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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

PROFESSOR: IVO J. PADARATZ


ROBERTO C. A. PINTO

ECV 5261
ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I

COLABORAÇÃO: PROGRAMA ESPECIAL DE TREINAMENTO – PET/ECV


1. PRINCÍPIOS BÁSICOS DO MATERIAL CONCRETO ARMADO
O concreto armado é atualmente o material mais usado na construção de
estruturas de edificações e obras viárias como pontes, viadutos, passarelas, etc.

1.1. COMPOSIÇÃO DO CONCRETO


O material concreto é composto por dois componentes principais, a argamassa
e os agregados graúdos. A argamassa é formada pela pasta + agregados miúdos,
com ou sem aditivos, sendo que a pasta representa o aglomerante e a água.

1.2. CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS DO CONCRETO

Boa resistência à compressão


 Concreto de baixa resistência: 10 a 25 MPa
 Concreto de média resistência: 30 a 50 MPa
 Concreto de alta resistência: > 50 Mpa
(a NBR 6118:2014 válida até 90 MPa)

Baixa resistência à tração (8 a 12% da resistência à compressão).

Viga de concreto simples: devido à baixa resistência à tração a ruptura se dá de


modo frágil

compressão

tração

ruptura frágil, brusca

1.3. PRINCÍPIO DO CONCRETO ARMADO

CONCRETO ARMADO = CONCRETO + ARMADURA + ADERÊNCIA


Figura 1.3 - Viga de concreto simples rompendo-se na parte inferior devido à pequena resistência à
tração do concreto.

Figura 1.4 - Viga de concreto armado. As armaduras, colocadas na parte inferior, absorvem os esforços
de tração, cabendo ao concreto resistir à compressão. As armaduras controlam a abertura das fissuras.

É possível devido a duas propriedades:


* aderência recíproca entre concreto e aço
* coeficiente de dilatação térmica dos dois materiais aproximadamente
igual CONCRETO ~ 1,010-5/ oC
AÇO = 1,210-5/ oC

O concreto protege a armadura contra a agressividade do meio ambiente.

1.4. VANTAGENS DO CONCRETO ARMADO


As principais vantagens do concreto armado são:
* Economia: matéria prima barata, principalmente a areia e a brita; não
exige mão de obra com muita qualificação; equipamentos em geral
simples
* Moldagem fácil – boa trabalhabilidade
* Resistência: ao fogo; às influências atmosféricas; ao desgaste
mecânico; ao choque e vibrações
* Monolitismo da estrutura
* Durabilidade – com manutenção e conservação
* Rapidez de construção (pré-moldados)
* Aumento da resistência à compressão com o tempo
1.5. DESVANTAGENS DO CONCRETO ARMADO
As principais desvantagens na utilização do concreto armado são:
* Peso próprio elevado (C = 25 kN/m3)
* Menor proteção térmica
* Reformas e demolições são trabalhosas e caras
* Precisão no posicionamento das armaduras
* Fissuras inevitáveis na região tracionada
* Construção definitiva
* Necessidade de formas e escoramentos

1.6 NORMAS TÉCNICAS APLICÁVEIS A ESTRUTURAS DE CONCRETO

Normas da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas:

NBR 6118 - Projeto de estruturas de concreto - procedimento

NBR 6120 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações – procedimento

NBR 8681 - Ações e segurança nas estruturas – procedimento

NBR 6123 - Forças devidas ao vento em edificações - procedimento

NBR 14961 - execução de estruturas de concreto – procedimento

NBR 9062 - Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado

NBR 15421 – Projeto de estruturas resistentes a sismos - procedimento

NBR 15200 – Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio

NBR 12655 - Preparo, controle e recebimento de concreto

NBR 7187 - Projeto e execução de pontes de concreto armado e de concreto


protendido - procedimento

NBR 8953 - Concreto para fins estruturais – Classificação pela massa específica, por
grupos de resistência e consistência

NBR 7480 - Aço destinado a armaduras para estruturas de concreto armado –


especificação

NBR 7188 - Carga móvel rodoviária e de pedestre e em pontes, viadutos, passarelas e


outras estruturas

NBR 7191 - Execução de desenhos para obras de concreto simples ou armado

NBR 7808 - Símbolos gráficos para projetos de estruturas

NBR 6122 - Projeto e execução de fundações


2. CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DO CONCRETO

2.1 CONCRETO FRESCO

 Consistência - slump

 Trabalhabilidade

 Homogeneidade

 Adensamento

 Pega – início do endurecimento

 Cura

2.2 CONCRETO ENDURECIDO

2.2.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

2.2.1.1 RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA À COMPRESSÃO

Resistência característica de um concreto à compressão (fck) é o valor mínimo


estatístico acima do qual ficam situados 95% dos resultados experimentais.
N (Freqüência)

95%

5%

fck 1.65 Sn fcj f c (Resistência)

Figura 2.1 - Distribuição normal mostrando a resistência média (fcj = fm) e a resistência característica
do concreto à compressão (fck).
N (Freqüência)
A B

f ck f c (Resistência)

Figura 2.2 - Distribuição normal de dois concretos com a mesma resistência característica.
N (Freqüência)

f cj f c (Resistência)

Figura 2.3 - Distribuição normal de dois concretos com a mesma resistência média.

2.2.1.2 RESISTÊNCIA DE DOSAGEM

(NBR 12655 - item 5.6.3) A resistência de dosagem do concreto (fcj) deve


atender às condições de variabilidade prevalecentes durante a construção. Esta
variabilidade medida pelo desvio-padrão, Sd, é levada em conta no cálculo da
resistência de dosagem, segundo a equação:

f cmj  f ckj  1,65.S d

onde:
fcmj é a resistência média do concreto à compressão, prevista para a idade de j
dias, em megapascais (MPa);
fckj é a resistência característica do concreto à compressão, aos j dias, em
megapascais (MPa);
Sd é o desvio padrão da dosagem, em megapascais (MPa).
(NBR 12655 - item 5.6.3.2) Quando o concreto for elaborado com os mesmos
materiais, mediante equipamentos similares e sob condições equivalentes, o valor de
Sd deve ser fixado com no mínimo 20 resultados consecutivos obtidos no intervalo de
30 dias, em período imediatamente anterior. Em nenhum caso, o valor de Sd adotado
pode ser menor que 2 MPa.

(NBR 12655 - item 5.6.3.3) No início da obra, ou se não for conhecido o desvio padrão
Sd, o mesmo será dado em função das condições de preparo (Tabela 6 da NBR
12655):

a) Sd = 4 MPa para concreto preparado na condição A (classes C10 até C90):


controle de dosagem rigoroso
b) Sd = 5,5 MPa para concreto preparado na condição B (classes C10 até C20):
controle de dosagem razoável
c) Sd = 7 MPa para concreto preparado na condição C (classes C10 e C15):
controle de dosagem regular

2.2.1.3 CLASSIFICAÇÃO POR GRUPOS DE RESISTÊNCIA

(NBR 8953) Os concretos são classificados em grupos de resistência, grupo I e grupo


II, conforme a resistência característica (fck), determinada a partir do ensaio de
corpos-de-prova.

Tabela 2.1 - Grupos de resistência de concreto (NBR 8953 - tabelas 1 e 2)


Grupo I de fck Grupo II de fck
resistência (MPa) resistência (MPa)
C20 20 C55 55
C25 25 C60 60
C30 30 C70 70
C35 35 C80 80
C40 40 C90 90
C45 45
C50 50
2.2.2 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO

(NBR6118:2014 - item 8.2.5) A resistência do concreto à tração indireta fct,sp e a


resistência à tração na flexão fct,f devem ser obtidas em ensaios realizados segundo a
NBR 7222 e a NBR 12142, respectivamente. O seu valor característico será estimado
da mesma maneira que o concreto à compressão.
f tk  f tj  1,65.S d
N (Freqüência)

95%

5%

f tk 1.65 Sn f tj f c (Resistência)

Figura 2.4 - Distribuição normal mostrando a resistência média (ftj) e a resistência característica
do concreto à tração (ftk).

Os processos experimentais mais utilizados para a determinação da resistência à


tração são:

2.2.1.1 tração direta (ou axial)

Figura 2.5 - Ensaio de tração axial (fct).


2.2.1.2 tração na flexão

Figura 2.6 - Ensaio de tração na flexão (fct,f).

F .L
f tj 
a3

2.2.1.3 tração indireta (ou compressão diametral)

Figura 2.7 - Ensaio de tração indireta (fct,sp).

2.F
f tj  0,86.
 ..L

A resistência a tração direta fct pode ser considerada igual a:

fct = 0,9 fct,sp


fct = 0,7 fct,f
Na falta de ensaios para obtenção de fct,sp e fct,f, pode ser avaliado o valor de fct
médio ou característico por meio das seguintes equações:
fctk,inf = 0,7 fct,m (valor característico inferior)
fctk,sup = 1,3 fct,m (valor característico superior)

- Para concretos de classes até C50:


fct,m = 0,3 fck2/3 (valor médio)
- Para concretos de claseses C50 a C90
fct,m = 2,12 ln (1+ 0,11*fck)

com fct,m e fck em MPa

O uso de fctk,inf ou fctk,sup a ser utilizado em cada caso é determinado pela norma.

2.3 FATORES QUE INFLUEM NA RESISTÊNCIA DO CONCRETO

2.3.1 QUALIDADE DOS MATERIAIS

2.3.1.1 Água
Deve se apresentar isenta de resíduos industriais, detritos e impurezas que
prejudiquem as reações químicas do cimento.

2.3.1.2 Agregados
Concretos executados com seixos ou com britas de maior diâmetro produzem
concretos com menor exigência de água e, conseqüentemente, mais resistentes. Para
concretos de elevada resistência se dá preferência para agregados de menor
diâmetro. Os agregados devem estar isentos de impurezas para não prejudicar a
aderência com a pasta, apresentar resistência mecânica superior a pasta (para
concretos convencionais) e uma granulometria contínua, diminuindo o volume de
pasta de cimento.

2.3.1.3 Cimento
A composição química do cimento influencia na evolução da resistência dos
concretos. A finura também influencia na evolução da resistência (cimentos mais finos
fornecem maiores resistências iniciais).
Tabela 2.2 - Tipos de Cimento Portland Nacionais
CP I - Cimento Portland Comum
CP I-S - Cimento Portland Comum c/adição
CP II-E - Cimento Portland Composto c/ escória
CP II-Z - Cimento Portland Composto c/ pozolana
CP II-F - Cimento Portland Composto c/ filer
CP III - Cimento Portland de Alto Forno
CP IV - Cimento Portland Pozolânico
CP V - Cimento Portland de Alta Resistência Inicial
MRS - Cimento Portland de Moderada Resistência a Sulfatos
ARS - Cimento Portland de Alta Resistência a Sulfatos

2.3.1.4 Aditivos
São adicionados aos constituintes convencionais do concreto, durante a mistura,
quando se busca alguma propriedade especial, como aumento da plasticidade,
controle do tempo de pega e do aumento da resistência e redução do calor de
hidratação. Os tipos mais comuns são:

a) Plastificantes e superplastificantes: reduzem a quantidade de água necessária para


conferir a trabalhabilidade desejada, aumentando a resistência.

b) Retardadores: Reduzem o início da pega por algumas horas permitindo a


concretagem de grandes volumes sem juntas.

c) Aceleradores: Aceleram a pega e o endurecimento do concreto, devendo ser


aplicados na quantidade correta, caso contrário provocam endurecimento muito
rápido, diminuição da resistência e corrosão da armadura.

d) Incorporadores de ar: produzem bolhas de ar melhorando a trabalhabilidade e


impermeabilidade, além de melhorar a resistência a meios agressivos.

2.3.2 IDADE DO CONCRETO


A resistência do concreto aumenta com a idade, devido ao mecanismo de hidratação
do cimento. Para fins de projeto utiliza-se a resistência do concreto aos 28 dias (fc28).
A partir desta idade o incremento da resistência é variável de acordo com o tipo de
cimento e geralmente pequeno, ficando como adicional à segurança.

A evolução da resistência à compressão com a idade deve ser obtida através de


ensaios especialmente executados para tal.

Na ausência de dados experimentais, em caráter orientativo, pode-se adotar os


valores indicados na NBR 6118 item 12.3.3.

fck j  1 fck


Onde: 1  exp s 1  28 / t 1 / 2 

s=0,38 para cimento CPIII e IV


s=0,25 para cimento CPI e II
s=0,20 para cimento CPV-ARI
t – idade efetiva do concreto em dias.

Tabela 2.3 - Comparação da evolução da resistência do concreto em função do tempo


para dois tipos de cimentos nacionais (valores experimentais)
Idade do concreto (dias) 3 7 28 90 360
Cimento Portland Comum 0,40 0,65 1,00 1,20 1,35
Cimento Portland de Alta Resistência 0,55 0,75 1,00 1,15 1,20

Figura 2.8 - Evolução da resistência do concreto em função da idade.


2.3.3 RELAÇÃO ÁGUA/CIMENTO

É o principal fator que influencia na resistência do concreto, pois o excesso de água


na mistura deixa após o endurecimento vazios na pasta de cimento. Diz-se que a
resistência do concreto é inversamente proporcional à relação água/cimento, segundo
a Lei de Abrams.

Figura 2.9 - Curva de Abrams que indica a variação da resistência em função da relação
água/cimento.

2.4 DEFORMAÇÕES
O concreto não é um corpo sólido, e sim um pseudo-sólido, logo pode
apresentar deformações não só quando submetido a ações externas, mas também
devidas a variações das condições ambientais (denominadas deformações próprias).

2.4.1 DEFORMAÇÕES PRÓPRIAS OU DEVIDAS À VARIAÇÃO DAS CONDIÇÕES


AMBIENTAIS

- retração
- variação de temperatura
- variação de umidade
2.4.1.1 Retração

É a redução de volume do concreto, provocada pela perda de água existente no


interior do concreto através da evaporação. Para reduzir o efeito da retração no
concreto dispõe-se de algumas alternativas:
 aumentar o tempo de cura do concreto, para evitar a evaporação prematura
da água necessária à hidratação do cimento
cura: conjunto de providências necessárias para evitar a
evaporação prematura da água necessária à hidratação do
cimento. A pega é o processo de endurecimento do concreto.
 prever junta de movimentação, provisória ou definitiva
Valores de cs de acordo com NBR 6118:2014

Item 8.2.11 – Tabela 8 – valores de cs entre -0,15 a -0,53 ‰ dependendo da umidade
média do ambiente, geometria do elemento e da idade do 1º carregamento.

Para concreto armado, (item 11.3.3.1) casos correntes com peças com dimensões
entre 10 e 100 cm em ambientes com Ur  75 %):

cs = -0,15‰ ou 15x10-5

Valores mais precisos de cs do concreto, consultar a NBR 6118 anexo A da norma.

L
Lr

Figura 2.10 - Variações dimensionais nas estruturas devidas a retração do


concreto.

Lr   cs .L

2.4.1.2 Variação da umidade do meio ambiente


O aumento de umidade produz no concreto um inchamento e a redução de
umidade um encolhimento. Tais deformações são geralmente desprezíveis para
variações ambientais de umidade.
2.4.1.3 Variação da temperatura (NBR 6118 - item 11.4.2.1)
A variação da temperatura da estrutura, causada globalmente pela variação da
temperatura da atmosfera e prla insolação direta, é considerada uniforme.
Ela depende do local de implantação da obra e das dimensões dos elementos
estruturais.
De maneira genérica pode-se adotar os seguintes valores:

 t =  10oC a  15oC elementos estruturais cuja menor dimensão não


superior a 50cm;
 t =  5oC a  10oC para peças maciças ou com os espaços vazios
inteiramente fechados, cuja menor dimensão seja superior a 70cm;
 para peças cuja menor dimensão esteja entre 50cm e 70cm será feita
interpolação linear entre os valores acima citados.

Coeficiente de dilatação térmica do concreto armado:

t = 1,0x10-5/ o C

Deformações numa peça estrutural dependerão da variação da temperatura na


estrutura (T) e das suas dimensões:

Lt   ct .L
Lt   t .T .L

2.4.2 DEFORMAÇÕES DEVIDAS ÀS CARGAS EXTERNAS

2.4.2.1 Imediata
Observada no ato de aplicação das cargas externas, onde o esforço interno é
absorvido parte pelo esqueleto sólido do concreto e parte pela água confinada nos
poros. A deformação imediata será:

Li   ci .L

ci = deformação imediata unitária


2.4.2.2 Deformação Lenta ou Fluência
Observada no decorrer do tempo, em concretos submetidos a cargas
permanentes.
A água dos poros saturados se desloca lentamente e transfere o esforço que
ela absorvia inicialmente para o esqueleto sólido, aumentando a deformação inicial. A
água que chega na superfície evapora, aumentando as tensões nos poros capilares,
parcialmente preenchidos com água, e assim aumentado ainda mais as deformações.
A deformação lenta será:
Lc   cc .L

cc = deformação lenta unitária


A deformação total na estrutura será:

Lct  Li  Lc


 ct   ci   cc

c

cc

cc cc

ci

to Tempo
Instante de aplicação
da carga

Figura 2.11 - Gráfico deformação unitária x tempo para um concreto, mostrando a deformação
imediata no momento da aplicação do carregamento externo e a fluência, que progride com o
tempo.

2.4.3 RESISTÊNCIA MECÂNICA

O concreto a ser especificado nos projetos, de acordo com a NBR 6118, deverá
apresentar uma resistência característica fck não inferior a 20 MPa. O concreto pré-
misturado deverá ser fornecido com base na resistência característica.
2.4.4 DIAGRAMA TENSÃO DEFORMAÇÃO

Obtido ensaiando-se em laboratório corpos de prova cilíndricos de concreto

Figura 2.12 - O diagrama tensão x deformação acima mostra as curvas para dois concretos: “A”
de baixa resistência (c rup = 0,30 a 0,45%) e “B” de alta resistência (c rup = 0,20 a 0,25%).
Percebe-se que o concreto A apresenta uma deformação superior ao concreto B na ruptura.

O diagrama tensão-deformação à compressão, a ser usado no cálculo, será suposto


como uma simplificação,
fcd: resistência de cálculo à compressão do concreto
f
f cd  ck . , c = coeficiente de ponderação das resistências
c

c = 1,2 combinações especiais ou construção


= 1,4 combinações normais

c é parte integrante do critério de segurança (será visto mais a frente)

Sob o efeito de cargas de longa duração, o concreto romperá a tensões menores do


que fc. Este efeito é chamado de efeito Rusch. A NBR 6118 leva este efeito em
consideração no fator 0,85 fcd.
2.4.5 MÓDULO DE ELASTICIDADE

Tensão
t

E ci  tg i
E cs  tg s
E ct  tg t
s

Deformação
i

Figura 2.13 - O gráfico acima mostra a curva tensão x deformação do concreto mostrando o módulo
de elasticidade longitudinal à compressão para vários pontos.

(NBR6118:2003 - item 8.2.8) Na falta de determinação experimental, pode-se estimar


o valor do módulo de elasticidade inicial Eci a partir de:

Eci   E 5600. f ck (para fck de 20MPa a 50 MPa)

1/ 3
f 
Eci  21,5.10 3  E  ck .  1,25  (para fck de 55MPa a 90 MPa)
 10 

sendo:

E é função do tipo de agregado utilizado


= 1,2 para basalto e diabásio
= 1,0 para granito e gnaisse
= 0,9 para calcário
= 0,7 para arenito

Eci e fck são dados em MPa


O módulo de elasticidade secante a ser utilizado em análises elásticas de
projeto deve ser calculado pela expressão:

Ecs  tg s   i .Eci

sendo:

f ck
 i  0,8  0,2.  1,0
80

A NBR apresenta a seguinte tabela com valores arredondados que podem ser
utilizados no projeto estrutural

2.5 DURABILIDADE

Para garantir uma adequada durabilidade a uma estrutura de concreto armado, o


projetista deve considerar o nível de agressividade do meio ambiente onde a obra vai
ser executada, adotar um cobrimento mínimo de concreto e especificar parâmetros
para a dosagem do concreto tais como, relação a/c, módulo de elasticidade do
concreto, dimensão máxima do agregado graúdo e tipo de cimento. Os capítulos
seguintes tratarão destes assuntos com mais detalhes.
3. AÇO

3.1 INTRODUÇÃO

O aço é utilizado em estruturas principalmente para suprir a baixa resistência a tração


apresentada pelo concreto. No entanto, como o aço resiste bem tanto a tração quanto
à compressão, poderá absorver esforços também em regiões comprimidas do
concreto. Os aços para concreto armado são fornecidos sob a forma de barras e fios
de seção circular, com propriedades e dimensões padronizadas pela norma NBR 7480
da ABNT.

3.1.1 DIÂMETRO NOMINAL ()

É o número correspondente ao valor, em milímetros, do diâmetro da seção transversal


do fio ou da barra.

3.1.2 CLASSIFICAÇÃO

Os aços para concreto armado são classificados de acordo com a sua bitola, sua
resistência característica e o processo empregado em sua fabricação.

BARRAS: produtos de diâmetro nominal 5,0 ou superior, obtidos exclusivamente por


laminação a quente,

FIOS: aqueles de diâmetro nominal 10,0 ou inferior, obtidos por trefilação ou processo
equivalente.

TELAS: formadas por fios soldados nos pontos de cruzamento.

De acordo com o valor característico da resistência de escoamento, as barras de aço


são classificadas nas categorias CA-25 e CA-50 e os fios de aço na categoria CA-60.
3.1.3 BARRAS DE AÇO
As barras de aço são obtidas por laminação a quente. São caracterizadas por

apresentarem patamar de escoamento bem definido no diagrama  x . A resistência


elevada é obtida pela adição de elementos como C, Mn, Si e Cr.

Tensão
B
fm
C

f yk A

Deformação
Figura 3.1 - Diagrama tensão x deformação de barras, mostrando o limite de
escoamento/proporcionalidade (A), o limite de resistência (B) e o limite de ruptura (C).

3.1.4 FIOS DE AÇO


Obtidos geralmente por trefilação. Este tipo de aço não apresenta nos ensaios
patamar de escoamento bem definido. O limite de escoamento é estabelecido
convencionalmente como sendo a tensão que produz uma deformação permanente de
0,2 %.
Tensão

C
fm
D
f yk B

f yp A

0,2%
Deformação

Figura 3.2 - Diagrama tensão x deformação de fios. “A” representa o limite de proporcionalidade, “B”
o limite escoamento, “C” o limite de resistência, e “D” o limite de ruptura.
3.2 DESIGNAÇÃO

A designação dos aços para concreto armado deve apresentar a sigla CA, seguida da
resistência característica de escoamento.

Exemplo: “CA - 50”


“CA”: iniciais de concreto armado
“50”: resistência característica de escoamento em kN/cm2 (fyk = 500 MPa)

3.3 MASSA, COMPRIMENTO E TOLERÂNCIA

A massa real das barras deve ser igual à sua massa nominal, com tolerância de  6 %
para diâmetro igual ou superior a 10,0 e de  10 % para diâmetro inferior a 10,0; para
os fios, essa tolerância é de  6 %. A massa nominal é obtida multiplicando-se o
comprimento da barra ou do fio pela área da seção nominal e pela sua massa
específica = 7850 kg/m3.

O comprimento normal de fabricação das barras e fios é de 11m a 12m e a tolerância


de comprimento é de 9 %. Permite-se a existência de até 2 % de barras curtas, porém
de comprimento não inferior a 6m.

Tabela 3.1 - Características de fios e barras (NBR 7480 - Tabela 1 do anexo B)

DIÂMETRO NOMINAL (mm) VALORES NOMINAIS


MASSA POR
FIOS BARRAS ÁREA DA SEÇÃO UNIDADE DE PERÍMETRO
(mm2) COMPRIMENTO (mm)
(kg/m)
3,4 9,1 0,071 10,7
4,2 13,9 0,109 13,2
5,0 5,0 19,6 0,154 17,5
6,0 - - - -
- 6,3 31,2 0,245 19,8
8,0 8,0 50,3 0,395 25,1
10,0 10,0 78,5 0,617 31,4
12,5 122,7 0,905 39,3
16,0 201,1 1,578 50,3
20,0 314,2 2,466 62,8
25,0 490,9 3,853 78,5
32,0 804,2 6,313 100,5
40,0 1256,6 9,865 125,7
3.4 CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DAS BARRAS COM NERVURAS

Barras CA 25 – lisas

Barras CA 50 e CA 60 – nervuras e entalhes

A configuração das nervuras deve ser tal, que não permita a movimentação da barra
dentro do concreto.
3.5 RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA

O valor da resistência característica do aço (fyk) é o valor mínimo estatístico acima do


qual ficam situados 95% dos resultados experimentais. A resistência característica do
aço é a mesma para tração e compressão, desde que seja afastado o perigo de
flambagem.

f yk  f ym  165
, . Sn
N (Freqüência)

95%

5%

f yk 1.65 Sn f yj f y (Resistência)

Figura 3.4 - Distribuição normal para a resistência do aço, mostrando a resistência média (fym) e a
resistência característica (fyk).

3.6 RESISTÊNCIA DE CÁLCULO (Estado limite último)

A resistência de cálculo do aço é obtida através da aplicação de coeficientes de


minoração pelas mesmas razões já apresentadas para o concreto, ressaltando-se
ainda o problema da oxidação do aço antes do seu uso e precisão geométrica das
armaduras. No entanto, os valores são menores que os empregados para o concreto,
já que o processo de fabricação do aço apresenta um controle de qualidade superior.
Para fins de projeto usa-se:
f yk f yck
f yd  (Tração) e f ycd  (Compressão)
s s
Em geral o coeficiente de minoração s (ou de ponderação) vale:
 s = 1,15
3.7 DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO SIMPLIFICADO PARA PROJETO

No cálculo pode-se utilizar o diagrama simplificado para os aços com ou sem patamar
de escoamento. Este diagrama é válido para intervalos de temperatura entre –20o C e
150o C e pode ser aplicado para tração e compressão.

fyd
 yd  com Es = 210.000 MPa
Es

Figura 3.5 - Diagrama tensão x deformação simplificado para os aços.

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