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18/07/2021

ARQ/CTC/UFSC
Disciplina ARQ 5641 : Experimentação I
Aula 6

Coeficientes de segurança
nas estruturas de edifícios

Prof. João Carlos Souza

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Para cada material e para cada tipo de esforço, Quando vamos projetar uma peça estrutural, não
tração, compressão ou cisalhamento, existe uma podemos escolher as dimensões da mesma em
tensão limite que a peça estrutural não resiste e que ela venha a trabalhar muito próxima da sua
pode entrar em colapso, é a chamada tensão de ruptura, mas também não devemos exagerar no
ruptura, ou tensão de ruína ou tensão última. tamanho, pois assim a peça ficará antieconômica.

O conceito de ruína nem


sempre está ligado à
destruição da peça
estrutural, às vezes
considera-se uma
deformação máxima
admissível que não cause
desconforto aos usuários
ou fissuras indesejadas.

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Relativo às cargas

Relativo ao Material

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O Fator ou coeficiente de segurança sempre deverá se maior que 1.

Sempre consideramos que o material é mais fraco do que na realidade ele é

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(Cargas)

O Fator ou coeficiente de segurança sempre deverá se maior que 1.

O coeficiente de segurança sempre é maior que 1

Cargas permanentes

Cargas acidentais

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Cargas dinâmicas Cargas térmicas

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Exemplo 1) Queremos construir um pilar


curto de CA (concreto armado) que resista a
uma carga de 100 kN (100 tf).
Usaremos:
• Concreto C30 ( fck = 300 kgf/cm 2 ) e
• Desconsiderar uma possível flambagem.

Inicialmente faremos o dimensionamento


sem considerar o coeficiente de segurança.

Em seguida dimensionaremos com


coeficiente de segurança.

1) sem considerar o coeficiente de segurança. 1) Sem considerar o coeficiente de segurança.

F = Carga = 100 tf = 100.000 kgf F = Carga = 100 tf = 100.000 kgf

Tensão última do concreto fck = 300 kgf/cm 2 Tensão última do concreto fck = 300 kgf/cm 2
F - representa a carga
F F 100.000kgf
u  fck 
aplicada numa determinada
peça estrutural
A – é a área da seção
A A
A transversal desta peça fck 300kgf / cm 2
Na realidade, quando queremos dimensionar uma
peça estrutural, o que queremos saber são as suas A = 333,33 cm 2
dimensões e, especialmente, sua área resistente.

Pilar quadrado 18,3 cm de lado


F
A Coluna cilíndrica 20,6 cm de diâmetro
fck

2) Considerando o Coeficiente de Segurança.


F = Carga = 100 tf = 100.000 kgf
Fd = carga de projeto =F . g = 100.000 x 1,4 = 140.000 kgf Exemplo 2) Queremos dimensionar o cabo
Tensão última do concreto fck = 300 kgf/cm2 de sustentação de um elevador que tenha
Tensão de cálculo do concreto fcd = fck/ g = 300kgf/cm 2/1,4 capacidade de transportar 8 pessoas.
fcd = 214 kgf/cm2 Usaremos: Aço CA-50 (fyk = 5000 kgf/cm 2 );
• Consideraremos que a caixa do elevador
140.000kgf
Fd A pesa 2000 kgf.
A 214kgf / cm 2 • Vamos desconsiderar as forças oriundas
fcd da aceleração e da desaceleração.
A = 654,21 cm 2 Inicialmente faremos o dimensionamento
Pilar quadrado 25,6 cm de lado sem considerar o coeficiente de segurança.

Coluna cilíndrica 28,9 cm de diâmetro Em seguida dimensionaremos com


coeficiente de segurança.

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1) Sem considerar o coeficiente de segurança. 2) Considerando o Coeficiente de Segurança.


F = Carga = Caixa + pessoas F = Carga = Caixa + pessoas
F = 2.000 kgf 8 x 70 kgf = 2.560 kgf F = 2.000 kgf 8 x 70 kgf = 2.560 kgf
Fd = F . g  2.560 kgf x 1,4 = 3.584 kgf
Tensão última do aço fyk = 5.000 kgf/cm 2
Tensão última do aço fyk = 5.000 kgf/cm 2
Tensão de cálculo do aço fyd = fyk/ g =
F 2.560 kgf
A A  0,51cm 2 fyd = 5.000kgf/cm 2/1,15 fyd = 4.348 kgf/cm 2
fyk 5.000 kgf / cm 2
Fd 3.584 kgf
A = 0,51 cm 2 A A  0,82 cm 2
fyd 4.348 kgf / cm 2

Cabo com 0,33 cm de diâmetro


A = 0,82 cm 2

Cabo com 1,02 cm de diâmetro

Resumindo
Para que tenhamos segurança em uma Próxima aula:
construção, sempre:
Consideramos que o material é um pouco
menos resistente do que realmente ele é.
E
Vínculos estruturais
Consideramos que a carga a ser aplicada
será um pouco maior do que aquela que
está prevista nos cálculos.

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FATOR DE SEGURANÇA NO PROJETO DE ESTRUTURAS DE EDIFÍCIOS.

Prof. João Carlos Souza

Devido a acontecimentos relacionados ao colapso de estruturas no Brasil e no mundo,


cresce cada vez mais a atenção do meio técnico para questões de segurança estrutural. Há vários
casos de edificações que ruíram até mesmo antes da entrega ao cliente, ou seja, durante o período
de construção.

O coeficiente de segurança (também chamado de fator de incerteza ou fator de avaliação)


é um número pelo qual alguma variável, como carga ou a resistência do material, é multiplicada
ou dividida para aumentar a segurança.

As fontes de falha contra as quais os fatores de segurança se destinam a proteger podem


ser divididas em duas categorias principais:

a) a variabilidade das condições que influenciam o risco de falha, como variações na


resistência do aço, do concreto e outros materiais de construção, e
b) a incerteza do conhecimento humano, incluindo a possibilidade de os modelos utilizados
para a avaliação de risco serem imprecisos, aí estando inserido o cálculo das cargas que a
estrutura deverá resistir.

Os fatores de segurança são usados para obter uma reserva de segurança, uma margem
entre as condições reais e aquelas que levariam à falha.

Desde a antiguidade, os construtores adotam reservas de segurança adicionando força


extra às suas construções. Nos tempos da antiga Babilônia, o Artigo 229 do Código de Hamurabi
estabelecia a seguinte penalidade: “Se um construtor construir uma casa para outrem, e não a
fizer bem feita, e se a casa cair e matar seu dono, então o construtor deverá ser condenado à
morte”. No caso de ruína da construção, o exercício de engenharia implicava problema de vida
ou morte para o construtor.

Hoje, no caso de ocorrência de ruína da obra, além das penas legais, o profissional de
engenharia civil responsável pela obra se sujeita muitas vezes à execração pública em geral e, em
particular, dentro da própria classe. Na engenharia moderna, os fatores de segurança são usados
para compensar cinco tipos de falha:

1. Cargas maiores do que as previstas, Probabilidades de erros na avaliação de cargas;


2. Propriedades do material piores do que o previsto, imperfeições na execução da peça;
variação das propriedades mecânicas do material;
3. Teoria imperfeita do mecanismo de falha em questão, mecanismos de falha
possivelmente desconhecidos, número de repetições da aplicação das cargas (fadiga); tipo
de ruptura (dúctil ou frágil);
4. Erro humano no projeto ou cálculos. Imperfeições no cálculo devido às hipóteses
simplificadoras;
5. Tipo de carregamento: carga estática, dinâmica, choque, etc.;

Os dois primeiros deles podem, em geral, ser classificados como variabilidades, enquanto
os três últimos pertencem à categoria de incerteza (genuína).

De fato, a ruína pode ser consequência de erro humano ou fruto de incompetência


profissional. Entretanto, mesmo na ausência de tais fatores, uma obra pode vir a ruir devido a
fatores aleatórios e variáveis que independem da fragilidade da condição humana.

Tradicionalmente, pensa-se que o estabelecimento de um fator de segurança elevado


afasta a obra da condição de ruína. Mas, seria a engenharia uma ciência exata, determinística, a
ponto de se poder evitar a condição de ruína através de um simples fator de segurança? Ou,
como ocorre na medicina, seria uma profissão sabidamente sujeita à aleatoriedade de fatores
independentes e fora de seu controle? O profissional de engenharia civil experiente sabe que
fator de segurança maior que 1,0 pouco significa e não garante que a obra não venha a ruir, o
profissional experiente sabe que o mais importante são as hipóteses de cálculo, que devem ser
muito próximas da realidade.

A probabilidade de ruína e o fator de segurança não podem ser tratados


independentemente: são formas diferentes de prover margem de segurança adequada para a obra.
Na verdade existe uma relação direta entre os dois parâmetros. Portanto, a meta dos engenheiros
e arquitetos é determinar o valor ótimo do fator de segurança considerando a relação entre o fator
de segurança e a probabilidade de ruína, a partir da variabilidade das cargas atuantes, do
mecanismo de interação solo – estrutura, da resistência dos materiais e dos custos incluindo o
risco de ruína. Note-se que a variabilidade pode ser percebida de forma intuitiva: os coeficientes
de variação podem ser intuídos pela experiência.

Para os engenheiros experientes a confiabilidade da obra é quantificada pela prática. Para


aqueles novatos na profissão, resta aprender a analisar os dados disponíveis para quantificar o
fator de segurança e a probabilidade de ruína associada, a partir de uma análise de otimização
deste valor.

O coeficiente de segurança é o fator requerido no projeto de um sistema para obtenção de


desempenho (operação) seguro do mesmo. É a relação entre a carga que produziria colapso da
estrutura e o carregamento atuante, em serviço. É também o coeficiente que relaciona a
capacidade de resistência de um elemento estrutural de concreto armado, calculada com base nas
resistências de cálculo do concreto e do aço e a solicitação máxima prevista para o elemento
estrutural em causa no cálculo, conforme Normas Técnicas em vigor.

De modo geral, o comportamento de uma estrutura sob ação das cargas funcionais e
ambientais é considerado satisfatório, quando:

a) no estado limite último ou de ruína, o sistema oferece uma segurança satisfatória contra a
ruptura;

b) no estado limite de serviço, os deslocamentos e rotações são compatíveis com a


funcionalidade da obra, e com as condições impostas pela estética, funcionalidade e
durabilidade da obra;

Embora os fatores de segurança existentes nas mais variadas metodologias de cálculo


estrutural sejam normatizados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas há ainda existem
ainda muitos TABUS a respeito deste aspecto. Não é incomum ouvirmos pessoas dizendo:
“Mesmo com um monte de fator de segurança esses engenheiros deixam os viadutos cair”. Então
são apresentadas a seguir sete verdades sobre os famosos coeficientes de segurança

1. Os coeficientes de segurança não resolvem erros de cálculo;

Apesar de o senso comum acreditar que os fatores de segurança servem para garantir
possíveis erros de cálculo em um projeto, esta afirmação não é verdadeira principalmente
porque os coeficientes de segurança não têm a amplitude necessária para garantir a
segurança da estrutura caso o engenheiro responsável cometa um erro ou deixe de
dimensionar de forma adequada algum elemento construtivo.

2. Os coeficientes de segurança estão associados à variabilidade do material;

Os coeficientes de seguranças são determinados a partir dos materiais que envolvem a


construção. Por exemplo, a NBR 6118/2014 define que em estruturas de concreto armado
deve-se aplicar um fator de segurança de 40% para cálculos envolvendo o concreto,
enquanto que nas barras de aço das mesmas estruturas o fator cai para 15%, isso deve-se
a uniformização existente na fabricação aço que passa por um rigoroso processo
industrial. Dessa forma as características reais dos elementos (tensão de escoamento e de
ruptura, módulo de elasticidade, coeficiente de Poisson, entre outras) tendem a estar mais
próximas dos valores utilizados no projeto e, portanto, não necessita de altos coeficientes
de segurança.

3. Os coeficientes de segurança não são sinônimos de confiabilidade;

Confiabilidade está associada a probabilidade de falha. Aplicar um fator de segurança


alto pode não trazer garantias de que a estrutura é segura. Imagine que para uma
determinada estrutura foi calculado um valor de solicitação , dessa forma o elemento foi
dimensionado para garantir uma resistência R (sendo esta o valor da solicitação
multiplicado por um fator de segurança). Mas note que não existe garantia que o valor de
solicitação será . Dessa forma a solicitação pode variar. Quando os valores de
solicitação e resistência se cruzam a estrutura entra em colapso, ou seja, simplesmente
aplicar fatores de segurança não garante nada!

4. Os coeficientes de segurança podem ser globais ou parciais;

Existem mais de uma metodologia de dimensionamento estrutural, onde os coeficientes


de segurança podem ser aplicados individualmente a cada característica dos elementos ou
de forma global ao fim do procedimento. Por exemplo, fundações profundas são
calculadas sem considerar fatores de segurança durante o processo e, ao final, aplica-se
um coeficiente global, diferentemente de estruturas metálicas que recebem fatores
parciais de segurança durante o cálculo dos elementos.

5. Os coeficientes de segurança são calculados através de modelos estatísticos;

Mas afinal de contas, quem determina qual o valor adotar? Através de uma série de
ensaios envolvendo diferentes materiais a comunidade brasileira (através da ABNT)
normatizou, para uma grande quantidade de materiais, os valores para coeficientes de
seguranças que devem ser aplicados. Utilizando os resultados destes ensaios foi possível
avaliar a dispersão dos resultados e utilizando, modelos estatísticos, definir os fatores de
segurança a serem utilizados.

6. Quanto mais informações a respeito dos materiais, menor poderá ser o coeficiente
de segurança;
O concreto, por ser um material fabricado com matéria prima muito heterogênea, recebe
um coeficiente de segurança de 1,4, enquanto que o aço, por ser um material mais
homogêneo e ter grande controle de qualidade em seu processo produtivo, necessita de
um coeficiente de segurança igual a apenas 1,15. A NBR 6122/2010 define que estacas
sem prova de carga devem ser dimensionadas com um fator de segurança global igual a
2,0, enquanto que, uma vez que o ensaio seja executado o fator a ser utilizado pode ser
igual a 1,6. Dessa forma diminuem-se os custos com execução de fundações em
aproximadamente 20%.
7. Os coeficientes de segurança, se muito altos, podem prejudicar a estrutura;

É verdade dizer quando um projetista decide aplicar um fator de segurança muito alto
apenas para garantir que não vai romper, a estrutura pode ser danificada. Um exemplo
disso está nas estruturas em alvenaria estrutural, quando se dimensionam as vigas de
suporte das paredes de forma muito robusta, as mesmas tendem a sofrer deformações
muito pequenas, impossibilitando o efeito arco de ocorrer e aumentando o efeito do
momento fletor no meio da seção.

Para concluir vale a pena imaginar o cálculo estrutural como um procedimento dinâmico,
pois quando existe alguma alteração (prevista ou não) na estrutura, há uma redistribuição de
esforços e as tensões presentes nos elementos da construção mudam. O coeficiente de segurança
é adotado para englobar fatores externos que possam ocorrer na estrutura e que não foram
preditos no dimensionamento estrutural.

Continuando com a conclusão, as estruturas quando projetadas, os diversos elementos


estruturais dimensionados não são calculados com o emprego dos materiais em seu “limite
máximo de capacidade resistente”, isto é, trabalha-se, na maioria das vezes, com os valores dos
esforços aquém de seu limite elástico.

Assim, ao se utilizar os diversos materiais, principalmente o concreto e o aço, trabalha-se


com uma série de fatores de incerteza que obrigam a impor um fator de segurança. Tais fatores
são: materiais não homogêneos; dimensões das seções dos elementos estruturais diferentemente
do projetado; incertezas nas propriedades elásticas e de resistência dos materiais; alterações no
uso da edificação; não horizontalidade e não verticalidade dos elementos; incertezas nas
solicitações e nas vinculações; modelo de cálculo inadequado.

Com todas essas variáveis que podem influenciar no mau desempenho de uma estrutura e
podendo até causar o seu colapso, foi introduzido o chamado “coeficiente de segurança”. Esse
fator de segurança, de grande importância para a preservação e garantia da edificação, é, muitas
vezes, difícil de ser exatamente determinado, mas é absolutamente necessário.

As normas técnicas brasileiras, precisamente a que diz respeito às estruturas, a NBR


6118/82 - Projeto e Execução de Obras de Concreto Armado - orienta sobre a adoção de valores
realmente confiáveis. A preservação da vida do ser humano leva a adoção de critérios mais
conservadores com respeito à segurança.

Esses coeficientes adotados dizem respeito à majoração das cargas (ou solicitações) e à
minoração da resistência do aço e do concreto e estão embutidos no cálculo estrutural A NBR
6118/82 indica ainda, que as estruturas devem ser projetadas levando-se em consideração, não só
o aspecto da segurança, mas também o da sua durabilidade.
Ações e segurança das estruturas
Primeira Parte

Qualquer construção apresenta um conjunto de partes resistentes


e outro, de partes não-resistentes. O primeiro é denominado estrutura.

O projeto estrutural inicia-se com a idealização do arranjo


estrutural, composto por diversos elementos denominados peças.

Ocorre então a fase de análise, na qual se determinam os


efeitos existentes nos elementos quando agem neles ações, devendo
resistir, com segurança apropriada, forças e deformações previstas
durante toda a vida da construção.

A condição de segurança que deve ser satisfeita para qualquer


estrutura é R>S. R é a resistência e S são as ações e seus efeitos.

Não existe estrutura 100% segura. Segurança é a capacidade que


uma estrutura apresenta de suportar diversas ações, mantendo-se as
condições funcionais para as quais a estrutura foi construída.

A finalidade do cálculo é garantir uma segurança contra ruína


estrutural (e outros elementos da construção), assegurando sua
utilização normal durante a vida da estrutura.

Quando uma estrutura torna-se imprópria para seu uso normal por
deixar de cumprir suas funções ou não mais satisfaz as condições para
as quais ela foi concebida, dizemos que foi atingido um estado limite.

Estado de ruína é uma situação em que se esgotou a capacidade


de suporte da estrutura.

Métodos de cálculo:

Método intuitivo: aplicado até o século XVIII, consistia na


“cópia” das construções executadas anteriormente, evitando-se
insucessos estruturais anteriores.

Este método começou a se tornar obsoleto quando o ferro começou


a ser utilizado na construção de estruturas, seguido posteriormente
pelo aço e pelo concreto armado. A falta de um modelo pré-existente,
aliada à dimensão cada vez maior das obras de engenharia, exigiu uma
teorização do conceito de segurança de estruturas.

Os métodos desenvolvidos ao longo do tempo foram:

- Método das tensões admissíveis (ᵞi):

Seu emprego não foi contestado até a metade do século XX.


A segurança é feita pelo coeficiente de segurança interno (ᵞi)
na qual as maiores tensões que aparecem na utilização da estrutura não
devem ultrapassar as tensões admissíveis dos materiais.
Estas tensões são as tensões de ruptura divididas pelo
coeficiente ᵞi (>1). Este coeficiente leva em conta a variabilidade da
resistência dos materiais e da intensidade das ações, bem como a
importância da estrutura. São determinados empiricamente.

As críticas mais relevantes à este método estão no fato de que


o coeficiente não define a segurança da estrutura (se um mesmo
coeficiente for adotado para estruturas de materiais diferentes,
observar-se-á uma menor segurança em dada estrutura).

Além disso, o método não se preocupa com a verificação de


condições que poderiam vir a invalidar a utilização da estrutura, por
exemplo, uma deformação de grande intensidade.

A principal crítica ao método é o fato de que a distância entre


cargas de utilização e de ruptura é definida pelas tensões
correspondentes às situações. Se uma estrutura apresentasse resposta
linear durante toda sua história, seria possível inferir que ao
multiplicar o carregamento de utilização pelo coeficiente definir-se-
ia um carregamento proporcional que provocaria sua ruptura.

A maioria das estruturas sujeitas a um carregamento


proporcional, mesmo apresentando comportamento linear até um certo
nível de carregamento, passa a apresentar um comportamento
diferenciado no instante anterior à ruptura.

- Método de cálculo na ruptura (ᵞe):

A segurança é definida por um coeficiente de segurança externo


(ᵞe) impondo-se que a ruptura ou o colapso da estrutura seja alcançado
sob ações de ruptura as quais são as condições de utilização
multiplicadas pelo coeficiente externo.

Este coeficiente leva em conta a variabilidade da intensidade


das ações e a responsabilidade da estrutura.

A estrutura que apresenta comportamento linear até a ruptura


apresenta coeficientes interno e externo iguais.

Comparação dos métodos:


- Método dos estados limites.

Os ensaios para determinação de uma dada resistência f de um


material qualquer verificam que tal valor é uma variável aleatória
contínua, que deve ser analisada em uma distribuição de probabilidade.

A segurança dos materiais, portanto, não deve ser determinada


apenas com a utilização de coeficientes próprios, uma vez que a
própria variação destas resistências provoca uma maior ou menor
segurança.

Os coeficientes são então substituídos por probabilidades de


ruína – assume-se um risco. A probabilidade de ruína de uma estrutura
fica entre 1:10000 e 1:1000000.

Não se conhece o comportamento estrutural com perfeição


suficiente e não se tem informações completas de todos os fatores que
podem influir na segurança das estruturas. Desenvolveu-se então, o
método dos estados limites, considerado semi-probabilístico.

A idéia de se majorar cargas e reduzir resistências por meio de


coeficientes ainda permanece, mas recorre-se a dados estatísticos e
conceitos de probabilidade.

- Valores aleatórios: resistência dos materiais e ações sobre


as estruturas;

- Ensaios de grande número de corpos de prova, ações e


solicitações determinam graficamente uma densidade de freqüência –
distribuição normal;

Pode-se representar as resistências e as ações em um mesmo


sistema de eixos e a região comum a ambos os gráficos corresponderá ao
risco de ruína (a tensão será maior que as resistências entre os
materiais). Quanto menor a área comum, portanto, maior a segurança.

Pode-se diminuir a área comum:

a) Tornando as curvas mais agudas: conseguir características


dos materiais o tão constante quanto possível. É difícil
manter constância nas ações e cargas.
b) Distanciar uma curva da outra: pode-se obter minorando-se a
resistência do material (coef. de minoração ᵞm) e majorando-
se as ações, cargas e sobrecargas (coef. de majoração ᵞf).

Para se entender o principio do método dos estados limites


deve-se ter em mente as seguintes definições:

Valor característico (Fk): valor associado a uma determinada


probabilidade de não ser ultrapassado em seu sentido mais
desfavorável.
Valor de cálculo (Fd): são os valores de cálculo para ações,
solicitações e resistência dos materiais a serem adotados no estado
limite.

Tomam-se então valores característicos para resistências dos


materiais e para as ações e solicitações e utilizam-se valores de
cálculo para cada uma das partes envolvidas. O dimensionamento é então
feito em um nível intermediário, da seguinte forma:

Estes métodos podem ser classificados em determinísticos


(parâmetros apresentam valores fixos de cálculo) e em probabilísticos
(parâmetros são variáveis aleatórias que seguem distribuições de
probabilidade).

Outras definições:

Solicitação é o esforço ou conjunto de esforços que atua –


devido às ações – em uma ou mais seções do elemento estrutural.

Ação é toda influência exercida sobre um corpo capaz de


produzir um estado de tensão, ou modificar o estado já existente (NBR
8681). Pode ser:

Permanente: são as que ocorrem com valores constantes ou de


pequena variação em torno de sua média.

Existem dois tipos: diretas (pesos-próprios, pesos de


equipamentos fixos e empuxos devido à terra) e indiretas (recalques de
apoio, protensão e retração dos materiais).

Variável: são as que oferecem variações significativas em torno


de sua média. As cargas acidentais da construção, efeitos do vento, da
temperatura, do atrito, das pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas.
Cargas acidentais são as ações que atuam com o uso, podem ser
geradas por pessoas, veículos, materiais etc.

Estas ações podem ser normais, especiais ou excepcionais.

Normais: probabilidade de ocorrência suficientemente grande


para serem obrigatoriamente consideradas no cálculo.

Especiais: podem ser ações sísmicas ou cargas de natureza ou


intensidade especial. Ex.: veículos pesados de grande porte em uma
ponte.

Excepcionais: apresentam curta duração e baixa probabilidade de


ocorrência. Devem ser consideradas em projetos de determinadas
estruturas. São ações decorrentes de explosões, incêndios, enchentes
ou sismos excepcionais.

Estado limite: quando uma estrutura ou uma de suas partes


torna-se imprópria ao uso normal, deixando de cumprir suas funções ou
não satisfazendo condições para as quais ela foi concebida.

Podem ser:

Últimos: correspondentes ao valor máximo da capacidade portante


da estrutura. Ex.: perdas de estabilidade, ruptura ou deformação
excessivas, transformação num sistema hipostático, fadiga etc.

De utilização: correspondentes aos critérios de desempenho que


assegurarão a utilização normal e a durabilidade da estrutura. Ex.:
deformações excessivas para utilização normal, fissuração excessiva,
corrosão, vibrações etc.

Valores representativos para estados limites últimos:

a) Ações permanentes: o valor característico é o valor médio da


ação.
b) Ações variáveis: os valores característicos são
estabelecidos por normas específicas e apresentam uma
probabilidade entre 25% e 35% de serem ultrapassados no
sentido desfavorável. Se produzirem efeitos favoráveis, não
devem ser considerados.

Valores característicos nominais: utilizados para ações que não


tenham variabilidade expressa por probabilidade. São calculados por Fk.

Valores reduzidos de combinação: são determinados pelos valores


característicos pela expressão Fkψ0 e são empregados quando existem
ações variáveis de diferentes naturezas (a probabilidade de ocorrência
simultânea é baixa e seu cálculo sem a redução poderia levar a valores
e excessos inúteis)
Valores convencionais excepcionais: são valores para ações
excepcionais. São estabelecidos por consenso entre proprietário e
órgãos governamentais.

Valores representativos para o estado limite de serviço:

Valores reduzidos de serviço: determinados pela expressão Fkψ1


quando de valores freqüentes de ações variáveis de ocorrência repetida
e por Fkψ2 quando de valores quase permanentes das ações variáveis.
Para estruturas de concreto, o coeficiente ψ1 é usado em estados limite
de fissuração e o ψ2 para deformações excessivas.

Valores raros de serviço: quantificam as ações que podem


acarretar estados limites de serviço (mesmo com duração muito curta).

Valores representativos de resistências:

- Média: dada pela média aritmética das resistências dos


elementos que compõem o lote de um dado material.
- Característica (fk): valor associado a uma determinada
probabilidade de não ser ultrapassada no sentido mais desfavorável.
- Característica inferior (fk,inf): valor que apresenta apenas 5%
da probabilidade de não ser atingido.

𝑓𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 𝑓𝑚 − 1.645𝜎𝑓

O valor representativo para resistência deve ser tomado como o


característico inferior.

Valores de cálculo das ações:

Os valores de cálculo das ações em estados limites últimos são


obtidos pelos valores representativos (Fk) multiplicados pelos
coeficientes de ponderação ᵞf, que pode ser considerado como o produto
de vários coeficientes.

𝐹𝑑 = 𝛾𝑓 ∙ 𝐹𝑘
𝛾𝑓 = 𝛾𝑓1 𝛾𝑓2 𝛾𝑓3

1: leva em conta a variabilidade da ação;


2: baixa probabilidade de ocorrência simultânea (ψ0);
3: todas as imperfeições no projeto e/ou cálculo.

Tabelas normatizadas permitem a alteração do ᵞf por


coeficientes adequados a cada tipo de ação, assim:

ᵞg Ações permanentes
ᵞq Ações variáveis
ᵞp Ações vinculadas a protensão
ᵞε Ações indiretas

Em estados limites de serviço, ᵞf=1,0


Valores de cálculo para resistência:

𝑓𝑘,𝑖𝑛𝑓
𝑓𝑑 =
𝛾𝑚

Carregamentos são conjuntos de ações que possuem desprezível


probabilidade de atuarem simultaneamente sobre uma estrutura.

As ações devem ser combinadas de diferentes maneiras, a fim de


que possam ser determinados os efeitos mais desfavoráveis para a
estrutura.

Carregamento normal: é o que decorre do uso previsto da


construção. Deve ser sempre considerado em métodos de verificação de
segurança. Considera-se, as mais variadas combinações, onde uma
aparece com seu valor característicos e as demais, com valores
reduzidos de combinação. As combinações dependem do número de ações
variáveis presentes.

Carregamento especial: decorre da atuação de ações variáveis de


natureza ou intensidade especial. De modo geral, são apenas
importantes para calculo dos estados limites últimos, não importando
sua presença nos estados limites de serviço. Para cada carregamento
especial, há uma única combinação última especial de ações.

Carregamento exepcional: decorre de ações excepcionais que


podem provocar efeitos catastróficos. Considera-se apenas a
verificação de segurança em relação a estados limites últimos,
existindo apenas uma ação com caráter excepcional.

Carregamento de construção: decorre nas estruturas onde já há a


possibilidade de ocorrência de estados limites na fase de construção.
Devem ser definidas tantas combinações de ações quantas sejam
necessárias.

Combinações de ações:

Devem ser consideradas todas as combinações de ações que possam


acarretar os efeitos mais desfavoráveis nas seções mais criticas.

PERMANENTES: são sempre consideradas em sua totalidade;


VARIÁVEIS: consideradas em suas posições mais desfavoráveis;

Cada ação deve ser incluída com seus valores representativos


multiplicados pelos coeficientes de ponderação.

Critérios de combinação:

PERMANENTES: devem figurar em todas as combinações. Se há ações


variáveis favoráveis, o efeito favorável para a ação permanente deverá
ser adotado no cálculo.
VARIÁVEIS (condições últimas normais): para cada combinação,
uma das ações é considerada como principal (atuam com valor Fk)e as
demais, com seus valores reduzidos de combinação (Fkψ0).

VARIÁVEIS (condições últimas especiais): a ação variável


especial deve ser considerada com seu valor representativo e as demais
devem ser consideradas com coeficientes de redução.

VARIÁVEIS (condições últimas excepcionais): a ação excepcional


deve ser considerada com seu valor representativo e as demais,
consideradas com seus coeficientes de redução.

Coeficientes e fatores:

Coeficientes para combinações últimas

γg (ou γε) – ações permanentes Majoram as ações permanentes que


provocam efeitos desfavoráveis e
minoram as que provocam efeitos
favoráveis. O coeficiente deve ser
o mesmo para cada ação.
Componentes de forças são ações
separadas.

Podem ser consideradas agrupadas


ou não.
γq – ações variáveis Majoram valores das ações que
provoquem ações desfavoráveis à
segurança da estrutura. Ações que
provoquem efeitos favoráveis não
são consideradas.
Parcelas favoráveis e
desfavoráveis de uma ação são
consideradas unicamente.
Não se pode combinar ações com
sentidos opostos conjuntamente.

Podem ser consideradas agrupadas


ou não.
γf – ações excepcionais 1,0 – é o coeficiente γq
ψ0 (fator de combinação) e O primeiro é usado em combinações
ψ1 e ψ2 (fatores de redução últimas, e os demais, são
considerados em combinações de
serviço.
ψ1 – freqüentes;
ψ2 – quase-freqüentes;
Combinações últimas

Normais 𝑚 𝑛

𝐹𝑑 = 𝛾𝑔 𝐹𝑘,𝑔𝑖 + 𝛾𝑞 𝐹𝑘,𝑞1 + 𝜓0𝑗 𝐹𝑘,𝑞𝑗


𝑖=1 𝑗 =2

O termo 𝛾𝑔 𝐹𝑘,𝑔𝑖 representa o valor característico das ações


permanentes multiplicado pelo respectivo coeficiente.
𝛾𝑞 𝐹𝑘,𝑞1 o valor característico da ação variável considerada
principal e o 𝛾𝑞 𝜓0𝑗 𝐹𝑘,𝑞𝑗 o valor reduzido para cada ação
variável.
O número de combinações é tão maior, quanto maior for o
número de ações variáveis.
Especiais ou 𝑚 𝑛

de 𝐹𝑑 = 𝛾𝑔 𝐹𝑘,𝑔𝑖 + 𝛾𝑞 𝐹𝑘,𝑞1 + 𝜓0𝑗 ,𝑒𝑓 𝐹𝑘,𝑞𝑗


Construção 𝑖=1 𝑗 =2
O fator de combinação passa a ser efetivo. É igual ao
fator 𝜓0𝑗 , exceto quando a ação variável tomada como
principal tiver um tempo de ação muito reduzido (ex.
vento). Neste caso, adota-se 𝜓2𝑗 .
Cada carregamento especial representa uma única
combinação de ações. No carregamento de construção devem
ser considerados o maior número possível de combinações.
Excepcionais 𝑚 𝑛

𝐹𝑑 = 𝛾𝑔 𝐹𝑘,𝑔𝑖 + 𝛾𝑞 𝐹𝑘,𝑞𝐸𝑋𝐶 + 𝜓0𝑗 ,𝑒𝑓 𝐹𝑘,𝑞𝑗


𝑖=1 𝑗 =2
𝐹𝑘,𝑞𝐸𝑋𝐶 é o valor da ação excepcional e os demais são os
termos definidos anteriormente.

Combinações de serviço

São consideradas todas as ações permanentes (diretas ou não) e ações


variáveis são aplicadas com os coeficientes ψ1 – freqüentes – e ψ2 –
quase-freqüentes.

𝑚 𝑛
Quase
permanentes 𝐹𝑑,𝑢𝑡𝑖 = 𝐹𝑘,𝑔𝑖 + 𝜓2𝑗 𝐹𝑘,𝑞𝑗
𝑖=1 𝑗 =1
Neste caso, não há coeficiente majorante para as ações
permanentes e todas as ações variáveis recebem um
coeficiente ψ2.
𝑚 𝑛
Freqüentes
𝐹𝑑 = 𝐹𝑘,𝑔𝑖 + 𝜓1 𝐹𝑘,𝑞1 + 𝜓2𝑗 𝐹𝑘,𝑞𝑗
𝑖=1 𝑗 =2
Neste caso, a ação variável principal é tomada com seu
valor freqüente 𝜓1 𝐹𝑘,𝑞1 e as demais são tomadas com seus
valores quase permanentes 𝜓2𝑗 𝐹𝑘,𝑞𝑗 .
𝑚 𝑛
Raras
𝐹𝑑 = 𝐹𝑘,𝑔𝑖 + 𝐹𝑘,𝑞1 + 𝜓1𝑗 𝐹𝑘,𝑞𝑗
𝑖=1 𝑗 =2
A variável principal é tomada com seu valor característico
e as demais, com seus valores freqüentes 𝜓1𝑗 𝐹𝑘,𝑞𝑗 .

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