Você está na página 1de 67

Notas de Aula

ST420 - MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO 2

CESET / UNICAMP

CONCRETO - QUALIDADE, CLASSIFICAÇÃO E


PROPRIEDADES

Rogério Durante
Limeira/2000
1. INTRODUÇÃO

O concreto é sem dúvida o material mais utilizado na construção. Composto basicamente de


cimento Portland, areia, brita e água, tem emprego freqüente em estruturas, pavimentação,
obras de arte, pré-fabricados, etc.
Apesar de não ser tão resistente quanto o aço, o concreto é mais usado nas obras de
engenharia por várias razões, dentre elas:

Excelente resistência à água


Ao contrário do aço e da madeira, o concreto pode ser empregado nas estruturas em
contato com a água sem sofrer danos. Produzido com cimentos especiais (resistentes à
sulfatos) torna-se imune a ação de meios agressivos encontrados em efluentes industriais e
esgotos domésticos.

Facilidade de Moldagem
No estado fresco, o concreto pode ser empregado para moldar peças estruturais de formas
e tamanhos variados, fluindo com relativa facilidade pelas armaduras e formas.

Menor custo
Os componentes básicos do concreto são de fácil obtenção e relativamente baratos
resultando valores entre 25 e 40 dólares por tonelada, conforme a região. Além disso, o
consumo de energia para a produção do concreto é baixo, se comparado à fabricação de
outros materiais de engenharia.

O concreto estrutural pode ser empregado isoladamente, sem reforços de armaduras e


neste caso é chamado de concreto simples. Freqüentemente, nas estruturas, o concreto é
empregado com reforço de armaduras, posicionadas criteriosamente ao longo das peças
estruturais. Quando esta armadura é alojada nas peças estruturais sem prévio alongamento,
temos o concreto armado e o desempenho da estrutura dependerá da aderência entre o
concreto e armadura. Quando as armaduras introduzem tensões de compressão na
estrutura, capazes de impedir ou limitar a fissuração e o deslocamento da estrutura tem-se o
concreto protendido.

2
Concreto Simples

Figura 1 – Estruturas de Concreto Simples

Concreto Armado

Figura 2 – Estruturas de Concreto Armado

3
Concreto Protendido

Figura 3 – Estruturas de Concreto Protendido

2. QUALIDADE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO

Para que a estrutura de concreto possa atender as expectativas da fase de projeto é


imprescindível que se adote um sistema de garantia da qualidade que defina os
procedimentos, especificações e responsabilidades de todos os envolvidos na produção e
utilização do edifício.
Neste sistema devem ser considerados:

1. Planejamento
2. Projeto
3. Materiais e componentes
4. Armazenamento de materiais e componentes
5. Execução
6. Operação e Manutenção

2.1. Planejamento
A estrutura de concreto deve permitir o alojamento das instalações (hidráulicas, elétricas,
comunicações, ar condicionado, incêndio, etc.) segundo diretrizes pré-estabelecidas no
projeto de arquitetura que determinará o tipo de estrutura com vigas, lajes plana, rigidez do
conjunto, etc.

4
2.2. Projeto
São necessárias recomendações que estabeleçam o padrão de detalhamento exigido
(projeto, detalhamento, memoriais descritivos), as normas que deverão ser contempladas e
exigências relativas à estrutura em estudo. Estas recomendações assim como as do
planejamento devem orientar o projeto da estrutura e seu recebimento pelo contratante.

2.3. Qualificação dos Materiais


Em relação aos materiais, devem ser empregados procedimentos para garantir a qualidade
dos produtos utilizados na obra. A qualificação de fornecedores é indispensável antes da
aquisição dos materiais e, nesta etapa, é recomendável exigir-se ensaios dos fornecedores
que atestem a conformidade dos materiais.

2.4. Recebimento e armazenamento de materiais


Após a qualificação dos fornecedores, inicia-se a aquisição de materiais e, neta etapa, serão
necessários documentos indicando os procedimentos exigíveis para o recebimento e
armazenamento. Alguns materiais podem necessitar de ensaios laboratoriais para a
liberação enquanto que, para outros, uma simples verificação visual pode ser suficiente para
comprovar se o produto recebido atende às exigências mínimas.

2.5. Execução da Estrutura


As recomendações quanto à execução das estruturas deverão contemplar as normas em
vigor e as técnicas recomendadas para o emprego do concreto em estruturas .
Devem ser definidos os ensaios exigíveis, as tolerâncias para desvios na execução, o nível
de controle, as ferramentas empregadas para a execução e inspeção como: esquadro , fio
de prumo, régua de nível, nível de mangueira, laser, etc.

2.6. Operação e Manutenção


São necessárias recomendações que orientem o contratante na utilização adequada do
edifício, prevenindo acidentes por ações inadvertidas e descrevendo as ações de
manutenção necessárias para o prolongando a vida útil da edificação.
Estatísticas internacionais indicam que de 8 a 10% dos defeitos nas edificações decorrem
do uso inadequado.
Estes documentos devem incluir recomendações que facilitem os reparos estabelecendo os
procedimentos necessários para garantir o funcionamento do conjunto do edifício. Devem
estar ao alcance dos proprietários, usuários e administradores da edificação

5
2.7. Segurança das Estruturas de Concreto
A norma brasileira de execução de obras de concreto armado NBR6118/78 (em processo de
revisão) considera as resistências e ações como variáveis aleatórias, admitindo-se uma
distribuição estatística que resulta no valor característico. Para variáveis com distribuições
complexas ou desconhecidas, adota-se coeficientes de ponderações parciais.
As ações são tratadas pelo coeficiente de majoração γf . Os coeficientes de majoração (γm)
englobam os materiais e a qualidade da execução da estrutura.

AÇÕES RESISTÊNCIAS

VARIÁVEIS
ALEATÓRIAS

γf → Ações
γm → Resistências
γf = 1,4 - coeficiente de majoração das ações
γc = 1,4 - coeficiente de minoração da resistência do concreto
γs = 1,15 - coeficiente de minoração resistência do aço

A resistência característica do concreto ou aço corresponde ao quantil de 5% de uma


distribuição normal de freqüências.

quantil de 5% de uma distribuição


normal de
freqüências
RESISTÊNCIA
CARACTERÍSTICA

O coeficiente de minoração γ do concreto, resulta de outros 3 coeficientes parciais


γc = γc1 + γc2 + γc3
γc1 - considera a real variabilidade intrínseca do concreto
γc2 - considera as diferenças entre a produção da estrutura e dos corpos-de-prova
γc3 - considera eventuais defeitos localizados

6
Os corpos de prova são moldados e curados em condições padronizadas próximas das
ideais e, portanto, sua resistência não correspondem exatamente a do concreto da estrutura.
A resistência à compressão dos corpos-de-prova mede o potencial da mistura empregada,
traduzindo o máximo valor possível caso a manipulação e cura fossem ideais.

Figura 4 – Simplificação do Modelo Semi-Probalístico conforme a NBR6118/78

7
3. CLASSIFICAÇÃO DO CONCRETO

3.1. Classe
Segundo a NBR8953 - Concreto para fins estruturais - Classificação por grupos de
resistência, o concreto utilizado para estruturas deve pertencer a uma das seguintes
classes: C15, C20, C25, C30, C35, C40, C45 e C50. Os números referentes a cada classe
indicam a resistência característica à compressão em MPa, para a idade de 28 dias. A
Norma NBR6118, determina que para concretos com armadura passiva (concreto armado),
o valor mínimo da resistência característica à compressão deve ser de 20MPa, e naqueles
onde há armadura ativa (concreto protendido), este valor não deve ser inferior a 25MPa.
Concretos C15 (Revisão da NBR6118) somente serão empregados em fundações e
estruturas provisórias.
O concreto tem boa resistência à tensões de compressão e nas estruturas é responsável por
resistir aos esforços que produzem compressão.
Por esta razão, os projetos de estruturas especificam a resistência à compressão, que na é
obtida em laboratório através de ensaios de ruptura à compressão de corpos de prova
cilíndricos (NBR5739), moldados com o concreto coletado na obra, conforme a NBR5738.
Quando se fala da resistência de um concreto sem especificar a sua idade, deduz-se que o
ensaio foi realizado aos 28 dias.
A evolução da resistência à compressão pode ser estimada, em caráter orientativo,
conforme a NBR6118, conforme a tabela abaixo:

Relações fcj/fc , admitindo cura úmida em temperatura de 21ºC a 30ºC

Cimento
IDADE
(dias)
Portland
3 7 14 28 63 91 120 240 360 720

CPIII
0,46 0,68 0,85 1 1,13 1,18 1,21 1,28 1,31 1,36
CPIV
CPI
0,59 0,78 0,90 1 1,08 1,12 1,14 1,18 1,20 1,22
CPII
CPV 0,66 0,82 0,92 1 1,07 1,09 1,11 1,14 1,16 1,17

CPI - Cimento Portland Comum; CPII - Cimento Portland Composto; CPIII -


Cimento Portland de Alto Forno; CPIV - Cimento Portland Pozolânico; CPV -
Cimento Portland de Alta Resistência Inicial;

8
3.2. Massa Específica
A massa específica dos concretos no estado sólido varia de 2000Kg/m3 a 2800Kg/m3.
Usualmente, adota-se o valor de 2400Kg/m3, para efeito de cálculo, quando não se conhece
a massa específica do concreto simples e, 2500Kg/m3 para o concreto armado. Os
concretos leves têm massa específica entre 1600Kg/m3 e 2000Kg/m3 e podem ser
aplicados em peças estruturais, enchimento de pisos, lajes e painéis pré-fabricados.
Os concretos pesados têm massa específica entre 3200Kg/m3 e 3750Kg/m3 e são
utilizados em câmaras de raios X ou gama, paredes de reatores atômicos, contra-peso, lajes
de sub-pressão.

3.3. Composição
Na composição do concreto endurecido encontram-se os sólidos da pasta de cimento,
agregados, ar incorporado e água. A pasta de cimento representa de 25% a 40% do volume
total do concreto sendo que o cimento constitui de 7% a 15% (220 Kg/m3 a 470Kg/m3) e a
água de 16% a 21% (160l/m3 a 210l/m3).
Os agregados constituem de 60% a 80% do volume do concreto e têm grande influência nas
propriedades do concreto endurecido, exigindo cuidados relativos à suas propriedades
(granulometria, forma dos grãos, absorção d’água) e impurezas presentes.

Figura 5 – Composição do Concreto

Para se obter concreto com uma trabalhabilidade adequada, utiliza-se uma quantidade de
água muito superior à necessária para a hidratação do cimento. Mas se o acréscimo de
água melhora a trabalhabilidade do concreto fresco, por outro lado, reduz a resistência à
compressão, aumenta a permeabilidade, fator este que reduz a durabilidade do concreto
endurecido. O ajuste preciso da quantidade de água utilizada no amassamento do concreto
é de fundamental importância para se obter um concreto de boa qualidade.

9
4. PROPRIEDADES DO CONCRETO ENDURECIDO

4.1. Resistência do Concreto

4.1.1. Determinação da Resistência à Compressão


A resistência à compressão, como já abordamos anteriormente, é a propriedade de maior
interesse no estudo e aplicação do concreto em estruturas. Ela é determinada através de
ensaios de corpos-de-prova cilíndricos com 15cm de diâmetro e 30 cm de altura , conforme
as normas NBR5738 - Moldagem e cura de corpos-de-prova cilíndricos ou prismáticos
de concreto, e NBR5739 - Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos.
O valor da tensão de ruptura à compressão (fc) dos corpos-de-prova é obtido pela
expressão:

P
fc =
A

Onde:
fc - tensão de ruptura à compressão do CP (MPa)
P - Valor da carga de ruptura
A - Área da seção transversal do CP

Figura 6 – Ruptura do Concreto à Compressão

4.1.2. Determinação da Resistência à Tração


Embora a resistência à tração do concreto seja baixa e até ignorada nos projetos de
edificações, seu valor pode ser útil nos serviços em que estejam previstas retrações
decorrentes de variação de umidade e temperatura.

Figura 7 – Determinação da Resistência à tração por Compressão Diametral

10
Nestes casos adota-se o ensaio desenvolvido pelo engenheiro brasileiro Lobo Carneiro,
conforme a NBR7222 - resistência à tração simples de argamassa e concreto por
compressão diametral de corpos-de-prova cilíndricos. Sob a ação da carga vertical P,
surgem tensões horizontais de tração, que são determinadas pela expressão abaixo:
Onde:
2P
fts - tensão de ruptura à tração do CP (MPa)
fts =
πDL P - Valor da carga de ruptura
D - diâmetro do CP
L - comprimento do CP

Outro ensaio que permite avaliar a resistência à tração do concreto é o ensaio de flexão de
prismas. Utilizam-se dois tipos de carregamentos, como segue:

Figura 8 – Determinação da Resistência à tração por Flexão de Prismas

Neste ensaio, como se considera uma relação tensão de deformação linear ao longo de toda
a seção da viga, os valores da resistência à tração obtidos, tendem a ser superestimados.
Relação entre as resistências à Resistência à tração do concreto em função
compressão, flexão e tração no da resistência à compressão
concreto (MPa) (MPa)
Tração na Tração
Compressão
flexão direta
71 1,6 0,8
14 2,6 1,4
21 3,3 1,9
28 4,0 2,3
34 4,7 2,8
41 5,3 3,2
48 5,9 3,6
55 6,4 4,0
62 7,0 4,3

O ensaio de flexão é utilizado com freqüência para o controle do concreto e rodovias e


pavimentos de aeroportos, onde as solicitações de flexão são mais acentuadas que as de
tração axial.
4.1.3. Forma de Ruptura do Concreto
Ruptura à compressão de concretos de baixa resistência ou média resistência fc ≤ 40MPa

11
Modo de ruptura verdadeiro Modo de ruptura Falso
Figura 9 – Forma de Ruptura à Compressão do Concreto

O carregamento do corpo-de-prova provoca o aparecimento de fissuras, cuja orientação


segue a mesma orientação das tensões de compressão. Próximo aos pratos da prensa, por
ação de forças de atrito, a ruptura ocorre em forma de cone. A ruptura real, sem ação das
tensões de atrito criadas pelo contato dos pratos, seria conforme indica a figura abaixo.

Modo de ruptura verdadeiro Modo de ruptura Falso


Figura 10 – Forma de Ruptura à Compressão do Concreto

4.2. Fatores que Influenciam na Resistência do Concreto

12
4.2.1. Relação água/cimento
A relação entre a quantidade de água e a quantidade de cimento utilizados num concreto é
comumente conhecida como relação água/cimento. A resistência de um concreto depende
principalmente da resistência da pasta, além da aderência da pasta ao agregado e outras
propriedades de agregado. O excesso de água no concreto resultará numa pasta mais
porosa e, conseqüentemente, em menor resistência à compressão, além de menor
aderência entre a pasta e o agregado. Daí a importância da relação água/cimento no estudo
da resistência do concreto.
A expressão conhecida como lei de Abrams permite avaliar a resistência do concreto em
função da relação água/cimento.
Onde:

A R – Resistência à compressão do concreto


R = A e B – constantes empíricas
Bx x – relação água/cimento

Figura 11 – Resistência à compressão X Relação água cimento e adensamento

13
Figura 12 – Relação água/cimento - resistência à compressão de cimentos brasileiros

4.2.2. Grau de Hidratação


Na hidratação do cimento, os cristais originados constituem um sólido resistente chamado
de gel de silicato de cálcio hidratado. O volume do produto de hidratação pode ser 100%
maior que o volume do sólido de cimento, antes da hidratação. O resultado é que os
fenômenos que conduzem ao endurecimento e à evolução da resistência do concreto,
provocam do entrelaçamento dos cristais que vão se expandindo dentro dos limites da
pasta, com a evolução da hidratação.

14
Figura 13 – Modificações do volume do gel a partir da hidratação (Esquematicamente)

4.2.3. Tipo e Teor de Cimento


O cimento é sem dúvida o componente que mais influi na resistência de um concreto. Dentre
as características do cimento que interferem na resistência estão:
• Finura
• Composição química
C4AF - Ferro aluminato
tetracálcio
4CaO . Al2O3 . Fe2O3

C3A - Aluminato tricálcio


3CaO . Al2O3

C2S - Silicato dicálcio


2CaO . SiO2

C3S - Silicato tricálcio


3CaO . SiO2

Figura 14 – Influência dos compostos do cimento na evolução da Resistência à Compressão

Os grãos mais finos hidratam com mais velocidade influenciando nas resistências iniciais e
pouco nas resistências em longo prazo.
Os compostos C3A e C4AF hidratam primeiro mas pouco interferem na resistência do
concreto. Já o C3S hidrata com maior velocidade, desenvolvendo a resistência nas primeiras
idades . O C2S tem grande influência na resistência, mas de forma mais lenta.

15
4.2.4. Qualidade da Água
Algumas impurezas presentes na água podem prejudicar a pega do cimento ou a resistência
do concreto. Em geral, a água potável é considerada adequada à produção do concreto,
desde que isenta de açúcar e citratos. A utilização de águas agressivas no amassamento do
concreto deve ser estudada com cuidado, levando-se em consideração seus efeitos na pega
do cimento, na resistência do concreto e na corrosão das armaduras. Para peças em
concreto protendido, o emprego de água do mar é proibido.
O pH recomendado para a água de amassamento deve estar entre 5 a 8.

4.2.5. Influência do Agregado

Aderência da pasta/agregado
A ligação entre a pasta e o agregado depende da textura superficial e da composição
química de seus grãos. Sabe-se que grãos com maior rugosidade superficial aumentam a
resistência à compressão e à flexão do concreto.
Para agregados derivados de basalto, cuja composição apresenta maiores teores de sílica,
obtém-se melhores resultados de aderência.

Tamanho do Grão
No quadro a seguir, observa-se a influência do tamanho do grão na resistência do concreto.
Para concretos de elevada resistência à compressão, dimensão máxima acima de 38mm,

Figura 15 – Resistência à compressão X Dimensão do agregado para consumos diferentes de cimentos

16
pode conduzir a resultados desfavoráveis, principalmente porque grãos maiores têm menor
área de contrato agregado/pasta e, conseqüentemente, as tensões de contato são mais
elevadas; a descontinuidade granulométrica é outra explicação para esta redução de
resistência, por aumentar a heterogeneidade do concreto.

Resistência do Grão
Os agregados mais resistentes produzem, para uma mesma relação água/cimento,
concretos mais resistentes.

Módulo de Deformação do Grão


Quanto maior a rigidez do agregado, maior será a parcela das cargas externas absorvidas
por ele. Isto alivia o efeito das cargas externas sobre a pasta, resultando no aumento das
resistência do concreto.

4.2.6. Influência da Idade


A resistência do concreto cresce com sua idade, com velocidade distinta para cada tipo de
cimento.
Desenvolvimento da resistência para cimentos

IDADE Coeficiente σcj / σc28


(j dias) CPII CPIII
3 0,51 0,35
7 0,73 0,57
28 1,00 1,00
60 1,11 1,20
90 1,19 1,28

4.2.7. Influência da Cura


A função da cura é manter o concreto saturado, ou o mais próximo possível da saturação,
até que o espaço ocupado pela água da pasta do cimento tenha sido preenchido, no volume
desejado, pelos produtos da hidratação do cimento13.
Em outras palavras, a cura representa todos os cuidados adotados para facilitar a hidratação
do cimento, como o controle da temperatura e da umidade.
A saturação completa do cimento Portland exige, de água, cerca de 40% do total de sua
massa. Cerca de 23% desta água é quimicamente combinada para a formação dos
chamados produtos de hidratação e o resto fica fisicamente absorvido na superfície das

17
partículas do gel. Normalmente o concreto é feito com relação a/c superior a 0,4 e contém ,
por conseguinte, mais água do que á necessária para a hidratação do cimento.
Conseqüentemente, nessas condições, a hidratação se processará ininterruptamente, desde
que o concreto não venha a se ressecar 14.
Observa-se que o progresso da resistência é função não apenas da idade, como também da
temperatura a que se submete o concreto. Chama-se de maturidade a somatória do
produto idade x temperatura, expressa em ºC horas ou ºC dias.

Como mostra a equação abaixo a resistência é uma função da maturidade do concreto.

fc = f( Σ θ . t )
Onde:
θ = temperatura em ºC
t = tempo em horas ou dias

Uma alternativa para acelerar o desenvolvimento da resistência é a elevação da temperatura


promovendo a cura do concreto com vapor.
Existe ainda outros processos que podem elevar a temperatura para aumentar a resistência,
como por exemplo: a combustão de gases, aquecimento elétrico e radiação infravermelha.

4.2.8. Influência relativa ao Ensaio

Figura 16 – Relação altura/diâmetro do corpo-de-prova cilíndrico X tensão de ruptura

Dentre os fatores que mais influenciam nos resultados de ensaios, destacam-se:

18
• Moldagem dos corpos de prova
• Forma e dimensões dos corpos de prova
Na moldagem dos corpos-de-prova o adensamento inadequado é o grande responsável por
desvios obtidos nos valores de resistência (NBR5738).
No Brasil, os corpos de prova padrão para ensaios à compressão do concreto são cilíndricos
com diâmetro de 15cm e altura de 30cm.

Figura 17 – Capeador para corpos-de-prova cilíndricos

19
Outro fator importante para a precisão dos ensaios é o acabamento dos topos dos Corpos-
de-prova. A superfície que ficará em contato com os pratos da prensa deve ser plana e
normal à geratriz do cilindro.
Pode -se obter este acabamento utilizando-se uma mistura de enxofre e caulim ou cimento e
5% a 10% de negro-de-fumo, utilizando-se um capeador apropriado como indica a figura 17.

4.3. Deformações do Concreto

As variações do volume do concreto podem ser causadas por mudanças do teor de água,
(higrométricas), reações químicas, variação de temperatura (térmicas) ou pela ação de
cargas (mecânicas).

4.3.1. Retração
A retração do concreto é a redução do volume de forma reversível ou não, em razão da
redução do teor de água.
Quando a retração ocorre no concreto ainda fresco minutos após o adensamento, ela é
chamada de retração plástica e freqüentemente é acompanhada por abertura de fissuras.
A umidade do ar, a temperatura, a velocidade do vento e o volume da concretagem são
fatores que influenciam neste tipo de deformação.
Quando a retração resulta do movimento da água na pasta já endurecida é chamada de
retração hidráulica podendo atingir valores da ordem de 800x10-6 para umidades relativas
entre 25% e 50%. A finura do cimento, concentração dos agregados, relação água/cimento,
condições de cura e as dimensões da peça concretada são fatores que influenciam neste
tipo de deformação.
A retração pode ocorrer, também, em razão da hidratação contínua do cimento,
principalmente em grandes massas de concreto e em peças com dimensões transversais
acima de 30cm. Este tipo de retração é chamado de retração autógena e atinge valores em
torno de 400x10-6 até a idade de 60 dias, quando se estabiliza.
A combinação do CO2, da atmosfera, com compostos hidratados do cimento, como o
Ca(OH)2, resulta produtos sólidos de volume menor. Isto provoca a retração por
carbonatação, que atinge valores em torno de 800x10-6.

20
4.3.2. Dilatação Térmica
Como o coeficiente de dilatação térmica da pasta cimento é maior que o dos agregados, o
coeficiente de dilatação térmica da mistura é tanto menor, quanto maior for a concentração
dos agregados.
Coef. Dilatação Térmica
Pasta de cimento 11 a 20 x 10-6/ºC
Agregado 5 a 13 x 10-6/ºC

4.3.3. Deformações devidas à ação de carregamentos

Módulo de deformação
A relação entre a tensão de compressão aplicada ao concreto e a deformação decorrente é
chamada de módulo de deformação e, expressa a sua rigidez.

σ
Ec =
ε

O diagrama tensão-deformação do concreto não é linear e seu módulo de deformação deve


ser estimado, uma vez que é um parâmetro importante no projeto de estruturas de concreto.

Figura 18 – Caracterização dos módulos de deformação

21
Figura 19 – Tensão-deformação da pasta de cimento, do agregado e do concreto

Dentre os fatores que influenciam no módulo de deformação do concreto estão: o módulo de


deformação do agregado, a concentração de agregado e a resistência do concreto.

Módulo de Poison
A relação entre a deformação transversal e a deformação longitudinal é chamada de
coeficiente de Poison. Para o concreto a NBR6118 recomenda o valor de 0,2, para as
deformações elásticas.

εx
ν =
εy
Onde:
ν – Módulo de Poison
εx – deformação transversal
εy - deformação longitudinal
Figura 20 – Módulo de Poison

Fluência
O aumento da deformação decorrente da ação de tensões constantes ao longo do tempo é
chamado de fluência. Do mesmo modo que a retração hidráulica, a fluência é parcialmente
recuperável.
O aumento da deformação decorrente da ação de tensões constantes ao longo do tempo é
chamado de fluência. Do mesmo modo que a retração hidráulica, a fluência é parcialmente
recuperável.

22
Figura 21 – Fluência de uma pasta de cimento e sua recuperação em equilíbrio higrométrico com o
ambiente em que se encontra

Quando se procede ao descarregamento, observa-se uma redução instantânea da


deformação devida à recuperação elástica. A recuperação instantânea é seguida de uma
gradual redução de deformação com conseqüente recuperação da fluência.
Dentre os fatores que contribuem para a fluência do concreto destacam-se:
ƒ Temperatura elevada e baixa umidade relativa;
ƒ Baixa resistência da pasta;
ƒ Baixa concentração de agregados.

4.4. Permeabilidade do Concreto

A permeabilidade pode ser definida como a facilidade com que um fluido pode escoar
através de um corpo sólido. Tanto a pasta de cimento como os agregados têm alguma
porosidade e, o próprio concreto contém vazios decorrentes da dificuldade de adensamento
que variam de 1% a 10% da mistura.
Sabe-se que o movimento da água através de uma parede de concreto ocorre pelo
gradiente de umidade entre os dois lados, ou por efeito osmótico, e não apenas pela altura
piezométrica.
A permeabilidade é uma propriedade de grande importância na durabilidade das estruturas
de concreto, particularmente naquelas em contato com a água.

4.4.1. Influência do grau de hidratação e da composição da pasta


Para um mesmo grau de hidratação, a permeabilidade do concreto é menor quanto menor
for a relação água/cimento. Quanto maior o grau de hidratação da pasta, com o passar do

23
tempo, menor o espaço disponível para o gel e, conseqüentemente, menor a
permeabilidade. Para que isso ocorra, é fundamental a cura do concreto.
A composição do cimento tem influência na velocidade de hidratação e, somente neste
aspecto afeta permeabilidade. Sabe-se que, para uma mesma relação água/cimento,
cimentos com menor área específica produzem concretos com mais porozidade que
cimentos mais finos.

4.4.2. Influência do agregado


Se o agregado de um concreto tem baixa permeabilidade a área onde o fluxo de água pode
ocorrer é reduzida e, sua presença prolonga o trajeto do fluxo, forçando-o a circunscrever as
partículas do agregado, contribuindo para a redução da permeabilidade.
Para reduzir o volume de vazios do agregado, granulometrias descontínuas são mais
indicadas, embora possam produzir problemas em sua trabalhabilidade.
Concretos impermeáveis podem necessitar de uma quantidade de finos maior que a
usualmente tolerada nos concretos normais. Neste caso, deve ser estudada o teor de finos
necessário, a forma de seus grãos e seu comportamento quando da adição da água.

4.5. Durabilidade do Concreto

A durabilidade representa o tempo de vida útil de um material exposto a determinadas


condições ambientes. No caso das estruturas de concreto, estima-se que as edificações
durem de 20 a 30 anos, até serem substituídas por outras. Já as obras como barragens,
pontes e túneis, são projetadas e construídas para atingir acima de 100 anos.
Por se tratar de um material alcalino, o concreto é atacado em meios ácidos. A própria
atmosfera, nos centros urbanos, pode constituir um meio agressivo, uma vez que a
concentração de poluentes provoca chuvas ácidas ou em dias de muita umidade, uma
névoa com altos níveis de acidez.
As ações mecânicas, físicas e químicas atuando de forma isolada ou combinada por meio
do intemperismo natural ou resultante de resíduos industriais, contribuem para a redução da
vida útil do concreto.
A redução da permeabilidade do concreto é, portanto, uma medida importantíssima do ponto
de vista do aumento da durabilidade do concreto. O emprego de cimentos resistentes a
sulfatos e com baixos teores de C3A, também aumentam a vida útil do concreto.

24
5. PROPRIEDADES DO CONCRETO FRESCO

Entende-se com concreto fresco, o concreto no estado plástico, antes do endurecimento.


Ainda que suas propriedades no estado fresco sejam de maior interesse para a aplicação,
sabe-se que elas estão relacionadas e têm grande implicação nas propriedades do concreto
endurecido. Algumas propriedades do concreto endurecido dependem fundamentalmente de
suas características enquanto no estado fresco.

5.1. TRABALHABILIDADE

A trabalhabilidade é a propriedade mais importante do concreto fresco e engloba diversas


características de difícil avaliação quantitativa. Um concreto é considerado trabalhável
quando apresenta características (consistência e dimensão máxima do agregado)
adequadas à obra a que se destina (dimensões das peças, espaçamento e distribuição das
armaduras) e ao método de lançamento, adensamento e acabamento empregado, sem
apresentar segregação ou exsudação, podendo ser adequadamente compactado e
envolvendo totalmente as armaduras.
O esforço para manipular uma quantidade de concreto fresco com perda mínima de sua
homogeneidade determina sua trabalhabilidade.
A consistência, medida pelo ensaio de abatimento do tronco de cone, indica a mobilidade e
fluidez do concreto. A dificuldade para adensar o concreto é determinada pelas
características de mobilidade e pela facilidade com que a eliminação de vazios pode ser
atingida, sem prejudicar sua estabilidade.
A estabilidade da mistura ou coesão indica a capacidade de retenção de água (oposta da
exsudação) e a capacidade de retenção do agregado graúdo na massa de concreto fresco
(oposto da segregação). Pode-se dizer que os dois componentes principais da
trabalhabilidade são a fluidez, que determina a facilidade de mobilidade e a coesão que
determina a resistência à exsudação e segregação da mistura.
Na prática, a definição do teor de água adequado tem grande importância na
trabalhabilidade do concreto fresco. Uma mistura muito seca exigirá o emprego excessivo de
energia no adensamento e poderá resultar no adensamento inadequado e em superfícies
mal acabadas. Por outro lado, uma muito úmida pode encarecer a mistura e provocar a
desagregação e enfraquecimento da estrutura concretada. Apesar disso, em geral, a falta de
água é mais prejudicial que um pequeno excesso.

25
O concreto fresco deve encher completamente as fôrmas e, além disso, possuir condições
para depositar-se sem perder a continuidade (uniformidade). A perda de continuidade ou
coesão decorre da separação dos constituintes da mistura de duas formas distintas.
Na primeira, os grãos maiores tendem a se separar dos demais quando o concreto é
transportado em calhas ou depositado nas fôrmas. Uma das causas desta segregação é a
diferença de tamanhos de grãos e da massa específica dos constituintes. Seu aparecimento
pode ser prevenido pela escolha conveniente da granulometria dos agregados e pelos
cuidados tomados nas operações de mistura, transporte, lançamento e adensamento do
concreto fresco.
EXSUDAÇÃO VISÍVEL
Em misturas muito plásticas, NA SUPERFÍCIE
observa-se a separação da pasta.
Este tipo de segregação observa-se
também quando da vibração muito
EXSUDAÇÃO EXSUDAÇÃO
intensa durante o adensamento do SOB SOB
concreto, que obviamente resultará AGREGADOS ARMADURAS
SENTIDO DA
num concreto descontínuo e mais EXSUDAÇÃO
fraco.
Na segunda forma de segregação, a
água da mistura tende a elevar-se
até a superfície do concreto recém FÔRMAS
lançado, fenômeno conhecido como Figura 22 – Exsudação: enfraquecimento da aderência
pasta-agregado
exsudação. Dos constituintes da
mistura, a água é o mais leve e sob a ação da gravidade os sólidos dispersos na mistura
tendem a se sedimentar enquanto que a água migra para a superfície. A exsudação decorre
da incapacidade dos agregados em reter a água na mistura. A água exsudada acumula-se
embaixo dos agregados maiores e embaixo das barras horizontais da armadura (figura 22),
quando esta existe. Este fenômeno, que ocorre particularmente na parte superior dos
elementos estruturais, tornando o concreto desta região mais poroso e enfraquecido. A
aderência da pasta ao agregado ou armadura fica prejudicada.
O conceito de trabalhabilidade envolve também características relativas à natureza da obra
em questão e aos métodos construtivos empregados. Um concreto adequado à
concretagem de peças de grandes dimensões e pouco armadas pode não o ser para peças
delgadas e muito armadas. Um concreto adequado para o adensamento com vibração,
dificilmente será adensado satisfatoriamente manualmente.
O quadro a seguir demonstra a influência do grau de compactação na resistência à
compressão do concreto.

26
Figura 23 – Relação entre os índices de resistência e de massas unitárias

MU
= Relação entre as massas unitárias e a correspondente máxima compactada
MU máx

R
= Relação entre as resistências e a correspondente máxima compactada
RMU máx

5.2. FATORES QUE INFLUEM NA TRABALHABILIDADE

5.2.1. Teor Água/Mistura Seca


Este é o principal fator que influi na consistência do concreto fresco. Para uma mesma
granulometria e consumo de cimento, o acréscimo gradual de água vai tornando a mistura
mais plástica. Quando a quantidade de água excede um certo limite, a pasta torna-se tão
fluida que se segrega da mistura. Neste estado, os grãos de agregado passam a atritar-se
diretamente uns sobre os outros, o que resulta em perda da fluidez e conseqüentemente da
trabalhabilidade.

5.2.2. Tipo e finura do Cimento


Para uma mesma consistência os cimentos Portland podem diferir quanto à necessidade de
água na mistura. Quanto maior o teor de cimento, tanto maior a quantidade de água
necessária. Concretos que possuam uma quantidade elevada de cimento ou cimento muito
fino apresentam excelente coesão, mas uma tendência a ser viscosos.

27
5.2.3. Granulometria e Forma do Grão
Admitindo-se mantidas as quantidades de cimento e água num concreto e variando-se a
proporção dos agregados, conforme segue:
a) 70% Areia e 30% Brita
b) 50% Areia e 50% Brita
c) 30 Areia e 70% Brita

Com o aumento da proporção de brita, a superfície total dos grãos diminui, o que contribui
para um melhor envolvimento dos grãos pela pasta e uma redução do atrito interno da
mistura; conseqüentemente o concreto fica mais plástico como ilustra a figura b. Se a
quantidade de brita aumentar excessivamente, a falta de argamassa criará vazios na mistura
permitindo o atrito direto das britas, resultando em grande perda da plasticidade com
dificuldades para o adensamento (figura 24c).

a) 70% Areia + 30% Brita b) 50% Areia + 50% Brita c) 30% Areia + 70% Brita

Figura 24 – Influência da granulometria

A forma do grão também tem influencia e sabe-se que as esféricas e cúbicas exigem menos
água para uma mesma consistência e, portanto devem ser preferidas.

5.2.4. Aditivos
O uso de aditivos redutores de água (plastificantes) para uma quantidade de água constante
pode aumentar o abatimento do concreto.
Os incorporadores de ar aumentam o volume da pasta e melhoram a consistência da
mistura. Este tipo de aditivo aumenta a coesão através da redução da exsudação e
segregação.

5.2.5. Tempo, Temperatura e Umidade Relativa do Ar


As misturas de concreto fresco enrijecem com o tempo. Isto não deve ser confundido com a
pega do cimento, pois resulta da absorção de parte da água pelo agregado e da evaporação
de outra parte, principalmente se o concreto é exposto ao sol, vento, temperaturas elevadas
e baixa umidade relativa do ar.

28
5.3. DETERMINAÇÃO DA CONSISTÊNCIA

ENSAIO DE ABATIMENTO DO TRONCO DE CONE

Este ensaio, embora não represente uma boa avaliação da trabalhabilidade, serve para a
análise da consistência de concretos plásticos. Ele não é indicado para concretos de
consistência muito seca ou fluida e tem como principal utilidade, controlar a uniformidade
entre as diversas amassadas.
O ensaio consiste em preencher um tronco de cone padrão com concreto fresco e, após o
preenchimento, remove-se o molde determinando-se o quanto o concreto abateu em
centímetros. Este parâmetro é conhecido como abatimento (Slump, em Inglês).

Figura 25 – Molde padrão para o ensaio de abatimento do tronco de cone

29
Procedimento do Ensaio

1- Ficar em pé sobre as duas 2- Preencher o segundo terço 3- Preencher o último terço do


abas do molde para mantê-lo do volume, fazendo a haste volume com excesso de
firme no chão. Encher o molde penetrar, mas não atravessar a concreto e, adensá-lo com
em 3 camadas de mesmo primeira camada, costurando golpes bem distribuídos,
volume compactando-as com as duas camadas em golpes costurando as duas camadas.
25 golpes bem distribuídos, bem distribuídos.
com a haste.

4- Rasar o concreto do topo do 5- Retirar os pés das abas 6- Colocar o tronco de cone
tronco de cone e limpar bem o mantendo pressionado o cone cuidadosamente, sem
excesso de concreto sobre a para baixo, com o auxílio das choques, sobre a placa de
base, deixando-a livre. mãos sobre as alças laterais. ferro da base, na posição
Retirar o molde verticalmente invertida. Apoiar uma régua no
lenta e continuamente. Toda a fundo do tronco de cone e com
operação do ensaio deve ser o auxílio de uma escala medir
realizada num período máximo o abatimento do concreto.
de 2,5 min. Caso ocorra o
desmoronamento ou a parte
superior do tronco de cone
fique muito fora de nível, a
operação completa deve ser
repetida, agora com um novo
concreto fresco.

30
A tabela a seguir, indica os limites de consistência em função da aplicação e tipo de
adensamento do concreto:
ABATIMENTO
CONSISTÊNCIA OBRA/ADENSAMENTO
(mm)
Pré-fabricação. Condições especiais de
Extremamente seca 0
adensamento
Grandes massas; pavimentação
Muito seca 0
Vibração muito enérgica
Estruturas de concreto armado ou protendido.
Seca 0 a 20
Vibração enérgica.
Estruturas correntes.
Rija 20 a 50
Vibração normal
Estruturas correntes.
Plástica (média) 50 a 120
Adensamento manual
Estruturas correntes sem grande responsabilidade
Úmida 120 a 200
Adensamento manual
Fluida (líquida) 200 a 250 Concreto inadequado para qualquer uso

Consistência indicativa do concreto em função do tipo de elemento estrutural, para


adensamento mecânico

ABATIMENTO (mm)
ELEMENTO ESTRUTURAL
POUCO ARMADA MUITO ARMADA
LAJE ≤ 60 ± 10 ≤ 70 ± 10

VIGA E PAREDE ARMADA ≤ 60 ± 10 ≤ 80 ± 10

PILAR ≤ 60 ± 10 ≤ 80 ± 10
PAREDES DE FUNDAÇÃO,
≤ 60 ± 10 ≤ 70 ± 10
SAPATAS E TUBULÕES

31
6. ADITIVOS PARA O CONCRETO (Artigo da ABESC)

Os benefícios dos aditivos para concreto


Que impressão deveríamos ter sobre produtos que são colocados no concreto com o
objetivo de melhorar suas propriedades? Teoricamente, deveriam ter grande aceitação em
todos os segmentos do mercado. Mas, não é isso que, historicamente, vem acontecendo
com os aditivos. O desconhecimento e a falta de informação gerou, ao longo dos anos, um
certo preconceito quanto à utilização desses produtos.
Na verdade, exatamente como acontece com vários outros componentes da construção, o
aditivo, se for mal utilizado, com certeza trará prejuízos. Daí vem o preconceito quanto ao
seu uso. Entretanto, se bem utilizado, pode produzir uma série de benefícios na
trabalhabilidade do concreto. Na avaliação do eng. Levy von Sohsten Rezende, coordenador
técnico da ABESC, a situação é bastante simples: "o aditivo não é um remédio; ele não
corrige uma dosagem mal feita".
As indústrias de aditivos também apostam a falta de conhecimento como o principal
responsável pelo preconceito contra o uso de aditivos no Brasil. "Para que o aditivo dê
resultados é fundamental que seja bem escolhido e devidamente dosado. Para evitar
problemas, o melhor é contar sempre com a assitência técnica dos produtores", afirma o
eng. Mauro Movikawa, da Reax.

6.1. Séculos de existência


Ao contrário do que se pensa, os aditivos são bastante antigos. Já eram utilizados pelos
romanos muito antes da existência do concreto de cimento portland. Na Roma Antiga, eles
usavam clara de ovo, sangue de animal e outros ingredientes como aditivos. Já os aditivos
como hoje os conhecemos começaram sua evolução a partir do início do século.
Os aditivos são produtos químicos adicionados à mistura de concreto em teores não
maiores que 5% em relação à massa de cimento. Podemos afirmar que existem atualmente
9 tipos fundamentais de aditivos: aceleradores, retardadores, incorporadores de ar,
plastificantes e superplastificantes (e seus derivados, aceleradores e retardadores). Como o
próprio nome já diz, os aditivos aceleradores têm como principal objetivo acelerar o
processo de endurecimento do concreto, enquanto os retardadores adiam essa reação.
Muito utilizado no Brasil pelo setor concreteiro, o aditivo plastificante tem como principais
propriedades a redução da água e a melhoria da trabalhabilidade da mistura, facilitando o
seu adensamento e acabamento. Destaca-se ainda a melhoria nas condições de transporte
até a obra, ocasionada pela diminuição da perda de consistência ao longo do tempo que
impõe limites à prestação dos serviços de concretagem.

32
6.2. Concretos de alta resistência
Já os aditivos superplastificantes são relativamente novos, pois surgiram a partir da década
de 70. Com eles, foi possível grande avanço na tecnologia do concreto, que é a dosagem de
concretos com resistências elevadas. "Foi preciso que a química se desenvolvesse,
propiciando o desenvolvimento dos aditivos superplastificantes, possibilitando a execução
de concretos de elevada resistência (como o CAD). Isto porque se trabalha com baixíssimo
teor de água e conseqüentemente aumento da resistência. Um aditivo deste pode reduzir
em até 30% a quantidade de água no concreto", afirma o eng. Levy.
Por sua vez, os aditivos incorporadores de ar consistem na introdução de microbolhas de ar,
com o objetivo de melhorar a trabalhabilidade do concreto (aumenta a durabilidade, diminui
a permeabilidade e a segregação, deixando o concreto mais coeso e homogêneo). Outra
vantagem dos incorporadores de ar, é que reduzem a exsudação, migração da água livre
para a superfície do concreto.
Um exemplo de como o preconceito quanto ao uso de aditivos pode ser equivocado diz
respeito à sua utilização em estacas escavadas por hélice contínua. Normalmente, nesse
caso, o uso de aditivos é rechaçado; entretanto, o aditivo plastificante é muito importante
porque melhora o desempenho na aplicação do concreto, uma vez que diminui a perda de
consistência ao longo da aplicação. De acordo com o eng. Levy, "na verdade, o que não se
quer é o uso do aditivo apenas como um redutor da água de amassamento do concreto. Ou
seja, o preconceito está normalmente relacionado ao desconhecimento ou falta de
informação". Para evitar situações como essa, as indústrias de aditivos estão procurando
investir na educação, através da realização periódica de cursos e palestras para faculdades
de engenharia, tanto em nível de graduação como de pós-graduação. O objetivo é mudar a
mentalidade dos profissionais da próxima geração, no que diz respeito ao uso de aditivos.
De acordo com o eng. Mauro Movikawa, o mercado para este segmento é promissor. "Tudo
o que envolve o concreto está evoluindo. Dessa forma, torna-se natural a necessidade cada
vez maior de uso dos aditivos",

Figura 25 – Aditivos para concreto

33
Aditivos/Tipos Efeitos Usos/Vantagens Desvantagens Efeitos na
Mistura

Plastificantes(P) - Maior trabalhabilidade - Retardamento do - Efeitos


- Aumenta o
para determinada início de pega para significativos da
índice de
resistência dosagens mistura nos três
consistência
- Maior resistência para elevadas do casos (usos)
- Possibilita
determinada aditivo citados
redução de no
trabalhabilidade - Riscos de
mínimo 6% da
- Menor consumo de Segregação
água de
cimento para - Enrijecimento
amassamento
determinada resistência prematuro em
e trabalhabilidade determinadas
condições
Retardadores(R) - Aumenta o - Mantém a - Pode promover - Retardamento
tempo de início trabalhabilidade em exsudação do tempo de pega
de pega temperaturas elevadas - Pode aumentar a
- Retarda a elevação do retração plástica
calor de hidratação do concreto
- Amplia os tempos de
aplicação
Aceleradores(A) - Pega mais - Concreto projetado - Possível - Acelera o tempo
rápida - Ganho de resistência fissuração devido de pega e a
- Resistência em baixas temperaturas ao calor de resistência inicial
inicial mais - Redução do tempo de hidratação
elevada desforma - Risco de
- Reparos corrosão de
armaduras
(cloretos)
Plastificantes e - Efeito - Em climas quentes - Efeitos iniciais
combinado de diminui a perda de significativos
Retardadores (PR) (P) e (R) consistência - Reduz a perda
de consistência
Plastificantes e - Efeito - Reduz a água e - Riscos de - Efeitos iniciais
combinado de permite ganho mais corrosão da significativos
Aceleradores(PA) (P) e (A) rápido de resistência armadura - Reduz os
(cloretos) tempos de início e
fim de pega
Incorporadores de - Incorpora - Aumenta a - Necessita -Efeitos
pequenas durabilidade ao controle cuidadoso significativos
ar(IAR) bolhas de ar no congelamento do da porcentagem
concreto concreto sem elevar o de ar incorporado
consumo de cimento e o e do tempo de
conseqüente aumento mistura
do calor de hidratação - O aumento da
- Reduz o teor de água trabalhabilidade
e a permeabilidade do pode ser
concreto inaceitável
- Bom desempenho em
concretos de baixo
consumo de cimento
Superplastificantes(SP) - Evelado - Tanto como eficiente - Riscos de - Efeitos iniciais
aumento do redutor de água como segregação da significativos
índice de na execução de mistura
consistência concretos fluidos (auto- - Duração do efeito
- Possibilita adensáveis) fluidificante
redução de no - Pode elevar a
mínimo 12% da perda de
água de consistência
amassamento

34
7. DOSAGEM DO CONCRETO

A dosagem é a determinação da quantidade de cada um dos materiais para a produção de


um metro cúbico de concreto. Existem vários métodos para a determinação da dosagem,
sendo que, no Brasil, os mais utilizados são: Instituto Tecnológico do Rio Grande do Sul
(ITERS), Instituto Nacional de Tecnologia (INT), Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo S.A. (IPT) e da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
Todos os métodos são empíricos, não havendo uma expressão matemática exata que
defina a composição do concreto. A escolha de um dos métodos é mais uma questão de
adaptação ao tipo de concreto que se deseja produzir (trabalhabilidade) e aos materiais
empregados.

7.1. Determinação da Resistência de Dosagem (fcj)


Antes de iniciar a dosagem, propriamente dita, devemos considerar que, sendo o concreto
obtido de materiais,em parte naturais, por processos de fabricação em condições muito
variáveis, suas propriedades,dentre as quais destaca-se a resistência à compressão,em
geral não apresentam a uniformidade desejável. Mesmo que mantida a origem dos
materiais, o traço, os equipamentos e operários envolvidos na produção do concreto, os
resultados da resistência à compressão sofrem variação de um ensaio para outro.
Estes resultados se agrupam em torno de um valor médio chamado tendência central
(figura 26) e sua maior ou menor dispersão em torno da tendência central depende da
manutenção da uniformidade dos materiais e do processo ao longo da produção.

Figura 26 – Gráfico de tendência central

Para garantir que a resistência característica à compressão do concreto produzido para uma
estrutura (fck,est) não fique abaixo do valor especificado em projeto (fck), adota-se para a
resistência de dosagem (fcj) um valor superior a partir de critérios definidos pela
NBR6118,como exposto a seguir.

35
Figura 27 – Dispersão pequena Figura 287 – Dispersão grande

7.1.1. Desvio-Padrão conhecido

A) Se o desvio-padrão (Sn) da resistência à compressão for conhecido e determinado


a partir de ensaios com corpos de prova da obra considerada, ou de outra obra, cujo
concreto tenha sido executado com o mesmo equipamento e iguais condições de
controle de qualidade, a resistência de dosagem será calculada pela expressão:

fcj = fck + 1,65 . Sd

Onde:
fcj é a resistência média de dosagem a j dias de idade,em MPa.

fck é a resistência característica do concreto à compressão (MPa),especificada em projeto,a


j dias de idade.
Sd é o desvio padrão de dosagem (Sd), determinado pela expressão:
Prevenir

Sd = Kn . Sn

36
Onde:
Kn tem o valor seguinte, de acordo com o número de ensaios:

n 20 25 30 50 200

Kn 1,35 1,30 1,25 1,20 1,10

B) Se o desvio-padrão (Sn) da resistência à compressão não for conhecido,o


construtor indicará para efeito de dosagem inicial, o modo como pretende conduzir a
construção, de acordo com o qual será fixado o desvio padrão de dosagem,
conforme segue:

• Quando houver assistência de profissional legalmente habilitado,


especializado em tecnologia do concreto, todos os materiais medidos em massa e
existir medidor de água, corrigindo-se as quantidades de agregado miúdo e de água
em função de determinações freqüentes e precisas do teor de umidade dos agregados
e, houver garantia da manutenção, no decorrer da obra, da homogeneidade dos
materiais a serem empregados, adota-se:

Sd = 4,0MPa

• Quando houver assistência de profissional legalmente habilitado, especializado em


tecnologia do concreto, o cimento for medido em massa e os agregados em volume e,
existir medidor de água, corrigindo-se os volumes do agregado miúdo e da água em
função de determinações freqüentes e precisas do teor de umidade dos agregados,
adota-se:

Sd = 5,5MPa

37
• Quando o cimento for medido em massa e os agregados em volume e, existir
medidor de água, corrigindo-se a quantidade total de água em função da umidade dos
agregados, simplesmente estimada, adota-se:

Sd = 7,0MPa

O Prof.Paulo Helene, em sua tese de doutoramento (Contribuição ao Estabelecimento de


Parâmetros para Dosagem e Controle dos Concretos de Cimento Portland) apresenta
resultados experimentais efetuados em 423 canteiros de diferentes obras, em sete estados
brasileiros e sugere que os desvios padrões subjetivos (Sd) podem ser reduzidos para
3,0MPa, 4,0MPa e 5,5MPa, correspondente aos três casos considerados anteriormente.

7.2. Método de Dosagem ABCP/ACI


Este método é indicado para concretos de consistência semi-plástica à fluida e contra-
indicado para concretos com agregados leves. Os resultados devem ser testados numa
mistura experimental para a comprovação das características especificadas para o concreto.

1º PASSO: Definição da Relação Água/Cimento (a/c)


Considera-se nesta etapa a durabilidade e resistência mecânica que se deseja do concreto.

Relações máximas permissíveis para concretos submetidos a


condições severas
Exposição à ação da água do
Tipo de Estrutura
mar ou sulfatadas
Peças delgadas e recobrimento
0,40
de armaduras <2,5cm
Outros 0,45

A relação água/cimento pode ser estimada pelo quadro a seguir, obtido através de traços
realizados pela ABCP com cimentos de marcas, tipos e classes distintas. Se a classe do
cimento não é conhecida, adota-se a classe 25, que é mínima especificada para cimentos
nacionais.

38
Relação a/c em função ds resistências do cimento aos 28 dias

2º PASSO: Determinação aproximada de Consumo de Água (Ca)


A quantidade de água necessária para que o concreto atinja um determinado abatimento
depende da dimensão máxima característica, da granulometria e forma dos agregados e da
quantidade de ar incorporado. Na falta de valores experimentais e de uma lei matemática
que conduza a resultados seguros, pode-se estimar a quantidade de água pelo quadro a
seguir:

Consumo de água Aproximado (l/m3)


Abatimento Dimensão máxima característica do agregado graúdo (mm)
(mm) 9,5 19,0 25,0 32,0 38,0
40 a 60 220 195 190 185 180
60 a 80 225 200 195 190 185
80 a 100 230 205 200 195 190

Experimentalmente o consumo de água pode ser obtido em 2 ou 3 tentativas com o


emprego da expressão:

39
Car = Cai ( ar )0,1
ai

Onde:
Car= consumo de água requerida
Cai=consumo de água inicial
ar= abatimento requerido
ai= abatimento inicial

3º PASSO: Determinação do consumo de Cimento (C)


O consumo de cimento (C) é igual ao quociente do consumo de água (Ca) pela relação
água/cimento (a/c).

Ca
C =
a/c

4º PASSO: Determinação do consumo de Agregado Graúdo (CG)


O consumo do agregado graúdo pode ser obtido do quadro a seguir, em função da
dimensão máxima característica (Dmáx) e do módulo de finura (MF) da areia.

Volume compactado seco (VG) de agregado graúdo por m3 de concreto

Dmáx (mm)
MF
9,5 19,0 25,0 32,0 38,0
1,8 0,645 0,770 0,795 0,820 0,845
2,0 0,625 0,750 0,775 0,800 0,825
2,2 0,605 0,730 0,755 0,780 0,805
2,4 0,585 0,710 0,735 0,760 0,785
2,6 0,565 0,690 0,715 0,740 0,765
2,8 0,545 0,670 0,695 0,720 0,745
3,0 0,525 0,650 0,675 0,700 0,725
3,2 0,505 0,630 0,655 0,680 0,705
3,4 0,485 0,610 0,635 0,660 0,685
3,6 0,465 0,590 0,615 0,640 0,665
A determinação de CG é feita pela expressão:

40
CG = VG x MuG (Kg/m3)

Em geral, o agregado graúdo é utilizado na composição de duas ou mais graduações. No


Brasil, as britas são classificadas comercialmente em graduações que vão da brita zero (B0)
até a brita quatro (B4) e, experiências realizadas pela ABCP, revelaram que é possível obter
menores volumes de vazios utilizando-se as composições indicadas no quadro de
proporcionamento de britas.

Classificação comercial das Britas

BRITA 0: 4,8mm a 9,5mm


BRITA 1: 9,5mm a 19mm
BRITA 2: 19mm a 25mm
BRITA 3: 25mm a 38mm
BRITA 4: 38mm a 76mm

Proporcionamento de Britas
B0, B1 30% B0 E 70% B1
B1, B2 50% B1 e 50% B2
B2, B3 50% B2 e 50% B3
B3, B4 50% B3 e 50% B4

5º PASSO: Determinação do consumo de Agregado Miúdo (Cm)


A determinação do consumo da areia é feita pela diferença dos demais constituintes do
concreto já determinados, anteriormente.

C CG Ca
Vm = 1 - (
ρa )
+ +
ρc ρG

Onde ρc, ρG, ρa, são as massas específicas do cimento, agregado graúdo e água.
O consumo de areia será:

Cm = ρm x Vm
Onde ρm é a massa específica da areia

41
8. RECEBIMENTO DO CONCRETO
A NBR 12655 – Preparo, controle e recebimento de concreto – Procedimento, fixa as
condições para o recebimento do concreto em obras.
Para garantir um controle confiável e considerando a complexidade das estruturas dos
edifícios, o número de etapas de execução, o volume de concreto necessário por etapa, é
importante que desde o início da construção estabeleça-se um plano de controle e
recebimento do concreto.
Inicialmente, define-se a formação de lotes podendo ser utilizada a tabela a seguir:

LIMITES MÁXIMOS PARA A DEFINIÇÃO DE NÚMERO DE LOTES

Solicitação Principal dos Elementos Estruturais

Compressão Simples ou
Limites Superiores Flexão Simples**
Flexão e Compressão*

Volume de concreto 50m3 100m3

Nº de Amassadas 25 50

Nº de Andares 1 1

Tempo de Concretagem 3 dias consecutivos


* Pilares, vigas de transição, tubulões, brocas e blocos.
** Lajes, vigas, paredes de caixa d’água e escadas.

A cada lote deve corresponder uma amostra de, no mínimo, 6 exemplares. Cada exemplar é
constituído por 2 corpos de prova, coletados da mesma amassada e moldados no mesmo
ato,para cada idade de ruptura.

8.1. Aceitação do Concreto

A) Documentação
À chegada do caminhão de concreto na obra, deve ser verificado:

• A nota fiscal e especificação do concreto: fck, agregados utilizados, abatimento e


horário de saída do caminhão da usina. Lembre-se que do início do carregamento até o
fim do adensamento, não se deve ultrapassar o tempo de 2 horas e 30 minutos.

42
• O lacre da betoneira e seu número constante na nota fiscal.
Caso existam irregularidades nos itens anteriores, o concerto deve ser rejeitado.

B) Abatimento do Tronco de Cone


O abatimento do concreto deve estar dentro do limite previsto no pedido de compra do
concreto.

TOLERÂNCIA ADMITIDA PARA O ABATIMENTO


SEGUNDO A NBR7212

ABATIMENTO TOLERÂNCIA

(mm) (mm)

De 10 a 90 ± 10

De 100 a 150 ± 20

Acima de 160 ± 30

O abatimento não deve exceder o limite e, caso fique abaixo pode-se acrescentar água até o
limite pré-estabelecido, desde que a diferença do abatimento inicial e o corrigido não seja
maior que 25mm. Esta medida deve ser tomada em comum acordo entre a concreteira e o
responsável técnico da obra e, caso não se não alcançada a trabalhabilidade desejada ou
se extrapole a mesma, o concreto deve ser rejeitado.

C) Resistência à Compressão
A aceitação do concreto quanto à resistência à compressão é feita através da comparação
entre o valor obtido em ensaio (resistência característica à compressão estimativa – fck,est) e
o especificado em pprojeto (fck).

fck,est ≥ fck → Concreto Aceito

Se o concreto não atingir o valor especificado em projeto, o responsável pela obra deverá
comunicar o projetista de estrutura e a concreteira para que sejam definidas as providências.
Os ensaios que determinam o fck,est do concreto são realizados em laboratórios apropriados
e a forma de controle deve seguir as recomendações da NBR12655:

43
1- Cálculo para Amostragem Parcial
Este método é adotado quando as amostras são recolhidas de algumas amassadas.

Para 6 ≤ n < 20 (n = número de exemplares)


O valor da resistência característica à compressão estimativo (fck,est), na idade especificada,
é dado pela expressão:

f1 + f2 + . . . + f m-1
fck,est = 2 . _fm
m-1

Onde:
n
m=
2

f1 ≤ f2 ≤ f3 . . . ≤ fm ≤ . . . fn são as resistências dos exemplares em ordem crescente.

Não se deve adotar para fck,est valor menor que ψ6 . f1 . O parâmetro ψ6 é apresentado na
tabela a seguir e é função do número de exemplares e da condição de preparo do concreto.
Considera-se como condição de preparo do tipo “A”, a situação em que o cimento e os
agregados São dosados em massa e a água por dispositivo dosador, corrigida em função da
umidade dos agregados. Nas demais situações, consideram-se como condições de preparo
tipo “B” e “C” .

VALORES DE EM FUNÇÃO DO Nº DE EXEMPLARES E DAS


CONDIÇÕES DE PREPARO

Nº de Exemplares (n)
Condição de
preparo
6 7 8 10 12 14 16 ≥18

A 0,92 0,94 0.,95 0,97 0,99 1,00 1,02 1,03

BeC 0,89 0,91 0,93 0,96 0,98 1,00 1,02 1,04

Para n ≥ 20 (n = número de exemplares)

44
O valor da resistência característica à compressão estimativo (fck,est), na idade especificada,
é dado pela expressão:

fck,est = fcm - 1,65 . Sn

Onde:
fcm é a resistência média do concreto à compressão;
Sn é o desvio padrão dos resultados.

2- Cálculo para Amostragem Total


Este método é adotado quando as amostras são recolhidas de todas as amassadas.

Para 6 ≤ n < 20 (n = número de exemplares)


Sendo f1 ≤ f2 ≤ f3 . . . ≤ fm ≤ . . . fn as resistências dos exemplares em ordem crescente, o
valor da resistência característica à compressão estimativo (fck,est), na idade especificada, é
dado por:

fck,est = f1

Para n ≥ 20 (n = número de exemplares)

fck,est = fi

Onde:
i = 1 + 0,05 . n (adota-se apenas a parte inteira de i)
n = número de exemplares

45
9. PRINCÍPIOS BÁSICOS DO CONCRETO DOSADO
EM CENTRAL (Artigo)

ABESC

9.1. Concreto Dosado em Central: Benefícios da Opção

Na hora de se construir surge uma grande dúvida: devo utilizar o concreto dosado em central
ou "virar" esse concreto na própria obra?

Optar pelo concreto dosado em central proporciona diversas vantagens que são facilmente
observadas, entre as quais destacamos:

• eliminação das perdas de areia, brita e cimento.


• racionalização do número de operários da obra, com conseqüente
• diminuição dos encargos sociais e trabalhistas.
• maior agilidade e produtividade da equipe de trabalho.
• garantia da qualidade do concreto graças ao rígido controle adotado pelas centrais
dosadoras.
• redução no controle de suprimentos , materiais e equipamentos, bem como eliminação das
áreas de estoque, com melhor aproveitamento do canteiro de obras.
• redução do custo total da obra.

9.2. Preparação e Cuidados para o Recebimento do

46
Concreto

Na obra, o trajeto a ser percorrido pelo caminhão betoneira até o ponto de descarga do
concreto deve estar limpo e ser realizado em terreno firme, evitando, assim, o atolamento e as
manobras dificeis que podem atrasar a concretagem em andamento.

A circulação dos caminhões deve ser facilitada, de modo que o caminhão seguinte não impeça
a saída do caminhão vazio.

A descarga do concreto deve ocorrer no menor prazo possível; quando for lançado por meio de
bombeamento ou quando grande número de caminhões estiver circulando, deve-se prever um
local próximo à concretagem para que os caminhões possam aguardar o momento do
descarregamento.

Deve-se verificar se a obra dispõe de vibradores suficientes, se os acessos e os equipamentos


para o transporte de concreto estão em bom estado - guinchos, carrinhos etc.- e se a equipe
operacional está dimensionada para o volume e o prazo de concretagem previsto.

9.3. Fôrmas, Armaduras e Escoramento

Antes de solicitar o concreto, confira as medidas e a posição das formas, verificando se suas
dimensões estão dentro das tolerâncias previstas no projeto. certifique-se de que estão limpas e
de que suas juntas estejam vedadas para evitar a fuga da pasta. As formas e o travamento
deverão apresentar rigidez suficiente para resistir a esforços que ocorrem durante o processo
de concretagem.

47
Quanto às formas absorventes, é preciso molhá-las até a saturação antes de aplicar o concreto.

Quando necessitar de desmoldantes, estes devem ser de qualidade tal, que não sejam
prejudiciais ao concreto e devem ser aplicados antes da colocação da armadura.

As armaduras devem estar posicionadas de acordo com as especificações do projeto,


obedecendo linearidade e distância entre barras, com espaçadores que garantam os
cobrimentos mínimos estabelecidos e ainda garantir que, mesmo em locais de grande
concentração, sejam envolvidas pelo concreto.

O escoramento deve ser dimensionado de forma a suportar o peso das formas, ferragens e do
concreto a ser aplicado, bem como das cargas que venham a ocorrer durante a concretagem -
movimentação de pessoal, transporte do concreto etc. - e ainda impedir deformações que
venham a alterar as dimensões da peça recém-concretada.

9.4.. Aditivos para o Concreto

Os aditivos para o concreto permitem melhorar o seu desempenho.


O aditivo plastificante torna o concreto mais trabalhável, facilitando seu adensamento, sendo
aconselhável sua utilização em peças esbeltas de dificil concretagem. Proporciona ainda
melhor acabamento na superficie concretado.

O aditivo retardador permite aumentar o período de manuseio do concreto, retardando o seu


endurecimento e possibilitando seu fornecimento em locais distantes da central dosadora,

48
ou em concretagens demoradas.

Pode-se ainda utilizar um aditivo plastificante e retardador, combinando as duas


características descritas acima.

O aditivo impermeabilizante é indicado para caixas d'água, lajes impermeabilizadas, locais


com infiltrações etc., melhorando a proteção contra a passagem de água.

9.5. Pedido e Programação do Concreto

Para solicitar os serviços de uma central dosadora de concreto deve-se ter em mãos todos
os dados necessários, tais como:

• indicações precisas da localização da obra.


• o volume calculado medindo-se as formas.
• a resistência característica do concreto à compressão (fck) que consta do projeto
estrutural, ou seu consumo de cimento - quantidade de cimento por m³ de concreto, quando
necessário.
• o tamanho do agregado graúdo a ser utilizado, pedras 1ou 2, em função das dimensões
da peça e distância entre armaduras.
• o abatimento (slump test) adequado ao tipo de peça a ser concretada.

A programação deve incluir também o volume por caminhão a ser entregue, bem como o
intervalo de entrega entre caminhões, dimensionado em função da capacidade de aplicação
do concreto, pela equipe da obra.

49
A programação deve ser feita com antecedência, de modo a evitar atrasos, especificando
horário de início da concretagem e intervalo de fornecimento.

9.6. Recebimento do Concreto

Com a chegada do caminhão na obra, antes do descarregamento, deve-se verificar todas as


características especificadas no pedido e conseqüentemente no documento de entrega do
concreto, que deve conter informações como:

• volume do concreto;
• abatimento (slump test);
• resistência característica do concreto à compressão (fck) ou o consumo de cimento;
• aditivo, quando utilizado.

Antes da descarga do caminhão deve-se avaliar se a quantidade de água existente no


concreto está compatível com as especificações, não havendo falta ou excesso de água. A
falta de água dificulta a aplicação do concreto, criando "nichos" de concretagem, e o
excesso de água, embora facilite sua aplicação, diminui consideravelmente sua resistência.
Esta avaliação é feita por meio de um ensaio simples, denominado ensaio de abatimento do
concreto (slump test).

As regras para a reposição de água perdida por evaporação são especificadas pela norma
técnica brasileira NBR 7212-Execução de concreto dosado em central-Procedimento. De
uma forma geral, a adição de água permitida não deve ultrapassar a medida do abatimento
solicitada pela obra e especificada no documento de entrega do concreto.

50
9.7. Ensaio de Abatimento (Slump Test)

A simplicidade do ensaio de abatimento (slump test) o consagrou como o principal controle


de recebimento do concreto na obra e, para que ele cumpra este importante papel, é preciso
executá-lo corretamente, como a seguir:

• colete a amostra de concreto depois de descarregar 0,5 m³~ de concreto do caminhão e


em volume aproximado de 30 litros;
• coloque o cone sobre a placa metálica bem nivelada e apoie seus pés sobre as abas
inferiores do cone;
• preencha o cone em 3 camadas iguais e aplique 25 golpes uniformemente distribuídos em
cada camada;
• adense a camada junto à base, de forma que a haste de socamento penetre em toda a
espessura. No adensamento- das camadas restantes, a haste deve penetrar até ser atingida
a camada inferior adjacente;
• após a compactação da última camada, retire o excesso de concreto e alise a superficie
com uma régua metálica;
• retire o cone içando-o com cuidado na direção vertical;
• coloque a haste sobre o cone invertido e meça a distância entre a parte inferior da haste e
o ponto médio do concreto, expressando o resultado em milímetros.

51
9.8. Amostragem do Concreto

Depois do concreto ser aceito por meio do ensaio de abatimento (slump test), deve-se
coletar uma amostra que seja representativa do concreto para o ensaio de resistência.

A retirada de amostras do concreto deve seguir as especificações constantes nas normas


brasileiras.

Não é permitido tirar amostras tanto no princípio quanto no final da descarga da betoneira. A
amostra deve ser colhida no terço médio da mistura.

A amostra deve ser coletada cortando o fluxo de descarga do concreto, utilizando-se para
isso um recipiente ou "carrinho de mão" e, em seguida, remexida para assegurar sua
uniformidade.

Retira-se uma quantidade suficiente, 50% maior que o volume necessário, e nunca menor
que 30 litros.

A moldagem é descrita a seguir:

• preencha os moldes em quatro camadas iguais e sucessivas, aplicando 30 golpes em


cada camada, distribuídos uniformemente. A última conterá um excesso de concreto; retire-o
com régua metálica;
• deixe os corpos-de-prova nos moldes, sem sofrer perturbações e em temperatura
ambiente por 24 horas;

52
• após este período deve-se identificar os corpos-de-prova e transferi-los para o laboratório,
onde serão rompidos para atestar sua resistência.

9.9. Transporte do Concreto

Compreende o transporte do concreto desde o caminhão betoneira até o destino final


(formas), e pode ser feito de dois modos, como descritos a seguir:

CONVENCIONAL

O concreto é transportado até as formas por meio de carrinhos de mão, giricas, caçambas,
calhas, gruas, correias transportadoras etc.

BOMBEÁVEL

Neste caso é utilizado um equipamento denominado "bomba de concreto", que transporta o


concreto através de uma tubulação metálica desde o caminhão betoneira até a peça a ser
concretada, vencendo grandes alturas ou grandes distâncias horizontais.

A bomba de concreto tem capacidade de lançar volumes elevados de concreto em curto


espaço de tempo. Enquanto no transporte convencional se atingem 4 a 7 m³ de concreto por
hora, com a bomba de concreto se alcançam produções de 35 a 45 m³ por hora.

A utilização de bombas de concreto permite racionalizar mão-de-obra e,ainda, sendo o


concreto bombeado mais plástico, necessitará de menor energia de vibração.

53
Isso se traduz em menores custos para a obra, menor quantidade de equipamentos e
grande produtividade.

9.10. Cuidados na Aplicação

Uma boa concretagem deve garantir que o concreto chegue à fôrma coeso , que preencha
todos os seus cantos e armadura e seja adequadamente vibrado.

Este objetivo será atingido se forem observados os seguintes cuidados:

• procurar o menor percurso possível para o concreto;


• no lançamento convencional, as rampas não devem ter inclinação excessiva e os acessos
deverão ser planos, de modo a evitar a segregação decorrente do transporte do concreto até
a forma;
• preencher uniformemente a forma, evitando o lançamento em pontos concentrados que
possam causar deformações;
• não lançar o concreto de altura superior a três metros, nem jogá-lo a grande distância com
pá para evitar a separação da brita. Quando a altura for muito elevada deve-se utilizar
anteparos ou funil;
• preencher as formas em camadas de, no máximo, 50 cm para se obter um adensamento
adequado.

54
9.11. Adensamento do Concreto

Uma boa concretagem deve garantir que o concreto chegue à fôrma coeso , que preencha
todos os seus cantos e armadura e seja adequadamente vibrado.

Este objetivo será atingido se forem observados os seguintes cuidados:

• procurar o menor percurso possível para o concreto;


• no lançamento convencional, as rampas não devem ter inclinação excessiva e os acessos
devera ser planos, de modo a evitar a segregação decorrente do transporte do concreto até
a forma;
• preencher uniformemente a forma, evitando o lançamento em pontos concentrados que
possam causar deformações;
• não lançar o concreto de altura superior a três metros, nem jogá-lo a grande distância com
pá para evitar a separação da brita. Quando a altura for muito elevada deve-se utilizar
anteparos ou funil;
• preencher as formas em camadas de, no máximo, 50 cm para se obter um adensamento
adequado.

55
9.12. Juntas de Concretagem

Se, por algum motivo, a concretagem tiver que ser interrompida, deve-se planejar o local
onde ocorrerá a interrupção da mesma.

O concreto novo possui pouca aderência ao já enduecido. Para que haja uma perfeita
aderência entre a superfície já concretada (concreto endurecido) e aquela a ser concretada,
cuja ligação chamamos de junta de concretagem, devemos observar alguns procedimentos:

• deve-se remover toda a nata de cimento (parte vitrificada), por jateamento de abrasivo ou
por apicoamento,com posterior lavagem, de modo a deixar aparente a brita, para que haja
uma melhor aderência com o concreto a ser lançado;
• é necessária a interposição de uma camada de argamassa com as mesmas
características da que compõe o concreto;
• as juntas de concretagem devem garantir a resistência aos esforços que podem agir na
superficie da junta;
• deve-se prever a interrupção da concretagem em pontos que facilitem a retomada da
concretagem da peça, para que não haja a formação de "nichos" de concretagem, evitando
a descontinuidade na vizinhança daquele ponto.

9.13. Cura do Concreto

Após o endurecimento do concreto, este continua a ganhar resistência, mas para que isto
ocorra deve-se iniciar o último, mas não o menos importante, procedimento da fase de
concretagem de uma peça de concreto: a cura.

A evaporação prematura da água pode provocar fissuras na superficie do concreto e, ainda,

56
reduzir em até 30% sua resistência.

Podemos então afirmar que quanto mais perfeita e demorada for a cura do concreto tanto
melhores serão suas características finais.

Destacamos, abaixo, os métodos mais recomendados para a cura do concreto:

• molhar continuamente a superficie do concreto, logo após o endurecimento, durante os 7


primeiros dias;
• manter uma lâmina d'água sobre a peça concretada, sendo este método limitado a lajes,
pisos ou pavimentos;
• manter a peça umedecida por meio de uma camada de areia úmida, serragem, sacos de
aniagem ou tecido de algodão;
• utilizar membranas de cura, que são produtos químicos aplicados na superficie do
concreto que evitam a evaporação precoce da água;
• deixar o concreto nas fôrmas, mantendo-as molhadas.

9.14. Retirada de Fôrmas e Escoramentos

As formas e os escoramentos só poderão ser retirados quando o concreto resistir com


segurança e sem sofrer deformações, ao seu peso próprio e às cargas atuantes.

De uma forma geral, quando se tratar de concreto convencional, sem a utilização de cimento
de alta resistência inicial, deve-se respeitar os seguintes prazos para a retirada das formas e
escoramentos:

• face lateral da forma : 3 dias

57
• faces inferiores, mantendo-se os pontaletes bem encunhados e convenientemente
espaçados: 14 dias
• faces inferiores, sem pontaletes: 21 dias

Os apoios devem ser retirados gradualmente, de modo que a peça entre em carga
progressivamente e de forma uniforme.

Deve-se retirar as formas com cuidado, sem choques ou a utilização de ferramentas que
danifiquem a superficie do concreto.

9.15. Resistência do Concreto

Uma vez obedecidas todas as práticas recomendadas neste manual, temos que saber se a
resistência especificada em projeto pelo calculista foi atingida. No ensaio de ruptura por
compressão, os corpos-de-prova que foram moldados na obra são submetidos a um
carregamento uniforme, em prensas especiais, até seu rompimento.

Após a ruptura dos corpos-de-prova, e de posse dos resultados dos ensaios, é realizado o
"controle estatístico da resistência do concreto", para certificar a aceitação da estrutura
concretada sob o ponto de vista estrutural.

Este controle é de suma importância como testemunho da segurança da estrutura que será
futuramente utilizada.

Ao se adquirir o concreto dosado em central, a empresa concreteira garante a qualidade do


concreto, segundo as rígidas exigências das normas técnicas brasileiras. Isto é conseguido

58
não só pela garantia da resistência do concreto, mas também por outros procedimentos que
são descritos no próximo item.

9.16. Controle da Qualidade do Concreto

Além do controle da resistência do concreto à compressão, como uma das formas de


controle da qualidade, as empresas concreteiras realizam uma série de outros ensaios de
qualidade nos materiais que serão utilizados na elaboração do concreto - agregados (pedra
e areia), cimento, água e aditivos.

Hoje as concreteiras possuem laboratórios sofisticados de controle de qualidade, e os


ensaios são realizados conforme exigências das normas técnicas brasileiras.

O trabalho específico desenvolvido pelas centrais dosadoras, operadas por pessoal técnico
especializado, permite o controle de todos os materiais utilizados na dosagem bem como as
propriedades exigidas pelo projeto e de acordo com as normas técnicas vigentes.

59
9.17. Concreto Impermeável

Uma das propriedades desejadas do concreto impermeável é, obviamente, que ele resista à
penetração da água, como por exemplo em caixas d'água, lajes, piscinas, etc.

O caminho para se obter um concreto impermeável começa em um projeto adequado, que


evite o fissuramento do concreto quando este estiver sendo solicitado.

O concreto a ser empregado também deve ser cuidadosamente elaborado, devendo ser
bem argamassado, com um consumo adequado de cimento (mínimo de 350 kg/m³ ),
procurando empregar britas menores (brita o ou brita 1, no máximo). O uso de aditivos é
recomendável. O concreto deve ser ainda fácil de trabalhar, de modo a ocupar toda a fôrma
sem impedimentos.

O adensamento adequado também contribui para se obter um concreto impermeável,


devendo ser executado com vibradores de imersão (não utilize barras de aço para vibrar
o concreto).

A cura também deve ser criteriosa, pois irá impedir que o concreto fissure por retração,
recomendando-se seu início logo que o concreto comece a endurecer e sua continuidade
por pelo menos 7 dias.

9.18. Concreto Aparente

Quando o concreto for utilizado como material de acabamento, ou seja, sem revestimento,
alguns cuidados devem ser observados.

60
Para se obter acabamento liso deve-se empregar fôrmas de madeira plastificadas ou
metálicas, já que estes tipos de fôrma proporcionam menor concentração de bolhas de ar
junto à superfície.

Os desmoldantes facilitam a retirada das fôrmas depois que o concreto endureceu, evitando
que o concreto "cole" à fôrma. Estes não devem reagir com o cimento, nem causar manchas
na superficie do concreto. A camada de desmoldante deve ser uniforme, evitando-se
concentração em pontos isolados da fôrma que causam descolamento de pequenas placas
da superfície do concreto onde o desmoldante está em excesso.

O emprego de óleo mineral, virgem ou recuperado, pode provocar enferrujamento de fôrmas


metálicas.

Outros cuidados dizem respeito à vibração adequada do concreto e a evitar que a armadura
fique próxima da superficie. O uso de aditivos plastificantes são altamente recomendáveis
neste caso.

O concreto a ser utilizado deve conter uma quantidade adequada de argamassa.


O concreto do tipo bombeável pode ser utilizado para o concreto aparente.

9.19. Concretos Especiais

Além dos concretos tradicionalmente fornecidos pelas empresas concreteiras, estas estão
aptas a entregar concretos especiais que, em muitos casos, são a solução para os
problemas de concretagem enfrentados na obra.

Entre os concretos denominados "especiais", podemos destacar:

61
Concreto Leve

É executado com argila expandida ou poliestireno expandido (pérolas de isopor), e utilizado


para "enchimentos", isolamento térmico e acústico, divisórias ou em locais onde se deseja
reduzir o peso próprio da estrutura.

Concreto Celular

Trata-se de concreto leve, sem função estrutural, que consiste de pasta ou argamassa de
cimento portland com incorporação de minúsculas bolhas de ar. É indicado para isolamento
térmico em lajes de cobertura e terraços, enchimentos de pisos e rebaixamento de lajes,
fabricação de pré-moldados, etc.
O concreto celular possui massa específica variando de 500 kg/m³ a 1800 kg/m³, sendo que
o concreto convencional possui massa específica- em torno de 2300 kg/m³.

Concreto de Alta Resistência

É aquele com valores de resistência acima dos concretos comumente utilizados, ou seja,
maiores que 50 MPa.
Pode ser obtido utilizando-se cimento, microssílica e aditivos plastificantes, obtendo-se uma
relação água/cimento e microssílica (A/c+ms) baixa. Este concreto exige um rigoroso
controle tecnológico, tendo como campo de aplicação pilares de edificios, obras marítimas,
pisos de alta resistência, reparos de obras de concreto, etc.

Concreto Pesado

É obtido utilizando-se agregados com elevada massa específica, tais como: hematita, barita,
magnetita. Este tipo de concreto é empregado como anteparo radiativo (salas de raio x, por
exemplo).

Concreto Fluido

Utiliza aditivos superplastificantes, sendo auto-adensável e reduzindo a necessidade de


vibração. É indicado para peças de difícil concretagem.

62
Concreto Colorido

É obtido pela adição de pigmentos que tingem o concreto, dispensando a necessidade de


pintura. É utilizado em pisos, fachadas (concreto aparente), vigas, pilares, lajes ou peças
artísticas (monumento).

Concreto Rolado

O concreto rolado é utilizado em pavimentação de ruas, áreas de estacionamento, pisos


para postos de gasolina etc, substituindo o asfalto comumente utilizado, sendo mais
económico e durável.
Possui diversas vantagens em comparação ao asfalto, como:

• construção: rapidez na execução com a utilização do concreto dosado em central, não


exigindo mão-de-obra especializada nem equipamentos sofisticados;
• economia: custo inicial moderado, pequena necessidade de manutenção e economia de
até 30% nas despesas com iluminação (reflete melhor a luz que o pavimento asfáltico);
• desempenho: enorme vida útil, resiste a produtos químicos e não é afetado pelo calor;
• projeto: a resistência aumenta com a idade, os meios-fios e sarjetas podem ser
construídos juntamente com o pavimento simples;
• consumo de energia: utiliza materiais locais, abundante na natureza; o equipamento
utilizado é semimecânico, consumindo pouco combustível, e a mistura do concreto, por ser
feita a frio, despende apenas energia elétrica.

63
QUESTIONÁRIO

1. O que justifica o emprego do concreto, na execução de estruturas da maior parte de nossas


edificações?
2. Do ponto de vista estrutural (resistência aos esforços mecânicos), como o concreto é
empregado nas peças estruturais?
3. Que fatores influenciam na qualidade das estruturas de concreto?
4. Qual a classificação recomendada pela NBR8953 - Concreto para
fins estruturais, para os concretos?
5. A figura ao lado representa o ensaio para a determinação da
resistência à compressão do concreto, onde observamos um
corpo-de-prova, submetido a uma força de compressão. Como é
determinada a resistência a compressão individual, ou seja, de
cada corpo-de-prova? Qual será o valor individual, da resistência à
compressão se a força obtida na ruptura é de 38900Kgf e o
diâmetro do CP é de 15cm.

6. Cite 3 fatores que influenciam na resistência à compressão do concreto e explique cada um


deles?
7. O que é retração plástica num concreto?
8. O que são aditivos para concreto? Cite 5 aditivos empregados na produção de concretos e
suas funções .
9. Qual deverá ser a resistência à compressão de dosagem do concreto cujo projeto especifica
fck ≥ 18MPa, sabendo-se que o desvio padrão é desconhecido mas, que:
• a construção tem acompanhamento de tecnologista de concreto;
• a medida de cimento e agregados é feita em peso;
• os materiais são homogêneos;
• a água é medida em dosador;
• a umidade dos agregados é corrigida regularmente.
10. Determine a composição de um concreto, em peso de materiais secos, pelo método
ABCP/ACI, sabendo-se que a resistência de dosagem é de 25MPa.
Dados: ρcim = 3100Kg/m3

Cimento CP32 ρbrita = ρareia = 2650Kg/m3


Abatimento 90mm Mu brita = 1500Kg/m
3

Dmáx = 25mm 3
Mu areia = 1450Kg/m
MF = 2,4

11. Determine a composição de um concreto, em peso de materiais secos, pelo método


ABCP/ACI, sabendo-se que a resistência de dosagem é de 20MPa.

Dados:
ρcim = 3100Kg/m3
Cimento CP32
Abatimento 70mm ρbrita = ρareia = 2650Kg/m3
Dmáx = 19mm Mu brita = 1500Kg/m
3

MF = 2,8
Mu areia = 1450Kg/m3

12. Converta o traço da questão anterior para dosagem em volumes de agregados. O cimento
deve ser expresso em peso e cada amassada deverá corresponder a 1 saco de cimento.

64
13. Para a concretagem de um pavimento serão necessários 26m3 de concreto que deverá ser
produzido no canteiro de obra. O cimento será medido em massa, os agregados em volume,
haverá medidor de água e serão feitas correções da água e agregados em função da
variação de umidade da areia, medida com freqüência. A obra terá assistência técnica e o
concreto será misturado em betoneira cujo volume útil é de 480litros e, deseja-se racionalizar
ao máximo seu uso, para dosagens dos materiais múltiplas à massa de um saco de cimento
(50Kg).
Determine:
a) a dosagem em massa deste concreto;
b) o traço para dosagem em volume para maior aproveitamento da betoneira, como citado
anteriormente e, indicando o rendimento por amassada;
c) calcule a quantidade de insumos necessária a produção de todo o concreto (26m3).
Dados
fck = 20MPa ρcim = 3100Kg/m3
Dmáx = 25mm ρbrita = ρareia = 2650Kg/m3
Abatimento 70mm Mu brita = 1400Kg/m3
MF=3,0 Mu areia = 1300Kg/m3
Cimento CPII-32

14. Qual a razão de utilizarmos a resistência de dosagem (fcj) na definição de um traço de


concreto, no lugar da resistência especificada em projeto?
15. Como se determina a resistência de dosagem de um concreto produzido em obra onde há
um ótimo controle de materiais e processo e, são conhecidos os desvios-padrão de diversas
concretagens, anteriores?
16. Como pode ser definido o desvio-padrão de dosagem (Sd) de uma obra da qual não se
conhece o desvio-padrão (Sn)?
17. Quais são as características de um concreto trabalhável?
18. Quando uma mistura de concreto pode ser considerada coesa?
19. Comente a frase: “Num concreto fresco, a falta de água pode ser mais prejudicial que um
pequeno excesso”.
20. Quais as formas de segregação num concreto fresco?
21. Qual a influência da elevação do teor de água numa mistura de concreto fresco?
22. Determine o fcm, o fckest e o Sn a partir das cargas de ruptura obtidas no ensaio à compressão
de um determinado lote de concreto, cujas amostras foram retiradas de algumas amassadas.
Sabe-se que o na produção do concreto, o cimento é dosado em massa e os agregados e
água em volumes, com correção da quantidade de areia e água, em função da umidade da
areia.

Exemplar 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Carga de CP1 34700 32500 36200 35800 33100 32000 37700 32500 33000 39200 33400 35700
Ruptura
(Kgf) CP2 35200 32200 36000 36400 34000 30600 38000 32200 36800 36800 35600 35600

Dados: φ do CP = 15cm

23. Determine o fcm, o fckest e o Sn a partir das cargas de ruptura obtidas no ensaio à
compressão de um determinado lote de concreto, cujas amostras foram retiradas de
amassadas aleatórias. Sabe-se que o na produção do concreto, o cimento é dosado
em massa e os agregados e água em volumes, com correção da quantidade de areia
e água, em função da umidade da areia.

Exemplar 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Carga de CP1 54200 59100 56200 64200 62600 58400 59200 57800 52100 64400 57100 59400
Ruptura 65
(Kgf) CP2 54100 58000 59200 62000 59200 59000 60200 58300 56400 63400 58400 61500
13 14 15 16 17 18 19 20
59100 67600 54900 58800 62000 59500 61100 63000
58300 64700 56400 59400 60100 63800 62800 59600

Dados: φ do CP = 15cm

24. Resolva a questão 1 para amostragem em todas as amassadas.


25. Resolva a questão 2 para amostragem em todas as amassadas.

Resultados:
22 23 24 25

fck,est=17,4MPa fck,est=30,6MPa fck,est=17,8MPa fck,est=31,3MPa

fcm=19,6MPa fcm=33,6MPa fcm=19,6MPa fcm=33,6MPa

Sn=1,25MPa Sn=1,80MPa Sn=1,25MPa Sn=1,80MPa

66
Bibliografia

1. ABESC, Depto. Técnico - Publicações Diversas.

2. COLLEPARDI, M., Tecnologia de Aditivos,


Curso de Aditivos para concreto - IPT, 1983.
3. CONCREBRAS, Depto. Técnico, Vocabulário Técnico.

4. CONCRELIX, Depto. Técnico, Coletânea Em Dia Com o Concreto.

5. CONCRETEX, Depto. Técnico, Falando em Concreto.

6. COUTINHO, A. de Souza, Fabrico e Propriedades do Betão,


LNEC, Lisboa, 1973.
7. FALCÃO BAUER, L. A., Materiais de Construção,
Livros Técnicos e científicos Editora S/A - 1985.
8. NEVILLE, A. M., Propriedades do Concreto, Editora Pini,
São Paulo, 1982.
9. PETRUCCI, E-G-R-, Concreto de Cimento Portland,
5ª edição, Editora Globo, Porto Alegre, 1973.
l0. TARTUCE, R., Dosageln Experilnental do Concreto,
Editora Pini, São Paulo, 1989.
ll. TARTUCE, R., GIOVANETTI, E., Princípios Básicos
sobre Concreto de Cimento Portland, Editora Pini
São Paulo, 1990.
12. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Propriedades do concreto fresco, São Paulo,
1996.
13. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Preparo do concreto, São Paulo, 1995.
14. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Propriedades do concreto endurecido, São
Paulo, 1997.
15. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Como preparar o concreto, São Paulo, 1998.
16. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Exigências básicas na produção e aplicação
do concreto em estruturas, São Paulo, 1999.
17. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Manual de ensaios de: agregados, concreto
fresco e concreto endurecido, São Paulo, 2000.
18. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Controle estatístico de concreto, São Paulo,
1990.
19. BAUER, L.A. - Materiais de Construção 1. 3ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Ltda.,
1988.
20. CENTRO DE TECNOLOGIA DE EDIFICAÇÕES - Qualidade na Aquisição de Materiais e Execução de
Obras. São Paulo: Editora Pini, 1996.
21. FUSCO, Péricles B. - Técnicas de armar estruturas de concreto. São Paulo: Editora Pini, 1995.
22. HELENE, Paulo R. L. - Manual de dosagem e controle do concreto. Brasília: Editora Pini, 1992.
23. MEHTA, Povindar Kumar - Concreto: estrutura, propriedades e materiais. São Paulo: Editora Pini, 1994.
24. NEVILLE, A.M. - Properties of concrete. 2.ed. London: Pitman, 1975.
25. SOROKA, I. - Portland cement paste and concrete. London: MacMilan, 1979.

67

Você também pode gostar