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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL - FEC

DOSAGEM DE CONCRETO
FORMULAÇÃO

Profª. Drª. Isaura Paes


No Brasil, ainda não há um texto consensual de como deve ser um estudo de
dosagem. A inexistência de um consenso nacional cristalizado numa norma
brasileira sobre os procedimentos e parâmetros de dosagem tem levado vários
pesquisadores a proporem seus próprios métodos de dosagem, muitas vezes
confundidos com uma recomendação da instituição para a qual trabalham, ou
através da qual foram publicados.

Assim ocorreu com o método de dosagem IPT (Instituto de Pesquisas


Tecnológicas), proposto inicialmente por Ary Frederico Torres (1927), proposto
por Fernando Luiz Lobo Carneiro (1937); Vallete (1949), por Ary Torres e
Carlos Rosman (1956); Simão Priszkulnik (1977) e Carlos Tango (1986); com o
método de dosagem INT (Instituto Nacional de Tecnologia), no Rio de Janeiro,
com o método de dosagem ITERS (Instituto Tecnológico do Estado do Rio
Grande do Sul), proposto por Eládio Petrucci (1985); com o método da ABCP,
proposto, inicialmente, que atualmente adota uma adaptação do método
americano do ACI. De Larrard (1990), Helene & Terzian (1992), Alaejos y
Cánovas (1994), Isaia (1995), Berenice Carbonari (1996), Vitervo O’Reilly
(1998), Aitcin (1998) e Tutikian (2007), entre outros, também são métodos de
dosagem conhecidos e utilizados no Brasil.
Dosagem experimental do concreto

É o proporcionamento adequado dos materiais constituintes -


cimento, agregado miúdo, agregado graúdo, água e
eventualmente aditivos, adições, fibras, pigmentos, com vistas
a atender às seguintes condições:

➢ exigências de projeto;

➢ condições de exposição e operação;

➢ tipo do agregado disponível economicamente;

➢ técnicas de execução;

➢ Custo.
AGREGADOS MIÚDOS – MEDIÇÃO E
CORREÇÃO DE UMIDADE
Elaboração de um diagrama de dosagem, segundo o método
de dosagem proposto no Manual de Dosagem e Controle de
Concreto (Paulo Helene, Ed. Pini, 1992).

Proporcionamento dos materiais

1. Escolha do agregado graúdo em função das


características geométricas da peça;

2. Definição do abatimento a ser adotado em função das


características das peças e do tipo de lançamento;

3. Definição da fc.
. Definição do teor de argamassa a partir de
abatimento adotado

traço principal (1:5) - Mediano

. Traços auxiliares, com mesmo teor de argamassa


e abatimento do traço principal.

rico 1: 3,5
mediano 1: 5,0
pobre 1: 6,5

1+ a p = m− a
= a =  (1 + m) − 1
1+ a + p

. Montagem do diagrama de dosagem


Informações básicas para definição do traço de concreto

* Cálculo da resistência de
dosagem
(NBR 6118 e NBR 12655)

fcj = fck +1,65sd


onde:
fcj = resistência de dosagem na idade de j dias (3, 7, 14, 28, 60 dias)
fck = resistência característica à compressão axial do concreto
estabelecida no projeto estrutural (calculista)
1,65 é uma constante que estabelece o nível de confiança (95% dos
resultados acima de fck)
sd é o desvio padrão de dosagem (condições da obra)
b) Escolha da relação água/cimento
Resistência  lei de Abrams
Densidade de
probabilidade
fcj = fck +1,65sd
A
fcj = x 1,65

B 95%

5%
0 R esistência à
fck fcj
compressão

fcj = resistência de dosagem na idade de j dias (3, 7, 21, 28 dias)

A : Constante que depende do


cimento
B : Constante que depende da idade
fcj28: Em MPa.
x: Relação a/c.
NBR 12 655 – Concreto: Preparo, controle, recebimento e aceitação - Procedimento

NBR 12 655 – Controle de Produção do Concreto em Obra (sd):

fcj = fck +1,65sd


Controle tipo A
assistência tecnológica e proporcionamento em massa
(pesagem), água medida em função correção da umidade dos
agregados: sd = 4,0 MPa (concreto usinado);

Controle tipo B
assistência tecnológica e proporcionamento dos agregados
em volume; a umidade do agregado miúdo é determinada
durante um mesmo turno de concretagem: sd = 5,5 MPa;

Controle tipo C
 proporcionamento em volume; água medida em volume e
corrigida em função da estimativa umidade do agregado miúdo:
sd = 7,0 MPa.
Classe de agressividade (tabela 1)
Concreto Tipo
I II III IV
CA  0,65  0,60  0,55  0,45
Relação água/
aglomerante em
massa CP  0,60  0,55  0,50  0,45

Classe de CA  C20mm  C25  C30  C40


concreto
(cobrimento CP  C25  C30  C35  C40
NBR 8953)

NOTAS:
CA Componentes e elementos estruturais de concreto armado
CP Componentes e elementos estruturais de concreto protendido
Classe de agressividade
Risco de deterioração
ambiental Agressividade
da estrutura
(CAA)
I fraca insignificante
II moderada pequeno
III forte grande
IV muito forte elevado
CURVA DE ABRAMS DO CIMENTO
EX: cimento CP 32
Concreto com resistência de 25 MPa aos 28 dias

21

0,58 22

Caso não se tenha o ÁBACO, FAZER USO DA TABELA DO GRAU DE


AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE (NBR 6118 E NBR 12655)
• Escolha da trabalhabilidade a ser adotada (CONSISTÊNCIA)

É medida pelo abatimento do tronco de cone em função do elemento


estrutural e processo de lançamento do concreto

Tipo de concreto Abatimento


(mm)
1. Fundação 50 + 10
2. Estrutural (lançamento 60 + 10
manual ou guindaste)
3. Bombeável – lajes / vigas 90 + 10
4. Concreto aparente 80 + 10
5. Viga muito delgada com alta
densidade de ferro 110 + 10
Parâmetros de mistura
Traço de concreto:
1: a : p: x (em relação a 1 kg de cimento)
m

a = quantidade de agregado miúdo (areia natural ou artificial)

p = quantidade de agregado graúdo (brita ou seixo)

x = a/c (relação água/cimento)

C:Ca:Cp:Cx (em relação ao consumo de cimento por metro cúbico


de concreto)
. Relação água/cimento
1: a : s: x
x= a/c

. Teor de argamassa seca ( α )


É a relação entre a massa de cimento e areia e a
massa total (cimento+areia+agregado graúdo)

1+ a
 (%) = 100
1+ a + p
. Relação água/materiais secos
Lei de Lyse : a quantidade de água para se
obter uma determinada trabalhabilidade é
praticamente a mesma e independente do
traço para mesmos materiais, para
proporções usuais e dentro de certos
limites.
x
A(%) = 100
1+ m
Traço rico (1:3,5)
traço principal (1:5,0)
traço pobre (1:6,5) m = proporção dos 2 agregados
(miúdo e graúdo)
• Escolha da trabalhabilidade a ser adotada (CONSISTÊNCIA)

É medida pelo abatimento do tronco de cone em função do elemento


estrutural e processo de lançamento do concreto

Tipo de concreto Abatimento


(mm)
1. Fundação 50 + 10
2. Estrutural (lançamento 60 + 10
manual ou guindaste)
3. Bombeável – lajes / vigas 90 + 10
4. Concreto aparente 80 + 10
5. Viga muito delgada com alta
densidade de ferro 110 + 10
. Consumo de cimento por metro cúbico:
1000 − Var
C=
1 a p
+ + +x
onde:  oc  oa  op
C é o consumo de cimento por metro cúbico de concreto
(em Kg)

Var é o volume de ar (%) dentro do concreto (em m3)

 oc , oa, op são as massas específicas aparentes do cimento,


agregado miúdo e agregado graúdo respectivamente (em kg/dm3)

. Quantidade de água por metro cúbico

C.a/c
. Montagem do diagrama de dosagem
CURSO DE DOSAGEM DE CONCRETO – MÉTODO DO IPT/ EPUSP

Professora Dra. Isaura Lobato Paes

Executar a dosagem de um concreto, com base no método do IPT que proporcione a este
elemento resistência à compressão axial, aos 28 dias, de 25 MPa. O diagrama de dosagem deve
ser obtidos a partir de 3 misturas experimentais (1:3,5 / 1:5,0 / 1:6,5) com abatimento igual a
(8010)mm. Fixou-se a quantidade de agregado graúdo em 100kg (em função do tamanho da
betoneira).

Dados:
CARACTERÍSTICAS

MATERIAIS MÓDULO DE DIÂMETRO


MASSA ESPECÍFICA MASSA UNITÁRIA
FINURA MÁXIMO
(kg/dm³) (kg/dm³)
(%) (mm)

CIMENTO 3,11 1,43 - -


AREIA 2,63 1,55 2,02 -
SEIXO 2,70 1,59 6,48 9,5

CONTROLE DE OBRA (sd) 5,50


INICIAL 40%
ARGAMASSA SECA (%)
FINAL 42%
RELAÇÃO ÁGUA/CIMENTO 0,58 (ábaco / cond. ambientais)

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