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ELEMENTOS DE MÁQUINAS

Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial


Mestrado em Engenharia de Materiais
2021/2022

Diogo Mariano Simões Neto


Departamento de Engenharia Mecânica
3ª AULA TEÓRICA
Fadiga dos Materiais 3

Regimes de fadiga (LCF vs. HCF) e curva S-N

Fadiga elástica ou a
elevado número de ciclos

Fadiga oligocíclica
ou a baixo número
de ciclos

Resistência à fadiga em função do número de ciclos até à rotura de uma liga de aço
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Fadiga dos Materiais 4

Curvas S-N
• Os resultados de fadiga apresentam, em geral, uma grande dispersão devido a
fatores como o acabamento superficial e dimensões dos provetes, defeitos do
material, etc. Podem obter-se para a mesma tensão de ensaio durações muito
diferentes, sendo necessário fazer uma análise estatística dos resultados,
considerando uma distribuição de Gauss

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Fadiga dos Materiais 5

Tensão limite de fadiga


• A forma mais vulgar de apresentar os resultados dos ensaios de fadiga é através
das chamadas curvas S-N, em que se apresenta no eixo vertical a amplitude ou
a gama de tensões e no eixo horizontal o correspondente número de ciclos até à
rotura

• Em geral, estas curvas tornam-se horizontais para uma determinada tensão


limite, designada por tensão limite de fadiga (σf0), abaixo da qual o material
terá uma vida infinita
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Fadiga dos Materiais 6

Tensão limite de fadiga


• A tensão limite de fadiga é definida para uma vida no intervalo de 2×106 a 107
ciclos, no caso dos aços, e para 108 ciclos no caso das ligas de alumínio
• A tensão limite de fadiga é dada pela curva S-N básica, obtida para tensão
média nula (R=−1) e num provete liso

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Fadiga dos Materiais 7

Fadiga dos materiais


https://www.youtube.com/watch?v=o-6V_JoRX1g&t=190s

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Fadiga dos Materiais 8

Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


• Dimensionamento considerando amplitude de tensão constante

( a )eq  ( a )adm

Tensão alternada equivalente Tensão alternada admissível

Caracteriza o estado de tensão Caracteriza a resistência do material


num ponto crítico do à fadiga, tendo em consideração o
componente, tendo em acabamento superficial, geometria
consideração o ciclo de carga (tamanho e concentração de
aplicado tensões), fiabilidade, temperatura,
tensão média, etc.

Tensão limite de fadiga avaliada


em ensaios de fadiga (curva S-N)

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


• Geralmente a tensão limite de fadiga (curva S-N) é obtida em flexão rotativa

Ciclo alternado (R=−1)


Tensão alternada

Curva S-N básica

Curva S-N admissível


Tensão limite de fadiga

Vida finita Vida infinita

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


• Amplitude de tensão constante
• Estados uniaxiais de tensão

➢ Dimensionamento para vida infinita (Nr > 107 ciclos) com tensão média nula
(σm = 0)
Tensão admissível de fadiga
f
Tensão alternada admissível ( a )adm =
n
Coeficiente de segurança

 f0 Tensão limite de fadiga


 f = (K c  K s  K ta  K T  K fb )
Kf
Fator dinâmico de
Coeficiente de carga concentração de tensões
Coeficiente de acabamento superficial
Coeficiente de tamanho Coeficiente de fiabilidade
Coeficiente de temperatura

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Fadiga dos Materiais 11

Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos

σf0
σf = Kc Ks Kta KT Kfb
Kf

❑ Fatores de redução de resistência à fadiga


✓ Coeficiente de carga (Kc ≤ 1)
✓ Coeficiente de acabamento superficial (Ks ≤ 1)
✓ Coeficiente de tamanho (Kta ≤ 1)
✓ Coeficiente de temperatura (KT ≤ 1)
✓ Coeficiente de fiabilidade (Kfb ≤ 1)
✓ Fator dinâmico de concentração de tensões (Kf ≥ 1)

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos

σf0
σf = Kc Ks Kta KT Kfb
Kf

➢ Coeficiente de carga (Kc)


▪ Se a tensão limite de fadiga é obtida em flexão rotativa (ou estimada a partir
da resistência à tração do material) e o carregamento do componente for
diferente, deve considerar-se o efeito do carregamento, pois para outros
tipos de carregamento a resistência à fadiga é menor

 1 → flexão

K c = 0,85 → carga axial
0,59 → torção ou corte

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos

σf0
σf = Kc Ks Kta KT Kfb
Kf

➢ Coeficiente de acabamento superficial (Ks)

K s = a( R )b

R

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos

Dureza Brinell
120 160 200 240 280 320 360 400 440 460 520
1,0
Polido espelho
0,9 ( Cs =1)
Polimento comercial
0,8

Factor de Acabamento, Cs
0,7 Maquinado

0,6
Laminado a
0,5 quente
0,4
0,3 Forjado

0,2
Corrosão em
0,1 água corrente Corrosão em
água salgada
0
420 700 980 1260 1540 1820
Resistência à Tracção [ MPa ]

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos

σf0
σf = Kc Ks Kta KT Kfb
Kf

➢ Coeficiente de tamanho (Kta)


• Em tração o efeito de tamanho é reduzido: Kta = 1

• Em flexão ou torção (com veio em rotação):

 1 → d  8 mm

K ta = 1,24d −0,107 → 8 mm  d  51mm
1,51d −0,157 → 51mm  d  254 mm

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


▪ Em flexão ou torção com veio parado ou secção não circular deve-se utilizar
um diâmetro efetivo, obtido considerando o volume de material carregado a
95%, ou acima, da tensão máxima do mesmo volume de material do provete em
flexão rotativa

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


▪ As peças de maior dimensão têm uma maior superfície pelo que terão maior
probabilidade de possuir defeitos superficiais que vão servir como pontos de
possível nucleação de fissuras de fadiga
▪ No caso de solicitações flexão ou torção, o aumento do diâmetro da peça
conduz a uma redução no declive da reta da distribuição de tensões. O volume
de material em que a tensão ultrapassa uma determinada percentagem da
tensão máxima aumenta o que faz crescer a possibilidade da existência de
defeitos em regiões altamente solicitadas

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos

σf0
σf = Kc Ks Kta KT Kfb
Kf

➢ Coeficiente de temperatura (KT)


▪ ST: resistência à tração a uma dada temperatura T
▪ SRT: resistência à tração à temperatura ambiente

❑ Caso a tensão limite de fadiga seja conhecida à


temperatura ambiente:
ST
KT =
SRT

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


• Altas temperaturas dão origem a uma resistência à fadiga menor do que à
temperatura ambiente
• Para temperaturas suficientemente elevadas (por exemplo nos aços de alta
resistência é cerca de 700°C) ocorre um processo misto de fadiga e fluência
Quando a fluência passa a influenciar a fadiga esta passa a ser dependente do
tempo, ou seja da frequência

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos

σf0
σf = Kc Ks Kta KT Kfb
Kf

➢ Coeficiente de fiabilidade (Kfb)

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


• Podem usar-se as curvas de distribuição de Gauss. O desvio padrão médio é
de 8%

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos

σf0
σf = Kc Ks Kta KT Kfb
Kf

➢ Fator dinâmico de concentração de tensões (Kf)


▪ Depende do tipo de entalhe, material e solicitação

Kf = f 0
 fe 1- Provete liso ( Kt = 1 )
2- Provete entalhado ( Kt > 1 )

Fator estático de
concentração de tensões 1
Log σa

K f = 1 + q(K t − 1) 
fo

2 fe

Fator de sensibilidade Log N r


ao entalhe
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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


➢ Fator de sensibilidade ao entalhe (q)
▪ Se q = 0, então Kf = 1: material diz-se insensível ao entalhe
▪ Se q = 1, então Kf = Kt e o material diz-se totalmente sensível ao entalhe

❑ Diagramas de determinação do fator de sensibilidade ao entalhe para ligas


de aço e alumínio, em função da sua resistência mecânica e geometria do
entalhe (r)

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


▪ Diagrama para determinar o fator de sensibilidade ao entalhe em solicitações de
flexão e tração

Flexão ou tração
alternada

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


▪ Diagrama para determinar o fator de sensibilidade ao entalhe em solicitações de
torção

Torção alternada

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos

σf0
σf = Kc Ks Kta KT Kfb
Kf

➢ Tensão limite de fadiga (σf0)


• Relação de fadiga no aços: r=0,5

 f0 = 0,5 R
para  R  1400 MPa

 f0 = 700 MPa
para  R  1400 MPa

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


• A relação de fadiga é a razão entre a tensão limite de fadiga em flexão e a
resistência à tração

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Fadiga dos Materiais 28

Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


• A relação de fadiga é a razão entre a tensão limite de fadiga em flexão e a
resistência à tração

• A relação de fadiga para ligas de alumínio é 0,4


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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


➢ Dimensionamento para vida infinita (Nr > 107 ciclos) com tensão média nula
(σm = 0)
Tensão admissível de fadiga
f
Tensão alternada admissível ( a )adm =
n
Coeficiente de segurança

➢ Dimensionamento para vida infinita (Nr > 107 ciclos) com tensão média não
nula (σm ≠ 0)

f  m 
Critério de Soderberg ( a )adm =  1 − 
n  c 

f  m 
Critério de Goodman ( a )adm =  1 − 
n  R 

f  m2 
Critério de Gerber ( a )adm = 1 − 2 
n  R 

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Fadiga dos Materiais 30

Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


➢ Dimensionamento para vida infinita (Nr > 107 ciclos) com tensão média não
nula (σm ≠ 0)
c
σa Cedência plástica  max =  m +  a   adm =
n

σf Critério de Gerber

Critério de Goodman

Critério de Soderberg
0
0 σc σR σm

σm=0 O aumento da tensão média


σm≈σc (σm) conduz a uma
diminuição da tensão
σm>0 alternada admissível (σa)adm
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Fadiga dos Materiais 31

Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


• Amplitude de tensão constante
• Estados uniaxiais de tensão

➢ Dimensionamento para vida finita (103 < Nr < 107 ciclos) com tensão média
nula (σm = 0)
Vida finita Vida infinita

Curva S-N básica

Curva S-N admissível

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Fadiga dos Materiais 32

Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


➢ Dimensionamento para vida finita (103 < Nr < 107 ciclos) com tensão média
nula (σm = 0)
• A curva S-N é aproximada por uma linha reta numa escala bi-logarítmica que passa
no ponto A de coordenadas (103; 0,9σR) e no ponto B de coordenadas (2x106; σf)

σa (log)
A
0,9σR Curva S-N
básica

Curva S-N
admissível B
σf
σf0

103 104 2x106 Nr (log)


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Fadiga dos Materiais 33

Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


➢ Dimensionamento para vida finita (103 < Nr < 107 ciclos) com tensão média
nula (σm = 0)
• A curva S-N é aproximada por uma linha reta numa escala bi-logarítmica que passa
no ponto A de coordenadas (103; 0,9σR) e no ponto B de coordenadas (2x106; σf)

σa (log)
A 2 parâmetros
Tensão admissível de
fadiga para vida finita

0,9σR
Curva S-N
log( a ) = log(c ) − b log(Nr )
admissível
σ'f  aNr b = c
B
σf

103 2x106 Nr (log)

log( a ) = log(c ) − b log(Nr )  log(0,9 R ) = c  − b log(103 )



 log( a ) = c  − b log(Nr )  log( f ) = c  − b log(2 x10 )
6

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Fadiga elástica ou de elevado número de ciclos


➢ Dimensionamento para vida finita (103 < Nr < 107 ciclos) com tensão média
não nula (σm ≠ 0)

c
σa Cedência plástica  max =  m +  a   adm =
n
σ'f
Critério de Gerber
σf

Critério de Goodman

Critério de Soderberg

0
0 σc σR σm
Efeito da tensão média (σm) na tensão alternada admissível (σa)adm
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