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2. MATERIAIS

2.1 CONCRETO

As diversas características do concreto dependem do planejamento e cuidados na sua


execução. O início do planejamento consiste em definir as propriedades que se deseja,
verificar os materiais disponíveis, escolher os materiais e estabelecer uma metodologia para
definir o traço, equipamentos para a mistura, transporte, adensamento e cura. As
características podem ser divididas em características do concreto no estado fresco e
características do concreto no estado endurecido.

As principais características do concreto fresco são: consistência, trabalhabilidade e


homogeneidade.

A consistência corresponde à maior ou menor capacidade que o concreto fresco tem de


se deformar. Está relacionada com o processo de transporte, lançamento e adensamento do
concreto e varia de acordo com a quantidade de água empregada, granulometria dos
agregados e presença de aditivos químicos. Uma maneira de medir a consistência do
concreto é por meio da sua determinação pelo abatimento do tronco de cone, também
conhecido como slump test, regulamentado pela ABNT NBR NM 67:1998.

A trabalhabilidade é uma característica inerente à maneira de efetuar seu adensamento.


Varia de acordo com a granulometria dos agregados, incorporação de aditivos e
principalmente o fator água/cimento. Um concreto com slump alto em geral é fácil de ser
lançado e adensado, portanto considerado como de boa trabalhabilidade.

A homogeneidade está relacionada com a distribuição dos agregados graúdos (brita)


dentro da massa de concreto. Quanto mais uniformes os agregados se apresentarem
dispersos na massa melhor será a qualidade do concreto, principalmente quanto à
permeabilidade e proteção da armadura.

É de suma importância uma boa mistura do concreto durante sua fabricação, um


cuidadoso transporte até o local de utilização e um rigoroso lançamento nas fôrmas e seu
respectivo adensamento.

A ABNT NBR 6118:2104 nos fornece as propriedades do concreto para estruturas de


concreto armado no item 8.2. Sendo estas propriedades descritas abaixo.

2.1.1 Classes

Esta Norma se aplica aos concretos compreendidos nas classes de resistência dos grupos I
e II, da ABNT NBR 8953, até a classe C90.

Tabela 1 – Classes de resistência do grupo 1

Resistência característica à
Grupo I de resistência
compressão (MPa)

C20 20 MPa
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2

C25
25 MPa
C30
30 MPa
C35
35 MPa
C40
40 MPa
C45
45 MPa
C50
50 MPa

Fonte: ABNT NBR 8953 (1992)

Tabela 2 – Classes de resistência do grupo 2

Resistência característica à
Grupo I de resistência
compressão (MPa)

C55 55 MPa

C60 60 MPa

C70 70 MPa

C80 80 MPa

C90 90 MPa

Fonte: ABNT NBR 8953 (1992)

A classe C20, ou superior, se aplica ao concreto com armadura passiva e a classe C25, ou
superior, ao concreto com armadura ativa. A classe C15 pode ser usada apenas em obras
provisórias ou concreto sem fins estruturais, conforme a ABNT NBR 8953.

O concreto estrutural deve ter resistência característica à compressão aos 28 dias (fck)
mínimo de 20 MPa para estruturas em concreto armado podendo chegar até 90 MPa.

2.1.2 Massa Específica

Esta Norma se aplica aos concretos de massa específica normal, que são aqueles que,
depois de secos em estufa, têm massa específica (ρc) compreendida entre 2000 kg/m³ e
2800 kg/m³.

Se a massa específica real não for conhecida, para efeito de cálculo, pode-se adotar para o
concreto simples o valor 2400 kg/m³ e para o concreto armado, 2500 kg/m³.

Quando se conhecer a massa específica do concreto utilizado, pode-se considerar para


valor da massa específica do concreto armado aquela do concreto simples acrescida de 100
kg/m³ a 150 kg/m³.
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Não é usual a realização de ensaios para determinação da massa específica do


concreto, então como prática recorrente utilizamos como massa específica do concreto
armado 2500 kg/m³.

2.1.3 Coeficiente de dilatação térmica

Para efeito de análise estrutural, o coeficiente de dilatação térmica pode ser admitido como
sendo igual a 10-5/°C.

O coeficiente dilatação térmica é utilizado para o cálculo do alongamento e


encurtamento devido à variação de temperatura no dimensionamento de juntas de dilatação.

2.1.4 Resistência à compressão

As prescrições desta Norma referem-se à resistência à compressão obtida em ensaios de


corpos de prova cilíndricos, moldados segundo a ABNT NBR 5738 e rompidos como
estabelece a ABNT NBR 5739.

Quando não for indicada a idade, as resistências referem-se à idade de 28 dias. A


estimativa da resistência à compressão média, fcmj, correspondente a uma resistência fckj
especificada, deve ser feita conforme indicado na ABNT NBR 12655.

A evolução da resistência à compressão com a idade deve ser obtida por ensaios
especialmente executados para tal. Na ausência desses resultados experimentais, pode-se
adotar, em caráter orientativo, os valores indicados em 12.3.3.

O parâmetro mais importante para a execução de um projeto estrutural é a resistência


característica à compressão do concreto aos 28 dias (fck). É ela que irá determinar a classe
do concreto, portanto devemos sempre realizar ensaios para que o concreto usado na obra
corresponda ao concreto definido em projeto.

A resistência à compressão, obtida por ensaio de curta duração do corpo de prova


(aplicação de carga de maneira rápida), é dada por:

Nrup
fcj=
A

onde:

fcj – resistência à compressão do corpo de prova de concreto na idade de j dias;

Nrup – carga de ruptura do corpo de prova;

A – área da seção transversal do corpo de prova;

Para avaliar a resistência de um concreto é necessário realizar certo número de ensaios


de corpos de prova. O corpo-de-prova padrão brasileiro é o cilíndrico, com 100 mm de
diâmetro e 200 mm de altura, e a idade de referência para o ensaio é 28 dias. Após ensaio
de um número muito grande de corpos-de-prova, pode ser feito um gráfico com os valores
obtidos de fc versus a quantidade de corpos-de-prova relativos a determinado valor de fc,

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também denominada densidade de freqüência. A curva encontrada denomina-se Curva


Estatística de Gauss ou Curva de Distribuição Normal para a resistência do concreto à
compressão.

Figura 4 – Curva de Gauss para a resistência do concreto à compressão

Fonte: Pinheiro (2010)

Na curva de Gauss encontram-se dois valores de fundamental importância: resistência


média do concreto à compressão (fcm) e resistência característica do concreto à
compressão (fck).

O valor fcm é a média aritmética dos valores de fc para o conjunto de corpos-de-prova


ensaiados, e é utilizado na determinação da resistência característica, fck, por meio da
fórmula:

fck=fcm−1,65∗s

O desvio-padrão s corresponde à distância entre a abscissa de fcm e a do ponto de


inflexão da curva (ponto em que ela muda de concavidade). O valor 1,65 corresponde ao
quantil de 5%, ou seja, apenas 5% dos corpos-de-prova possui fc < fck, ou, ainda, 95% dos
corpos-de-prova possui fc ≥ fck.

A resistência característica do concreto à compressão (fck) é definida como o valor que


apresenta um grau de confiabilidade de 95%, ou seja, é o valor da resistência onde 95% dos
resultados estejam acima dele e apenas 5% abaixo. Como não há uma possibilidade de
realizar grandes quantidades de ensaios, o valor que se obtém a partir de um ensaio de
corpo de prova submetido à compressão centrada será uma resistência característica
estimada.

2.1.5 Resistência à tração

A resistência característica à tração do concreto é utilizada no cálculo das armaduras


transversais e também no cálculo da fissuração, sendo necessário conhecê-la. Existem três
tipos de ensaios para determinação da resistência característica à tração: tração indireta ou
compressão diametral, tração na flexão e tração direta.

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A resistência à tração indireta fct,sp e a resistência à tração na flexão fct,f devem ser obtidas
em ensaios realizados segundo as ABNT NBR 7222 e ABNT NBR 12142, respectivamente.

A ABNT NBR 7222:2011 determina a resistência à tração por compressão diametral de


corpos de prova cilíndricos. O ensaio de compressão diametral ou ensaio de tração indireta,
também conhecido como splitting test criado pelo Prof. Fernando Luiz Lobo Carneiro se
tornou referência mundial. Para conhecer como foi criado este ensaio acesse o link:
http://aquarius.ime.eb.br/~webde2/prof/ethomaz/lobocarneiro/comp_diametral.pdf

Figura 5 – Ensaio de resistência à tração por compressão diametral

Fonte: Pinheiro (2010)


2
∗Fc
π
fct , sp=
d∗h

A ABNT NBR 12142:2010 determina a resistência à tração na flexão de corpos de prova


prismáticos. Para a realização deste ensaio, um corpo de prova se seção prismática é
submetido à flexão, com carregamentos em duas seções simétricas, até a ruptura. O ensaio
também é conhecido por “carregamento nos terços”, pelo fato das seções carregadas se
encontrarem nos terços do vão.

Figura 6 – Ensaio de resistência à tração na flexão

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6

Fonte: Pinheiro (2010)

6∗L
∗F
3
fct , f =
b∗h ²

No ensaio de tração direta, a resistência à tração direta (fct) é determinada, aplicando-


se tração axial, até a ruptura, em corpos de prova de concreto simples.

Figura 7 – Ensaio de resistência à tração direta

Fonte: Pinheiro (2010)

Ft
fct=
A

A resistência à tração direta fct pode ser considerada igual a 0,9 fct,sp ou 0,7 fct,f, ou, na
falta de ensaios para obtenção de fct,sp e fct,f, pode ser avaliado o seu valor médio ou
característico por meio das seguintes equações:

— para concretos de classes até C50:


fctk=fct ,m=0,3∗√3 fck ²

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— para concretos de classes C55 até C90:

fctk=fct ,m=2,12∗ln ⁡(1+0,11∗fck)

onde:
fct,m e fck são expressos em megapascal (MPa).
sendo
fckj ≥ 7 MPa, estas expressões podem também ser usadas para idades diferentes de 28 dias.

A ABNT NBR 6118:2014 estabelece um limite mínimo e máximo para a resistência à


tração o fctk,inf e o fctk,sup respectivamente limite inferior e limite superior. O fctk,inf é
utilizado nas análises estruturais e o fctk,sup é utilizado para determinação das armaduras
mínimas.

onde:
fctk ,inf =0,7∗fct ,m

fctk ,¿ 1,3∗fct , m

2.1.6 Módulo de elasticidade

É um parâmetro mecânico que proporciona uma medida da rigidez de um material


sólido. Um determinado material ao ser submetido a uma tensão (σ) sofre uma deformação
específica (ε ) onde temos o diagrama tensão-deformação que pode ser considerado linear.

Figura 8 – Módulo de elasticidade ou módulo deformação longitudinal

Fonte: Arquivo pessoal

σ
E=
ε

Como o diagrama tensão-deformação do concreto não é linear, conforme figura 7


abaixo, a expressão do módulo e elasticidade é aplicada somente à parte retilínea da curva,
ou quando não existir uma parte retilínea, a expressão aplica-se à tangente da curva na
origem, por isso é chamado módulo de elasticidade tangencial ou módulo de
deformação tangencial inicial (Eci).

Figura 9 – Módulo de elasticidade ou módulo deformação tangencial inicial do concreto

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8

Fonte: Arquivo pessoal

O módulo de elasticidade (Eci) deve ser obtido segundo o método de ensaio estabelecido
na ABNT NBR 8522, sendo considerado nesta Norma o módulo de deformação tangente
inicial, obtido aos 28 dias de idade.

Quando não forem realizados ensaios, pode-se estimar o valor do módulo de elasticidade
inicial usando as expressões a seguir:

— para fck de 20 MPa a 50 MPa:

Eci=αe∗5600 √ fck

— para fck de 55 MPa a 90 MPa:

( )
1/ 3
fck
Eci=21,5∗10³∗αe∗ +1,25
10

sendo:

αe = 1,2 para basalto e diabásio

αe = 1,0 para granito e gnaisse

αe = 0,9 para calcário

αe = 0,7 para arenito

onde

Eci e fck são dados em megapascal (MPa).

Obs: No Brasil a grande maioria dos agregados procede do granito e basalto.

O módulo de elasticidade secante é utilizado nas análises elásticas de projeto,


especialmente para determinação de esforços solicitantes e verificação de estados limites
de serviço.

O módulo de deformação secante pode ser obtido segundo método de ensaio estabelecido
na ABNT NBR 8522, ou estimado pela expressão:
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Ecs=αi∗Eci

sendo:
0,2∗fck
ai=0,8+ ≤ 1,0
80

A Tabela 3 apresenta valores estimados arredondados que podem ser usados no projeto
estrutural.

Tabela 3 – Valores estimados de módulo de elasticidade em função da resistência característica à


compressão do concreto (considerando o uso de granito como agregado graúdo)

Classe de
C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50 C60 C70 C80 C90
resistência

Eci
25 28 31 33 35 38 40 42 43 45 47
(GPa)

Ecs
21 24 27 29 32 34 37 40 42 45 47
(GPa)

αi 0,85 0,86 0,88 0,89 0,90 0,91 0,93 0,95 0,98 1,00 1,00

Fonte: NBR 6118 (2014)

A deformação elástica do concreto depende da composição do traço do concreto,


especialmente da natureza dos agregados.

Na avaliação do comportamento de um elemento estrutural ou seção transversal, pode ser


adotado módulo de elasticidade único, à tração e à compressão, igual ao módulo de
deformação secante Ecs.

No cálculo das perdas de protensão, pode ser utilizado em projeto o módulo de elasticidade
inicial Eci.

O módulo de elasticidade em uma idade menor que 28 dias pode ser avaliado pelas
expressões a seguir:

— para os concretos com fck de 20 MPa a 45 MPa:

fckj 0,5
Eci (t)=⌈ ⌉
fck

— para os concretos com fck de 50 MPa a 90 MPa:

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10

0,3
fckj
Eci (t)=⌈ ⌉
fck

onde:

Eci(t) é a estimativa do módulo de elasticidade do concreto em uma idade entre 7 dias e 28


dias;

fckj é a resistência característica à compressão do concreto na idade em que se pretende


estimar o módulo de elasticidade, em megapascal (MPa).

A importância da determinação dos módulos de elasticidade está na determinação das


deformações nas estruturas de concreto, como nos cálculos de flechas em lajes e vigas.
Nestes elementos, o conhecimento das flechas máximas é muito importante e é um dos
parâmetros básicos utilizados pelo projetista estrutural.

2.1.7 Coeficiente de Poisson

Ao se aplicar uma força no concreto surgem deformações em duas direções, na direção


da força e na direção transversal à força. A relação entre a deformação transversal e a
deformação longitudinal é chamada coeficiente de Poisson (ν).

Figura 10 – Deformações longitudinais (Δl) e transversais (Δt)

Fonte: Arquivo pessoal

Para tensões de compressão menores que 0,5 fc e tensões de tração menores que fct, o
coeficiente de Poisson ν pode ser tomado como igual a 0,2 e o módulo de elasticidade
transversal Gc igual a Ecs/2,4.

2.1.8 Diagramas tensão-deformação

a) Compressão

Para tensões de compressão menores que 0,5 fc, pode-se admitir uma relação linear entre
tensões e deformações, adotando-se para módulo de elasticidade o valor secante dado pela
expressão constante em 8.2.8.

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Para análises no estado-limite último, podem ser empregados o diagrama tensão-


deformação idealizado mostrado na Figura ou as simplificações propostas na Seção 17.

Figura 11 – Diagrama tensão-deformação do concreto à compressão

Fonte: Arquivo pessoal

Os valores a serem adotados para os parâmetros εc2 (deformação específica de


encurtamento do concreto no início do patamar plástico) e εcu (deformação específica de
encurtamento do concreto na ruptura) são definidos a seguir:

— para concretos de classes até C50:

εc2 = 2,0 ‰;

εcu = 3,5 ‰

— para concretos de classes C55 até C90:

ε c 2=2,0 ‰+ 0,085 ‰∗( fck−50)0,53

90−50 4
ε cu=2,6 ‰+ 35 ‰∗( )
100

Ver indicação sobre o valor de fcd em 12.3.3.

A resistência à compressão de cálculo do concreto (fcd) é obtida a partir da expressão


abaixo:

fck
fcd=
γc

A resistência à tração de cálculo do concreto (fctd) é obtida a partir da expressão


abaixo:

fctk , inf
fctd=
γc

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γc é o coeficiente de minoração da resistência do concreto, obtido na tabela 12.1 da ABNT


NBR 6118:2014 conforme tabela abaixo.

Tabela 4 – Valores dos coeficientes γc e γs

Combinações Concreto Aço

Normais 1,4 1,15

Especiais ou de
1,2 1,15
construção

Excepcionais 1,2 1,0

Fonte: extraída da NBR 6118 (2014)

As resistências dos materiais serão minoradas e as cargas serão majoradas, ou seja,


aplicaremos um coeficiente de segurança para reduzir as resistências dos materiais e um
coeficiente de segurança para aumentar as cargas.

Segundo a NBR as resistências dos materiais devem ser minoradas pelo coeficiente:
γm=γm 1∗γm 2∗γm 3

No concreto este coeficiente será o γc e no aço será o γs.

Segundo o item 12.1 da ABNT NBR 6118:2014:

γm1 – Parte do coeficiente de ponderação das resistências γm, que considera a


variabilidade da resistência dos materiais envolvidos.

γm2 – Parte do coeficiente de ponderação das resistências γm, que considera a diferença
entre a resistência do material no corpo de prova e na estrutura.

γm3 – Parte do coeficiente de ponderação das resistências γm, que considera os desvios
gerados na construção e as aproximações feitas em projeto do ponto de vista das
resistências.

O fator 0,85 encontrado no diagrama σ x ε da Figura 9 funciona como um fator


corretivo, dado que a resistência de cálculo fcd é determinada por meio de ensaios de
corpos-de-prova cilíndricos em ensaios de compressão que têm a duração em torno de 2, 3
ou 4 minutos, enquanto que nas estruturas de concreto o carregamento é aplicado durante
toda a vida útil da estrutura, ou seja, durante muitos anos.

Exercício 1

Calcule as características do concreto a partir do fck adotado. Considerando o agregado


oriundo do granito.

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fcd fctk fctk,inf fctk,sup fctd Eci Ecs


fck
Concreto
(MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (Mpa) (MPa) (MPa)

C20

C40

C50

C70

C90

2.2 AÇO

A ABNT NBR 6118:2014 nos fornece as propriedades do aço para estruturas de


concreto armado no item 8.3. Sendo estas propriedades descritas abaixo.

2.2.1 Categoria

Nos projetos de estruturas de concreto armado deve ser utilizado aço classificado pela
ABNT NBR 7480, com o valor característico da resistência de escoamento nas categorias
CA-25, CA-50 e CA-60. Os diâmetros e seções transversais nominais devem ser os
estabelecidos na ABNT NBR 7480.

De acordo com a ABNT NBR 7480:2007 o aço para armadura passiva é dividido em:

Tabela 5 – Categorias de aços destinados a armaduras para estruturas de concreto armado

CATEGORIA fyk (MPa)

CA-25 250 MPa

CA-50 500 MPa

CA-60 600 MPa

Fonte: extraída da NBR 7480 (2007)

Onde CA corresponde a aço para concreto armado. Semelhante ao concreto, define-se


a tensão de escoamento característica dos aços (fyk) obtida em um conjunto de corpos de
prova submetidos à tração.

De acordo com a ABNT NBR 7480:2007, as armaduras para concreto armado podem
ser classificadas em:

a) Barras – possuem diâmetros mínimos de 6,3mm;


b) Fios – possuem diâmetros máximos de 10mm.

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Segundo o processo de fabricação, as barras são obtidas por laminação a quente e os fios
são obtidos por trefilação ou processo equivalente. As barras são classificadas nas
categorias CA-25 e CA-50. Os fios são da categoria CA-60.

Tabela 6 – Características geométricas nominais dos fios e barras

Fonte: BASTOS (2015)

Aços mais usados em estruturas de concreto armado:

CA-50: 6,3 mm (1/4”), 8 mm (5/16”), 10 mm (3/8”), 12,5 mm (1/2”), 16 mm (5/8”), 20 mm


(3/4”), 25 mm (1”), 32 mm (1 1/4"), 40 mm (1 9/16”).

CA-60: 4,2 mm (5/32’’), 5 mm (3/16’’).

As barras são geralmente fornecidas no comércio em segmentos retos com comprimento de


12 m, com tolerância de até 9 %.

2.2.2 Tipo de superfície aderente

Os fios e barras podem ser lisos, entalhados ou providos de saliências ou mossas. A


configuração e a geometria das saliências ou mossas devem satisfazer também o que é
especificado nesta Norma, nas Seções 9 e 23.

Para os efeitos desta Norma, a capacidade aderente entre o aço e o concreto está
relacionada ao coeficiente η1, cujo valor está estabelecido na abaixo.

Tabela 7 – Valor do coeficiente de aderência η1

TIPO DE SUPERFÍCIE η1

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Lisa 1

Entalhada 1,4

Nervurada 2,25

Fonte: extraída da NBR 6118 (2014)

2.2.3 Massa específica

Pode-se adotar para a massa específica do aço de armadura passiva o valor de 7850
kg/m3.

2.2.4 Coeficiente de dilatação térmica

O valor de 10−5 /°C pode ser considerado para o coeficiente de dilatação térmica do aço,
para intervalos de temperatura entre -20 °C e 150 °C.

2.2.5 Módulo de elasticidade

Na falta de ensaios ou valores fornecidos pelo fabricante, o módulo de elasticidade do


aço pode ser admitido igual a 210 GPa.

2.2.6 Diagrama tensão-deformação, resistência ao escoamento e à tração

O diagrama tensão-deformação do aço e os valores característicos da resistência ao


escoamento fyk, da resistência à tração fstk e da deformação na ruptura εuk devem ser
obtidos de ensaios de tração realizados segundo a ABNT NBR ISO 6892-1. O valor de fyk
para os aços sem patamar de escoamento é o valor da tensão correspondente à
deformação permanente de 0,2%.

Para o cálculo nos estados-limite de serviço e último, pode-se utilizar o diagrama


simplificado mostrado na Figura 8.4, para os aços com ou sem patamar de escoamento.

Figura 12 – Diagrama tensão-deformação do aço à tração

Fonte: Arquivo pessoal

onde:

fyk é a resistência característica do aço ao escoamento na tração.

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fyd é a resistência de cálculo do aço ao escoamento na tração.

εyd é a deformação específica do aço correspondente ao limite do patamar de escoamento.

σ =E∗ε

σ
ε=
E

fyd
εyd =
Es

Tendo em vista o trabalho conjunto concreto/aço a deformação do aço na compressão


também será 3,5 ‰ , já na tração limitamos em 10 ‰ , pois além disso, o concreto cria
grandes fissuras.

A resistência de cálculo do aço ao escoamento na tração (fyd) é obtida a partir da


expressão abaixo:

fyk
fyd=
γs

Exercício 2

Calcule as características do aço a partir da categoria adotada.

CATEGORIA fyk fyd εyd ‰

CA-25

CA-50

CA-60

BIBLIOGRAFIA

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2014 - Projeto de


estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, ABNT, 2014.

_______________. NBR 7480:2007 - Aço destinado a armaduras para estruturas de


concreto armado - Especificação. Rio de Janeiro, ABNT, 2007.

BASTOS, P. S. S. Materiais. Bauru: UNESP, 2015. Disponível em:


<http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto1/Materiais.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2018.

CARVALHO, R. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. R. Cálculo e Detalhamento de


Estruturas Usuais de Concreto Armado: Segundo a NBR 6118:2014. 4. ed. São Carlos:
EdUFSCar, 2013.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projeto de edifícios. São Carlos: USP,


2007. Disponível em:
<http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf>. Acesso
em: 18 fev. 2018.

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