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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 2ª

VARA CÍVEL DA COMARCA DE CARAZINHO – RS.

Processo Nr.: 5001707-65.2019.8.21.0009

Autor(a): VANESSA SALETE BICIGO DE QUADROS

Réu: DANIEL MACHADO

PARECER TÉCNICO

CHARLES LOGAN VIZZOTTO DA LUZ, Engenheiro Civil, inscrito sob


conselho de classe CREA RS 253230 apresenta seu parecer técnico, com a
finalidade atender os quesitos solicitados no processo número 5001707-
65.2019.8.21.0009.

Visita técnica realizada em 29/06/2022 (vinte e nove de junho de dois mil


e vinte e dois). No logradouro Rua Goiás, nº 522, Bairro Oriental, na cidade de
Carazinho, Rio Grande do Sul. A mesma foi acompanhada por ambas as partes.

Foto 1 - Frente da Edificação

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Foto 2 - Sala de Estar x Jantar

Foto 3 - Sala de Jantar x Cozinha

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Foto 4 - Segundo Dormitório

Foto 5 - Dormitório Casal

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Foto 6 - Posterior Edificação

Foto 7 - Fundos Terreno

Quanto aos quistos apresentados pode-se apontar que:

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a) O imóvel foi construído respeitando o memorial descritivo?

Parcialmente atende-se esse quesito, visto que:

Aponta-se que, para a fase de projeto, houve divergência nas cotas de


nível internas e externas da edificação, por isso os degraus e os empossamentos
de águas pluviais.
Quanto às etapas de execução, que consistem na construção
efetivamente, movimentação de solos, ligações hidráulicas e elétricas
provisórias e definitivas e demais etapas, não se pode apontas, visto que não se
acompanhou a execução. Apenas vislumbra-se as patologias que serão reflexos
dos possíveis erros na execução.
No memorial tem-se a descrição de esquadrias de alumínio branco e em
visita observa-se o extremo oposto, esquadrias também em alumínio, mas na
cor preta. Entretanto, edificação não apresenta maiores riscos estruturais como
rachaduras, movimentações junto a taludes ou encostas ou ainda cobertura em
estado último.

b) Quais foram as divergências encontradas em relação ao memorial?

Assim como descrito no quesito “a)”, existe infidelidade no relato das cotas
de nível, ou seja, diferença entre altura da rua e a altura terreno natural. Para
melhor compreensão do item “9” do memorial descritivo do colega arquiteto Sr.
Rafael Baú Branda, CAU A33474-0, onde a indicação é:

Relato 1 - Descrição de Memorial Movimentação de Solo

O que ocorre no terreno e vizinhanças é a cota do início do terreno ser


mais elevada comparada ao seu fim. Embora não demonstrado em projeto, é a
situação do terreno natural e vislumbrado em visita pericial.

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Figure 1 - Planta com Cotas de Nível

A falha de projeto e de execução, consiste na desconsideração da caixa


coletora para as águas pluviais junto ao fim do recuo frontal e destinação para
rede municipal ou local de infiltração. Entretanto, visitando o local, observou-se
a existência de caixas coletoras. Contudo, não estão em local adequado, para
que funcionasse, seria necessária uma lâmina de água a altura mínima da tampa
da caixa, causando assim, empossamento e empecilhos para deslocamentos e
saída dos moradores da edificação.

Foto 8 - Declividade em Recuo Frontal

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Foto 9 - Igualdade de níveis entre acesso e calçada frontais / Caixas de
Infiltração

Foto 10 - Diferença de Níveis - Degraus a Direita

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Ainda considerando as diferenças de cota de nível, aponta-se o piso
comum do banheiro (Foto 11), onde torna-se necessária a aplicação de um
batente de granito em declive para que não existia um degrau para acessar o
ambiente.
Foto 11 - Diferença de Nível Acesso ao Banheiro

Ainda considerando o projeto arquitetônico e a execução, observa-se em


visita técnica, que não se foi executado o fechamento do elevado da caixa
d’água, deixando aparente o mesmo. Aponta-se, pois está em desacordo com
projeto arquitetônico e a não execução do mesmo torna o reservatório exposto
às intempéries, reduzindo sua vida.
Além disso, sua ausência pode ocasionar o risco de rachaduras no
reservatório, infiltrações e patologias oriundas do peso concentrado. Parlem da
ausência do elevado, o sistema de “impermeabilização” da laje onde está
apoiado o reservatório deve ser apontado. Visto que não seria evidenciado
negativamente se não possuísse pontos de ruptura em sua manta. Mostrando
assim, falha em sua instalação, ou falha em sua conservação e manutenção
desde a aplicação da mesma. As mantas estão apresentando descolamento e
necessitam de manutenção.

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Foto 12 - Elevado da Caixa D'Água

Quanto às pavimentações, o memorial não especifica a classe de


resistência, PEI (Porcelain Enamel Institute – Classe de Dureza à Abrasão) que
as cerâmicas, que seriam utilizadas no projeto, deveriam possuir. Dessa
maneira, ressalta-se que não há divergências, mas sim, falta de instrução no
memorial.

Foto 13 - Descascamento do Esmalte Cerâmico

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Foto 14 - Descascamento do Esmalte Cerâmico

Foto 15 - Descascamento do Esmalte Cerâmico

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Assim como as cerâmicas, não existe clareza nas informações quando se
descreve os rodapés. Visto que, a aplicação deste item, por boa prática
constritiva, não se executa com parafusos e quando parafusados, os mesmos
devem sem ser inoxidáveis, para que não haja o processo de oxidação, vistos
que já iniciados na edificação.

Foto 16 - Corrosão dos Parafusos em Rodapé

Foto 17 - Corrosão dos Parafusos em Rodapé

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c) As divergências encontradas utilizaram material de qualidade superior
ou inferior ao previsto no memorial?

Não se pode afirmar este quesito, visto que o mesmo possui ambiguidade.
Entretanto, cabe neste quesito ressaltar que não evidencia tecnicamente os
materiais a serem imputados nesta obra/ edificação, mas sim marcas.
Quando se discorre no memorial:

Relato 2 - Memorial Descritivo Pavimentações Internas

A descrita anterior não define tecnicamente o tipo da do revestimento


cerâmico, o motivo da aplicação, a resistência a abrasão do mesmo e a sua
forma, mesmo que genericamente, de aplicação. E de igual forma para a
argamassa, não existe definição técnica do tipo, classe (CPI, CPII, etc.).
Essas informações não justificam a utilização dos materiais, apenas
orientam o aplicador/ executor das ações para a compra ou para os fins
específicos.
Embora o relatório técnico, não houve descrição técnica por parte do
responsável do memorial descritivo e projeto arquitetônico da edificação.
Justificando essa afirmativa com as patologias que está se verificando ao longo
da perícia realizada.

d) Algum dos materiais utilizados é sabiamente inadequado para o local


em que foi aplicado?

Conforme descrito no quesito “b)” as cerâmicas da edificação apresentam


um processo de desgaste no esmalte e algumas tricas localizadas. Tais
processos somente podem serem iniciados se:
• Ingresso de umidade pelo contrapiso, ou seja, a água subiria por
capilaridade pelos veios da cerâmica, fragilizando a estrutura e
causando a ruptura. O fenômeno causa o escurecimento de toda a
peça e não é localizado, danificando rejunte e causando
desplacamento;
• Ou escolha inadequada da cerâmica pelo PEI (Porcelain Enamel
Institute – Classe de Dureza à Abrasão). Dessa maneira, o simples
trafego em um pavimento revestido com cerâmica não adequada
causaria o dano.

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Logo, como não houveram especificações técnicas, em Memorial
Descritivo, das cerâmicas, os danos causados foram pela baixa dureza à
abrasão que as mesmas possuem. Sendo assim, grande parte das cerâmicas
da edificação estão sendo utilizadas em local inadequado na edificação.

Também descrito no quesito “b)” para os rodapés por boa prática


constritiva, não se executa com parafusos e quando se executa com parafusos,
os mesmos devem sem ser inoxidáveis, para que não haja o processo de
oxidação já iniciado na edificação.

e) É possível informar se a impermeabilização do imóvel foi feita


adequadamente, seja em relação aos produtos utilizados seja pela
forma de aplicação?

A edificação não apresenta patologias oriundas de falhas dos processos


impermeabilização das fundações, contrapisos ou vigas baldrames. Processos
apresentados em memorial descritivo estão adequados para execução das
etapas.
Entretanto, como a edificação possuiria um elevado da caixa d’água e
platibanda, a orientação e boa prática construtiva é que houve-se uma melhor
descrição ou detalhamento das águas do telhado ou do trabalho de funilaria, o
que não ocorre tanto no memorial descrito como nos projetos arquitetônicos.
Ressalta-se essa necessidade de descrição em memorial, também pelas
descrições em projeto de lajes impermeabilizadas e calhas em concreto. Não
havendo sistema de impermeabilização descrito para as mesmas em memorial
para as mesmas.

Figure 2 - Indicação de Calhas e Lajes de Concreto

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Ainda falando de projeto, a ausência de projeto de impermeabilizações ou
destinações pluviais, bem como o não dimensionamento das calhas para a
coleta das águas da chuva, acarreta na sobrecarga e no extravasamento das
mesmas em casos extremos.
Estes apontamentos possivelmente ocorreram e causaram infiltrações na
laje de cobertura da edificação e por fim, causando pontos de infiltração,
descolamento de pintura, rachaduras mapeadas no reboco fino e eflorescências,
visto que a água percola e infiltra nos poros da laje.
Cabe neste quesito apontar que, mesmo sem projeto, a execução dos
rufos, algerozes e sistemas cobertura é eficiente na maior parte do tempo,
apresentando pouquíssimos apontamentos.

Foto 18 - Trinca Mapeada em Pintura

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Foto 19 - Bolsão em Pintura - 2º Dormitório

Foto 20 - Eflorescência - Dormitório Casal

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Foto 21 - Algeroz e Funilaria

Foto 22 - Algeroz e Funilaria

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Embora a algeroz da laje frontal tenha sido executada de forma adequada, a
laje apresenta um histórico de manutenção que provavelmente é resultado de
um desplacamento do reboco fico ou similar (foto 22).

f) Além da diferença do material propriamente dito, houve algum


desrespeito ou negligência em relação às boas práticas construtivas na
aplicação/construção de uma ou mais partes do imóvel?

Além dos apontamentos discorridos até o momento, discorrer-se-á quanto


as fissuras e trincas no quesito “g)”.
Aproveita-se o exposto para aplicar a não realização do acabamento da
laje do banheiro, bem como o assentamento cerâmico e acabamento esquadria
(porta).

Foto 23 - Acabamento Cerâmico e Laje Banheiro

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Foto 24 - Acabamento Laje Banheiro

Foto 25- Acabamento Laje Banheiro

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Foto 26 - Acabamento Porta Banheiro

g) É possível identificar a causa das fissuras existentes no imóvel? É


possível dizer se existem/inexistem as vergas e contravergas
adequadas?

Sim, é possível identificar as possíveis causas das fissuras existentes


imóvel, bem como a existência ou não de vergas ou contravergas.
Assim que se entra na edificação tem-se o encontro de três aberturas, a
abertura para varanda (ou hall central), a porta principal e a janela da cozinha.
Dessa maneira, possui-se nessa área uma concentração de carga. É comum
que nessas condições apareçam trincas devido a pequenas estabilizações
estruturais em decorrência ao bulbo de tenções nas primeiras idades da
edificação e movimentações térmicas.

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Foto 27 - Ligação de Três Aberturas

Dessa maneira, como possuímos esse encontro de aberturas, mesmo se


possuíssemos os sistemas de contravergas, ainda sim, a alvenaria poderia
fissurar junto à janela na sala de estar/ jantar.

Foto 28 - Trinca Porta Principal – 30°

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Foto 29 - Trinca 30° - Janela Sala de Estar/ Jantar

Foto 30 - Trica 45° - Porta Principal

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Foto 31 - Trinca 90°/ 30° - Janela Cozinha

Quanto a trinca junto à porta da cozinha e janela, de fato possuímos uma


ligação de vão estrutural. Onde a verga da janela poderia ter sido ligada ao pilar
entre a mesma e a porta, isto se o pilar existir.

Foto 32 - Trinca 90° - Ligação Janela x Porta - Cozinha x Área de Serviço

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Já para a janela do dormitório do casal, observa-se que trincas
características da ausência ou má execução das vergas e contravergas.
Também ingressava água junto à pingadeira da esquadria. Devido isso o
revestimento externo recebeu manutenções afim de mitigar essas patologias.
Ressalva-se que, a alvenaria do dormitório do casal está exposta a um
gradiente térmico elevado, evidenciada pela característica da trinca no meio do
vão da esquadria (foto 35). De toda forma, os sistemas estruturais de verga e
contraverga, auxiliariam nessa movimentação térmica.

Foto 33 - Trinca Vertical 90° Direita - Dormitório Casal

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Foto 34 - Trinca Vertical 90° Esquerda - Dormitório Casal

Foto 35 - Fissura 90° Horizontal x Marca de Manutenção por Trinca de 45°

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Foto 36 - Vista posterior da Edificação - Marcas de Manutenções e Infiltrações

Para concluir o quisto, pode-se afirmar que não foram executadas as


vergas e contravergas de forma que cumprissem o papel estrutural na edificação.
Contudo, é possível que em investigação encontre-se vestígios de concreto no
local onde deveriam estar as mesmas (vergas e contravergas). Todavia, o que
tornaria efetiva a função estrutural seria o dimensionamento adequado de aço
com estribos, além do avanço parlem do vão das esquadrias.

Figure 3 - Verga e Contraverga Figure 4 - Estrutura das Vergas e


(Arquivo Próprio Perito) - Contravergas (Arquivo Proprio
Espaçamentos Perito) - Esquema

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h) É possível informar/apontar alguma área em que tenha ocorrido
desgaste excessivo e/ou falência dos materiais em razão das
infiltrações?

Observa-se existem pontos de atenção que necessitam de manutenção e


que foram apontados anteriormente nos quesitos anteriores. Entretanto, pode-
se apontar além das patologias passadas, apenas alguns desgastes naturais,
devido a escolha dos materiais escolhido para o local de aplicação.
Podendo se apontar o escurecimento/ desgaste dos rejuntes das
cerâmicas externas, além da manutenção realizada para o assentamento do
rodapé externo, cujo acabamento destoa-se das demais áreas.

Foto 37 - Escurecimento de rejunte

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Foto 38 - Acabamento de Rodapé Externo

Entretanto, esses apontamentos não impossibilitam o uso ou função


estabelecido em projeto

i) É possível informar se algumas das infiltrações são decorrentes direta


ou indiretamente de um ou mais vícios específicos?

Sim, bolha na pintura no segundo dormitório é fruto da infiltração da água


pluvial. Justificativa discorrida em quesito “e)”.

j) Considerando a intensidade dos alagamentos ocorridos na parte frontal


do imóvel (E.1/FOTO14 dos autos), é possível que tenha ocorrido
alguma alteração no solo ou mesmo na estrutura do imóvel? Em sendo
positiva a resposta, qual seria a melhor forma de auferir a intensidade
de tais desdobramentos?

Para responder esse quesito com fidedignidade, o ideal seria a


disponibilização do estudo de solo usado para a execução da edificação. Sendo
assim, seria possível verificar a estrutura do solo, bem como sua resistência,
permeabilidade, índice de finos, entre outros fatores.
Entretanto, como provavelmente não foi realizado esse estudo,
genericamente e por experiência, este imóvel foi edificado sob um solo argiloso
com baixo índice de vazios. Isto é, um solo com resistência necessária para a

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edificação que foi executada. Dessa maneira, é provável que não haverá maiores
movimentações estruturais.
Contudo, por possuírem baixo índice de vazios e formato lamelar em sua
formação rochosa, durante grande período chuvoso, esses solos costumam reter
em suas superfícies lâminas de água. E de igual forma observou-se isso no
recuo frontal do imóvel em questão.
Sendo assim, propõe-se que ao longo do acesso frontal sejam instalados
pontos de coleta e/ou infiltração pluviais. Bem como na calçada frontal. Caso a
edificação estivesse sendo ainda em faze de construção, seria possível que
essas caixas fossem apenas de coleta e transporte, fazendo o transporte para a
parte posterior da edificação. Mas nesse momento, indica-se que as mesmas
cumpram papel de infiltração (Figure 5).
Orienta-se que seja contatado profissional habilitado para execução das
atividades para dimensionamento adequando dos períodos chuvosos na região.

Figure 5 - Ponto de Coleta Drenante

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EMBASAMENTO TEÓRICO
Foram utilizadas as seguintes normas técnicas auxiliares para confecção
do presente parecer técnico:

• ABNT NBR 13753:1996 – Revestimento de piso interno ou externo com


placas e com utilização de argamassa colante – Procedimento;
• ABNT NBR 6122:1669 – Projeto e Execução de Fundações;
• ABNT NBR 8545:1984 – Execução de alvenaria sem função estrutural de
tijolos cerâmicos;
• ABNT NBR 10844:1989 – Instalações prediais de águas pluviais;
• ABNT NBR 7229:1993 – Projeto, construção e operação de sistemas de
tanques sépticos;
• ABNT NBR 9574:1986 – Execução de impermeabilização;
• ABNT NBR 9575:2003 – Projeto de impermeabilização;
• ABNT NBR 6118:2003 – Projeto de estruturas de concreto;
• ABNT NBR 14931:2004 - Execução de estruturas de concreto.

ENCERRAMENTO
Este signatário apresenta o presente trabalho concluído, constando de 29
folhas de um só lado, que segue devidamente datada e assinada, colocando-se
a disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais que se fizerem
necessários.
Diante do exposto, solicita-se mui respeitosamente a Vossa Senhoria o
pagamento via Tribunal de Justiça, ao perito em sua conta já mencionada nos
autos, mas que se reitera: Conta Bancária Perito: Banrisul – 35.1058680-2
(Agência 0310).

Nestes Termos
E. Deferimento
Passo Fundo, 07 de Julho de 2022

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Charles Vizzotto
CREA RS 253230

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