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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE ALAGOAS

DEPARTAMENTO DE ENSINO TÉCNICO


COORDENAÇÃO DE MECÂNICA – CMEC

Disciplina: REMA (Resistência dos Materiais) Turmas: 10612 A / 10622 B


Prof.º: Sandro Beltrão

AULA 6

1. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

Na Estática, os corpos são considerados indeformáveis. Tal hipótese é necessária a fim de se conseguir um resultado
completamente independente das propriedades da matéria de que são constituídos.

A Resistência dos Materiais, que também faz parte da Mecânica, entretanto, considera os corpos tais como são na
realidade, isto é, deformáveis e suscetíveis a rupturas quando sob ação de forças.

Assim, a Resistência dos Materiais se ocupa em estudar:


− as mudanças ocasionadas no corpo pela ação de forças externas e internas;
− as propriedades (dimensões, forma, material) que o fazem ser capaz de resistir à ação dessas forças.

2. DEFORMAÇÃO

A experiência ensina que a ação de qualquer força sobre um corpo altera a sua forma, isto é, provoca uma deformação.
Com o aumento da intensidade da força, há um aumento da deformação.

No ensaio de tração, um fio solicitado por uma força de pequena intensidade sofrerá uma deformação transitória
(Figura 1) e retomará seu comprimento inicial quando a força for removida. Aumentando a intensidade da força, o fio
sofrerá uma deformação permanente (Figura 2). O ponto que separa os dois tipos de deformações, é o limite de
elasticidade.

Figura 1 Figura 2

3. ALONGAMENTO UNITÁRIO

Alongamento unitário “ϵ” é a relação entre o alongamento total “Δl” e o comprimento inicial “l”. Esta grandeza pode
ser expressa em porcentagem (%).

Equação 1 Figura 3
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4. TENSÃO

Tensão “K” é a relação entre a força normal “P” e a área “S”. K é a força aplicada em cada unidade de medida quadrada
(cada quadradinho da seção transversal).

Equação 2 Figura 4

5. DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO

Como já foi visto, o ensaio de tração consiste em aplicar num corpo de prova uma força axial com o objetivo de
deformá-lo até que se produza a sua ruptura. O ensaio é feito com o auxílio do extensômetro (Figura 5).

Aumentando-se a tensão, a deformação também vai aumentando e os resultados da experiência podem ser demonstrado
graficamente, marcando-se no eixo das abcissas as deformações (alongamento unitário) e no eixo das ordenadas as
tensões aplicadas (Figura 6).

Figura 5 Figura 6

O gráfico apresenta o caso típico do aço doce (baixo teor de carbono). Até o ponto “P” o gráfico é uma reta. Neste
trecho é válida a Lei de Hook, que diz:

As deformações são diretamente proporcionais às tensões que as produzem.

O ponto “P” é o limite de elasticidade e a tensão


correspondente é a tensão de proporcionalidade kp. No
trecho “P-E” ainda se verifica elasticidade, mas esta já
não é mais pura, pois já existe um misto de
deformações elásticas e plásticas. De fato, cessando as
solicitações o corpo de prova não mais adquire o seu
formato primitivo, mas tenderá a este, permanecendo,
no entanto, parcialmente deformado, conforme o
gráfico na Figura 7.

Figura 7

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Depois do ponto “E” a tensão sofre oscilações desordenadas, enquanto o material vai se deformando com grande
fluidez. Este fenômeno é chamado de escoamento e a tensão correspondente de tensão de escoamento ke.

Convém frisar que o escoamento é caraterístico nos aços doces e outros materiais. Ele marca início das grandes
deformações permanentes.

Continuando o ensaio, nota-se que a curva toma um aspecto definido até atingir o ponto “R”, onde se verifica a ruptura
do corpo de prova. Este ponto é o limite de ruptura e a tensão atingida é a tensão de ruptura kr.

Todos os materiais apresentam, com variantes mais ou menos acentuadas, o mesmo comportamento. O gráfico terá
sempre aspecto semelhante, apesar de alguns trechos se confundirem para alguns materiais e se evidenciarem para
outros. No aço duro, por exemplo, não se verifica o escoamento, enquanto o chumbo e o estanho são caracterizadopor
isto.

6. SOLICITAÇÕES

Um sistema de forças pode ser aplicado num corpo de diferentes maneiras orientando, portanto, diversos tipos de
solicitações, tais como: tração, compressão, cisalhamento, flexão e rotação. Quando cada tipo se apresenta
isoladamente, diz-se que a solicitação é simples. No caso de dois ou mais tipos agirem simultaneamente, a solicitação é
composta.

SOLICITAÇÃO CONCEITO APLICAÇÃO DAS FORÇAS ILUSTRAÇÃO

Solicitação que tende a alongar a


Tração peça no sentido da reta de ação
resultante do sistema de forças.

Solicitação que tende a encurtar a


Compressão peça no sentido da reta de ação
resultante do sistema de forças.

Solicitação que tende a deslocar


Cisalhamento paralelamente, em sentido oposto,
duas seções contíguas de uma peça.

Solicitação que tende a modificar o


Flexão
eixo geométrico de uma peça.

Solicitação que tende a girar as


Rotação seções de uma peça, uma em
relação às outras.

Quadro1

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7. SIMBOLOGIA DAS TENSÕES

Obs:

− A tensão admissível representa a tensão limite com
a qual pode-se projetar sem o perigo de surpresas
desagradáveis, isto é, a tensão abaixo da qual
seguramente vale a Lei de Hook.
− A tensão de trabalho é a tensão a que a peça está
verdadeiramente submetida ou a que se pretende
que esteja.

Quadro 2

8. DIMENSIONAMENTO

No dimensionamento dos elementos de máquinas, se a tensão de ruptura por um coeficiente “n” chamado
admitem-se apenas deformações elásticas. Os cálculos fator de segurança (Equação 3).
podem ser de verificação ou de dimensionamento
propriamente dito. No primeiro caso, escolhem-se as
dimensões e depois verifica-se se a tensão de trabalho
não ultrapassa tensão admissível. No segundo caso, o
processo é inverso: as dimensões são calculadas
admitindo-se a tensão de trabalho, com critério e
segurança.
Equação 3
A tensão de trabalho fixada deve ser bem inferior à
tensão de ruptura. Seu valor é determinado dividindo-

A escolha de “n” requer muito bom senso por parte do grupo de projetistas, todavia, numa primeira aproximação pode-
se adotar o seguinte:

Equação 4

As tensões admissíveis, segundo Bach, para os aços ao carbono, podem ser obtidas na tabela da página 3.15 do
Prontuário do Projetista.

Nesta tabela foram considerados 3 tipos de carregamentos:

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Estático Intermitente Alternado
A carga aplicada se mantém constante. Ex: A carga é aplicada periodicamente. Ex: dentes A carga aplicada varia continuamente de
vigas de estruturas de engrenagens. sentido (eixos à flexão).

Quadro 3

Obs:
− os aços distinguem-se em laminados e trefilados: estes últimos apresentam características técnicas superiores aos
laminados;
− as barras, chapas e perfis laminados são obtidos a quente, enquanto os trefilados são obtidos a frio por meio de
fieiras.
− quanto à classificação dos aços, consultar a ABNT.

9. TRAÇÃO E COMPRESSÃO

No ensaio de tração, foi visto que a deformação (alongamento unitário “ϵ”) é proporcional à tensão “σ” (Lei de Hook).
Isto é válido também para a compressão.

Equação 5

O coeficiente de proporcionalidade “E” é chamado módulo de elasticidade normal; depende do material e o seu valor é
determinado experimentalmente (vide o Prontuário do Projetista, página 3.15). Substituindo nesta fórmula o
alongamento unitário “ϵ” e a tensão “σ”, tem-se:

Equação Figura 8

BIBLIOGRAFIA

PROVENZA, F.; SOUZA, Hiran F.. Resistência dos materiais. São Paulo: Provenza, 1976.

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