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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

PROPRIEDADES DO CONCRETO

ENG118 – CONCRETO ARMADO I

PROFESSOR: MSC. ALOÍSIO STHÉFANO


CONCRETO

PARA AS PEÇAS DE CONCRETO ARMADO, QUAL A


PRINCIPAL CARACTERÍSTICA DO CONCRETO?

Resistência à Compressão (fc)


ENSAIO DE COMPRESSÃO AXIAL

1 3 5

4 1 – Preparação das formas;


2 – Preenchimento das formas
2 com concreto;
3 – Identificação dos corpos
de prova;
4 – Cura dos corpos de prova;
5 – Ensaio de resistência à
compressão.
Ler NBR 5738 e NBR5739
ENSAIO DE COMPRESSÃO AXIAL
NBR5739:2007 : Concreto - Ensaios de compressão de
corpos-de-prova cilíndricos
O que se mede no ensaio? Força (𝐹) e Deslocamento (𝛿𝑙 𝑒 𝛿𝑡)

Qual o objetivo do ensaio? Diagrama 𝜎𝑐 × 𝜀𝑐

Como se monta o Diagrama 𝜎𝑐 × 𝜀𝑐 ?

1º Leitura das medidas aferidas no ensaio (𝐹, 𝛿𝑙 𝑒 𝛿𝑡)


2º Resultados obtidos:
•Resistência à compressão (𝑓𝑐 ) => 𝑓𝑐 = 𝐹/𝐴
•Deformação unitária (𝜀𝑐 ) => 𝜀𝑐 = 𝛿𝑙/𝑙
•Montagem do Diagrama 𝜎𝑐 × 𝜀𝑐
•Coeficiente de Poisson (𝜈) => 𝜈 = 𝛿𝑡 /𝛿𝑙
Diagrama 𝜎𝑐 × 𝜀𝑐
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

FATORES QUE INTERFEREM:

1. Fator A/C

2. Cura

3. Idade do concreto

4. Forma e dimensão do CP

5. Adensamento
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Fator A/C: maior A/C  menor 𝑓𝑐

Cura: A NBR 14931 (2003) estabe-lece que a cura deve ser feita
até o concreto adquirir uma resistência à compressão de 15 MPa
(fc ≥ 15 MPa).

CURA COM ÁGUA CURA COM MANTA CURA QUÍMICA


RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
Idade do concreto:

Resistência média do concreto para uma


idade t (em dias)

Referência: CEB/90
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
Idade do concreto:
28 dias
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
Idade do concreto:
7 dias 28 dias
3 dias
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
Forma e dimensão dos corpos de prova

CP cilíndrico (norma brasileira –


NBR5738:2015)
10x20;
Mais utilizados
15x30;
20x40;
30x60;
45x90.
CP cúbico 20 x 20 x 20 (norma
alemã).
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
Adensamento

OBJETIVOS DO ADENSAMENTO:
• Provocar a saída de ar;
• Facilitar o arranjo interno dos agregados;
• Melhorar a aderência do concreto com as fôrmas e as armaduras.
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
Adensamento
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Qual é a resistência à
compressão do concreto
que é especificada em
projeto ?
Resistência Característica à
Compressão  fck
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Resistência de referência aos 28 dias:


• Valor que tem 95% de chance de ser ultrapassado
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Matematicamente: (Para n ≥ 20)


f ck = f cm − 1,65  NBR 12655:2006
 = Desvio Padrão → Medida da dispersão da amostra Concreto de Cimento
Indica a qualidade do concreto Portland –Preparo,
n controle e
 (f ci − f cm ) 2 recebimento –
= i =1
Procedimento
n −1

Exemplo: Foram ensaiados 20 corpos de prova à compressão axial,


cujos resultados estão apresentados a seguir. Determinar o 𝑓𝑐𝑘 (MPa)
do concreto analisado.
n 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
fci 28 30 28 30 29 34 30 31 30 31 28 30 27 30 29 33 30 31 30 31

Resposta: fck= MPa


RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
Se não tivermos dados de ensaios suficientes, mas apenas alguns
valores de 𝑓𝑐 , pode-se prever o valor do desvio padrão seguindo
as recomendações da NBR 12655:2006, dispostas a seguir:

NBR 12655:2006 – Concreto de Cimento Portland – Preparo, controle e


recebimento – Procedimento

 = 4,0 Mpa: Utilizado quando houver um tecnologista a serviço da obra, e


todos os materiais forem medidos em peso.

 = 5,5 Mpa: Utilizado quando houver um tecnologista a serviço da obra, o


cimento for medido em peso, e os demais agregados em volume. Esse volume
deve ser corrigido em função da umidade, previamente determinada, assim
como a quantidade de água. Aplicável para 10MPa ≤ fck ≤ 25MPa

 = 7,0 Mpa: Utilizado quando o cimento for medido em peso e os demais


agregados em volume, sendo apenas a quantidade de água corrigida em
função de um valor de umidade estimado. Aplicável para 10MPa ≤ fck ≤ 15MPa
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
Para os dados do exercício anterior, os valores para o fck obtidos
utilizando-se os três valores de desvio-padrão (4 ; 5,5 ; 7) seriam:

fck,=4,0 = MPa
fck,=5,5 = Mpa – Não se aplica (𝑓𝑐𝑘 > 25𝑀𝑃𝑎)
fck,=7,0 = Mpa – Não se aplica (𝑓𝑐𝑘 > 15𝑀𝑃𝑎)

Resumo: quanto melhor o controle de qualidade na produção do


concreto, menor o seu desvio-padrão e, consequentemente,
maior o valor de fck.

Lembrar que:
Resistência de Dosagem – fcj
Resistência Característica – fck
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

A resistência obtida do
ensaio de compressão axial
é a mesma existente na
estrutura?

fc, estrutura ≠ fck


RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Fator de correção para a resistência:

gcorr = 0,95 x 0,75 x 1,2 = 0,85

Forma e
Efeito Rüsch Idade
dimensão do CP
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Efeito Rüsch

0,75

Fator de correção para a resistência: Efeito Rüsch


Ensaios de curta ou de longa duração.
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Idade do corpo de prova

1,2 (+20%)

em aproximadamente
1 ano
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

A resistência obtida do
ensaio de compressão axial
é a mesma existente na
estrutura?

fc, estrutura = 0,85 . fck


RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

• Diagrama simplificado (20MPa ≤ fck ≤ 50MPa):

O diagrama simplificado é válido para concretos usuais (“normais”) com


carregamento de curta duração.

Para tensões baixas, vale a Lei de Hooke: sc ≤ 0,5 fc  s a e  Ecs


RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Esclerometria (NBR7584)
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Extração de testemunhos in loco


RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

Três maneiras de medir a resistência à tração do concreto:


Ensaio de tração direta (𝑓𝑐𝑡 );
Ensaio de tração na flexão (𝑓𝑐𝑡,𝑓 );
Ensaio de compressão diametral ou ensaio brasileiro (𝑓𝑐𝑡,𝑠𝑝 ).
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

Ensaio de tração direta (𝑓𝑐𝑡 );

Ft
st =
A

Ensaio de tração indireta ou tração na flexão (𝑓𝑐𝑡,𝑓 );

PL
Mr =
3 NBR6118:2014

M r  y máx
fct = 0,7 fct,f
sr =
I
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

Ensaio de tração indireta ou tração na flexão (𝑓𝑐𝑡,𝑓 );


RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

Ensaio de compressão diametral (𝑓𝑐𝑡,𝑠𝑝 )

NBR6118:2014

fct= 0,9 fct,sp


RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

Ensaio de compressão diametral (𝑓𝑐𝑡,𝑠𝑝 )


RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

• Fórmulas empíricas (20MPa≤fck≤ 50MPa):


f ctk,inf = 0,7 f ct ,m f ctk,sup = 1,3 f ct ,m
f ct ,m = 0,3 f 2/3
ck

( )
f ctk,inf = 0,7 0,3 f ck2 / 3 = 0,21 3 f ck2 (MPa)

 fctk = resistência característica à tração do concreto


MÓDULO DE ELASTICIDADE
É a relação entre a tensão de compressão atuante e a
deformação longitudinal ocasionada por esta tensão.

Mód. Inicial
Tangente à curva
quando a tensão é de
0,5MPa

Mód. Secante
Reta entre 0,5MPa e a
tensão no ponto de
interesse.

Mód. Tangente
Tangente à reta num
ponto qualquer.

Referência: Alvim, R.C., EPUSP, 1997


MÓDULO DE ELASTICIDADE
• Segundo a NBR 6118 (2014), quando não forem feitos ensaios
e não existirem dados mais precisos sobre o concreto usado na
idade de 28 dias, pode-se estimar o valor do Módulo de
Elasticidade Inicial usando a expressão:

Para (20MPa ≤ fck ≤ 50MPa): 1,2 basalto e diabásio


1,0 granito e gnaisse
1 /2 
𝐸𝑐𝑖 = 𝛼𝐸 . 5600 (𝑓𝑐𝑘 ) (MPa) aE = 
0,9 calcário
0,7 arenito
Para (55MPa ≤ fck ≤ 90MPa):
𝑓𝑐𝑘 1/3
𝐸𝑐𝑖 = 𝛼𝐸 . 21500 + 1,25 (MPa)
10

O Módulo de Elasticidade Inicial é aquele que deve


ser especificado em projeto e controlado na obra.
MÓDULO DE ELASTICIDADE

• Para a avaliação do comportamento do elemento estrutural


ou seção transversal, pode ser adotado um módulo de
elasticidade único, tanto para a tração quanto para a
compressão, igual ao Módulo de Elasticidade Secante, o
qual deve ser estimado a partir da seguinte expressão:

𝐸𝑐𝑠 = 𝛼𝑖 . 𝐸𝑐𝑖 onde 𝛼𝑖 = 0,8 + 0,2. 𝑓80𝑐𝑘 ≤ 1,0 (MPa)


COEFICIENTE DE POISSON

• O coeficiente de deformação transversal, ou


coeficiente de Poisson (n), representa a relação
entre as deformações transversais e longitudinais
na peça.

f ck = 11MPa  n = 0,15


f ck = 26MPa  n = 0,25

n = tg a Valor aproximado
n = 0,20
RETRAÇÃO

É uma deformação independente do carregamento.


É a diminuição do volume devido à perda de água. Varia com:
• A umidade do ambiente;
• A espessura da peça;
• O fator A/C.

Para minimizar os efeitos da retração, pode-se:


• Manter o processo de cura por pelo menos 7 dias;
• Juntas de concretagem.

Expansão: inverso da retração


RETRAÇÃO

Retração Autógena
• Ocorre devido a remoção da água dos poros capilares pela
hidratação do cimento;
• Não há perda de água para o meio externo;
• Estudos estão sendo realizados para minimizar.

Retração Hidráulica (ou retração por secagem)


• Influenciada por fatores como a umidade relativa, o vento e a
temperatura;
• Ocorre sempre que há uma perda de água para o exterior.
FLUÊNCIA
É o aumento da deformação, sem que haja uma mudança no
carregamento da peça (j = Coeficiente de Fluência). Ocorre em
virtude dos efeitos de envelhecimento do concreto.
FLUÊNCIA
Fatores que influenciam a fluência:
• Composição do concreto;
• Umidade do ambiente;
• Espessura da peça;
• Idade do concreto por ocasião do carregamento (prazo de
desforma).
Consequências da fluência (e da retração):
• Aumento da flecha e da curvatura dos pilares com cargas
excêntricas;
• Perdas de tensão em cabos de peças de C/P;
• Fissuração das superfícies externas das peças de C/A.
VARIAÇÃO DE TEMPERATURA
Pode ocorrer devido a dois fatores:
Causada pelo meio ambiente;
Causada pelo calor de hidratação (barragens).
Exemplo:

L
a = 10−5 / o C e ct = a . T e ct =
L
Tem − se : L = 30 m e T = 20o C
L = (a . T ). L = 10−5 . 20 . 3000 = 0,6 cm

Para minimizar os efeitos da temperatura, pode-se:


Prever os efeitos de temperatura nos cálculos;
Prever juntas de dilatação (~30m).
OUTRAS PROPRIEDADES

• Estanqueidade  Impermeabilização
• Isolamento Térmico  Revestimento
• Isolamento Acústico  Revestimento
• Ruídos trazidos pelo ar;
• Ruídos de contato.
DEFORMABILIDADE DO CONCRETO

• Tipos de Deformação:
• Que dependem do carregamento:
• imediata elástica
• imediata plástica
• lenta elástica
• lenta plástica
Fluência
• Que independem do carregamento:
• causadas por retração / expansão
• causados por variação de temperatura
DEFORMABILIDADE DO CONCRETO
COMPORTAMENTO COMPORTAMENTO
ELÁSTICO PLÁSTICO

O concreto apresenta um comportamento elastoplástico

Diagrama Simplificado da NBR6118:2014


EXERCÍCIOS
1. Quais valores podem ser considerados para o peso específico do concreto simples e do
concreto armado quando utilizando concretos “normais”?
2. Explique como é realizado o ensaio de resistência à compressão do concreto, desde a
moldagem do corpo de prova até a realização do ensaio? (obs.: ler normas
correspondentes à cada etapa). Quais medidas são aferidas nesse ensaio? Quais as
informações que se pretende obter com esse ensaio?
3. Quais ensaios podem ser realizados para determinação da resistência do concreto à
tração? Explique como são realizados cada um deles.
4. Quais as expressões indicadas pela NBR 6118:2014 para correlacionar a resistência à
tração direta com os demais ensaios de caracterização da tração do concreto?
5. Definir o que é módulo de elasticidade e como este parâmetro é interpretado no caso
do concreto.
6. Desenhar o diagrama 𝜎𝑐 𝑥 𝜀𝑐 indicando os módulos de elasticidade inicial e secante do
concreto.
7. Explicar o que é o Efeito Rüsch e comentar sobre as demais características que
diferencia o fc,estrutura do fck de laboratório.
8. Definir o que é retração do concreto e os tipos de retração. Quais soluções podem ser
adotadas para diminuir os efeitos da retração?
9. Definir o que é a fluência do concreto e no que ela interfere?
10. Quais os tipos de deformação que podem ocorrer no concreto?
EXERCÍCIOS
11. No Excel, para 20𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑓𝑐𝑘 ≤ 90𝑀𝑃𝑎, gere os gráficos que correlacionem:
a. 𝑓𝑐𝑘 × 𝑓𝑐𝑡𝑘
b. 𝑓𝑐𝑘 × 𝑓𝑐𝑡,𝑓
c. 𝑓𝑐𝑘 × 𝐸𝑐𝑖 e 𝐸𝑐𝑠 (no mesmo gráfico)

Em seguida, interprete os resultados encontrados verificando a sua coerência.


FIM

PROFESSOR: MSC. ALOÍSIO STHÉFANO

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