Você está na página 1de 26

MATHEUS

BORGES

A ARTE DE PROJETAR
ESTRUTURAS
DE CONCRETO ARMADO

1ª Edição
a arte de projetar estruturas de concreto armado
1

Apresentação
Estruturas é uma das áreas mais interessantes e deslumbrantes dentro da
engenharia civil. Sério! Estudar engenharia de estruturas é uma coisa apaixonante!

Porém, não é isso que normalmente vemos nas salas de aula das disciplinas de
estruturas. De forma ainda surpreendente, o que vejo diariamente são alunos
desanimados com a área de estruturas por conta dos inúmeros cálculos de difícil
entendimento e pelo fato das matérias serem apresentadas de forma distante da
realidade das práticas de engenharia.

Mas a pergunta que eu sempre me fiz foi a seguinte: Isso tem realmente que
continuar assim? Não podemos ensinar tudo isso de forma mais simples e agradável? O
que podemos fazer para mudar essa história?

E é nessa perspectiva que eu comecei o meu projeto de levar conhecimento de


engenharia de estruturas de forma simples e leve para inúmeros estudantes espalhados
em todo o mundo. Começamos com postagens simples nas redes sociais e agora,
estamos trazendo o que ensino em sala de aula nesta obra altamente didática e
ilustrada.

Vou confessar algo…

Vocês são meu grande motivo de, a cada dia, lutar para termos uma engenharia
melhor!
a arte de projetar estruturas de concreto armado
2

Índice

Capítulo 1 4

Introdução à Engenharia de Estruturas 4

1.1 Começando a aprender engenharia de estruturas 6

1.1.1 Entenda, de uma vez por todas, o que é uma estrutura 6

1.1.2 Os elementos estruturais e a arquitetura 7

1.1.3 Como esses elementos interagem entre si 9

1.2 Tipos de estruturas 11

1.2.1 Pela ótica dos materiais estruturais 11

1.2.2 Pela ótica da estaticidade 13

Capítulo 2 15

O material concreto armado 15

Capítulo 3 15

Modelagem e Análise estrutural 15

Capítulo 4 16

Ações estruturais 16

4.1 O que são as ações estruturais 18

4.2 Tipos de ações estruturais 18

Capítulo 5 20

Concepção Estrutural e Estabilidade Global 20

Capítulo 6 20

Lajes de concreto armado 20

Capítulo 7 20

Escadas de concreto armado 20

Capítulo 8 20

Vigas de concreto armado 20

Capítulo 9 21

Pilares de concreto armado 21


a arte de projetar estruturas de concreto armado
3
a arte de projetar estruturas de concreto armado
4

Capítulo 1
Introdução à Engenharia de Estruturas
Fundamentos que você precisa conhecer para dominar a arte de projetar estruturas.
a arte de projetar estruturas de concreto armado
5
a arte de projetar estruturas de concreto armado
6

1.1 Começando a aprender engenharia de estruturas


Estruturas é um dos ramos mais interessantes e rentáveis dentro da
engenharia civil. Porém, na faculdade, temos neste eixo de conhecimento um conjunto
de disciplinas que normalmente preocupa os estudantes desde os primeiros períodos da
graduação.

Como isso acontece? Por que algo tão interessante e cheio de


oportunidades assusta incansavelmente os alunos de engenharia civil e demais cursos
correlatos? Bom, eu também fui aluno de graduação e assim como todo mundo, passei
por várias disciplinas em que eu bem que tentei, mas não consegui aprender direito.

E um dos principais motivos disso é que a engenharia ainda é apresentada de


forma misteriosa e complexa. Ainda aprendemos fórmulas sem saber para que servem.
Isso faz com que muitos alunos migrem para áreas onde acreditam não precisarem de
cálculo. E com isso, a área de estruturas é majoritariamente deixada de lado.

Porém, ensinar e aprender engenharia de estruturas não precisa ser algo


tenebroso e complicado. Pelo contrário, aprender a mais bela das artes dentro da
engenharia deve ser algo interessante e prazeroso!

E é nessa perspectiva que eu trago, nesta seção, os principais


fundamentos, de forma extremamente didática, para que você domine a arte de projetar
estruturas.

1.1.1 Entenda, de uma vez por todas, o que é uma estrutura

Uma estrutura pode ser entendida como a organização inteligente de diferentes


elementos, cada um realizando uma função e que, juntos, conseguem dar sustentação a
algum objeto.

Uma árvore, por exemplo, formada por folhas, galhos, tronco e raiz constitui um
belo exemplo de estrutura. Vamos entender o porquê?
a arte de projetar estruturas de concreto armado
7

Na nossa árvore, você pode perceber que as folhas atuam absorvendo parte das
cargas horizontais dos ventos e impedindo, por exemplo, que os frutos sejam
arrancados. Ainda, além de garantir a beleza da árvore, elas também exercem funções
na planta, como por exemplo a famosa e necessária fotossíntese.

Portanto, por uma analogia bem simples, as folhas são a arquitetura da nossa
árvore, ou seja, os elementos do conjunto que proporcionam estética e funcionalidade
ao sistema como um todo.

O interessante disso tudo é que uma estrutura, em sua essência, tem como
objetivo sustentar uma arquitetura a qual lhe deu forma, para que esta, por sua vez,
cumpra uma determinada função.

É fácil visualizar isso quando pensamos em uma estrutura de um auditório, que


deve ser formatada para não termos elementos estruturais em seu centro, de forma com
que todos os espectadores tenham ampla visão do palco. Ou seja, se neste caso,
precisarmos de inserir algo que dê sustentação mas atrapalhe a visão de quem está
presente, alguma coisa não está de acordo com o esperado.

1.1.2 Os elementos estruturais e a arquitetura

Assim, no caso da nossa árvore, alguma estrutura deverá sustentar as nossas


folhas, garantindo que tudo funcione bem. E quem faz todo esse papel na nossa árvore?
Os galhos, tronco e raiz.

A imagem a seguir ilustra como cada elemento da árvore exerce sua função:
a arte de projetar estruturas de concreto armado
8

Percebam que os elementos dessa nossa árvore são diferentes uns dos outros
tanto em formato quanto em material. No entanto, juntos, esses elementos fazem o
sistema estrutural da árvore funcionar de forma perfeita!

Na prática da engenharia civil, as coisas funcionam de forma similar. Temos


diferentes elementos estruturais trabalhando em conjunto para dar sustentação à uma
arquitetura.

Mas ao contrário de galhos e troncos presentes na nossa árvore de exemplo, os


principais elementos estruturais de uma edificação são:

● Lajes: Elementos de superfície normalmente construídos na horizontal. Sua


principal função é absorver as cargas de cada pavimento, como o peso de
móveis e pessoas.
● Vigas: Elementos lineares normalmente construídos na horizontal. Sua principal
função é receber as cargas de lajes e/ou alvenarias.
a arte de projetar estruturas de concreto armado
9

● Pilares: Elementos lineares normalmente construídos na vertical. Sua principal


função é receber as cargas das vigas e direcionar ao pavimento inferior ou às
fundações.
● Fundação: Elementos que transmitem o carregamento dos pilares (e
consequentemente, de toda a edificação) para o solo.

A imagem abaixo ilustra como cada elemento acima se apresenta em uma


edificação.

Além dos elementos acima citados, temos também outros que podem ser
utilizados, apesar de não serem encontrados em todas as obras:

● Rampas e Escadas: São aplicações especiais das lajes, porém agora,


construídas de forma inclinada. Normalmente são utilizadas para ligar níveis
arquitetônicos, como andares em um prédio.
● Reservatórios: Elemento formado por lajes e paredes estruturais, normalmente
construídos para reservar líquidos. As piscinas e reservatórios de água são
notáveis exemplos.
● Muros: São elementos construídos para contenção, normalmente de solo ou
água. O principal exemplo são os muros de arrimo utilizados em diversos tipos
de construções.
a arte de projetar estruturas de concreto armado
10

1.1.3 Como esses elementos interagem entre si

Nós comentamos na seção 1 que os elementos de uma árvore interagem entre si


de forma inteligente para que o sistema estrutural da árvore funcione bem. Em uma
edificação convencional, as coisas não são diferentes: A estrutura é formada por lajes,
vigas, pilares e fundações.

Nesse caso, as cargas são absorvidas inicialmente pelas lajes. Em seguida,


acrescidas ao peso próprio destas, são direcionadas às vigas todas as cargas que vêm
das lajes.

As vigas, por sua vez, após receberem as cargas da lajes e normalmente, de


alguma alvenaria sobre ela construída, irá, acrescentando-se também seu peso próprio,
lançar as cargas sobre os pilares.

Os pilares, em sua vez, irão lançar todo o carregamento recebido, além do seu
próprio peso, sobre o lance de pilar inferior, até que chegue na fundação, que irá
a arte de projetar estruturas de concreto armado
11

absorver todo o carregamento da prumada acima construída e lançá-lo no solo, onde o


fluxo encerra.

Em edifícios de múltiplos pavimentos, as lajes e vigas de cada nível irão receber


apenas os carregamentos do seu pavimento. Após lançaram nos pilares normalmente,
como citamos acima.

Os pilares, por sua vez, irão a cada lance acumular o peso. Assim, o lance de pilar
do último andar recebe a carga apenas deste. Já o pilar que está conectado ao elemento
de fundação, absorverá o carregamento de todos os pavimentos (dentro de sua área de
influência).

1.2 Tipos de estruturas


No cotidiano de um projetista de estruturas, podemos lidar com vários
tipos de estruturas. Entender, nesse momento da leitura, quais são esses tipos faz com
que consigamos visualizar todo o fluxograma de aprendizado deste tema.

Essencialmente, neste livro, iremos classificar as estruturas quanto aos


materiais estruturas e quanto à estaticidade. Isso fará você compreender, por exemplo,
em qual disciplina do curso você deverá aprender sobre cada parte do processo.

1.2.1 Pela ótica dos materiais estruturais

Assim como os elementos estruturais de uma árvore são feitos de madeira e


fibras vegetais, as estruturas convencionais são feitas de materiais estruturais.

Um material estrutural é aquele que, pela ótica da resistência dos materiais,


possui um comportamento de tensão e deformação que o torna apto para esse fim. O
vidro, por exemplo, é um material de construção, mas que em estruturas convencionais,
não é utilizado como material estrutural.

Dentre os principais materiais estruturais, temos:

● Concreto Armado: União perfeita entre o concreto e o aço. O concreto simples


resiste bem apenas aos esforços de compressão, não resistindo de forma
adequada à tração. Com a inserção do aço, este material composto torna-se
resistente tanto à compressão quanto à tração.
a arte de projetar estruturas de concreto armado
12

OBS: O aço resiste à compressão mais do que o próprio concreto.

Nos cursos de graduação, vocês normalmente vão aprender sobre esse tipo de
estrutura nas disciplinas de Concreto Armado 1 e 2.

A imagem abaixo ilustra um pilar de concreto armado:

● Aço: Apesar de relativamente mais caro que o concreto armado, possui maior
resistência que este. Por isso, é recomendado em projetos onde se necessita de
seções mais esbeltas para os elementos estruturais.

Nos cursos de engenharia, normalmente tem uma disciplina chamada Estruturas


de Aço, que apresenta todo o conhecimento básico sobre esse tipo de estrutura.

A imagem abaixo ilustra um pilar de aço conectado à uma fundação de concreto.


a arte de projetar estruturas de concreto armado
13

● Madeira: Atualmente, vem sendo utilizada apenas para confecção de estruturas


de telhados residenciais. Damos notável destaque ao fato deste material ser
anisotrópico, ou seja, possui características físicas que variam de acordo com a
direção. Isso deve ser considerado no momento do cálculo de estruturas de
madeiras, de acordo ao sentido dos veios da madeira em relação às cargas e até
mesmo aos cortes e ligações.

Nos cursos de engenharia, normalmente aprendemos sobre esse tipo de


estrutura em uma disciplina chamada Estruturas de Madeira.

A figura abaixo ilustra um segmento de uma tesoura de um telhado feita em


madeira:
a arte de projetar estruturas de concreto armado
14

Neste livro, iremos trabalhar exclusivamente com estruturas de concreto armado.

1.2.2 Pela ótica da estaticidade

A estaticidade de uma estrutura diz respeito à possibilidade ou não dela


se movimentar. Quando temos restrições suficientes para que uma estrutura não se
desloque, consideramos que ela está estática.

Porém, para as estruturas estáticas, duas situações são possíveis: As que


têm uma quantidade de restrições dentro do mínimo necessário e as que têm mais
restrições do que o necessário, ou seja, conta com restrições em excesso.

A ideia de ter mais restrições de deslocamento sempre traz uma ideia de


segurança, já que estamos provendo mais condições de suporte do que necessárias.
Porém, essa ideia nem sempre é verdadeira.

Outra coisa: quando aumentamos as restrições de deslocamento,


alteramos o método de solução destas estruturas já que, matematicamente, elas deixam
de ser estaticamente determinadas e passam a ser estatisticamente indeterminadas.

Na prática matemática, passamos a ter mais incógnitas do que equações


dentro do sistema linear que usamos para encontrar as reações de apoio.
a arte de projetar estruturas de concreto armado
15

Capítulo 2
O material concreto armado
Entenda os principais conceitos por trás do tipo de estrutura mais utilizado no
mundo

Capítulo 3
Modelagem e Análise estrutural
Aprenda a determinar as ações que atuam na estrutura e como são feitas as
combinações dentro dos estados limites de desempenho
a arte de projetar estruturas de concreto armado
16

Capítulo 4
Ações estruturais
Aprenda a determinar as ações que atuam na estrutura e como são feitas as
combinações dentro dos estados limites de desempenho
a arte de projetar estruturas de concreto armado
17
a arte de projetar estruturas de concreto armado
18

4.1 O que são as ações estruturais


Quando aplicamos uma força para abrir uma porta, por exemplo, nada mais
ocorre do que a simples aplicação de uma ação sobre a maçaneta da porta.

Neste caso, o conjunto porta e maçaneta é projetado intencionalmente para não


reagir à nossa ação e a porta acaba se abrindo.

Ou seja, uma ação representa nada mais do que um esforço para que algo se
movimente. Porém, se não tivermos movimentação, não quer dizer que não tivemos a
ação. Apenas, alguma reação foi competente o bastante para bloquear a eficácia desta
ação em um processo físico tradicional de ação e reação.

4.2 Tipos de ações estruturais


Imagine a nossa porta do exemplo anterior. Apesar do peso próprio da
porta sempre está ali, a força que exercemos na intenção de abri-la é aplicada por
apenas alguns instantes.

Ou seja, existe uma certa lógica da duração das ações estruturais. Com
isso, podemos classificar as nossas ações da seguinte forma:

● Permanentes: São aquelas que permanecem com um valor fixo em toda a vida
útil de uma edificação. Um bom exemplo disso é o peso do tronco de uma árvore
após essa alcançar a fase adulta.

Durante toda a vida desta árvore, o tronco estará aplicando seu peso sobre as
raízes.

● Variáveis: São aquelas que se apresentam de forma totalmente incerta, tanto em


questão de valores quanto em duração de aplicação. Ou seja, em alguns casos, a
ação estará na estrutura. Em outros, já não estará mais. E quando estiver,
apresentará sempre um valor diferente um do outro. Um bom exemplo disso é o
peso das folhas e frutos da nossa árvore.

Em algum momento, teremos folhas e frutos. Em outros, apenas folhas. No


a arte de projetar estruturas de concreto armado
19

outono, até as folhas irão cair. Ou seja, teremos diferentes valores de carga
sendo aplicados nos diferentes períodos da vida útil da estrutura.

● Excepcional: São aquelas que possivelmente nunca ocorrerão na vida útil da


edificação. Mas, se ocorrer, será por um curto período de tempo. É o caso, por
exemplo, do dia que a gente cai de uma bicicleta ou sofre um escorregão.

A imagem abaixo ilustra como essas ações podem aparecer na estrutura:

E as ações excepcionais? Por que não apareceram na árvore?

Bom, por que o melhor exemplo de ação excepcional em uma árvore é um


machado cortando a coitada! Então é melhor deixar sem essa ação, não é mesmo?

4.3 Valores característicos e de projeto


No Brasil, os valores das ações estruturais são orientados pela NBR
6120:2019. Nela, temos tabelas dos pesos dos mais diversos elementos de uma
estrutura e também taxas de cargas para situações arquitetônicas de projeto.
a arte de projetar estruturas de concreto armado
20

Porém, nessa norma, o que temos como dados de consulta são valores
característicos de ações. E o que vem a ser isso na prática?

Bom, os valores característicos são intensidades de cargas estimadas


para uma determinada situação. Porém, esta estimativa não contempla combinações
possíveis ou imperfeições nos processos construtivos. Ou seja, esses valores não
possuem ponderações de segurança ou de baixa probabilidade de ocorrência.

Portanto, sobre um valor característico de ação, temos ainda que aplicar


as devidas considerações de majoração ou minoração.

Na NBR 6118:2014, essas ponderações são feitas pelo método dos


estados limites. Ou seja, ao invés de majorar uma carga especificamente com um
coeficiente de segurança fixo (estratégia determinística), fazemos as combinações das
mais diversas cargas contemplando as chances de que elas ocorram de forma
simultânea (estratégia probabilística).

Basicamente, deixamos de lado a ideia de aplicar um coeficiente de


segurança único em todos os casos possíveis de uma estrutura e passamos a pensar
tentando visualizar como cada caso poderá, junto aos demais, impactar a estrutura.

Assim, o que achamos ao fim deste processo, será o que chamamos de


solicitação de projeto, que é o que de fato usamos para dimensionar um elemento
estrutural.

Trocando em miúdos, não é com a carga do vento que


dimensionamentos um pilar, e sim com o valor de solicitação ponderada a partir das
ações do vento, do peso das pessoas, dos móveis, do próprio concreto armado, etc. e
ainda, prevendo a pior situação dentre as inúmeras possíveis combinações dessas
ações.

4.4 Segurança estrutural


Para que a segurança estrutural seja mantida, temos que respeitar a seguinte
inequação:
a arte de projetar estruturas de concreto armado
21

onde Sd é a solicitação de cálculo, ou seja, os esforços solicitantes já majorados e Rd a


resistência de cálculo, ou seja, a resistência do material já minorada.

Agora, vamos aprender a como calcular o Sd, que é feito, segundo as normas
brasileiras, por um processo de combinação de ações.

4.5 A combinação das ações

A combinação de ações visa analisar a estrutura sob toda e qualquer


agrupamento possível de ações. Segundo a NBR 6118, para as combinações normais,
especiais ou de construção, essa ação combinada, ou ação de projeto Fd é dada por:

Onde γg pondera uma ação permanentes Fgk (k aqui no sentido de o F ser


característico, ou seja, não majorado), γq pondera as ações variáveis Fqk, γε pondera as
ações indiretas e impostas Fεk, como recalques de apoio, retração e cargas de dilatação
térmica.

Para montarmos as combinações de ações com as devidas ponderações,


precisamos utilizar a tabela abaixo:

Valores γf
Recalques de apoio e
Tipo de combinação Permantes (g) Variáveis (q) retração (ε)
de ações
D F D T D F
Normais 1,4 1 1,4 1,2 1,2 0
Especiais/
construção 1,,3 1 1,2 1 1,2 0
Excepcionais 1,2 1 1 0 0 0

Entender tudo isso somente assim não é tão simples. Por isso, vamos ao nosso
primeiro exemplo?

Exemplo 1
a arte de projetar estruturas de concreto armado
22

Suponha que sobre um elemento de concreto armado, temos atuando as


seguintes ações:

- Permanente Ga D (Peso próprio) = 2 KN

- Permanente Gb D (Carga de outros elementos apoiados neste pilar) = 5 KN

- Variável Qa (Cargas de utilização atuantes nos elementos que se apoiam neste


pilar) = 4KN

- Variável Qb (Carga acidental relativa à manutenção dos elementos que se


apoiam neste pilar) 1KN

Na primeira combinação de ação, iremos considerar que as cargas


permanentes como fixas (sempre será assim) e desfavoráveis. Também irão
atuar as cargas variáveis Qa e Qb, que como sempre, irão atuar de modo
desfavorável. Assim, teremos:

Substituindo os valores que foram fornecidos e os encontrados na tabela,


teremos:

Portanto, Fd da combinação 1, que chamaremos de agora de Fd1, será:

Vamos agora fazer uma segunda combinação de ações para encontrar


um Fd2. Nela, vamos considerar que estão atuando apenas as cargas
permanentes. Assim, teremos:

O que esse resultado tem de importante? Com ele, conseguimos


perceber que essa é a carga fixa mínima de projeto na estrutura. No momento
que nenhuma carga acidental estiver atuando, o pilar será submetido a esse
carregamento de projeto.
a arte de projetar estruturas de concreto armado
23

Outra coisa que convém comentar é que o Fd1 é mais seguro do que o Fd2
para este pilar específico, mas pode não ser para outros. Nós sabemos, por Teoria
das Estruturas, que um alívio em um apoio pode trazer sobrecarga em outro.
Vamos provar isso aqui também:

Criaremos duas combinações de ações hipotéticas para uma determinada


viga:

Combinação 1 - Carga distribuída em toda a viga de 10KN/m e uma carga


concentrada de 20KN na extremidade do balanço:

Combinação 2 - Apenas carga distribuída em toda a viga de 10KN/m.

Percebam que a retirada da carga de 20KN na extremidade do balanço


(uma carga variável qualquer que não estará atuando em algum momento) reduz a
carga do pilar B, mas em contrapartida, aumenta a carga do pilar A.

Em um projeto real, devemos dimensionar o pilar A com a solicitação da


combinação 2 e o pilar B para a solicitação da combinação 1.
a arte de projetar estruturas de concreto armado
24

É assim que as coisas funcionam!

Capítulo 5
Concepção Estrutural e Estabilidade
Global
Compreenda como funcionam os coeficientes de instabilidade e como eles
impactam a estrutura

Capítulo 6
Lajes de concreto armado
Aprenda todo o processo de projeto de lajes de concreto armado

Capítulo 7
Escadas de concreto armado
Aprenda todo o processo de projeto de escadas de concreto armado

Capítulo 8
a arte de projetar estruturas de concreto armado
25

Vigas de concreto armado


Aprenda todo o processo de projeto de vigas de concreto armado

Capítulo 9
Pilares de concreto armado
Aprenda todo o processo de projeto de pilares de concreto armado

Você também pode gostar