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CONSTRUÇÃO

CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Formas: confecção
e colocação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os materiais necessários para formas em madeira.


 Expressar as técnicas de confecção, colocação e escoramento e des-
moldagem de formas.
 Relacionar novas tecnologias, alternativas à madeira.

Introdução
O concreto armado é a solução mais utilizada na indústria da construção
civil brasileira. As características estruturais do empreendimento defi-
nem o melhor sistema a ser utilizado, porém, ao optar pela utilização de
concreto armado, a maioria das obras ainda utiliza forma de madeira,
com escoramento metálico para sua execução. Apesar de existirem no
mercado, as formas industrializadas, estas ainda não são usadas em larga
escala no Brasil. Sua maior vantagem está na diminuição da mão de obra
do canteiro, o que é possível obter de forma abundante e barata.
Os sistemas de formas metálicas mais caros garantem uma produtivi-
dade potencial alta em condições ideais, ou seja: quando se têm grandes
panos de lajes sem vigas ou quando o número de repetições é muito
elevado, visto que o material permite reutilização.
Assim, todo Engenheiro Civil ou Arquiteto deve dominar a técnica de
confecção, montagem e escoramento de formas em madeira, processos
que consomem, em média, 26% do prazo total de execução de uma obra.
Formas: confecção e colocação 131

Formas: confecção e colocação


Forma é o elemento que dá forma à peça estrutural, indispensável na execução
da técnica de concreto armado, que é a mais tradicional e utilizada no Brasil.

Dicionário executivo para formas em madeira


Painéis: elementos planos que formam os tablados das formas. Podem ser de
chapas compensadas (2,2 x 1,1 m), tábuas (0,3 x 5,4 m, com espessura mínima
de 2,5 cm) ou guias (0,15 x 1,4 m). Não é recomendável misturar tábuas e
chapas no mesmo painel de laje ou viga.
Travessas: (2,5 x 7,0 cm) feitas de madeira de pinho, pregadas de cutelo
nos painéis. Podem também ser usados caibros de 5,0 x 7,0 cm ou 7,0 x 7,0
cm (ver Figura 1).
Gravatas (ou colarinhos): elemento formado por três (em formas de vigas)
ou quatro travessas (em formas de pilares), com a finalidade de impedir que
os painéis se abram por ocasião do lançamento e adensamento do concreto.
Face da viga: são os painéis laterais da forma da viga. Normalmente podem
ser retirados três dias após a concretagem.
Fundo de viga: são os painéis que formam a parte inferior da forma da
viga. Deve ser colocado entre os painéis que formam as faces da viga. Podem
ser retirados 21 dias após a concretagem (ver Figura 1).
Pontaletes: também chamados de prumos ou pés-direitos. São os elementos
de apoio da forma. Devem ter diâmetro mínimo de 8,0 cm ou 5,0 x 7,0 cm. As
emendas, quando necessárias, devem ser feitas fora do terço médio da peça,
que é a região mais solicitada à flambagem (escoramento simples).
Escoramento: elemento de sustentação das formas de vigas e lajes. Podem
ser em madeira bitolada, de 8,0 x 8,0cm (pinho, cedrinho, etc.) ou circular,
com no mínimo 8,0 cm de diâmetro (eucalipto, bambu, etc.). Atualmente
usa-se muita escora metálica, peças tubulares com 5,0 cm de diâmetro, altura
regulável, com parte inferior fixa e superior móvel (ver Figura 1).
Cunhas: colocada aos pares na base do escoramento. Servem para nive-
lamento (ajuste entre escoramento e forma) e para facilitar a desmoldagem
(ver Figura 1).
Pranchas: são colocadas abaixo do par de cunhas, servindo para distribuir
as tensões nas bases, principalmente na anulação do efeito do puncionamento.
São feitas de tábuas: 2,5 x 15,0 cm ou 2,5 x 10,0 cm.
Chapuz: elemento de ligação entre uma travessa horizontal em um pontalete
vertical (ver Figura 1).
132 Construção civil

Barrotes: apoiam o painel da laje. São colocados de 50,0 em 50,0 cm.


Servem para evitar que o painel deforme por flexão (flecha). Dimensões: 2,5
x 5,0 ou 5,0 x 5,0 cm. Também chamados caibros.
Guias: elementos sobre os quais se apoiam os barrotes. O espaçamento
entre as guias é de 80 cm a 1,0 m. Dimensões: 2,5 x 15,0 cm.
Travamento: ligação horizontal a meia altura, num só sentido, nos pon-
taletes. Tem por finalidade evitar a flambagem dos mesmos. Dimensões: 2,5
x 10,0 cm.
Contravento: são ligações inclinadas em forma de “X”. Usado quando o
pé-direito for superior a 3,0 m. Dimensões: 2,5 x 7,0 cm.

Características que as formas (em madeira) devem


apresentar
a) Resistência: devem suportar toda a carga acidental a que forem
submetidas.
b) Contra-flecha (sobre-elevação): recomendável para cada metro de vão,
que haja 0,5 cm de contra-flecha. Serve para fazer com que a viga ou laje
fique perfeitamente horizontal após ocorrer a total deformação (flexão
por deformação brusca, no ato da desmoldagem, mais a deformação
lenta, que ocorre ao longo da vida útil da estrutura). Para marquises
deve-se calcular a flecha, não aplicando a regra prática anterior, con-
forme recomenda a ABNT NBR 6118:2003.
c) Estanqueidade: as formas devem ser completamente vedadas, para
que não surjam falhas como fuga de argamassa. A vedação pode ser
feita com plástico, papel de saco de cimento ou papelão. Obs.: deve-se
molhar a forma até a saturação antes da concretagem, para evitar a
absorção de água, o que acarreta em alteração do fator água/ cimento
e diminuição da resistência do concreto.
d) Reaproveitamento: o material utilizado deve permitir o maior reapro-
veitamento possível tendo-se o cuidado de usar pregos de duas cabeças,
para facilitar a desmontagem. Também deve ser utilizado desmoldador
(lubrificante), para impedir a aderência do concreto à forma, de modo
que as mesmas possam ser retiradas inteiras. Obs.: o desmoldador deve
ser colocado antes da armadura e não deve ser usado óleo queimado,
pois provoca manchas escuras no concreto, podendo também aderir à
armadura, prejudicando sua aderência ao concreto.
e) Material apropriado: quando se tratar de concreto aparente, deve-se
utilizar chapas compensadas à prova d’água, ou tábuas aplainadas
Formas: confecção e colocação 133

na face que entra em contato com o concreto. Devem ser utilizadas


madeiras secas (para que não se deformem e originem o surgimento de
vãos). As madeiras não devem ser muito duras e pesadas e apresentar
módulo de elasticidade razoável (por isso dá-se preferência às chapas
de compensado, em vez das tábuas).
f) Escoramento: não devem ser feitas emendas no terço médio, sendo que
o número de escoras emendadas não deve ser superior a 1/3 do total de
escoras. Escoras com mais de 3,0 m de altura devem ser contraventadas
(ver Figura 1).
g) Nivelamento e prumagem: antes da concretagem, deve ser feito um
novo nivelamento das formas (com mangueira d’água), pois devido
ao trânsito de pessoas, ação de ventos etc., as cunhas podem sair do
lugar; por isto recomenda-se fixar as cunhas com pregos, para evitar
que se desloquem.

Não se costuma fazer o dimensionamento dos painéis das formas e do escoramento


de obras corriqueiras, porém, é indispensável em obras especiais, como vigas e lajes
de pontes e viadutos, grandes vãos.

Prazos mínimos para desmoldagem


(ABNT NBR 6118:2003 – NB 01)
 3 dias (sem aditivos) para faces de pilares e faces laterais das vigas e
fundações.
 7 dias para lajes até 10 cm de espessura.
 14 dias para faces inferiores de vigas com reescoramento.
 21 dias para painéis de fundo de vigas normais de até 10 m de vão e
lajes com mais de 10 cm de espessura.
 28 dias para o restante (arcos, vigas de grande vão).
134 Construção civil

A linha de escoras central é a primeira a ser retirada. Retiram-se as escoras do centro


para as laterais.

Figura 1. Considerações gerais sobre formas.


Fonte: Cardão (1988).
Formas: confecção e colocação 135

Tipos de formas
Neste item serão descritos os tipos de formas para cada aplicação.

Formas de sapatas e blocos de fundações


Para sapata isolada, as formas podem ser executadas de duas maneiras. São
elas:

a) Sapata solada
b) Escalonada (ver Figura 2):
■ Etapa 1: consiste em colocar sobre o concreto magro uma caixa sem
fundo e sem tampa. Colocar estroncas e pranchas (para o travamento
da caixa, pregadas na caixa e escoradas no terreno). Colocar a arma-
dura da sapata, a armadura de espera do pilar e, por fim, concretar.
■ Etapa 2: colocar a segunda caixa sem fundo e sem tampa e escorar
lateralmente. Concretar.
■ Etapa 3: repetir a segunda etapa.
■ Etapa 4: forma do pilar.

Figura 2. Formas para sapata escalonada.


Fonte: Cardão (1988).
136 Construção civil

c) Sapata com faces inclinadas (ver Figura 3):


■ Etapa 1: colocar a caixa e a ferragem. Esta etapa pode ou não ser
concretada.
■ Etapa 2: quatro painéis em forma de trapézio apoiados sobre a pri-
meira etapa. Colocar duas gravatas para que a segunda etapa não
se movimente sobre a primeira. Escorar as gravatas lateralmente.
■ Etapa 3: pilar.

Figura 3. Formas para sapata de faces inclinadas.


Fonte: Cardão (1988).

d) Bloco de capeamento: os blocos de capeamento servem para fazer o


arremate da fundação tipo estaca. São executados a partir da cota de
arrasamento das estacas; sua forma é feita de modo análogo à técnica
das formas de pilares, veja a Figura 4.
Formas: confecção e colocação 137

Figura 4. Formas para blocos de capeamento.


Fonte: Cardão (1988).

Formas de pilares
São compostas, normalmente, por quatro painéis de chapas (12 mm) ou tábuas
(25 mm), conforme ilustrado na Figura 5.

Considerações gerais
Reforços:

a) Gravatas duplas: devem ser colocadas com 30 a 50 cm de espaça-


mento, principalmente no terço médio, onde são maiores os esforços.
Dimensões das gravatas: 2,5 x 7,0 cm (menor seção utilizada), 2,5 x
10 cm, 5 x 7cm, 7 x 7cm (maior seção utilizada), sendo que devem ser
pregadas de cutelo para resistirem melhor aos esforços de flexão a que
ficam submetidas.
b) Amarração com arame queimado (3,4 mm): depois da colocação
da armadura.
c) Parafusos: reforço de gravatas. Agem como tirantes. Os parafusos
devem ser colocados dentro de mangueiras plásticas para, posterior-
mente, poderem ser retirados.
138 Construção civil

Sempre que forem usados painéis de chapas de compensado, deve-se colocar


na face maior, duas ripas de 2,5 x 5,0 cm, sendo que a travessa da gravata
deve ser colocada sobre essas ripas. As ripas normalmente são necessárias
para faces com largura maior que 25 cm, caso em que devem ficar espaçadas
de 15 a 20 cm.

Montagem dos painéis


Os painéis são unidos com as gravatas, não havendo elemento de união painel
com painel.
Em pilares de menores dimensões, onde possam ser utilizados painéis de
tábuas sem que sejam necessárias emendas, recomenda-se o uso dos painéis.
Exemplo: pilar 25 x 30 cm – 2 tábuas de 30 e duas de 25 cm.
Para dimensões maiores, em que sejam necessárias emendas, deve-se dar
preferência ao uso de chapas de compensado. Para concreto aparente, sem-
pre usar chapas de compensado, pois a tábua nunca fornece uma superfície
perfeitamente plana e lisa.
Em pilares altos com ferragem densa, recomenda-se, ao executar a forma,
deixar uma das laterais abertas para colocação das ferragens. A forma será
ajustada e prumada depois da colocação da ferragem.

Contraventamento e travamento
Os pilares devem ser contraventados em duas direções perpendiculares, sendo
o contravento (2,5 x 10,0 cm ou 2,5 x 15,0 cm) fixado nos painéis e em tacos
de madeira previamente chumbados na laje.
O travamento horizontal, que também deve ser pregado nos painéis, deve
ser feito nos pilares externos em apenas uma direção. Os pilares internos são
travados com os externos.
O primeiro colarinho (gravata de fixação do pilar – também chamado
gastalho) pode ser fixado na laje, através de pregos anteriormente chumbados.
Formas: confecção e colocação 139

Figura 5. Formas para pilares.


Fonte: Cardão (1988).
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Figura 6. Reforço dos painéis para pilares.


Fonte: Cardão (1988).

As formas para pilares com mais de 3,0 m de altura devem ser dotadas
de janela de concretagem, o mesmo devendo acontecer quando há grande
densidade de armadura.
Na base do pilar, as formas devem apresentar uma janela de inspeção
(altura aproximadamente de 30 cm), para que possa ser feita a amarração da
armadura do pilar e a armadura de espera, para verificação da posição correta
da armadura e também para limpeza do fundo do pilar.
Formas: confecção e colocação 141

Pilares circulares
As formas para pilares circulares podem ser feitas de várias maneiras (veja
a Figura 7):

 Forma metálica com dobradiças.


 Tubos de concreto emendados.
 Chapas de compensado para diâmetros grandes.
 Moldes de madeira (cambotas) com ripas de 2,0 x 2,0 cm ou 2,5 x 2,5 cm.

As formas metálicas apresentam as seguintes características:

 Desmoldagem em menor tempo (24h).


 Dispensa o revestimento (superfície lisa para concreto à vista).
 Facilita a mão de obra.
 Rapidez de montagem.
 Reaproveitamento ilimitado.
 Alto custo inicial.
 Limitação de seção (não é possível fazer pilares com seção variável).

As formas compostas por moldes de madeira com ripas, também muito


utilizadas, trazem como desvantagens:

 Quantidade de material.
 Mão de obra especializada.
 O pilar fica com estrias salientes depois de pronto, devendo ser revestido
para melhor acabamento.
142 Construção civil

Figura 7. Forma para pilares circulares


Fonte: Cardão (1988).

Pilares com formas mistas


São compostas por painéis de compensado à prova d’água (50 cm de altura e
80 cm a 1,0 m de comprimento), dotados de cantoneiras metálicas com pinos
e reentrâncias para o encaixe de um painel no outro (veja a Figura 8).
Podem ser utilizados para pilares com seção desde 20 x 20 cm até 1,0 x
1,0 m. Características:

 Menor tempo de reutilização da forma.


 Utilizável para pilares de quaisquer dimensões.
 Desmoldagem em 24 h.
 Dispensa travamento, pois este é feito através da colocação alternada
dos painéis.
 Custo elevado.
 Altura limitada a múltiplos de 50 cm (altura dos painéis).
Formas: confecção e colocação 143

Figura 8. Formas mistas para pilares.


Fonte: Cardão (1988).

Formas de vigas
As formas de vigas não devem ser apoiadas sobre o painel da forma do pilar,
para que seja possível fazer a desmoldagem dos painéis laterais da viga.

Viga interna

São vigas que possuem lajes de ambos os lados (a viga fica entre as lajes – veja
a Figura 9).
144 Construção civil

Figura 9. Formas para vigas internas.


Fonte: Cardão (1988).

Viga externa ou de contorno

São vigas que possuem lajes apenas de um lado. A laje não possui armadura
negativa, pois não é contínua, a não ser no caso de marquises (veja a Figura 10).
Formas: confecção e colocação 145

Figura 10. Formas para vigas externas e isoladas.


Fonte: Cardão (1988).

Viga isolada

São vigas que não possuem lajes ao seu redor.

Viga invertida

Viga que, ao invés da laje estar na parte superior, ela está na parte inferior, ou
seja, o painel de fundo da viga é o próprio painel da laje. Para escoramento
dos painéis da viga, podemos colocar gravatas com pontas, preenchendo pos-
146 Construção civil

teriormente os furos deixados na laje. Na parte inferior da forma, amarra-se


com arame, para que esta não se abra (depois de pronta a viga, cortam-se os
arames – veja a Figura 11).

Ao invés de gravatas com pontas, podem ser utilizados “caranguejos”.

Figura 11. Formas para vigas invertidas e com rebaixos nas lajes.
Fonte: Cardão (1988).
Formas: confecção e colocação 147

 As formas das vigas podem ser feitas com painéis de tábuas ou de chapas de
compensado à prova d’água. Quando forem utilizados painéis de compensado,
devem ser colocados reforços (ripões) para o painel não flambar.
 Quando houver madeira sobrando, podem ser utilizados pontaletes maiores, que
já servem também como gravatas (mas somente quando os pontaletes forem
de pinho).
 As escoras da viga não devem coincidir com as gravatas.
 O painel de fundo da viga deve ser sempre colocado entre os painéis laterais para
facilitar a desmoldagem.
 Para garantir o recobrimento das armaduras, devem ser utilizados espaçadores
(normalmente rapaduras de argamassa), amarrados na armadura.

A desmoldagem de vigas pode ser feita em 3 dias para laterais de vigas e


pontas de marquises e, aos 28 dias para desmoldagem da marquise propriamente
dita e balanços, sempre vindo do ponto de maior para o de menor flecha.

Figura 12. Formas para vigas especiais.


Fonte: Cardão (1988).
148 Construção civil

Formas de lajes
Recomenda-se painéis de chapas compensadas à prova d’água, com espessura
mínima de 12 mm, colocando-se caibros, normalmente, a cada 50 cm, sendo que
esta distância pode variar de acordo com a espessura da laje – entre 8 e 9 cm,
80 cm de espaçamento; acima disto, 1,0 m de espaçamento. Em vez de chapas,
podem ser usadas tábuas (2,5 cm) na confecção dos painéis, dispensando,
assim, o caibramento, porém, os painéis de chapas podem ser reaproveitados
mais vezes. Para manter uniforme a altura da laje, são pregadas duas tábuas
nas extremidades do painel da laje, nivelando-se o concreto com uma régua de
madeira. Quando o painel ultrapassar 3 m de largura, deve ser colocada mais
uma guia no centro, para facilitar o nivelamento – veja a Figura 13.

Em residências, utilizam-se normalmente formas com painéis de tábuas, sendo que


estas, por serem utilizadas somente uma vez para formas, podem ser limpas e reuti-
lizadas em andaimes ou na estrutura do telhado.
Formas: confecção e colocação 149

Figura 13. Formas para lajes.


Fonte: Cardão (1988).

Formas de escadas
As escadas devem, antes de tudo, oferecer conforto aos seus usuários. Para que
isto seja possível, devem ser dimensionadas e executadas seguindo algumas
regras básicas (veja a Figura 14):

 Sendo “h” a altura dos degraus e “b” a largura da base:

2h + b = 63 (64 cm), com hmáx = 19 cm e bmín = 25 cm.


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 Em escada helicoidal, os degraus devem ter uma base mínima de 25 cm


na linha de trânsito, que fica a 1/3 da face interna da escada. Degraus
em leque não devem terminar em zero, mas sim com uma largura
mínima de 7,0 cm.
 Não devem ser colocados degraus no patamar, a não ser quando não
for possível outra solução.
 A altura da escada é dada pelo pé direito mais a espessura da laje
acabada, com revestimento.
 O número de degraus obrigatoriamente deve ser inteiro.
 O número máximo de degraus sem interrupção é 19.
 Quando possível, o número de degraus deve ser par.
 O patamar deve ter largura mínima de 1,20 m.
 A escada deve ter largura mínima de 80 cm.
 A execução das formas, em escadas com mais de 1,0 m de largura, deve
contemplar a colocação de caibros de fixação nos espelhos, para evitar
que se desloquem no momento da concretagem.

Figura 14. Formas para escadas.


Fonte: Cardão (1988).
Formas: confecção e colocação 151

Formas de reservatórios, muros e piscinas


a) Reservatórios elevados: necessitam de formas para os pilares, forma
da viga de ligação, forma da viga de fundo e forma da laje de fundo
do reservatório (veja a Figura 15):
■ A partir da viga intermediária, monta-se uma plataforma que permite
o escoramento da viga, da laje de fundo e das paredes do reservatório.
■ Laje de fundo e inclinada: formas de compensado à prova d’água de
20 mm, com caibramento de 7,0x7,0cm a cada 45cm, escoramento
com pontaletes de 10 cm de diâmetro cada 80 cm.
■ Paredes: igual às lajes, porém com o painel interno fixado após
a colocação da armadura, com arames que atravessam os painéis
e são amarrados nas escoras verticais que substituem a guia de
escoramento.
■ Tampa: a forma da tampa é constituída por uma forma de laje plana
ou em arco, montada após a desmoldagem das paredes.
152 Construção civil

Figura 15. Formas para reservatórios elevados.


Fonte: Cardão (1988).

b) Reservatórios, piscinas e muros de arrimo:


■ Nivela-se o fundo com uma camada de concreto magro de 8 cm.
■ Monta-se a forma dos painéis externos de acordo com o desenho
seguinte.
■ Coloca-se a ferragem lateral.
■ A seguir, a ferragem de fundo que é constituída por duas malhas, uma
que suporte a pressão de cima para baixo e outra devido ao empuxo.
■ Painéis externos vão até a altura da laje.
■ Espaçadores plásticos: servem para evitar que a ferragem encoste
na forma.
Formas: confecção e colocação 153

■ Fungerband: colocado nas juntas de concretagem do fundo do re-


servatório ou piscina. Só é solicitado quando se enche a piscina e
depois a esvazia, pois do contrário o fundo fica estável.

Figura 16. Formas para reservatórios enterrados, muros de arrimo e piscinas.


Fonte: Cardão (1988).

Sistemas especiais de formas

Formas racionalizadas de madeira compensada


São formadas por componentes pré-cortados pelos fabricantes conforme o
projeto apresentado pelo cliente. Sua montagem reduz ao mínimo o uso de
pregos, evitando quebras e perdas de madeira; os componentes são fixados
por meio de parafusos, cunhas e acessórios metálicos.
Utilização quase irrestrita, em estruturas verticais ou horizontais. Exigem,
todavia, alguma repetição na geometria da estrutura, de forma que as reuti-
lizações compensem o investimento realizado.
Equipamentos necessários: escoramentos metálicos ou de madeira, além
dos acessórios para solidarização das formas.
154 Construção civil

Formas leves
Sistema modular formado por painéis de dimensões variadas que são articula-
dos conforme o projeto para compor diversas medidas de formas. Os painéis
são estruturados em perfis de aço galvanizado revestidos com chapas de
laminado melamínico ou fenólico. Acessórios especiais garantem o esquadro,
o prumo e a conexão entre os painéis, que podem ser montados manualmente.
Os componentes mais pesados não atingem 40 kg.
Aplicação sem limites em estruturas retilíneas. Alguns fornecedores tra-
balham com projetos de seção circular, desde que os diâmetros sejam maiores
que 6,0 metros. Podem ser utilizados em sistemas trepantes ou “voadores”.
Sua vocação principal é para obras rápidas.
Equipamentos necessários: todos os equipamentos e acessórios neces-
sários são fornecidos pela locadora.

Sistemas metálicos leves


Painéis de chapas metálicas estruturados com tubos de aço. Esses componentes
básicos podem ser combinados entre si, formando variada gama de desenhos
geométricos. O sistema combina vantagens das formas leves com a precisão
e o acabamento superficial proporcionado pelas metálicas.
Dirigido a superfícies retas e verticais, como cortinas, paredes e blocos
de fundação. O sistema apresenta melhor relação de custo benefício em obras
de prazo curto.
Equipamentos necessários: todos os equipamentos e acessórios são for-
necidos pela locadora.

Sistema deslizante
Formas feitas em metal ou madeira revestida em chapa metálica que deslizam
verticalmente impulsionadas por um sistema de macacos hidráulicos. As
plataformas de trabalho dos operários sobem também solidariamente à forma.
O processo exige concretagem contínua, 24 horas por dia.
Aplica-se especialmente a obras verticais com mais de 10,0 m de altura.
Silos, torres, pilares, caixa de escadas e de elevadores são bons exemplos de
aplicação do sistema. Permite a concretagem rápida de estruturas circulares,
retangulares ou piramidais.
Equipamentos necessários: Os equipamentos necessários – macacos,
andaimes especiais, barras de sustentação – integram o “pacote” de serviços.
Formas: confecção e colocação 155

Sistema trepante
Sistemas de concretagem por etapas. Dois jogos de formas iguais são alternada-
mente elevados para um patamar superior de concretagem. Essa ascensão pode
ser feita mecanicamente, no caso de painéis pesados, ou manualmente, quando
utilizados painéis leves. O sistema permite a interrupção da concretagem.
Permite a construção de estruturas verticais, sendo uma opção as formas
deslizantes. Paredes também podem ser executadas com o sistema.
Equipamentos necessários: os equipamentos necessários integram o
“pacote” de serviços.

Sistemas voadores
São grandes painéis, montados ao nível do chão e depois transportados até os
pontos de concretagem por meio de guindastes ou gruas. As peças podem ser
feitas de vários materiais (metálicos, plásticos, laminados), mas geralmente
são montadas com chapas de compensado resinado ou plastificado.
Servem tanto para a execução de estruturas verticais como horizontais:
paredes, lajes, vigas e pilares. São dirigidas também a obras rápidas.
Equipamentos necessários: exige a locação de uma grua ou guindaste
durante todo o tempo de execução.

Materiais utilizados para formas

Tábuas
 Aplicações: painéis de vigas, de lajes, de pilares, escadas, reservatórios,
muros, etc.
 Nível de reutilização: variável, dependendo do projeto de forma e dos
cuidados na montagem e desmoldagem (2 a 3 vezes).
 Acabamento obtido: textura grossa, que pode ser usada arquitetoni-
camente para a composição de fachadas em estruturas de concreto
aparente.
 Dimensões: 2,5 x 30 x 540 cm; 2,5 x 20 x 540 cm; 2,5 x 15 x 540 cm;
2,5 x 10 x 540 cm.
156 Construção civil

Compensado de madeira (resinado ou plastificado)


 Aplicações: painéis de viga, escadas, lajes, pilares, reservatórios, muros,
etc.
 Nível de reutilização: depende do projeto e dos cuidados na montagem
e na desmoldagem. O resinado suporta de 6 a 8 reutilizações; o com-
pensado plastificado pode chegar a 30 reutilizações.
 Acabamento obtido: resinado – acabamento liso nas primeiras aplica-
ções, ganhando porosidade nas reutilizações. Plastificado – acabamento
muito liso, semelhante ao obtido com formas metálicas.
 Dimensões: 220 x 110 cm.
 Espessuras: 8, 10, 12, 14, 16, 18 e 20 mm.

Poliestireno expandido
 Aplicações: lajes nervuradas e estruturas com caixão perdido.
 Nível de reutilização: muito variável, dependendo dos cuidados na
etapa de desmoldagem.
 Acabamento obtido: acabamento liso quando as caixas do material são
protegidas com plástico.

Fibra de vidro
 Aplicações: lajes nervuradas.
 Nível de reutilização: até 30 vezes, exigindo manutenção durante a obra.
 Acabamento obtido: muito liso nas primeiras aplicações. Depois, exige
manutenção na fábrica.

Tubos de papelão
 Aplicações: pilares de seção circular e estruturas com caixão per-
dido.
 Nível de reutilização: material descartável, possibilita uma única
utilização.
 Acabamento obtido: os tubos imprimem marcas sobre o concreto que
podem ser aproveitadas pela arquitetura.
Formas: confecção e colocação 157

Têxteis
 Aplicações: contenção de encostas, controle de erosão, execução de
diques, cabeceira de pontes, proteção de margens de rios, estruturas
submersas.
 Nível de reutilização: material descartável, fica incorporado à estrutura.
 Acabamento obtido: aplicável a obras não prediais, resulta em muros
semelhantes a pilhas de sacos.

Formas metálicas
 Aplicações: na execução de formas de vigas, lajes, pilares, os painéis
podem ser de chapas metálicas em substituição aos de madeira, sendo
hoje sua maior utilização na confecção de pré-moldados. Com este
sistema os painéis são encaixados entre si, eliminando a necessidade
de reforços tais como: gravatas, arames, parafusos, etc., reduzindo-se
também a intervenção da mão de obra de carpinteiro.
 Nível de reutilização: desde que haja limpeza e manutenção do equipa-
mento, chega-se ao nível de utilização de até 1.000 vezes.
 Acabamento: o acabamento obtido é muito superior ao obtido com
formas de madeiras, dispensando normalmente a necessidade de
revestimento.
 Desvantagem: o seu elevado custo inicial pode ser considerado o ponto
negativo deste tipo de formas.

Outros materiais

Laminado melamínico, chapa fenólica e metais.

 Aplicações: aplicações em sistemas específicos de formas.


 Nível de reutilização: o laminado melamínico e a chapa fenólica permi-
tem centenas de reutilizações. As formas metálicas podem ser usadas
milhares de vezes.
 Acabamento obtido: os três materiais garantem extrema precisão da
estrutura e acabamento das superfícies concretadas.
158 Construção civil

Check list para controle de execução da forma


 Concretagem do pilar.
 Eixos de referência – Transporte.
 Locação do pilar – Gastalho.
 Nivelamento do pilar – Referência de Nível
 Prumo (encontro viga-pilar).
 Amarração e travamento – Pilar.
 Locação do pilar – Conferência.
 Concretagem de viga e laje.
 Amarração de vigas – cunhas.
 Alinhamento das vigas.
 Nivelamento das vigas.
 Nivelamento das lajes.
 Travamentos.
 Fase final.
 Reescoramento – Pavimento inferior.
 Cuidados na desforma.
 Manutenção e limpeza.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118:2003. Projeto de


estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
CARDÃO, C. Técnica da construção civil. 8. ed. Belo Horizonte: Edições Engenharia e
Arquitetura, 1988. v. I e II.

Leituras recomendadas
ALBUQUERQUE, A. Construções civis. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1957.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15696:2009. Formas e
escoramentos para estruturas de concreto – Projeto, dimensionamento e procedimentos
executivos: Rio de Janeiro: ABNT, 2009.
BAUD, G. Manual de pequenas construções. São Paulo: Hemus, 2002.
BORGES, A. C. Prática das pequenas construções. 8. ed. São Paulo: Edgard Blücher,
2000. v. I e II.
CARICCHIO, L. M. Construção civil. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpia, 1955.
MILITO, J. A. Apostila da disciplina de técnicas de construção civis e construção de edifícios.
Campinas: PUC, [2008].
PIANCA, J. B. Manual do construtor. 15. ed. Porto Alegre: Globo, 1978.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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