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Orientadora:
Profª. Drª. Edite Galote Carranza.
SÃO PAULO
2016
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
E-mail: f-lacerda@hotmail.com
CDD 22 – 711.4
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Título da Defesa:
Habitação de Interesse Social: JARDIM EDITH da favela ao conjunto residencial
Data da Defesa:
09 de Dezembro de 2016.
Comissão Examinadora
À família.
Aos amigos.
Aos mestres.
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
AGRADECIMENTOS
Aos líderes comunitários do Jardim Edith: Sr. Gerôncio Henrique Neto (in memoriam),
Sr. José Vilson Bezerra Vanderley e Sr. José Henrique da Silva (filho do Sr. Gerôncio).
Aos arquitetos Eduardo Ferroni (H+F) e Marta Moreira (MMBB), pelas entrevistas e
materiais cedidos.
Muito obrigado!
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
APRESENTAÇÃO
Essa experiência foi a primeira oportunidade de aproximação com uma realidade que
a teoria não ensina. Participar das reuniões e visitar os empreendimentos trouxeram
uma visão mais ampla sobre os espaços projetados para a população de baixa renda.
A segunda oportunidade foi realizar uma proposta em uma área central e valorizada
no Trabalho Final de Graduação (TFG), onde pude aplicar os conhecimentos
adquiridos e questionar sobre produção da moradia digna e a arquitetura social de
forma que integrassem soluções dentro de padrões e normas tão restritas.
Ao realizar o TFG, não sabia a exata dimensão que envolvia o problema da habitação
social. A questão da moradia digna é um assunto que se agrava constantemente e
aparenta não ter uma solução efetiva para acabar com o déficit habitacional.
RESUMO
Jardim Edith, era o nome de uma antiga favela que existiu na zona sul de São Paulo,
com origem nos anos de 1970, numa época em que a região não oferecia atrativos
imobiliários. O terreno ocupado pela comunidade abrangia quase todo o cruzamento
da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini com a Avenida Jornalista Roberto Marinho,
que foi desocupada e destinada a construção do viário de conexão com Marginal do
Rio Pinheiros e Ponte Estaiada. Atualmente, tornou-se o novo centro financeiro e a
área mais valorizada da cidade. A permanência de algumas famílias na parte
remanescente do terreno foi destinada a construção do Conjunto Residencial Jardim
Edith, que após muitos embates e persistência, conquistaram o direito de continuarem
no local de origem. Esta característica distinguiu-se dos parâmetros usuais, praticados
até pouco tempo na habitação social, que previa a remoção das famílias para locais
distantes das áreas em que viviam. Essa premissa tornou possível a realização de um
estudo monográfico sobre a história desta comunidade, que narra em três capítulos o
desenvolvimento do bairro, a luta pela moradia digna e a qualidade da arquitetura
social. Como método, a pesquisa realizou a revisão bibliográfica sobre o tema,
levantamento de reportagens disponíveis em periódicos da época, visitas in loco ao
conjunto habitacional e entrevistas. Esta dissertação visa não apenas conhecer,
estudar e analisar a história da comunidade Jardim Edith, mas também identificar os
elementos que tornam este projeto uma referência para a habitação social.
ABSTRACT
Jardim Edith was the name of an old favela that existed in the south of São Paulo,
which originated in the 1970s, at a time when the region offered no real estate
attractions. Today it is the most valued area of the city and has become the new
financial center. The land occupied by the community covered almost all of the
intersection of Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini and Avenida Jornalista Roberto
Marinho, which was unoccupied and destined to the construction of the connecting
road with the Rio Pinheiros and Ponte Estaiada. The permanence of some families in
a remnant part of the land was destined to the construction of the Residential Complex
Jardim Edith, after many battles and persistence they won the right to stay in the place
of origin. This characteristic was distinguished from the usual parameters, practiced
until recently in social housing, which provided for the removal of families to places far
from the areas where they lived. This premise made possible the realization of a
monographic study on the history of this community, which narrates in three chapters
the development of the neighborhood, the struggle for decent housing and the quality
of social architecture. As a method, the research carried out the bibliographic review
on the subject, survey of available articles in periodicals of the time, on-site visits to
the housing complex and interviews. This dissertation aims not only to know, study and
analyze the history of the Jardim Edith community, but also to identify the elements
that make this project a reference for social housing.
LISTA DE ABREVIATURAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
A comunidade do Jardim Edith originou-se nos anos 1970, na várzea do Rio Pinheiros,
dentro de um contexto não muito diferente de outras cidades na Era Industrial. As
possibilidades oferecidas pela cidade grande e o sonho de poder mudar de vida fez
com que muitas pessoas migrassem para a capital paulista. Porém, a cidade que
promovia o trabalho e se desenvolvia, não produzia na mesma escala habitações
adequadas para abrigar e satisfazer às necessidades básicas da população de baixa
renda. Nessa época as terras alagadiças do Brooklin não atraiam investimentos,
sendo ocupadas por trabalhadores que não tinham condições de pagar um aluguel.
Posteriormente, se transformou na região da Berrini e atualmente é considerada a
área mais valorizada e o novo centro financeiro da cidade.
Portanto, estes fatos reforçam o objetivo desta dissertação que é apresentar a história
do Jardim Edith, da favela ao Conjunto Residencial.
Metodologia do trabalho
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O primeiro passo foi realizar o levantamento da bibliografia sobre o tema, cujo o livro
“Os primeiros arquitetos modernos – Habitação Social no Brasil de 1930-1950”, de
Paulo Bruna, contribuiu para aprofundar a visão sobre a arquitetura social moderna.
Em paralelo, os estudos realizados por Edite Galote Carranza, sobre o Conjunto
Zezinho Magalhães Prado (CEPAC Guarulhos) trouxeram uma aproximação com a
obra do Arquiteto Vilanova Artigas, por possuir uma semelhança com o objeto desta
dissertação.
O quarto passo foi realizar as entrevistas com os arquitetos autores do projeto, que
enriqueceu com informações sobre todo o processo projetual. As constantes
alterações e decisões diante das condicionantes foi um grande desafio e que não
impediu de produzir uma arquitetura social de qualidade. Outra fonte de pesquisa
foram os vídeos com entrevistas e palestras dos arquitetos, disponíveis em sites de
arquitetura. Também foi realizada uma visita a Secretaria Municipal de Habitação
(SEHAB), porém, as pessoas que participaram dessa experiência não estavam mais
no departamento, mas foi possível realizar uma pesquisa na biblioteca e solicitar os
arquivos com as pranchas do projeto.
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A pesquisa conclui que o Jardim Edith é uma referência para a habitação de interesse
social e os elementos que identificam essa mudança são expostos nas Considerações
Finais, como, a luta da comunidade, a conquista da permanência, a aquisição da
moradia digna, a nova produção da arquitetura social, por exemplo.
Referenciais teóricos
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O bairro onde está localizado o Jardim Edith teve início a partir de uma parada de
bonde da Companhia Carris de Ferro São Paulo, que ligava os municípios de São
Paulo e Santo Amaro. A parada foi projetada pelo engenheiro Alberto Kulhmann, em
1886. Em 1900, a São Paulo Tramway, Light and Power Company (Cia. Light) assume
a administração das linhas da Cia Carris e, após treze anos, introduz o bonde elétrico
em São Paulo (MARTINS, 2012, p. 78).
3 Desde 2008, a revista promove essa premiação. Na edição de 2013, concorreram na categoria
Habitação Social os escritórios: JT Arquitetura – Conjunto Habitacional e Boldanari Arquitetura e
Urbanismo – Residencial Corruíras, sendo o escritório vencedor MMBB Arquitetos & H+F Arquitetos –
Jardim Edith.
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Nos primórdios, o Brooklin Paulista foi constituído pela união de três loteamentos
(Figura1): o primeiro (cor amarela) pertencia à antiga Fazenda Casa Grande,
projetado por Júlio Klaunig e Álvaro Rodrigues e com o perímetro constituído pela
Avenida Santo Amaro, Avenida Morumbi, Marginal do Rio Pinheiros e Avenida Água
Espraiada; o segundo (cor ciano) loteamento, lançado por Afonso de Oliveira Santos,
chamava-se Jardim das Acácias e situava-se entre a Avenida Morumbi e a Avenida
Roque Petroni Júnior, tendo nas extremidades a Avenida Santo Amaro e a Marginal
do Rio Pinheiros; o terceiro (cor magenta) foi lançado pela Sociedade Anônima
Fábrica Votorantim, tendo em seu perímetro a Avenida Santo Amaro, Avenida
Washington Luís, Avenida Vicente Rao e Avenida Água Espraiada (PONCIANO, 2001,
p. 37).
Figura 1 – Mapa com a identificação dos primeiros loteamentos. Fonte: CeSAD (arquivo DWG) – Adaptado pelo
autor.
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4 Em 1987, parte do bairro teve seu nome alterado para Moema através de abaixo assinado dos
moradores ao prefeito Jânio Quadros (PONCIANO, 2001).
5 Atual Avenida Washington Luís.
6 Empresa de urbanização, fundada em Londres (1911), chega ao Brasil em 1912, e se instala em São
“O Jardim América foi o primeiro bairro urbanizado pela Cia. City, além das
benfeitorias públicas, das amplas áreas verdes e do traçado das ruas que
respeitava a topografia da área, o projeto de Barry Parker estabeleceu
terrenos amplos, de tamanho suficiente para abrigar grandes casas e seus
jardins espaçosos” (CIA.CITY, 2014).
7 Criou o conceito cidade-jardim. Autor do livro Garden City of Tomorrow (Cidades-jardins de Amanhã),
1898. Fundou em 1899, a Garden Cities Association. Projetou as primeiras cidades-jardins no século
XX.
8 Arquiteto francês diplomado pela École des Beaux-Arts de Paris em 1905. É fundador da Sociedade
Francesa de Urbanistas, tendo sido secretário-geral até o período entre-guerras. Alguns lhe atribuem
a criação do vocábulo ‘urbanismo’. Em 1927, é convidado para uma série de conferências sobre
urbanismo no Rio de Janeiro, que culminam com sua contratação, no ano seguinte, para a elaboração
de um plano urbanístico para a cidade. A partir de 1939, em seu exílio permanente no Rio de Janeiro,
atua como consultor em matéria de urbanismo e elabora projetos para Porto Alegre, Goiânia, Curitiba,
Campos, Cabo Frio, Araruama, Atafona, São João da Barra Petrópolis, Vitória, São Paulo e Araxá
(OLIVEIRA, 2009).
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
A primeira parte do Brooklin Paulista a ser loteada partia da Avenida Santo Amaro e
se estendia até a Autoestrada Washington Luiz, delimitada pela Avenida Professor
Vicente Rao até o córrego Água Espraiada (que foi canalizado e se transformou em
avenida de mesmo nome, atualmente denominada Avenida Jornalista Roberto
Marinho). Esse quadrante futuramente seria denominado como Brooklin Velho (Figura
4).
A segunda parte do bairro passou a se chamar Brooklin Novo, por fazer parte da nova
expansão de loteamentos que levava o desenvolvimento em direção à margem do Rio
Pinheiros. O desenho dos arruamentos e lotes seguiam a malha ortogonal, em
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“quadrícula”9. Conforme o Arquiteto Valdir Martins, “não foi possível apoiar a expansão
da cidade no modelo de Howard, mas sim na expressiva malha xadrez” (2012, p. 133).
A nova parte do Brooklin era delimitada pelas avenidas: Santo Amaro, Roque Petroni
Jr., Nações Unidas e dos Bandeirantes. Com a retificação do Rio Pinheiros promove-
se uma nova dinâmica na mobilidade da cidade de São Paulo, intensificando o
desenvolvimento de industrialização nessa parte da cidade no ano de 1940.
Figura 4 - Identificação das nomenclaturas do Brooklin Paulista – Novo e Velho. Fonte: CeSAD (arquivo DWG)
– Adaptado pelo autor.
9Malha utilizada na implantação de diversos bairros de São Paulo, que não considerava a topografia
existente.
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Nessa época, boa parte das terras marginais do Pinheiros pertencia a grandes
proprietátios como as loteadoras Cia. City e Cia. Cidade Jardim, a Dumont Villares,
que pretendia fazer um distrito industrial no Jaguaré, a Votorantim, no Brooklin, e a
própria Cia. Light, na região do Guarapiranga (KAYO, 2013, p. 42).
De acordo com Alexandre Hepner, “o vale do Pinheiros era ocupado por áreas de
várzea inundável” e “as áreas industriais ocupavam as extremidades norte e sul do
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Assim como previu o visionário engenheiro Louis Romero Sanson, nos anos 1930,
que a cidade se desenvolveria em direção aos lagos de Santo Amaro (MARTINS,
2012, p. 96), a empresa Bratke-Collet empreendeu na Avenida Berrini, impulsionando
o desenvolvimento do polo empresarial com o lançamento de cinquenta prédios, a
partir do fim dos anos 1970, sendo o primeiro edifício, o Bandeirantes, concluído em
1977. Depois, outras empresas foram atraídas para a região pela viabilidade de
escritórios mais amplos, com mais tecnologia e valores mais acessíveis que os
praticados na Avenida Paulista, o que consolidou a nova centralidade de São Paulo
(FIX, 2001, p. 15-16).
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EDITH: A FAVELA
Diferentemente das favelas do Rio de Janeiro, que surgiram no final do século XIX, as
favelas em São Paulo começaram a ser reconhecidas como tal a partir do 1º.
Congresso Brasileiro de Urbanismo, em 1941; embora a cidade possuísse “habitações
subnormais”, como os cortiços, desde o final do século XIX (KEHL, 2010, p. 35).
A favela Jardim Edith surge nos anos 1970, em pleno Milagre Econômico, quando a
cidade possuía uma taxa de crescimento da ordem de 3%, muito menor do que a taxa
de crescimento das favelas, que era da ordem de 20,16%. As favelas paulistanas
seguiam ocupando encostas, beiras de cursos d’água, áreas de mananciais e várzeas
de rios – como a Edith, na várzea do rio Pinheiros – tornando-se um ‘problema’ urbano
nas décadas seguintes (KEHL, 2010, p. 55).
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Desde seu início aos dias atuais, as favelas se transformaram fisicamente de barracos
de madeira e chão de terra batida para habitações de alvenaria assobradadas e laje
de cobertura, e, em termos sociais, é habitada por “trabalhadores pobres que
produzem e consomem e que não encontram na metrópole local acessível de moradia
no mercado formal” (PASTERNAK, 2002, p. 10). A favela Jardim Edith também era
constituída por barracos de madeira, e antes da sua desocupação, em 2005, já
existiam também construções em alvenaria.
Embora a questão da favela tenha sido tratada no decorrer dos anos como um
problema a ser eliminado, devido às suas dimensões e consolidação, tornou-se uma
realidade a ser contemplada, conforme opinião do então secretário da habitação do
Estado de São Paulo, Lair Krähenbühl (2009, p. 20), já que a favela é fruto da
“desigualdade econômica e social que precisa ser combatida”, e hoje não se pode
“imaginar que favelas como Heliópolis ou Paraisópolis (ou Jardim Edith) vão sumir do
mapa”, uma vez que são espaços estabelecidos e dotados de infraestrutura.
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tem pouca renda, em geral em áreas que o mercado formal não pode ou não quer
ocupar” (ROLNIK, 2009)11.
A favela, portanto, é uma questão complexa, marcada pela história de forma negativa
e excludente. Conforme afirma Raquel Rolnik, que corrobora com a opinião do
Secretário Krähenbüh:
[...] A primeira é que sua formação não obedece a nenhuma das regras
urbanas ou legislativas: as ruas não são definidas antes da construção das
casas e as redes de água e esgoto são implementadas depois da construção
das moradias. A segunda é que as unidades habitacionais são construídas
de acordo com a disponibilidade de lotes vazios. [...] (PMSP, 2010, p. 11).
11 O texto foi publicado originalmente no jornal O Estado de São Paulo, em 18/10/09, versão digital,
mapas e gráfico sobre moradia popular. Porém, o link não estava mais disponível, somente no blog da
autora.
12 Disponível em: https://raquelrolnik.wordpress.com/tag/favela/ - Acessado em: 25 jul. 2016.
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integração e uso misto, onde os “cidadãos devem ter seus direitos sociais garantidos
e afeiçoadas a seus territórios” (FRANÇA, 2009, p. 20).
Foi dessa forma que a favela Jardim Edith foi considerada. Assim, ela foi incorporada
ao Programa de Urbanização de Favelas, o que garantiu uma melhor integração da
população com a cidade, dando qualidade e preservando as relações já adquiridas
pela ocupação, como acesso a redes comunitárias, a empregos e, a equipamentos
públicos, conforme previsto na Constituição Federal. Entretanto, deve ser considerado
que mesmo em processos de urbanização, as remoções podem ser necessárias.
Nesse sentido, a Jardim Edith foi removida temporariamente até que o projeto fosse
concluído. Contudo, a permanência dela no local de origem não foi tão simples. Os
problemas enfrentados pela comunidade serão tratados com mais detalhes no
capítulo 2.
Em 1970, após a mudança nos planos do governo para a construção do anel viário da
cidade, as terras ao longo do córrego Água Espraiada, se encontravam
desapropriadas. Muitos dos imóveis indenizados foram ocupados pelos próprios
funcionários do DER e as terras serviram para a construção de moradias precárias,
habitadas por migrantes que vinham trabalhar em São Paulo e, posteriormente, por
moradores de outras regiões da cidade (FIX, 2007, p. 97).
A desapropriação realizada pelo DER fez com que as ocupações fossem acontecendo
progressivamente. As favelas foram se consolidando nos diversos bairros à margem
do córrego. Nas terras localizadas entre a Marginal Pinheiros e a Avenida Berrini,
nasceu a favela Jardim Edith, que em 1995, chegou a ocupar uma área de 68 mil
metros quadrado e a abrigar uma população de 3 mil famílias (FIX, 2001, p. 37).
Segundo o que o Sr.Gerôncio13, morador e líder comunitário do Jardim Edith, relata,
a “favela era tão grande” que ocupava todo o terreno onde está a sede da Rede Globo
até a rua James Joule, atrás do Centro Empresarial Nações Unidas (CENU) (Figura
6).
Figura 6 - Favela Jardim Edith - 1995 – Fonte: FRÚGOLI JR. (2000, p. 258) – Adaptado pelo autor.
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Dessa forma, a Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini 15 pode ser considerada uma
invenção da Bratke-Collet, o que originou o apelido ‘Bratkelândia’ para a região. A
Empresa desenvolveu projetos de várias torres de escritórios, monopolizando quase
toda a região, que aos poucos foi deixando de ser um bairro residencial e adquirindo
característica comerciais. Assim, a partir de 1975, os edifícios de escritórios e a
população de funcionários corporativos atraíram investimentos em comércio e
serviços, além de benfeitorias na infraestrutura urbana, gerando oportunidades de
emprego. Mesmo a população residente na
favela Jardim Edith, às margens do córrego
Água Espraiada, pôde se inserir, com
ofertas de empregos, nos comércios e
serviços da região.
14 O título é utilizado por Mariana Fix no livro “São Paulo: cidade global”, nesta dissertação utilizo a
mesma expressão, por traduzir a conclusão da evolução sobre a origem do Jardim Edith.
15 Neste trabalho, a partir desse momento, por ser mais usual a denominaremos por Avenida Berrini.
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Na gestão Maluf, o projeto da Operação Urbana foi retirado da Câmara e voltou para
a Emurb e, ao contrário do que defendia, foi reelaborado e, de uma via local passou
para uma via expressa, a fim de conectar a Marginal Pinheiros com a Rodovia dos
Imigrantes, conforme determinação do prefeito em exercício (FIX, 2001, p. 92).
Essa decisão afetou diretamente toda a população da favela Jardim Edith que residia
no final do córrego, sendo este o principal obstáculo para a conexão direta da futura
16 A Operação Urbana, assim como a Legislação inerente a esse estudo serão abordadas no Capítulo
2.
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Em 2003, o primeiro projeto da ponte estaiada Octávio Frias de Oliveira (Figura 8) foi
avaliado na gestão da prefeita Martha Suplicy (2001–2004), porém, o alto investimento
fez com que o projeto fosse revisto, retornando em 2005, na gestão de José Serra
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Figura 8 – Maquete virtual do projeto da Ponte Estaiada (projeto não executado) - gestão da Marta Suplicy (2001-
2004) - Fonte: FIX (2007, p. 111).
Com a inauguração da ponte estaiada, a favela Jardim Edith passou a ter maior
visibilidade, por estar no endereço mais caro e cobiçado da região de São Paulo,
exatamente no cruzamento das avenidas Berrini e Jornalista Roberto Marinho.
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Ao que parece, o então, prefeito Paulo Maluf não levou em consideração as palavras
de Ulisses Guimarães, proferidas em seu histórico discurso na Assembleia Nacional
Constituinte ao promulgar a Constituição Federal, em 1988, quando destacou a
importância da participação popular: “O povo passou a ter a iniciativa de leis. Mais do
que isso, o povo é o super legislador habilitado a rejeitar pelo referendo os projetos
aprovados pelo Parlamento”. Ele também afirmou que a Constituição não era perfeita,
mas que abriria novos caminhos: “É caminhando que se abrem caminhos. Ela vai
caminhar e abri-los. Será redentor o caminho que penetrar nos bolsões sujos, escuros
e ignorados da miséria.”18
17
Fonte: www.redeatualbrasil.com.br – Acesso em: 25 nov. 2015.
18
Discurso de Ulysses Guimarães. Disponível em:
<http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/camara-e-historia/339277-integra-do-
discurso-presidente-da-assembleia-nacional-constituinte,--dr.-ulysses-guimaraes-(10-23).html>.
Acesso em: 17 ago. 2016.
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Em 2001, o Estatuto da Cidade foi promulgado pela Lei 10.257, de 10 de julho, que
regulamenta os artigos 182 e 183 da ‘Constituição Cidadã’ e trata diretamente sobre
a política urbana. Denominada “Estatuto da Cidade” a Lei estabelece normas que
definem o “interesse social” e que regula o uso da propriedade urbana “em prol do
19
Atual Avenida Jornalista Roberto Marinho.
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Dessa forma, com o Plano Diretor Estratégico de 2002, o Jardim Edith foi consultado
e conquistou o direito de ter a área que ocupava, há mais de quarenta anos definida
como uma Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), destinada à promoção de
Habitação de Interesse Social (HIS).
A Operação Urbana Consorciada Água Espraiada (OUCAE) foi promulgada pela Lei
13.260/2001, aprovada logo após o Estatuto da Cidade, e teve como diretriz principal
a revitalização da região de sua abrangência, com intervenções que incluem sistema
viário, transporte coletivo, habitação social e criação de espaços públicos de lazer e
esportes (PMSP, 2016b). A área ocupada pela comunidade do Jardim Edith pertence
ao Setor 2-Berrini, compondo um total de seis setores o perímetro total da OUCAE (1-
Marginal Pinheiros, 3-Chucri Zaidan, 4-Brooklin, 5-Jabaquara e 6-Americanópolis)
(Figura 9).
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Depois, em outubro de 2007, o Sr. Gerôncio entrou com uma ação na Justiça para
reivindicar que a Lei fosse cumprida e que a comunidade tivesse o direito de
permanecer no local original. Segundo informações disponíveis na Prefeitura
20
Fonte: www.redebrasilatual.com.br – Acessado em: 15 ago. 2016.
21
Fonte: www.prefeitura.sp.gov.br - Acessado em: 21 jun. 2016.
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22
Ibidem.
23
Ibidem.
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“As ZEIS dentro de uma operação urbana devem ter definido seus padrões
específicos de parcelamentos, edificação, uso e ocupação do solo, e afixar
preço e forma de financiamento, de transferência ou de aquisição das
unidades habitacionais a serem produzidas, além de definir os critérios para
a construção de áreas superior ao coeficiente de aproveitamento,
viabilizando, assim, a oferta de Habitação de Interesse Social” (FONTES,
2011, p. 47)
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Figura 10 - Indicação dos lotes do Estado e Município. Fonte: Associação de Moradores do Jardim Edith –
Disponível em: <http://jardimedith.blogspot.com.br/> - Acessado em: 17 jul. 2016.
Dessa forma, pela primeira vez na história da cidade de São Paulo, uma HIS seria
construída com verba das Operações Urbanas Consorciadas24: Água Espraiada. Na
época, a Prefeitura Municipal descreveu a intervenção da seguinte maneira:
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Esse fato se deve as propostas ofertadas pela Prefeitura às famílias do Jardim Edith,
os incrédulos optaram por outras moradias ou voltar para a cidade natal. Essa questão
faz refletir sobre o “lugar do pobre”, o destino será sempre a periferia, longe das
relações já consolidadas de emprego e escola, por exemplo, o Jardim Edith promove
a requalificação na vida da comunidade e a integração com a cidade, a
sustentabilidade social deve agregar valores aos projetos de habitação.
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Walter Gropius com sua palestra “Construção Baixa, Média ou Alta?”, também
defendia a verticalização dos edifícios habitacionais como sendo econômicos e
racionais, incluindo também as necessidade psicológicas e socais da moradia
(BRUNA, 2010, p. 55).
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- Localização;
- Tipo de obra;
- Programa;
- Ano de início do projeto;
- Ano de conclusão da obra;
- Área do terreno;
- Área construída;
- Coeficiente de aproveitamento;
- Clientes;
- Coordenador;
- Projeto Arquitetônico;
- Projetos complementares;
- Consultorias;
- Fornecedores.
29A apresentação deste capítulo teve como referência a dissertação de mestrado do Arq. Edson
Lucchini Jr.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Figura 11 - Planta de Localização – Fonte: SEHAB (arquivo DWG) – Adaptado pelo autor.
A- Torre 1;
B- Restaurante-escola;
C- Lâmina 1;
D- Unidade Básica de Saúde (UBS);
E- Torre 2;
F- Torre 3;
G- Lâmina 2
H- Creche.
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
IMPLANTAÇÃO
QUADRA 1
QUADRA 2
TORRES 1, 2 e 3
LÂMINAS 1 e 2
RESTAURANTE-ESCOLA
CRECHE
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
TORRE 1
UH - analisada
UH - repetição
LÂMINA 1
UH - analisada
UH - repetição
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Figura 12 - Estudos para o Conjunto Residencial Jardim Edith - Fonte: MMBB Arquitetos – Intervenção do autor.
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Figura 13 - Vista aérea do Conjunto Residencial Jardim Edith - Fonte: Google Earth – Intervenção do autor.
FICHA TÉCNICA30
PROJETO ARQUITETÔNICO31
MMBB Arquitetos
Arquitetos: Marta Moreira, Milton Braga e Fernando de Mello Franco;
Colaboradores: Eduardo Martini, Marina Sabino, Giovanni Meirelles, Cecilia Góes,
Gleuson Pinheiro, Adriano Bergemann, André Rodrigues Costa, Maria João
Figueiredo, Naná Rocha, Tiago Girao, Guilherme Pianca, Gisele Mendonça, Eduardo
Pompeu, Rafael Monteiro e Lucas Vieira;
30 Elaborado pelo autor a partir das informações disponíveis nos sites: MMBB, H+F, Vitruvius e
Archdaily – Acessado em: 15 jun.2016.
31 Informações obtidas nos sites dos escritórios de arquitetura MMBB e H+F.
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
H+F Arquitetos
Arquitetos: Eduardo Ferroni e Pablo Hereñu;
Colaboradores: Tammy Almeida, Joel Bages, Natália Tanaka, Diogo Pereira, Gabriel
Rocchetti, Tiago Benucci, Mariana Puglisi, Luca Mirandola, Thiago Moretti, Bruno
Nicoliello e Renan Kadomoto.
PROJETOS COMPLEMENTARES
CONSULTORIAS
FORNECEDORES
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
PLANTA DE SITUAÇÃO
Praça
Arlindo
Figura 14 - Localização do Conjunto Residencial Jardim Edith – Fonte: H+F Arquitetos - Adaptado pelo autor.
O Conjunto Residencial Jardim Edith está localizado na Zona Sul da cidade de São
Paulo. O terreno de aproximadamente 19 mil metros quadrados possui em seu
perímetro ruas com características bem distintas, a principal avenida, a Berrini,
responsável pelo desenvolvimento do bairro e pela concentração edifícios ocupados
por escritórios coorporativos, em sua maioria do setor terciário, além de fazer a
conexão da Rua Funchal com a Av. Dr. Chucri Zaidan, a Av. Jornalista Roberto
Marinho possui um viário de fluxo intenso, e, futuramente será prolongada para fazer
a ligação com a Rodovia doa Imigrantes conforme proposta da OUCAE, as ruas
Charles Coloumb, George Ohm e Araçaíba possuem um fluxo menos intenso e
preservam um pouco das características do antigo bairro, assim como a Praça Arlindo
Rossi, que favorece a integração das pessoas que moram em seu entorno. No
desenvolvimento do projeto a praça foi considerada como uma extensão para o lazer
dos futuros moradores do Jardim Edith. Outra consideração proposta foi o
prolongamento da Rua George Ohm até a Av. Jornalista Roberto Marinho, que dividiu
o antigo terreno em duas quadras (Figura 15).
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
IMPLANTAÇÃO
QUADRA 1 QUADRA 2
O projeto do Conjunto Residencial Jardim Edith contemplou além das 252 unidades
habitacionais, três equipamentos públicos, divididos nas duas quadras (Figura 16).
Cada UH possui aproximadamente 50 m² distribuídos em três torres e duas lâminas,
conforme Tabela 4:
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
H G F E D C B A
Rua Charles Coloumb
Figura 16 - Indicação dos programas e sobreposição dos usos - Adaptado pelo autor.
A distribuição dos acessos proporciona uma maior circulação de pedestres pela Rua
Charles Coloumb, que possui um fluxo local e proporciona a sensação de segurança.
As calçadas possuem medidas generosas e proporciona passeio confortável, o
alargamento foi possível devido a decisão dos arquitetos em ceder à cidade o recuo
das quadras dos conjuntos. O mesmo não acontece na Av. Jornalista Roberto
Marinho, que possui a característica de via expressa e torna o passeio menos
agradável, o que determina um fluxo menor de pessoas. Segundo Marta Moreira,
refletindo sobre as decisões projetuais “...talvez hoje optasse pela entrada da UBS
pela Roberto Marinho, poderia torná-la menos inóspita”32. E conclui: “... a questão de
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Com o alargamento das calçadas foi possível prever algumas vagas para automóveis
na Rua Charles Coloumb, com características de uso público e que ocupa parte do
recuo do limite do terreno do conjunto. Essa solução revela outra decisão projetual,
segundo Marta Moreira:
“A questão do estacionamento, isso era uma outra decisão naquele lugar da
cidade tão bem servido de transporte público, não ocupar o térreo com vagas
de estacionamento. Se você imaginar que uma unidade tem 50m² e uma vaga
ocupa em média 25m², além do que existe o custo para a realização dessa
vaga, então isso era outra questão. O estacionamento na verdade, eles estão
localizados no alargamento da própria via para garantir algumas vagas. Então
essa questão dos recuos fez com que o limite estivesse coincidindo com o
limite da construção. Então os recuos na verdade foram incorporados no
alargamento do passeio público, para que tivessem calçadas que fossem
mais confortáveis e que pudessem criar essas vagas ao longo da via”.33
33 Ibidem.
34 Visita realizadas em 27 fev.2016.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
QUADRA 1
A Quadra 1 é composta pela implantação da Torre 1 (A) e Torre 2 (E), ambas possuem
17 pavimentos, sendo, Pavimento Térreo, Pavimento Condominial e Pavimentos
Habitacionais (15 andares com 4 UH); da Lâmina 1 (C) que possui 6 pavimentos,
sendo, Pavimento Térreo, Pavimento Condominial e Pavimentos Habitacionais (4
andares com 10 UH, no 2º e 3º andar e 20 UH, no 4º andar), as soluções projetuais
das habitações serão apresentadas adiante.
C
Rua George Ohm
Av. Jornalista
Roberto Marinho B
35
Ibidem.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
QUADRA 2
A Quadra 2 é composta pela Torres 3 (F), com as mesmas características das torres
da Quadra 1, com 17 pavimentos, divididos em Pavimento Térreo, Pavimento
Condominial e Pavimentos Habitacionais, cada torre possui 60 UH, totalizando 180
UH; e pela Lâmina 2 (G), projetada como a Lamina 1, sendo diferenciada pela
quantidade total de UH, esta possui 32 UH e a primeira 40 UH, somando juntas 72
UH. O Conjunto Residencial Jardim Edith atende 252 famílias, composta de no mínimo
4 pessoas, ou seja, o Programa de Urbanização de Favelas conseguiu assistir 1.00836
pessoas (esse número não é exato, pois o núcleo familiar é bastante diversificado).
Rua Araçaíba
Praça Arlindo Rossi
36Para obter esse número, multiplicou-se as 252 UH por 4 pessoas (número mínimo que compõe uma
família).
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
Figura 19 - Implantação do Conjunto Residencial Jardim Edith – Fonte: H+F Arquitetos – Adaptado pelo autor.
A B C D E F G H
Figura 20 - Corte Longitudinal - Conjunto Residencial Jardim Edith – Fonte: H+F Arquitetos - Adaptado pelo autor.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
RESTAURANTE-ESCOLA
A
2 1
C
A
D
B B
3
Acesso ao Público
A
Acesso Restrito
Acesso controlado
Figura 21 – Planta de fluxos – Restaurante-escola – Fonte: SEHAB (arquivo DWG) – Adaptado pelo autor.
O Restaurante-escola localiza-se entre a Torre 1 (A) e a UBS (D), e está sob a Lâmina
1 (C). O acesso principal do Restaurante-escola (1) acontece pela Rua Charles
Coloumb, onde também está o estacionamento (2) com algumas vagas para
automóveis e espaço para carga e descarga. O acesso secundário refere-se a entrada
de serviços (3) e está localizada na esquina da Av. Berrini com a Av. Jornalista
Roberto Marinho, na lateral direita da Torre 1 (A).
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
A
29 30
‘ 2 1 4
6 7 C
5
9 10
8
A
D
11 12 13
26 28
14
15 16
17
31 20 27
18 19
B 24 B
3 25 21 22 23
A
Figura 22 - Planta de Setorização - Restaurante-escola – Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
O acesso secundário, está conectado diretamente com a cozinha, que possui uma
área de recebimento (21), e um corredor que interliga as várias praças que compõem
a cozinha, como exemplo, área de preparação de pratos frios, quentes, massa,
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
confeitaria, entre outros (ver Figura 23). Verifica-se uma circulação com acessos bem
definidos para todos os espaços, sem o cruzar os fluxos.
25 21 22 13 23 24
Figura 27 - Corte BB - Restaurante-escola - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
C
30
37 Unidades Básicas de Saúde (UBS) são locais onde você pode receber atendimentos básicos e
gratuitos em Pediatria, Ginecologia, Clínica Geral, Enfermagem e Odontologia. Os principais serviços
oferecidos pelas UBS são consultas médicas, inalações, injeções, curativos, vacinas, coleta de exames
laboratoriais, tratamento odontológico, encaminhamentos para especialidades e fornecimento de
medicação básica. Fonte: https://www.spdm.org.br/onde-estamos/outras-unidades/unidade-basica-de-
saude-ubs - Acessado em: 28 out.2016.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
37
36
28
25 35
19 11
C 18 21 22 23 24
10 10 2 1
20
17 26 27
16
34
E
3 33
4
29 5
30
7 6
8 32
13
12 31
B 10 10 10 10 10 10 10
15 14 9
11
Figura 29 - Planta de Setorização – UBS – Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Figura 30 - Salão de espera e sala de reunião com vista para o jardim - Fonte:
Nelson Kon (cedido por H+F Arquitetos).
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
3- Acesso público;
4- Espera 80/100 pessoas;
5- Atendimento;
6- Administração;
7- Recepção;
27 3 5 9
9- Arquivo;
27- Almoxarifado;
29- Sala de aula;
30- Pátio de serviço/estacionamento;
Figura 32 - Corte AA - UBS - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) -
33- Banheiro/vestiário Adaptado pelo autor.
29 4 3 30 33
Figura 33 - Corte BB - UBS - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
Figura 34 - Planta de fluxos - Creche Pavimento Inferior - Fonte SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
Figura 35 - Planta de fluxos - Creche Pavimento Superior - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Sua forma trapezoidal surge do desenho da esquina do terreno da Rua Araçaíba, que
possibilitou um volume interessante para o equipamento. A volumetria da rampa é
marcada na fachada principal (Figura 40) dando movimento, os elementos vazados
contribuem com seus vazios para a permeabilidade. Internamente os volumes e cores
estimulam a criativa das atividades infantis.
26 10 1
18 19 20 21 22 3
17 24 25 2
27
23
26
16
5 4
7
27 6
13
11 11 11 8
10
12
14 11 11 11 9
15
Figura 36 - Planta de Setorização - Creche Pavimento Inferior - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo
autor.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
No térreo, um grande pátio descoberto e gramado (7) permite que as crianças maiores
possam brincar e interagir, o refeitório (16) e a cozinha (17) estão dispostos na parte
posterior do acesso principal. Pelo refeitório se tem acesso a rampa (27) que conduz
ao pavimento superior. O setor pedagógico se constitui pelas salas dos minigrupos
(11), conjunto de sanitários (12 e 13), brinquedoteca (8) e sala dos professores (9),
localizadas no pavimento térreo.
26
28 26 28
27
29 31 31
30 32 32
G 33
Figura 37 - Planta de Setorização - Creche Pavimento Superior – Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo
autor.
26- Rampa; 28- Pátio descoberto; 30- Cozinha; 32- Banho e troca;
27- Escada; 29- Lactário; 31- Berçário; 33- Terraço berçário.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Figura 39 – Fachada – Creche - Fonte: Arquivo do Figura 38 - Pátio Descoberto e laje superior - Fonte:
autor, 2016. Arquivo do autor, 2016.
3- Secretaria;
4- Pátio coberto; 33
28
5- Reservatório; 11 11
4 3
7- Jardim;
11- Sala minigrupo;
20- Lavanderia;
28- Pátio descoberto;
Figura 40 - Corte AA - Creche - Fonte: SEHAB (arquivo DWG)
31- Berçário; - Adaptado pelo autor.
32- Banho e troca;
33- Terraço berçário.
32 31 28
11 11
7 20
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
7
8 8 8 12
6
5 4 4
3
3 3
D 2 1 1 2
1 2
3 3
3
4 5 5
6
7 7
6 B
G
Figura 42 - Planta do Pavimento Térreo - Torres 1, 2 e 3 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado
pelo autor.
| 75
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Figura 43 - Entrada Principal da Torre 1 - Fonte: Arquivo do autor, 2016. Figura 44 – Hall dos Elevadores - Fonte:
Arquivo do autor, 2016.
Figura 45 - Entrada Principal - Torre 2 - Fonte: Arquivo Figura 46 - Entrada Principal - Torre 3 - Fonte: Arquivo
do autor, 2016. do autor, 2016.
| 76
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
15 15 14
17
5 17 4 4
16 12 16
4
5 5
17
15 15 15 14 15
17 17
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
39
Visita realizada em 22 ago. 2015.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
A 5 A 4 4
4 5 5
4- Escada;
5- Hall dos elevadores;
Figura 50 - Planta do Pavimento Tipo - Torres 1, 2 e 3 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado
pelo autor.
| 79
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
A circulação horizontal possui a largura de 1,74 m, onde 1,20m serve a passagem dos
moradores e 0,54, resultante de uma viga invertida (ver Figura 56), que pode ser
utilizada como um banco para proporcionar o encontro e convivência entre os
vizinhos.
PRUMADA DE TELEFONIA
FORÇA TV CABO INTERFONE GÁS / ÁGUA HIDRANTE
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
| 81
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
TORRE 1 – CORTE
Figura 55 - Detalhe da viga invertida e volume do armário - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
Figura 56 - Corte AA e BB - Torre 1 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
1 11 1- Acesso;
2- Hall de entrada;
15
3- Acesso ao reservatório;
4 14 4- Escada;
2
3 3 14- Medição elétrica;
4 15- Pavimento condominial;
17- Passarelas
18- Claraboias da UBS;
17 17
4 4 4 4 4
A 18 18 18 E
15 15 15
17 17
Figura 58 - Planta do Pavimento Condominial - Lâmina 1 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
16 13
4
1 H
16
21
21 21 19
F
21 3 4
20 14
19
11
Figura 59 - Planta do Pavimento Térreo - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
23
20 15 23 23 23
17 4 4 4 4 4
19
Figura 60 - Planta do Pavimento Condominial - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
Shaft’s Acesso
Figura 61 - Planta do Pavimento Tipo - Lâmina 1 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
Shafts Acesso
Figura 62 - Planta do Pavimento Tipo - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
LÂMINAS: 1 e 2 – CORTE AA
Unidades Duplex
Acesso
Escada
Unidades Duplex
Acesso
Escada
| 86
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
LÂMINAS: 1e 2 – CORTE BB
Unidade habitacional
Unidade habitacional
Escada
Unidade habitacional
Unidade habitacional
Escada
| 87
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
TORRES: 1, 2 e 3 - TIPOLOGIA 01
3
1
5 2
6
4 1-Sala de estar e jantar;
2-Cozinha;
3-Lavanderia;
5
4-Banheiro;
5-Dormitórios;
6-Armários (elementos
de fachada).
| 88
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
5- Instalação hidráulica
As áreas molhadas estão dispostas separadamente, sendo necessário projetar dois
shafts, uma para atender o banheiro, outros para a cozinha e lavanderia, essa solução
não otimiza a disposição das instalações hidráulicas em um único eixo.
| 89
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
TORRES: 1, 2 e 3 - TIPOLOGIA 02
4
1-Sala de estar;
5 3 2-Cozinha;
6
3-Lavanderia;
4-Banheiro;
2
5-Dormitórios;
6-Armários (elementos
1
de fachada).
Figura 68 - Planta Leiaute - Tipologia 2 - Torres 1, 2 e 3 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
| 90
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
5- Instalação hidráulica
Nesta tipologia existe a otimização da instalação hidráulica, onde todas as áreas
molhadas: cozinha (2), lavanderia (3) e banheiro (4) foram projetadas utilizando um
único shaft.
| 91
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
5 1-Sala de estar;
2-Cozinha;
3-Lavanderia;
4-Banheiro;
5-Dormitórios;
4
6-Armários (elementos
6 5 de fachada).
3
40 Conforme NBR 9050:2004, no item 3.2, a definição de acessível refere-se: “espaço, edificação,
mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado
por qualquer pessoa, inclusive aquelas com mobilidade reduzida. O termo acessível implica tanto
acessibilidade física como de comunicação”.
41 A informação sobre as medidas presentes nas duas versões: 2004 – item 4.3.3, e 2015 - item 4.3.4,
permanecem as mesmas.
| 92
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
42 Art. 49. O Conjunto Vertical deverá prever condições de adaptação para uso da população portadora
de deficiência física de, no mínimo 3% (três por cento) das unidades habitacionais, preferencialmente
naquelas localizadas junto ao acesso do empreendimento e às áreas comuns.
43 O resultado deve ser arredondado para cima.
| 93
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
5- Instalação hidráulica
A racionalização das tubulações é mantida nesta unidade acessível.
| 94
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
LÂMINAS: 1 e 2 - TIPOLOGIA 04
6 1-Sala de estar;
2-Cozinha;
3-Lavanderia;
5 1 4-Banheiro;
5-Dormitórios;
6-Armários (elementos
de fachada).
4
2
5
| 95
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
privacidade é mantida sendo antecedida pelo banheiro, o qual faz a transição dos
setores. Essa tipologia está localizada no primeiro e segundo pavimento.
5- Instalação hidráulica
As áreas molhadas: cozinha (2), lavanderia (3) e banheiro (4), estão todas
concentradas no mesmo núcleo, otimizando a racionalização hidráulica.
| 96
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
2 1 5
4
1-Sala de estar; 6
2-Cozinha;
3-Lavanderia;
4-Banheiro;
5-Dormitórios;
Figura 74 - Planta Leiaute - Tipologia 5 -
6-Armários (elementos Pavimento Superior - Lâmina 2 - Fonte:
SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
de fachada).
| 97
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
5- Instalação hidráulica
Nesta tipologia as áreas molhadas são separadas, não houve a otimização da
racionalização hidráulica, em função a solução da tipologia, sendo possível aumentar
o número de UH.
| 98
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
2 1
6
5
Figura 75- Planta Leiaute - Tipologia 6 – Pavimento 4
Inferior - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) -
Adaptado pelo autor.
3
1-Sala de estar; 6
2-Cozinha;
3-Lavanderia;
4-Banheiro;
5-Dormitórios;
Figura 76 - Planta Leiaute - Tipologia 6 – Pavimento
6-Armários (elementos
Superior - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG)
de fachada). - Adaptado pelo autor.
| 99
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
distribuição dos espaços onde uma tipologia se encaixa na outra (ver planta de
localização).
5- Instalação hidráulica
Nesta tipologia as áreas molhadas são separadas, não houve a otimização da
racionalização hidráulica, em função a solução da tipologia, sendo possível aumentar
o número de UH.
| 100
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
1 5
1-Sala de estar; 6
2-Cozinha;
3-Lavanderia;
4-Banheiro;
5-Dormitórios;
Figura 79 - Planta Leiaute - Tipologia 7 - Pavimento
6-Armários (elementos Superior - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG)
de fachada). - Adaptado pelo autor.
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
5- Instalação hidráulica
Nesta tipologia as áreas molhadas são separadas, não houve a otimização da
racionalização hidráulica, em função a solução da tipologia.
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
2 4
1
5
1-Sala de estar;
2-Cozinha;
3-Lavanderia;
4-Banheiro;
5-Dormitórios;
6-Armários (elementos
Figura 81 - Planta Leiaute - Tipologia 8 – Pavimento
de fachada). Superior - Lâmina 2 - Fonte: SEHAB (arquivo DWG)
- Adaptado pelo autor.
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
distribuição dos espaços onde uma tipologia se encaixa na outra (ver planta de
localização).
5- Instalação hidráulica
Nesta tipologia as áreas molhadas são separadas, não houve a otimização da
racionalização hidráulica, em função a solução da tipologia, sendo possível aumentar
o número de UH.
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
Figura 82 - Torre 1 - Fachada Oeste - Fonte: SEHAB Figura 83 - Torre 1 - Fachada Leste - Fonte: SEHAB
(arquivo DWG) - Adaptado pelo autor. (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
As cores das paredes externas da Torre 2 são pintadas com tinta acrílica fosca, de
acordo com a seguinte especificação:
Figura 84 - Torre 2 - Fachada Lesta - Fonte: Figura 85 - Torre 2 - Fachada Oeste - Fonte:
SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor. SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Planta de Situação
As cores das paredes externas da Torre 3 são pintadas com tinta acrílica fosca, de
acordo com a seguinte especificação:
Figura 86 - Torre 3 - Fachada Oeste - Fonte: Figura 87 - Torre 3 - Fachada Leste - Fonte:
SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor. SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
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Figura 88 - Fachada Norte – Conjunto Residencial Jardim Edith - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
A B C D E F G H
Figura 89 - Fachada Sul – Conjunto Residencial Jardim Edith - Fonte: SEHAB (arquivo DWG) - Adaptado pelo autor.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho, propôs um estudo sobre a história do Jardim Edith, que se destacou
entre os projetos de habitação de interesse social, por compor a paisagem urbana da
área mais valorizada da cidade de São Paulo, a região Berrini. A conquista da
comunidade em adquirir o direito de permanecer no local de origem, é uma questão
importante, que determinou a concretização de uma referência da arquitetura social
contemporânea.
A fé do Sr. Gerôncio, que acreditou em continuar na terra que ocupavam desde 1970,
foi determinado em 2001, pelo Plano Diretor Estratégico de São Paulo, onde a área
da favela foi definida como uma ZEIS (Zona de Interesse Social). Pode-se considerar
essa ação como uma mudança para a inserção da população de baixa renda em áreas
centrais e dotadas de infraestrutura na cidade formal. No caso da favela Jardim Edith,
além de garantir a permanência e preservar a identidade da comunidade, com suas
relações já consolidadas a mais de 40 anos, permitiu a construção e integração de
usos mistos na cidade, previsto no PDE.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Pode-se observar que a implantação promoveu o contato direto com a rua, onde os
recuos da edificação ampliaram os passeios, que qualificaram o lugar. Da mesma
forma, os equipamentos públicos mantem o térreo com fluxo constante de pessoas.
A diversidade de unidades habitacionais de 50 m², trouxe desenhos diferenciados que
permite algumas adaptações conforme a necessidade da família. Esses arranjos não
são visíveis externamente, o que confere uma unidade volumetria e plástica ao
conjunto, principalmente pelos armários internos que ampliam a área da unidade e
funcionam como elementos de fachada proporcionando movimento a arquitetura.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Dessa forma, este projeto pode ser considerado uma referência, que promoveu
mudanças que contrariam a prática usual quando se trata sobre habitação popular. A
transformação acontece quando a hegemonia decorrente das expulsões da população
para as periferias toma outro novo caminho.
Portanto, espera-se que este trabalho colabore para ampliar o conhecimento sobre a
cultura de projeto para habitação social, assim como, reverberar exemplos que
servem como estudo para as cidades que projetamos.
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
ARTIGOS
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
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NUNES, L. Como saber em que região do Brooklin estou?, 2010. Disponivel em:
<http://www.lucianonunes.net/como-saber-em-que-regiao-do-brooklin-estou/>.
Acesso em: 05 Maio 2016.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
VILLAÇA, F. As ilusões do Plano Diretor. Flávio Villaça, São Paulo, 2005. Disponivel
em: <http://www.flaviovillaca.arq.br/livros01.html>. Acesso em: 2 Maio 2016.
DISSERTAÇÕES E TESES
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DOCUMENTOS
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LIVROS
FIX, M. São Paulo cidade global: fundamentos financeiros de uma miragem. 1ª. ed.
São Paulo: Boitempo, 2007.
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
VÍDEOS
ESCOLA DA CIDADE. Luis Kehl: Uma Breve História das Favelas. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=pr-bwi6V4m4>. Acesso em: 25 nov. 2015.
ESCOLA DA CIDADE: Luis Mauro Freire e Maira Rios: RenovaSP. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=b7eHf1cmBSQ>. Acesso em: 26 jan. 2016.
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APÊNDICE
APÊNDICE A
Entrevista com Eduardo Ferroni
Escritório H+F
APÊNDICE B
Entrevista com Marta Moreira
Escritório MMBB
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Aécio – Eduardo, como que surgiu o projeto do Jardim Edite? Foi concurso? Foi
alguma proposta?
EDUARDO FERRONI – Nós fizemos alguns estudos para a Prefeitura em 2008, que
eram como estudo de viabilidade para verificar quais os perímetros das ZEIS que
tinham nesses terrenos. A Prefeitura tinha um levantamento ainda não completamente
definido, vamos dizer, onde os terrenos disponíveis ainda não estavam
completamente solucionados assim, qual seria a desapropriação que a Prefeitura
faria, se teria alguns terrenos pertenciam a órgãos públicos e outros terrenos tinham
que ser desapropriados. Então “a gente” começou com alguns estudos de viabilidade
junto com o MMBB, para verificar um pouco também em função da legislação
existente, quais eram as possibilidades de ocupação desse lugar. Esse projeto teve
um histórico longo que passou por várias fases, eu não lembro exatamente o
momento, a situação de cada um dos trabalhos que “a gente” fez para a Prefeitura. O
primeiro foi esse que era um estudo de viabilidade para uma ocupação maior do que
a que foi construída, que incluída as ZEIS, o perímetro inteiro das ZEIS e aí isso ficou
lá, como um documento que se juntou com o processo que estava na época na
Prefeitura em andamento entre os moradores e a Prefeitura, surgiu uma pressão, uma
demanda dos moradores para que fosse feito o conjunto. Então a Prefeitura foi
apresentando propostas, versões foram sendo negociadas e o processo inicial. Mas
a nossa participação foi essa, de fazer alguns estudos de viabilidade, verificar o que
cabia ali, quais eram as alturas dos prédios, etc.
Aécio – O Jardim Edith está implantado na quadra da Berrini com a Roberto Marinho.
Em alguns estudos realizados verifiquei que existe uma proposta de construção na
quadra da Berrini com a Charles Coloumb?
EDUARDO FERRONI – Na verdade, porque as ZEIS têm uma demarcação que vai
até, acho que um pedaço dessa quadra em frente aqui (indicando no desenho da
implantação), então sempre o horizonte de ocupação desse conjunto era todo o
perímetro das ZEIS, só que isso foi um processo bastante longo de [...} acho que
envolveu a desapropriação de alguns lotes, envolveu a incorporação de lotes que
pertenciam ao Departamento de Estradas e Rodagem, outros órgãos. Então a
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
incorporação do terreno pela Prefeitura foi um processo que passou por várias fases,
passou por vários perímetros possíveis de ocupação e essa versão foi a versão que
se teve consolidada no momento em que resolveram fazer a obra.
Então, até aquele momento tem versões que ocupam o terreno em frente, tem muitas
propostas. Uma vez determinada essas duas quadras “aí”. Iniciada a obra, desde esse
momento “a gente” também fez propostas de ocupação dos terrenos remanescentes,
mas as versões de 2000 e... não sei se final de 2008, talvez. Mas tem versões do
projeto em que a gente dava um uso diferente para essa quadra na frente aqui, a
gente chegou a propor um equipamento que pudesse ter um uso compartilhado, não
ser habitação, mas um equipamento público, depois a gente chegou a propor uma
praça com um restaurante-escola voltado para ela, depois já teve proposta de
habitação também para esse terreno, muitas alternativas.
Aécio – Então a versão que foi construída seria a versão 20, 30?
EDUARDO FERRONI – Não sei te dizer, têm pelos menos cinco, umas cinco versões.
É mais ou menos, depois precisava tentar sistematizar se for o caso a gente pode
depois tentar achar.
Aécio – A solução para esse final ou para essa versão se integra muito com o entorno
e tem uma leitura unificada, por que só percebe que é uma habitação realmente, na
hora que você para e observa com mais atenção. Ele (o Conjunto Jardim Edith) chama
a atenção, mas não indica o que é. No meu ponto de vista é muito agradável esse
projeto.
EDUARDO FERRONI – Acho que teve um momento que a gente considerou que seria
possível fazer uma associação entre apartamentos que tinham elevador, blocos que
tinham elevador e blocos que não tinham. Então, quando a gente tomou essa decisão
de ter essas duas categorias, acho que isso ajudou o conjunto a ficar um pouco mais
misturado, parecido com o entorno, porque ele tem também essas três torres de 15
andares que de alguma forma faz essa transição, [...]. Então essa altura acho que
ajudou essas três lâminas altas, ajudam um pouco a fazer com que o conjunto pareça
com o resto das quadras, isso ajuda.
Aécio – Uma outra questão: a verticalização e o uso de elevadores. Como foi fazer
essa proposta e ser aceita pela Secretaria da Habitação?
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Aécio – As tipologias tanto das torres quanto das lâminas, elas são diferentes. Nas
torres temos duas tipologias, que sofre uma modificação nos primeiros pavimentos
para atender a acessibilidade. Em algum momento houve a participação dos
moradores para definição das tipologias?
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Aécio – Então a participação deles (a comunidade) era nas exigências do que deveria
ter?
EDUARDO FERRONI – Eles estação preocupados em discutir o programa dos
equipamentos, que esses equipamentos são a questão mais especificamente
trabalhada nesse projeto. Para nós é a maior ênfase que a gente quis dar, no sentido
do que a gente entendia como melhoria do conjunto, não fazer com que fosse só
habitação, incluir esses equipamentos no próprio edifício, essa foi a nossa maior
questão levada para nós junto da SEHAB e que precisou de uma energia, uma
discussão, um convencimento, nossa maior preocupação estava aí. A liderança
também estava preocupada em discutir que equipamentos seriam esses, porque eles
entenderam que isso também contribuiria para a qualidade do conjunto, para vida que
o conjunto teria, até para o atendimento deles próprios também, porque os
equipamentos são públicos e eles também têm direito de usar, mas não só para eles.
E o restaurante escola foi uma coisa que eles próprios devotaram, que é um serviço
que a câmara dos vereadores tem e que é gerido por uma ONG, e se tinha
conhecimento disso e eles acharam que esse conjunto poderia ter isso, e para os
moradores, eles tinham interesse em um programa que pudesse também gerar
formação, provavelmente emprego. Então, o restaurante escola foi um equipamento
que eles discutiram bastante, o que quero dizer é que eles estavam interessados em
discutir questões mais amplas, eles não estavam preocupados em discutir a
habitação. E é um ponto que eu acho bastante interessante, porque acho que eles
tinham uma confiança de que o apartamento era um apartamento meio um programa
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
padrão de HIS, mas a condição ambiental do apartamento acho que eles entenderam
que a gente estava tomando as medidas para que ela fosse a melhor possível, acho
que eles entenderam isso e não quiseram discutir muito essa questão. Porque o
apartamento tem sempre duas fachadas e uma orientação para o Sol e uma
ventilação, acho que eles entenderam que isso estava sendo cuidado e aí não
discutiram muito.
Aécio – Então eles discutiam o que provavelmente podia ficar em segundo plano?
EDUARDO FERRONI – Que é o que na verdade era mais importante nesse projeto,
quero dizer que eles estavam mais antenados com as questões mais fundamentais
mesmo, que é o programa, o que está no térreo. E acho que a gente chegou a discutir
que teria alguns apartamentos que são duplex, que são os que estão aqui (indicando
a unidade no projeto). A gente também apresentou esses apartamentos, muitos
acharam interessante em ter e morar ali no que tinha dois andares, mas sempre de
um jeito assim, consciente das diferenças dos apartamentos, mas isso se adequou
bem as diferenças que eles próprios tinham.
Aécio – Na visita que realizei ao Jardim Edith, o único equipamento que ainda não
está em funcionamento é o restaurante escola.
EDUARDO FERRONI – Sim, porque depois que o restaurante foi feito, fizemos umas
consultas com o pessoal que gerencia o restaurante da câmara, a gente acertou a
cozinha, tudo isso, a sala de aula em função dessa experiência deles. E a SEHAB
nesse conjunto, mas também em outros, porque a gente também fez outros projetos
para a SEHAB nesse momento, o Renova São Paulo que é urbanização de favelas e
a SEHAB acabou nesse momento assumindo o papel de Inter secretarial, que é muito
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
além da habitação, por exemplo, o restaurante escola quem que poderia gerenciar
esse programa, a própria SEHAB foi atrás de vários possíveis parceiros, mas isso
extrapola muito a atribuição da SEHAB. Então isso na verdade é um problema de
gerenciamento dos equipamentos públicos ou papel das secretarias. Não seria uma
coisa da SMDU hoje em dia deveria encampar talvez, é um problema difícil. É desses
prédios que vem o problema que vem para ser de alguma forma o órgão público tem
que ir procurando achar caminhos para viabilizar a ideia que são coisas que em outros
países, por exemplo, tem uma organização institucional capaz de dar uso para isso
de uma forma mais organizada. A gente se baseou em outras experiências. Então,
por exemplo, a Holanda tem já uma experiência de uso misto com habitação social, e
é evidente que isso é possível fazer, mas precisa ter uma organização institucional
que ainda não tem aqui, que acho que é uma coisa que vai se conquistando também.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
isso vem com demanda, demandas vão acontecendo. Os CEUS provocaram uma
necessária relação Inter secretarial que não existia, eles provocaram e foi
necessário... isso aqui também, acho que os projetos têm que demandar isso mesmo,
agora isso é uma pena porque essa relação institucional ainda não está amadurecida.
Tanto não está que tem um equipamento como esse que é importante, que é
pertinente, é necessário e ainda não conseguiu ser ocupado mesmo. Mas para as
próprias secretarias isso provavelmente foi um ganho, talvez você consiga ir lá e
pesquisar e ter uma informação mais precisa sobre isso, mas eu entendo que é assim
se a secretaria da educação precisasse achar um terreno ali, nesse lugar, comprar o
terreno, desapropriar, ou construir uma creche seria inviável, fazer a creche aí acho
que faz muito sentido, para o programa de saúde também. Ai o uso a sobreposição
de usos é uma coisa que precisa também ser avaliada, ver quais são os problemas
que ocorreram, o que a creche tem enfrentado, a relação com os moradores assim
que eles mudaram para lá, eles queriam colocar uma tela para impedir que os
moradores jogassem coisas..., mas a gente achou que seria mais eficiente do que
isso fazer uma conversa com o condomínio para orientar, para levantar essa questão,
para esclarecer. Enfim, essa relação entre condomínio e creche precisava ser
mediada, se não a coisa não ia dar certo. Não adiantava sair protegendo antes de
conversar, porque isso inclusive podia gerar uma reação negativa, você protege e isso
pode levar o cara a querer jogar. Enfim, toda essa relação é uma coisa que não está
pronta e pode ser que você na pesquisa consiga descobrir, entrevistar as pessoas.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
que já está posta, já existe na cidade. Embora, às vezes vem como um projeto nasce
de uma coisa governamental e às vezes às pessoas tendem a entender e achar que
isso é uma loucura, uma novidade, mas está presente em muitas situações parecidas.
É muito comum encontrar uma creche que está na frente de um apartamento, mas até
fosse interessante você procurar na cidade, você encontra três ou quatro situações,
vai para Perdizes, qualquer bairro e você vai encontrar uma janela de apartamento
que dá para uma creche e essa situação é uma relação física é muito parecida. Então
eu acho que você vai encontrar, isso é interessante até. Agora, por exemplo aqui por
isso que a gente fez nesse caso da UBS como... porque na creche é um pátio aberto
e aqui é um espaço que a gente entendeu que seria melhor fazer um espaço interno
fechado [...] E esse espaço aqui foi pensado para que tivesse essa ventilação natural,
teve até um trabalho feito de conforto ambiental para saber dimensionar, porque isso
aqui tem um desenho que ele respira por cima (indicando os três elementos de
solução zenital), ele fecha assim e a chaminé está aqui e isso aqui foi dimensionado
para ter exatamente a área necessária para que o ar que entre por aqui saia por ali, a
laje tem uma espessura “tal” e um revestimento termo acústico capaz de preservar
uma temperatura agradável e evitar que a pessoa pulando aqui, jogando futebol e ao
mesmo tempo esse anteparo foi feito, foi desenhado para que fosse muito difícil ou
impossível destruir tudo, ou jogar alguma coisa ali, ou quebrar o vidro e ao mesmo
tempo isso foi feito com um ângulo “tal” que dificultasse a destruição ou a visão, etc.
Então no momento onde esse conflito se colocava com mais força, a gente procurou
dar um desenho que responda a isso, que evite e consiga mediar a relação entre um
uso e o outro. Isso foi pensado para resolver, acho que o tempo pode depois... é
interessante fazer.... Faz quanto tempo que ele foi construído? Uns dois ou três anos.
Acho, talvez que tenha passado pouco tempo, daqui há oito anos vai ser legal voltar
lá e ver o que aconteceu com essas coisas. Acho que esse espaço da UBS, nem
percebe que lá em cima tem “um cara” ali usando uma área condominial
completamente privativo, acho que esse isolamento aconteceu. Esse outro também,
esse jardim eu não sei como ele está lá hoje, mas ele foi plantado para ser um jardim,
essas árvores são dimensionadas para terem aqui quando crescerem essa situação
(indicando no desenho o nível condominial). O jardim tem um problema de
manutenção, porque ele foi pensado para ser mantido pelo restaurante, justamente o
restaurante abraça o jardim, a UBS olha o jardim, quem entra aqui na habitação olha
o jardim, mas não precisa cuidar do jardim. Quem arcaria com a manutenção do jardim
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
seria o restaurante, mas como o restaurante não está ocupado o jardim deve estar
meio que morrendo lá, que é uma pena, porque é um jardim que inclusive deve ter
custado meio caro para a Prefeitura. Foi feito conforme o projeto (paisagístico), com
solicitação das árvores, isso foi feito... Isso também foi pensado para funcionar de fato
isolado embora relacionado, o jardim está relacionado mas não é cuidado, o morador
não tem que... se o morador ficar jogando coisas, o funcionar embaixo da laje, mas
ele aproveita o jardim, não sai no jardim, não vai ficar o “cara” lá, mas o jardim tem um
pouco essa função de ambientar o restaurante e ao mesmo tempo criar uma situação
onde as coisas se olham, os programas se frequentam visualmente, mas eles não...
não deixam de ser umas apostas que para funcionar todos depende também de uma
conversa, a gente conversou com o pessoal da creche e isso ajudou. A creche, acho
que eles fecharam esse espaço aqui, mas eu ainda não vi fechado, porque tem um
refeitório que a gente propôs fazer em varanda e acho que no inverno fica frio, então
eles colocaram caixilho.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
exterior e eles inclusive até por isso que eles são muito abertos a gente até admitiu,
achou que seria admissível fazer essas fachadas mais para Sul, porque os
apartamentos são muito bem servidos de janelas nas duas fachadas e a gente achou
que era razoável por essa razão fazer o edifício voltado também para o Sul, porque a
outra face do apartamento é Norte e o apartamento é curtinho, então se o Sol entra
no Norte está muito perto do Sul. Então, tem até os quartos para Sul aqui (indicando
na planta) que são esses. Não é bem Sul é um Sudoeste, mas de qualquer maneira
isso a gente discutiu bastante, achou que por essa condição o apartamento ficaria
ambientalmente confortável mesmo tendo essa condição de orientação, porque a
gente achava bastante importante que o edifício constituísse a caixa da rua, que
estivesse presente na rua e “tal”, por isso esses apartamentos estão orientados assim.
Depois aqueles outros são Leste e Oeste, e a discussão era um pouco mais do que
ambiental, considerando que talvez fosse melhor abrir tudo para Leste, por outro lado
aqui por exemplo. Inclusive a gente chegou a discutir fez versões em que o prédio
voltado para lá, por causa da orientação solar e aí eu realmente acho que foi bom ter
deixado ele aberto para cá, porque a ideia de que o prédio tenha a sua frente voltada
para a avenida simbolicamente tem um significado importante, se constitui a caixa da
avenida, se abre uma espécie de... faz uma relação franca com a avenida e ao mesmo
tempo o rio Pinheiros, tem o panorama ali que é o cartão postal, embora a gente ache
que essa ponte seja o fim do mundo como obra pública, ela é o cartão postal da
cidade, ela é uma referência simbólica. Então fazer esse apartamento abrir para nesse
lugar é mais, no nosso ponto de vista, mais importante do que fazer com que o
apartamento tenha o Sol da manhã, por exemplo, então em certos os apartamentos
têm o Sol da tarde. Também aqui a gente entendeu que, achou importante fazer com
que essas duas torres constituíssem a calha dessa rua, existia um espaço, um recinto
que é interessante acho que urbanisticamente que dá um caráter para a rua mesmo
nesse ponto super curto (refere-se à rua entre a torre 2 e torre 3) e ao mesmo tempo
essa possibilidade para nós, a gente acho que era mais interessante fazer com que
os espaços de permanência tivessem uma provisão. Mais interessante isso do que
fazer, por exemplo, o edifício voltado para Leste. Eu acho que em produção ambiental
ela considera uma série de questões, que às vezes são até simbólicas mesmo, a
relação com a cidade, do que o morador olha quando ele abre a porta do apartamento
e é também a questão do conforto ambiental. A gente considerou importante que
batesse Sol dentro dos apartamentos, mas por outro lado a gente fez uma proteção
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
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dos caixilhos para que eles pudessem estar abertos mesmos em dias de chuva, que
esses armários pudessem ser uma proteção da fachada, porque numa construção
como essa, porém, tem sempre uma exigência de uma economia de meios, então a
fachada é um elemento importante, como você faz uma fachada que por um lado
possa ser mais do que só janela e passa a ter uma profundidade interna e como fazer
isso sem ter um custo muito alto, aí tem o Zezinho Magalhães que tem esse armário,
mas que é uma coisa antiga. Esse armário é uma coisa meio recorrente nos prédios
de Frank Lloyd Wright, Mies Van der Rohe, aí tudo bem tem o Zezinho Magalhães que
inclusive a gente foi lá visitar para ver às alturas. No Zezinho Magalhães é super
incorporado.
Aécio – Eu também visitei o Zezinho Magalhães e depois o Jardim Edith, que possui
uma semelhança. Depois pesquisei os escritórios, imaginei a relação do Artigas e a
formação de vocês na FAUUSP.
EDUARDO FERRONI – O que eu quero dizer é que não tem... o Artigas é obviamente
e sempre vai ser uma referência, mas não foi o Artigas que inventou esse armário, é
uma coisa meio recorrente. Tem uns prédios do Fábio Penteado também feitos com
esse armário, enfim, é uma coisa que já está aí, mas o Zezinho Magalhães a gente foi
lá para medir, ver como é, como é apropriado pelos moradores, tem coisas que deram
muito certo nesse conjunto.
Aécio – Acredito que uma simples prateleira poderia resolver a utilização desse
espaço.
EDUARDO FERRONI – Já resolve, mas as coisas não são sempre assim. Mas é
interessante que tem alguns “caras” que fizeram uma coisa super... fizeram armário,
cavalete, gaveteiro, tem gente que vai ou tem gente que nunca vai usar ou que criança
usa e coloca brinquedo. Mas de qualquer maneira isso é bom, porque protege um
pouco a fachada.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Aécio – E as áreas sociais, de lazer para as crianças, por exemplo, houve proposta?
EDUARDO FERRONI – É interessante essa questão, porque a gente detalhou uns
brinquedos muito bons inclusive, de um fabricante que eu não lembro o nome, que
fornece para órgão público, brinquedos bons e interessantes. Mais aí na obra isso não
se viabilizou por custo, chegou um momento que teve que cortar todos os custos e os
brinquedos não foram comprados. Mais essa laje aqui (referindo-se a cobertura da
UBS) inclusive ficou muito dura sem os brinquedos, você vai lá e acho que em todos
não foi realizado, a princípio as crianças dessa quadra teriam esse espaço para
brincar e da outra quadra teriam o espaço que está no térreo aqui, que também tinham
brinquedos especificados. Tem um problema da gestão de condomínio, porque eles
não estão exatamente compartilhando esse espaço, esse espaço foi pensado para
servir os três prédios e como eles configuraram cinco condomínios separados, essa
relação Inter condominial não ficou ainda bem resolvida, entende. Então isso é um
problema que os condomínios têm que resolver para que o edifício/conjunto possa
oferecer os espaços que foram de fato dimensionados para isso. Isso é um problema
e o outro é que... agora o condomínio poderia algum dia fazer esses brinquedos é um
negócio muito simples, fazer umas pinturas no piso, talvez já resolvesse. Por outro
lado, é interessante, eu acho. Eu acho que ficaria muito melhor com os brinquedos,
mas por outro lado, acho muito bom que as crianças brinquem na calçada na minha
opinião, porque chegou a propor em algum momento que não tivesse isso (a calçada),
você sabe que isso é uma questão de legislação, a Lei, uma norma de habitação de
interesse social prescreve que você tenha que ter tantos metros quadrados, 20% da
área do terreno dedicada a área de lazer condominial, isso para nós foi uma questão
colocada em discussão, porque o Copan, por exemplo, que tem 1.100 apartamentos
mais ou menos, não tem... ele tem zero, para 1.100 apartamentos tem zero de área
condominial privativa, de lazer, zero, não tem! E ao mesmo tempo o quê que
acontece? As pessoas vão para a rua. A rua de menor movimento é uma rua muito
frequentada pelas crianças e pelos moradores. Eu continuo achando que isso
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
inclusive deveria ser posto em questão, ao mesmo tempo esse conjunto está ali na
frente a uma praça grande que hoje em dia é até uma praça um pouco mal apropriada.
Eu acho até que sobra espaço de lazer e acho que esse espaço de lazer quando
sobram viram nada, é o contrário, acho que deveria ter menos espaço de lazer. Eu
acho que, inclusive o espaço condominial interno, talvez não seja adequado um caso
para pensar mesmo, uma crítica que talvez fosse necessária fazer e talvez devesse
ter mais área de calçada e menos área de lazer. Também aqui os terrenos é uma
questão da legislação, acho que essa legislação, ela impõe recuos que são
completamente arbitrários. Esse terreno aqui, essa calçada ampliada, na verdade é a
área interna do terreno. Nossa proposta era doar essa... você aprova o projeto e
depois doa isso para a prefeitura, ou seja, calçada, isso é uma inadequação total,
como esse prédio da Galeria Metrópole, todos os prédios do centro não têm recuo são
mais do que suficiente, mais do que necessário para você comprovar que esses
recursos são completamente arbitrários, recuo frontal, loucura! Arbitrariedade total,
desnecessário, você faz a calçada larga. O problema eu acho que os lotes, essa
calçada da Berrini atualmente tem 1,5 metros, as calçadas aqui 1,5 metros ou 2 metros
e por Lei pela Operação Urbana deveriam ter diminuído o perímetro ocupado pelo
prédio, mas isso deveria ter se transformado, ter se incorporado na área pública, teria
sido melhor ou algum dia talvez ainda possa vir a ser, mas atualmente são área
condominiais que é uma área enorme.
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Aécio – Na visita que fiz tive essa percepção de que a população frequenta mais essa
rua que tem que a outra, onde está a ponte.
EDUARDO FERRONI – Aqui eu acho que tinha uma discussão assim, como tem o
início da rampa da ponte e fica mais alto ali a gente ficou se perguntando como poderia
ser essa relação do térreo nesse ponto, porque essa alça lateral de acesso a Berrini
também é muito carregada de trafego. Então, a gente ficou muito em dúvida se fazia
os equipamentos abrindo para lá ou para cá. No final, a gente achou que era melhor
privilegiar essa rua, que é uma rua mais de bairro mesmo e a outra é completamente
deserta por pedestre. É uma questão, o que aconteceria se a UBS tivesse o acesso
abrindo para cá ou invés dali? Será que isso teria sido capaz de gerar ou de criar um
uso? Nessa aposta, a gente resolveu não arriscar e abrir para lá. Enfim, é uma questão
que acho que precisa pensar mesmo, precisa olhar, ver resultado. Embora eu acho
que a condição dessa via aqui impõe que essa calçada de fato não seja tão
frequentada, porque não é agradável andar por ali, se você pode andar por aqui não
vai querer andar por lá. Eu acho que não tem muito jeito, sabe. Acho que não é uma
coisa que a arquitetura não conseguiria reverter num prédio, mas fica a dúvida!
Aécio – Na visita que fiz ao Sr. Gerôncio, existe o quarteirão à frente da quadra do
Jardim Edith e segundo ele, ainda estava em discussão com a Prefeitura e que em
dezembro/15 começaria uma nova obra. Existe alguma proposta?
EDUARDO FERRONI – A gente soube que a SEHAB... a gente fez várias versões
desse projeto, fez inclusive uma mais recente para essa gestão para esse terreno com
habitação. Tinha também que o terreno se desdobrava em dois lotes e aí existia um
interesse da Polícia... não sei agora se era o Governo ou a Prefeitura, mas tinha o
interesse de algum prédio da Polícia aqui por uma questão de planejamento geral da
Berrini para essa área, seria bom ter uma delegacia ou um quartel. Então se discutiu
isso na época e depois eu não sei onde isso foi parar. A gente fez esse estudo para
habitação reservando um lote que poderia ser usado ou pela polícia ou por outra
instituição. E esse estudo a gente não teve continuidade, não teve resposta ou uma
demanda para que a gente fizesse nada lá, além dos estudos que a gente fez. Então
eu não sei, o nosso trabalho se encerrou aqui e no estudo que a gente fez para lá
depois. Não sei se a SEHAB depois foi lá e desenvolveu esse estudo ou fez outro,
não sei. Mas eu tive notícia de que eles iam construir ali, também não sei se vão
construir.
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
que acontece por causa do conjunto, mas é uma suposição, talvez fosse importante
aferir mesmo, porque essa informação é relevante e isso está muito em discussão,
você faz um conjunto habitacional que não se transformar numa área muito isolada,
muito violenta. Acho que isso contribui.
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Aécio – Como foi que aconteceu o projeto do Jardim Edith para o escritório MMBB?
MARTA MOREIRA – O primeiro contato foi por contato da SEHAB, que na época
tinha a Elisabete França, como superintendente da região Centro. Ela entrou em
contato com o escritório, porque eles queriam fazer um estudo das possibilidades do
Jardim Edith, que está no contexto da Operação Urbana Águas Espraiadas e uma
serie de investimentos haviam sido feitos, inclusive naquela ponte Estaiada
gigantesca. Eles iam inaugurar a ponte e a favela Jardim Edith estava ainda colocada
ali como uma grande questão. É uma favela muito antiga, tem uma série de histórias
a respeito do processo longo, uma comunidade que era bastante articulada com a
Prefeitura durante muito tempo. Então foi nesse contexto que a gente foi chamado,
MMBB, foi numa época que a gente estava com bastante trabalho e nós chamamos
para colaborar no projeto o H+F, que é um escritório do Eduardo Ferroni e Pablo
Hereñú, que já haviam trabalhado no escritório. Eles trabalharam alguns anos aqui e
depois abriram o seu próprio escritório e aí eles fizeram em parceria com a gente o
projeto.
Aécio – Então estamos num cenário da inauguração da ponte Estaiada com uma área
valorizada e o Jardim Edith que sempre existiu no local.
MARTA MOREIRA – É! Uma área supervalorizada sem dúvida, só que a área da
favela era uma ZEIS, porque tinha essa questão “nossa um dos terrenos mais caros
de São Paulo”, porém ela está dentro de uma perspectiva legal de ser uma ZEIS,
destinada a construção de habitação de interesse social para aquela comunidade.
Aécio – Especificamente.
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mais existia uma comunidade que historicamente estava... morava lá, e tinha uma
comunidade que era flutuante de famílias que iam e vinham. Então, existia lá uma
relação. Tanto é que quando a gente começou a desenvolver o projeto a demanda
inicial eram 500 unidades e a demanda final foi de 250 unidades, hoje no Jardim Edith
têm 252 unidades. Então existia uma demanda muito maior do que a que depois...
isso por questões entre a Prefeitura e a comunidade de lá.
Aécio – É porque tiveram pessoas que receberam dinheiro para voltar para a “terra
natal”, outros foram para outros programas habitacionais, enfim...
MARTA MOREIRA – Inclusive durante o projeto a gente teve contato com a
comunidade, principalmente com o Sr. Gerôncio, que era o representante por muito
tempo, ele faleceu foi atropelado no final do ano passado. Hoje que está no lugar dele
é o Vanderlei, talvez você já conheça.
Aécio – Ainda não.
MARTA MOREIRA – Então, que quem está no lugar dele não, porque a última vez
que eu falei com o Vanderlei, eles estavam todos super tristes...
Aécio – Sem saber o que fazer ainda.
MARTA MOREIRA – ...ainda. Então ele era a interlocução daquele momento, não sei
como eles se organizaram agora, porque depois que eles ocuparam o conjunto eles
tinham um outro tipo de organização. Cada um dos edifícios tinha um síndico, então
eles estavam se organizando de outra maneira, do que originalmente quando
começamos a fazer o trabalho.
Aécio – Começamos a falar do projeto em si. O Jardim Edith ocupava uma área
enorme e de repente temos uma área, mais restrita para o desenvolvimento do projeto.
Como foi trabalhado a inserção do projeto dentro do urbano?
MARTA MOREIRA – Então, primeiro essa questão, hoje inclusive eles estão
construindo na quadra da frente, né, tem uma obra lá. A última vez que eu fui no final
do ano passado (2015) tinha um canteiro de obras sendo instalado lá. Eu não faço
ideia o número complementando. O que havia paralelo a tudo isso é que existia uma
negociação da Prefeitura com os proprietários das casas daquela quadra em frente,
porque a favela ocupava tanto o lugar onde foi construído o conjunto Jardim Edith,
aquelas duas quadras ali, quanto parte daquela quadra de traz e a outra parte eram
ocupadas com algumas casas e existia uma negociação lá, da Prefeitura com essas
pessoas sobre o que construir ali. Uma briga toda ali muito complicada.
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ter uma utilização efetiva. A questão do estacionamento, isso era uma outra decisão
naquele lugar da cidade tão bem servido de transporte público, não ocupar o térreo
com vagas de estacionamento. Se você imaginar que uma unidade tem 50m² e uma
vaga ocupa em média 25m², além do que existe o custo para a realização dessa vaga,
então isso era outra questão. O estacionamento na verdade, eles estão localizados
na própria via, no alargamento da própria via para garantir algumas vagas. Então essa
questão dos recuos o quê que a gente fez, a gente fez com que o limite estivesse
coincidindo com o limite da construção. Então os recuos na verdade foram
incorporados no alargamento do passeio público, para que tivessem calçadas que
fossem mais confortáveis, que a gente pudesse criar essas vagas ao longo da via.
Então acho que é bastante interessante, essa foi uma segunda decisão que eu acho
que era bastante importante e bastante significativa nesse contexto. E aí a partir disso
embora a gente tenha aquele térreo ocupado por uma série de programas, a gente
tem endereços muito claros para cada um deles, embora exista essa sobreposição de
usos, todos os edifícios tem o endereço bastante caracterizado: torre 01 naquela
esquina com a Berrini, as duas lâminas dão acesso para aquela Rua Charles
Coulomb, e aquelas outras duas torres para a rua transversal que vai dar na Roberto
Marinho. Então isso também era uma coisa importante, embora haja essa
sobreposição de uso existe claramente um endereço para cada uma dessas coisas.
Inclusive isso é uma coisa que eu olhando hoje lá, lamento um pouco, porque foi uma
decisão, porque a gente resolveu priorizar aquela Charles Coulomb por ser uma rua
mais local, então, a gente abre os equipamentos para lá, o restaurante escola, a UBS
e a creche. E porque a Roberto Marinho é um pouco inóspita, porque ela é uma alça
de acesso, tem muito transito e tudo mais. Mas eu achoe que se a UBS se voltasse
para a Roberto Marinho, porque seria também...
Aécio – Uma forma de deixar mais movimentada.
MARTA MOREIRA – ...mais movimentada, domesticar um pouco mais aquela relação
da calçada da Roberto Marinho, mas enfim, são coisas que a gente vai fazendo
escolhas e decisões de projeto e nem sempre a gente tem tão claro, mas acho que foi
uma segunda decisão, foi uma decisão bastante importante isso que eu acabei de
descrever as duas questões: o uso público e a questão de incorporar esses espaços
de exigência legal ao passeio público, então isso acaba imprimindo qualidade. E tem
umas coisas que são muito curiosas, por exemplo, entrada de energia, nossa
discussão com a Eletropaulo, você vai lá e fala para ele ou para as pessoas, a gente
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
foi em três reuniões lá para discutir isso. A entrada de energia tem que está no
alinhamento do lote, aí você fala: “o alinhamento do lote é uma linha virtual, não existe,
o fechamento está no alinhamento da construção”, aí ele fala: “não, mas tem que fazer
no alinhamento do lote”, mas não existe, porque a gente gostaria de ter feito queria a
entrada de energia grudada na construção, que é o que divide o público do privado. E
não teve jeito, tem uma serie de postes, não sei se você chegou a notar isso? Mas
para mim, sempre aquilo é gritante, então uma série de postes onde virtualmente seria
o alinhamento do lote para a entrada de energia. Então são umas coisas muito
curiosas que eu acho até que o novo Plano Diretor pode vir a mudar
Aécio – Acho que são coisas que a própria arquitetura pensa em solucionar, mas que
os órgãos são rígidos a essas mudanças.
MARTA MOREIRA – E ninguém arrisca a tomar uma decisão, está na norma, o que
a norma diz é o que é seguido ao pé da letra, como se fala. E aí eu acho que a partir
dessas decisões, porque é uma coisa interessante também, porque tem alguns pátios
tanto a creche como o restaurante escola e um pátio de serviços, o restaurante escola
tem um pátio de serviços e tem um jardim, que separa o restaurante escola da UBS,
são espaços livres que eles agregam valor a habitação que está em cima, o uso
condominial dos edifícios de habitação estão a 3 metros de altura da rua estão na
cobertura desses equipamentos. Imaginando que daqui a alguns anos aqueles jardins
as árvores vão crescer, as copas das árvores vão estar nessa cota. É um vazio que a
própria habitação disfruta sem num entanto ser responsável por manter, porque isso
é interessante também, porque na hora que você ocupa com equipamentos públicos,
você devolve ao poder público a responsabilidade pela manutenção daquelas áreas,
das calçadas, da iluminação, eu quero dizer dessa manutenção mais cotidiana e
imediata, lavar a calçada, por exemplo, calçada ela é de responsabilidade do morador
(tanto é que cada um faz a sua calçada aquela coisa absurda que a gente vê). Então
você devolve ao poder público a responsabilidade pela manutenção daquele trecho
da cidade, isso também é uma coisa interessante do ponto de vista da administração,
que é o que o Plano Diretor fala como a calçada ativa, animada por esses usos que
não são usos exclusivamente habitacionais. Então acho que tudo isso é interessante.
Bom, a partir disso o uso condominial ocupa a cobertura dos edifícios dos
equipamentos embaixo e a implantação... duas lâminas que era a oportunidade de
fazer essa oferta um pouco diferenciada em termos de custo do condomínio por causa
da existência do elevador e aí elas estão todas orientadas as três torres são orientação
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
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leste/oeste com uma “baita” vista, porque você só tem um vizinho... as três torres têm
uma condição de ter um vizinho a 100 metros de distância, mesmos as duas que estão
junto da rua uma olha a Águas Espraiadas, outra olha a Marginal. E as duas lâminas
com orientação norte/sul, ambas com dupla orientação as unidades, elas têm
orientação para ambos os lados, tem ventilação cruzada, assim como as torres
também. São coisas que as pessoas... é engraçado que são valores que não são
vendidos, mesmo no mercado imobiliário muitas vezes você não menciona, não é
mencionado que tem uma orientação “x” ou que tem uma ventilação cruzada, mas que
a gente sabe que são valores preciosos na qualidade da habitação, mesmo nas torres
as unidades elas tem uma dupla elas tem uma ventilação cruzada, porque aquela
galeria que é aberta e as unidades que estão no centro, as da ponta abrem para fora
e aí tem as três faces, mas as duas unidades do centro elas tem uma iluminação e
ventilação que se abrem para a galeria e também garante essa ventilação cruzada. A
outra coisa é que são aqueles armários na fachada, que não é uma novidade que o
Zezinho Magalhães já tem essa solução, Mies Van der Rohe lá atrás já fazia uma
solução como essa e que a gente resolveu adotar, porque era uma forma de você
expandir um pouco essa área da unidade. Então, por uma questão de financiamento
elas têm que ter no máximo 50m², e aquela área é uma área que não entra nessa
conta porque digamos é uma solução de fachada e ao mesmo tempo é uma solução
interessante, porque a sobre saliência na hora que você recua o caixilho funciona
como uma proteção para o caixilho que é bem interessante e muitas unidade, mesmo
a casa do Vanderlei, ele é muito gentil, ele sempre leva as pessoas para visitar, ele
mora em uma das torres em uma dessas unidades do centro, ele ocupou todos os
armários, então é muito interessante. O nosso acordo com a Prefeitura foi assim: você
tem que ter lugar para o guarda roupa no quarto, ou seja, a existência do armário não
faz com que não seja preciso garantir que haja espaço para o guarda roupa, mas a
nossa presunção é que as pessoas utilizassem mesmo esses armários da fachada
como armários, porque aí tudo se amplia. Na casa do Vanderlei estão todos utilizados,
ele fez portas... é uma casa muito caprichada a casa dele. Então são essas as
decisões. (risos)
Aécio – Uma coisa que me chamou a atenção foi a orientação solar das lâminas
serem norte/sul, como se tomou partido por essa decisão?
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MARTA MOREIRA – Como eu tinha falado, essas lâminas têm dupla orientação elas
abrem para o sul, mas abrem para o norte também, ou seja, estou garantindo a
ventilação insolada.
Aécio – Nas torres além da dupla orientação também agrego o visual do entorno, você
traz essa paisagem para dentro de casa.
MARTA MOREIRA – Essa também era uma questão da verticalização, porque a
SEHAB era um pouco reticente com relação a isso. Verticalizar porque era uma
comunidade que estava acostumada a viver em casas e que tem a manutenção do
elevador, então, era sempre uma preocupação. Também de novo, não é nenhuma
novidade, mas era uma que a SEHAB tinha certa reticencia, tinha uma certa
preocupação em relação a isso. Então é óbvio que você consegue uma maior
qualidade, se a gente tivesse colocando todas aquelas unidades num gabarito de
térreo mais quatro, que na verdade a gente fez térreo mais cinco, porque o último
apartamento do último nível é um duplex, você atinge a unidade e de lá você tem
aquele segundo pavimento. Você jamais conseguiria essa qualidade de afastamentos
de um edifício para outro e tudo mais, mas ao mesmo tempo garantir que parte dessas
unidades horizontais acho que foi uma boa decisão, porque você atende... bom,
porque primeiro eu acho que a diversidade é uma coisa que interessa, você ter uma
oferta de diferentes unidades acho muito “bacana” que isso possa acontecer e depois
por causa disso que eu estava te contando, diferentes possibilidades de recursos,
então têm famílias que não tem condições de pagar o tanto a mais que o elevador
significa, acho que isso foi uma coisa importante.
Aécio – Visualmente você não adensa muito a implantação, ele transmite uma leveza.
MARTA MOREIRA – Você consegue garantir uma outra ocupação do térreo inclusive,
o que quero dizer é com áreas livres de jardim que eu acho que são importantes
também.
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DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
almoçar gritando pela janela. Então teve estudos que passaram por isso até que a
gente chegou nesse estudo aonde a gente fazia as três torres mais verticalizadas e
ao mesmo tempo consegue liberar muito mais espaço uma condição urbana muito
rara na verdade, porque a cidade é muito mais densa do que isso. Eu acho que aquela
área do Jardim Edith podia ter sido mais adensada e ainda com qualidade, a gente
teria condições de ter feito mais unidades, mas existia como te falei esse acordo, que
era um acordo legal da Prefeitura com a comunidade que aquilo deveria ser destinado
a 250 famílias e aí eu acho que a opção pelos equipamentos públicos foi uma outra
forma de poder adensar, ou seja, instalar os equipamentos além das unidades de
habitação era uma forma de adensar aquele lugar.
Aécio – Acho interessante essa solução com a integração das secretárias, não vejo
em outros projetos essa união para se produzir com qualidade essas propostas.
MARTA MOREIRA – É como te falei dá trabalho, é uma decisão política você querer
fazer essa articulação, acho que a Bete França resolveu encarar isso, porque é um
absurdo ficam... a Secretária da Educação fica procurando terrenos para implantar
creche e escolas, a Secretaria da Saúde, por exemplo, aquela UBS estava instalada
num imóvel alugado, a UBS que atendia aquela região, na verdade eu acho que não
era nem uma UBS, acho que era um posto de saúde que alugava uma casa naquela
região. Então quando você pensa do ponto de vista da cidade é difícil, os terrenos são
difíceis estrategicamente colocados para poder dar um bom atendimento para esses
serviços. É um absurdo você não imaginar essa sobreposição, além do que a gente
fala como... parece que não existisse um modelo, o centro da cidade está construído
todo dessa maneira... É interessante, é o jeito de construir a cidade numa qualidade
urbana maior e ao mesmo tempo é isso a calçada ativa consegue imprimir uma
dinâmica muito mais interessante do que você ter o controle das próprias unidades,
ou como grande parte da cidade guarita, entrada de carro, as calçadas acabam sendo
uma sucessão disso gradil, guarita e entrada de carro, gradil, guarita e entrada de
carro
Aécio – Uma repetição de mesmas funções sem pensar na qualidade.
MARTA MOREIRA – Ou que dê uma qualidade mais interessante para a cidade.
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Aécio – Acredito que por experiências do passado eles não queiram passar
novamente.
MARTA MOREIRA – Eu não sei, acho que tudo é uma questão de aprendizado. Essa
comunidade vai aprender a gerir com uma situação diferente da que eles viviam,
porque é engraçado isso, às vezes a precariedade aceita coisas que depois na hora
que formaliza, quando está ocupado, conformado como aquele conjunto é inaceitável,
então eles conviviam com situações antes que passaram a ser inaceitáveis ali agora.
Sei lá, acho que é uma questão de aprendizado. Eu acho, nas últimas visitas que eu
fiz a existência dos equipamentos ajudam muito na gestão das negociações, a
presença de alguém que não é um morador.
Aécio – Com relação a escolha dos materiais para soluções plásticas e volumétricas
dada ao projeto, como foi trabalhada essa questão?
MARTA MOREIRA – Na verdade gostaríamos que fosse pré-fabricada a estrutura,
uma séria de coisas que a gente tinha outras soluções para a fachada, para as galerias
que não eram soluções... bom, na hora que você começa a ver qual é a mão de obra
a qual você vai trabalhar, é a Kallas que foi a construtora, é uma construtora do
mercado imobiliário. Eles, acho que são uma boa construtora, mas é um outro tipo de
raciocínio, tudo é revestimento, a estrutura não precisa ter tanta qualidade, porque
despois você vai lá e reveste e muitas vezes os projetos vem muito mais
compartimentados, mas enfim. Então, eu acho uma pena que as construções sejam
tão artesanais, sejam tão canteiro de obras, a estrutura fica... por exemplo, a estrutura
de concreto era para ser muito mais aparente do que ela é, ela foi toda revestida ou
grande parte dela. Quando você começa a ver a qualidade das fôrmas que foram
usadas na concretagem, o primeiro pavimento “OK”, o segundo e o terceiro, o quarto
era impossível de deixar aparente, então, foram uma série de coisas que inclusive
tiveram de ser... por exemplo, a galeria de circulação nas torres que acho que é
também uma questão interessante, aquela galeria é uma galeria que funciona não
exclusivamente como circulação, ela tem um certo alargamento, ela tem aquele banco
por uma necessidade de segurança tem aquela viga peitoril de 1,20m, que você
precisa ter entre um andar e o outro, então lá esse 1,20m está dobrado assim e ele
realiza aquele banco, então fica uma circulação mais alargada que a gente imaginaria
que fosso um certo quintal daquelas unidades, para aquelas quatro unidades elas
compartilham aquele espaço e acho que isso funciona, já fui em vários pavimento e
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
está cheio de plantas, tem bicicletas, tem criança brincando, acho que é uma coisa
que funciona legal. Mas aquele fechamento, por exemplo, ele foi uma decisão em
função de custo. A gente tinha começado com elemento vazado era impossível porque
a mão de obra para assentar o elemento vazado em todo aquele edifício ia demorar
muito tempo, era uma coisa muito artesanal, então a gente abandonou essa solução
e partiu para a grelha, a grelha que tem lá, pegava toda a extensão e por ter um custo
muito alto, então a gente começou a fazer aquela solução que intercalava com a
alvenaria, porque nada bate o custo da alvenaria com as janelas de grelha. Então
foram uma série, por exemplo, as janelas corridas da sala e dos quartos a gente não
tem venezianas, isso também foi uma escolha a gente optou por fazer um vão muito
maior de iluminação e ventilação, porque a janela padrão a gente sabe qual, é aquela
janelinha veneziana de vidro que a gente não consegue abrir tudo, então a gente fez
uma opção que pudesse ter uma extensão maior de iluminação e de ventilação, mas
que, no entanto, não tinha o custo da veneziana, porque se não a gente não conseguia
viabilizar as duas coisas, um vão grande de ventilação e iluminação e mais a
veneziana, então, cada morador coloca a sua cortina, mas está garantido que tem um
caixilho. São uma série de coisas que foram levando isso também em consideração a
mão de obra que a gente tinha, o custo do que era possível.
Aécio – É uma batalha grande.
MARTA MOREIRA – É, mas é interessante.
Aécio – As unidades acessíveis se localizam nas torres, como foi desenvolver essa
tipologia?
MARTA MOREIRA – A gente procurou que todas as unidades tivessem bastante
flexibilidade no sentido da transformação ao longo do tempo, então, por exemplo, a
unidade da lâmina ela é uma unidade que você pode tanto consegue fechar um
terceiro dormitório pequeno ou um pequeno escritório. A lâmina, ela tem uma unidade
que você consegue isolar o núcleo molhado se quiser, ou seja, abrir tudo e deixar só
o núcleo molhado fechado com a dupla orientação, ela é uma tipologia muito, muito
boa e a gente consegue fazer algumas coisas, consegue fechar a cozinha sem
comprometer o espaço da sala, consegue fazer esse pequeno terceiro dormitório ou
fechar esse pequeno escritório, ela é uma tipologia bastante flexível nesse sentido
dessa transformação ao longo do tempo. Na torre a gente também com pouco menos
de flexibilidade de transformação, mas também as unidades da torre aquelas duas do
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centro você também consegue deixar isolada a área de serviço: o banheiro, a cozinha
e a lavanderia e consegue abrir todos os quartos se quiser, também é uma tipologia
que ao longo do tempo aceita bem essa transformação e a da esquina também,
porque você consegue abrir um dos quartos e ampliar a sala, mas isso era uma coisa
importante também para nós que pudesse ter essa flexibilidade de transformação.
Nesse sentido a tipologia que é adaptada o que acontece, o quarto um dos quartos
fica menor e a gente amplia o outro quarto para aceitar o giro da cadeira e amplia o
banheiro também. A cozinha, ela já é uma cozinha aberta e, portanto, ela está
incorporada a sala e ela é acessível, é uma transformação...
Aécio – A lavanderia o tanque muda a posição.
MARTA MOREIRA – É porque você tem que se aproximar de frente, na outra a gente
tem uma circulação para a área de serviço e o tanque está aqui e aqui tem aquela
circulação com aquela iluminação e ventilação, na adaptada o tanque está aqui na
frente, ou seja, eu acho que é uma unidade pior essa que está adaptada, são 50m² é
tão difícil você imaginar que o banheiro que fica um banheirão.
Aécio – Para atender a tudo, porque adaptando o banheiro ele vai ter quase a
dimensão de um quarto...
MARTA MOREIRA – É difícil, mas o que eu acho mais importante é que a unidade
possa ter alguma possibilidade de transformação, os filhos saem e você abre um
quarto e amplia o espaço coletivo da sala, ou volta alguém para morar e você fecha e
o quarto volta, cria o terceiro quartinho porque a avô veio morar junto, sei lá, as
dinâmicas acabam mudando tanto.
Aécio – É um movimento sociocultural. Se formos pensar habitação na época do
CECAP Guarulhos, por exemplo, era uma outra identidade, outra sociedade, um outro
momento.
MARTA MOREIRA – Mas aquela unidade é maravilhosa totalmente adaptável a
qualquer situação, porque de novo, aquela unidade, aliás aquela unidade da lâmina a
gente olhou bastante a planta do CECAP, porque ela é muito bem resolvida, você abre
tudo, você deixa só o núcleo molhado se quiser também.
Aécio – Eu fiquei impressionado quando fiz a visita. Porque eu visitei lá, há
flexibilidade para atender todos os tipos de família.
MARTA MOREIRA – São 60, 62 metros quadrados.
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL: JARDIM EDITH
DA FAVELA AO CONJUNTO RESIDENCIAL
Aécio – O Jardim Edith tem uma solução plástica que foge do padrão dos “carimbos”
que replica as habitações.
MARTA MOREIRA – Mas não foi somente o Jardim Edith.
Aécio – Sim, temos os outros projetos do perímetro da Operação Urbana.
MARTA MOREIRA – Exatamente, tem o Real Parque que é do Colonelli que é muito
lindo, tem na mesma Águas Espraiadas o projeto do Marcelo Suzuki, tem o Jardim
que não está pronto, mas acho que está em construção é o Jardim Lidiane que é do
Andrade Morettin, que fica ali que é muito lindo o projeto também que fica ali na
Marginal numa alça que já tem, não sei se é a ponte do Limão, que está em obras.
Aécio – Eu sei onde fica, é na ponte Júlio de Mesquita.
MARTA MOREIRA – Fica bem na rotatória, tem uns edifícios pré-existentes pintados
em cores cítricas de um outro programa e agora estão em construção o do Jardim
Lidiane. Então foram uma série de projetos, essa administração que foi de 2007 a
2012, eu acho.
Aécio – Com a Elisabete.
MARTA MOREIRA – Com a Elisabete França fez uma grande diferença brutal, porque
uma série de... eu não sei como está agora com a mudança da administração, não sei
bem em que condição está, mais ela chamou todos esses escritórios para participar.
Aécio – Acho importante quando você consegue exercitar a arquitetura...
MARTA MOREIRA – O Marcos Boldarini do Cantinho do Céu, depois ele fez também
o Corruíras acho que chama o projeto, quem mais? Mario Biselli, Piratininga, então
são muitos.
Aécio – Podemos dizer que na gestão da Elisabete França foi inaugurado um novo
pensar para a habitação social?
MARTA MOREIRA – Acho que sim, se criou uma oportunidade de se fazer acho que
com muito mais qualidade. Ela fez muita diferença, essa administração Kassab, ela
nessa posição, como que se chamava o Secretário da Habitação? Esqueci o nome
dele, porque ela era secretária adjunto, ou alguma coisa assim da SEHAB e acho que
fez uma grande diferença. É importante mencionar isso, porque a gente vê o que está
acontecendo agora. Hoje, por exemplo, eu não sei muito do que estão fazendo lá no
Jardim Edith naquele conjunto da frente, mas por exemplo, eu acho que não tem
nenhum uso além de habitação. Num dos programas que a gente insistiu muito em
colocar era um comércio. Um comércio que pudesse ser administrado, porque aquela
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