriedades.


ASTRACT

The present work aims to highlight wood as structural material, showing its main mechanical
and physical properties, structural bonding checks, and its applications for the basic
dimensioning of wood pieces. Wood is a material that has different characteristics due to its
diverse sources, these characteristics can bring benefits to employment in the civil
construction, therefore it is imperative the knowledge of them, being possible the application
of technologies that increase the quality of the same so that it meets Requirements and can be
used safely and with no occurrence of future losses. It should be noted that wood has always
been important and present as a possibility of application, not only in the construction
industry, but also in all branches of society. It can take on architectural, structural or even
aesthetic character. Its function has been increasingly used and associated with other materials
available within the civil construction, such as steel, concrete or other material. Finally, after a
research in available sources on the subject it was possible to identify and expose this relation
between physical and mechanical properties and their application. As well as their behavior
and their resistance and rigidity patterns linked to the characteristics provided according to the
classification and types of wood.

Keywords: civil construction, wood structures, applications and properties.


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................5
2. PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DA MADEIRA.......................................................................................7
2.1. Densidade.................................................................................................................................................8
2.2. Resistência................................................................................................................................................8
2.3. Rigidez......................................................................................................................................................9
2.4. Umidade.................................................................................................................................................10
2.4.1. Condições de referência..................................................................................................................11
3. CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES DA MADEIRA.............................................................12
3.1. Caracterização completa da resistência da madeira serrada...........................................................12
3.2. Caracterização mínima da resistência da madeira serrada..............................................................12
3.3. Caracterização simplificada da resistência da madeira serrada......................................................13
3.4. Caracterização da rigidez da madeira................................................................................................13
3.5. Classes de resistência..............................................................................................................................13
4. VERIFICAÇÃO DE LIGAÇÕES MECÂNICAS EM ESTRUTURAS DE MADEIRA.......................14
4.1. Ligações com Pinos Metálicos..............................................................................................................16
4.2. Ligações com Cavilhas..........................................................................................................................18
4.3. Ligações com conectores.......................................................................................................................19
5. DIMENSIONAMENTO BÁSICO DE PEÇAS DE MADEIRA: FLEXÃO E COMPRESSÃO...........20
5.2. Exemplo Flexão.......................................................................................................................................24
5.3. Exemplo Compressão.............................................................................................................................26
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................................29
REFERÊNCIAS......................................................................................................................................................29
1. INTRODUÇÃO

A madeira talvez tenha sido a matéria mais versátil e mais utilizada pelo homem ao
longo de sua história, e isso se deve ao fato de que as mesmas estão disponíveis na natureza
em grande escala, seu custo e peso próprio são relativamente baixos, possui uma facilidade de
fabricação de diversos produtos,garante um bom isolamento térmico, dentre outros. Ainda
hoje, basta um olhar em qualquer ambiente para descobrir algum objeto de madeira. Não
podemos imaginar o avanço da humanidade sem o uso da madeira. Na construção civil, a
madeira pode fazer parte de vários ambientes, principalmente nas estruturas, coberturas,
móveis rústicos e decorações, podendo ser utilizada ainda no uso para acabamento interno da
casa, como em batentes, portas e pisos como assoalhos, tacos, entre outros.
Diversas pesquisas têm sido desenvolvidas no sentido de tratar a madeira para sua
utilização em etapas construtivas. As madeiras em seu estado natural têm características
próprias que podem ser alteradas com tecnologia moderna. Algumas destas características
mais importantes são: Apresenta resistência mecânica tanto a esforços de tração, compressão,
além de resistência atração na flexão. Por ser um material naturalmente resistente e
relativamente leve, a madeira é frequentemente utilizado para fins estruturais e de sustentação
de construções. O que se verifica é o aperfeiçoamento das técnicas de construção com esse
material, que atrai não só pela beleza, mas também proporciona resistência às estruturas e até
diminuição dos custos da obra.
Algumas vantagens da madeira podem ser observadas com facilidade, elas são mais
fáceis de montar, não exige ferramenta especial, nem de mão de obra altamente especializada,
as estruturas de madeira não exigem tempo de cura como as de concreto armado, e podem ser
desmontadas com razoável reaproveitamento de material. Mas como todo material apresenta
também características negativas essas podem ser minimizadas, ou até mesmo eliminadas, se
valendo do emprego de tecnologias já disponíveis.
Contudo o presente trabalho aborda as estruturas de madeira através das suas
propriedades estruturais, apresentando as verificações de ligação mecânica e o
dimensionamento básico de peças, com o intuito de apresentar a utilização desse composto
orgânico através de normas técnicas e embasamento teórico.
2. PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DA MADEIRA

Todavia a utilização da madeira para atividades que demandam de resistência, está


associada, entre outras características, ao conhecimento de suas propriedades físico-
mecânicas, tanto no que se refere aos aspectos de segurança, quanto aos de economicidade.
Portanto, a madeira merece especial destaque, em função da grande variabilidade que suas
propriedades apresentam em comparação com as de outros materiais, da sua adequabilidade a
inúmeras utilizações e da enorme variedade de espécies existentes (LISBOA et al., 1993).
As propriedades da madeira são condicionadas por sua estrutura anatômica, devendo
distinguir-se os valores correspondentes à tração dos correspondentes à compressão, bem
como os valores correspondentes à direção paralela às fibras dos correspondentes à direção
normal às fibras. Devem também distinguir-se os valores correspondentes às diferentes
classes de umidade, definidas em 5.1.5. (NBR 7190).
De acordo com DIAS e ROUCCO(2004) a caracterização da madeira consiste, em
parte, determinar suas propriedades físicas, de resistência e rigidez através de ensaios
normalizados, mas o inconveniente, de grande parte desses ensaios, é a utilização de
equipamentos de alto custo e grande porte, disponíveis apenas em centros de pesquisas.
Quando se trata de realizar ensaios mecânicos, as normas mais utilizadas são as
referentes à especificação de materiais e ao método de ensaio. Um método descreve o correto
procedimento para se efetuar um determinado ensaio mecânico. Desse modo, seguindo-se
sempre o mesmo método, os resultados obtidos para um mesmo material são semelhantes e
reprodutíveis onde quer que o ensaio seja executado.
As normas de ensaio mais empregadas mundialmente são as da American Society for
TestingandMaterials (ASTM), as da British Standard Institution (BSI), as da
InternationalOrganization for Standardization (ISO) e as da ComisiónPanamericana de
Normas Técnicas (COPANT). No Brasil, existem as normas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT).
A madeira é um material anisotrópico, ou seja, possui diferentes propriedades em
relação aos diversos planos ou direções perpendiculares entre si. Não há simetria de
propriedades em torno de qualquer eixo. Entre as principais propriedades físicas da
madeira estão densidade, umidade. Dentre as propriedades mecânicas, destacam-se a
resistência à ação de forças externas, tais como compressão, tração, cisalhamento ou corte,
flexão, flambagem, torção. E a rigidez ou modulo de elasticidade.

2.1. Densidade

A densidade é um importante fator na determinação das propriedades físicas e


mecânicas que caracterizam diferentes espécies de madeiras, diferentes árvores de uma dada
espécie e diferentes regiões de uma mesma árvore.
A norma brasileira (NBR 7190) apresenta duas definições de densidade a serem
utilizadas: a densidade básica, que corresponde à massa específica convencional obtida pelo
quociente da massa seca pelo volume saturado; e a densidade aparente, que é a massa
específica obtida pelo quociente da massa pelo volume, ambos na umidade padrão de
referencia de 12%. É utilizada para classificação da madeira e nos cálculos de estrutura.

2.2. Resistência

O projeto da estrutura de qualquer edificação, máquina ou outro elemento qualquer é um


estudo através do qual a estrutura em si e suas partes componentes são dimensionadas de
forma que tenham resistência suficiente para suportar os esforços para as condições de uso a
que serão submetidas.
A resistência é a aptidão de a matéria suportar tensões.
“A resistência é determinada convencionalmente pela máxima tensão
que pode ser aplicada a corpos-de-prova isentos de defeitos do
material considerado, até o aparecimento de fenômenos particulares
de comportamento além dos quais há restrição de emprego do material
em elementos estruturais. De modo geral estes fenômenos são os de
ruptura ou de deformação específica excessiva.”(NBR 7190:1997).

Os efeitos da duração do carregamento e da umidade do meio ambiente são


considerados por meio dos coeficientes de modificação Kmod adiante especificados.
Os efeitos da duração do carregamento e da umidade do meio ambiente sobre a
resistência são considerados por meio dos coeficientes de modificação kmod,1 e kmod,2.
O coeficiente de modificação kmod é formado pelo produto

K mod = K mod,1 . K mod,2 . K mod,3


onde,
 K mod,1, que leva em conta a classe de carregamento e o tipo de material empregado
 K mod,2 , que leva em conta a classe de umidade e o tipo de material empregado
 K mod,3 leva em conta se a madeira é de primeira ou segunda categoria. No caso de
madeira de segunda categoria, admite-se K mod,3 = 0,8, e no caso de primeira categoria,
K mod,3 = 1,0.

A condição de madeira de primeira categoria somente pode ser admitida se todas as


peças estruturais forem classificadas como isentas de defeitos, por meio de método visual
normalizado, e também submetidas a uma classificação mecânica que garanta a
homogeneidade da rigidez das peças que compõem o lote de madeira a ser empregado. Não se
permite classificar as madeiras como de primeira categoria apenas por meio de método visual
de classificação.
As peças serão classificadas como de segunda categoria quando não houver a
aplicação simultânea da classificação visual e mecânica.
Segundo Logsdon (1998), a resistência da madeira possui diversos fatores que o
influenciam, dentre eles pode-se citar um que trabalha de forma muito significativa e
preponderante, que é seu grau de umidade, sendo que este pode ser mais perceptível para
baixos valores, porém, a partir de certo teor, não atuam com alterações significativas. Há
também que se observar que a direção das fibras da madeira influencia diretamente no
resultado de sua resistência, que se deve ao seu caráter anisotrópico, portanto, a madeira pode
apresentar comportamentos muito distintos em relação ao sentido de solicitação do esforço.

Imagem 01:Direções principais de simetria anatómica


Fonte: Google imagens

A resistência da madeira a forças exteriores depende da força aplicada e da forma


como esta é aplicada. Um elemento estrutural pose ser levado à ruptura de diversas maneiras,
de modo que se podem distinguir diversas espécies de resistências a serem oferecidas por
estes elementos.

2.3. Rigidez
De acordo com a NBR 7190/2010:

A rigidez dos materiais é medida pelo valor médio do módulo de


elasticidade, determinado na fase de comportamento elástico-linear. O
módulo de elasticidade Ew0 na direção paralela às fibras é medido no
ensaio de compressão paralela às fibras e o módulo de elasticidade
Ew90 na direção normal às fibras é medido no ensaio de compressão
normal às fibras.

Na falta de determinação experimental específica permite-se adotar:

2.4. Umidade

De acordo com ZENID (2011), várias propriedades da madeira são afetadas pelo teor
de umidade presente nas peças. As propriedades mecânicas são superiores e a movimentação
dimensional é menor em madeiras secas (teor de umidade em equilíbrio com a umidade
relativa do ambiente em que a madeira será utilizada) quando comparada com a madeira
verde (teor de umidade acima do ponto de saturação das fibras, ao redor de 30%).
A norma brasileira para estruturas de madeira (NBR 7190:1997) apresenta, em seu
ANEXO B um roteiro detalhado para a determinação da umidade de amostras de madeira. As
classes de umidade têm por finalidade determinar as propriedades de resistência e de rigidez
da madeira em função das condições ambientais onde permanecerão as estruturas. Estas
classes também podem ser utilizadas para a escolha de métodos de tratamentos preservativos
das madeiras.
As classes de umidade devem ser escolhidas de acordo com a tabela 1 (NBR 7190:1997):
Tabela 1 – Umidade (Fonte: NBR 7190:1997).
Classes de Umidade relativa do ambiente 𝑼𝒂𝒎𝒃 Umidade de equilíbrio da
umidade madeira 𝑼𝒆𝒒

1 ≤ 65% 12%
2 65% ≤ 𝑈𝑎𝑚𝑏≤ 15%
75%
3 75% ≤ 𝑈𝑎𝑚𝑏≤ 18%
85%
3 𝑈𝑎𝑚𝑏>85% durante longos ≥ 25%
períodos
Fonte: NBR-7190

De acordo com Szücs et. al.(2005) o grau de umidade (U) é a porcentagem do peso de
água contido na madeira em relação ao peso da madeira seca em estufa. E é determinado pela
expressão:

m1−m2
w= x 100
m2

Onde:
m1 = massa úmida
m2 = massa seca
w = umidade (%)
O teor de umidade da madeira também está relacionado com as propriedades de
resistência da madeira (propriedades mecânicas), com a maior ou menor facilidade em
trabalhar com este material (trabalhabilidade), com seu poder calorífico, sua suscetibilidade a
fungos, entre outras propriedades de importância. Desta forma seguindo os critérios das
normas, o controle do teor de umidade da madeira é indispensável para que possamos utilizá-
la de forma adequada, evitando o desenvolvimento de defeitos como empenamentos,
arqueamentos, torções, etc.

2.4.1. Condições de referência

De acordo com a NBR 7190 os valores especificados para as propriedades de


resistência e de rigidez da madeira são os correspondentes à classe 1 de umidade, que se
constitui na condição padrão de referência, definida pelo teor de umidade de equilíbrio da
madeira de 12%. Na caracterização usual das propriedades de resistência e de rigidez de um
dado lote de material, os resultados de ensaios realizados com diferentes teores de umidade da
madeira, contidos no intervalo entre 10% e 20%, devem ser apresentados com os valores
corrigidos para a umidade padrão de 12%, classe 1 .
A resistência deve ser corrigida pela equação:
E a rigidez pela equação:

Admitindo-se que a resistência e a rigidez da madeira sofram apenas pequenas


variações para umidades acima de 20%. Admite-se como desprezível a influência da
temperatura na faixa usual de utilização de 10°C a 60°C.

3. CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES DA MADEIRA

A madeira, segundo a NBR-7190, ANEXO B, deve ser ensaiada para obtenção das suas
propriedades, e o uso no projeto estrutural. São três métodos possíveis de serem utilizados.

3.1. Caracterização completa da resistência da madeira serrada

Este método é apropriado para espécies desconhecidas. Nos ensaios são determinadas as
seguintes propriedades:
a) resistência à compressão paralela às fibras: fc,0..
b) resistência à tração paralela às fibras: ft,0 .
c) resistência à compressão normal às fibras: fc,90 .
d) resistência à tração normal às fibras: ft,90 (p/ projeto estrutural, ft,90 = 0).
e) resistência ao cisalhamento paralelo às fibras: fv,0 .
f) resistência ao embutimento paralelo e normal às fibras: fe,0 e fe,90.
g) densidade básica e densidade aparente a 12% de umidade: ρbas e ρapar .

3.2. Caracterização mínima da resistência da madeira serrada

Este método é apropriado para espécies pouco conhecidas. Nos ensaios são determinadas
as seguintes propriedades:
a) resistência à compressão paralela às fibras: fc,0 .
b) resistência à tração paralela às fibras: ft,0 .
c) resistência ao cisalhamento paralelo às fibras: fv,0 .
d) densidade básica e densidade aparente a 12% de umidade: ρbas e ρapar .

3.3. Caracterização simplificada da resistência da madeira serrada


Este método é apropriado para espécies conhecidas ou usuais. Nos ensaios são
determinados os valores da resistência à compressão paralela às fibras (fc,0). É permitida a
adoção das seguintes relações, para a determinação das demais propriedades de resistência:

Tabela02: Relações entre as propriedades mecânicas

Fonte: NBR-7190

3.4. Caracterização da rigidez da madeira

a) caracterização completa:
Valor médio do Módulo de Elasticidade na compressão paralela às fibras: E c0,m
Valor médio do Módulo de Elasticidade na compressão normal às fibras: E c90,m
Admite-se: Ec0,m = Et0,m
b) caracterização simplificada:
Valor médio do Módulo de Elasticidade na compressão paralela às fibras: Ec0,m
Admite-se: Ec90,m = 20/ 1 . Ec0,m ;
EM = 0,85.Ec,0 (para coníferas) e EM = 0,90.Ec,0 (para dicotiledôneas).

3.5. Classes de resistência

Para a elaboração de projetos estruturais, a NBR 7190:1997 especifica o emprego de


madeiras com propriedades padronizadas, através de classes de resistência das madeiras,
orientando a escolha do material. Para delimitação de peças de madeira nas classes de
resistências especificadas nas tabelas 3 e 4, devem ser atendidas as exigências conforme os
anexos A e B deste trabalho (NBR 7190:1997).
Tabela 03: Classes de Resistência das coníferas
Coníferas
Valores na condição padrão de referência U= 12%
(*) ρ aparente
Classes FcoK(Mpa) FvK(Mpa) Eco,m(Mpa) Pbas,m (kg/m³)
C 20 20 4 3500 400 500
C 25 25 5 8500 450 550
C 30 30 6 14500 500 600
Fonte: NBR-7190

Tabela 04: Classes de Resistência das dicotiledôneas


Dicotiledôneas
Valores na condição padrão de referência U= 12%
(*) ρ aparente
Classes FcoK(Mpa) FvK(Mpa) Eco,m(Mpa) Pbas,m (kg/m³)
C 20 20 4 9500 500 650
C 30 25 5 14500 650 800
C 40 30 6 19500 750 950
C 60 60 8 24500 800 1000
Fonte: NBR-7190

4. VERIFICAÇÃO DE LIGAÇÕES MECÂNICAS EM ESTRUTURAS DE


MADEIRA

As Ligações são todos os dispositivos que permitem assegurar a união e a transmissão de


esforços entre os elementos de uma estrutura. A limitação do comprimento das peças de
madeira e as caraterísticas de peças estruturais do tipo barra, são consequência da extração de
troncos de árvores; eis a razão pela qual são exigidas ligações e emenda das peças estruturais.
Assim também ocorre na união das barras componentes de estruturas reticuladas. As ligações
são os pontos que exigem maior atenção no projeto de estruturas de madeira. Deve-se ter o
máximo de cuidado tanto no cálculo quanto na execução destas uniões.
O uso estrutural da madeira tem limitações relativas a comprimento, sendo que,
geralmente, as peças de madeira disponíveis possuem comprimento de quatro a cinco metros,
tornando necessária a execução de ligações para viabilização de projeto (CALIL, 1998).
As ligações nas estruturas de madeira podem ser feitas com o uso de conectores, pinos
metálicos, encaixes na madeira ou adesivos, que são utilizados de forma simultânea ou
individual. Considerando a forma pela qual os esforços são transmitidos entre as ligações,
essas são classificadas em três (LE GOVIC,1995):
Transmissão direta ou por contato direto: não possuem dispositivos intermediários entre as
peças de madeira. É o caso dos entalhes ou sambladuras. Transmitem esforços normais ou
cortantes, desde que a resultante possua a tendência de aproximar as peças entre si.

Imagem 09: Transmissão Direta ou por Contato


Fonte: Le Govic., 1995.

Transmissão por justaposição: Neste tipo existe uma superfície de traspasse comum às
peças ligadas (Figura 1). São feitas com o uso de conectores ou adesivos. Podem transmitir
esforços normais (de tração ou compressão), cortantes ou momentos;

Imagem 10: Transmissão por Justaposição


Fonte: Le Govic, 1995.

Transmissão indireta: As peças não possuem superfície de traspasse e os esforços são


transmitidos por elementos intermediários (Figura 11). Esses elementos podem ser metálicos
ou adesivos. Assim como na transmissão por justaposição, podem transmitir esforços normais
(de tração ou compressão) cortantes ou momentos.

Imagem 11: Transmissão indireta


Fonte: Le Govic, 1995.
De acordo com a NBR 7190:1997 as ligações mecânicas das peças de madeira podem
ser feitas por meio dos seguintes elementos:
- pinos metálicos: constituídos por pregos ou parafusos;
- cavilhas: pinos de madeira torneados;
- conectores: constituídos por anéis metálicos ou por chapas metálicas com dentes.
Para o cálculo das ligações, a NBR 7190:1997 expressa que não se deve considerar o
atrito das superfícies em contato, nem esforços transmitidos por estribos, braçadeiras ou
grampos.
A fim de evitar o fendilhamento, deve-se também ser respeitados os espaçamentos e a pré-
furação da madeira.
De acordo com a NBR 7190:1997, para evitar ruptura por tração normal às fibras em
regiões de ligações localizadas deve-se fazer a verificação seguinte:

Onde:
𝑏𝑒 é a distância do eixo do pino mais afastado à borda do lado da solicitação, com 𝑏𝑒 ≥ h/2;
𝑡 é a espessura da peça principal;
𝑓𝑉𝐷 é a resistência de cálculo ao cisalhamento paralelo às fibras;
h é a altura total da seção transversal da peça principal;
𝑡é o ângulo de inclinação das forças F em relação às fibras.
As ligações com cola somente podem ser empregadas em juntas longitudinais de
madeira laminada colada (NBR 7190:1997).
Com relação a ligações de diferentes peças estruturas a NBR 7190:1997 mostra que
podem ser feitas ligações pelos meios usuais das ligações de peças de madeira ou pelo
emprego de elementos intermediários de aço. Ainda segundo a norma, a segurança desses
elementos intermediários de aço deve ser verificada de acordo com a ABNT NBR 8800:1986.

4.1. Ligações com Pinos Metálicos

São as ligações com a utilização de parafusos ou pregos. As ligações com 2 ou 3 pinos


são consideradas deformáveis, sendo permitidas exclusivamente quando a estrutura é
isostática. As ligações com 4 ou mais pinos podem ser consideradas rígidas quando
respeitados (tanto para prego ou parafuso) os diâmetros de pré-furação especificados na NBR
7190:1997.
Imagem 11: Pinos Metálicos
Fonte: Google Imagens.

De acordo com a NBR 7190:1997, a resistência total de um pino é dada como a soma das
resistências correspondentes as suas diferentes seções de corte. Nas ligações com até oito
pinos em linha, dispostos paralelamente ao esforço a ser transmitido, a resistência total é dada
pela soma das resistências de cada um dos pinos.
Se forem verificadas quantidades maiores que 8 pinos em linha organizados de forma
paralela ao esforço a ser transmitido, os pinos suplementares devem ser tratados com apenas
dois terços de sua resistência individual (CALIL, 1998).

Especificações para a formula acima NBR 7190:1997, item 8.3.4.


Valores de resistência de pinos metálicos são definidos, de acordo com a NBR
7190:1997, da seguinte forma:

Onde t é a espessura convencional da madeira e d o diâmetro do pino, tendo com valor limite:

Onde: 𝑓𝑦𝑑 tensão de escoamento do pino metálico e 𝑓𝑒𝑑 resistência ao embutimento da


madeira.
De acordo com Calil (1998), a comparação de 𝛽 com o valor de 𝛽𝑙𝑖𝑚, que leva em
conta as resistências da madeira e do aço, determina a forma de cálculo da resistência de uma
seção de corte de pino, levando as seguintes situações de cálculo (NBR 7190:1997):
I – Embutimento da madeira: (𝛽≤𝛽𝑙𝑖𝑚)

I – Flexão no pino (𝛽>𝛽𝑙𝑖𝑚)


A NBR 7190:1997 ainda ressalta que os critérios referentes para a determinação da
resistência à ligação do pino com a madeira são os mesmos estabelecidos para ligação de duas
peças de madeira.
Para o caso da determinação da resistência referente à ligação do pino com a peça de aço
utiliza os critérios dispostos na NBR 8800.

4.2. Ligações com Cavilhas

As cavilhas são pinos de madeira torneados feitos com madeira dura e são introduzidas
por cravação com pré- furação sem folga nas peças de madeira. A NBR7190 exige que as
cavilhas deverão ser de madeiras classe C60. Para estruturas são consideradas apenas cavilhas
com 16mm (5/8”), 18mm (3/4”) e 20mm (1”) e os furos devem ser exatos. A cavilha deve
estar perfeitamente seca, caso contrário há retração após sua colocação, o que provoca folgas.

Imagem 12: Ligações com Cavilhas.


Fonte: Google Imagens.

Os parâmetros para a determinação da resistência de uma cavilha, de acordo com uma


seção de corte, seguem, basicamente, os mesmos procedimentos especificados para ligações
por pinos, sendo neste caso considerados os seguintes critérios (CALIL, 1998):
- Resistência à compressão paralela 𝑓𝑐0,𝑑 da cavilha na flexão;
- Resistência à compressão normal da cavilha 𝑓 𝑐90,𝑑;
- Diâmetro da cavilha (d);
- Espessura (t).
A NBR 7190:1997 complementa que as cavilhas em corte simples podem ser
empregadas apenas em ligações secundárias. E, para cavilhas em corte duplo, a determinação
da resistência é feita seguindo os mesmos critérios para cada uma das seções de corte.
Para as cavilhas, consideram-se (NBR 7190:1997):

I- Esmagamento da cavilha (𝛽≤𝛽𝑙𝑖𝑚)

II- Flexão na cavilha (𝛽>𝛽𝑙𝑖𝑚)

4.3. Ligações com conectores

Os conectores são anéis ou chapas metálicas especiais. Os anéis são encaixados em


ranhuras feitas na superfície da madeira. Para cada anel, coloca-se um parafuso para impedir a
separação das peças ligadas.

Imagem 13 (a): Ligações com Conectores Imagem 13(b): Ligações com Conectores
Fonte: Google Imagens. Fonte: Google Imagens.

Para ligações com anéis metálicos admite-se o emprego com diâmetro interno dos
anéis nos valores de 64 mm e 102 mm e devem ser acompanhados por parafusos de 12 mm e
19 mm, colocados no centro do anel (NBR 7190:1997). A norma ainda coloca que os anéis
devem ser fabricados com aço respeitando os requisitos da NBR 8800.
A NBR 7190:1997 propõe que a resistência de um anel metálico, de acordo com a
seção de corte da ligação entre duas peças de madeira, é definida em função das resistências
ao cisalhamento longitudinal 𝑓 𝑉0,𝑑 das duas peça madeiras interligadas.
O valor de cálculo da resistência ao cisalhamento é dado pelo menor dos valores:

Onde t é a profundidade de penetração do anel e 𝑓 𝑐𝛼,𝑑 o valor de cálculo da resistência a


compressão inclinada de 𝛼.
Para o caso de chapas com dentes estampados a norma somente permite o emprego em
ligações estruturais quando o executor garantir a eficiência de cravação. Ainda de acordo com
NBR 7190:1997 os valores de cálculo da resistência que podem ser atribuídos as chapas
devem ser garantidas pelo fabricante, seguindo a legislação brasileira.

5. DIMENSIONAMENTO BÁSICO DE PEÇAS DE MADEIRA: FLEXÃO E


COMPRESSÃO

Nas barras comprimidas axialmente os estados limites últimos se configuram pelo


esmagamento das fibras, como nas barras denominadas de curtas, ou por instabilidades
associadas a efeitos de segunda ordem provocados por flambagem típica de Euler, também
conhecida como flambagem por flexão, no caso das peças esbeltas e semi-esbeltas.
A NBR 7190:1997, de maneira similar as NBRs de estruturas de concreto armado e
metálicas, faz importantes observações sobre os carregamentos atuantes nos elementos
estruturais, em que devem ser considerados cargas permanentes (g) e cargas variáveis (q),
onde o incremento de ações como o vento e demais fatores devem ser observados afim de se
alcançar um correto dimensionamento da estrutura. Alguns cuidados devem ser tomados ao se
calcular força solicitante de cálculo atuante no elemento, como por exemplo qual variável
analisada deve ser tomada como principal e qual deve ser tomada como permanente e efetuar
as combinações e verificar qual é o maior valor.
Para obtenção da resistência de cálculo do elemento estrutural de madeira (𝑓𝑤𝑑) a NBR
7190:1997 disserta sobre a expressão abaixo, onde o coeficiente de modificação (𝐾𝑚𝑜𝑑) tem
valores claramente explicados na NBR 7190:1997 na tabela 10 e varia de acordo com o tipo
de madeira utilizada e a classe de carregamento, a resistência (𝑓𝑤𝑘) é obtida através de ensaios
específicos, o coeficiente de ponderação (𝛾𝑤) depende do tipo do tipo de tensão atuante que no
presente trabalho será considerado igual a 1,4 conforme as considerações feitas no item 6.4.5
da NBR 7190:1997
f wk
f wd =k mod ×
γw
Em construção civil, um dos casos de peças comprimidas que nos vem à cabeça são os
pilares. Dificilmente encontram-se pilares submetidos a esforços de tração, pois na grande
maioria dos casos, os esforços atuantes são os esforços de flexão e compressão. De maneira
similar a estruturas metálicas e estruturas de concreto armado o cálculo da flambagem em
estruturas de madeira terá como princípio a hipótese da carga crítica de Leonhard Euler
(1707-1783) equação (1), onde EI é a rigidez a flexão e l é o comprimento da barra. Se
tivermos uma carga (N) maior que a carga crítica a retilinidade da peça é desfeita, o que
acarreta em deslocamentos laterais ocasionando a flexo-compressão na peça. Tais situações
são as que ocorrem na prática, pois nenhuma peça é perfeitamente retilínea como proposto
pela hipótese de Euler (PFEIL & PFEIL, 2003).
π
N cr =EI × (1)
i2
Em virtude da não retilinidade dos pilares, devido a aplicação da carga N, tem-se a
ocorrência de uma flecha total (𝛿𝑡), a qual leva em conta as imperfeições geométricas iniciais
(𝛿0) e uma excentricidade inicial (𝑒𝑖), desta forma pode se calcular a flecha total em pilares
de madeira através da equação mostrada a seguir, que correlaciona a carga crítica da equação
anterior a carga aplicada (PFEIL & PFEIL, 2003).
N cr
δ t=δ 0 × (2)
N cr −N
Correlacionado diretamente com a flambagem, o índice de esbeltez determina se a
peça analisada é curta, moderadamente esbelta ou esbelta, esta classificação é feita a seguinte
forma:
 Peças curtas: λ ≤ 40;
 Peças medianamente esbeltas: 40 < λ < 80;
 Peças esbeltas: 80 < λ< 140

Através destas classificações é possível o dimensionamento do pilar de madeira, uma


vez que, para cada situação um procedimento diferente é desenvolvido.
No item 7.5.1 da NBR 7190/1997 tem-se a definição do índice de esbeltez o qual é
determinado através da equação (3) em que 𝑖𝑚í𝑛 é o raio de giração polar mínimo que é a raiz
quadrada da inércia dividido pela área.
l ef
λ=
√ A
(3)

Salientamos que em colunas curtas torna se desnecessário a consideração da


resistência a compressão oriunda da flambagem, desta forma o cálculo da tensão atuante em
virtude do esforço normal solicitante de cálculo transmitido para o pilar pode ser calculado
através da equação 4, somente em casos de flexão composta reta em decorrência das
solicitações de cálculo de esforço normal e momento fletor adota equação 5 e por fim caso
estejam submetidos a flexão composta oblíqua, a constante 𝐾 varia entre 0,5 e 1, sendo o
primeiro valor para seções retangulares e o segundo para as demais seções e os índices X d e
Yd significam as tensões máximas decorrentes dos momentos fletores na direção x e y (PFEIL
& PFEIL,2003).
Nd
σ Nd = (4 )
A
σ Nd 2 σ Md
( )
f cd
+
f cd
≤1(5)

σ Nd 2 σ xd σ
( )
f cd
+
f cd
+ k yd ≤ 1(6)
f cd

A NBR 7190:1997 diz que os efeitos das imperfeições geométricas dever ser
considerados como uma excentricidade acidental (𝑒𝑎) definida pela equação (7). Por
consequência de tal excentricidade após a aplicação da 𝑁𝑑 teremos a geração de 𝑀𝑑 uma vez
que a excentricidade multiplicada pelo esforço normal produz um momento fletor, entretanto
deve se tomar cuidado pois, o braço de alavanca para a geração do 𝑀𝑑é a flecha total, desta
forma atrelando a equação (2) com o que foi discutido temos a equação (8). Caso a peça
analisada esteja sujeita a um momento fletor inicial deve ser somado a parcela de 𝑒𝑎 um termo

l ef
𝑒𝑖 referente a uma excentricidade inicial (PFEIL & PFEIL,2003). e a= (7)
300
N cr
M d =N d × ea × (8)
N cr −N
Tanto peças medianamente esbeltas como esbeltas devem atender a equação (9) para
que sejam atendidas as condições de segurança. Como já mencionado anteriormente, esta
condição é irrisória para pilares curtos, pois os mesmos não consideram a resistência a
compressão devido a processo de flambagem (PFEIL & PFEIL, 2003).
σ Nd σ Md
+ ≤ 1(9)
f cd f cd
Adotando as mesmas considerações das peças medianamente esbeltas, os
dimensionamentos de peças esbeltas só fazem a consideração do efeito de fluência na
madeira, que acarreta no acréscimo de uma excentricidade de fluência (𝑒𝑓) junto das já
mencionada excentricidade acidental e excentricidade inicial, equação (10). A excentricidade
de fluência apresentada pela equação (11), onde o 𝜑 é o coeficiente de fluência apresentado
na NBR 7190:1997 na tabela (15), e 𝑒𝑔 excentricidade gerada pela carga permanente g e 𝑁𝑔 o
esforço normal decorrente da aplicação da carga permanente e 𝑁𝑞da carga variável e Ψ1 e Ψ2
apresentados na tabela 2 da mesma norma (PFEIL & PFEIL, 2003).
e f =( e g + ea ) ׿ ¿
N cr
M d =N d × ( ea + ei +e f ) × (11)
N cr −N
Segundo Calil (1998), quando se deseja verificar os esforços de compressão normal às
fibras é necessário levar em consideração o carregamento atuante de maneira perpendicular à
seção da peça analisada.
A condição de segurança em relação às tensões cisalhantes em peças submetidas à
flexão com força cortante é expressa por:

τ Vd ≤ f v 0 d (12)

Onde τ Vd é a máxima tensão de cisalhamento atuando no ponto mais solicitado da peça;


f v 0 ,d é a resistência ao cisalhamento paralelo as fibras.
Em vigas com seção retangular de largura b e altura h, τ Vd é expresso por:
3V
τ Vd = (13)
2b h

Estados limites de utilização:

É verificado o estado limite de deformações excessivas que possam afetar a utilização


normal da construção ou seu aspecto estético. Para as ações permanentes, as flechas podem
ser compensadas por contra flechas dadas na construção. A flecha efetiva obtida com a
combinação de ações deve atender às seguintes limitações:
1

{ 1
100
200
do v ã o

comprimento do balan ç o
(14)

No caso de flexão oblíqua, permite-se atender os limites anteriores para cada plano de
flexão isoladamente.

5.2. Exemplo Flexão

Calcular a altura necessária de uma viga biarticulada de 6 cm de largura. A viga está


submetida a um
 Carregamento permanente distribuído de 50 daN/m
 Carga concentrada permanente de 100 daN no ponto médio do vão de 420 cm.
 Classe C 40.

Solução:

Esforços atuantes:

DMF (daN.m)
DEC (daN)

Calculo do momento fletor máximo:

M =105 daN . m

M d =1,4 ×105 daN . m

M d =147 daN . m

A tensão normal para a viga é calculada:

Md 14700× 12× h 14700 da N


σ Md = y= =
I 6 h3 × 2 h 2 cm2

Utilizando a equação 13, para o cálculo da tensão de cisalhamento, temos;

3 V 3 ×155 38.75 daN


τ Vd = = =
2b h 2 ×6 h h cm2

Para atender as condições de segurança, a tensão normal é dada por:

f wk
f wd =K mo , d
γw

400 daN
f c 0 ,d =0.56 =160 2
1.4 cm

14700
σ c1 , d=σ t 1 ,d =
h2

14700
σ c0 , d ≤ f c 0 ,d = ≤ 160∴ h ≥ 9,6 cm
h2

Para atender as condições de segurança, tensão de cisalhamento é dada por:

60 38.75 daN
f v 0 ,d =0,56 × =18 , 7 ∴h ≥ 15,6 cmτ Vd =
1,8 h cm2
38.75
τ Vd ≤ f vd = ≤18,7 ∴ h ≥2 , 0 7 cm
h

Calculando a flecha, segundo a equação 14, temos:

5 gl 4
Flecha máxima para ações permanentes: U max =
384 EI

Ql3
Flecha máxima para ações variáveis: U max =
48 EI

daN
Ec 0 , ef =0.56 x 19500=109200
cm ²

ud ,util =∑ ug + ∑ φ2 u q
ud ,util =∑ ug
5 F g 1 L4 5 F g 2 L3 L
+ ≤
384 Ec 0 ,ef I 48 E c 0 ,ef I 200
5(50)(420)4 120( 420)3 420
+ ≤
3 3 200
380(19500) ( 612h ) 48 (19500) ( 612h )
h ≥ 99,29 cm

Concluindo assim que para um dimensionamento satisfatório pelo ELU e ELS, a altura
necessária de uma viga biarticulada para o carregamento solicitante é de 100 cm.

5.3. Exemplo Compressão

Efetuar a verificação de uma barra simplesmente apoiada de comprimento 132 cm, de


seção transversal 6x16 cm que é solicitada por cargas de compressão.
 Carga permanente de 30kN;
 Sobrecarga de 15kN;
 Carga variável devida ao vento igual a 7kN.
 Considerar madeira Dicotiledônea da classe C30.
Solução: A combinação de carregamento inclui uma carga permanente e duas cargas variáveis
sobrecarga e vento. Assim, deve-se usar a mais crítica das duas expressões:

F d=¿ γ Gg K +γ q× (S+0,5 × W k )¿

ou

F d=¿ γ Gg K +γ q× (0,75 ×W k +0,4 ×S )¿

O coeficiente ψ0 foi considerado igual a 0.5 para o vento e 0.4 para a sobrecarga
(locais em que não há predominância de pesos de equipamentos fixos, nem de elevadas
concentrações de pessoas). No caso, a primeira equação produz valores maiores e, portanto,
será a equação considerada. Portanto:

F d=¿1,4 ×30+1,4 ×(15+ 0,5 ×7 )= 67,9 KN ¿

A ação Fd corresponde a uma força de compressão centrada, sem flexão. Portanto,


deverá ser verificada a sua condição de resistência e de estabilidade. Neste caso, Nd = Fd

A=6 ×16=96 cm ²

I 163 4
x=¿6 × =2048 cm ¿
12

I 63 4
y=¿16 × =288cm ¿
12

L0 = comprimento teórico de referência = 132cm (barra apoiada-apoiada)

Sendo o comprimento teórico de referência igual para flambagem em torno de x e y,


será verificada a instabilidade em torno de y

132
Indice de esbeltez=λ= =76,2∴ pe ç a medianamente esbelta(40< λ ≤ 80)
288
√ 96

Assim, devem ser usados os procedimentos descritos na equação 9.

A condição de segurança, relativa ao estado limite último de instabilidade, é dada pela


verificação da expressão :
σ Nd σ Md
+ ≤1
f c 0 , d ❑ f c0 , d

Sendo a madeira uma Dicotiledônea da classe C30, e considerando o coeficiente kmod


convencionais, tem-se:
F f c0 , k 4 KN
c0 , d=¿ k mod × =0,56 × =1,6 ¿
γ wc 1,4 cm2

E KN
c 0 , d=¿k mo d × Ec 0,m =0,56 ×1950=1092 ¿
cm2

Os valores das tensões atuantes são calculados da seguinte forma:

σ N d 67,9 KN
Nd=¿ = =0,591 ¿
A 96 cm
2

σ Md Md
Nd=¿ y= ×3 ¿
I 288

O valor de Md corresponde a um momento de cálculo dado em função da


excentricidade ed, ou seja, Md = Nd × ed.

A carga crítica FE é dada por:

F π × 1092×288
E =¿ =178,14 KN ¿
132 ²

A excentricidade ed é calculada em função da excentricidade e1, sendo e1 = ei+ea

L0 132 h 6
e a= = =0,44 cm Ou e a= = =0,2 cm
300 300 30 30

e a=0,44

e i=0 , pois M Id=0

Contudo, existe uma restrição de ei ser maior ou igual a h/30. Assim:

e i=0,2 cm

e 1=0,44 +0,2=0,64 cm

178,14
e d =0,64 × =0,94 cm
178,14−56,7

Portanto : M d=69,7 × 0,94=63,826 KN . cm

63,826
σ Md = ×3=0,665 cm
288

Verificação da segurança em relação à estabilidade:

0,591 0,665
+ =0,369+ 0,415=0,784< 1
1,6 1,6

Concluindo assim a estabilidade da barra. Dimensionamento satisfatório.


6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

A madeira apresenta diversas propriedades intrínsecas ao material, que afetam a


composição, caracterização e comportamento no meio. Com isso, para projetos de
dimensionamento, as propriedades da madeira devem ser tecnicamente conhecidas, sendo
analisadas através de ensaios e especificações mínimas de execução, a fim de obter o melhor
potencial do elemento para utilização em uma estrutura.
Cabe ressaltar que para os elementos de madeira devem ser tomados cuidados
relativos à sua preservação, a fim de evitar a degradação das peças e proporcionar uma
estrutura segura e funcional. É importante que os engenheiros busquem sempre desenvolver
seu próprio método construtivo inovando em material, diferenciando cada situação, buscando
sempre o equilíbrio econômico, social, ambiental e à frente de tudo segurança.
`Para atender um dimensionamento de qualidade com embasamento técnico, é preciso
seguir as especificações existentes nas normas, respeitando sempre as propriedades do
material, tomando sempre o cuidado de atender aos estados limites exigidos, com viabilidade,
conforto e segurança.

REFERÊNCIAS

ABNT, NBR. 7190 (2010). Projeto de Estruturas de Madeira. Rio de Janeiro, Brasil, 2010.
Calil Junior, Carlito. Dimensionamento de elementos estruturais de madeira.São Carlos,
SP: Manole, 1998.
DIAS. F. M.. ROCCO.F.A.Estimativa de propriedade de resistência e rigidez da madeira
através da Densidade aparente.Pag 102-113Disponível em <
http://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr65/cap10.pdf>. Acesso em 04 de Abril de 2016.
LE GOVIC, Claude. Lesassemblagesdanslaconstructionen bois. CTBA, 1995.
LISBOA, C. D. J.; MATOS, J. L. M.; MELO, J. E. Amostragem e Propriedades
FísicoMecânicas de Madeiras Amazônicas. Ministério do Meio Ambiente e da
AmazôniaLegal. Brasília: IBAMA, 1993. 103 p (Coleção Meio Ambiente. Série Estudos
Floresta, 1).
LOGSDON, Norman Barros. Influência da umidade nas propriedades de resistência e
rigidez da madeira. 1998. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
PFEIL, Walter, PFEIL, Michèle. Estruturas de Madeira. 6 ed. São Paulo.SP. 2003.
pag.224.

ZENID. G. J. Madeira na construção civil. Disponível em < http://www.celso-


foelkel.com.br/artigos/outros/Madeira%20na%20constru%E7%E3o%20civil.pdf>. Acesso em
04 de Abril de 2016.

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