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O leitor mais atento já deve ter percebido que no caso de uma peça submetida à flexão simples, com
armadura simples, o momento fletor (Msd) pode ser, numericamente, grande o suficiente para provocar
posições de linha neutra indesejáveis, desrespeitando limites de norma ou colocando a peça no domínio 4,
criando uma ruína sem aviso. Nesse caso, é conveniente recorrer a armadura dupla.
Figura 1.1 – Tensões, deformações e esforços na flexão simples com armadura dupla
Na Figura 1.1,
FH = 0
Rcc + RS’ – Rst = 0
Rst = Rcc + RS’ (Equação 1.1)
Na equação 1.1, os valores das forças resultantes de são dadas conforme as equações 1.2 a 1.4.
MP = 0
MSd = Rcc ∙ (d – 0,4x) + RS’ ∙ (d – d’) (Equação 1.5)
Não é possível solucionar o problema, visto que existem três incógnitas (Rcc, Rst e Rs’) e apenas duas
equações de equilíbrio, existindo assim diversas soluções para o equilíbrio do problema.
É interessante reescrever a equação 1.5 conforme a equação 1.6, dividindo o problema em duas
partes.
Na Equação 1.6,
As equações de equilíbrio continuam a ser válidas para cada uma das partes. Sendo assim, para a
parte correspondente a Mwd pode-se escrever as equações 1.7 e 1.8.
FH = 0
Rcc – Rst,1 = 0
Rst,1 = Rcc (Equação 1.7)
MP = 0
Mwd = Rcc ∙ z1 (Equação 1.8)
Para a parte correspondente a MSd, as equações de equilíbrio são escritas conforme as equações
1.9 e 1.10.
FH = 0
Rst,2 – Rs’ = 0
Rst,2 = Rs’ (Equação 1.9)
MP = 0
Msd = Rs’ ∙ z2 (Equação 1.10)
Com a resultante de compressão no concreto (Rcc) conhecida, o momento fletor resistido pelo binário
concreto-armadura inferior fica dado pela equação 1.12.
Mwd = Rcc ∙ z1
Mwd = 0,306fcd ∙ bw ∙ d ∙ (d – 0,4∙ 0,45d)
Mwd = 0,25092fcd ∙ bw ∙ d² (Equação 1.12)
É óbvio neste instante que, se o momento fletor resistido pelo concreto é conhecido, o acréscimo de
momento (MSd ) fica determinado por simples diferença, conforme equação 1.13.
MSd
Rs’ = (Equação 1.14)
z2
RS '
AS’ = (Equação 1.15)
σ Sd '
MSd 1
AS’ =
z 2 σ Sd '
ΔM Sd 1
AS’ = ∙ (Equação 1.16)
d - d' σ Sd '
Não se pode afirmar que a deformação da armadura superior é, em valor numérico, superior a
deformação de escoamento (yd = 2,07‰) para o tipo de aço em questão (CA-50). A deformação deve ser
calculada utilizando semelhança de triângulo.
Semelhança de triângulos:
3,5 ‰ εs '
=
0,45d 0,45d - d'
0,45d d'
s’ = 3,5‰ ∙ (Equação 1.17)
0,45d
Figura 1.4 – Deformação (s’) na armadura comprimida
Voltando ao equilíbrio escrito na equação 1.1, e utilizando os resultados escritos nas equações 1.8 e
1.10, a força resultante de tração na armadura (Rst) fica dada pela equação 1.18.
Pode-se reescrever a equação 1.3 isolando a incógnita mais importante do problema, a armadura
necessária (As), conforme equação 1.19.
R Sd
AS =
σ Sd
M MSd 1
As = wd ∙ (Equação 1.19)
0,82d d - d' σ Sd
Nesse caso, para a armadura inferior, a posição da linha neutra pré-fixada nos garante que a
deformação da armadura inferior é maior que a deformação de escoamento (yd), sendo assim, é correto
afirmar que a quantidade de armadura inferior pode ser obtida pela expressão 1.20.
M ΔM Sd 1
AS = wd ∙ (Equação 1.20)
0,82d d - d' fyd