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2012
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
PERMANÊNCIAS E INOVAÇÕES:
o projeto Mangabeira.
Área de Concentração
Teoria e História da Arquitetura e do
Urbanismo
Orientador
Prof. Dr. Marcio Cotrim
Coorientadora
Profa. Dra. Nelci Tinem
João Pessoa, PB
2012
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
anny.karinny@gmail.com
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
FOLHA DE JULGAMENTO
____________________________________________________________________
Prof. Dr. GEORGE ALEXANDRE FERREIRA DANTAS
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal - RN
____________________________________________________________________
Profa. Dra. MARCELE TRIGUEIRO
Departamento de Arquitetura e Urbanismo – UFPB
____________________________________________________________________
Profa. Dra. NELCI TINEM (Coorientadora)
Departamento de Arquitetura e Urbanismo – UFPB
_____________________________________________________________________
Prof. Dr. MARCIO COTRIM CUNHA (Orientador)
Departamento de Arquitetura e Urbanismo – UFPB
_________________________________________________
As três pessoas que tem grande importância em minha vida, dedico este trabalho:
A minha mãe, ao meu esposo Jailton e ao esperado Miguel.
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
AGRADECIMENTOS:
Várias pessoas são merecedoras de agradecimentos. Mesmo correndo o risco de
esquecer algum nome, têm a minha eterna gratidão:
Em primeiro lugar, agradeço ao meu Deus, que foi maior que os meus problemas e
que me fez nada temer. Que ergueu, muitas vezes, a minha fronte abatida e que não
me deixou desanimar. Que foi amigo fiel, pai companheiro e que é o Senhor de todos
os meus momentos.
Ao meu querido orientador Márcio Cotrim não só por me orientar, mas por me ensinar
a moldar e transformar, dia a dia, a minha pesquisa e a minha conduta como
pesquisadora e profissional.
À grande mestra Nelci Tinem, que desde a graduação é exemplo, para mim, de
dedicação e amor à docência e que me norteou durante todo esse mestrado sem
nunca hesitar em ajudar.
Ao meu amado esposo Jailton Oliveira Ferreira, por todo o seu amor, paciência,
amizade e dedicação. Por compreender minhas ausências durante esses pouco mais
de dois anos.
À minha mãe que sozinha sempre acreditou que a única saída para formação de um
ser humano é a educação, minha maior educadora.
À sócia e amiga Lucia Helena Aires, por entender as ausências e loucuras enfrentadas
durante todo esse tempo.
Aos funcionários do acervo em jornais do Espaço Cultural José Lins do Rego, pela
ajuda na pesquisa de campo.
A todos que não acreditavam que este trabalho se tornaria uma boa pesquisa, o meu
muito obrigado. Críticas, para mim, são sempre construtivas e alimentam cada vez
mais a minha vontade de vencer.
RESUMO:
ABSTRACT:
LEAL, Anny Karinny Lima. Continuities and innovations: the set design Mangabeira.
Thesis (Master of Architecture and Urbanism) - Graduate Program in Architecture and
Urban Planning, Federal University of Paraíba, João Pessoa, 2012.
This paper addresses the second phase of operation the National Housing Bank (BNH)
(1977 - 1986) characterized by a phase of experimentation and criticism to the model
supported housing production adopted in sets produced by the state. In this context,
emerges a broad set experiences of municipal social housing, with great heterogeneity
that appear alongside the traditional interventions, already applied by BNH. These
experiences projetuais when compared to the model used by BNH in its early stages,
adopt innovative assumptions as sustainable development, diversity of projects,
participation processes and stimulating self managed in partnership with organized
society. In this sense, this research aims to analyze the main project Set Mangabeira in
light of transformations between the first and second phase of BNH.
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES:
FIGURA 1: NOTICIA DE JORNAL MOSTRA O IMPACTO DOS CONJUNTOS CONSTRUÍDOS PELO BNH NAS
CIDADES BRASILEIRAS. 25
FIGURA 2: NOTICIA DE JORNAL MOSTRA A ENTREGA A POPULAÇÃO PESSOENSE DE UM CONJUNTO
CONSTRUÍDO PELO BNH. 25
FIGURA 3: EDIFICAÇÕES UNIFAMILIARES GEMINADAS EM MANGABEIRA I. 29
FIGURA 4: EDIFICAÇÕES UNIFAMILIARES COM UM QUARTO, ISOLADAS DO LOTE. 29
FIGURA 5: EDIFICAÇÕES UNIFAMILIARES COM DOIS QUARTOS, ISOLADAS DO LOTE. 29
FIGURA 6: RECORTE CRONOLÓGICO DA PESQUISA. 30
FIGURA 7: EDIFICAÇÕES UNIFAMILIARES COM DOIS QUARTOS, GEMINADAS. 31
FIGURA 8: EDIFICAÇÕES DUPLEX COM TRÊS QUARTOS, GEMINADAS. 31
FIGURA 9: EDIFICAÇÕES DUPLEX DOIS QUARTOS, GEMINADAS. 31
FIGURA 10: FICHA DE ANÁLISE DOS PROJETOS ARQUITETÔNICOS MANGABEIRA. 33
FIGURA 11: PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DO CONJUNTO SÃO JUDAS TADEU. 46
FIGURA 12: EDIFICAÇÃO ISOLADA DO LOTE. 46
FIGURA 13: VISTA GERAL DO CONJUNTO. 46
FIGURA 14: HABITAÇÕES UTILIZANDO A TÉCNICA TRADICIONAL DE PRODUÇÃO NO CANTEIRO
JUNTAMENTE COM ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS. 46
FIGURA 15 – VARIAÇÃO ARQUITETÔNICA 01. 47
FIGURA 16 – VARIAÇÃO ARQUITETÔNICA 02. 47
FIGURA 17 – PLANTA DO CONJUNTO PEDREGULHO, QUE ALÉM DAS UNIDADES HABITACIONAIS TEM
PRÉDIOS COM SERVIÇOS PÚBLICOS. 50
FIGURA 18: PLANO DE UNIDADE DE VIZINHANÇA ESBOÇADO POR PERRY. 50
FIGURA 19- CONJUNTO HABITACIONAL PARQUE CECAP/ FRANCA. 52
FIGURA 20- UNIDADE HABITACIONAL COM DOIS QUARTOS, CONJUNTO HABITACIONAL PARQUE CECAP/
FRANCA. 52
FIGURA 21- CONJUNTO HABITACIONAL PARQUE CECAP/ FRANCA, NO ATO DA SUA ENTREGA. 52
FIGURA 22- PORJETO ARQUITETÔNICO DO PARQUE CECAP/ FRANCA. 52
FIGURA 23- UNIDADE HABITACIONAL COM TRÊS QUARTOS, CONJUNTO HABITACIONAL PARQUE CECAP/
FRANCA. 52
FIGURA 24: FOTO AÉREA DO CONJUNTO CALIFÓRNIA COM AS UNIDADES UNIFAMILIARES GEMINADAS
DUAS A DUAS EM DESTAQUE. 55
FIGURA 25: FOTO PLANTA BAIXA DAS UNIDADE UNIFAMILIAR GEMINADA DUAS A DUAS EM DESTAQUE.
55
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
FIGURA 26: FOTO DOS CORTES DA UNIDADE UNIFAMILIAR GEMINADA DUAS A DUAS EM DESTAQUE. 55
FIGURA 27 – IMPLANTAÇÃO DO CONJUNTO HABITACIONAL PROJETADO POR MOACYR PACHECO NETTO
E PAULO CESAR BRAGA PACHECO. 57
FIGURA 28 – UNIDADE HABITACIONAL PROJETADO POR MOACYR PACHECO NETTO E PAULO CESAR
BRAGA PACHECO. 57
FIGURA 29: ESTUDO DE CONFORTO TÉRMICO PARA A PROPSTA DE UNIDADE HABITACIONAL. 58
FIGURA 30: VISTA DA FACHADA DO CONJUNTO 58
FIGURA 31: VISTA GERAL DA MAQUETE, SEGUNDO PRÊMIO – ARQUITETOS: SANDRA AGUIAR, MARCOS
CHAVES, MARCO JOSÉ E CARLOS ANTÔNIO. 58
FIGURA 32 - CROQUIS COM A FACHADA DAS EDIFICAÇÕES, PLANTA BAIXA, CORTE ESQUEMÁTICO E
IMPLANTAÇÃO DO CONJUNTO. 59
FIGURA 33 - CROQUIS COM A FACHADA DAS EDIFICAÇÕES, PLANTA BAIXA, CORTE ESQUEMÁTICO E
IMPLANTAÇÃO DO CONJUNTO. 59
FIGURA 34: IMAGENS DO CONJUNTO. ARQUITETO: DEMETRE ANASTASSAKIS, 1990. 61
FIGURA 35: IMAGENS DO CONJUNTO. ARQUITETO: DEMETRE ANASTASSAKIS, 1990. 61
FIGURA 36: EIXOS DE EXPANSÃO DA CIDADE NA DÉCADA DE 1960. 69
FIGURA 37: MAPA DE JOÃO PESSOA, MARCANDO OS CONJUNTOS HABITACIONAIS CONSTRUÍDOS PELA
CEHAP NO ANOS DE 1980. 73
FIGURA 38: FIGURA 38: CONJUNTO VALENTINA FIGUEIREDO. 74
FIGURA 39: CONJUNTO HABITACIONAL EM SOUZA. 74
FIGURA 40: IPEP ANTECIPA ENTREGA DE CHAVES. 74
FIGURA 41: CONJUNTO RADIALISTA. 75
FIGURA 42: CONJUNTO IVAN BICHARA. 76
FIGURA 43: CONJUNTO DO GROTÃO. 78
FIGURA 44: CROQUI DA FAZENDA MANGABEIRA, ÁREA LOTEADA PARA A CONSTRUÇÃO DE MAGABEIRA
I E ÁREA DA FAZENDA CUIÁ DESTINADA A CONSTRUÇÃO DAS DEMAIS ETAPAS DO PROJETO
MANGABEIRA. 81
FIGURA 45: INÍCIO DA CONSTRUÇÃO DO CONJUNTO MANGABEIRA (1979). 81
FIGURA 46: ORGANOGRAMA DO PROJETO MANGABEIRA. 84
FIGURA 17:ZONEAMENTO DO CONJUNTO MANGABEIRA, FINANCIADO PELO BNH. 87
FIGURA 48: PRIMEIRAS CASAS CONSTRUÍDAS NA ENTRADA DO CONJUNTO (1983). 87
FIGURA 49: ACESSOS AO CONJUNTO MANGABEIRA. 89
FIGURA 50: EIXOS VIÁRIOS DE ACESSO AO CONJUNTO MANGABEIRA. 89
FIGURA 51: DIAGRAMA DAS UNIDADES DE VIZINHANÇA. 90
FIGURA 52: DESENHO ESQUEMÁTICO DAS UNIDADES DE VIZINHANÇA. 85
FIGURA 53: UNIDADES ISOLADAS DO LOTE. 88
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
FIGURA 52 - MAPA ELABORADO PELA AUTORA, 2011, A PARTIR DE DADOS COLETADOS NO MEMORIAL
DESCRITIVO PROJETO DO MANGABEIRA, 1979. 90
FIGURA 53 - UNIDADES GEMINADA DUPLEX – PB / 23.3 - LESTE / OESTE E UNIDADES GEMINADA 2 A 2 –
PB/21.2 - NORTE/ SUL. 92
FIGURA 54: UNIDADES GEMINADAS. 93
FIGURA 55: EDIFICAÇÕES DUPLEX, NO ATO DA SUA ENTREGA À POPULAÇÃO. 93
FIGURA 56: ETAPA MANGABEIRA I EM FASE DE CONSTRUÇÃO. 93
FIGURA 57: UNIDADES UNIFAMILIARES ISOLADAS DO LOTE. 96
FIGURA 58: UNIDADES UNIFAMILIARES ISOLADAS DO LOTE. 97
FIGURA 59: UNIDADES UNIFAMILIARES GEMINADA E ISOLADA DO LOTE. 98
FIGURA 60: UNIDADES UNIFAMILIARES DUPLEX. 99
FIGURA 61: UNIDADES UNIFAMILIARES DE USO MISTO: COMERCIAL E RESIDENCIAL. 100
FIGURA 62: UNIDADES UNIFAMILIARES EMBRIÃO A E B 101
FIGURA 63: UNIDADES TÉRREAS PADRONIZADAS DO CONJUNTO MANGABEIRA. 113
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
Sumário
INTRODUÇÃO............................................................................................................ 24
CAPÍTULO I ................................................................................................................ 38
Os anos 1980: debates e experiências no campo da habitação popular ................. 40
INTRODUÇÃO
Introdução
25
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
O Estado brasileiro até o ano de 1986 buscou diferentes soluções para o problema da
moradia de baixa renda através de três instituições: o Instituto de Aposentados e
Pensionistas (IAP)1, a Fundação da Casa Popular (FCP)2 e o Banco Nacional de
Habitação (BNH)3. A forma de atuação dessas instituições se diferenciou pela maneira
de acesso ao financiamento à moradia, pelas variações do ponto de vista
arquitetônico, pela forma de implantação dos conjuntos na cidade e pelos diferentes
sistemas construtivos utilizados.
Carrion (1987) divide a atuação do BNH em duas fases: de 1964 até 1976, e de 1977
até 1986, divisão que será o ponto de partida para começarmos a entender as
características pertinentes a cada fase e organizar temporalmente esta pesquisa.
A primeira fase (1964/1976) proposta por Carrion (1987) foi norteada por dois
princípios fundamentais: (1) o sistema deveria ser autofinanciável, garantindo assim o
seu retorno financeiro; (2) a modalidade básica de acesso à moradia seria a compra
da casa própria. Em outros termos, imprimiu-se uma ótica empresarial, de mercado,
ao enfrentamento do problema da habitação.
Devemos entender também que a gestão adotada pelo BNH, nesta primeira fase, era
militar, rígida e centralizada, podendo ser caracterizada, segundo Bonduki (1999), por:
administração autoritária, inexistência de participação na concepção dos programas e
projetos, falta de controle social na gestão dos recursos, adoção da casa própria como
única forma de acesso à moradia, ausência de estratégias para incorporar processos
alternativos de produção da moradia como, por exemplo, a autoconstrução.
¹ O Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAP), criado nos anos 30, foi um dos primeiros
órgãos federais que atuaram no setor da habitação social. Tinha a finalidade de proporcionar
benefícios previdenciários, assistência médica e financiamentos habitacionais, extinto em 1964.
² A Fundação da Casa Popular (FCP) foi um órgão federal brasileiro na área de moradia com a
finalidade de centralizar a política de habitação, criado em 1946, durante o governo do
presidente Getúlio Vargas, também extinto em 1964.
³ No ano de 1964, após o golpe militar que derrubou o governo de João Goulart, criou-se no
Estado Brasileiro o Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e o Banco Nacional de Habitação
(BNH), com o objetivo de construir habitações de interesse social e proporcionar o
financiamento da casa própria.
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
Na sua grande maioria, esses conjuntos foram construídos em áreas distantes dos
núcleos centrais das cidades, estendendo o tecido urbano, contribuindo para a
estratificação dos grupos sociais e intensificando a noção de valor da terra para a
organização espacial urbana. A preocupação excessiva do banco com a redução de
custos resultou em projetos com baixa qualidade arquitetônica, monótonos, repetitivos,
desvinculados do contexto urbano e do meio físico e, principalmente, desarticulados
de um projeto social federal.
Portanto, pode-se afirmar que, nesta primeira fase do banco, as diretrizes políticas e
econômicas sobrepuseram-se às posturas técnicas e profissionais na tomada de
decisões. A produção dos conjuntos habitacionais se reduzia à construção das
moradias, entregues com aspecto de obras inacabadas.
A segunda fase (1977/1986) foi marcada pelas críticas dirigidas ao modelo adotado
pelo SFH (Sistema Financeiro Habitacional), juntamente com o BNH (Carrion, 1987).
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
Atuação do Instituto a
a
dos aposentados e 1 fase do BNH. 2 fase do BNH.
pensionistas.
4
As Caixas de Aposentadoria e Pensões instituídas pela chamada Lei Elói Chaves, de janeiro
de 1923, beneficiavam poucas categorias profissionais. Após a Revolução de 1930, o novo
Ministério do Trabalho incorporou-as e passou a tomar providências para que essa garantia
trabalhista fosse estendida a um número significativo de trabalhadores. Dessa forma, foi criado
em fevereiro de 1938, o Instituto de Previdência e Assistência aos Servidores do Estado
(IPASE). A presidência desses institutos era exercida por interventores nomeados pelo
presidente da República.
5
No ano de 1970 o governo de João Agripino, transforma o Montepio do Estado da Paraíba em
Instituto de Previdência do Estado da Paraíba, (IPEP), que tem o objetivo oferecer aos seus
segurados e dependentes: segurança social, assistência financeira, pensão e assistência
social, entre outros.
6
Fundado por deliberação do BNH teve como objetivo coordenar o Plano de Cooperativas
Habitacionais.
31
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
O projeto Mangabeira (ver figuras 7, 8 e 9) foi elaborado entre os anos 1982 e 1984,
por uma equipe7 chefiada pelo arquiteto Hugo José de Freitas Peregrino8. Uma série
de aspectos particulares motivaram a sua escolha como objeto empírico deste
trabalho, dentre os quais podem ser destacados:
7
A equipe técnica elaborada pela CEHAP para a concepção do projeto Mangabeira e
coordenada pelo arquiteto Hugo José de Freitas Peregrino, era composta pelos seguintes
membros: arquitetos – Carlos Ernesto de Queiroz Matos, Flávia Tolentino de Carvalho, José
Tavares de Andrade Filho, Marco Antônio Pimentel de Mello, Maria Esther Elisa Mitilene, Zelma
Evangelista de Carvalho; consultores – Aristóteles Lôbo Magalhães de Cordeiro e Antônio
Sérgio Tavares de Melo.
8
Hugo José de Freitas Peregrino formou-se em arquitetura e urbanismo, pela Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, em 1973, e em 1977, foi admitido na CEHAP.
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
Área construída: 32 m²
DADOS DO
PROJETO
(3) Entrevistas exploratórias (ver apêndice A) com alguns dos arquitetos9 que
participaram da equipe que elaborou o projeto do Conjunto Mangabeira.
Quanto à sua estrutura, este trabalho se divide em três partes, tratadas como
capítulos:
9
Foram entrevistados o arquiteto Hugo José de Freitas Peregrino e o consultor urbanístico do
projeto Mangabeira Aristóteles Lôbo Magalhães de Cordeiro.
36
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
CAPÍTULO I
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
40
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
Além dos congressos, concursos e dos debates promovidos pelo IAB, foram também
considerados neste capítulo os projetos de conjuntos habitacionais que se destacaram
nas revistas nacionais e que podem, à luz de hoje, serem vistos como produtos
desses debates. Esses projetos foram incluídos nesta pesquisa com o objetivo de
identificar as características arquitetônicas e urbanísticas que os diferenciam dos
construídos pelo BNH até então. Acredita-se que a identificação das características
principais destas experiências permitirá, nos outros capítulos, averiguar a presença
(ou não) destas, nos projetos executados pela CEHAP, mais especificamente no
Conjunto Mangabeira.
Nos anos 1980, as duras críticas à política adotada pelo BNH ganham espaço na
imprensa, na universidade e nos movimentos comunitários, possibilitando discussões
sobre novas propostas e alternativas para as políticas habitacionais e urbanas
vigentes nas décadas anteriores. As linhas gerais dessas críticas podem ser
percebidas de forma mais clara já em 1979, a partir do 10º Congresso Brasileiro de
Arquitetos, ocorrido em Brasília. Nesse congresso foram definidas as pautas de
discussão sobre a habitação de interesse social no Brasil, desenvolvida na década
seguinte. Neste momento, ficaram claros os principais problemas e lacunas deixadas
pelos conjuntos habitacionais financiados pelo BNH.
Dentre estes problemas, um foi destacado, durante o congresso, pela equipe do IAB-
RS, responsável pelo trabalho Política Habitacional – Estudo, que tinha o objetivo de
conhecer a dimensão real da interferência do arquiteto nos projetos arquitetônicos e
urbanísticos dos conjuntos habitacionais de interesse social. Entendeu-se que havia
um problema entre o papel profissional do arquiteto e os padrões construtivos do BHN,
ou seja, os conjuntos habitacionais construídos pelo banco eram padronizados e
inseridos em uma malha ortogonal extensa, sem estudo prévio de terreno e da
implantação, sem adaptação dos projetos arquitetônicos e urbanos à população alvo.
Neste momento os arquitetos passam a reivindicar a necessidade de diálogo entre o
arquiteto, a população e o SFH, representado pelo BNH.
Poucos meses depois do congresso, no início de 1980 foi publicado por Leonora de
Alencastro & Nirce Saffer, na revista Projeto nº 19, um artigo sobre o problema
habitacional, que voltava ao tema anteriormente identificado, porém de forma mais
precisa. O texto afirmava que a maneira de encarar a célula habitacional e/ou o
edifício tipo de forma isolada, distante do contexto urbano, provocava graves
41
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
Essas soluções possíveis estão presentes na cena política nacional desde 1977,
quando se começou a discutir o anteprojeto da Lei de Desenvolvimento Urbano, que
se transformaria, em 1983, no projeto de Lei nº 775. Apesar de não ter sido aprovado
nesse momento, chegou a tramitar no Congresso Nacional e ser incorporado aos
debates posteriores sobre planejamento urbano, inclusive nos da constituinte e no
próprio Estatuto da Cidade. Entre outras medidas balizadoras destacaram-se alguns
pontos que norteariam a atuação do BNH nos anos seguintes: a) preservação das
áreas verdes necessárias à população; b) reserva de áreas para futuros equipamentos
urbanos; c) regulamentação do uso do solo em torno dos grandes equipamentos
públicos.
O objetivo dessas propostas balizadoras presentes no projeto de lei era, sem dúvida, a
melhoria da qualidade de vida nas cidades, controlando a ocupação do solo dos
conjuntos habitacionais e identificando a importância da participação dos moradores
no processo. Essas discussões foram destaques na matéria do Jornal do Brasil em
que o presidente do IAB, o arquiteto Cláudio Cavalcanti, explica:
Com base nestas definições e no estudo do projeto de Lei nº 775 pode-se afirmar que
a busca por soluções para o problema habitacional centravam-se muito mais no
âmbito urbanístico e social que propriamente no arquitetônico. Com base no que foi
descrito pode-se elencar alguns pontos que caracterizaram as soluções que
responderiam às críticas feitas ao sistema habitacional de interesse social
estabelecido pelo BNH:
• o papel vital do sistema viário para a integração dos conjuntos à trama urbana
foi discutido no 10º congresso, pelo IAB e no Movimento de Reforma Urbana;
43
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
O projeto foi pensado com dois tipos de casas, fato pouco comum nas ações do BNH:
uma delas possuía um único quarto, sala, cozinha e banheiro, com área construída de
37,00m², geminadas duas a duas, projetada de maneira a possibilitar ao morador
construir mais um cômodo pelo sistema de autoconstrução. A outra possuía dois
quartos, sala, cozinha e banheiro, com área de 49,00m² e poderia ser geminada ou
isolada (ver figura 15 e 16). É importante lembrar que os conjuntos habitacionais
construídos na primeira fase do BNH formavam blocos extensos de casas idênticas,
que não possuíam variações de planta.
Além dos dois aspectos destacados anteriormente como inovações com relação à 1º
fase do BNH – variação de tipos de planta e a inclusão de equipamento coletivo – o
texto que acompanha a matéria na revista Projeto, indica ainda certo caráter
experimental no que diz respeito ao sistema construtivo, neste caso, utilizando a
técnica tradicional de produção no canteiro mesclada a elementos pré-fabricados (ver
figura 12 e 14).
10
A equipe urbanística que trabalhou no projeto Parque CECAP/ Franca era composta por
Vitor Augusto dos Santos, Célia Regina Tardelli Sachs, José Alberto Barbosa e José Mario
Porto de Souza Campos.
11
O INOCOOP – Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais – é um sistema de
cooperativas habitacionais que atua em vários estados brasileiros.
45
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
Podemos dizer que esse projeto fez parte de um momento de reflexão e crítica ao
modelo de produção habitacional do BNH, propondo um modelo urbanístico que
rompe com a malha ortogonal – muito utilizada pelo BNH na sua 1ª fase – e
apresentando uma visão social da habitação conforme com os anos 1980, cujos
pressupostos podem ser associados à produção dos conjuntos dos Institutos de
Aposentadoria e Pensões (IAPs).
A produção dos IAPs ficou marcada por uma suposta postura de caráter mais social
dos arquitetos brasileiros, que acreditavam que a habitação e os planos urbanísticos
deveriam fazer parte do serviço público e que deveriam contar com áreas destinadas
aos equipamentos sociais, comunitários, recreativos, áreas verdes e de lazer. Essa
postura resultou na qualidade urbana e arquitetônica dos conjuntos construídos, que
plasmou uma imagem positiva frente à sociedade, devido ao padrão construtivo, ao
conforto das moradias e a previsão de grandes áreas livres.
No que se refere à integração com a malha urbana da cidade por meio do seu sistema
viário, a área foi cortada por uma via principal, perpendicular à rodovia Candido
Portinari, já existente na época. Da avenida principal do conjunto saem vias locais que
possibilitam o acesso às edificações e aos equipamentos coletivos. O partido adotado
para o conjunto se apoia no principio de que um conjunto habitacional de tal dimensão
– 1027 unidades de habitação – deveria ter os seus espaços hierarquizados em
função das diversas atividades exercidas pelos usuários (ver figura 19). Portanto, os
espaços livres e os equipamentos coletivos foram distribuídos em três níveis de
atendimento: global, setorial e local. Sendo classificados como de uso global, os
equipamentos de maior porte: escolas, polícia, clube e cinema; de uso setorial os
equipamentos de porte médio: creches, jardins e área de recreação; e de uso local,
área de recreação localizada junto às quadras e pequenos comércios.
pelo BNH, tem a sua gênese no início dos anos 1930 na definição de unidade de
vizinhança de Clarence Arthur Perry (1929) (ver figura 18), que a caracteriza da
seguinte forma:
• cada via da unidade deve proporcionar uma determinada carga de tráfego: por
exemplo, a via expressa deve atender a um tráfego intenso, onde circula o
transporte público.
O conjunto contava com dois tipos de casas: a primeira, implantada em lote de 200m²
(ver figuras 23), tinha sala, cozinha, banheiro e três quartos, e poderia ser de uso
misto, comercial e residencial; enquanto a outra (ver figura 20), em lote de 250m², com
dois quartos, sala, cozinha e banheiro, era de uso apenas residencial. Ambas são
bastante semelhantes às do conjunto São Judas Tadeu e similares às
corriqueiramente propostas pelo BNH.
52
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
Unidades de vizinhança.
Via expressa (principal) do conjunto.
Via rodoviária da existente.
Figura 20- Unidade habitacional com dois quartos,
conjunto habitacional Parque Cecap/ Franca.
Fonte: Projeto, n.19, maio/ abril, 1980, p. 20.
Figura 19- Conjunto habitacional Parque Cecap/ Franca.
Fonte: Projeto, n.19, maio/ abril, 1980, p. 20, modificado pela autora 2012.
Figura 21- Conjunto habitacional Parque Cecap/ Franca, no ato de Figura 22- Porjeto arquitetônico do Parque Cecap/ Franca.
sua entrega. Fonte: Projeto, n.19, maio/ abril, 1980, p. 20, modificado pela
Fonte: Projeto, n.19, maio/ abril, 1980, p. 20, modificado pela autora autora 2012. Figura 23- Unidade habitacional com três quartos,
2012. conjunto habitacional Parque Cecap/ Franca.
Fonte: Projeto, n.19, maio/ abril, 1980, p. 20.
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
Se através das revistas especializadas foi possível identificar alguns dos projetos
que propunham tentativas de renovação concretas, os concursos, por outro lado,
evidenciavam, ainda com mais clareza, a influência no projeto arquitetônico dos
debates e críticas em relação ao modelo implantado e consolidado pelo BNH.
Esses concursos também foram convertidos em pauta nas revistas especializadas.
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Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
Edificações unifamiliares.
Figura 24: Foto aérea do conjunto Califórnia com as unidades unifamiliares geminadas
duas a duas em destaque.
Fonte: Projeto, n.19, pag. 26 , maio/ abril, 1980, modificado pela autora.
Legenda:
1 Acesso
2 Quarto 01
3 Banheiro
4 Quarto 02
5 Cozinha
6 Sala de estar e jantar
Legenda:
1 Cozinha
2 Sala
3 Quarto
1º lugar
O primeiro prêmio foi conquistado pelos arquitetos Moacyr Pacheco Netto e Paulo
Cesar Braga Pacheco, e tinha como questão central a construção rápida de moradias
com um número reduzido de peças de concreto pré-moldado e estrutura metálica.
Vinculada à racionalização da construção e à pré-fabricação, a proposta da equipe se
debruçava sobre problemas de conforto térmico (ver figura 28 e 29), relacionando as
estratégias projetuais ao crescimento das pesquisas sobre esse tema, visto como um
dos elementos que poderia “parametrizar” o projeto de arquitetura e proporcionar
estudos de habitação adequados ao território implantado.
2º lugar
O segundo prêmio, dado aos arquitetos, Sandra Aguiar, Marcos Chaves, Marco José e
Carlos Antônio, ao contrário do primeiro, era um projeto com ênfase no urbanismo,
influenciado pelos debates contemporâneos e marcado pela preocupação com a
localização dos equipamentos urbanos, priorizando os espaços coletivos em
detrimento dos espaços privados. (ver figura 31).
57
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
Com repercussão nacional e participação expressiva de todo país – sete dos quinze
premiados são grupos não paulistas – o concurso propunha duas áreas distintas de
intervenção: um vazio urbano central junto à nova estação de Metrô do Brás e uma
área de expansão periférica no Jardim São Francisco.
12
Demetre Anastassakis nasceu na Grécia, mais precisamente em Athenas e foi o responsável
pelo Setor de Urbanismo da Secretaria de Habitação (SEHAB) de São Paulo, entre os anos de
1973 a 1975.
63
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
O próximo capítulo trata da forma como essas críticas se manifestam nos conjuntos
habitacionais paraibanos e mais especificamente pessoenses.
65
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
Plataformas de debates e
críticas (consultar Projetos elaborados em concurso e/ou publicados em revistas
legenda 2) (consultar legenda 3)
Soluções apontadas para o problema 1 2 3 4 A B C D E
habitacional (consultar legenda 1)
Processo de participação popular
Previsão de espaço para equipamentos
comunitários.
Estudo do impacto da implantação do
conjunto habitacional na cidade.
Preocupação com o sistema viário.
Preservação das áreas verdes nos
conjuntos habitacionais.
Diversidade de soluções arquitetônicas.
Legenda 1 – soluções apontadas para o problema dos conjuntos • Preservação das áreas verdes nos conjuntos habitacionais - o acompanhar a execução do projeto bem como a preservação das
habitacionais planejados pelo BNH na sua primeira fase. projeto de Lei nº 775 possuía entre outras medidas balizadoras a áreas verdes e a inserção de equipamentos públicos;
• Processo de participação popular - Esta postura diferenciava-se preservação das áreas verdes necessárias à população. 4. Movimento Nacional pela Reforma Urbana, 1980 – neste momento
claramente do modelo que orientou a ação do BNH e com estes • Diversidade de soluções arquitetônicas - A equipe do IAB-RS, que todos os elementos relacionados ao urbano passam a ter como ponto
pressupostos emergem programas alternativos, como urbanização de escreveu o trabalho Política Habitacional – Estudo, evidenciou que os de partida a função social, como justificativa primeira para toda e
favelas e assentamentos precários, construção de moradias novas por projetos arquitetônicos do conjunto habitacionais não deveriam ser qualquer intervenção urbana, neste sentido a questão urbana, pode
mutirão e autogestão, apoio à autoconstrução e intervenções em padronizados. ser compreendida como elemento fundamental para o processo de
cortiços e em habitações nas áreas centrais. (BONDUKI, 2008) Legenda 2 – Debates e críticas democratização da sociedade brasileira;
• Previsão de espaço para equipamentos comunitários – A 1. 10º Congresso Brasileiro de Arquitetos, Brasília, 1979 – passa a Legenda 3 – Projetos elaborados em concurso e/ou publicados
experiência dos primeiros anos tinha mostrado que não bastava debater sobre o papel da comunidade e do arquiteto nas etapas do em revistas.
apenas construir casas: era preciso dotá-las de infraestrutura projeto arquitetônico e urbano do conjunto habitacional de interesse A - O conjunto Habitacional São Judas Tadeu, situado no município de
adequada. Os conjuntos habitacionais eram alvo de críticas social e a padronização arquitetônica e urbana desses conjuntos; Elias Fausto/ SP, executado pela iniciativa privada;
precisamente por lhes faltarem esses requisitos. (ANDRADE & 2. IAB – Discute, em 1979, a interferência do arquiteto e da população B - Conjunto Habitacional Parque Cecap, construído na cidade de
AZEVEDO, 1982) nos projetos arquitetônicos e urbanísticos dos conjuntos habitacionais Franca/ SP, executado pela CECAP;
• Estudo do impacto da implantação do conjunto habitacional na como forma de combater a construção massificada e padronizada dos C - Conjunto Califórnia, construído na BR-040 e executado pela
cidade – Necessidade de se estudar o terreno onde será implantado o conjuntos do BNH e debate sobre o projeto de Lei nº 775 com o INOCOOP–MG;
conjunto habitacional. (IAB-RS) objetivo de obter um melhor planejamento do uso do solo urbano nos D - O concurso Brasilit de 1987 tinha o objetivo criar habitações
• Preocupação com o sistema viário - O direito à cidade e à cidadania Conjuntos habitacionais; populares para uma área localizada em no estado da Bahia;
é a nova lógica que universaliza o acesso aos equipamentos e 3. Projeto de Lei nº 775 – Aponta a necessidade da participação da E - I Concurso Nacional de Projetos para a Habitação Popular, 1990,
serviços urbanos. (Movimento Nacional de Reforma Urbana) comunidade na elaboração dos planos, normas, diretrizes e programas propunha dois projetos distintos: a nova estação de Metrô do Brás e
de desenvolvimento urbano dos conjuntos habitacionais e também de uma área de expansão periférica no Jardim São Francisco.
66
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
67
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
CAPÍTULO II
Este capítulo é dedicado à atuação do BNH na cidade de João Pessoa com o objetivo
de localizar o objeto de estudo e entender como se desenvolveu a produção dos
conjuntos habitacionais na cidade. Para tanto, foram tomadas como referência duas
pesquisas de 1999: Cavalcanti (1999) e Lavieri & Lavieri (1999). Paralelamente, será
dada atenção especial aos conjuntos construídos nos anos 1980 através de notícias
no jornal “A União” e de documentos relativos aos projetos de arquitetura e urbanismo
encontrados no acervo da CEHAP.
Por fim, foram analisados os conjuntos construídos pela CEHAP, nos anos 1980.
Justifica-se o estudo dos projetos desta instituição por se tratar do mesmo agente
construtor do Conjunto Mangabeira, podendo assim investigar com maior exatidão se
existem, quais são e como, a presença da influência dos debates sobre habitação
social e de soluções alternativas ao modelo do BNH nos anos 1980, aparecem nos
projetos construídos pela CEHAP? E se existirem se partem de projetos anteriores ao
Conjunto Mangabeira.
Segundo Cavalcanti (1999) e Lavieri & Lavieri (1999), a atuação do BNH na Paraíba
divide-se em quatro etapas diferentes.
Apenas em 1969 registrou-se uma ocupação mais intensiva da região sul e sudeste da
cidade, com a construção pela CEHAP das primeiras 560 unidades do conjunto
Castelo Branco, que representou a primeira tentativa da remoção de favelas em João
Pessoa. Lavieri & Lavieri (1999) afirmam que o número de domicílios em João Pessoa
69
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
BR – 230 em direção ao
Município de Cabedelo
Jardim Botânico
UFPB
Terreno destinado ao
Conjunto Mangabeira.
BR – 230 em direção ao
Município de Santa Rita
BR – 101 em direção ao
Estado de Pernambuco
Jardim 13 de
1968 413 13 de Maio IPASE/ IPEP
maio
Pedro
1968 281 Pedro Gondim IPEP
Gondim
Castelo
1969 630 Castelo Branco COHAB
Branco
13
O projeto CURA tinha como objetivo racionalizar o uso do solo urbano, melhorar as
condições de serviços de infraestrutura das cidades e corrigir as distorções causadas pela
especulação imobiliária.
71
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
A atuação do BNH nestes anos contribuiu para o aumento dos conjuntos habitacionais
na cidade. Araújo (2009) destaca que somente em três anos, de 1981 a 1984, foram
construídos onze conjuntos, dos quais seis são etapas de Mangabeira, os outros cinco
estão distribuídos na porção sul/sudeste da cidade, perfazendo mais de 11.300
domicílios. Isto significa que, em apenas três anos, 25% do incremento do número de
domicílios da cidade foi proveniente da construção desses conjuntos residenciais.
Estendendo esses números ao período entre os anos de 1980 e 1991, esse percentual
sobe para 32,5%.
Neste período foram construídas 8.492 unidades que expandiram o tecido urbano para
o sudeste, intensificando o processo de periferização da cidade. Faziam parte dessa
expansão os seguintes conjuntos habitacionais: Bancários, Radialista, Esplanada,
Anatólia, Grotão, Bairro das Indústrias, além da implantação do Conjunto Mangabeira
I, que se destacou de todos os outros conjuntos já construídos, devido ao seu porte,
bem acima do restante, com 3.238 unidades. Destacou-se também pela sua
localização (na direção da faixa litorânea – a Praia do Sol) e por ser o primeiro dos
conjuntos já construídos pelo BNH a ser entregue com infraestrutura. Foi iniciada,
também neste período, a construção dos conjuntos Mangabeira II (6.344 unidades) e
Valentina de Figueiredo (4.406 unidades).
14
PROSIND é o nome dado a uma das etapas do Conjunto Mangabeira.
72
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
Parque Arruda
1983 216 Roger INOCOOP
Câmara
Total 8.492
A CEHAP atendeu uma população de baixo poder aquisitivo e construiu a maioria dos
seus empreendimentos no eixo sul/sudeste da cidade na década de 1980: Radialista,
Alto do Mateus, Grotão e Mangabeira (Ver figura 37). Assim para analisar e entender a
influência das novas posturas em relação à habitação popular nos conjuntos
pessoenses e verificar se o Conjunto Mangabeira possuía especificidades que o
diferenciasse de outros conjuntos é necessário conhecer a produção habitacional dos
anos 1980 de seu agente construtor.
73
Permanência e inovações: o projeto Mangabeira.
Conjunto Mangabeira
Conjunto Radialista
Conjunto Grotão
Figura 37: Mapa de João Pessoa, marcando os conjuntos habitacionais construídos pela CEHAP
nos anos de 1980.
Fonte: Mapa elaborado pela autora em 2011 sobre base fornecida pela PMJP a partir de dados
coletados em LAVIERI & LAVIERI, 1999.
Permanência e inovações: um estudo de caso do projeto Mangabeira. 74
Os conjuntos construídos pela CEHAP e financiados pelo BNH nos anos 1980 foram:
Ivan Bichara (1980), Grotão (1982), Radialista (1980) e Mangabeira (1983).
O conjunto, temporalmente, faz parte dos anos 1980, porém contêm alguns aspectos
semelhantes àqueles identificados como característicos do “modelo BNH”, vigente
entre os anos de 1964 até 1976: projeto arquitetônico padronizado e a ausência total
de participação popular nas decisões.
O conjunto Habitacional Radialista (ver figura 41) foi entregue no mesmo ano do Ivan
Bichara, 1980, com apenas 92 unidades habitacionais sendo destinado a 260
habitantes. Durante a pesquisa de campo poucos dados foram encontrados a seu
respeito, no entanto, assim como vimos no conjunto anterior, foi destinada uma área
para equipamentos comunitários, de cerca de 1833 m².
Equipamentos coletivos
Figura 41: conjunto Radialista.
Fonte: Acervo CEHAP, editado pela autora.
Permanência e inovações: um estudo de caso do projeto Mangabeira. 76
Equipamentos coletivos
Figura 42: conjunto Ivan Bichara.
Fonte : Acervo CEHAP, editado pelo autora.
Permanência e inovações: um estudo de caso do projeto Mangabeira. 77
O conjunto habitacional do Grotão (ver figura 43) foi fruto do Programa de Erradicação
de Sub Habitação (PROMORAR), desenvolvido pela CEHAP com o objetivo de
reurbanizar favelas na cidade de João Pessoa. O conjunto contava, segundo dados
coletados na CEHAP, com 910 unidades habitacionais, 13 hectares de espaços
destinados às áreas verdes e 0,89 hectare de espaço para equipamentos
comunitários. Entretanto, chama ainda a atenção, diferenciando-se das características
dos da primeira fase do BNH, a preocupação em articular o conjunto a uma trama
urbana pré-existente por meio de vias principais que cruzam o conjunto “costurando” a
malha urbana, bem como a presença de uma área destinada à área verde.
O que se pode concluir desta breve analise é que apesar dos conjuntos estudados
serem dos anos 1980 – anos que ocorreram os debates, as críticas e algumas
propostas de solução ao problema habitacional, apontados do primeiro capítulo desta
pesquisa – poucos reflexos das propostas nacionais são econtrados nesses conjuntos,
que mais se parecem com os conjuntos construídos pelo BNH na sua primeira fase.
Permanência e inovações: um estudo de caso do projeto Mangabeira. 78
Equipamentos coletivos Via de grande fluxo perpendicular ao conjunto. Via principal do conjunto.
Figura 43: Conjunto do Grotão.
Fonte: Dados coletados na CEHAP , editado pela autora.
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 79
CAPÍTULO III -
Mangabeira: diretrizes e
projeto.
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 80
CAPÍTULO III
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 81
Figura 44: Croqui da fazenda Mangabeira, área loteada para a construção de Magabeira I e
área da fazenda Cuiá destinada a construção das demais etapas do projeto Mangabeira.
Fonte – ARAÚJO, 2006.
O novo Conjunto (ver figura 45) deveria ser construído em cinco etapas e tinha como
objetivo principal, segundo Lavieri & Lavieri (1999), suprir o déficit habitacional da
cidade. O jornal A União, em dezembro de 1981 destacava que o Conjunto seria
planejado por uma equipe técnica determinada pela CEHAP e entregue em primeiro
lugar a membros do Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Paraíba.
A CEHAP, antes da formação da equipe que iria desenvolver o projeto, definiu uma
área, de aproximadamente 421,25 hectares, para ser ocupada pelo Conjunto (ver
figura 45). O terreno foi resultado da união dos terrenos da Fazenda Mangabeira, de
propriedade do Governo do Estado, e da Fazenda Cuiá, de aproximadamente 300 ha,
vendida ao Estado em 1979 e transferida para a CEHAP. (ver figura 44)
3180m
Zona Especial de Preservação 4.
Zona residencial.
Legenda:
Avenida Josefa Taveira.
Ligação entre a Br 230 e a Orla marítima.
Figura 48: Primeiras casas construídas na entrada do Conjunto (1983).
Fonte: SILVA, 2007, editado pela autora.
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 88
3180 m
Eixo viário em direção
a BR – 230.
Terreno destinado ao
Conjunto Mangabeira.
Via coletora
Raio de influência
Núcleo de equipamentos
coletivos
Legenda:
Raio de influência.
Via Coletora.
Núcleo de Equipamentos.
Quadras habitacionais.
Vias locais.
100 m
200 m
As habitações de uso misto – unifamiliar e comercial (ver figura 60) – podem ser
vistas, de forma bastante tímida, como reflexos das experiências e debates descritos
no capítulo I, já que foram uma tentativa de resolver os problemas causados pela
distante localização do conjunto por meio da implantação de áreas comerciais. No
entanto, as suas volumetrias e fachadas continuavam parecendo-se as das unidades
térreas geminadas e isoladas, gerando na paisagem urbana a mesma padronização
típica da primeira fase do BNH
Além das variações arquitetônicas já citadas, Mangabeira também foi planejada para
receber edificações duplex, geminadas duas a duas (ver figuras 54, 55 e 59) ou em
fileira (chamadas de minhocão). Essas duas variações foram as que mais
contribuíram para que a equipe técnica garantisse o alto índice populacional com o
uso de áreas menores por lote. Essas unidades quebravam a monotonia do Conjunto
e possuíam variação de dois e três quartos, com fachadas diferenciadas.
É importante lembrarmos que este aspecto foi o mais discutido e priorizado como
solução ao problema habitacional nos debates estudados no capítulo I desta
pesquisa, no entanto, só apareceu em Mangabeira na sua última fase.
.
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 96
Figura 57: unidades unifamiliares isoladas do lote.
Fonte: Dados coletados na CEHAP, digitalizados
pela autora, 2011.
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 97
Figura 58: unidades unifamiliares isoladas do lote.
Fonte: Dados coletados na CEHAP , digitalizados
pela autora, 2011.
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 98
Figura 59: unidades unifamiliares geminadas e isoladas no
lote.
Fonte: Dados coletados na CEHAP, digitalizados pela autora,
2011.
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 99
Figura 60: unidades unifamiliares duplex.
Fonte: Dados coletados na CEHAP,
digitalizados pela autora, 2011.
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 100
Figura 61: unidades unifamiliares de uso misto:
comercial e residencial.
Fonte: Dados coletados na CEHAP, digitalizados
pela autora, 2011.
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 101
Figura 62: unidades unifamiliares embrião A e B.
Fonte: Dados coletados na CEHAP, digitalizados
pela autora, 2011.
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 102
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 103
A primeira etapa foi denominada Mangabeira I, tinha uma área de 110,60 ha, 3238
unidades habitacionais e seis unidades de vizinhanças, e foi concluída em 1982 e
entregue em 1983. O jornal A União denominou-a “cidade satélite de João Pessoa”,
devido ao grande número de edificações construídas.
A terceira etapa foi chamada de Mangabeira II, ocupava uma área de 111,53ha,
distribuídos em 3.020 unidades habitacionais e cinco unidades de vizinhança e a sua
construção começou no ano de 1983 e finalizou-se em 1985.
A quarta esta etapa foi chamada de Mangabeira III, ocupava uma área de 18,88 ha,
contendo 514 unidades habitacionais e uma unidade de vizinhança. A sua área
territorial, possuia 8,16% de área de preservação e 91,84% de área urbanizada. Os
projetos usados nesta etapa foram as mesmas utilizadas na etapa Mangabeira I.
A quinta etapa foi chamada de Mangabeira IV, ocupava uma área de 97,66 ha, com
1.512 unidades habitacionais e com três unidades de vizinhança. Os lotes residenciais
ocupavam 63,45% da extensão territorial e 4,03% da área foi ocupada por
equipamentos comunitários.
A sexta e última etapa, Mangabeira V, com uma área de 17,92 ha, 240 unidades
residenciais e uma unidade de vizinhança foi construída em regime de mutirão. Suas
habitações geminadas possuíam apenas um vão livre, em que eram demarcadas
apenas as áreas molhadas.
Esta fase do conjunto remete a uma citação de Bonduki (2008), em que afirma que um
dos pressupostos inovadores das intervenções do BNH foi o incentivo ao processo
“participativo e autogestionário”.
projetos arquitetônicos. Isso, talvez, seja devido ao momento, aos debates que
envolviam esse período, que privilegiavam a questão urbana, como as discussões em
torno do Movimento pela Reforma Urbana e do Projeto de Lei de Desenvolvimento
Urbano 775/83.
A unidade de vizinhança, por sua vez, apesar de não ser novidade enquanto conceito
passa a ser utilizada como recurso que prioriza o espaço público em relação ao
privado, e é uma das diretrizes apontadas, nos debates dos anos 80, como solução
para os conjuntos habitacionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 110
Referencias bibliográficas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 116
BASTOS, Maria Alice Junqueira; ZEIN, Ruth Verde. Brasil: arquitetura após 1950.
São Paulo: Perspectiva 2010.
CARRION, Otilia Beatriz Kroeff. Nova política habitacional: Uma velha questão. I
Encontro Estadual de Luta pela Moradia, 1990, Porto Alegre.
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 117
CEHAP inaugurou novo conjunto em João Pessoa - Jornal União - 24/ 12/ 1980.
CEHAP vai entregar 560 casas no Castelo Branco - Jornal da União – 17/01/ 1965.
COSTA, Angélica Irene da. Sérgio Ferro: a Construção de uma Teoria. 6º Seminário
DOCOMOMO Brasil. Niterói, RJ.
GONÇALVES, Regina Célia, LAVIERI, Maria Beatriz Ferreira, LAVIERI, João, RABAY,
Glória. A Questão Habitacional na Paraíba. João Pessoa: Editora Universitária
UFPB, 1999.
GOODWIN, Philip. Brazil Builds. Architecture new and old 1652 – 1942. Nova York.
Modern Art Museum, 1943.
Novos conjuntos vão ter todos serviços básicos – Jornal União - 27/01/1980.
O programa habitacional da CEHAP já beneficiou 330 mil pessoas - Jornal União - 02/
11/ 1983.
SAMPAIO, Maria Ruth Amaral de. Habitação popular no período Getulista. O caso
de São Paulo, in Habitação na Cidade Industrial 1870-1950. Lisboa: Instituto de
Ciências Sociais, 1993.
SILVA, Éder Roberto da. O movimento nacional pela reforma urbana e o processo
de democratização do planejamento urbano no Brasil. São Carlos: UFSCar, 2003.
Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São Carlos, 2003.
SILVA, Katielle Dayvianne Amaral da. Mangabeira: o conjunto que contrariou o seu
destino. (1983-2007). Departamento de história, curso de licenciatura em história,
UFPB, 2007.
Apêndice A
APÊNDICE A
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 122
Essa entrevista tem como objetivo, auxiliar a mestranda com sua pesquisa, bem como
esclarecer dúvidas existentes como relação ao assunto desenvolvido em sua
pesquisa.
1. Com se deu a definição da equipe que iria trabalhar no projeto Mangabeira? Existiu
algum concurso de projeto?
Estagiários
Dessa equipe, apenas eu e a equipe de apoio era do quadro da CEHAP, tendo eu sido
o primeiro arquiteto contratado em 1977. Além desses profissionais, e da equipe de
desenho e de apoio, houve a participação de consultores e profissionais de
engenharia das concessionárias de água e esgoto (CAGEPA) e energia elétrica
(SAELPA), da Prefeitura, além do corpo de engenheiros da CEHAP. Não houve
concurso de projeto, como se pode deduzir.
3. A CEHAP estabelecia alguma diretriz ou norma que deveria ser seguida e que de
acordo com o memorial do projeto Mangabeira, a equipe realizou análise crítica da
atuação da CEHAP, a partir disso, quais foram as diretrizes seguidas?
R. O projeto foi elaborado sob bastante pressão, como era comum àqueles de áreas
que eram tidas como importantes para o governo, como a área habitacional. Se
podemos assim dizer, a diretriz básica da Companhia era de que o projeto deveria
contemplar a ocupação da área em unidades unifamiliares, utilizando-se os tipos
habitacionais já utilizados nos conjuntos anteriores. Isso, no ver da direção, viria
atender mais adequadamente o público-alvo. Nesse ponto, a partir da análise crítica
da atuação anterior da CEHAP, com a consultoria do arquiteto professor Aristóteles
Lobo Cordeiro, houve a definição das diretrizes básicas que eram: a) atingir uma
densidade bruta de 300 hab/ha.; b) prever a implantação de bens e serviços mínimos
necessários ao funcionamento do conjunto e c) diversificar a paisagem urbana, com a
consequente utilização de novos e diversos tipos habitacionais.
R. Como foi dito na resposta à questão anterior, essa opção fez parte da diretriz
básica da Companhia. Seria a que melhor atenderia ao público alvo, segundo ela,
além de não estar se buscando uma inovação. Do trabalho desenvolvido pela equipe,
na primeira fase, houve certa mudança nessa diretriz com a aceitação do incremento
da densidade bruta e a utilização de tipologia diversificada, com a introdução de novos
tipos habitacionais.
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 124
7. Por que Mangabeira foi o primeiro bairro a ser entregue com infraestrutura básica
de bens e serviços?
A realidade não foi bem essa, pois houve apenas o planejamento dos equipamentos e
serviços, mas não houve o gerenciamento integrado para a implantação do
empreendimento. Quando a primeira etapa foi entregue (3.238 casas), e a CEHAP
passou a ocupar a sede projetada e construída no girador de acesso ao conjunto, não
havia pavimentação nas ruas, nem as praças haviam sido implantadas. Lembro-me
bem quando nos mudamos para aquela sede que o ambiente de trabalho era inóspito.
A poeira vermelha levantada pelos veículos que trafegavam pela avenida de acesso
ao conjunto era depositada sobre a superfície de trabalho. Da mesma forma as praças
que não foram implantadas, algum tempo depois (acho que no governo seguinte)
foram invadidas e o espaço urbano se deteriorou. O que houve de inovação no caso
de Mangabeira, além da sua dimensão, do seu plano geral, da solução do esgoto
sanitário (foi o primeiro conjunto desse porte e tipo projetado com rede geral e estação
de tratamento próprio), foi uma espécie de volta à normalidade com a doação das
áreas públicas (ruas, praças e áreas de equipamentos comunitários) à Prefeitura, o
que não ocorria naquela época. É que as prefeituras das capitais tinham seus prefeitos
nomeados pelo governador, e esses em geral não interferiam muito no planejamento,
na aprovação e na aceitação das obras do Governo do Estado.
R. O que existiu foi uma revisão crítica da atuação anterior da CEHAP, incluindo aí
tanto os projetos urbanísticos, quanto dos projetos arquitetônicos dos conjuntos
anteriormente implantados.
1. Com se deu a definição da equipe que iria trabalhar no projeto Mangabeira? Existiu
algum concurso de projeto?
R. A equipe básica do projeto era composta pelos arquitetos próprios da CEHAP com
assessoria de especialistas, professores da UFPB. Eram os recursos humanos
disponíveis na época. Não houve concurso.
3. A CEHAP estabelecia alguma diretriz ou norma que deveria ser seguida e que de
acordo com o memorial do projeto Mangabeira, a equipe realizou análise crítica da
atuação da CEHAP, a partir disso, quais foram as diretrizes seguidas?
R. SEM RESPOSTA
R. A proposta de ocupação por edificações multifamiliares foi feita pela equipe mas
recusada pelo governo
R. SEM RESPOSTA
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 126
7. Por que Mangabeira foi o primeiro bairro a ser entregue com infraestrutura básica
de bens e serviços?
Apêndice B
APÊNDICE B
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 128
Área construída: 32 m²
DADOS DO
PROJETO
Área construída: 38 m²
DADOS DO
PROJETO
Área construída: 38 m²
DADOS DO
PROJETO
Área construída: 51 m²
DADOS DO
PROJETO
Área construída: 40 m²
DADOS DO
PROJETO
Área construída: 50 m²
DADOS DO
PROJETO
Área construída: 32 m²
DADOS DO
PROJETO
Área construída: 53 m²
DADOS DO
PROJETO
Área construída: 53 m²
DADOS DO
PROJETO
Área construída: 53 m²
DADOS DO
PROJETO
Área do terreno: 90 m²
Apêndice C
APÊNDICE C
Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 142
(Espaço Cultural)
INTERESSE
SOCIAL
2 de março de 1980.
Data:
Informações Complementares:
RESUMO:
ILUSTRAÇÕES:
FICHA DE REGISTRO
(Espaço Cultural)
INTERESSE
SOCIAL
2 de novembro de 1980.
Data:
Informações Complementares:
RESUMO:
ILUSTRAÇÕES:
(Espaço Cultural)
INTERESSE
SOCIAL
3 de março de 1982.
Data:
Informações Complementares:
RESUMO:
ILUSTRAÇÕES:
FICHA DE REGISTRO
(Espaço Cultural)
INTERESSE
SOCIAL
5 de dezembro de 1981.
Data:
Informações Complementares:
RESUMO:
ILUSTRAÇÕES:
FICHA DE REGISTRO
INTERESSE
(Espaço Cultural)
SOCIAL
5 de janeiro de 1980
Data:
Informações Complementares:
RESUMO:
A primeira etapa do projeto da construção de 50.000 casas acabou de passar
pela cidade de Patos, por meio de inscrições para a aquisição da casa própria,
através da Cehap.
ILUSTRAÇÕES:
FICHA DE REGISTRO
INTERESSE
(Espaço Cultural)
SOCIAL
Informações Complementares:
Resumo:
A Cehap iniciará o processo de inscrições para os interessados em
adquirir a casa própria na cidade de Soledade, dando assim, continuidade
à sequência de cidades que serão contempladas com o projeto.
FICHA DE REGISTRO
ILUSTRAÇÕES:
INTERESSE
(Espaço Cultural)
SOCIAL
5 de janeiro de 1980
Data:
Informações Complementares:
PALAVRAS-CHAVES:
RESUMO:
ILUSTRAÇÕES:
FICHA DE REGISTRO
INTERESSE
(Espaço Cultural)
SOCIAL
5 de junho de 1981.
Data:
Titulo da notícia: Projeto Cura exige desapropriação de 40
imóveis da orla.
Informações Complementares:
ILUSTRAÇÕES:
FICHA DE REGISTRO
INTERESSE
(Espaço Cultural)
SOCIAL
5 de maio de 1981.
Data:
Titulo da notícia: Moradores vão entrar com ação contra BNH.
Informações Complementares:
ILUSTRAÇÕES:
FICHA DE REGISTRO
(Espaço Cultural)
INTERESSE
SOCIAL
5 de maio de 1981.
Data:
Informações Complementares:
ILUSTRAÇÕES:
FICHA DE REGISTRO
INTERESSE
(Espaço Cultural)
SOCIAL
5 de março de 1980.
Data:
Titulo da notícia: BNH terá nova linha de crédito para condomínio.
Informações Complementares:
Resumo: Foi aprovada uma nova linha de crédito no BNH, que beneficia quem
pretende construir através de regime de condomínio, o que pode facilitar àqueles
que buscam adquirir seu imóvel pelo seu preço de custo, sem a necessidade de
desembolso dos encargos de intermediação imobiliária cobradas pelas
incorporadoras.
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FICHA DE REGISTRO
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7 de agosto de 1981.
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7 de agosto de 1981.
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7 de janeiro de 1981.
Data:
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7 de junho de 1981.
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7 de novembro de 1980.
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7 de junho de 1980.
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8 de maio de 1980.
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Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 160
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2 de abril de 1981
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2 de agosto de 1980
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2 de fevereiro de 1982
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9 de janeiro de 1980.
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9 de setembro de 1980.
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Palavras-chaves: CEHAP; projeto Mangabeira.
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Titulo da notícia: BNH entregará mais de 600 mil casas ate fim de
81.
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Resumo: O BNH esta concluindo 600 mil casas populares, que irão
beneficiar três milhões de pessoas com renda de ate três salários
mínimos.
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24 de dezembro de 1980.
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Resumo: Das três mil e quinhentas nas casas que estão construídas na
primeira etapa de Mangabeira, aproximadamente 1270 já estão
praticamente prontas para entrega.
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Permanência e inovações: o projeto do Conjunto Mangabeira. 177
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20 de dezembro de 1983.
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04 de agosto de 1984.
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