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Departamento de Áreas Acadêmicas III – Construção Civil

Curso de Engenharia Civil

Engenharia de Tráfego
Módulo I – Aula 2
Professor Guilherme Alencar

Goiás
Campus Goiânia
AULA 2 - ROTEIRO

 Introdução
 Vias / Infraestrutura
 Características básicas do tráfego
 Métodos de Contagem
A VIA
 Ideias básicas que devemos ter em mente ao estudar o projeto
geométrico são que a via deve:
 ser adequada para o volume futuro estimado para o cenário em análise;
 ser adequada para a velocidade de projeto;
 ser segura para os motoristas;
 ser consistente, evitando trocas de alinhamentos;
 abranger sinalização e controle de tráfego;
 ser econômica, em relação aos custos iniciais e aos custos de manutenção;
 ser esteticamente agradável para os motoristas e usuários;
 trazer benefícios sociais;
 não agredir o meio ambiente.
CLASSIFICAÇÃO DAS VIAS
 Quanto à funcionalidade:
 arteriais: proporcionam alto nível de mobilidade para grandes volumes de
tráfego; promovem ligação de cidades e outros centros geradores de tráfego
capazes de atrair viagens de longas distâncias;
 coletoras: tem função de atender o tráfego intermunicipal e centros geradores
de tráfego de menor vulto não servidos pelo sistema arterial; as distâncias são
menores e as velocidades mais moderadas em relação às arteriais;
 locais: rodovias geralmente de pequena extensão, destinadas essencialmente a
proporcionar acesso ao tráfego intra-municipal de áreas rurais e de pequenas
localidades às rodovias de nível superior.
CLASSIFICAÇÃO DAS VIAS

Quanto à espécie Quanto à altura Quanto ao gênero Quanto à posição


em relação ao
terreno
urbana em nível aerovias radiais
interurbana rebaixadas dutovias perimetrais
metropolitanas elevadas ferrovias longitudinais
rurais em túnel hidrovias transversais
rodovias anulares
tangenciais
diametrais
CLASSIFICAÇÃO DAS VIAS

Quanto ao Quanto à Quanto à Quanto às


número de pistas superfície de jurisdição condições
rolamento operacionais
simples pavimentadas federal sentido único
múltiplas em terreno estadual sentido duplo
natural
municipal reversível
particular interditada
com ou sem
estacionamento
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO TRÁFEGO
 O fluxo, a velocidade e a densidade são três características fundamentais
dos aspectos dinâmicos do tráfego. A análise destes três elementos permite
a avaliação global do movimento de veículos. A relação fundamental entre
estas três variáveis é descrita pela equação da continuidade.
 O fluxo de tráfego F é a taxa na qual os veículos passam por um ponto da
rodovia, dada pelo número de veículos em uma unidade de tempo.

onde:
F = fluxo do tráfego;
V = velocidade;
D = densidade.
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO TRÁFEGO
 Nos projetos de engenharia de tráfego o número de veículos
observados em uma rodovia está sempre associado a um intervalo
de tempo pré-determinado.
 O volume de tráfego é o número de veículos que trafega em um
local durante um período pré-determinado.
 A velocidade V é obtida ao ser calculada a média das velocidades
de todos os veículos que trafegam em um local.
 A densidade D é o número de veículos por unidade de comprimento
da via, em um determinado momento.
RELAÇÕES ENTRE FLUXO, VELOCIDADE E DENSIDADE
 Para condições de fluxo contínuo o comportamento do tráfego permite a construção
de gráficos típicos, razoavelmente fiéis aos comportamentos observados. No caso de
fluxo interrompido ou descontínuo a construção destes gráficos típicos fica
impossibilitada.
 O gráfico ilustra a relação típica entre a velocidade e o volume para uma segmento
de rodovia. Onde Vfl é a velocidade de fluxo livre e Fmax é o fluxo máximo que a
via pode carregar, chamado capacidade.
 A partir do Fmax, a entrada de mais veículos na corrente provoca turbulência, e tanto
a velocidade como o volume diminuem.
RELAÇÕES ENTRE FLUXO, VELOCIDADE E DENSIDADE
 O gráfico ilustra a relação típica entre a densidade e a velocidade. A velocidade de
uma via diminui com o aumento da densidade. Uma vez atingida a densidade ótima
Do, a densidade continua aumentando, enquanto a velocidade decresce.
 A relação entre velocidade e densidade pode ser representada na forma linear com
um grau de correlação aceitável para vias com acessos controlados. Em vias sem
controles de acessos se ajusta melhor uma curva com alguma concavidade.
 É interessante notar que o fluxo na seção é dado pela área abaixo da curva (F = D ×
V ).
RELAÇÕES ENTRE FLUXO, VELOCIDADE E DENSIDADE
 O gráfico ilustra a relação típica entre o volume e a densidade. A relação entre o
volume de circulação e a densidade tem forma aproximada de parábola. Um aumento
na densidade acarreta um aumento no volume, até atingir a densidade ótima Do, a
partir da qual o fluxo diminui com o aumento da densidade. A densidade ótima varia
com o tipo de via.
RELAÇÕES ENTRE FLUXO, VELOCIDADE E DENSIDADE
 As variáveis velocidade, volume e densidade juntas definem uma curva em
três dimensões.
DIAGRAMA ESPAÇO TEMPO
 O diagrama espaço tempo é um recurso muito para representar em detalhes o espaço e o
tempo durante o deslocamento de veículos. Ele serve para localizar pontos aonde há
algum tipo de retenção no fluxo dos veículos, para calcular o tempo médio em que os
veículos se encontram parados, para a determinação de valores de velocidades, entre
outros.
 O gráfico ilustra um diagrama dos deslocamentos de 4 veículos. As curvas mostram as
variações da velocidade ao longo do percurso dos veículos. Neste gráfico, quanto mais a
tangente da curva for próxima da horizontal, menor é a velocidade.
FORMAÇÃO DE FILAS
 Para o estudo de formação de filas pode ser feita uma representação gráfica, onde o
gráfico é formado por três eixos: tempo t, fluxo F e número de veículos na fila.

 Para cada período o valor do fluxo de demanda d é representado por uma linha horizontal pontilhada, sendo
assumido constante dentro do intervalo.
 A capacidade da via é representada por uma linha horizontal no respectivo valor do fluxo máximo suportado,
atravessando todo o gráfico.
 O fluxo de demanda dentro de um período pré-determinado é o volume de veículos.
 Para cada período aonde o volume de demanda é maior do que a capacidade, o número de veículos que não
conseguem atravessar o local observado é acumulado no valor da fila, como ocorre do segundo ao quarto
período do gráfico.
 Nos períodos aonde o volume de demanda é menor que a capacidade, o número de veículos na fila diminui
em quantidade igual à diferença entre eles, como ocorre do quinto ao último período do gráfico.
FORMAÇÃO DE FILAS

EXERCÍCIO 1
Numa rodovia a velocidade média espacial medida em um período é de 65km/h e a
densidade é de 50 veh/km. Qual o volume (fluxo) da rodovia neste período (em veh/h)?
Qual o headway temporal médio (em segundos)?
FORMAÇÃO DE FILAS

EXERCÍCIO 1
Numa rodovia a velocidade média espacial medida em um período é de 65km/h e a
densidade é de 50 veh/km. Qual o volume (fluxo) da rodovia neste período (em veh/h)?
Qual o headway temporal médio (em segundos)?

SOLUÇÃO
F = D · V = 50 · 65 = 3250 veh/h
3600
F=
h
Com F em km/h e h em segundos.

3600 3600
h= = = 1, 11 s
F 3250
VOLUME
 O volume é a quantidade de veículos N que atravessa um local estudado em um
período de tempo t pré-definido.

 O local estudado pode ser uma seção transversal da pista ou um segmento. Os


valores de volume podem ser para todas as faixas ou para cada uma em separado.
 Os dois principais valores de volume são o volume horário (VH) e o volume médio
diário (VMD), ex- pressos respectivamente em veículos por hora (vph) e veículos
por dia (vpd). É comum também trabalhar com veículos a cada 15 minutos (v/15min)
VOLUME MÉDIO DIÁRIO
 Volume médio diário (VMD) é o volume médio de veículos que percorre um segmento de via
em 24 horas. Ele é computado para um período de tempo representativo, o qual, salvo
indicação em contrário, é de um ano.
 Esse volume é usado para indicar a necessidade de novas vias ou melhorias das existentes,
estimar benefícios esperados de uma obra viária, determinar as prioridades de investimentos,
calcular taxas de acidentes, prever as receitas dos postos de pedágio, etc.
 São de uso corrente os seguintes conceitos de volume médio diário:
 Volume médio diário anual (VMDa): número total de veículos trafegando em um ano dividido por 365.
 Volume médio diário mensal (VMDm): número total de veículos trafegando em um mês dividido pelo
número de dias do mês. É sempre acompanhado pelo nome do mês a que se refere.
 Volume médio diário semanal (VMDs): número total de veículos trafegando em uma semana dividido por 7.
É sempre acompanhado pelo nome do mês a que se refere. É utilizado como uma amostra do VMDm.
 Volume médio diário em um dia de semana (VMDd): número total de veículos trafegando em um dia de
semana. Deve ser sempre acompanhado pela indicação do dia de semana e do mês correspondente.
 Para todos esses casos a unidade é veículos por dia (vpd). O VMDa é o de maior importância.
Os demais são geralmente utilizados como amostras a serem ajustadas e expandidas para
determinação do VMDa.
VOLUME HORÁRIO
 Para analisar as variações do fluxo de tráfego diário, adota-se a hora para unidade de tempo,
volume horário (VH): volume total de veículos trafegando por uma seção em uma hora.
 O conceito de volume horário é importante para o dimensionamento da capacidade
de rodovias.
 O volume horário de projeto (VHP) é o volume adotado para dimensionamento dos
detalhes ge- ométricos das vias e interseções, determinação de níveis de serviço,
planejamento da operação da via, sinalização, e regulamentação do trânsito.
 Normalmente é utilizado o volume da 30a ou da 50a hora com maior volume (VH30
ou VH50), sendo as horas de um ano inteiro colocadas em ordem decrescente de
volume e expressas em percentagem do VMD.
COMPOSIÇÃO DO TRÁFEGO
 O volume do tráfego é composto por veículos que diferem entre si quanto ao
tamanho, peso e velocidade.
 O conhecimento da composição dos volumes, segundo DNIT/IPR (2006), é essencial
pelas seguintes razões:
 Os efeitos que exercem os veículos entre si dependem de suas características. A
composição da corrente de veículos que passa por uma via influi em sua capacidade.
 As percentagens de veículos de grandes dimensões determinam as características
geométricas que devem ter as vias, e os seus pesos as características estruturais.
 Os recursos que podem ser obtidos dos usuários de uma via, dependem entre outros
fatores, da composição do seu tráfego.
VARIAÇÕES DOS VOLUMES DE TRÁFEGO
 A análise destas variações no tráfego são úteis para identificar os horários de pico,
cujos volumes são utilizados em projetos, e também para indicar classificações.

VARIAÇÃO AO LONGO DO DIA E FATOR HORÁRIO DE PICO


 Os volumes horários variam ao longo do dia, apresentando pontos máximos
acentuados, designados por picos.
VARIAÇÃO AO LONGO DO DIA E FATOR HORÁRIO DE PICO
 Os volumes horários variam ao longo do dia, apresentando pontos máximos
acentuados, designados por picos.
 Volume de veículos que passa por uma seção de uma via não é uniforme no tempo.
 A comparação de contagens de quatro períodos consecutivos de quinze minutos é
utilizada para medir essa variação de forma geral e é chamada de fator horário de
pico (FHP).

V
FH P =
HP
4× V
15max
onde:
FHP = fator horário de pico;
V HP = volume da hora de pico;
V15max = volume do período de quinze minutos com maior fluxo de tráfego dentro da hora de pico.

 O FHP varia, teoricamente, entre 0,25 (fluxo totalmente concentrado em um dos


períodos de 15 minutos) e 1,00 (fluxo completamente uniforme), ambos os casos
praticamente impossíveis de se verificar. Os casos mais comuns são de FHP na faixa
de 0,75 a 0,90.
VARIAÇÃO SEMANAL
 As rodovias de acesso a áreas de recreio apresentam seus volumes de pico nos fins
de semana, de sexta-feira a domingo.
 As rodovias rurais mais importantes apresentam variação semelhante, mas menos
acentuadas.
 Já nas vias urbanas a predominância das idas e voltas aos locais de trabalho faz com
que os picos de tráfego se concentrem nos dias de semana, de segunda a sexta-feira
VARIAÇÃO MENSAL OU SAZONAL
 A variação mensal do tráfego ao longo do ano, também conhecida como variação
sazonal, é função do tipo de via e das atividades a que ela serve.
 As rodovias rurais, principalmente se atendem a áreas turísticas e de recreação,
apresentam variação muito superior às das vias urbanas
 As vias urbanas, servindo ao deslocamento para o trabalho diário, apresentam fluxo
mais permanente.
CONTAGENS VOLUMÉTRICAS
 As contagens de tráfego são feitas com o objetivo de:
 conhecer-se o número de veículos que passa através de um determinado ponto
da estrada, durante certo período, podendo-se determinar o Volume Médio
Diário (VMD), a composição do tráfego, etc.
 avaliação do número de acidentes;
 classificação das estradas e fornecem subsídios para o planejamento rodoviário,
projeto geométrico de estradas, estudos de viabilidade e projetos de construção
e conservação.
 Permitir aglomerar dados essenciais para a obtenção de séries temporais para
análise de diversos elementos, tais como a tendência de crescimento do tráfego
e variações de volume.
CONTAGENS VOLUMÉTRICAS
ASPECTOS DE AGREGAÇÃO DE DADOS
 As contagens de veículos podem ser globais ou direcionais:
 Nas contagens globais é registrado o número de veículos total que circulam por um trecho
de via. São empregadas para o cálculo de volumes diários, preparação de mapas de fluxo
e determinação de tendências do tráfego.
 As contagens direcionais são aquelas em que é registrado o número de veículos por
sentido do fluxo. São empregadas, por exemplo, para cálculos de capacidade,
determinação de intervalos de sinais, modelos de microssimulação, estudos de acidentes e
previsão de faixas adicionais em rampas ascendentes.
Prof. Guilherme Alencar
guilherme.alencar@ifg.edu.br

Curso de
Goiás
Engenharia Campus Goiânia
Civil

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