Você está na página 1de 89

INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA

AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

AE-236
Fadiga e Mecânica da Fratura

MECÂNICA DA FRATURA
SUMÁRIO:
• Definições Básicas
• Taxa de Liberação de Energia (G )
• Análise de Tensões em Trincas
• Fator de Intensidade de Tensão (K)
• Plasticidade na Ponta da Trinca
• Instabilidade (Curva R)
• K Como um Critério de Falha

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Introdução
A mecânica da fratura ajuda a contornar dificuldades que surgem
devido à presença de uma trinca em um problema de análise de
tensões, fornecendo um parâmetro que caracterizará a propensão de
uma trinca a se propagar.
Esse parâmetro, em geral referido como força de extensão da trinca
(“driving force”) poderá ser obtido analiticamente conhecendo-se:
• o comportamento mecânico (tensões-deformações) do material
• a geometria da trinca / estrutura
• as condições de contorno (cargas, restrições)
O valor crítico dessa força de extensão de trinca é uma propriedade do
material, conhecida como tenacidade à fratura.
MECÂNICA DA FRATURA É UMA DISCIPLINA DE ENGENHARIA
QUE QUANTIFICA AS CONDIÇÕES SOB AS QUAIS UM CORPO
CARREGADO PODE FALHAR DEVIDO AO CRESCIMENTO DE UMA
TRINCA DOMINANTE CONTIDA NESSE CORPO.
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Histórico
• Da Vinci (Sec. XV): realizou experimentos para determinar a resistência de fios
de arame. Identificou uma relação inversa entre o comprimento do fio e a carga
de ruptura. CONCLUSÃO → a presença de trincas ditou a tensão de ruptura dos
fios.
• Teorias de fratura só poderiam ser desenvolvidas a partir de formulações
matemáticas de Cauchy e outros (Sec. XIX).
• Griffith (1922): foi o primeiro a fazer uma avaliação qualitativa entre resistência
e tamanho da trinca. Trabalhou com materiais frágeis.
• A mecânica da fratura foi assumida como disciplina de engenharia (e não
curiosidade científica) a partir das contribuições de G. Irwin após a Segunda
Guerra Mundial.
• Publicação do primeiro paper (clássico) de Irwin: 1948
• Advento das idéias básicas necessárias para o tratamento de problemas não-
lineares: J.R.Rice (1968): Integral-J, Hutchinson (1968): utilização de J para a
descrição direta dos eventos não-lineares envolvidos na propagação de trincas.

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Resistência dos Materiais vs. Mecânica da Fratura


EXEMPLO: determinação da capacidade de carga de uma viga com carga
concentrada na extremidade.
6WL
Relação carga x tensão máxima: σ max =
W BH 2
esp. B H Tensão máxima x Resistência do Material:

L σ max <σ0 / S →W <


BH 2
6 SL
σ0 { S = coeficiente de segurança
σ0 = tensão de escoamento

Fator de Intensidade de Tensão: K = 1,12σ max πa


a
W { aσ = profundidade
max
da trinca
= tensão que ocorreria na região da trinca em sua ausência
esp. B H
Relação entre K e seu valor crítico KIc (tenacidade
L à fratura)
BH 2 K Ic
K < K Ic / S → W <
6 SL 1,12 πa

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Resistência dos Materiais vs. Mecânica da Fratura (cont.)


EXEMPLO: determinação da carga admissível para uma chapa carregada com
(a) um entalhe e (b) uma trinca central.
P P dimensões em mm.
MATERIAL: Al 7075-T651
espessura: 10 mm Fratura do Material:

-Tensão nominal: σmax = P/(300x10)


abertura trinca
passante

2a = 50
50 -Valor crítico de K (Tenacidade à
Fratura Kc- Propriedade do Material)
w = 300 w = 300
Kc = 2800 N.mm-3/2
P P
- Relação entre K e seu valor crítico Kc:
Escoamento do Material:
P
P
=
P
=
P K c = 1,017σ max πa = 1,017 πa
A (300 − 50)10 2500 3000
-Tensão admissível: 470 MPa (N/mm2) - Carga P admissível: 932 kN
- Carga P admissível: 1.175 kN
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Resistência dos Materiais vs. Mecânica da Fratura (cont.)


Um projeto aeronáutico (tolerante ao dano) deverá considerar as condições em
que predomina o escoamento da seção remanescente ou a fratura do elemento
trincado. A figura abaixo mostra esquematicamente a resistência residual de um
elemento na presença de uma trinca.
P

σ (daN / mm 2 )
trinca

40
a

30 σ = σ 0 (1 − a / w) w

P
20 σ0 = tensão de escoamento
β = fator de correção
10 σ = K c / β πa geométrica

20 40 60 80 100 120 140 a (mm)

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Resistência dos Materiais vs. Mecânica da Fratura (cont.)


RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

Tensão de
Tensão Aplicada
Escoamento

MECÂNICA DA FRATURA

Tensão Aplicada

Tamanho da Tenacidade
Trinca à Fratura

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Visão Atomística da Fratura


Nível de Tensão e Energia
Aplicado no Material é
Suficiente p/ Provocar FRATURA DO
Rompimento das Ligações MATERIAL
Atômicas
σ Força de Coesão: σc
Separação
atômica de

atração
equilíbrio Energia de Coesão:
(xo)
γ ⎛ πx ⎞
σ = σ c sen⎜⎜ ⎟⎟
⎝λ 2⎠
x0
distância
λ
repulsão

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Visão Atomística da Fratura (cont.)


2πx dσ 2σ cπ
Para pequenos deslocamentos atômicos: σ = σc , =
λ dx λ
tensão dσ dσ E Eλ
Lei de E= = = σc =
Hooke: deformação dx x0 dx x0 2πx0

λ E OBS:
Assumindo: x0 ≈ σc ≈ Aço: E ≈ 210 GPa
2 π E/π = 60 ~ 70 GPa

O trabalho (energia) por unidade de área durante a fratura é dado por:


λ 2 πx λ
γ = ∫ σ c sen dx = σ c
0 λ 2 π
Como duas superfícies são criadas quando ocorre a fratura, o valor da
tensão σc é dado por:
Eγ s (OBS: se o valor de γ for definido para a
σc =
x0 criação de duas superfícies, então γ = 2γs)

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Efeito de Concentração de Tensões em Trincas


Valores experimentais da resistência à fratura de materiais frágeis são tipicamente
quatro ordens de magnitude inferiores ao valor teórico obtido.
A fratura não pode ocorrer a menos que a tensão a nível atômico exceda a
resistência de coesão do material.
Trincas devem reduzir a resistência global, magnificando a tensão localmente.

• Inglis (1913) → Analisou furos elípticos em placas planas.

⎛ 2a ⎞ σ
Tensão em A: σ A = σ ⎜1 + ⎟
⎝ b ⎠ Compr. >> 2b
Largura >> 2a
Kt = σΑ/σ, se a = b → Kt = 3 ρ
⎛ A
a⎞ 2b
ρ = raio de curvatura ⎜
σ A = σ ⎜1 + 2 ⎟
⎝ ρ ⎟⎠ 2a
Onde: ρ = b2 / a
a
Se: a >> b → σ A = 2σ
ρ
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Efeito de Concentração de Tensões em Trincas (cont.)


Para uma trinca infinitamente aguda (ρ = 0) ⇒ σA → ∞
Esse aparente paradoxo de uma trinca infinitamente pontiaguda (um material com
uma trinca com essas características falharia com uma carga infinitesimal)
motivou Griffith a desenvolver uma teoria de fratura baseada em energia, ao invés
de tensão local (próximo tópico).

Substituindo ρ por x0, pode-se estimar a concentração de tensões local na ponta


da trinca (para uma trinca a nível atômico), como segue:
a
σ A = 2σ

{
x0
Eγ s
σ A = σc = Eγ s CRITÉRIO DA
Se: x0 σf = TENSÃO LOCAL
σ =σ f 4a CRÍTICA (Inglis)

{
σf = tensão remota (direção perpendicular à trinca)
Onde: γs = trabalho (energia) para abertura da trinca
a = comprimento da trinca
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Balanço de Energia de Griffith


Griffith (1922) aplicou a 1ª Lei da Termodinâmica ao problema da abertura de
uma trinca.
“Uma trinca pode se formar ou crescer apenas se esse processo implicar em
redução ou conservação de energia. As condições críticas para a fratura são
definidas no ponto onde ocorre o crescimento da trinca em condições de
equilíbrio, sem variação da energia total”.
Placa sujeita a uma tensão σ, trinca de
comprimento 2a, largura >> 2a.
σ
ENERGIA ENERGIA DA
POTENCIAL
> SUPERFÍCIE
B

dE dΠ dWs dΠ dWs
= + =0⇒− =
dA dA dA dA dA

{
2a E = energia total
Π = energia potencial total (energia de deformação
Onde:
interna+ forças externas)
Ws = trabalho necessário para a abertura da trinca

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

{
Balanço de Energia de Griffith (cont.)
Π0 = energia potencial da
πσ a B
2 2
placa na ausência da trinca
Para a placa: E = Π0 − + 4aBγ s Onde: B = espessura da placa
E
{{ Ws = trabalho para a formação
de duas superfícies
Π Ws

dE 2πσ 2 aB πσ 2 a 2 Eγ s CRITÉRIO
=− + 4 Bγ s = 0 2γ s = σf = DA ENERGIA
dA E E πa (Griffith)

O mesmo princípio pode ser aplicado também σ


para outras configurações, como por exemplo
uma trinca circular embutida (“penny-shaped”).

No caso, o valor de σf será:


a

πEγ s
σf =
2(1 −ν 2 )a

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Balanço de Energia de Griffith (cont.)


Uma comparação entre os resultados do Critério da Tensão Crítica (local) e o
Critério da Energia de Griffith mostra uma diferença de menos de 40%.

EQUAÇÃO DE GRIFFITH MODIFICADA: a equação anterior é razoável para


materiais frágeis ideais (vidro, cerâmicas), mas subestima excessivamente a
resistência à fratura de metais.

Essa equação foi modificada (Irwin, Orowan) levando em conta o trabalho


plástico por unidade de área da superfície criada.

2 E (γ s + γ p ) γ p >> γ s
σf =
πa
EQUAÇÃO GENERALIZADA: levando-se em conta qualquer tipo de dissipação
de energia (plástica, viscoelástica, viscoplástica):
2 EW f
σf = Wf = energia para fratura
πa
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Taxa de Liberação de Energia - G (“Energy Release Rate”)


Irwin (1956): G → medida de energia disponível para um incremento na
extensão da trinca.
Π → Energia potencial do corpo elástico, definida por:

{

G=− Π: energia potencial total
dA Π =U − F U: energia de deformação (interna)
F: trabalho realizado pelas forças externas
G também é conhecido como força de avanço da trinca ou força de extensão da
trinca (“driving force”)
Gc: Valor crítico (Gc = 2 Wf = 2(γs+γp)) → Tenacidade à Fratura
σ
EXEMPLO 1: Placa plana com trinca central (passante)
B

πσ 2 a
G=
E 2a

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Taxa de Liberação de Energia (cont.)


EXEMPLO 2: Cálculo de G através de análise numérica (FEM).

Supondo-se um corpo fraturado em uma borda, a variação da energia de


deformação para um incremento de trinca será como ilustrado:
P
P P
a
B a + da
dU
L
U
a da U-dU

v= L v

O valor da variação da energia de deformação para


1 dU
Onde: G = − esta e várias configurações é obtido com facilidade
B da através de análise com elementos finitos.
finitos

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Taxa de Liberação de Energia (cont.)


A taxa de liberação de energia será a mesma para uma certa configuração
carregada, mediante condições de controle de carga ou de controle de
deslocamento. Segue a prova.
CONTROLE DE CARGA: corpo fraturado com carga P
(“dead loaded”)
∆ P∆ P∆
F = P∆, U = ∫ Pd∆ = Π= − P∆ = −U
0 2 2
dΠ 1 ⎛ dU ⎞ P ⎛ d∆ ⎞
G=− = ⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ dU P d∆
dA B ⎝ da ⎠ Pfixo 2 B ⎝ da ⎠ Pfixo pois : =
da 2 da

CONTROLE DE DESLOCAMENTO:
P∆
F = 0, Π = U =
2
dΠ 1 ⎛ dU ⎞ ∆ ⎛ dP ⎞
G=− =− ⎜ ⎟ =− ⎜ ⎟ dU ∆ dP
dA B ⎝ da ⎠ ∆ fixo 2 B ⎝ da ⎠ ∆ fixo pois : =
da 2 da

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Taxa de Liberação de Energia (cont.)


Flexibilidade da Placa (“Compliance”): Inverso da rigidez → C = ∆/P

CONTROLE
DE CARGA: { G=
P ⎛ d∆ ⎞
⎜ ⎟ ,
2 B ⎝ da ⎠ Pfixo
⎛ d∆ ⎞


⎟ =
⎠ Pfixo
dC ⎛ dP ⎞
P + C⎜

⎟ =P
⎠ Pfixo
dC
⇒G=
P 2 dC

{
da da da da 2 B da
∆ ⎛ dP ⎞
G=− ⎜ ⎟
CONTROLE DE 2 B ⎝ da ⎠ ∆ fixo
DESLOCAMENTO:
⎛ d∆ ⎞ dC ⎛ dP ⎞ ⎛ dP ⎞ P 2 ⎛ dC ⎞ P 2 dC
⎜ ⎟ = P + C⎜ ⎟ ⇒⎜ ⎟ =− ⎜ ⎟⇒G =
⎝ ⎠ ∆ fixo
da da ⎝ ⎠ ∆ fixo
da ⎝ ⎠ ∆ fixo
da ∆ ⎝ da ⎠ 2 B da

Diferença entre valores absolutos das energias: dPd∆ (desprezível!)


d∆ 2
dP
P
(dU)p = -(dU)∆


CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Análise de Tensões em Trincas


Soluções analíticas para as tensões: Williams, Westergaard, Irwin etc.

Revisão – Equações da Elasticidade no Plano


RELAÇÕES ENTRE DESLOCAMENTOS E DEFORMAÇÕES:

∂u COORDENADAS CARTESIANAS
∂v
dy = ε yy dy ∂y
dy
∂u ∂v
∂y ε xx = ε yy =
y ∂x ∂y
B1 γ 1 ⎛ ∂u ∂v ⎞
B ε xy = xy = ⎜⎜ + ⎟⎟
2 2 ⎝ ∂y ∂x ⎠
dy A1 COORDENADAS POLARES
∂v ∂u u 1 ∂v
dx
u ∂x ε rr = ε θθ = +
A ∂u ∂r r r ∂θ
P1 dx = ε xx dx
v
∂x 1 ⎛ 1 ∂u ∂ v v ⎞
ε rθ = ⎜ + − ⎟
P
dx x 2 ⎝ r ∂θ ∂r r ⎠
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Revisão – Equações da Elasticidade no Plano (cont.)

RELAÇÕES ENTRE TENSÕES E DEFORMAÇÕES – TENSÃO PLANA:

COORDENADAS CARTESIANAS COORDENADAS POLARES

σ xx =
E
1 −ν 2
[
ε xx +νε yy ] σ rr =
E
1 −ν 2
[ε rr +νε θθ ]

σ yy =
E
1 −ν 2
[
ε yy +νε xx ] σ θθ =
E
1 −ν 2
[ε θθ +νε rr ]

E E
τ xy = ε xy τ rθ = ε rθ
1 +ν 1 +ν

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Revisão – Equações da Elasticidade no Plano (cont.)

RELAÇÕES DE EQUILÍBRIO
COORDENADAS CARTESIANAS
∂σ xx ∂τ xy
+ =0
∂x ∂y
∂σ yy ∂τ xy
+ =0
∂y ∂x

COORDENADAS POLARES

∂σ rr 1 ∂τ rθ σ rr − σ θθ
+ + =0
∂r r ∂θ r
1 ∂σ θθ ∂τ rθ 2τ rθ
+ + =0
r ∂θ ∂r r

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Revisão – Equações da Elasticidade no Plano (cont.)


RELAÇÕES DE COMPATIBILIDADE

COORDENADAS CARTESIANAS COORDENADAS POLARES


⎛ ∂2 ∂2 ⎞
⎜⎜ 2 + 2 ⎟⎟(σ xx + σ yy ) = 0 ⎛ ∂2 1 ∂ 1 ∂2 ⎞
⎜⎜ 2 + + 2 ⎟(σ rr + σ θθ ) = 0
2 ⎟
⎝ ∂x ∂y ⎠ ⎝ ∂r r ∂r r ∂θ ⎠

∇ 2 (σ xx + σ yy ) = 0 ∇ 2 (σ rr + σ θθ ) = 0

FUNÇÃO DE TENSÃO DE AIRY: para um meio contínuo bi-dimensional,


existe uma função Φ(x,y) da qual as tensões podem ser derivadas.
∂ 2Φ 1 ∂ 2 Φ 1 ∂Φ ∂ 2Φ 1 ∂ 2 Φ 1 ∂Φ
σ xx = 2 ∂ 4 Φ 2∂ 4 Φ ∂ 4 Φ
∂y + 2 2 + 4 = 0 σ rr = r ∂θ 2 + r ∂r , σ θθ = ∂r 2 , τ rθ = − r ∂r∂θ + r 2 ∂θ
∂ 2Φ ∂x 4
∂x ∂y ∂y
σ yy = 2 ⎛ ∂ 2 1 ∂ 1 ∂ 2 ⎞⎛ ∂ 2 Φ 1 ∂Φ 1 ∂ 2 Φ ⎞
∂x
∂ Φ
2
(
∇2 ∇2Φ = 0 ) ⎜⎜ 2 +
⎝ ∂r r ∂r
+ 2
r ∂θ
⎟⎜ 2 +
2 ⎟⎜
⎠⎝ ∂r r ∂r
+ 2
r ∂θ
⎟=0
2 ⎟

τ xy =−
∂x∂y ( )
∇ 2 ∇ 2Φ = 0
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Função de Tensão Proposta por Williams (1957)


As condições de contorno para o problema plano de uma placa contendo uma
trinca livre de cargas em sua superfície (“traction forces”) são:

σ θθ = τ rθ = 0K p / θ = ±π
A escolha da Função de Tensão de Airy
para esse problema deve ser tal que Φ
tenha uma singularidade na ponta da
trinca e tenha um valor único.

Uma forma possível é:

Φ = r 2 p(r , θ ) + q(r , θ )

Onde p e q são funções harmônicas que satisfazem as condições

∇2 p = 0 e ∇2 q = 0

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Williams propôs:

p = A1r λ cos λθ + A2 r λ sen λθ


q = B1r ( λ + 2 ) cos(λ + 2)θ + B2 r ( λ + 2) sen(λ + 2)θ
Isso resulta em:

Φ = r ( λ + 2 ) [ A1 cos λθ + B1 cos(λ + 2)θ ] + r ( λ + 2 ) [ A2 sen λθ + B2 sen(λ + 2)θ ]


Parte Simétrica → MODO I Parte Anti-Simétrica→ MODO II
Onde os modos de fraturamento de um corpo (Modos I, II e II) são definidos
como segue:
MODO I (ABERTURA) MODO II (CISALHAMENTO MODO III (CISALHAMENTO
NO PLANO) FORA DO PLANO)

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Tomando-se a primeira parte (simétrica), obtém-se os campos de tensão para o


Modo I em coordenadas polares, como segue:

1 ∂ 2 Φ 1 ∂Φ
σ rr = 2
r ∂θ 2
+
r ∂r
= ( λ + 2 ) r λ
[ A1 cos λθ + B1 cos( λ + 2 )θ ] − r[λ 2
λ A1 cos λθ + ( λ + 2) 2
B1 cos(λ + 2)θ ]
∂ 2Φ
σ θθ = 2 = (λ + 2)(λ + 1)r λ [A1 cos λθ + B1 cos(λ + 2)θ ]
∂r
∂ ⎛ 1 ∂Φ ⎞
⎟ = (λ + 1)r [λA1 sen λθ + (λ + 2) B1 sen(λ + 2)θ ]
λ
τ rθ = − ⎜
∂r ⎝ r ∂θ ⎠

Aplicando-se as condições de contorno descritas anteriormente para σθθ e τrθ:

( A1 + B1 ) cos λπ = 0
[λA1 + (λ + 2) B1 ]sen λπ = 0

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

}
As soluções possíveis são:
2n + 1 λ
(i) cos λπ = 0 λ= , B1 = − A1
2 λ+2
n = 0, 1, 2, 3, ...
(ii) sen λπ = 0 λ=n , B1 = − A1

A solução geral, combinação linear de (i) e (ii) será:

λ=
n
2 { n = 0, -1, -2, -3, ...
n = 0, 1, 2, 3, ...

Dessas soluções, observa-se que:

σ ij ~ r λ
E pode-se concluir que:
ε ij ~ r λ
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Portanto a energia de deformação é dada por:

1
φ = σ ij ε ij ~ r 2λ
2

A energia de deformação total numa área anular com raios interno e externo r0
e R, e com o centro na ponta da trinca será dada por:
2π R 2π R
1
Ψ = ∫ ∫ σ ij ε ij rdrdθ ~ ∫∫ r ( 2 λ +1)
drdθ
0 r0
2 0 r0

Caso (2λ+1) < 0, a solução tenderá ao infinito quando r0 → 0, de forma que, para
que a energia de deformação seja válida e positiva, é necessário que λ > -1.

Dessa forma: 1 1 3
λ = − , 0, , 1, , 2, ...
2 2 2
n
Ou: λ = , onde n = −1, 0, 1, 2, ...
2
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Tomando-se o termo singular mais dominante:


1 ⎛ A⎞
λ=− ⎜ B1 = 1 ⎟
2 ⎝ 3⎠
A Função de Tensão de Airy será:

3 ⎡ θ 1 3θ ⎤
Φ = r 2 A1 ⎢cos + cos ⎥ + (termos de outras ordens)
⎣ 2 3 2⎦
As tensões serão dadas por:

−1
σ ij = A1r 2
σ ij (θ ) + (termos de outras ordens)

Reescrevendo A1 = K1 / 2π e desconsiderando os termos de ordens


superiores: Onde: K é chamado de
K
σ ij = σ ij (θ ) FATOR DE INTENSIDADE
2πr DE TENSÃO

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

A solução específica em coordenadas polares será:

KI ⎡5 ⎛θ ⎞ 1 ⎛ 3θ ⎞⎤
σ rr = ⎢ 4 cos⎜ 2 ⎟ − 4 cos⎜ 2 ⎟⎥
2πr ⎣ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎦
KI ⎡3 ⎛θ ⎞ 1 ⎛ 3θ ⎞⎤
σ θθ = ⎢ 4 cos ⎜ 2 ⎟ + 4 cos ⎜ 2 ⎟⎥
2πr ⎣ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎦

KI ⎡1 ⎛θ ⎞ 1 ⎛ 3θ ⎞⎤
τ rθ = ⎢ 4 sen ⎜ 2 ⎟ + 4 sen ⎜ 2 ⎟⎥
2π r ⎣ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎦

O valor do FATOR DE INTENSIDADE DE TENSÃO (K) define a amplitude da


singularidade na ponta da trinca. Todas as tensões e deformações em pontos
ao redor da trinca crescerão proporcionalmente a K no limite elástico.

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Funções de Tensão Propostas Por Westergaard (1939)


Função de tensão complexa Z(z), onde: y
z = x + iy = r (cos θ + i sen θ ) = re iθ r
Função de Tensão de Airy: θ
x
Φ = Re Z + y Im Z
OBS: As barras representam níveis de integração com respeito a z
dZ dZ
Z= e Z=
dz dz
As derivadas das partes real e imaginária de Z serão:

∂ Re Z ∂ Im Z e ∂ Im Z ∂ Re Z
= = Re Z ' =− = Im Z '
∂x ∂y ∂x ∂y

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Funções de Cauchy-Riemann

∂Z dZ ∂z ∂z ⎛ ∂z ⎞ ∂Z
= = Z' = Z' ⎜ = 1⎟ Z'=
∂x dz ∂x ∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂x ∂Z ∂Z
i =
∂Z dZ ∂z ∂z ⎛ ∂z ⎞ ∂Z ∂x ∂y
= = Z ' = iZ ' ⎜⎜ = i ⎟⎟ iZ ' =
∂y dz ∂y ∂y ⎝ ∂y ⎠ ∂y

∂Z ∂Z
i
∂x ∂y
∂Z ∂ Re Z ∂ Im Z
= +i
∂x ∂x ∂x ⎛ ∂ Re Z ∂ Im Z ⎞ ∂ Re Z ∂ Im Z
i⎜ +i ⎟= +i
∂Z ∂ Re Z ∂ Im Z ⎝ ∂x ∂x ⎠ ∂y ∂y
= +i
∂y ∂y ∂y

∂ Re Z ∂ Im Z ∂ Im Z ∂ Re Z
= =−
∂x ∂y ∂x ∂y

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

As tensões, em coordenadas cartesianas, serão:


∂ 2Φ ∂ 2Φ ∂ 2Φ
σ xx = 2 = Re Z − y Im Z ' , σ yy = 2 = Re Z + y Im Z ' , τ xy =− = − y Re Z '
∂y ∂x ∂x∂y
OBSERVAÇÕES:
• No plano da trinca (y = 0), σxx = σyy = ReZ
• No plano da trinca (y = 0), τxy = 0, o que
significa que o plano da trinca é um plano
principal.

Os deslocamentos são relacionados


com a Função de Tensão de
Westergaard por:

ux =
1

[
(1 − 2ν ) Re Z − y Im Z ]
uy =
1

[
2(1 −ν ) Im Z − y Re Z ]
E
Onde: µ =
2(1 + ν )
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Considere uma placa plana infinita com uma trinca passante de comprimento
2a, tensão remota aplicada σ (carregamento biaxial). Para essa configuração,
Westergaard propôs a seguinte função:

σ .z
Z ( z) =
z2 − a2

y=0
{ x < - a → Z é real
-a < x < a → Z é imaginária
x > a → Z é real

Tensões no plano da trinca ( y = 0 ):


σ .x
σ xx = σ yy = Re Z =
x2 − a2

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Por conveniência, é feita uma mudança de coordenadas, como segue:


σyy
x* = x − a
σxx
σ a
σ xx = σ yy = *
( x* << a )
2x
x*
Foi visto anteriormente que as tensões na ponta da trinca (e no plano da mesma)
são dadas por:
KI
σ rr = σ θθ = σ xx = σ yy =
2πx*

Substituindo-se na equação anterior, obtém-se a relação:

K I = σ πa

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Substituindo-se o valor de σ obtido na equação de Z(z*), obtém-se:

KI
Z ( z*) = , onde z* = z - a
2π .z *

Obtém-se os campos de tensões para qualquer ângulo θ substituindo-se:

z* = re iθ
K I − 12 iθ KI ⎡ ⎛θ ⎞ ⎛ θ ⎞⎤
Z ( z*) = e = ⎢ ⎜2⎟
cos − i sen ⎜ ⎟⎥
2πr 2πr ⎣ ⎝ ⎠ ⎝ 2 ⎠⎦

KI ⎛ 1 − 32 iθ ⎞ K I ⎡ 1 ⎛ ⎛ 3θ ⎞ ⎛ 3θ ⎞ ⎞⎤
Z ' ( z*) = ⎜− e ⎟= ⎢− ⎜⎜ cos⎜ ⎟ − i sen⎜ ⎟ ⎟⎟⎥
2πr ⎜ 2r ⎟ 2πr ⎣ 2r ⎝ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎠⎦
⎝ ⎠

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

As tensões correspondentes a essa função (em coordenadas cartesianas)


serão:

KI ⎛ θ ⎞⎡ ⎛ θ ⎞ ⎛ 3θ ⎞⎤
σ xx = Re Z − y Im Z ' ⇒ σ xx = cos⎜ ⎟ ⎢1 − sen⎜ ⎟ sen⎜ ⎟⎥
2πr ⎝ 2 ⎠⎣ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠⎦

KI ⎛ θ ⎞⎡ ⎛ θ ⎞ ⎛ 3θ ⎞⎤
σ yy = Re Z + y Im Z ' ⇒ σ yy = cos⎜ ⎟ ⎢1 + sen⎜ ⎟ sen⎜ ⎟⎥
2πr ⎝ 2 ⎠⎣ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠⎦

KI ⎛ θ ⎞ ⎛ θ ⎞ ⎛ 3θ ⎞
τ xy = − y Re Z ' ⇒ τ xy = cos⎜ ⎟ sen⎜ ⎟ cos⎜ ⎟
2πr ⎝2⎠ ⎝2⎠ ⎝ 2 ⎠

⎛θ ⎞ ⎛θ ⎞
OBS: O valor de y é y = r sen θ = 2 r sen ⎜ ⎟ cos⎜ ⎟
⎝2⎠ ⎝2⎠

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

K é o fator de intensidade de tensão,


tensão e define a amplitude da singularidade na
ponta da trinca. Todas as tensões, deformações e deslocamentos em pontos
ao redor da trinca crescem proporcionalmente a K.

É importante observar que todas as tensões na ponta da trinca variam com a


relação 1 / r no regime elástico.

Essas equações só têm validade nas proximidades da ponta da trinca, pois


tensões distantes desta serão governadas por condições de contorno remotas,
como mostrado na figura abaixo:

σyy θ = 0 (plano da trinca)


KI
σ=
2πr

σ∞ (tensão remota)

Região dominada pela singularidade

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Relação entre K e o Comportamento Global


K deve ser obtido a partir de cargas remotas e da geometria avaliada.

Soluções analíticas foram derivadas para configurações mais simples. Para


configurações mais complexas, vêm sendo utilizados métodos experimentais
e métodos numéricos.
• Trinca de comprimento 2a, placa plana infinita

K I = σ πa
2a

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

• Trinca de borda (comprimento a), placa plana semi-infinita

σ
a
K I = 1,12σ πa

Trinca passante
Trinca de borda

A superfície livre na trinca de borda permite maior abertura, o que ocasionará


um acréscimo de 12% no valor de K.

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

• Trinca passante (comprimento 2a), com normal orientada a um


ângulo β da tensão remota σ

σy’y’
σ
K I = σ y ' y ' πa
2a τx’y’
2a K I = σ cos 2 ( β ) πa
β =
σx’x’
K II = τ x ' y ' πa

y K II = σ sen( β ) cos( β ) πa
y’
x’
β
x

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

• Trinca elíptica (embutida)


• Trinca circular embutida
(“penny-shaped”) em um
meio infinito πa
σ KI = σ f (φ )
2a Q
1, 65
⎛a⎞
2c Q = 1 + 1,464⎜ ⎟
⎝c⎠

1
φ ⎡ ⎛a⎞ ⎤ 4
Ângulo f (φ ) = ⎢sen 2 φ + ⎜ ⎟ cos 2 φ ⎥
a a ⎣ ⎝c⎠ ⎦

• Trinca semi-elíptica (de borda)


πa
K I = λ sσ f (φ )
Q
2c
2
KI = σ πa ⎡ ⎛ a ⎞⎤
[
λs = ⎢1,13 − 0,09⎜ ⎟⎥ 1 + 0,1(1 − sen φ )2 ]
π a
⎣ ⎝ ⎠⎦
c

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

• Trinca semi-elíptica – solução em forma tabular

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA
• Soluções de Newman & Raju - Trincas semi-elípticas passantes (Apêndice – Livro-Texto)

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA
• Soluções de Newman & Raju - Trincas semi-elípticas de borda (Apêndice – Livro-Texto)

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA
• Soluções de Newman & Raju - Trincas elípticas embutidas (Apêndice – Livro-Texto)

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Efeito de Bordas – Largura Finita


À medida que as dimensões remotas são finitas, elas começam a exercer uma
influência nos campos de tensões ao redor da trinca.

• Seqüência de trincas colineares em uma placa infinita (largura = W)

2W

• Irwin (1957)
1
⎡ 2W ⎛ πa ⎞⎤ 2
2a K I = σ πa ⎢ tan⎜ ⎟⎥
⎣ πa ⎝ 2W ⎠⎦

• Isida (1966 – tabular), Brown (1966) • Feddersen (1966)


⎡ ⎛a ⎞ ⎛ ⎞
a
2
⎛ ⎞ ⎤
a
3
πa
K I = σ πa ⎢1 + 0,256⎜ ⎟ − 1,152⎜ ⎟ + 12,2⎜ ⎟ ⎥ K I = σ πa sec
⎢⎣ ⎝W ⎠ ⎝W ⎠ ⎝ W ⎠ ⎥⎦ W

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

O comparativo entre os resultados das equações anteriores é mostrado na


figura abaixo. A Equação de Feddersen é utilizada nos dias de hoje com
bastante freqüência.

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Fator de Correção Geométrica (β)


Relaciona K de uma geometria finita com o correspondente a uma trinca
passante em uma placa plana infinita.

K ( I , II , III ) = βσ πa

Referências – Soluções de K

Existem handbooks dedicados a compilações de fatores de intensidade de


tensão para diversas geometrias, entre eles:
• Tada, Paris, Irwin: “The Stress Analysis of Cracks Handbook”
• Murakami: “Stress Intensity Factors Handbook”
• Rooke, Cartwright: “Compendium of Stress Intensity Factors”

Alguns softwares apresentam soluções atualizadas (Ex: software NASGRO)

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

• Corpos de Prova

Corpos de prova também possuem


fatores de correção para a geometria,
que são expressos como polinômios
f(a/W), onde:
P ⎛a⎞
KI = f⎜ ⎟
B W ⎝W ⎠

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Princípio da Superposição
Fatores de intensidade de tensão são aditivos se o modo de carregamento for
consistente.

K ( total )
=K ( A)
+K ( B)
+K (C )
+K Mas: K (total ) ≠ K I + K II + K III
I I I I

EXEMPLO I: carga excêntrica, aplicada a uma distância “e” do centro de uma


chapa (espessura “t”) com uma trinca na borda.
P
K1 = β1σ 1 πa σ1 =
bt
6M 6 Pe
K 2 = β 2σ 2 πa σ2 = 2
= 2
bt bt
K = K1 + K 2
P⎛ 6β e ⎞
K= ⎜ β1 + 2 ⎟ πa
bt ⎝ b ⎠

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

EXEMPLO II: placa plana com uma trinca passante sujeita a uma pressão
interna em sua superfície.

Pode-se mostrar que a solução para K será a mesma do que no caso de uma
tensão externa Sg cuja magnitude seja igual a p. Isso se explica pelo fato de,
no caso (2) apresentado, a trinca estar presente mas não ter efeito, pois será
forçada a fechar por uma compressão uniforme p aplicada.

K 3 = β 3σ 3 πa = β 3 S g πa
K2 = 0

Portanto:
K1 = K 3
(1) (2) (3)

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO x COMPOSIÇÃO

Como foi visto, quando há situações onde a mesma geometria é sujeita a vários
carregamentos, as soluções de K podem ser adicionadas. Isso é chamado de
superposição.
Quando há geometrias diferentes sujeitas a um mesmo carregamento, os valores
de β podem ser multiplicados. Isso é conhecido como composição.
A figura abaixo ilustra esses conceitos.

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Funções de Ponderação (“Weight Functions”)


Conhecendo-se a geometria, diferentes condições de carregamento resultam em
diferentes valores de K.
É desejável, conhecendo-se a informação de K para um set de condições de
contorno (carregamento), inferir os valores de K para qualquer outra condição.
Bueckner (1970), Rice (1972): Conhecido KI(1) para uma condição de carregamento
(1), a relação de KI(1) e KI(2) será dada por:
⎡ E ∂ui(1) ⎤ ( 2) ⎡ E ∂ui(1) ⎤
K ( 2)
= ∫ Ti ( 2)
⎢ (1) ⎥ dΓ + ∫ Fi ⎢ ( 2 ) ⎥dA
⎣ 2 K I ∂a ⎦ ⎣ 2 K I ∂a ⎦
I
Γ A

E ⎡ ( 2 ) ∂ui(1) ( 2 ) ∂ui
(1)

(1) ⎢ ∫ i
Ou: K ( 2)
= T dΓ + ∫ Fi dA⎥
∂a ∂a
I
2K I ⎣ Γ A ⎦
Onde: Γ = fronteira externa do corpo
Ti = trações aplicadas na fronteira
A = área do corpo
Fi = cargas distribuídas no corpo
ui = deslocamentos nas direções x e y (da trinca)
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Sendo os carregamentos arbitrários, a seguinte expressão (parcela da expressão


anterior) deve ser independente da natureza do carregamento:

E ∂ui(1)
h( xi ) = h(xi) = função de ponderação
2 K I(1) ∂a

No exemplo da seção anterior (princípio da superposição), verificou-se que qualquer


configuração de cargas pode ser expressa em termos de forças de tração aplicadas
diretamente na superfície da trinca. Portanto, KI pode ser inferido da seguinte
expressão:

KI = ∫ p( x)h( x)dx
Γc

Onde: p(x) = tração na superfície da trinca (tensão normal no plano da trinca na


ausência da mesma).

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

EXEMPLO: trinca passante, tração arbitrária na superfície da trinca.

Deslocamento na abertura da trinca


(Westergaard, Irwin):

uy = ± x ( 2a − x )
E
∂u y 2σ x

∂ ( 2a ) E ( 2a − x )

E ∂ui E 2σ x 1 x
h( x ) = =± =±
Função h(x): 2 K I ∂a 2σ πa E ( 2a − x ) πa ( 2a − x )

Fatores de intensidade de tensão nas pontas da trinca:


1 2a x
K I ( x = 2a ) =
πa ∫ 0
p( x)
( 2a − x )
dx

1 2a ( 2a − x )
K I ( x = 0) =
πa ∫0
p ( x)
x
dx

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Relação entre K e G (Comportamento Local e Global)


K: caracteriza as tensões, deformações e deslocamentos na ponta da trinca. É
um parâmetro local.
local

G : quantifica a variação da energia potencial que acompanha um incremento


na extensão da trinca. É um parâmetro global.
global

HÁ UMA RELAÇÃO ÚNICA ENTRE K E G !

EXEMPLO: placa plana infinita com trinca passante.


σ
2
πσ a2
K I = σ πa
K
⇒ G= I
B G=
E E
K 2 E
Para deformação plana: G = onde: E ' =
( )
I
2a
E' 1 −ν 2

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

A relação anterior será válida também para configurações geométricas mais


complexas. Segue a prova (Irwin, 1957)

• Trinca com comprimento inicial a+∆a.


• Aplica-se um campo de tensões compressivo entre
x = 0 e x = ∆a, de forma a fechar essa região.
• Trabalho necessário para o fechamento:

⎛ ∆U ⎞
G = lim ⎜ ⎟
∆a →0 ∆a
⎝ ⎠ PFIXO
x = ∆a
∆U = ∫ dU ( x)
x =0

dU(x) = área sobre a curva força-deslocamento.

1
dU ( x) = 2 × Fy ( x)u y ( x) = σ yy ( x)u y ( x)dx
2
duas faces
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

E
Deslocamento na abertura da trinca: 2(1 + ν )

K
uy = I

r

⎛ θ ⎞⎡ ⎛ θ ⎞⎤
sen⎜ ⎟ ⎢κ + 1 − 2 cos 2 ⎜ ⎟⎥ Onde:
⎝ 2 ⎠⎣ ⎝ 2 ⎠⎦ { µ = Módulo de cisalhamento
κ = 3 – 4ν (def. plana)
κ = (3 –ν)/(1+ν) (tensão plana)

θ =π
r = ∆a − x } uy =
(κ + 1) K I (a + ∆a ) ∆a − x
2µ 2π
Fator de intensidade de tensão da trinca original
K I (a)
Tensão normal necessária para fechamento da trinca: σ yy =
2πx
∆a
(κ + 1) K I (a ) K I (a + ∆a ) ∆a − x
G = lim
∆a → 0 4πµ∆a ∫
0
x
dx = π∆a
2

(κ + 1) K I2 K I2
G= =
8µ E´

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Plasticidade na Ponta da Trinca

Embora a avaliação de tensões na ponta da trinca leve a um valor infinito nas


tensões quando x → 0, em materiais reais a tensão será sempre finita.

Quando houver escoamento moderado, pode-se fazer correções simples


através da MFLE. Caso o escoamento seja elevado, outros parâmetros que
levem em conta as não-linearidades deverão ser utilizados (Integral-J e CTOD:
parâmetros estudados no campo da mecânica da fratura elasto-plástica).

Os procedimentos utilizados para estimativa do tamanho da zona plástica são:


• Método de Irwin
• Modelo de Dugdale (“Strip Yield Model”)

A seguir será mostrado o desenvolvimento para ambos os métodos.

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Metodologia de Irwin

No plano da trinca (θ = 0) σy=σ0 após o escoamento.


2
Em tensão plana:
σy =
KI
=σ0 1 ⎛ KI ⎞
ry = ⎜⎜ ⎟⎟
2πry 2π ⎝ σ0 ⎠
Esta é a estimativa de primeira ordem.

Material perfeitamente plástico: a


singularidade nas tensões será
truncada pelo escoamento na ponta
da trinca.
Com o escoamento, as tensões σ0
deverão se redistribuir a fim de
satisfazer o equilíbrio → aumento
no tamanho da zona plástica.

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Balanço de forças:
ry ry 2
KI 1⎛K ⎞
σ 0 rp = ∫ σ yy dr = ∫ dr rp = ⎜⎜ I ⎟⎟ = 2ry
0 0 2πr π ⎝ σ0 ⎠

Esta é a estimativa de segunda ordem.

Deformação Plana: o escoamento será suprimido pelo estado triaxial de


tensões, de forma que a correção da zona plástica será:

2
1 ⎛ KI ⎞
ry = ⎜⎜ ⎟⎟ 1a. Ordem
6π ⎝ σ0 ⎠
σ y ≈ 3σ 0
2
1 ⎛ KI ⎞ 2a. Ordem
ry = ⎜⎜ ⎟⎟
3π ⎝ σ 0 ⎠

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Para a estimativa de 2a.


ordem, Irwin propôs um valor
de K efetivo (Keff) que se
adequasse ao novo campo
de tensões, como mostra a
figura.

aeff = Comprimento de trinca efetivo Para algumas configurações, Keff é obtido


através de soluções analíticas. Para
aeff = a + ry outras, é necessário um método iterativo,
como segue:
K eff = λ (aeff )σ πaeff 1. Calcular KI e ry (sem correção)
2. Calcular aeff = a + ry
fator de correção 3. Calcular Keff
4. Repetir substituindo KI por Keff até
verificar a convergência.
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Modelo de Dugdale (“Strip-Yield Model”)


Trinca passante, placa plana infinita, material elástico – perfeitamente plástico.
Tensão de fechamento σ0 aplicada em cada extremidade (figura)

OBS:
σYS = σ0

{
Trinca passante, tensão remota σ
Superposição de
soluções elásticas Trinca passante, tensões de fechamento
nas extremidades

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

A intensidade de tensão devido ao fechamento pode ser estimada considerando-


se uma força normal P aplicada na trinca a uma distância x do centro (figura)

Fatores de intensidade de tensão nas extremidades:


P a+x P a−x
K I (+ a) = K I (−a) =
πa a−x πa a+x
Força para fechar a trinca: P = −σ 0 dx
Substituindo-se a por (a+ρ) :
a+ ρ
σ0 ⎧ a+ρ +x a+ρ −x⎫
K total = − ∫ ⎨ + ⎬dx
π (a + ρ ) a ⎩ a+ρ −x a+ρ +x⎭

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA
a+ ρ
a+ρ dx
Rearranjando: K total = −2σ 0
π ∫a (a + ρ ) 2 − x 2
Resolvendo-se a integral:
a+ρ ⎛ a ⎞
K total = −2σ 0 cos −1 ⎜⎜ ⎟⎟
π ⎝a+ρ ⎠
Intensidade de tensão oriunda da tensão remota: Kσ = σ π (a + ρ )

a ⎛ πσ ⎞
Equilíbrio ⇒ = cos⎜⎜ ⎟⎟ OBS: σ → σ0; ρ → ∞
a+ρ ⎝ 2σ 0 ⎠

2 4 6
a 1 ⎛ πσ ⎞ 1 ⎛ πσ ⎞ 1 ⎛ πσ ⎞
Expansão da função = 1 − ⎜⎜ ⎟⎟ + ⎜⎜ ⎟⎟ − ⎜⎜ ⎟⎟ + K
(Série de Taylor): a+ρ 2! ⎝ 2σ 0 ⎠ 4! ⎝ 2σ 0 ⎠ 6! ⎝ 2σ 0 ⎠
2
a 1 ⎛ πσ ⎞
Tomando-se os dois primeiros termos: = 1 − ⎜⎜ ⎟⎟
a+ρ 2 ⎝ 2σ 0 ⎠
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Colocando-se ρ em evidência e considerando-se:


{ a + ρ ≈ a ( ρ << a )
σ 2 = K I2 / πa
2
π σ a π ⎛ KI
2 2
⎞ Tamanho da zona plástica de
ρ= = ⎜⎜ ⎟⎟
acordo com o Modelo de Dugdale
8σ 0
2
8 ⎝ σ0 ⎠

{
2 2
1 ⎛ KI ⎞ ⎛K ⎞
Irwin: rp = ⎜⎜ ⎟⎟ = 0.318⎜⎜ I ⎟⎟
π ⎝ σ0 ⎠ ⎝ σ0 ⎠
Comparando-se 2 2
π ⎛ KI ⎞ ⎛K ⎞
Dugdale: ρ = ⎜⎜ ⎟⎟ = 0.392⎜⎜ I ⎟⎟
8 ⎝ σ0 ⎠ ⎝ σ0 ⎠

Estimando-se o fator de intensidade de tensão efetivo Keff:

aeff = a + ρ
⎛ πσ ⎞
K eff = σ πa sec⎜⎜ ⎟⎟
⎝ 2σ 0 ⎠
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Burdekin & Stone: corrigiram Keff, pois na prática aeff < a + ρ


8 ⎛ πσ ⎞
K eff = σ 0 πa 2 ln sec⎜⎜ ⎟⎟
π ⎝ 2σ 0 ⎠

Comparativos entre correções para a zona plástica:

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Formato da Zona Plástica


Critério para o escoamento: Von Mises
1
σe = [(σ 1 − σ 2 ) 2 + (σ 1 − σ 3 ) 2 + (σ 2 − σ 3 ) 2 ]1/ 2
2
No escoamento: σe =σ0
1/ 2
σ xx + σ yy ⎡⎛ σ xx − σ yy ⎞ 2

Tensões Principais: σ 1 , σ 2 = ± ⎢⎜⎜ ⎟⎟ + τ xy ⎥
2

2 ⎢⎣⎝ 2 ⎠ ⎥⎦
Campos de tensão – Modo I (abertura):
KI ⎛ θ ⎞⎡ ⎛ θ ⎞⎤
σ1 = cos⎜ ⎟ ⎢1 + sen⎜ ⎟⎥ σ 3 = 0 (tensão plana )
2πr ⎝ 2 ⎠⎣ ⎝ 2 ⎠⎦

KI ⎛ θ ⎞⎡ ⎛ θ ⎞⎤ 2νK I ⎛θ ⎞
σ2 = cos⎜ ⎟ ⎢1 − sen⎜ ⎟⎥ σ 3 = ν (σ 1 + σ 2 ) = cos⎜ ⎟
2πr ⎝ 2 ⎠⎣ ⎝ 2 ⎠⎦ 2πr ⎝2⎠
(deformação plana)

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Trabalhando-se com os valores de σ1, σ2 e σ3 acima na Equação de Von Mises,


e colocando-se r em evidência, obtém-se:
2
1 ⎛ KI ⎞ ⎧3
r0 = ⎜⎜ ⎟⎟ ⎨ sen 2 θ + 1 + cos θ ⎫⎬ (tensão plana)
4π ⎝ σ 0 ⎠ ⎩2 ⎭
2
1 ⎛ KI ⎞ ⎧3
r0 = ⎜⎜ ⎟⎟ ⎨ sen 2 θ + (1 − 2ν ) 2 (1 + cos θ )⎫⎬ (deformação plana )
4π ⎝ σ 0 ⎠ ⎩2 ⎭

A condição “deformação plana” suprime o


escoamento, resultando em uma zona
plástica menor para um determinado valor
de K, como mostrado na figura.

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

A análise numérica (FEM) permite visualização clara do formato da zona


plástica e dos campos de tensões. Normalmente é necessário aumentar a
densidade de elementos (formato de “teia de aranha”) próximo à ponta da trinca.

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

TENSÃO PLANA x DEFORMAÇÃO PLANA

Em geral as condições na ponta da trinca (para corpos-de-prova e


estruturas) não são nem de tensão plana nem de deformação plana. São
condições intermediárias.

O estado de tensões na fronteira (elasto-plástica) dependerá do tamanho


da zona plástica em relação à espessura da região analisada.

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Instabilidade – Curva R
O crescimento de uma trinca (problema estático) poderá ser estável (dúctil) ou
instável (frágil). A curva R é a medida da resistência à extensão da trinca quando
ocorre crescimento estável antes da ruptura.
EXEMPLO 1: MATERIAL PERFEITAMENTE FRÁGIL. A resistência do material
é constante de acordo com o crescimento da trinca. A fratura instável ocorrerá
quando a tensão atingir σ2 (figura).
σ3 σ
G, R σ2
G
Instável
σ1 πσ 2 a
B
G=
Gc E
Estável
2a
R
a0 Tamanho da trinca
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

EXEMPLO 2: MATERIAL COMUM, CURVA R CRESCENTE. A trinca cresce


ligeiramente quando a tensão atinge σ2 (figura), mas só crescerá mais com um
aumento de tensão. Em σ3 a curva de extensão da trinca se torna tangente à
curva de resistência → início da propagação instável.
σ4

}
σ3
G, R Instável G=R
σ2
dG dR Crescimento Estável
Instabilidade

Gc σ1 da da

Estável

a0 ac Tamanho da trinca
dG dR
>
da da }
Crescimento Instável

Controle de deslocamento (ex: ensaios) → tende a ser mais estável que


controle de carga. Estruturas reais, em sua maioria, são sujeitas a condições
intermediárias (controle de carga ~ controle de deslocamento).

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Instabilidade – Curva R (cont.)


Materiais desse tipo podem ser caracterizados por um valor de G no início do
crescimento da trinca. Esse valor é uma propriedade do material, em geral
independente da geometria da estrutura. Em geral, torna-se necessário
estabelecer um “offset” para esse valor (a partir da Curva R medida). Esse valor é
conhecido por tenacidade de iniciação de trinca (“toughness at initiation”).
Idealmente, a Curva R deveria ser uma propriedade do material, e não depender
do tamanho ou formato do corpo trincado. Entretanto, influência da geometria
pode ocorrer à medida que as condições elásticas deixarem de ser
predominantes.
Para corpos de prova ou estruturas carregadas
com controle de deslocamento, a força de
extensão da trinca decai com o aumento do
comprimento. Nessas condições, observa-se
quantidades razoáveis de extensão estável da

{
trinca.
• Crescimento instável para controle de carga
P3 • Crescimento estável para controle de
deslocamento
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

rv e
R-cu

G
Gi cleavage

cleavage
Crack tip blunting

∆a 500µm

Pré-trinca (fadiga)

Arredondamento
∆a Região Alargada
Propagação
Estável 500µm
∆a
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Propagação Estável de Trincas

Cleavage Final fracture


trigger
Fatigue
Marking

Unstable
propagation

Stable
propagation

Fatigue crack
Cortesia: Prof. Tetsuya Tagawa, Univ. Nagoya Machined notch
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Propagação Estável de Trincas

Brittle fracture
(river pattern)

Ductile fracture
(dimple pattern)
Stretched zone
(SZW)

Fatigue prior-crack

(SM400B@-40℃) 100µm
Cortesia: Prof. Tetsuya Tagawa, Univ. Nagoya

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Extensão Dútil (Estável / Instável)


Nucleação
de Vazios Crescimento
Coalescência

Dimple pattern
Clivagem (Instável)
Dislocation Cleavage
pile propagation

carbide
cracking
Cortesia: Prof. Tetsuya Tagawa, Univ. Nagoya
River pattern
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

K: Um Critério de Falha
Conhecido um único parâmetro que por si caracteriza as condições na ponta da
trinca (a força de avanço) e cujo valor crítico levará à fratura instável, este
parâmetro deverá ser válido tanto para (pequenos) corpos-de-prova quanto para
estruturas em que hajam trincas.

ESTRUTURA REAL CORPO DE PROVA


(Kc, KIc) (Kc, KIc)

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

K: Um Critério de Falha
Normalmente os corpos-de-prova serão menores que as estruturas em
questão. Os CDP’s mais comuns para ensaios de tenacidade à fratura são
compactos (CT), barras para flexão em três pontos (SENB) e chapas com
trincas passantes no centro, sob tensão (CCT). Os dois primeiros exemplos
usualmente correspondem a CDP’s em condições de deformação plana,
enquanto o terceiro caso normalmente se adequa a problemas em tensão
plana.

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

A norma ASTM E399 apresenta diretrizes para ensaios de tenacidade (em


diversos tipos de CDPs), e também os limites de validade dos ensaios. De
acordo com essa norma, as seguintes restrições devem ser observadas:

2
⎛K ⎞
a, B, (W − a ) ≥ 2,5⎜⎜ I ⎟⎟
W ⎝ σ0 ⎠
W-a Retornando à equação da estimativa da zona
B plástica (Irwin), observa-se que esta equação e
aquela são diretamente relacionadas. Com efeito,
as dimensões em jogo deverão ser
aproximadamente 50 x maiores do que o tamanho
da zona plástica estimado.
CDP COMPACTO

Isso garante que, feito o ensaio, o valor que for obtido para KIc (tenacidade à
fratura em deformação plana) será semelhante ao esperado na estrutura
real. Abaixo deste valor, a estrutura não deve falhar por fratura instável!

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Ensaios de Tenacidade (KIc)


Ensaio SENB 1”: Centro Técnico Aeroespacial

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Ensaios de Tenacidade (KIc)


P

K= P f(a /W) Deslocamento do


BW1/2 o Clip Gage - V
Ensaio CT: Universidade de Nagoya
V

Carga P

Clip Gage V Clip Gage V

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

• Carga p/ Iniciação de Trinca, PQ


Offset 5% = 2% de extensão de trinca • Cálculo de KQ
PQ
KQ= f(ao/W)
BW1/2
• Comprimento
A Pmax A A
da Pré-trinca
Load, P

PQ=Pmax
Pmax 1
ao= 3 (a1 + a2 + a3 )
PQ a1
PQ=P5 P5 a2
a3
P5

Type I Type II Type III


O O O
Deslocamento do Clip Gage, V
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

2T-CT 1T-CT

Configurações Similares
com W=2B

2T-CT
0.5T-CT

1T-CT

0.5T-CT

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

Cumprimento da Norma ASTM E-399 …

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

TRIAXIALIDADE x TENACIDADE À FRATURA

Um grau menor de triaxialidade normalmente implica em maior tenacidade. A


tenacidade se reduz com a espessura até que um patamar (deformação plana
“plena”) seja atingido.

O patamar implicará em um valor para K denominado KIc (tenacidade à


fratura em deformação plana), que é o valor mais conservativo.

CARLOS E. CHAVES – 2008


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

250 (70) : Kc (Center C/T)


(65)
(100) : KIc (Center C/T)
Kc, KIc, MPam1/2

200 : KIc (Surface C/T)


: KIc (Round C/T)
150 ( ) : Shear surface[%]
(40) 18%Ni-steel

100
Plane strain
Pop-in KIc

5 10 15 20 25 30
Specimen thickness,mm
Unstable fracture Shear lip

Cortesia: Prof. Tetsuya Tagawa, Stable crack extension


Univ. Nagoya
CARLOS E. CHAVES – 2008
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
AE-236 – FADIGA E MECÂNICA DA FRATURA

TEMPERATURA x TENACIDADE À FRATURA

CARLOS E. CHAVES – 2008

Você também pode gostar