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11/03/2020

UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO


RIO GRANDE DO SUL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS – DCEENG
CURSOS DE ENGENHARIA

RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS I


Unidade 2 – Tensão e Deformação
Parte 02
Prof. Msc Paulo Cesar Rodrigues

2. Tensão e Deformação
Resistência dos Materiais I

2.3. Deformações
É a resposta que o material dá aos esforços que o solicitam.

2.3.1. Deformação específica longitudinal ( ε )


Para uma barra de
comprimento L sob
carga axial F , define-se
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deformação específica
longitudinal como a
deformação por unidade
de comprimento desta
barra.
ΔL

F
02/29 Figura 2.08

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Resistência dos Materiais I 2. Tensão e Deformação


Aplicando a carga F a barra sofre uma deformação, alongando-
se de ΔL , onde ΔL = Lf – L . Defini-se deformação específica
longitudinal como a razão entre a deformação total (alongamento
ou encurtamento) sofrido pela barra e o comprimento inicial da
mesma, o qual é medido na direção da deformação. Portanto:
L

L
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ΔL = + (alongamento)
ΔL = - (encurtamento)

Como as deformações totais (ΔL) e os comprimentos (L) são


indicados com a mesma unidade, a deformação específica ( ε ) será
uma grandeza adimensional, porém muitas vezes indicada
percentualmente ou em m/m.
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2. Tensão e Deformação
Resistência dos Materiais I

2.3.2. Deformação tangencial ou distorção específica


Do mesmo modo que forças normais produzem deformações
longitudinais, forças tangenciais produzem distorções ou
deformações tangenciais.
Num elemento submetido as tensões tangenciais, não há uma
variação no comprimento, mas uma variação na forma, conforme
indicado na figura 2.09.
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D
C C
D

A A B
B

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Figura 2.09

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Seja o retângulo ABCD, sujeito a tensões tangenciais.
Considerando o lado AB como fixo, após a aplicação destas
tensões o elemento ficará distorcido, conforme indicado na figura
2.10.
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Figura 2.10

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2. Tensão e Deformação
Resistência dos Materiais I

Assim, distorção específica ou escorregamento específico, é a


razão entre o deslocamento produzido e o comprimento
respectivo, medido na direção normal a este deslocamento. Logo,
de acordo com a definição acima e com o retângulo representado,
obtém o valor da distorção através da relação:

CC' DD'
tg    
CA DB
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Ou seja a distorção específica define a variação que sofreu o


ângulo reto entre duas faces perpendiculares de um elemento
devido a atuação das tensões tangenciais.
Como ocorre na deformação específica (ε), a distorção
específica (γ) é adimensional, podendo muitas vezes ser expressa
percentualmente, em taxa milesimal ou em radianos.
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2.4. Lei de Hooke
Por intermédio de análises experimentais sobre a distensão de
barras, estabeleceu que o alongamento sofrido por barras de
diferentes materiais, até certos limites, é proporcional a força de
tração. Esta relação linear foi enunciada em 1678 pelo cientista
inglês Robert Hooke, sendo denominada de Lei de Hooke:
“As tensões e as deformações específicas são proporcionais,
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enquanto não se ultrapassar o limite elástico. ”


No ano de 1807, Thomas Young introduziu a expressão
matemática da Lei de Hooke, com uma constante de
proporcionalidade que denominou de Módulo de Young, sendo
esta denominação alterada, posteriormente, para Módulo de
Elasticidade (E), valor este que indica a rigidez ou capacidade de
resistir à deformação do material.
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2. Tensão e Deformação
Resistência dos Materiais I

A lei de Hooke pode ser representada pelas expressões


analíticas:


E Módulo de Elasticidade longitudinal


G Módulo de Elasticidade Transversal

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Estes módulos de elasticidade são constantes elásticas de um


material, e são determinadas experimentalmente.

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2.5. Lei de Poisson
Seja a barra delgada representada na figura 2.11:
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F
Figura 2.11

Conforme o que foi visto na seção anterior, até o limite de


elasticidade do material, as tensões e deformações obedecem a
Lei de Hooke. Assim, a tensão e a deformação na direção x será
dada por: F σ
x  e εx  x
09/29 A E

2. Tensão e Deformação
Resistência dos Materiais I

No entanto, não havendo carregamento atuante nas direções y


e z, as tensões nestas direções serão nulas σy = σz = 0. Este fato,
poderá levar a assumir que as deformações nestas direções
também são nulas εy = εz = 0, o que de fato não acontece. A figura
2.12 mostra as faces de um cubo submetido a um estado de
tensões.
σy = 0 εy = 0
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σz = 0 σx = F/A εz = 0 εx = σx /E

Figura 2.12
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Nos materiais, o alongamento (deformação) produzido por uma
força F na direção dessa força é acompanhado por uma contração
nas demais direções transversais. Assumindo que o material seja
homogêneo e isotrópico, as deformações específicas transversais,
ε y  εz  0
e não como imaginamos iguais a zero.
F’
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Forma Final

Contração nas demais


direções
Forma inicial
F

Figura 2.13 Expansão na direção longitudinal


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Resistência dos Materiais I

Poisson, em 1811, após observações experimentais, verificou a


deformação transversal que ocorria em peças submetidas a
esforços normais, e concluiu que a relação entre as deformações
unitárias entre duas direções é constante, dentro do limite de
proporcionalidade, o que denominou de Coeficiente de Poisson,
sendo este coeficiente indicado pela letra grega ν (nü). Portanto:
deformação específica transversal 
   t

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deformação específica longitudinal

Outras conclusões sobre os experimentos são que as


deformações longitudinais e transversal são sempre de sinais
contrários (sinal negativo na fórmula) e, que numa mesma seção
transversal, a deformação específica transversal é constante. O
coeficiente de Poisson ν , bem como o módulo de elasticidade E ,
é um valor constante e característico de cada material.
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De acordo com as equações:

σx y 
εx  e    z
E x x

podem ser escritas as seguintes relações, que descrevem


totalmente as condições de deformações específicas sob carga
normal paralela ao eixo x:
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σx   x
εx  e y  z  
E E

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Resistência dos Materiais I

Exercícios
1) Uma peça metálica com E = 205 GPa está sujeita a uma tensão
de solicitação σ = 143,5 MPa. Admitindo que a peça está
trabalhando no regime linear pede-se:
a) a deformação específica e sofrida pela peça;
b) a deformação ΔL sabendo que L = 2,50 m;
c) o comprimento final da peça.
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2) Uma barra de aço A-36 cujo módulo de elasticidade E = 200


GPa, seção quadrada de lado “a” e comprimento L = 5000 mm
sofreu um alongamento de 2 mm para uma carga axial de 100
kN. Determine o lado “a” e a tensão de tração média
resultante.

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3) O elemento AC mostrado na figura está submetido a uma
força vertical de 3 kN. Determinar a posição x de aplicação da
força de modo que o esforço de compressão médio no apoio C
seja igual ao esforço de tração no tirante AB. A haste tem uma
área de seção transversal de 400 mm2, e a área de contato em
C é de 650 mm2.
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2. Tensão e Deformação
Resistência dos Materiais I

4) Uma barra de aço de comprimento de 125 cm e diâmetro de 8


cm, é submetida a uma força normal de tração de 34 kN.
Determine a variação de comprimento sabendo-se que E =
210 MPa. Resposta: ΔL = 4,03 cm

5) Uma barra prismática com seção retangular de 30 x 35 mm e


comprimento de 2,8 m está sujeita a uma força normal de 12
kN. O alongamento da barra é de 0,02mm. Calcular a tensão e
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a deformação unitária. Resposta: σ = 1,143 kN/cm2

6) Uma barra de aço de comprimento 3,1 m e seção quadrada de


5 cm de lado é submetida a uma força de tração de 38 kN.
Determinar a diminuição do lado da seção, sabendo-se que o
módulo de elasticidade é de 210 Mpa e o coeficiente de
Poisson é de 0,3.
Resposta: Δa = |- 0,108| cm (encurtamento)
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2.6. Lei de Hooke Generalizada
Até aqui, o estudo foi limitado a análise de barras submetidas a
cargas normais, isto é, dirigidas ao longo de um eixo somente,
Figura 2.13, com: F
x  , y  0 e z  0
A
Esta relação somente poderá ser empregada para um estado
simples de tensão, ou seja, para tensão atuante numa única
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direção, figura 2.14. σy = 0

σz = 0 σx = F/A
F
17/29 Figura 2.13 Figura 2.14

2. Tensão e Deformação
Resistência dos Materiais I

Sejam agora elementos estruturais sujeitos à ação de


carregamentos que atuam nas direções dos três eixos
coordenados, gerando tensões normais σx , σy e σz . Temos então
um estado múltiplo de tensões ou estado múltiplo de
carregamento.
Na prática os corpos podem
estar sujeitos a tensão em todas
as direções, o que pode ser
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simplificado reduzindo-as as três


direções ortogonais tomadas
como referência. A figura 2.15.
mostra um prisma elementar
submetido a tensões normais com
resultante nas três direções
tomadas como referência no
Figura 2.15
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espaço: x , y e z.

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Se tivermos um estado múltiplo de tensões, isto é, um estado
de tensões mais geral agindo sobre um corpo homogêneo e
isótropo, teremos um alongamento e duas contrações em cada
direção.
Deseja-se determinar as expressões das componentes das
deformações específicas lineares εx , εy e εz em função das tensões
σx , σy e σz .
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y y

  
x
z x z

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Figura 2.16

2. Tensão e Deformação
Resistência dos Materiais I

Considerando, inicialmente, as componentes da deformação


específica longitudinal provocadas apenas por σx , tem-se:

x
 xx   Alongamento específico longitudinal, na direção x,
E
devido a σx ;
x
 yx     Encurtamento específico transversal, na direção y,
E
devido a σx ;
x
 zx     Encurtamento específico transversal, na direção z,
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E devido a σx .

x Figura 2.17
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Resistência dos Materiais I 2. Tensão e Deformação


Para a tensão σy , tem-se:
y
 yy   Alongamento específico longitudinal, na direção y,
E
y devido a σy ;
 xy     Encurtamento específico transversal, na direção x,
E
devido a σy ;
y
 zy     Encurtamento específico transversal, na direção z,
E devido a σy .
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y

Figura 2.18
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2. Tensão e Deformação
Resistência dos Materiais I

Para a tensão σz , tem-se:

z
 zz   Alongamento específico longitudinal, na direção z,
E
z
devido a σz ;
 yz     Encurtamento específico transversal, na direção y,
E
devido a σz ;
z
 xz     Encurtamento específico transversal, na direção z,
E
devido a σz .
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z
Figura 2.19
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Resistência dos Materiais I 2. Tensão e Deformação


A deformação específica longitudinal na direção x , y e z, é
obtida superpondo-se os efeitos de σx , σy e σz , nas direções x , y
e z. Assim temos:
x y z
Direção x:  x   xx   xy   xz     
E E E
x y z
Direção y:  y   yx   yy   yz      
E E E
x y z
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Direção z:  z   zx   zy   zz      
E E E
y

x 
1
E

 x   ( y   z ) 
1

 y   y   ( x   z )
E

x
1

 z   z   ( x   y )
E
 z
Figura 2.20
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Resistência dos Materiais I

Exercícios
1) Um elemento cúbico foi retirado do interior de uma peça
sujeita a forças, nas faces deste elemento existem somente
tensões normais conforme figura abaixo. Sendo o módulo de
elasticidade longitudinal igual a 100 GPa e o coeficiente de
Poisson igual a 0,25 , pede-se calcular a deformação específica
longitudinal na direção do eixo x , y e z.
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 x  0,40 kN/cm 2
 y  0,60 kN/cm 2
 z  0,50 kN/cm 2

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Resistência dos Materiais I 2. Tensão e Deformação


2) A placa da figura abaixo é submetida a tensões de compressão,
na direção z, de 0,50 kN/cm2. Sabe-se que a deformação é
impedida na direção de x, devido a presença de elementos
fixos em A e B. Pede-se calcular a deformação específica
longitudinal na direção de y. Adotar E = 200 GPa e coeficiente
de Poisson 0,2.
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2. Tensão e Deformação
Resistência dos Materiais I

3) A barra de cobre está sujeita a uma carga uniforme ao longo de


suas bordas, como mostra a figura. Se tiver comprimento
a = 30 cm, largura b = 5 cm e espessura t = 2 cm antes da
aplicação da carga, determine seus novos comprimento,
largura e espessura após a aplicação da carga. Considere
E = 120 GPa e coeficiente de Poisson 0,34.
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Resistência dos Materiais I 2. Tensão e Deformação


4) Uma carga periférica uniforme de 100 kN/m e 70 kN/m é
aplicada a um corpo de prova de poliestireno. Se a forma
original do corpo de prova for quadrada, de dimensões a = 50
mm, b = 50 mm e espessura t = 6 mm, determine suas novas
dimensões após a aplicação da carga. Adotar E = 4 GPa e
coeficiente de Poisson 0,25.
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Resistência dos Materiais I

5) A figura abaixo mostra um prisma submetido à força P = 30 kN


e Q = 32 kN. As peças A e B são fixas. Pede-se a deformação
específica longitudinal na direção y e a deformação total na
direção z. Adotar E = 1000 kN/cm2 e coeficiente de Poisson
0,20.
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Resposta: εy = - 0,00408 e ΔLz = 0,00564 cm

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Resistência dos Materiais I 2. Tensão e Deformação


6) Um bloco retangular de aço tem as seguintes dimensões:
a = 50 mm, b = 40 mm e c = 100 mm conforme figura abaixo.
As faces deste bloco estão sujeitas as forças Px = 120 kN
(tração), Py = 150 kN (tração) e Pz = 160 kN (compressão).
Determinar as novas dimensões do bloco retangular de aço.
Adotar E = 200 GPa e coeficiente de Poisson 0,25.
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c a

Resposta: cf = 100,03125 mm , bf = 40,005 mm e af = 49,984375 mm


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