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3/27/2018

ESTRUTURAS

AULA 1 – FUNDAMENTOS DO CONCRETO


ARMADO

Eng.º Civil Msc. Paulo Henrique Menezes Silva


2018

ESTRUTURAS

1.1 GENERALIDADES

O concreto simples é um material que possui alta resistência à


compressão, mas uma resistência pequena à tração. A idéia de se
juntar a esse material a barras de aço na parte tracionada surgiu na
França e teve seu maior desenvolvimento na Alemanha, onde
surgiu a primeira teoria consistente, comprovada cientificamente,
publicada em 1902 por seu idealizador E. Mörsch.

O concreto armado se torna viável devido basicamente a três fatores


indispensáveis:
• trabalho conjunto do concreto e do aço;
• coeficientes de dilatação térmica do concreto e do aço praticamente
iguais;
• concreto funcionando como protetor contra oxidação da armadura;
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ESTRUTURAS

1.2 VANTAGENS DO CONCRETO, RESTRIÇÕES E PROVIDÊNCIAS


Como material estrutural, o concreto apresenta várias vantagens em
relação a outros materiais. Serão relacionadas também algumas de
suas restrições e as providências que podem ser adotadas para
contorná-las.

1.2.1 VANTAGENS DO CONCRETO ARMADO

•É moldável, permitindo grande variabilidade de formas e de


concepções arquitetônicas.
•Apresenta boa resistência à maioria dos tipos de solicitação, desde
que seja feito um cálculo correto e um adequado Detalhamento das
armaduras.
•A estrutura é monolítica, com trabalho conjunto, se uma peça é
solicitada.
•Baixo custo dos materiais – água e agregados, graúdos e miúdos.
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1.2.1 VANTAGENS DO CONCRETO ARMADO

Baixo custo de mão de obra, pois, em geral, a produção de


concreto convencional não exige profissionais com elevado nível de
qualificação.

 Processos construtivos conhecidos e bem difundidos em quase


todo o país.

 Facilidade e rapidez de execução, principalmente se forem


utilizadas peças pré-moldadas.

 O concreto é durável e protege as armaduras contra corrosão.

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1.2.1 VANTAGENS DO CONCRETO ARMADO

 Os gastos de manutenção são reduzidos, desde que a estrutura


seja bem projetada e adequadamente construída.

 O concreto é pouco permeável à água, quando dosado


corretamente e executado em boas condições de plasticidade,
adensamento e cura.

 É um material com bom comportamento em situações de


incêndio, desde que adequadamente projetado para essas
situações.

 Possui resistência significativa a choques e vibrações, efeitos


térmicos,atmosféricos e a desgastes mecânicos.
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1.2.2 RESTRIÇÕES / DESVANTAGENS DO CONCRETO ARMADO

Providências adequadas devem atenuar as consequências de


algumas restrições do concreto. As principais restrições são:

 Retração e fluência,
 Baixa resistência à tração,
 Pequena ductilidade,
 Fissuração,
 Peso próprio elevado ,
 Custo de formas para moldagem,
 Corrosão das armaduras.

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1.2.3 PROVIDÊNCIAS

Para suprir as deficiências do concreto, há várias alternativas.

 Tanto a retração quanto a fluência dependem da estrutura interna


do concreto. Portanto, para minimizar seus efeitos, adequada atenção
deve ser dada a todas as fases de preparação, desde a escolha dos
materiais e da dosagem até o adensamento e a cura do concreto
colocado nas fôrmas.
 A baixa resistência à tração pode ser contornada com o uso
armadura, o aço garante ductilidade e aumente a resistência a
compressão em concreto simples;
 Nos pilares, os estribos, além de evitarem a flambagem localizada
das barras, podem confinar o concreto, o que também aumenta sua
ductilidade.
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1.2.3 PROVIDÊNCIAS
A fissuração pode ser contornada ainda na fase de projeto, com
armação adequada e limitação do diâmetro das barras e da tensão
na armadura.

A utilização de armadura ativa (CONCRETO PROTENDIDO) tem


como principal finalidade aumentar a resistência da peça, o que
possibilita a execução de grandes vãos ou o uso de seções
menores, diminuindo o peso próprio, sendo que também se obtém
uma melhora do concreto com relação à fissuração.

O concreto de alto desempenho – CAD – apresenta


características melhores do que o concreto tradicional – como
resistência mecânica inicial e final elevada, baixa permeabilidade, alta
durabilidade, baixa segregação, boa trabalhabilidade, alta aderência,
reduzida exsudação, menor deformabilidade por retração e fluência,
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entre outras.

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1.2.3 PROVIDÊNCIAS
 O CAD é especialmente apropriado para obras em que a
durabilidade é condição indispensável. A alta resistência é uma das
maneiras de se conseguir peças de menores dimensões, aliviando o
peso próprio das estruturas.
 Ao concreto também podem ser adicionadas fibras,
principalmente de aço, que aumentam a ductilidade, a absorção de
energia, a durabilidade etc.

 A padronização de dimensões, a pré-moldagem e o uso de


sistemas construtivos adequados permitem a racionalização do uso
de fôrmas, levando a economia neste quesito.

 A corrosão da armadura pode ser prevenida com controle da


fissuração e com o uso de adequado cobrimento da armadura,
cujo valor depende do grau de agressividade do ambiente em 9que a
estrutura for construída.

ESTRUTURAS
1.3 SISTEMAS E ELEMENTOS ESTRUTURAIS
 Elementos Estruturais são as peças que compõem uma
estrutura geralmente com uma ou duas dimensões preponderantes
sobre as demais (Viga, laje, pilares etc.);

 Sistema Estrutural é a forma como os elementos estruturais são


arranjados resultando em uma estrutura estável.

A análise do comportamento real de uma estrutura são, geralmente,


complexas e difíceis, e nem sempre possíveis.

Por essa razão é preciso usar a técnica da discretização, que


consiste em desmembrar a estrutura em elementos cujos
comportamentos possam ser admitidos já conhecidos ou de fácil
estudo.
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1.3 SISTEMAS E ELEMENTOS ESTRUTURAIS

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Figura 1 – Esquema estrutual em concreto armado de uma garagem.

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1.3 SISTEMAS E ELEMENTOS ESTRUTURAIS

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Figura 2 – Discretização da estrutura da garagem.

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2.0 PROPRIEDADES MECÂNICAS

As principais propriedades mecânicas do concreto são:


Resistência à compressão;
Resistência à tração;
Módulo de elasticidade.

Essas propriedades são determinadas a partir de ensaios,


executados em condições específicas. Geralmente, os ensaios são
realizados para controle da qualidade e atendimentoàs
especificações.

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2.1 RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO

 As principal característica do concreto é sua resistência à


compressão, a qual é determinada pelo ensaio de corpos de prova
submetidos a compressão centrada.

 No Brasil são utilizados corpos de prova cilíndricos, com diâmetro


de base 15 cm e altura de 30 cm e também com base de 10 cm e
altura de 20 cm.

 A Resistência à compressão deve ser relacionada a idade de 28


dias (NBR 5738:1994 – Moldagem, e NBR 5739:1994 – Ensaio);

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2.1 RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO

A partir do resultado desses ensaios, faz-se uma análise estatística


das resistências obtidas, obtendo-se o chamado valor característico.
Denomina-se resistência característica do concreto (fck) o valor
abaixo do qual se encontram apenas 5% dos resultados obtidos, ou
seja, um valor para o qual se têm no mínimo 95% de segurança em
relação à ruptura por compressão.

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Figura 3 – Curva de Gauss para a resistência do concreto à compressão

ESTRUTURAS
2.1 RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO

OBSERVAÇÃO:

Estudos e ensaios realizados principalmente por H. Rüsch apontam


para uma redução na resistência do concreto quando submetido a
carregamentos de longa duração. Essa redução pode ser
considerada da ordem 15% e é levada em consideração nas normas
atuais multiplicando-se a resistência característica de compressão
obtida em ensaios de curta duração por 0,85.

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2.2 RESISTÊNCIA A TRAÇÃO

Os conceitos relativos à resistência do concreto à tração direta,


fct, são análogos aos expostos no item anterior, para a resistência à
compressão. Portanto, tem-se a resistência média do concreto à
tração, fctm, valor obtido da média aritmética dos resultados, e a
resistência característica do concreto à tração, fctk ou
simplesmente ftk, valor da resistência que tem 5% de probabilidade
de não ser alcançado pelos resultados de um lote de concreto.

Tipos de Ensaio: Tração Direta (referência), Compressão diametral


e Tração na flexão.

Na falta de ensaios, as resistências à tração direta podem ser obtidas


a partir da resistência à compressão fck (MPa):

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ESTRUTURAS
2.2 RESISTÊNCIA A TRAÇÃO

Na falta de ensaios, as resistências à tração direta podem ser obtidas


a partir da resistência à compressão fck (MPa):

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2.3 MÓDULO DE ELASTICIDADE

Outro aspecto fundamental no projeto de estruturas de


concreto consiste na relação entre as tensões e as deformações.

DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO

O módulo secante é usado em análises elásticas, especialmente para


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determinar esforços solicitantes e verificar Estados Limites de Serviço.

ESTRUTURAS

2.3 MÓDULO DE ELASTICIDADE

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2.3 MÓDULO DE ELASTICIDADE

O módulo secante é usado em análises elásticas, especialmente para


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determinar esforços solicitantes e verificar Estados Limites de Serviço.

ESTRUTURAS
2.3.1 DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO SIMPLIFICADO

E. Grasper observou que a tensão máxima corresponde a


deformações da ordem de 0,2 % e que a ruptura é atingida para uma
deformação em torno de 0,35 %.

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ESTRUTURAS
2.3.1 DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO SIMPLIFICADO

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2.3.1 DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO SIMPLIFICADO DO


CONCRETO
3,5%o 0,85.fcd αc.fcd
y = λ .x

2,0%o
x
h

Observação:

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3.0 AÇO PARA CONCRETO ARMADO
O aço empregado em concreto armado tem nomenclatura em função
da tensão de escoamento, composta pelas letras CA, de concreto
armado, seguida da tensão de escoamento em kgf/mm2. Assim um
aço CA-50 é um aço para concreto armado com tensão de
escoamento de 500MPa.
TRECHO - OA

TRECHO - AB

Es – Módulo de Elasticidade do aço (210.000MPa), fyd – Tensão de escoamento


25 de
Cálculo do aço (fyk/1,15).

ESTRUTURAS
4.0 DIMENSIONAMENTO DE UMA ESTRUTURA

 O cálculo, ou dimensionamento, de uma estrutura deve garantir


que ela suportem de forma segura, estavél, e sem deformações
execessivas, todas as solicitações a que está submetida durante a
sua execução e utilização.

 O dimensionamento consiste em impedir a ruína (falha) da estrutura


ou de determinadas partes dela. Por ruína não se entende apenas o
perigo de ruptura, mas também as situações em que a edificação
não apresenta um perfeito estado de utilização (Deformações
excessivas ou fissuras inaceitáveis)

 Segundo a NBR 6118:2003, o objetivo da análise estrutural é


determinar os efeitos das ações em uma estrutura (distribuição dos
esforços internos, tensões, deformações e deslocamentos), com a
finalidade de efetuar as verificações dos Estados-limite Últimos
26 e de

serviço.

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ESTRUTURAS
4.0 DIMENSIONAMENTO DE UMA ESTRUTURA

Objetivamente o dimensionamento de uma estrutura consiste em uma


das seguintes operações:

 Comprovar que uma seção previamente conhecida (forma,


dimensões e quantidade de armadura) é capaz de resistir às
solicitações mais desfavoráveis que possam atuar, ou;

 Dimensionar uma seção ainda não definida completamente a fim


de que suporte as solicitações máximas a que possa estar sujeita.

Em outras palavras, a finalidade do cálculo estrutural é garantir, com


segurança adequada, que a estrutura mantenha certa características
que possibilitem a utilização da construção, durante sua vida útil, para
as finalidades para as quais foi projetada. 27

ESTRUTURAS
4.1 ESTADOS LIMITES

 As estruturas de concreto armado devem ser projetadas de modo


que apresentem segurança satisfatória.

 Esta segurança está condicionada à verificação dos estados


limites, que são situações em que a estrutura apresenta desempenho
inadequado à finalidade da construção, ou seja, são estados em que
a estrutura se encontra imprópria para o uso.

 Os estados limites podem ser classificados em estados limites


últimos ou estados limites de serviço, conforme sejam referidos à
situação de ruína ou de uso em serviço, respectivamente.

 Assim, a segurança pode ser diferenciada com relação à


capacidade de carga e à capacidade de utilização da estrutura.
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4.1.1 ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS

São aqueles que correspondem à máxima capacidade portante da


estrutura (colapso), ou seja, sua simples ocorrência determina a
paralização, no todo ou em parte, do uso da construção. São
exemplos:

a) Perda de equilíbrio como corpo rígido: tombamento, escorregamento


ou levantamento;
b) Resistência ultrapassada: ruptura do concreto;
c) Escoamento excessivo da armadura: εs > 1,0%;
d) Aderência ultrapassada: escorregamento da barra;
e) Transformação em mecanismo: estrutura hipostática;
f) Flambagem;
g) Instabilidade dinâmica − ressonância;
h) Fadiga − cargas repetitivas;
i) Colapso progressivo. 29

ESTRUTURAS
4.1.2 ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO

São aqueles relacionados à durabilidade das estruturas, à aparência,


ao conforto do usuário e à boa utilização funcional das mesmas, ou
seja, em relação aos usuários, às máquinas ou aos equipamentos
utilizados

a) Formação de Fissuras (ELS-F);


b) Abertura de fissuras (ELS-W);
c) Deformação excessiva (ELS-DEF) - FLECHAS;
d) Descompressão (ELS-D), Descompressão parcial (ELS-DP),
compressão excessiva (ELS-CE) – Concreto protendido;
e) Vibração excessiva (ELS-VE) – Desconforto em pessoas ou danos
em equipamentos sensívies;

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ESTRUTURAS
5.0 CRITÉRIOS DE SEGURANÇA

 O objetivo do dimensionamento de uma estrutura é se


conciliar o menor custo possível com a garantia de que a mesma não
atinja um estado limite.
 Para tanto deve-se levar em consideração a incerteza em
relação à resistência dos materiais que compõem o concreto armado,
a possibilidade de avaliação inexata das ações estimadas, e erros
devido à introdução de hipóteses simplificadoras usualmente
adotadas no processo de cálculo.

 Em função de estudos probabilísticos que levam em conta o


controle de qualidade exercido no processo de confecção dos
diversos materiais e a possibilidade de combinação das diversas
ações, a NBR6118-2014 estabelece valores para coeficientes de
segurança para minoração da resistência dos materiais e31 para
combinação das solicitações.

ESTRUTURAS
5.0 CRITÉRIOS DE SEGURANÇA

Sendo Rk e Sk os valores característicos da resistência e da


solicitação, respectivamente, e Rd e Sd os seus valores de cálculo, o
método pode ser representado pelo esquema da Figura.
A idéia básica é:
a) Majorar ações e esforços solicitantes (valores
representativos das ações), resultando nas ações e
solicitações de cálculo, de forma que a probabilidade
desses valores serem ultrapassados é pequena;
b) Reduzir os valores característicos das resistências
(fk), resultando nas resistências de cálculo, com
pequena probabilidade dos valores reais atingirem
esse patamar;
c) Equacionar a situação de ruína, fazendo com que o
esforço solicitante de cálculo seja igual à resistência
de cálculo. 32

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ESTRUTURAS
5.0 CRITÉRIOS DE SEGURANÇA

Os coeficientes de majoração das ações e das solicitações são


representados por γf. Os coeficientes de minoração das resistências
são indicados por γm, sendo γc para o concreto e γs para o aço.

CONCRETO AÇO
SOLICITAÇÃO DE CÁLCULO
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ESTRUTURAS

FIM

TEMA PRÓXIMA AULA: CÁLCULO DA ARMADURA DE


FLEXÃO - DIMENSIONAMENTO DE VIGAS

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