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BORGES
a arte de analisar
ESTRUTURAS
1ª Edição
a arte de analisar estruturas 1
1ª Edição
Gente… Pois saiba que aprender estruturas é uma das maiores alegrias que você
terá na vida! Sim! Na vida! Entender como uma estrutura funciona é uma das coisas mais
gratificantes que eu já vivi.
- Ah! Matheus, como que estruturas vai ser minha maior alegria se até hoje eu só
tive tristeza com as disciplinas da faculdade?
Pois é… É comum o pessoal sentir tristeza mesmo… Mas isso só acontece até o
dia que a pessoa entende como uma estrutura funciona! E sabe o que é mais legal?
Esse dia chegou na sua vida! Com esse livro super didático (e totalmente gratuito),
sua vida vai mudar! Daqui em diante, é só alegria!
- Que empolgação é essa Matheus? Será que esse livro vai me fazer gostar
mesmo de estruturas?
Bem, vamos fazer o seguinte… Vá para a próxima página… Duvido que você vai
conseguir parar de ler até o livro acabar!
a arte de analisar estruturas 2
Então, para eu começar a te provar que as coisas neste livro são diferentes, antes
mesmo de chegarmos no índice, nós já vamos aprender uma coisa bem interessante!
E para isso, olhe bem para o ambiente em que você está agora.
Sobre você, muito provavelmente tem uma laje. Ela é essa superfície plana onde
as lâmpadas ficam penduradas e que serve para cobrir o ambiente em que você está.
Agora, olhe nos cantos dessa laje. Pode ser que você não consiga ver (pelo fato
da parede ser rebocada) mas nesses cantos muito provavelmente temos vigas.
Agora, olhe na altura dos seus olhos para as quinas da parede. Muito
provavelmente temos, nessas quinas, pilares que seguram essas nossas vigas.
Tudo isso junto forma exatamente o que chamamos de estrutura, que é o que você
vai aprender a amar a partir de hoje!
Tá ansioso?
Índice
Capítulo 1 5
Capítulo 2 16
Modelagem estrutural 17
Vínculos estruturais 18
Capítulo 3 22
Análise estrutural 22
Estruturas isostáticas 23
Estruturas hiperestáticas 25
Método de Cross 37
a arte de analisar estruturas 5
Capítulo 1
Sua tristeza já vai começar a acabar
Você já vai aprender um tanto de coisa sobre estruturas
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a arte de analisar estruturas 7
Acho que ninguém tem dúvidas que a engenharia de estruturas é a área mais linda
de toda a nossa profissão. Ela consegue ser interessante, motivante e ao mesmo tempo,
bastante rentável para quem a escolhe. Porém, na faculdade, o que eu mais vejo é um
pessoal bem desanimado em seguir essa área.
Aí surge a seguinte pergunta: Por qual motivo isso acontece? Por que algo tão
interessante e cheio de oportunidades assusta incansavelmente os alunos de engenharia
civil e demais cursos correlatos? Bom, eu também fui aluno de graduação e assim como
todos vocês, passei por várias disciplinas em que eu não consegui aprender o conteúdo
como deveria (e eu até tentei).
Nessas situações, o único recurso que nos sobra é decorarmos a tal fórmula e em
uma avaliação igual vetor perdido (sem direção e sentido), aplicarmos-a como faz um
robô programado a apenas passar na disciplina.
No frigir dos ovos, isso faz com que muitos alunos migrem para áreas da
engenharia onde acreditam que não precisarão de cálculo, ou seja, que toda uma
dificuldade com as fórmulas misteriosas não vão existir. E com isso, a área de estruturas
é deixada de lado por muita gente.
Porém, ensinar e aprender engenharia de estruturas não deveria ser algo tão
tenebroso e complicado. Pelo contrário, aprender a mais bela das artes dentro da
engenharia teria de ser algo interessante e prazeroso!
Em uma árvore, você pode perceber que as folhas atuam absorvendo parte das
cargas horizontais dos ventos e impedindo, por exemplo, que os frutos sejam arrancados.
Ainda, além de garantir a beleza da árvore, elas também exercem funções na planta, como
por exemplo a famosa e necessária fotossíntese.
Portanto, por uma analogia bem simples, as folhas são a arquitetura da nossa
árvore, ou seja, os elementos do conjunto que proporcionam estética e funcionalidade ao
sistema como um todo.
O interessante disso tudo é que uma estrutura, em sua essência, tem como
objetivo sustentar uma arquitetura a qual lhe deu forma, para que esta, por sua vez,
cumpra uma determinada função.
Como em todo tipo de construção, no caso da nossa árvore, uma estrutura deverá
sustentar as nossas folhas, garantindo que tudo funcione bem. E quem faz todo esse
papel na nossa árvore? Os galhos, tronco e raiz.
A imagem a seguir ilustra como cada elemento da árvore exerce sua função:
Percebam que os elementos dessa nossa árvore são diferentes uns dos outros
tanto em formato quanto em material. No entanto, juntos, esses elementos fazem o
sistema estrutural da árvore funcionar de forma perfeita!
Além dos elementos acima citados, temos também outros que podem ser
utilizados, apesar de não serem encontrados em todas as obras:
● Rampas e Escadas: São aplicações especiais das lajes, porém agora, construídas
de forma inclinada. Normalmente são utilizadas para ligar níveis arquitetônicos,
como andares em um prédio.
● Reservatórios: Elemento formado por lajes e paredes estruturais, normalmente
construídos para reservar líquidos. As piscinas e reservatórios de água são
notáveis exemplos.
● Muros: São elementos construídos para contenção, normalmente de solo ou água.
O principal exemplo são os muros de arrimo utilizados em diversos tipos de
construções.
a arte de analisar estruturas 11
Percebam que neste exemplo, as cargas são absorvidas inicialmente pelas lajes.
Em seguida, acrescidas ao peso próprio destas, essas cargas são direcionadas às vigas.
As vigas, por sua vez, após receberem as cargas da lajes e, em alguns casos,, de
alguma alvenaria sobre ela construída, irá, acrescentando-se também seu peso próprio,
lançar as cargas sobre os pilares.
Os pilares, em sua vez, irão lançar todo o carregamento recebido, além do seu
próprio peso, sobre o lance de pilar inferior, até que cheguemos às fundações, que irá
absorver todo o carregamento da prumada acima construída e lançá-lo no solo, onde esse
fluxo se encerra.
a arte de analisar estruturas 12
Os pilares, por sua vez, irão a cada lance acumular o peso. Assim, o lance de pilar
do último andar recebe a carga apenas deste. Já o pilar que está conectado ao elemento
de fundação, absorverá o carregamento de todos os pavimentos (dentro de sua área de
influência).
Um material estrutural é aquele que, pela ótica da resistência dos materiais, possui
um comportamento de tensão e deformação que o torna apto para esse fim. O vidro, por
exemplo, é um material de construção, mas que em estruturas convencionais, não é
utilizado como material estrutural.
Nos cursos de graduação, vocês normalmente vão aprender sobre esse tipo de
estrutura nas disciplinas de Concreto Armado 1 e 2.
● Aço: Apesar de relativamente mais caro que o concreto armado, possui maior
resistência que este. Por isso, é recomendado em projetos onde se necessita de
seções mais esbeltas para os elementos estruturais.
Mas e como são, no fim das contas, classificadas as estruturas pela ótica da
estaticidade? É o que vamos aprender agora!
Para isso, Imagine que você foi à padaria de bicicleta. Existem três formas de deixá-
la enquanto você compra o pão:
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1. Sem cadeado e sem colocar uma das rodas em um suporte (bicicletário). Neste
caso, as únicas restrições de movimento que temos são as reações de apoio das rodas. Se
alguém chegar e pedalar a bicicleta, ela irá andar, não é mesmo?
Quando as reações de apoio não garantem que a estrutura ficará parada sob a
aplicação de algum esforço, classificamos a estrutura como Hipostática!
2. Para não deixar a bicicleta "solta", você colocou uma das rodas em um suporte.
Assim, uma reação de apoio foi acrescentada às demais, atingindo a quantidade necessária
de reações para ela ficar paradinha!
Agora, não tem como fazer a bicicleta andar (a não ser que alguém retire a roda do
suporte, tornando ela hipostática novamente).
Perceba que a reação de apoio do cadeado é algo a mais, e que você colocou para
garantir que realmente a bicicleta não vai poder movimentar!
Quando você tem mais reações do que de fato necessário, nós chamamos a estrutura
de Hiperestática!
O interessante é que essa ideia de ter mais reações de apoio sempre traz uma
impressão de segurança, já que estamos provendo mais condições de suporte do que
necessárias. Porém, isso nem sempre é verdadeiro, já que, por diversos fatores, podemos
ter estruturas hiperestáticas com menos segurança do que uma isostática.
Conclusão
Viu como entender estruturas não é algo complicado? Na verdade, é algo até
mesmo interessante e legal de se fazer.
E agora que você aprendeu o básico de estruturas, vamos para o próximo passo,
que é aprender a modelar uma estrutura preparada para o cálculo estrutural. Vamos lá?
Capítulo 2
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Modelagem estrutural
Agora você vai aprender a como converter uma estrutura real em um modelo que nós ou
um software conseguimos calcular
a arte de analisar estruturas 18
E assim como movimento retilíneo uniforme não existe na prática por conta da
complexidade do universo real e seus coeficientes de atrito, uma estrutura real também
não consegue ser analisada tal como ela é na prática.
E para cobrir essas diferenças entre a realidade e o que calculamos? O que é feito?
Bem, as imperfeições que temos na prática não são esquecidas. Elas entram no cálculo
normalmente como esforços adicionais ou coeficientes de segurança.
Mas nesse contexto todo, o que é mais importante é que aprendamos a modelar
(ou representar) uma estrutura com o máximo de coerência e fidelidade com o que
teremos na prática. E é isso que iremos aprender neste capítulo.
Ah! Neste livro, a partir de agora, iremos dedicar nossos estudos a todo o
fluxograma de modelagem e análise das estruturas reticuladas, tanto isostáticas quanto
hiperestáticas. Para tal, as próximas seções irão discorrer sobre todos os aspectos da
modelagem dessas estruturas.
Imagine que você irá jogar um videogame. Para isso, você irá utilizar um joystick
(ou como chamamos por aqui de manete). Perceba que essa manete já tem os locais
certos em que você pode deslocar o controle após aplicar uma força.
E além dos nós, quais outros componentes temos em um modelo estrutural típico:
As barras, que são linhas que representam algum elemento estrutural na prática, podendo
ser um peça de uma treliça, uma viga e até um pilar.
A figura abaixo ilustra, de forma simplificada, como esses apoios podem aparecer
no nosso cotidiano:
a arte de analisar estruturas 22
Assim, uma carga que na prática é tridimensional, será considerada como algo
bidimensional. Essa supressão de um eixo acaba deixando as cargas diferentes de como
elas são na realidade, o que normalmente confunde os alunos de estruturas.
Portanto, aqui, você vai aprender como interpretar e modelar cargas de acordo
com os critérios práticos e teóricos da teoria das estruturas.
Capítulo 3
Análise estrutural
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Estruturas isostáticas
Subentendemos assim, que elas são, pela ótica das restrições de deslocamento,
e portanto, dos apoios, a forma mais barata possível para se montar uma estrutura. No
entanto, como veremos mais adiante, pela ótica do elemento estrutural, isso nem sempre
é verdade.
Exercícios
Força Cortante
a)
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b)
c)
d)
3. Com base nos diagramas de força cortante abaixo, esboce como provavelmente é a
estrutura:
a arte de analisar estruturas 25
a)
b)
Momento Fletor
Estruturas hiperestáticas
Exercícios
b) Agora, suponha que o apoio A recalcou 11mm para baixo e o apoio B 5mm para
baixo. Após os recalques, o que irá alterar na estrutura?
OBS: Todas as questões abaixo devem ser desenvolvidas utilizando o Método dos
Deslocamentos. Recomenda-se o uso do FrameDesign ou Ftool como ferramenta
auxiliar, para melhor compreensão do conteúdo proposto.
vínculos das ligações. Dada a estrutura abaixo, onde apenas questões de vínculos
podem ser trabalhadas, determine qual opção minimiza a função custo:
Agora, por meio dos resultados numéricos obtidos, dê o seu parecer técnico no que
tange aos seguintes assuntos:
c) Aparentemente, um erro de execução diminuiu a rigidez da ligação em A,
passando a funcionar como um apoio articulado. Como esse erro impactou os
demais apoios?
d) Você recomenda o reforço de fundações em algum dos pilares?
onde Q é o vetor de cargas, K a matriz de rigidez global (neste caso, a matriz local
é a mesma matriz global, visto que temos apenas um elemento).
Assim, temos que alimentar os vetores e matrizes com o que conhecemos. Assim,
teremos:
Ou seja,
Agora, é só fazer a anotação de cada posição das linhas e colunas de acordo com o
número do grau de liberdade. Para valores da matriz local k1, vou usar a cor verde.
Para os valores da matriz local k2, vou usar a cor vermelha.
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Nas posições não anotadas, teremos valor nulo. Para as posições onde apenas um
valor foi preenchido, este será o valor da posição. Para posições onde mais de um
valor foi preenchido, devemos somá-los para indicar o valor final desta posição.
Assim, teremos:
Poderíamos resolver esse sistema com qualquer método visto em GAAL ou Cálculo
Numérico, mas como esta parte não é foco de nossa disciplina, vou utilizar uma
aplicação web para tal, disponível no site https://matrixcalc.org/pt/slu.html.
Com isso, achamos d5 = 383/5 e d6 = -20. Usando esses valores, podemos encontrar
By como -10KN. Ou seja: Ax = 10KN, Ay = 10KN, Bx = 0 e By = -10KN. Modelando
a mesma estrutura no Ftool, teremos como resposta:
a arte de analisar estruturas 37
Método de Cross
Como vimos anteriormente, temos na engenharia civil estruturas classificadas
como isostáticas e hiperestáticas (as hipostáticas não são aplicáveis ao nosso caso). As
estruturas isostáticas são calculadas pelas equações universais da estática, tal como
vocês viram em Mecânica Aplicada e Teoria das Estruturas I. As estruturas hiperestáticas
recebem uma atenção aqui em Teoria das Estruturas II.
O Processo de Cross
2. Agora, iremos aplicar uma rotação unitária na(s) ligação(ões) enrijecidas com
nossa(s) “chapa(s) de aço imaginária(s)”. Assim, teremos um comportamento da
elástica conforme ilustrado abaixo:
Nesta etapa, precisamos determinar as rigidezes de cada ligação. Para tal, iremos
usar a tabela disponível no Classroom:
A B C
Agora, para cada lado do(s) nó(s) interno(s), teremos que calcular os Fatores de
Distribuição d:
a arte de analisar estruturas 40
3. Agora, iremos particionar nossa estrutura nos pontos em que colocamos nossa(s)
“chapa(s) de aço imaginária(s)”:
A B C
4. Agora, iremos fazer a distribuição de momentos no(s) nó(s) interno(s). Para isso,
começaremos encontrando o nosso Momento Total em B (soma do momento de
cada lado das estruturas particionadas).
A B C
A B C
1001/400 3997/1200
A B C
1001/400 3997/1200
1001/800 3997/2400
Agora, iremos fazer o somatórios dos momentos (em azul), obtendo como
resultado os momentos fletores em cada ligação (em vermelho):
A B C
a arte de analisar estruturas 42
1001/400 3997/1200
1001/800 3997/2400
momento, por sua vez, precisa ter um binário de momento M com sinal trocado em
um ponto infinitesimal após a ligação para que ocorra um equilíbrio. E esse ponto
infinitesimal é exatamente o primeiro ponto da viga. E esse binário de momento é
exatamente a reação interna de momento na primeira seção transversal
infinitesimal da viga. E é exatamente esse momento que representamos no
diagrama!
E sabe o que é mais interessante? Para alguns (como foi meu caso), somente aqui
neste ponto do Processo de Cross que entendemos que é assim que os diagramas
funcionam!
Ah! Matheus, mas é aí? Como ficam os diagramas com o Processo de Cross?
Reações de Apoio
Obtendo as reações de apoio pelo Ftool, podemos confirmar que nosso cálculo está
correto:
a arte de analisar estruturas 45
Resolução:
Percebam que fazemos o somatório de momento apenas uma vez por nó. O restante
do processo pegamos apenas o momento residual e redistribuímos entre os nós.
Ah! Matheus, e quando o processo termina? Bom, todo processo iterativo precisa
de um critério de parada. Basicamente, temos que definir um limiar de precisão
requerida para encerramos.
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Podemos, por exemplo, considerar que um momento residual inferior a 1 (M < 0,01)
seja nosso critério de parada. Como não atingimos esse limiar, iremos dar
continuidade!
Para agilizar o processo, irei reproduzir o quadro até atingirmos esse limiar:
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Pronto, um momento residual foi menor que nosso limiar. Agora podemos parar!
E quando paramos, o que vem em seguida? O somatório dos momentos em cada
nó:
Exercícios
Q = 10KN/m, L1 = 5m e L2 = 3m.
a) Pela teoria do Processo de Cross, ela pode ser calculada? Se não, por qual
motivo? Se não, faça as alterações necessárias para que seja possível o cálculo.
a) Calcule as reações de apoio utilizando o Processo de Cross.
b) Represente os diagramas de força cortante e de momento fletor.
c) Relate um ponto positivo e um negativo deste lançamento estrutural (somente
em relação aos apoios, visto que as cargas são oriundas da arquitetura e não
temos controle sobre elas).
1. Dada a estrutura abaixo, faça os seguintes itens de projeto:
Q = 10KN/m, L1 = L2 = 4m, L3 = 5m
a) Calcule as reações de apoio utilizando o Processo de Cross.
b) Represente os diagramas de força cortante e de momento fletor.